Ebook Sinais de Dislexia - Ok

Organizadora
Samantha Oliveira
ATENÇÃO AOS
SINAIS DA DISLEXIA
ATENÇÃO AOS
SINAIS DA
DISLEXIA
ATENÇÃO AOS SINAIS DA DISLEXIA
Se a escolaridade é uma etapa importante no desenvolvimento

das crianças, a aparição de um transtorno de aprendizagem tem
um grau de importância muito maior.
A identificação precoce de crianças com risco para dislexia irá
auxiliar nos prováveis impactos de longo prazo na trajetória da
criança, pois as experiências repetidas de insucesso podem
reduzir sua motivação.
O impacto da dislexia na vida varia de indivíduo para indivíduo,
mas pode ser significativo nas áreas acadêmicas e profissionais,
levando à evasão escolar ou à interrupção dos estudos após o
término do Ensino Médio, sendo que muitas pessoas com
dislexia não chegam a completar a faculdade, o que pode
acentuar a sensação de fracasso.
A dislexia pode afetar também as experiências emocionais e
sociais ao longo da vida, sendo frequentes os relatos de baixa
autoestima entre as pessoas com esse diagnóstico.
O que é dislexia?
Segundo Associação Brasileira de Dislexia – ABD - A Dislexia do desenvolvimento é
considerada um transtorno específico de aprendizagem de origem neurobiológica,
caracterizada por dificuldade no reconhecimento preciso e/ou fluente da palavra, na
habilidade de decodificação e em soletração.
Essas dificuldades normalmente resultam de um déficit no componente fonológico da
linguagem e são inesperadas em relação à idade e outras habilidades cognitivas.
(Definição adotada pela IDA – International Dyslexia Association, em 2002. Essa
também é a definição descrita pelo National Institute of Child Health and Human
Development – NICHD). Segundo os pesquisadores é possível observarmos uma série de
sinais que demonstram as possíveis dificuldades que a criança apresenta na fase escolar.
PENNINGTON (2017) demonstra o quadro sintomático dos disléxicos da seguinte forma:

• prejuízo da compreensão, ocasionado pela leitura lentificada e menos automática;
• retardo sutil no falar, dificuldades articulatórias;
• problema para aprender os nomes das letras, alteração na codificação fonológica da
linguagem escrita;
• dificuldade para encontrar palavras;
• sequência inadequada de sílabas (animais por amimais);
• alteração de memória para recordar endereços, telefones e outras sequências verbais;
• baixo desempenho também em matemática;
• alteração, aspectos viso-espaciais;
• baixa autoestima;
• histórico familiar;
• falta de fluência na leitura;
• erros nas palavras funcionais (substituição de palavras menores, como artigos e
preposições);
• erros visuais (tentativas de adivinhar as palavras com um todo, exemplo carro por
cano).
Erros na escrita
• escrever uma letra por outra, trocando-a principalmente por sua imagem especular;
• escrever letras com orientação errada;
• confundir a ordem das letras numa palavra, tendendo principalmente a inverter essa
ordem;
• repetir a letra ou grupo de letras iniciais no final da palavra;
• omitir pequenas palavras, especialmente preposições;
• incapacidade de lembrar as formas visuais das palavras;
• tendência a recorrer à escrita fonética. Aprende a palavra partindo da analogia de
sons;
• incapacidade de conectar os sons da palavra, corretamente analisandos com os
símbolos escritos apropriados;
• incapacidade de analisar a palavra nas unidades de som que a constituem;
• incapacidade de reter tais unidades na ordem correte;
• confusões sintáticas e outras em relação às sentenças, indicando incapacidade de
perceber o sentido do que deve ser escrito.
As autoras GIACHETTI & CAPELLINI (2000) descrevem que a dislexia desenvolvimento

