Geografia Da América Latina
Geografia Da América Latina
Geografia Da América Latina
Latina
Indaial – 2022
2a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2022
Elaboração:
Prof.ª Raqueline da Silva Santos
S237g
Santos, Raqueline da Silva
Geografia da América Latina. / Raqueline da Silva Santos – Indaial:
UNIASSELVI, 2022.
220 p.; il.
ISBN 978-65-5663-752-5
ISBN Digital 978-85-515-0558-8
1. Território latino-americano. - Brasil. II. Centro Universitário
Leonardo da Vinci.
CDD 900
Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático Geografia da América Latina!
Pretendemos com este livro proporcionar a você, acadêmico, uma leitura ampla
sobre a América Latina, e esperamos que aproveite seus estudos e tenha possibilidade
de disseminar o conhecimento através da Geografia.
Bom estudo!
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ENADE
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dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem
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para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma
disciplina e com ela um novo conhecimento.
REFERÊNCIAS.......................................................................................................................75
UNIDADE 2 — RELAÇÕES INTERNACIONAIS NA AMÉRICA LATINA: TEORIAS
ECONÔMICAS, MIGRAÇÕES E A ECONOMIA DOS PAÍSES
LATINO-AMERICANOS...................................................................................................81
TÓPICO 2 - MIGRAÇÕES.....................................................................................................103
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................103
2 GLOBALIZAÇÃO E MIGRAÇÃO INTERNACIONAL ........................................................ 104
2.1 MIGRAÇÕES NA AMÉRICA LATINA..................................................................................................106
2.2 FLUXOS MIGRATÓRIOS NA AMÉRICA DO SUL ...........................................................................108
2.3 FLUXOS MIGRATÓRIOS DO MÉXICO PARA OS ESTADOS UNIDOS.........................................109
3 EFEITOS DEMOGRÁFICOS, ECONÔMICOS, POLÍTICOS E SOCIAIS DOS
FLUXOS MIGRATÓRIOS ................................................................................................... 110
3.1 CRISES MIGRATÓRIAS NA AMÉRICA LATINA ...............................................................................112
3.1.1 Xenofobia ....................................................................................................................................113
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................ 114
AUTOATIVIDADE................................................................................................................. 115
REFERÊNCIAS.....................................................................................................................142
UNIDADE 3 — O BRASIL E AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS NA AMÉRICA LATINA:
DOS CONFLITOS FRONTEIRIÇOS À COOPERAÇÃO, INTEGRAÇÃO E
LIDERANÇA REGIONAIS..............................................................................149
REFERÊNCIAS.....................................................................................................................215
UNIDADE 1 -
AMÉRICA LATINA:
FORMAÇÃO HISTÓRICA,
REGIONALIZAÇÃO, ASPECTOS
FÍSICOS, POPULACIONAIS E
ECONÔMICOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
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1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!
Acesse o
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2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 -
FORMAÇÃO HISTÓRICA DA AMÉRICA
LATINA
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 1, nós abordaremos a formação espacial da América
Latina, em seus aspectos históricos, físicos, populacionais e econômicos.
3
DICA
Para aprofundar seus estudos sobre a temática apresentada na introdução,
recomendamos para leitura o livro de Eduardo Galeano As veias abertas da
América Latina. Segue um trecho do livro que retrata a condição de exploração
da América desde o período colonial até os dias atuais. “É a América Latina, a
região das veias abertas. Do descobrimento até nossos dias, tudo sempre se
transformou em capital europeu ou, mais tarde, norte-americano, e como tal
se acumulou e se acumula nos distantes centros de poder. Tudo: a terra, seus
frutos e suas profundezas, ricas em minerais, os homens e sua capacidade de
trabalho e de consumo, os recursos naturais e os recursos humanos. O modo
de produção a estrutura de classes de cada lugar foram sucessivamente
determinados, do exterior, por sua incorporação à engrenagem universal do
capitalismo” (GALEANO, 2011, p. 18).
2 A COLONIZAÇÃO DA AMÉRICA
Desde o início do tópico falamos sobre a colonização da América. Você já saberia dizer
o que é colonização? O termo colonização é usado para designar a ocupação do território.
Neste sentido, a colonização da América é um dos principais elementos para compreender as
condições da pobreza e do subdesenvolvimento presente nos países americanos.
Os países que constituem a América Latina são: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile,
Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, México,
Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela. Esses
países estão organizados em grandes conjuntos regionais: o México, América Central
(que se divide em América Continental, que compreende uma faixa de terras emersas
entre a América do Norte e a América do Sul e o Caribe, que é a parte insular.
4
As condições de desenvolvimento socioeconômico da Europa no século XV
fizeram com que os exploradores fossem em busca de outros territórios para explorar.
Neste sentido, a América torna-se interessante para a Europa em virtude deste
continente estar em busca de aumentar sua produtividade através da exploração de
metais preciosos e da produtividade agrícola.
Foi por volta dos séculos XV e XVI que a expansão europeia foi provocando profundas
mudanças nos territórios de colonização. Modificaram a vida das populações indígenas e a vida
da população africana, os quais foram forçados para saírem de seus territórios e tornaram-se
mercadoria (ver GIO NOTA) para a força de trabalho no processo de colonização.
A colonização destruiu a identidade dos povos indígenas e negros africanos, seja por
meio da escravidão ou por meio da cristianização. Entre os séculos XVI e XVII houve uma
queda brusca da população indígena, as epidemias, a escravidão e o extermínio dos povos
nativos resultaram nas principais causas da destruição do modo de vida dos povos indígenas.
5
NOTA
A mercadoria pode ser concebida como um objeto que tem valor de uso
– utilidade de uma coisa – e valor de troca, ou seja, valor quantitativo,
proporção que as mercadorias se trocam, por exemplo, trocar uma pessoa
escravizada por outro produto. Neste sentido, a pessoa escravizada torna-
se mercadoria por ter valor de uso, ou seja, é útil como força de trabalho e
alguém pagou por ele em um valor de troca (MARX, 2017).
6
De acordo com pesquisas arqueológicas, já havia civilizações organizadas na
América antes da chegada dos europeus, e os povos que ainda habitavam o território
americano tais como os incas, astecas, maias são os que mais temos conhecimento
sobre suas organizações e culturas.
