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Custo de produção e rentabilidade na cultura da pitaia sob o efeito de adubação


orgânica

Article · January 2012

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4 authors, including:

Virna Braga Marques José Darlan Ramos


Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) Universidade Federal de Lavras (UFLA)
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Rodrigo Amato Moreira


Instituto Federal Norte de Minas Gerais (IFNMG)
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Científica, Jaboticabal, v.40, n.2, p.138 – 149, 2012 ISSN: 1984-5529.

Custo de produção e rentabilidade na cultura da pitaia sob o efeito


de adubação orgânica

Dragon fruit (Hylocereus undatus) production costs and profitability as


influenced by the organic fertilization of the soil
1;2 3 4
Virna Braga MARQUES ; José Darlan RAMOS ; Neimar Arcanjo de ARAÚJO ;
5
Rodrigo Amato MOREIRA
1
Parte da tese de doutorado do primeiro autor;
2
Autor para correspondência - Pós-doutorado em Fitotecnia, Bolsista da CAPES, Departamento de Fitotecnia –
Bloco 805, Universidade Federal do Ceará, Caixa Postal: 12.168, Campus do Pici, CEP: 60451-970. Fortaleza -
CE, [email protected];
3
Professor Adjunto, DAG/UFLA, [email protected];
4
Graduando em Agronomia, DAG/UFLA, Bolsista do CNPq, [email protected];
5
Doutorando em Fitotecnia, DAG/UFLA, Bolsista da CAPES, [email protected].

Resumo
Este trabalho foi realizado com o objetivo de analisar o custo de produção do cultivo da pitaia
[Hylocereus undatus (Haw.) Britton & Rose] sob diferentes fontes de adubos orgânicos, nos três pri-
meiros anos após o plantio. Para estimar a matriz de coeficientes técnicos e os custos de produção,
de 2007 a 2010, os preços de venda foram levantados junto aos varejistas do CEAGESP, e as outras
informações foram obtidas em experimento conduzido em área experimental. O delineamento expe-
rimental foi em blocos casualizados, com oito tratamentos: testemunha, esterco bovino, cama de
frango, granulados marinhos bioclásticos, esterco bovino + cama de frango, esterco bovino + granu-
lados marinhos bioclásticos, cama de frango + granulados marinhos bioclásticos e bovino + cama de
frango + granulados marinhos bioclásticos, com 3 repetições, e a parcela experimental, composta por
4 plantas. Deste experimento, obtiveram-se os dados de produção relativos às adubações. O custo
total por hectare cultivado com pitaia adubado em três anos com esterco bovino + cama de frango foi
R$ 49.105,41, receita R$ 63.120,00, lucro R$ 14.014,59, no período de 2007/2010. Ao observar os
indicadores econômicos verificou-se uma situação de lucro, e os custos que mais oneraram a produ-
ção de pitaia foram a formação da lavoura, as despesas com adubos e a mão de obra.

Palavras-chave adicionais: Pitahaya; análise econômica; produtividade.

Abstract
The objective of this research work was to evaluate production costs of dragon fruit (Hylocereus
undatus (Haw.) Britton & Rose) as influenced by several sources of organic fertilizers during the first
three years of production. To evaluate the technical coefficient matrix and the production costs from
2007 through 2010, the selling prices practiced by retailers at the CEAGESP (São Paulo state general
food storage company) were surveyed. The other data resulted from an investigation carried out in an
experimental farm. The treatments composing this experiment were distributed in the field in accord-
ance with a randomized complete block design with eight treatments : check, bovine manure, chicken
manure, granulated marine bioclasts, bovine manure + chicken manure, bovine manure + granulated
marine bioclasts, chicken manure + granulated marine bioclasts, and bovine manure + chicken ma-
nure + granulated marine bioclasts. These treatments were replicated 3 times; the experimental plot
was composed by 4 plants. The total cost per hectare of cultivating dragon fruit for 3 years (from 2007
through 2010) with bovine manure + chicken manure was of R$49,105.41 with a total income of
R$63.120,00 and a profit of R$14,014.59. The items which contributed more for the costs of produc-
ing dragon fruits were planting, fertilizers, and labor.

Additional keywords: Queen-of-the-night; economic analysis; productivity.

Introdução que permitiu ao País atender a boa parte da


demanda interna de frutas frescas e derivados e,
O agronegócio frutícola no Brasil apre- ainda assim, ampliou sua participação no mer-
sentou grande dinamismo nos últimos 15 anos, o cado mundial desses produtos, principalmente
de frutas tropicais (VILELA et al., 2010).

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A fruticultura é uma atividade agrícola cedores asiáticos durante a segunda metade do