seria um distúrbio neurológico de origem congênita que atinge crianças com potencial
intelectual normal, sem déficits visuais ou auditivos, com suposta instrução escolar
adequada, mas que “não conseguem adquirir ou desempenhar satisfatoriamente a
habilidade para a leitura e/ou escrita”.
Para GIACHETTI & CAPELLINI (2000) é importante diferenciarmos os distúrbios de
aprendizagem (dificuldade de aprendizado na fala, leitura, escrita, raciocínio ou
habilidades matemáticas) e dislexia (distúrbio específico de leitura). As autoras
descrevem a dislexia como o distúrbio que provoca na criança os seguintes sintomas:
• percepção invertida das letras;
• confusão entre letras semelhantes “b” e “d”, “p” e “g”;
• dificuldade de focalizar as figuras mais importantes (figura – fundo);
• omissão de palavras e, às vezes, de linhas na leitura;
• tentativa de adivinhar o que está lendo, devido à dificuldade presente na atividade de
leitura;
• dificuldade ortográfica, inicialmente com inversões e confusões de letras.
Posteriormente, há alterações de sintaxe, semântica, incapacidade de aprender a
estrutura da frase com erros na separação de palavras e ideias.
Na redação percebe-se uma dificuldade complexa e global na construção da linguagem,

ou seja, para expressar o pensamento. O texto geralmente é breve, o pensamento é
limitado, a ordenação das palavras é falha e a pontuação praticamente inexiste.
Verifica-se ainda que a criança pode apresentar:
• letra ilegível em certos casos, caracterizando uma disgrafia;
• disortografia (dificuldade com as regras da ortografia da Língua Portuguesa);
• dificuldade de aprendizagem nos cálculos, pode ocorrer em alguns casos;
• retardo no desenvolvimento da linguagem e dificuldade na articulação das palavras;
• desinteresse pela vida escolar, devido aos fracassos permanentes.
Segundo NICO et al. (2000) os sinais que podem ser encontrados nas diferentes fases,
pré- escola, idade escolar e fase adulta, geralmente indicam uma possível suspeita de
dislexia.
Sinais na pré-escola
• fraco desenvolvimento da atenção;
• imaturidade, dificuldade de brincar com outras crianças;
• atraso no desenvolvimento de fala e linguagem;
• disnomias;
• atraso no desenvolvimento visual, ou processamento visual;
• falta de coordenação motora fina e/ou grossa;
• dificuldade para montar quebra-cabeça;
• falta de interesse por livros impressos, letras;
• dificuldade em aprender o alfabeto;
• dificuldade em aprender a relação grafema- fonema (letra-som), apenas com
explicação explícita;
• dificuldade na memória imediata.
Sinais na idade escolar

• dificuldade na aquisição e desenvolvimento das habilidades linguísticas;
• dificuldade em aprender sequências diárias;
• dificuldade com análise e síntese de palavras;
• pobre reconhecimento de rima e aliteração;
• desatenção e dispersão;
• dificuldade na coordenação motora fina: disgrafia – desenhos – pinturas;
• dificuldade na coordenação motora grossa: desengonçado – ginástica;
• desorganização geral: trabalho escolar – tempo;
• dificuldades visuais: postura de cabeça-organização do trabalho na folha;
• fraco senso de direção – confusão entre direita e esquerda: dificuldade com mapas,
dicionários e ginástica;
• dificuldade na linguagem e fala: pobre vocabulário – disnomia – sentenças curtas e
imaturas com estrutura de linguagem simples – sentenças longas e vagas – pobre
vocabulário expressivo;
• dificuldade de memória de curto tempo: instrução – dígitos – tabuadas – fonemas;
• problemas de conduta: ou engraçado, ou retraído – tristeza, depressão;
• dificuldade de copiar de livro ou lousa;
• dificuldade na leitura: geralmente negam a leitura;
• dificuldade de matemática (discalculia) e em desenho geométrico;
• dificuldade com uma segunda língua.
Sinais na fase adulta

• continua a ter dificuldades na leitura e na escrita;
• dificuldade em soletrar;
• memória imediata prejudicada;
• disnomias;
• dificuldade com uma segunda língua;