DICAS
Se você gosta de ler, recomendamos o autor Ciro Flamorion Cardoso. Ele foi um importante
historiador brasileiro que se debruçou sobre temas diversos, mas principalmente sobre
a História da América. Alguns textos dele podem ser encontrados no endereço: https://
marxismo21.org/ciro-flamarion-cardoso-1942-2013/, ou nas referências:
Para Cardoso (1981, p. 11) “esse estudo torna-se essencial para reconstruir a
leitura das “estruturas econômicas, sociais, políticas, intelectuais dos diversos grupos
indígenas tratando de América Pré-Colombiana”.
7
FIGURA 1 – ESTREITO DE BERING
Para muitos estudiosos esse estreito foi o local que permitiu a migração dos
primeiros povos para a América. As hipóteses sobre o povoamento da América é de que
“o estreito estaria congelado durante uma glaciação, o que permitiu a sua travessia”
(PENA, 2021, s.p.).
8
Todavia, para nossos estudos delimitamos essa leitura sobre a caracterização de
alguns povos que construíram a história da América antes dos europeus, os Incas, os Maias e os
Astecas. Essas civilizações tinham diversos modos de organização, política, cultural, religiosa,
social e econômica. Para alguns estudiosos a melhor forma de estudar essas civilizações pode
ser agrupada em Mesoamérica, engloba os Maias e os Astecas, atual região do México e da
América Central e a Região Andina, engloba os Incas, consideramos a região atual do Equador,
Peru, Bolívia, norte do Chile e oeste da Argentina (BRAICK; MOTA, 2016).
A civilização dos Incas constituiu-se a partir do século XII. Esse império foi considerado
um mais extenso da América pré-colombiana. Com um governo monárquico e teocrático,
o legislador era considerado descendente do Sol e adorado como um deus. Atualmente, os
Incas são bastante conhecidos por sua contribuição na construção de cidades como Cuzco e
Machu Picchu. Na economia, os Incas eram conhecidos pela agricultura, e cultivavam a terra
de forma coletiva e também tinham noções importantes de astronomia e matemática.
9
Viu como temos história? Nossa formação espacial e territorial é importante
para compreendermos os impactos decorrentes das conquistas e colonizações dos
europeus, na dizimação dos povos e na mudança cultural, econômica, social e política
da história dos povos nativos.
10
2.3 SISTEMA COLONIAL: COLONIZAÇÃO E POVOAMENTO NA
AMÉRICA LATINA
Já abordamos a colonização. Já sabemos definir o que é a colonização. Sabemos
que a formação do espaço latino-americano ocorreu por um processo de formação
colonial. Mas, ainda não estudamos como ocorreu esse povoamento.
Então, a partir deste subtópico nos debruçaremos sob essa parte tão importante
na história e na geografia da América Latina, pois, o povoamento consolidou a formação
do território, definiu limites territoriais, fronteiras, organizou o espaço de acordo com
regiões, ou seja, os europeus estabeleceram uma nova geografia para o povoamento da
América com o seu sistema de colonização.
11
Essa história intitulada um “canto triste” asteca mostra-nos a violência dos europeus
sobre a América Latina, pois as consequências da colonização provocaram mudanças no
rumo de vida dos povos indígenas. Rumo consolidado há milhares de anos, que segundo
o professor Moya, do departamento de História do Barnard College na Universidade de
Columbia, no estado de Nova York, nos Estados Unidos, “os primeiros seres humanos a
chegar às Américas vieram do nordeste da Ásia há cerca de 15.000 anos” (MOYA, 2018,
p. 26). A América teve um povoamento tardio em relação aos outros continentes, como a
Europa e a Ásia, por exemplo. Portanto, já podemos afirmar que os primeiros habitantes das
Américas estiveram aqui muito antes da invasão realizada pelos europeus no século XV.
12
Esse novo povoamento desencadeou a organização de novos espaços
regionais, novos modos de produção e novas relações de trabalho. O povoamento
diverso desencadeou adaptações de acordo com as regiões que estava inserido. As
diversidades climáticas, edáficas e culturais são elementos que condicionaram um
povoamento e um desenvolvimento desigual no território americano, com isso os
europeus foram se fixando no território, criando políticas e estabelecendo suas relações
de colonização e povoamento, destituindo os indígenas de sua realidade.
DICA
Assista ao filme, 1492 – A conquista do paraíso. O filme teve lançamento em
8 de outubro de 1992, na Espanha, e está disponível na internet. Ele retrata
a expedição de Colombo para a América, a relação dos europeus com os
indígenas e a luta de Colombo para colonizar o território americano.
A experiência do Haiti merece atenção por ter sido uma luta comandada pelos
negros, e naquele período grande parte dos negros eram escravos. Esse ato foi liderado
pelo ex-escravo Toussaint-Louverture, que foi preso em 1802 e morto em 1803 na
França. A luta não cessou e foi assumida por Jean-Jacques Dessalines, que declarou a
independência do país em 1804 (BRAICK; MOTA, 2016).
13
Essa história parece fácil, é contada nos livros, mas sabemos que esse momento
histórico foi marcado por conflitos sangrentos, mas que a conquista da liberdade fora possível
devido ao enfraquecimento da França diante do processo revolucionário da luta pela abolição
dos escravos em suas colônias (BRAICK; MOTA, 2016). Nos países da América do Sul temos
duas figuras muito importantes que ficaram conhecidos por sua luta para que as colônias
fossem independentes e pela abolição dos escravos, Simón Bolívar e José de San Martin.
Segundo Braick e Mota (2016, p. 133), “os rebeldes foram derrotados pelas forças
da Coroa” [...] o padre Hidalgo “foi preso e executado [...] Morelos assumiu a direção do
Movimento [...] declarou independência do México e formou um governo de base popular”.
Mas, as elites e a Coroa espanhola não satisfeitos com essa revolução social também
executaram Morelos. Com isso, a independência passa a ser responsabilidade das elites da
sociedade colonial, que em 1821 tornou-se livre devido ao Plano de Iguala (proposto pelo
militar Augustin Iturbide para criar uma monarquia no país) que fora aceito pelas elites e pela
igreja. Dois anos após o México tornou-se uma República (BRAICK; MOTA, 2016).
14
E para finalizar esse ponto, que tal sabermos um pouco da América do Norte,
ou seja, dos Estados Unidos. Afinal, eles foram colônia também, lembra? Só que foram
colônia de povoamento. Porém no século XVIII começaram a ter sua autonomia ameaçada
devido à Coroa Britânica passar a intensificar o controle das atividades comerciais.
Sabemos que a independência não colocou fim à escravidão e não foi motivo de
inclusão para as classes menos favorecidas terem direitos a melhores condições de vida. Pelo
contrário, a luta pela valorização dos povos indígenas, dos negros africanos, e a luta pela terra
dos camponeses permanece viva até hoje, pelos direitos sociais, políticos e econômicos.