com características bastante peculiares, tanto ano (LE BELLEC et al., 2006).
técnicas como mercadológicas, e vem sendo A época de produção da pitaia em outros
alvo de atenção por parte de governos - federal, países produtores, como México, parte dos Es-
estaduais e municipais - e empresários, todos tados Unidos, Colômbia e Nicarágua, ocorre de
interessados nos números, principalmente abril a agosto (MISSOURI, 2009); na Flórida,
econômicos, que a atividade tem revelado ulti- geralmente vai de junho a novembro (CRANE &
mamente, e no seu potencial para o País BALERDI, 2005).
(VILELA et al., 2010). As cactáceas epífitas, como as pitaias,
A população mundial com idade superior são plantas com boa resposta à adubação orgâ-
a 60 anos tem investido no consumo de alimen- nica (MIZRAHI & NERD, 1999), por isso a utiliza-
tos mais saudáveis e nutritivos, como as frutas, ção de fontes alternativas de nutrientes na cul-
buscando melhor qualidade de vida, o que tem tura da pitaia pode contribuir para minimizar os
contribuído para o crescimento deste mercado. custos com boas perspectivas de produtividade.
As pitaias (Hylocereus sp. e A produção anual de uma planta de pitaia com
Selenicereus sp.) são amplamente consumidas quatro anos de idade é de 25 kg; o rendimento
na Ásia, mas não eram conhecidas na União no período em que a produção é estável de-
Europeia até meados da década de 1990. A fruta pende da densidade de plantio, cerca de 10 a 30
-1
ainda é um produto restrito a uma pequena par- t ha (CRANE & BALERDI, 2005; LE BELLEC et
cela de pessoas, mas as importações para estes al., 2006).
países têm aumentado consideravelmente nos O custo de produção é um importante
últimos dois anos e, atualmente, têm seu lugar instrumento de planejamento e gestão de uma
na mostra de varejistas dedicados aos raros propriedade, permitindo mensurar o sucesso da
frutos exóticos (LE BELLEC et al., 2006). empresa em seu esforço econômico (OLIVEIRA
A maioria das espécies de Hylocereus et al., 2010).
origina-se, principalmente, da América Latina, O investimento em um novo produto é
provavelmente a partir do México e da Colômbia, sempre um fator que gera dúvida para o produ-
com as outras, possivelmente, a partir das Índias tor, que irá fazer gastos e quer saber qual a ge-
Ocidentais. Hoje, elas estão distribuídas em todo ração de benefícios em longo prazo. Este é o
o mundo, em regiões tropicais e subtropicais (LE primeiro desafio do produtor de frutas exóticas.
BELLEC et al., 2006). A estimativa dos orçamentos para im-
As pitaias são conhecidas e propagadas plantação de pomares serve para trazer uma
por todo o mundo (México, Colômbia, Israel, estimativa dos níveis de preço final do produto, o
Austrália, Vietnam, EUA e Brasil). A aparência que ajuda o produtor a saber se a cultura é viável
pouco comum e as cores vibrantes dos frutos e se cobrirá os custos envolvidos na atividade
atraem quem os veem (NERD et al., 2002). Além agrícola.
disso, o sabor doce e agradável de sua polpa Embora seja considerada uma cultura
contribuiu para aumentar a demanda, e os pre- rentável, é fundamental a realização de pesqui-
ços pagos têm despertado o interesse de fruti- sas mostrando não apenas resultados referentes
cultores. à parte técnica relacionada ao manejo da cultura
A cultura da pitaia está em plena expan- e das características genéticas das variedades,
são no território brasileiro, enquanto nos Estados mas também as referentes ao rendimento eco-
Unidos, já em 2003, MERTEN (2003) afirmava nômico da cultura.
que a procura dos consumidores pela fruta era Dispor de um custo de produção facilita a
maior que sua produção. MIZRAHI & NERD implantação de planejamento orçamentário da
(1999) descrevem-na como uma das frutíferas atividade, realizado no início de cada ano agrí-
tropicais pouco conhecidas, mas com elevado cola. Um orçamento confiável permite prever
potencial para os mercados interno e externo de qual o desembolso necessário ao longo da safra
Israel. e como poderá ser supervisionado o fluxo de
No Estado de São Paulo, são encontra- caixa da atividade (OLIVEIRA et al., 2010).
dos produtores que exportam a fruta. Já se en- Este trabalho foi realizado com o objetivo
contra a comercialização dos frutos nas princi- de avaliar o custo de produção da pitaia sob
pais centrais de abastecimento do Espírito diferentes fontes de adubos orgânicos, desde a
Santo, Minas Gerais e São Paulo. implantação da cultura no campo até o terceiro
A gama de países fornecedores está ano a partir dos dados coletados.
crescendo rapidamente. Israel tem uma vanta-
gem sobre o preço de outros países, como o
Vietnã, graças ao transporte de boa qualidade
feita por via marítima, e concorre com os forne-

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Material e métodos Modelo teórico e de análise