• dificuldade em organização geral;
• dificuldade para copiar, ler e escrever;
• emocional prejudicado.
Para SNOWLING (2006) as crianças disléxicas possuem alterações em termos cognitivos

devido a déficits de processamento fonológico que acarretam as seguintes sequências:
• déficit de memória verbal de curto prazo (velocidade de leitura pior para não
palavras, do que para palavras);
• déficit de nomeação verbal (maior dificuldade para nomear figuras de objetos do que
para objetos e palavras escritas, demonstrando que os atributos semânticos estão
preservados, porém a evocação da representação fonológica é ruim);
• déficit na nomeação rápida automática – RAN (de letras, dígitos, cores e figuras). A
RAN está diminuída nos disléxicos, indicando empobrecimento da representação
fonológica e dificuldade no timing da nomeação em função da alteração de consciência
fonológica.
BELLO & MACHADO (2017) também descrevem os sinais encontrados nas diferentes
fases:
Pré – escola
• Histórico de dificuldades semelhantes na família;
• lentidão nas habilidades de fala e linguagem expressiva;
• atraso na aquisição dos fonemas e automatização de uma fala semelhante ao padrão;
• dificuldade de pronunciar palavras;
• confusão no uso de conceitos temporais (aprender dias da semana, meses do ano),
lateralidade;
• dificuldades em sequências verbais, como dias da semana;
• deficiência de aprender seu próprio nome ou as letras que o compõem;
• dificuldade de lembrar o nome das letras;
• compreender histórias que são lidas ou contadas;

• dificuldade com rimas;
• pode apresentar fala infantilizada;
• prazer em ouvir histórias infantis, mas falta de interesse nas letras e palavras.
Idade escolar
• desempenho inferior nas tarefas de consciência fonológica;
• a leitura em voz alta é silabada, lenta e cansativa;
• déficits na nomeação rápida;
• a leitura em voz alta apresenta omissões, substituições e dificuldades de pronúncia.
• dificuldade de compreender o que foi lido;
• desempenho fraco em testes de múltiplas escolhas;
• deveres de casa incompletos e desorganizados;
• omissões de letras ao ler uma palavra;
• pronúncia incorreta de palavras longas, desconhecidas ou complicadas;
• inabilidade de ler palavras como “para”, “por”, “qual”;
• melhor desempenho para compreender a palavra no contexto do que isolada;
• medo de ler em voz alta;
• necessita mais tempo para elaborar uma resposta oral;
• dificuldade em matemática, na tentativa de interpretar problemas lidos;
• necessita, com frequência, de “ajuda” para ler um enunciado.
Adolescência
• a leitura torna-se um pouco mais rápida, porém com imprecisão e exige muito
esforço;
• constrangimento com a leitura em voz alta.
• permanecem as dificuldades temporal e espacial;
• dificuldades de lembrar nomes de lugares, pessoas e objetos;
• evita ler em público;
• dificuldade na fluência leitora e apresenta fadiga após o término da leitura;

• falta de vontade e interesse pela leitura;
• histórico infantil de dificuldades ortográficas e de aprendizagem;
• baixo desempenho de resultados em testes de múltiplas escolhas;
• muitas horas para a realização das tarefas escolares que exigem leitura;
• ortografia com muitos erros omissões, trocas e substituições de letras;
• preferência por ilustrações, tabelas e gráficos;
• dificuldades na pronúncia de novas palavras ou palavras de baixa frequência, ou seja,
menos utilizado;
• substitui palavras que apresentam complexidade na sua estrutura, por exemplo,
TROMBA = (CCV).
Idade adulta
• leitura oral vacilante, sem ritmo e com substituições de palavras;
• dificuldade em ortografia e produção textual com falha na estrutura;
• permanência da dificuldade de compreensão leitora
• dificuldade de aprender língua estrangeira;
• permanência da dificuldade em matemática relacionada ao enunciado de problema;
• pode permanecer a dificuldade na decodificação de sílabas complexas.
Referências Bibliográficas.
ABD – Associação Brasileira de Dislexia - https://www.dislexia.org.br/o-que-e-dislexia/.