15
de capitais necessários à implementação do volume a ser exportado, a disponibilidade de
mercados externos (problemas de demanda) e a queda do preço no mercado mundial”
(WASSERMAN, 2010, p. 183).
Essa situação fez com que a constituição dos Estados nacionais latino-
americanos buscasse se organizar para manter suas relações com o mercado. Contudo,
sabemos que essa situação não fora fácil devido “à ausência de um elemento aglutinador,
ou identidade nacional” entre as colônias (WASSERMAN, 2010, p. 181). Isso revela como
o processo de constituição dos novos Estados foi difícil. Para os historiadores que se
detêm aos estudos da América Latina,
16
Na Argentina, a consolidação do Estado nação também resultou de lutas.
Um dos principais fatores que impedia o avanço da constituição do Estado Argentino
foram os Caudilhos (chefes políticos locais) e a falta de unificação, uma vez que estava
organizada em três principais regiões que não tinham os mesmos interesses. “A primeira
era a de Buenos Aires e sua província, a segunda à do litoral dos rios [...] e a terceira,
chamada do interior, Córdoba, La Rioja e Tucuman” (LIMA; NOGUEIRA, 2006, p. 3).
De acordo com Gomes e Soares (2011, p. 68), o “Chile vai se diferenciar dos demais
países” na formação do Estado Nação. Os autores apontam três aspectos fundamentais:
17
Quanto à formação do Estado Nação Peruano e Boliviano havia muita
instabilidade. A independência do Peru ocorreu em 1821 e a da Bolívia em 1825. Para
Wasserman (2010, p. 194) esses países “não modificaram a ordem política, econômica e
social do período colonial”. O que evidencia suas fragilidades diante de outros países que
estavam no mesmo processo de consolidação do Estado-Nação. A estagnação política
e produtiva desses países só teve uma estabilidade a partir do século XX.
Não somos europeus, não somos índios, mas sim uma espécie
intermédia entre os aborígenes e os espanhóis. Americanos por
nascimento e europeus por direito, nos encontramos em meio ao
conflito de disputar os títulos de propriedade aos nativos e manter-nos
no país que nos viu nascer, contra a oposição dos invasores. De maneira
que o nosso caso é extremamente extraordinário e complicado. [...]
Estamos colocados num grau inferior ao da servidão. Mantenhamos
presente que o nosso povo não é nem europeu, nem americano do
norte, é antes uma composição de África e América do que uma
emanação da Europa... é impossível determinar com propriedade a que
família pertencemos (BOLIVAR, 1819 apud MANCE, 1995, s.p.).
18
A busca pela identidade cultural da sociedade latino-americana permeia um
debate profundo, devido terem-se formado primeiro os Estados e depois a busca
pela identidade nacional. Com diferenças culturais, étnicas, religiosas e linguísticas, a
identidade cria-se a partir de semelhanças e diferenças, e essas semelhanças, segundo
Mance (1995, s.p.) está na “demarcação territorial”, ou seja, “a identificação do nacional
é desdobrada da memória dos conflitos na disputa por territórios com países limítrofes,
emergindo os heróis da história oficial”.
19
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A América Latina antes dos europeus tinha em seu território grandes civilizações,
Incas, Maias e Astecas com modo de vida próprio e organização política, cultural,
econômica e religiosa.
20
• A formação dos Estados-Nação na América Latina constituiu-se de diversas lutas
pela consolidação de regimes políticos diferentes, disputas existentes em sua maioria
por uma elite conversadora que buscava manter seus poderes e uma luta de uma
elite liberal que buscava modernizar seus países e inserir no mercado internacional.
21
AUTOATIVIDADE
1 Leia o trecho a seguir: “É a América Latina, a região das veias abertas. Do
descobrimento aos nossos dias, tudo sempre se transformou em capital europeu ou,
mais tarde, norte-americano, e como tal se acumulou e se acumula nos distantes
centros do poder. Tudo: a terra, seus frutos e suas profundezas ricas em minerais,
os homens e sua capacidade de trabalho e de consumo, os recursos naturais e os
recursos humanos. O modo de produção e a estrutura de classes de cada lugar foram
sucessivamente determinados, do exterior [...]. Para cada um se atribuiu uma função,
sempre em benefício do desenvolvimento da metrópole estrangeira do momento, e
se tornou infinita a cadeia de sucessivas dependências, que têm muito mais do que
dois elos e que, por certo, também compreende, dentro da América Latina, a opressão
de países pequenos pelos maiores seus vizinhos, [...] a exploração de suas fontes
internas de víveres e mão de obra pelas grandes cidades e portos [...] (GALEANO,
2010, p. 18). Com base no que estudamos, o trecho do livro de Galeano discute:
FONTE: GALEANO, E. As veias abertas da América Latina. Tradução de Sérgio Franco. Porto Alegre,
L&PM, 2011. p. 18.
2 Os historiadores consideram que a América Latina foi uma invenção dos europeus.
Essa ideia de invenção é decorrente do fato de já haver civilizações sobre esses
territórios. Considera-se que quando os espanhóis chegaram à terra que denominaram
de América, já havia sociedades organizadas e centros urbanos consolidados, essas
civilizações eram conhecidas como Astecas, Maias e Incas. As civilizações Maia e
Asteca ocupavam a região atual do México e da América Central, já a região do Equador,
Peru, Bolívia, norte do Chile e Oeste da Argentina foi ocupada pelos Incas. Com base no
que estudamos sobre essas civilizações e a colonização, analise as sentenças a seguir:
I- A civilização Maia se desenvolveu entre os séculos III e X. Essa civilização está ligada
à história do atual México e uma das suas principais marcas é sua organização
territorial em Cidades-Estados independentes.
II- A civilização Asteca não recebeu influência de nenhuma outra civilização, era uma
sociedade que tinha baixo desenvolvimento agrícola e os europeus não tiveram interesse
nesta civilização, preservando, portanto, a cultura e os modos de produção dos Astecas.
III- A civilização dos Incas constituiu-se a partir do século XII. Esse império foi
considerado um dos mais extensos da América pré-colombiana. Atualmente, os
Incas são bastante conhecidos por sua contribuição na construção de cidades como
Cuzco e Machu Picchu.
22
Assinale a alternativa CORRETA:
3 A independência das colônias americanas (sul, norte e central) ocorreu por volta do
século XVIII e XIX. Os fatores que levaram à independência da América Latina são
decorrentes de lutas e revoltas contra as metrópoles colonizadoras. De acordo com o
que estudamos, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas.