Este trabalho baseou-se em SILVA &
Os dados de produção utilizados na pre- REIS (2001), que se fundamentaram nos con-
sente pesquisa foram obtidos na área experi- ceitos de custos apresentados por REIS et al.
mental, no período de março de 2007 a maio de (1999), LEFTWICH (1991), NICHOLSON (1998),
2010, à altitude média de 900 m. REIS (1999) e REIS & GUIMARÃES (1986).
O clima da região é do tipo Cwb, tempe- A teoria do custo constitui o modelo de
rado suave (mesotérmico), segundo a classifica- análise econômica deste estudo. Mediante a
ção de Köppen, modificado por VIANELLO & estimativa do custo de produção, considerado
ALVES (1991), caracterizado por apresentar como a soma dos valores de todos os recursos
inverno seco e verão chuvoso. (insumos) e operações (serviços) utilizados no
As plantas de pitaia foram plantadas em processo produtivo de certa atividade agrícola,
covas de 50 x 50 x 50 cm, no espaçamento de 3 dentro de certo prazo, é possível identificar os
m x 3 m. As covas foram adubadas com fósforo resultados econômicos propostos na pesquisa.
(300 g de superfosfato simples) e matéria orgâ- Esses custos são classificados em fixos e variá-
nica (20 litros de esterco de curral bem curtido) veis.
no plantio. Os custos fixos são aqueles correspon-
Após o plantio, as mudas foram tutora- dentes aos recursos que têm duração superior
das em mourões de eucalipto perpendiculares ao ao curto prazo (período entre o emprego de re-
solo, até alcançar a altura de 1,8 m do solo. Fo- cursos e a resposta em forma de produto) e,
ram podadas de forma que apenas um ramo foi portanto, sua recomposição só é verificada em
conduzido até o suporte (varas de bambu) acima longo prazo. Esses custos não se incorporam
dos mourões para a sustentação dos cladódios. totalmente ao produto em curto prazo, fazendo-
O delineamento experimental foi em blo- os em tantos ciclos quanto permitir sua vida útil.
cos casualizados, com 8 tratamentos: testemu- Os custos variáveis têm duração inferior
nha, esterco bovino, cama de frango, granulados ou igual ao curto prazo, sendo, portanto, sua
marinhos bioclásticos, esterco bovino + cama de recomposição feita a cada ciclo do processo
frango, esterco bovino + granulados marinhos produtivo, já que os mesmos se incorporam to-
bioclásticos, cama de frango + granulados talmente ao produto no curto prazo, não sendo
marinhos bioclásticos e bovino + cama de frango claramente aproveitados para outro ciclo.
+ granulados marinhos bioclásticos, com 3 Na análise econômica do custo de pro-
repetições, e a parcela experimental, composta dução, considera-se também o custo alternativo
por 4 plantas, num total de 96 plantas. ou de oportunidade de um recurso aplicado no
Os granulados bioclásticos marinhos são processo produtivo.
aqueles de composição carbonática, constituídos É conceituado como a retribuição normal
por algas calcárias (Maerl e Lithothamnium) ou ao capital empregado na atividade. Só haverá
por fragmentos de conchas (coquinas e areias lucro econômico se o produto final (no caso a
carbonáticas) (DIAS, 2000), que podem ser utili- pitaia) proporcionar um retorno que supere o
zados para fertilizar os solos como um todo e, custo alternativo.
assim, adubar as culturas, e também como cor- A análise de rentabilidade da atividade
retivos do solo, a exemplo do calcário dolomítico consiste, em geral, na comparação dos preços
(PORTAL DO AGRONEGÓCIO, 2010). recebidos pelo produto com o custo médio de
As adubações foram realizadas com produção. O que determina se o lucro obtido é:
base na análise de solo e da análise do esterco a) Supernormal ou econômico, o que sugere que
bovino, da cama de frango e dos granulados a atividade está atraindo recursos e em con-
marinhos bioclásticos, para determinar as quan- dição de se expandir;
tidades aplicadas. Aplicaram-se, dessa forma, 14 b) Normal, que proporciona rentabilidade igual à
kg de esterco bovino por planta, 4 kg de cama de de outra melhor alternativa, o que sugere es-
frango por planta e 35 g de granulado bioclástico tabilidade;
por planta (RIBEIRO et al., 1999). A adubação c) Quando o preço não cobre o custo total médio.
orgânica foi aplicada a cada três meses, durante Neste caso, é preciso avaliar até que nível o
todo o período experimental. preço cobre os custos fixos médios, indicando
Foram avaliados os oito tratamentos, vi- a intensidade de descapitalização da ativi-
sando a verificar os efeitos da aplicação da adu- dade.
bação orgânica na produção nos três primeiros
anos. Operacionalização das variáveis econômicas
Os dados foram submetidos à análise de
variância, e as médias, comparadas pelo teste A avaliação econômica da pitaia está
de Scott-Knott (1974), a 5% de probabilidade. fundamentada na operacionalização dos custos
de produção e na receita da atividade.

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Custo Fixo Total (CFT): para a estimativa dos No caso do rendimento alternativo da
custos dos recursos fixos, utilizou-se a deprecia- terra, considera-se o valor de aluguel (arrenda-
ção, que é o custo necessário para substituir os mento) da região, e esse recurso não é depreci-
bens de capital quando tornados inúteis pelo ado. O valor de arrendamento foi definido como
desgaste físico ou econômico. Neste estudo, o utilizado para a terra arrendada para pecuária
utilizou-se o método linear para se calcular a na região do município de Lavras-MG, em que o
depreciação. Os recursos fixos analisados no aluguel da terra foi determinado multiplicando-se
processo produtivo da cultura da pitaia foram o preço do leite pago pela quantidade de hecta-
determinados da seguinte forma: res da propriedade e pelo número de dias (alu-
-1 -1
a) Terra: foi considerado o valor de arrenda- guel = 1 litro de leite ha dia ).
mento na região; A pitaia, assim como o café, é uma cul-
b) Lavoura: custo de implantação da lavoura de tura perene, por isso considera-se na estimativa
pitaia; do custo de produção a formação da lavoura
c) Benfeitorias, máquinas, equipamentos e veí- separadamente do custo da terra nua (SILVA &
culos: referem-se ao valor dos investimentos REIS, 2001). Essa formação é o custo fixo e
do produtor de pitaia nesses recursos que, di- depreciável.
reta ou indiretamente, participaram do pro-
cesso de produção, apropriados pelo método Custo operacional fixo: é determinado so-
de depreciação linear e correspondente ao mando-se as depreciações de todos os recursos
percentual de utilização na cultura; fixos.
d) Imposto territorial rural (ITR/Taxas): o valor do
imposto/taxas pago correspondente ao per- Custo de cada recurso fixo: é calculado so-
centual de utilização na cultura. mando-se a depreciação e o custo alternativo do
recurso. No entanto, para recursos que são utili-
Depreciações (D): é o custo necessário para zados tanto para a cultura da pitaia como para
substituir os bens de capital quando se tornam demais atividades (benfeitorias, máquinas e im-
inúteis, seja pelo desgaste físico, seja pelo eco- plementos agrícolas, veículos e impostos/taxas),
nômico. O método mais simples de se calcular é deve-se multiplicar ao valor anterior o índice de
o linear, que pode ser mensurado pela expres- rateio. Como a terra não é depreciável, seu custo
são (1): fixo é o mesmo que seu custo alternativo da área
ocupada com lavouras em produção, totalizando
o custo de cada recurso. Ter-se-á, então, o
(1) custo fixo total.