Acesso em: 05 de jan. 2021.
ALVES, A.P.N., WAJNSZTEJN, A. B. C., WAJNSZTEJN, R.; Dislexia. In Dificuldades escolares: um

desafio superável. São Paulo: Ártemis Editorial; 2017. p. 162 a 169.
ERSKINE J, HEIKKI L. Identificação e prevenção precoces de problemas de leitura. Finlândia,

2011. Disponível em: http://www.enciclopedia-crianca.com/documents/Lyytinen-
ErskinePRTxp1.pdf. Acesso em: 12 de mar. de 2021.
International Dyslexia Association. Definition consensus Project, 2012. Disponível em:

https://dyslexiaida.org/definition-consensus-project/. Acesso em: 12 de fev. 2021.
MACHADO, A.C.; BELLO, S.F. Sinais de Dislexia. In Sinais e orientações práticas para o
transtorno específico de aprendizagem – Dislexia. Ribeirão Preto: Booktoy; 2017. p.25-27-29-
31.
MOOJEN S.M.P., BASSÔA H. A., GONÇALVES A. Características da dislexia de desenvolvimento

e sua manifestação na idade adulta. Rev Psicopedag. 2016;33(100): 50-9.
McNulty MA. Dyslexia and the life course. J Learn Disabil. 2003; 36 (4): 363-81.
NICO, R. et.al. Nem sempre é o que parece. Como enfrentar a dislexia e os fracassos
escolares. In: ABD – Dislexia, cérebro, cognição e aprendizagem. São Paulo: Fontis; 2000.p.85-
100.
PENNINGTON, B.F. Diagnóstico de distúrbios de aprendizagem. São Paulo: Pioneira, 1997.
GIACHETTI, M.; CAPELLINI, S. Distúrbio de Aprendizagem: avaliação e programas de

remediação. In: ABD – Dislexia, cérebro, cognição e aprendizagem. São Paul: Cultura Médica;
2000. p. 85-100
SNOWLING, M.; STACKHOUSE, J. et al. Dislexia, fala e linguagem um manual do profissional.

Porto Alegre: Artmed, 1996.
PROJETO DISLEXIA TDAH AMOR DE MÃE

Projeto Dislexia TDAH Amor de Mãe é um Projeto de Ação Social, sem fins
lucrativos.
Temos o objetivo de compartilhar experiências e divulgar informações sobre a

Dislexia (Transtorno Específico de Aprendizagem) e TDAH (Transtorno do Déficit
de Atenção/Hiperatividade), aos profissionais da educação, saúde e aos
interessados nos temas.
O projeto possui a intenção de promover a ponte de saberes entre o

conhecimento científico e a sociedade, para que cada vez mais os transtornos
possam ser identificados, diagnosticados e tratados de modo precoce e
corretamente.
“Depois do diagnóstico do meu filho, não fiquei quieta

só olhando para meu mundo. Descobri que o
conhecimento nos liberta e alivia”
Samantha Oliveira
Idealizadora do Projeto Dislexia TDAH Amor de Mãe
PROJETO DISLEXIA TDAH AMOR DE MÃE

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Na redação percebe-se uma dificuldade complexa e global na construção da linguagem,

Sinais na idade escolar

Sinais na fase adulta

• dificuldade com uma segunda língua;

Para SNOWLING (2006) as crianças disléxicas possuem alterações em termos cognitivos

• compreender histórias que são lidas ou contadas;

• dificuldade na fluência leitora e apresenta fadiga após o término da leitura;

ABD – Associação Brasileira de Dislexia - https://www.dislexia.org.br/o-que-e-dislexia/.

ALVES, A.P.N., WAJNSZTEJN, A. B. C., WAJNSZTEJN, R.; Dislexia. In Dificuldades escolares: um

ERSKINE J, HEIKKI L. Identificação e prevenção precoces de problemas de leitura. Finlândia,

International Dyslexia Association. Definition consensus Project, 2012. Disponível em:

MOOJEN S.M.P., BASSÔA H. A., GONÇALVES A. Características da dislexia de desenvolvimento

PENNINGTON, B.F. Diagnóstico de distúrbios de aprendizagem. São Paulo: Pioneira, 1997.

GIACHETTI, M.; CAPELLINI, S. Distúrbio de Aprendizagem: avaliação e programas de

SNOWLING, M.; STACKHOUSE, J. et al. Dislexia, fala e linguagem um manual do profissional.

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