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
23
24
UNIDADE 1 TÓPICO 2 -
REGIONALIZAÇÃO DA AMÉRICA LATINA
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 2, abordaremos a Regionalização da América Latina. Regionalizar
serve para compreender o espaço geográfico a partir de sua fragmentação em territórios com
características particulares e homogêneas entre si. Neste sentido, nós estudaremos a regio-
nalização em aspectos físicos, socioeconômicos e dos países que compõem a América Latina.
Nos aspectos físicos/geográficos, nos deteremos à análise do clima, relevo e vegetação. Nos
aspectos sociais estudaremos a população e a identidade cultural dos povos da América Latina.
Os países que abrangem a América Latina são: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile,
Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, México,
Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela. Esses
países estão organizados em grandes conjuntos regionais: o México, América Central,
Guianas, América Andina, América Platina e o Brasil. Observe a distribuição no Quadro 1
e no mapa da Figura 2 para compreender o perfil da divisão regional da América Latina.
25
FIGURA 2 – AMÉRICA LATINA
26
DICA
Para compreender o conceito de região e regionalização sugerimos a leitura
dos livros a seguir para aprofundamento teórico:
• ANDRADE, M. C. Geografia, região e desenvolvimento. São Paulo:
Brasiliense, 1967.
• CORRÊA, R. L. Regionalização e organização espacial. São Paulo:
Ática, 2007.
• GOMES, P. C. da C. O conceito de região e sua discussão. In: CASTRO,
I. E.; GOMES, P. C.; CORRÊA, R. L. Geografia: conceitos e temas. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 1995, p. 49-76.
• LENCIONI, S. Região e geografia. São Paulo: EDUSP, 1999.
2 REGIONALIZAÇÃO
No estudo da regionalização temos como objetivo entender os diferentes modos e
critérios de regionalizar um continente. Essa regionalização pode se dar através de critérios
físicos, níveis de desenvolvimento e características econômicas. Através da regionalização
também podemos identificar, por meio da cartografia, os diferentes aspectos morfológicos,
climáticos e biogeográficos do continente (HISTÓRICO DA BNCC, 2021).
27
FIGURA 3 – AMÉRICA – POSIÇÃO GEOGRÁFICA
Antes de seguir, observe a Figura 3, faça uma leitura de localidade, observe como
são distribuídos os continentes do mundo e a posição que se encontra o continente
americano e suas subdivisões. A localização é um raciocínio geográfico muito importante
para a nossa aprendizagem enquanto professores e para nossos futuros alunos.
28
corresponde à porção do continente americano que se inicia nas
terras da Colômbia e se estende em direção sul. Compreende doze
países, um departamento francês de ultramar — a Guiana Francesa
— e o arquipélago das Malvinas ou Falklands, território ultramar do
Reino Unido (ADAS, 2018, p. 119).
29
2.1.1 Regionalização por critérios socioeconômicos
Na divisão da América por aspectos socioeconômicos está a divisão cultural,
ou seja, a divisão em América Anglo Saxônica e América Latina (a qual estamos nos
dedicando a aprender). Essa divisão leva em consideração aspectos históricos,
linguísticos e aspectos de desenvolvimento. Neste sentido, compreende-se que América
Anglo Saxônica abrange os países mais desenvolvidos e que tiveram seu processo de
colonização a partir do povoamento e o predomínio da língua inglesa, mas no Canadá
existe também o francês como língua oficial, para a província do Quebec.
A América Latina, por sua vez, como já estudamos nos tópicos anteriores,
engloba o México, os países da América Central e os países da América do Sul. A
característica predominante desta região é a colonização de exploração realizada pelos
portugueses e espanhóis, neste sentido, as línguas que predominam nesta região são as
línguas derivadas do latim, como o espanhol, francês e o português. Esse fator histórico
da colonização contribuiu para que a América Latina concentrasse até os dias atuais
menores índices de desenvolvimento econômico e maiores índices de desigualdade
social. Porém, nesta região existem países que têm se destacado economicamente,
como o Brasil, Argentina, Chile e o México, países de economia emergente.
30
FIGURA 5 – DIVISÃO REGIONAL POR ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS
31
Você já deve ter ouvido falar de algumas formas de relevo da América Latina,
como a Cordilheira dos Andes, que é a maior cadeia de montanhas da América Latina
com 6.961 metros de elevação. Ela fica localizada nos países: Peru, Chile, Argentina,
Colômbia, Bolívia, Equador e Venezuela.
32
FIGURA 6 – ASPECTOS GEOGRÁFICOS DA AMÉRICA LATINA
CLIMA
Subdivide-se por sua vez em: semiárido (BS, com as categorias semiárido
quente – BSh e semiárido frio – BSk) e árido (BW, incluindo árido quente – BWh – e árido
frio – BWk); clima temperado (C), no qual a temperatura média do mês mais frio está
entre 18 °C e -3 °C, enquanto no mês mais quente supera os 10 °C e as precipitações
33
superam a taxa de evapotranspiração. Este é subdividido em Cf (precipitações
constantes), Cfa (subtropical sem estação seca, verão quente), Cfb (oceânico, verão
suave), Cfc (oceânico subpolar), Cw (inverno seco), Cwa (subtropical com estação
seca, verão quente), Cwb (temperado com inverno seco, verão suave), Cwc (oceânico
subpolar com inverno seco), Cs (verão seco), Csa (mediterrâneo, verão quente), Csb
(oceânico mediterrâneo, verão suave) e Csc (oceânico subpolar com verão seco), o
clima temperado continental (D) caracteriza-se porque a temperatura média do mês
mais fria é menor que -3 °C e a do mês mais quente é superior aos 10 °C.
FONTE: GARDI, C., A, M., et al. Atlas de solos de América Latina e do Caribe, 2015. Luxemburgo:
Comissão Europeia – Serviço das Publicações da União Europeia, 2015. p. 18. Disponível em: https://bit.
ly/3KCGOTP. Acesso em: 24 ago. 2021.
34
FIGURA 8 – VEGETAÇÃO
Argentina tem como capital a cidade de Buenos Aires e faz parte da América do
Sul. O país tem uma extensão territorial de 2.780.400 km2, cuja densidade demográfica
35
está em 16,51 hab/km². O idioma oficial é o espanhol. A população do país é de 45.195.777
habitantes, dados referentes ao ano de 2020. O índice de desenvolvimento humano da
Argentina está em 0,845. Um índice considerado alto (PAÍSES, 2021).