Utilizaram-se como recursos variáveis:


Em que: Vn (valor novo) é o valor do recurso, Mão de obra (administrador, os perma-
como se fosse adquirido naquele momento; Vr nentes e os temporários): fornecidos a quanti-
(valor residual) é o valor de revenda ou valor final dade utilizada e o valor total gasto no mês, a
do bem, após ser utilizado de forma racional na planilha calcula quantos salários mínimos foram
atividade; Vu (vida útil) é o período, em anos pagos para cada tipo de mão de obra, por meio
(meses), em que determinado bem é utilizado na da divisão do primeiro dado pelo segundo, e
atividade produtiva. totaliza esses valores, tendo, assim, o custo total
com mão de obra neste mês.
Custo alternativo fixo (CAfixo): utilizou-se a Como insumos, consideram-se super-
expressão (2): fosfato simples, esterco bovino, cama de frango,
granulado marinho bioclástico, formicida e mu-
das. Os dados que devem ser fornecidos são: a
(2)
unidade em que se utiliza o produto, a quanti-
dade utilizada e o valor unitário desse recurso.
Considerou-se o CAfixo como se a idade Assim, multiplica-se a quantidade pelo valor uni-
fosse 50% da vida útil (Vu), que resulta na me- tário, encontra-se o custo total de cada insumo e,
tade de Vn multiplicado pela taxa de juros. somando-se todos esses custos, tem-se o custo
Para efeito da análise do custo alterna- total com insumos.
tivo fixo, sugere-se considerar a taxa de juros Para outros tipos de despesas, incluem-
real de 6% ao ano, que seria próxima de uma se valores gastos com roçadeira, tesoura de
remuneração mínima obtida no mercado finan- poda, carriola, enxada, enxadão, pá, cavadeira,
ceiro ou o rendimento da caderneta de pou- bomba para formicida, fita para amarrio e caixa
pança. A poupança é remunerada mensalmente de frutos.
pela variação da taxa referencial (TR) mais de Os custos operacionais variáveis são
0,5%. obtidos somando-se os custos totais com insu-

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mos, mão de obra e despesas complementares, c) Produção colhida: utilizou-se a média aritmé-
anteriormente citados com custos variáveis. tica para se determinar a produção colhida de
Dividindo-se o custo operacional variável pitaia.
por 2 e multiplicando-se o resultado pela taxa de Neste trabalho, as despesas com com-
juros de 6% (metade do valor total dos recursos bustível, calcário, formicida e arrendamento fo-
variáveis, pois existem certos recursos variáveis ram incluídas nos itens operações de máquinas,
que não são utilizados todos os meses do ano), fertilizantes, inseticidas e encargos financeiros,
obter-se-á o custo de oportunidade variável total. respectivamente.
Finalmente, chega-se ao custo total vari- O custo da mão de obra foi obtido junto
ável somando-se ao custo operacional variável o ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais de La-
custo de oportunidade variável. vras-MG.
É importante destacar que os preços
Custo Total (CT) e Custos Médios (CMe): o considerados nos cálculos de receita bruta foram
custo de uma unidade produzida é dado pela os preços médios recebidos pelo produtor. Esses
relação entre os custos e a quantidade produ- valores foram obtidos através de pesquisas feitas
zida. Dessa forma, têm-se o custo fixo médio na CEAGESP e utilizados para os cálculos por
(CFMe), o custo variável médio (CVMe) e o custo ser de uma das maiores centrais de abasteci-
total médio (CTMe). O custo total é a soma do mento do País. Essas entrevistas foram realiza-
custo fixo total (CFT) e do custo variável total das na safra de 2008/2009 e na de 2009/2010,
o o
(CVT), e o custo total médio (CTMe) é a soma do equivalentes ao 2 e 3 anos após o plantio.
custo fixo médio (CFMe) e do custo variável mé- Em 2008/2009 o produtor recebeu o
dio (CVMe). preço médio de R$ 40,00 pelo quilograma de
pitaia, e na safra seguinte, 2009/2010, recebeu
Considerações das variáveis técnicas R$ 20,00 pelo quilograma do fruto. O período de
Foram consideradas diversas variáveis maior produção de pitaia no Brasil vai de dezem-
técnicas e sociais referentes à cultura de pitaia e bro a abril (safra de 2008/2009 e safra de
ao fruticultor. 2009/2010), foi nessa época que foram feitas as
Para a operacionalização e a análise dos pesquisas de preço na CEAGESP.
dados, foram utilizados os seguintes indicadores
estatísticos: Resultados e discussão