NOTA
O Índice de Desenvolvimento Humano é usado para classificar o grau de
desenvolvimento de um país, ele mede a qualidade de vida das pessoas e foi
criado pelo Programa das Nações Unidas (PNUD) e é publicado anualmente
desde 1993. O IDH, como é conhecido, tem uma escala métrica de zero a
um, quanto mais próximo de um mais desenvolvido é o país e quanto mais
próximo de zero menos desenvolvido. A escala do IDH é organizada em
muito alto, alto, médio, baixo e muito baixo (IDH, 2021).
As fronteiras da Bolívia são, o Brasil, país que mantém estreita relações comerciais,
o Paraguai, a Argentina, o Chile e o Peru. O clima do país é diversificado com áreas frias e
secas, como nas regiões de planalto e áreas tropicais, onde se concentra a maior parte do
36
país. Nessas áreas, temos elevados índices pluviométricos, são áreas mais quentes. Essa
área vai desde o norte da floresta Amazônica ao leste das terras baixas.
O Chile é outro país da América Latina que faz parte da América do Sul. Sua capital
é a cidade de Santiago, o país tem uma extensão territorial de 756.102Km2. A população
chilena segundo o site do IBGE é de 19.116.209 habitantes e sua densidade demográfica é
de 25,71hab/km² e um Índice de Desenvolvimento Humano de 0,851. O relevo do Chile é
caracterizado por ser montanhoso e é famoso pela Cordilheira dos Andes. É um país com
paisagem e clima bastante diverso. No que se refere ao clima há regiões muito secas (norte
do país) e outras muito úmidas (sul do país), essa diversidade climática impacta na formação
da vegetação que é bastante heterogênea, com áreas secas apresentando vegetações
rasteiras e áreas úmidas com vegetações mais densas como florestas de araucárias.
37
Costa Rica é um país da América Central, capital São José e extensão territorial
de 51.100 km2. Sua população é de 5.094.114 habitantes e uma densidade demográfica
muito alta, de 99,77 hab/km² e um índice de desenvolvimento de 0,81. É um dos
principais países da América Central e também tem uma área geológica que ameaça
constantemente o país com terremotos. Tem uma diversidade de fauna, vegetação e
clima. Devido a sua localização entre dois grandes continentes, recebeu influência de
ambos na formação de seu território (PAÍSES, 2021).
Haiti é um país caribenho, sua capital é Porto Príncipe. Tem uma extensão
territorial de 27.750 km2. As línguas que predominam no país são o francês e o crioulo.
Sua população é estimada em 11.402.533 habitantes e uma densidade demográfica de
38
413,73 hab/km². O país possui um IDH muito baixo com 0.51, o que evidencia uma alta
desigualdade social (PAÍSES, 2021).
De acordo com a Britannica Escola (BOLÍVIA, 2021, s. p.), “Honduras tem uma
extensa costa setentrional (a norte) no mar do Caribe e outra, pequena e a sudoeste, no
oceano Pacífico. O país faz fronteira com Guatemala, El Salvador e Nicarágua. Quase todo
o território é montanhoso, mas no Nordeste há uma área pantanosa chamada costa do
Mosquito. O clima de Honduras é quente durante o ano inteiro”. Economicamente Honduras
se destaca pela indústria de alimentos e roupas e pela produção agrícola (BOLÍVIA, 2021).
O México abrange uma área de 1.958 201 km2 e uma população de 128,9 milhões
(IBGE, 2021). Essa população está distribuída em 31 estados e a capital do país se chama
cidade do México. A densidade demográfica do país é de 66,33 hab/km2. O país tem
como idioma oficial o espanhol e um Índice de Desenvolvimento Humano em 0,779
(PAÍSES, 2021). Observe a Figura 9 para conhecer os estados que constituem o México.
39
O país conta com uma diversidade econômica, é o maior produtor de prata
do mundo, tem grande produção petrolífera (o setor é de importância crucial para a
economia mexicana, pois a produção de petróleo representa um terço da receita do
governo) é rico em exploração mineral, devido suas riquezas naturais, tem grande
exportação agrícola (ECONOMIA DO MÉXICO, 2021).
No que se refere aos aspectos geográficos do México ele faz fronteira com
os Estados Unidos e é caracterizado por ser um território de platô, ou seja, uma área
elevada e plana. O país também é bastante suscetível aos abalos sísmicos e vulcões,
devido ao país estar localizado na confluência de diversas placas tectônicas: placa de
Rivera, Placa de Cocos, Placa do Caribe e Placa Norte Americana. Portanto, seu território
está localizado em uma área de instabilidade geológica (MELLO, 2021).
40
Paraguai, país localizado na América do Sul. Tem como línguas oficiais o Espanhol
e o Guarani. Sua capital é a cidade de Assunção e a extensão territorial do país é de
406.752Km2. A estimativa da população do Paraguai é de 7.132.530 habitantes. A densidade
demográfica é de 17,95 hab/km2 e o Índice de Desenvolvimento Humano está em 0,728,
o que apresenta boas condições de desenvolvimento humano, mas no quesito economia
ainda precisa melhorar, pois é considerado um país pobre (PAÍSES, 2021).
Quantas informações aprendemos até aqui! Aproveite para ler um pouco no GIO
NOTA, pois ele traz algumas informações complementares sobre nosso longo estudo
NOTA
Placas tectônicas são blocos que fazem parte da camada sólida externa do
planeta Terra, a crosta terrestre. Esses blocos são responsáveis por sustentar
os continentes e os oceanos. As placas possuem zonas de encontro. São
essas zonas as responsáveis pela formação dos terremotos, tsunamis e
vulcões. As principais placas são: Placa do Pacífico; Placa de Nazca; Placa
Sul-americana; Placa da América do Norte e do Caribe; Placa da África, Placa
da Antártida; Placa Indo-Australiana; Placa Euroasiática Ocidental; Placa
Euroasiática Oriental; Placa das Filipinas. Se quer saber mais sobre as placas
tectônicas, o estudo da Geologia é de fundamental importância.
41
3 ASPECTOS NATURAIS: CLIMA, RELEVO E VEGETAÇÃO
Os aspectos naturais já foram explorados anteriormente, aqui vamos nos
deter especificamente a identificar as características que definem os climas, o relevo
e a vegetação da América Latina e da América Anglo-Saxônica para que possamos
perceber as diferenças estabelecidas entre elas.