Média aritmética (Ma): é uma medida de ten- O início da colheita da pitaia para con-
dência central, em que os valores dos dados sumo de frutas frescas depende de fatores am-
coletados se distribuem em torno de um ponto bientais (clima) e econômicos (preço de venda).
central. Sua fórmula é (3): Normalmente, a colheita inicia-se de dezembro a
janeiro do ano seguinte e prolonga-se até os
∑ meses de abril a maio. A operação de colheita
(3)
∑ para esta cultura é toda manual. Foi observado
no estudo, e utilizado para compor os custos,
Em que: Xi corresponde aos valores dos que o rendimento médio da colheita manual e
dados apresentados, e fi é a frequência dos da- empacotamento é de 50 kg a 60 kg ao dia, por
dos. homem.
Quando foi avaliado o efeito das fontes
Porcentagem (%): é o valor que corresponde à de matéria orgânica na produtividade das plantas
frequência de certo dado, dividido pelo total dos de pitaia pela análise de variância, observou-se
dados coletados. Sua fórmula é dada por (4): diferença entre os tratamentos. As plantas do
tratamento composto apenas de esterco bovino
+ cama de frango apresentaram maior produtivi-
(4) dade. O tratamento com esterco bovino + cama
de frango + granulado bioclástico e o que conti-
nha apenas cama de frango apresentaram pro-
Em que: fx é frequência do dado estu- dução semelhante entre si, sendo sua produtivi-
dado, e t é o total de dados coletados. dade inferior apenas ao que continha esterco
As variáveis técnicas utilizadas neste bovino + cama de franco (Tabela 1). Isso, prova-
estudo foram: velmente, aconteceu pela composição nutricional
a) Área da propriedade, área plantada com pi- da cama de frango, que foi a fonte de adubação
taia, mão de obra; presente nos três tratamentos com os mais altos
b) Tratos culturais: utilizou-se a porcentagem valores de produção.
para estimar os tipos de tratos culturais mais A testemunha e o tratamento com a alga
empregados pelos produtores de pitaia; calcária apresentaram as menores produtivida-

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des, já que não houve incremento nutricional na granulado marinho bioclástico não tem ação
testemunha e, assim como o calcário sozinho, o nutritiva, e sim corretora de acidez (Tabela 1).

Tabela 1 - Produtividade das plantas de pitaia em função da aplicação de diferentes fontes orgânicas
no terceiro ano agrícola (2009/2010). Productivity of dragon fruit plants as a function of types of or-
ganic fertilizers during the third cropping season (2009/2010).
(1) -1
Tratamento Produtividade (kg ha )
Testemunha 0,00 d
Esterco bovino 996,00 c
Cama de frango 1438,67 b
Granulado marinho bioclástico 148,00 d
Esterco bovino + cama de frango 2570,00 a
Esterco bovino + granulado marinho bioclástico 1059,67 c
Cama de frango + granulado marinho bioclástico 952,00 c
Esterco bovino + cama de frango + granulado marinho bioclástico 1418,00 b
(1) (1)
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si, a 1%, pelo teste de Scott-Knott (a>b>c>d).
Means followed by the same letter in column do not differ at 1%, by Scott-Knott test (a> b> c> d)

As três fontes de matéria orgânica testadas na lavoura, nesse ano, R$ 8,57, para cobrir todos os
na área experimental, durante três anos, que apre- custos por quilograma produzido em um hectare,
sentaram as melhores produtividades foram utiliza- diferentemente do que se observou para as plantas
das para o cálculo dos custos de produção. Esses do tratamento com cama de frango, que apresenta-
dados encontram-se discriminados em três anos da ram, no segundo ano após o plantio, lucro de
cultura no campo. R$1,62 por quilograma.
O período reprodutivo inicia-se em meados A partir do terceiro ano após a implantação,
de novembro do primeiro ano e estende-se até maio os três tratamentos produziram. Os maiores custos
do ano seguinte. de produção por quilograma do fruto produzido
foram justamente no tratamento que até este ano
Custos de produção não havia produzido (esterco bovino + cama de
No ano de implantação da pitaia, não houve frango + granulado marinho bioclástico) (Tabela 3).
produção em nenhum tratamento. Assim sendo, o Os preços pagos neste período de 2009-
produtor não tem receita, independentemente da 2010 foram 50% menores do que os do ano anterior
-1
fonte de matéria orgânica que ele venha a utilizar (R$ 20,00 kg ). A partir do segundo ano, o custo fixo
em sua área de produção. total não sofre alterações e é igual para todos os
Durante este período, os custos com a mão tratamentos, R$ 2.410,72.
de obra, fertilizantes e defensivos, e outras despe- Produzir frutos de pitaia com adubação or-
sas, foram os que mais oneraram o estabelecimento gânica de esterco bovino + cama de frango foi o
da cultura no campo (Tabela 2). tratamento que apresentou o menor custo total mé-
Os custos totais relativos à mão de obra e dio.
fertilizantes somam mais de 70% no segundo ano, No tratamento com esterco bovino, cama
nos tratamentos com esterco bovino + cama de de frango e granulado marinho bioclástico, mesmo
frango + granulado marinho bioclástico e esterco tendo sido um dos melhores em produtividade no
bovino + cama de frango. No tratamento, utilizando- terceiro ano, não houve produção de frutos no se-
se apenas a cama de frango, esse valor é reduzido, gundo ano, por isso não gerou renda, diferente-
porque a quantidade de fertilizante aplicada é me- mente do observado nos outros dois tratamentos
nor, apesar de o valor dele ser maior (Tabela 3). (Tabela 4).
As plantas do tratamento com esterco bo- É importante ressaltar que, no primeiro ano
vino + cama de frango + granulado marinho bioclás- agrícola, não houve produção. Dessa forma, não é
tico não apresentaram produção no segundo ano. possível calcular os custos médios apresentados na
Só houve investimento na área de plantio. Os custos Tabela 4.
totais médios serão calculados a partir do ano da No terceiro ano, pode-se observar que to-
primeira frutificação. dos os três tratamentos apresentaram receita. Ao
Os custos de produção para as plantas cul- comparar o tratamento com esterco bovino + cama
tivadas no tratamento com esterco bovino + cama de frango com o esterco bovino + cama de frango +
de frango, com base nos custos de implantação granulado bioclástico – o de menor custo total médio
(Tabela 2) e os custos operacionais (Tabela 3), fo- com o de maior -, verifica-se que o custo total médio
ram de R$ 48,57 por quilograma de fruto. E de por quilograma de fruto produzido foi no esterco
acordo com o preço do quilograma da pitaia, R$ bovino + cama de frango, que foi 58% menor
40,00 neste ano agrícola, o produtor teve de investir (Tabela 4).

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Científica, Jaboticabal, v.40, n.2, p.138 – 149, 2012 ISSN: 1984-5529.

Tabela 2 - Custos fixos e variáveis de produção (1ha) no ano de implantação de um pomar de pitaia,
em função da aplicação de diferentes fontes orgânicas, no primeiro ano agrícola (2007-2008). Fixed
and variable costs per hectare for the production of dragon fruit during the first cropping season (2007-
2008) as influenced by different types of organic fertilizers.
Esterco bovino + cama de
Esterco bovino +
Especificação frango + granulado Cama de frango
cama de frango
marinho bioclástico
CT (R$) CT (R$) CT (R$)
Terra 400,00 400,00 400,00
Lavoura 1.237,50 1.237,50 1.237,50
Bambu - - -
Benfeitorias 471,86 471,86 471,86
Máquinas e equipamentos 144,00 144,00 144,00
Impostos/taxas 32,40 32,40 32,40
Custo Fixo Total (R$) 2.285,76 2.285,76 2.285,76
Mão de obra 6.060,00 6.060,00 4.905,00
Equipamentos 924,00 924,00 924,00
Fertilizantes 5.877,00 5.800,00 2.720,00
Defensivos 70,00 70,00 70,00
Manutenção de benfeitoria 346,44 346,44 346,44
Outras despesas 5.227,99 5.225,68 5.098,63
Custo variável Total (R$) 18.505,43 18.426,12 14.064,07
Custo total (R$) 20.791,19 20.711,88 16.349,83
-1
Custo total Médio (R$ kg ) - - -
CT – custo total. CT – total cost

Tabela 3 - Custos fixos e variáveis de produção (1ha) no segundo ano após a implantação de um
pomar de pitaia, em função da aplicação de diferentes fontes orgânicas, no segundo (2008/2009) e
no terceiro ano agrícola (2009-2010). Fixed and variable costs per hectare, during the second
(2008/2009) and the third (2009-2010) cropping years, for the production of dragon fruit as influenced
by types of organic fertilizers.
Esterco bovino + cama de
Esterco bovino + cama
Especificação frango + granulado Cama de frango
de frango
marinho bioclástico
CT (R$) CT (R$) CT (R$)
2008-2009 2009-2010 2008-2009 2009-2010 2008-2009 2009-2010
Terra 400,00 400,00 400,00
Lavoura 1.237,50 1.237,50 1.237,50
Bambu 124,96 124,96 124,95
Benfeitorias 471,86 471,86 471,86
Máquinas e
144,00 144,00 144,00
equipamentos
Impostos/taxas 32,40 32,40 32,40
Custo fixo total (R$) 2.410,72 2.410,72 2.410,72
Mão de obra 4.560,00 4.013,82 4.710,00 4.641,81 4.050,00 3.981,81
Equipamentos 264,00 264,00 264,00 264,00 264,00 264,00
Fertilizantes 5.797,00 5.797,00 5.720,00 5.720,00 2.640,00 2.640,00
Defensivos 56,00 56,00 56,00 56,00 56,00 56,00
Manutenção de
346,43 346,43 346,43 346,43 346,43 346,43
benfeitoria
Outras despesas 683,99 558,76 723,90 723,53 608,43 611,33
Custo variável total
11.707,42 11.036,01 11.820,33 11.751,77 7.964,86 7.899,57
(R$)
Custo total (R$) 14.118,14 13.446,73 14.231,05 14.163,49 10.375,58 10.310,29
Custo total médio
-1 - 9,48 48,57 5,51 38,38 7,17
(R$ kg )
-1
Produtividade (kg ha ) - 1.418,67 293,00 2.570,00 270,33 1.438,67
-1
Preço médio (R$ kg ) 40,00 20,00 40,00 20,00 40,00 20,00
CT – custo total. CT – total cost

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Tabela 4 - Custos médios da produção de pitaia e preço recebido com adubação orgânica com os
três melhores tratamentos, na segunda (2008/2009) e terceira safras (2009/2010). Mean production
costs and mean selling prices of dragon fruit in the cropping years of 2008/09 and 2009/10 as influ-
enced by the three most efficient organic fertilizers.
-1 -1 -1 Preço Médio
CFMe (R$ kg ) CVMe (R$ kg ) CTMe (R$ kg ) -1
(R$ kg )
Tratamento a a
a a a a a a 2 3
2 Safra 3 Safra 2 Safra 3 Safra 2 Safra 3 Safra
Safra Safra
Esterco bovino +
cama de frango +
1,70 7,78 9,48
granulado - - - - 20,00
(17,93%) (82,07%) (100,0%)
marinho
bioclástico
Esterco bovino + 8,23 0,94 40,34 4,57 48,57 5,51
40,00 20,00
cama de frango (16,94%) (17,06%) (83,06%) (82,94%) (100,0%) (100,0%)
8,92 1,68 29,46 5,49 38,38 7,17
Cama de frango 40,00 20,00
(23,24%) (23,43%) (76,76%) (76,57%) (100,0%) (100,0%)
CFMe – custo fixo médio, CVMe – custo variável médio, CTMe – custo total médio. CFMe - average fixed cost, CVMe - aver-
age variable cost, CTMe - average total cost.