42
3.1 ASPECTOS POPULACIONAIS NA AMÉRICA LATINA
O estudo sobre a população está centrado na ciência da Demografia. Ciência que
estuda o comportamento da população, aumento, diminuição, envelhecimento, nascimento,
taxas de mortalidade, densidade demográfica, vários dados que permitem compreender
o perfil da população que habita algum território. No Brasil, por exemplo, temos dados
estatísticos sobre nossa população a partir do Censo Demográfico, que acontece de 10 em
10 anos, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Nos últimos dois anos (2020 - 2021), com o agravamento da crise sanitária que
se instalou no mundo, devido à pandemia da Covid-19, muitos países latino-americanos
enfrentaram dificuldades significativas diante da pandemia, pois os níveis de pobreza, a falta
de saneamento básico, famílias grandes em espaços pequenos, foram agravantes para tornar
mais problemática a situação de desigualdade existente nos países da América Latina.
43
O documento intitulado “La paradoja de la recuperación en América Latina y
el Caribe Crecimiento con persistentes problemas estructurales: desigualdad, pobreza,
poca inversión y baja productividad” desenvolvido pela CEPAL, evidencia que:
44
outros indicadores. O acesso desigual aos sistemas de saúde, a
discriminação institucional e a falta de perspectiva intercultural
nos serviços de saúde constituem uma barreira considerável para o
acesso em igualdade de condições das pessoas afrodescendentes e
dos povos indígenas ao sistema de saúde (CEPAL, 2020a, p. 10).
45
constituímos de histórias e grupos sociais diferentes, como os indígenas, os europeus,
os negros africanos. Podemos considerar que não há uma identidade única na cultura
da América Latina, mas um interculturalismo entre diversos povos.
Os indígenas, por exemplo, são bem distintos entre si nos países latino-americanos.
Apresentam diversidades culturais e linguísticas. Esse grupo cultural contribuiu muito
para a expansão da América Latina, por meio de ensinamento, da força de trabalho,
dos conhecimentos da natureza, das influências alimentares. Os indígenas continuam
contribuindo com a expansão latino-americana. Hoje constituem lutas pelo reconhecimento
de seu povo e a demarcação de suas terras, debate muito importante no Brasil.
46
No contexto atual da América Latina, nós temos necessidade de reconhecimento
dessas identidades, pois ainda há na região muito racismo e discriminação com o
negro e o indígena. Já avançamos muito na conquista de reconhecimento dos povos
indígenas e afrodescendentes, mas a luta é muito árdua, pois ainda há uma forte
valorização cultural do colonizador sobre nossos países, e evidenciado com o contexto
da globalização atual. A luta pela identidade cultural, é a construção da nossa identidade,
da nossa cultura e o respeito a diversidade presente no território da América Latina.
47
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Os países que constituem a América Latina são 20, dentre os quais estão: Argentina,
Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, El Salvador, Guatemala,
Haiti, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana,
Uruguai e Venezuela. Esses países estão organizados em grandes conjuntos regionais:
o México, América Central, Guianas, América Andina, América Platina e o Brasil.
• Na América Latina boa parte da população está em regiões urbanas e que nessas
áreas apresentam grandes desigualdades sociais.
• Temos cinco megalópoles, essas cidades são Buenos Aires, Cidade do México, Lima,
Rio de Janeiro e São Paulo.
48
AUTOATIVIDADE
1 Com base nos estudos do nosso Livro Didático, a América Latina é uma região diversa
culturalmente, que tem muitas coisas em comum, como: a história, a colonização,
a luta pela independência dos países. Devido a essas características em comum,
englobamos na regionalização o México, a América Central e a América do Sul na
classificação da América Latina. Sobre essa divisão histórica e socioeconômica,
assinale a alternativa CORRETA.
2 Sobre os tipos de clima que predominam na América Latina estão climas tropicais,
úmidos ou secos, tropical de altitude, clima equatorial. Cada um desses tipos
climáticos se distingue entre si e determinam as diferenças fitogeográficas e de
temperatura nos países da América Latina. Com base no que estudamos, analise as
sentenças a seguir:
I- O clima, de forma geral, é quente e úmido, com exceção do sul (subtropical, menos
úmido e mais frio).
II- As regiões próximas à linha do Equador registram variações do clima equatorial
(como o úmido e o superúmido).
III- Nas regiões centrais, o clima predominante da América Latina é frio polar,
caracterizando-se por baixas temperaturas e baixa densidade demográfica devido
às condições inóspitas de sobrevivência.
49
3 Os países que constituem a América Latina apresentam diversidades populacionais,
tanto em questões culturais, níveis de desenvolvimento econômico e integração
política. No que se refere à população, a região conta com um significativo crescimento
urbano, crescimento de favelas e aumento da pobreza no espaço urbano. Em relação
aos aspectos da população da América Latina, classifique V para as sentenças
verdadeiras e F para as falsas:
( ) Os países que apresentam as maiores expectativas de vida são: “Panamá, Chile e Costa
Rica, onde as mulheres vivem entre 81 e 82 anos e os homens entre 75 e 77 anos.
( ) No que se refere à habitação na América Latina, segundo a Confederação Nacional
dos Municípios no Brasil o maior crescimento de moradias em favelas está na
América Latina, principalmente nos Chile, México e Honduras.
( ) Nos últimos dois anos (2020- 2021), com o agravamento da crise sanitária que
se instalou no mundo, devido à pandemia da Covid-19, muitos países latino-
americanos tiveram seus níveis de pobreza diminuídos devido às políticas públicas
de seus governos diante do combate da Pandemia.
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
FONTE: BOLÍVAR, S Discurso pronunciado por el General Bolívar al Congreso General de Venezuela en el acto
de instalación. Angostura, 15 feb. 1819.
50
UNIDADE 1 TÓPICO 3 -
CARACTERÍSTICAS DOS PAÍSES
LATINO-AMERICANOS
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 3, abordaremos as características sociais e econômicas
dos países latino-americanos. Os países latino-americanos estão em processo de
desenvolvimento econômico, são países que apresentam baixa industrialização,
predomínio do setor primário: produções agrícolas, extrações minerais, tiveram uma
industrialização tardia em relação aos países economicamente mais desenvolvidos,
apresentam problemas sociais como pobreza, violência, altos níveis de corrupção,
violência contra povos indígenas e racismo são alguns problemas enfrentados.