A pitaia sob adubação com esterco bo- SUZUKI & TARSITANO (2009) avaliaram
vino + cama de frango + granulado marinho bio- o custo de produção de um pomar de pitaia
clástico não apresenta receita nos dois primeiros (Hylocereus undatus) e encontraram o valor de
anos. O custo total dos três anos iniciais ficou em R$ 18.871,54 no ano de implantação (2008),
R$ 48.356,06 por hectare, e a receita deste perí- valor inferior aos tratamentos com esterco bovino
odo, próxima a R$ 28.373,40, ficando um déficit + cama de frango + granulado marinho bioclás-
de, aproximadamente, R$ -19.982,66, para os tico e esterco bovino + cama de frango, porém
próximos anos (Figura 1). superior ao tratamento com cama de frango.
A adubação com a cama de frango pro- O custo total de produção de culturas da
porcionou produção nos dois últimos anos, ge- maçã (‘F ’ ‘G l ’), mpl çã , é
rando uma receita, no período, de R$ 39.586,60 de R$ 24.482,00, valor próximo ao encontrado
por hectare, superando os custos e proporcio- para pitaia no mesmo período e bem inferior ao
nando lucro de R$ 2.550,91 (Figura 2). O trata- v ‘N g ’, q é R$ 85 7,
mento com a cama de frango apresentou os (AGRIANUAL, 2010),
menores custos totais entre os três estudados. O tratamento que fornecia esterco bovino
O tratamento com o esterco bovino + a e cama de frango apresentou o maior lucro, ge-
cama de frango foi o que obteve as maiores re- rando receita capaz de cobrir todos os custos
ceitas, R$ 63.120,00 no período estudado e nos primeiros anos após o plantio da pitaia, por
maior lucro, R$ 14.014,59 (Figura 3). isso foi considerado o melhor entre os estuda-
Os custos totais parciais deste trata- dos. É esperado que, a partir do quinto ano, a
mento e do com adição de granulado marinho produção da cultura se estabilize em torno de 10
-1
bioclástico são praticamente os mesmos, R$ t ha .
49.105,41 e R$ 48.356,06, respectivamente, Os valores relatados neste estudo consi-
porém este tratamento não obteve receita no deram uma situação ideal de produção baseado
segundo ano. Isso faz o tratamento esterco bo- em uma situação experimental. Eles não con-
vino + cama de frango ser a melhor escolha para templam possíveis prejuízos causados à cultura,
o produtor, adiantar a produção em um ano e por seja por ataque de pragas e doenças, seja por
cobrir os custos totais até o terceiro ano e já problemas no manejo da cultura, tampouco por
obter lucro. alterações nos parâmetros meteorológicos ou
Os custos totais gastos em um hectare, por alterações na relação entre a oferta e a de-
no ano de implantação na área experimental, manda dos consumidores de pitaia, o que pode
foram: R$ 20.791,19 para esterco bovino + cama alterar a margem de lucro.
de frango + granulado marinho bioclástico; R$ Por ser uma cultura em que o processo
20.711,87 para esterco bovino + cama de frango, produtivo necessita fundamentalmente de mão
e R$ 16.349,82 para cama de frango. de obra, tanto nas práticas de manejo como na
O conhecimento sobre os valores do ano colheita e mesmo na pós-colheita, os produtores
de implantação é necessário para a correta in- de pitaia podem gerar empregos, e a atividade
terpretação da análise de custo (Tabela 5), ser um atrativo para as comunidades rurais se
sendo os custos fixos do ano de implantação manterem no campo com dignidade.
minimizados com o decorrer do tempo.

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Científica, Jaboticabal, v.40, n.2, p.138 – 149, 2012 ISSN: 1984-5529.

Figura 1 - Composição relativa entre os custos, receita e lucro da cultura de pitaia (Hylocereus
undatus) sob a adubação de esterco bovino + cama de frango + granulado marinho bioclástico, por
hectare, nos três primeiros anos agrícolas. Costs, revenue, and profit (per hectare) of dragon fruit as
influenced by fertilizing the soil with bovine manure + chicken manure + granulated marine bioclast
during the three cropping seasons.

Figura 2 - Composição relativa entre os custos, receita e lucro da cultura de pitaia (Hylocereus
undatus) sob a adubação com cama de frango, por hectare, nos três primeiros anos agrícolas:
2007/2008, 2008/2009, 2009/2010. Costs, revenue, and profit (per hectare) of dragon fruit as influ-
enced by fertilizing the soil with chicken manure during the three cropping seasons.

Figura 3 - Composição relativa entre os custos, receita e lucro da cultura de pitaia (Hylocereus
undatus) sob a adubação com esterco bovino + cama de frango, por hectare, nos três primeiros anos
agrícolas. Costs, revenue, and profit (per hectare) of dragon fruit as influenced by fertilizing the soil
with bovine manure + chicken manure during the three cropping seasons.

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Científica, Jaboticabal, v.40, n.2, p.138 – 149, 2012 ISSN: 1984-5529.

Tabela 5 - Detalhamento dos custos da cultura de pitaia sob adubação com esterco bovino e cama
de frango no ano de implantação (2007/2008). Costs details of producing dragon fruit as influenced by
fertilizing the soil with bovine manure and chicken manure during the first cropping season
(2007/2008).