51
2 ASPECTOS SOCIAIS E ECONÔMICOS DOS PAÍSES
LATINO-AMERICANOS
A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) desde janeiro
de 1991 apresenta um panorama social dos países da América Latina. Esse panorama
tem como objetivo mostrar o perfil social e econômico dos países. O último panorama
foi o de janeiro de 2020, que evidenciou os impactos da Covid-19 sobre os países latino-
americanos. A leitura dos vários panoramas disponibilizados no site da CEPAL, é um
bom material para situarmos as problemáticas da questão social e criarmos estratégias
para melhorar as condições de desenvolvimento dos países.
Com base nesses estudos da CEPAL, constatamos que nos últimos anos a
economia da América Latina passou por uma desaceleração “que afetou 17 dos 20 países
da América Latina” (CEPAL, 2019b, p. 9). Isso resulta de baixas taxas de crescimento,
fraco desempenho de investimentos e de exportações. Observe a fala do relatório de
“Estudo Econômico da América Latina e do Caribe – o novo contexto financeiro mundial:
efeitos e mecanismos de transmissão na região”, publicado em 2019.
52
um enfraquecimento sincronizado da economia mundial que derivou
num cenário internacional desfavorável para a região. As tensões
comerciais e os problemas geopolíticos redundaram em desaceleração
da dinâmica do crescimento mundial, maior volatilidade financeira e
piora das expectativas de crescimento futuro (CEPAL, 2019b, p. 7).
Vemos que a economia da América Latina sofre influências externas, ainda hoje
sua dependência está relacionada aos países de economias mais desenvolvidas, que
compram de nossos recursos para impulsionar a produção no mercado global.
2.1 INDUSTRIALIZAÇÃO
A industrialização da América Latina ocorreu de forma tardia, pois seus recursos
minerais estiveram durante muito tempo a serviço do crescimento e da modernização
dos países colonizadores. Portanto, essa condição tardia está relacionada ao processo de
colonização, e foi a partir da Segunda Guerra Mundial que o processo de industrialização
da América Latina se intensificou. Em função desse período histórico a região perdeu
acesso a muitos produtos que importava, pois a produção dos países europeus estava
voltada para abastecer os países em guerra.
A América Latina nesse período tinha uma relação muito forte com os países
industrializados, pois ela era exportadora de matéria-prima para esses países e importava
destes produtos industrializados, essa relação de dependência, durante muito tempo
fez com que a América Latina não impulsionasse seu setor industrial.
53
na área agrícola [...], c) uma concentração de renda desproporcional” (UNGER, 1977, p.
64). Essas características são fundamentais para compreender o processo histórico de
desenvolvimento industrial da América Latina.
54
Os países mais industrializados são o Brasil, a Argentina e o México. Nos setores
das agroindústrias estão os mesmos países citados mais o Uruguai. A industrialização
está em constante expansão na América Latina e isso contribui para o crescimento
econômico, o aumento produtivo, o estabelecimento de relações comerciais entre os
países e o fortalecimento de nossas economias.
2.1.1 Agricultura
A América Latina tem na sua história uma base de formação agrícola e até os
dias atuais a agricultura é a principal atividade econômica dos países latino-americanos.
A estrutura fundiária da América Latina apresenta alta concentração de terras e
produção extensiva, sendo cada vez mais valorizada a produção de commodities para a
exportação, como a soja, o café, o milho, a cana-de-açúcar. Por outro lado, as pequenas
propriedades são responsáveis pela alimentação da população, pois são grandes
produtores de produtos como: inhame, batata, feijão, hortaliças, por exemplo.
55
Outro setor da agricultura que têm destaque para os países da América Latina é
a criação de animais em larga escala, como a criação do gado e frango. Brasil, Argentina
e México são os maiores responsáveis por esse setor.
56
apenas na condição de dependência dos países desenvolvidos, as relações ampliam-
se juntamente com outras nações periféricas definindo-se, neste sentido, uma relação
Sul-Sul e mudando o perfil da relações entre países do Norte e países do Sul.
Para o autor quando usamos os termos “centro e periferia” [...] não estamos
usando para identificar apenas países desenvolvidos e subdesenvolvidos, mas estamos
explicando processos mais complexos, pois para ele os países se “convertem em
centrais, porque dominam os processos de exploração [...] e as regiões periféricas são
definidas por sua condição de exploradas pelo centro e subordinadas a seus processos
centralizadores e concentradores de recursos” (PRECIADO, 2018, p. 255).
Por exemplo, temos o Mercado Comum do Sul, como um bloco econômico que fortalece
as relações econômicas do Brasil, da Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela (veremos mais
sobre o MERCOSUL no item 3.1.1 deste tópico), assim como outros blocos e acordos econômicos
que estabelecem entre os países a criação de livres comércios, por exemplo.
57
se encaixar em algumas cadeias que [...] contemplem [...] uma
economia moderna, infraestrutura básica, políticas industriais,
universidades bem aparelhadas, garantias sociais mínimas e a
formação de profissionais altamente qualificados, sem os quais não
se pode pensar em patamares mais elevados de desenvolvimento. É
uma agenda ainda em construção (PIRES, 2012, p. 137).
Essa América Latina caracterizada pela pobreza, pela condição periférica e pelas
desigualdades sociais é também o resultado das relações de dependência existente até
os dias atuais com os países mais desenvolvidos.
Para a CEPAL a “maioria dos países” tem passado por um aumento da pobreza
de em torno de 209 milhões de pessoas, desse total 78 milhões estariam em situação de
pobreza. Com isso, percebe-se um aumento em relação ao ano de 2019 (veja o Gráfico 1).
58
GRÁFICO 1 – AMÉRICA LATINA (18 PAÍSES): PESSOAS EM SITUAÇÃO DE POBREZA E POBREZA EXTRE-
MA, 1990-2020
Esse gráfico sobre a pobreza e a pobreza extrema na América Latina nos permite
perceber que a necessidade de investimento nos setores sociais sobre os países
latino-americanos torna-se cada vez mais essencial para alcançarmos a condição de
igualdade, criando possibilidades de melhoria de vida para a maior parte da população,
para que estes possam ter acesso à saúde, educação, emprego e renda.
59
3 PANORAMA DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO NA
AMÉRICA LATINA
As condições de trabalho mudam muito ao longo da história. Inicialmente, na
América Latina, as condições de trabalho estavam relacionadas com a escravização.
Com a independência dos países e o fortalecimento do capital a partir do avanço da
industrialização mudam-se essas relações para o trabalho assalariado. Todavia, nos dias
atuais essa relação ainda permanece viva, mas muitas coisas perpassam as condições
de trabalho no mundo e na América Latina.