Fase de Implantação
Descrição Especificação Valor Unitário Ano 1
Quantidade Valor (R$)
A - Terra
Aluguel da terra 10000 m² (1 ha) R$ 400,00 1,00 400,00
B - Operações Mecanizadas
HM Tp 90 cv. 4x2 + gr.
Preparo do solo (Aração) R$ 60,00 11,00 660,00
Arad.16x26"
C - Operações manuais
C.1. Implantação
Abertura de cova Homem-dia 30 55 1.650,00
Adubação de plantio Homem-dia 30 22 660,00
Plantio Homem-dia 30 11 330,00
C.2. Tratos culturais
Poda/roçada/coroamento, adubação orgânica,
Homem-dia 30 16 1530,00
combate à formiga
D - Insumos
D.1. Fertilizantes
-1
Superfosfato simples R$ t 300,00 0,33 99,00
-1
Esterco bovino R$ t 50,00 61,6 3.080,00
-1
Cama de frango R$ t 150,00 17,6 2.640,00
-1
Granulado marinho bioclástico R$ kg 0,50 0 0,00
-1
D.2. Fitossanitário (Formicida) R$ kg 7,00 10 70,00

E - Lavoura
Mudas* R$/unidade 15,00 1100 16.500,00

F - Outras despesas
Roçadeira 2 tempos* Unidade 1000 1 1.000,00
Tesoura de poda* Unidade 38 10 380,00
Carriola* Unidade 80 3 240,00
Enxada* Unidade 13 6 78,00
Enxadão* Unidade 15 4 60,00
Pá* Unidade 25 3 75,00
Cavadeira* Unidade 35 2 70,00
Bomba de formicida* Unidade 18 2 36,00
-1
Fita para amarrio R$ kg 6,00 15 90,00
G - Administração
Impostos/taxas 32,40
-1 -1
Custo Total (R$ ha ano ) 29.680,40
-1 -1
Receita (R$ ha ano ) 0,00
* Os valores encontrados na tabela são os valores reais praticados na época da aquisição e não consideram a depreciação de
alguns itens no decorrer do tempo, por isso os valores apresentados nesta tabela são diferentes dos valores da tabela 2 para o
mesmo tratamento e período.

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Científica, Jaboticabal, v.40, n.2, p.138 – 149, 2012 ISSN: 1984-5529.

Com o aumento do número de produto- LE BELLEC, F.; VAILLANT, F.; IMBERT, E.


res cultivando a pitaia, o preço do quilograma da Pitahaya (Hylocereus spp.): a new crop, a market
fruta tende a cair, e, por isso, o investimento em with a future. Fruits, Paris, v.61, n.4, p.237-250,
divulgação da fruta para os consumidores brasi- 2006.
leiros, assim como em pesquisas sobre seus
LEFTWICH, R. H. O sistema de preços e a
benefícios à saúde e para a alimentação, pode
alocação de recursos. 7.ed. São Paulo: Pio-
agregar valor e manter por mais tempo os bons
neira, 1991. 452p.
preços atuais. A redução do preço pode ser be-
néfica por incentivar consumidores não familiari- MERTEN, S. A review of Hylocereus production
zados com a fruta e abrir novos segmentos deste in the United States. Journal of the
mercado restrito, sendo uma nova oportunidade Professional Association for Cactus
de negócio. Development, Davis, v.5, p.98-125, 2003.
MISSOURI botanical garden. Disponível em:
Conclusão
<http://www.tropicos.org/PhenologyCharts.aspx?
nameid=5101084>. Acesso em: 25.ago.2009.
De acordo com os resultados, o esterco
bovino adicionado de cama de frango foi o trata- MIZRAHI, Y.; NERD, A. Climbing and columnar
mento que proporcionou a maior produtividade e cacti-new arid lands fruit crops. In: JANICK, J.
o maior retorno financeiro, tendo, ao final de três (Ed.). Perspective in new crops and new
anos após a instalação da cultura no campo, crops uses. Alexandria: ASHS, 1999. p.358-366.
pagado todos os custos e gerado benefícios
líquidos. NERD, A.; TEL-ZUR, N.; MIZRAHI, Y. Fruits of
Em relação à fase de implantação, os vine and columnar cacti. In: NOBEL, P. S. Cacti
maiores custos foram com a mão de obra, as biology and uses. Los Angeles: University of
fontes de adubação e as outras despesas ine- California, 2002. p.195-208.
rentes ao bom funcionamento.
NICHOLSON, W. Microeconomic theory: basic
Na fase de manutenção, no segundo e
principles and extension. Fort Worth: Dryden,
no terceiro anos, os maiores custos de produção
1998. 821p.
foram com os adubos orgânicos e com a mão de
obra. OLIVEIRA, M. D. M.; FACHINI, C.; RAMOS
O planejamento da empresa agrícola, JUNIOR, E. D.; ITO, M. A. Custo de produção da
como a realização de análises de investimentos, cultura do feijão na região sudoeste paulista.
é de fundamental importância para a geração de Análises e Indicadores do Agronegócio, São
informações que darão suporte ao produtor em Paulo, v.5, n.7, p.1-5, jul. 2010.
suas decisões, como o financiamento ou o em-
PORTAL DO AGRONEGÓCIO. Compostagem
prego de capital próprio em atividades produti-
e adubação orgânica. Disponível em:
vas, como a fruticultura.
<http://www.portaldoagronegocio.com.br/conteud
o.php?id=23208>. Acesso em: 23.ago.2010.
Agradecimentos
REIS, A. J; GUIMARÃES, J. M. P. Custo de pro-
dução na agricultura. Informe Agropecuário,
Os autores agradecem à Coordenação Belo Horizonte, v.12, n.143, p.15-22, nov. 1986.
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Supe-
rior (CAPES), pelo apoio financeiro concedido REIS, R. P. Introdução à teoria econômica.
aos bolsistas envolvidos neste trabalho. Lavras: UFLA/FAEPE, 1999. 108p.

REIS, R. P.; TAKAKI, H. R. C.; REIS, A. J. Como


Referências calcular o custo de produção. Lavras: UFLA,
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CRANE, J. H.; BALERDI, C. F. Pitaya growing
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