Segundo Araújo (2019, s. p.), em texto publicado para o site Justificando em 2019,
as palavras como “flexibilização, terceirização, informalidade, tornam-se cada vez mais
frequentes no mundo do trabalho contemporâneo”. De forma geral, não só na América Latina,
isso é reflexo da globalização. A metamorfose do trabalho hoje pode ser caracterizada pela
ideia de “autonomia e empreendedorismo”, como por exemplo o Uber, Araújo (2019) destaca.
60
Essas desigualdades estão presentes entre homens e mulheres, jovens e negros.
O trabalho está relacionado à dignidade humana, à condição de se manter dentro das
relações de consumo: alimentação, moradia, vestimenta, transporte, saúde e lazer.
Portanto, o trabalho é fundamental para a manutenção de nossa vida. A desigualdade
que se alastra sobre o mercado de trabalho na América Latina está ligada também às
condições educacionais e à falta de políticas estatais para a qualificação da forma de
trabalho. A precarização é um projeto do próprio capital parta se manter forte dentro da
manutenção e do controle das relações trabalhistas.
Por fim, para a OIT (REGIÃO [...], 2021) a persistência da pobreza é uma das
manifestações mais visíveis das dificuldades que a região experimenta para manter
um caminho de crescimento sustentado e inclusão social. Há um desafio crescente na
região, é preciso melhorar as condições de trabalho, cada vez mais urgente na América
Latina, pois a pandemia nos mostrou a necessidade de ampliarmos as condições de
desenvolvimento da região, uma vez que cada vez mais se agrava com as problemáticas
existentes no capitalismo mundial. Tornam-se necessárias medidas de recuperação dos
postos de trabalho, garantia de direitos e segurança laboral.
DICA
Para compreender o debate sobre a questão do trabalho no contexto atual da
globalização e o avanço da precarização trabalhista, recomendamos a leitura
do livro de Ricardo Antunes: O privilégio da servidão: o novo proletariado de
serviço na era digital. São Paulo: Boitempo Editorial, 2018.
61
3.1 OS DESAFIOS DA FORÇA DE TRABALHO NA AMÉRICA
LATINA
A categoria trabalho está relacionada ao homem e a natureza, em suas relações
de produção para sua subsistência e para a manutenção do capital. Para Marx o trabalho
é uma condição meramente humana (MARX, 2017). É o trabalho que torna a matéria-
prima em mercadoria, assim tornando-se valor de uso. Mas, “a forma de trabalho em si
não revela como este é constituído, quais as condições que é desenvolvido” (SANTOS;
MELCHIORETO, 2021, p. 5).
Para Ricardo Antunes (2021, s. p.), em seu texto na Enciclopédia Latino Americana
“o continente latino-americano nasceu sob a égide do trabalho”. Antes da colonização
nosso trabalho era coletivo e para a subsistência, com a colonização nossas condições
de trabalho passaram por profundas transformações que caracterizava a “expansão
comercial e a acumulação primitiva” do capital (ANTUNES, 2021, s.p.).
62
Esse quadro atual revela desafios para todos e é preciso que o Estado possa
garantir condições mínimas de renda para os trabalhadores, ou buscar estratégias de
garantir condições de trabalho pós a crise, aumentar os investimentos e benefícios para
pequenas e grandes empresas se recuperarem e possibilitar o aumento da oferta de
trabalho na região, pois vários setores produtivos foram atingidos.
DICAS
A Enciclopédia Latino-americana foi publicada em 2007 e sua versão ele-
trônica está disponível em: http://latinoamericana.wiki.br/. Ela é constan-
temente atualizada e nos ajuda a entender temas como: arquitetura; artes
plásticas; cinema; ciência e tecnologia; dança; ditaduras; diversidade cultu-
ral; diversidade sexual; diversidade étnica; economia; educação; educação
e universidade; energia; esporte; esquerda; estado; gastronomia e culiná-
ria; geopolítica; geopolítica e relações internacionais; igrejas e religiões; li-
deranças de movimentos e partidos; literatura; meio ambiente; migrações;
movimentos sociais e partidos; mídia; música; neoliberalismo; país; pensa-
mento social; questão agrária; questão ambiental; questão social; relações
internacionais; teatro; trabalho etc. Todos os temas em questão englobam
o contexto na América Latina. Vale a pena conhecer a enciclopédia.
63
FIGURA 10 – PRINCIPAIS BLOCOS ECONÔMICOS DO MUNDO
Essa aliança foi proposta pelo ex-presidente da Venezuela Hugo Chávez, na III
Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da Associação de Estados do Caribe, realiza-
da em 2001, na Ilha da Margarida na Venezuela. De acordo com a Declaração Conjunta
entre o Presidente da República Bolivariana de Venezuela (Hugo Chávez Frías) e o Presi-
dente do Conselho da República de Cuba (Fidel Castro Ruz) para a criação da ALBA (de-
claração na íntegra no tópico da Leitura Complementar), eles consideram que a Aliança
deve ser “guiada pela solidariedade mais ampla entre os povos da América Latina e do
Caribe, que se baseia no pensamento de Bolívar, Martí Sucre, O’Higgins, San Martín, Hi-
falgo, Petion, Morazán, Sandino e tantos outros heróis, sem nacionalismos egoístas ou
políticas restritivas, que neguem o objetivo de construir uma Grande Pátria na América
Latina, como sonhavam os heróis de nossas lutas emancipatórias”. Essa aliança ocorre
contra os pressupostos da ALCA. Para os representantes da aliança a ALCA não cola-
bora para a independência da América Latina e fortalece a condição de dependência
desta região aos países economicamente mais desenvolvidos, ou os países do centro.
Atualmente a ALBA é formada pela Venezuela, Cuba, Bolívia, Nicarágua e Dominicana.
A ALCA foi criada em 1994 na Primeira Cúpula das Américas, mas mesmo com
as posições favoráveis de alguns países, ela nunca foi efetivada. “A iniciativa partiu
basicamente do Presidente Bill Clinton, retomando a ideia lançada por George Bush,
64
quando de sua visita à América Latina em 1992” (DRUMMOND, 2006, p. 1-2). Ela deveria
ser o maior bloco econômico da América Latina, mas muitos países ainda receiam
a efetividade do bloco, pois para estes, como é o caso do Brasil, da Venezuela e da
Bolívia por exemplo, a ALCA sendo institucionalizada favoreceria apenas ao Estados
Unidos devido as suas condições de desenvolvimento ser melhor que as dos países do
continente americano. A ALCA tinha como proposta diminuir as barreiras alfandegárias
e tarifárias, entre os países, facilitando desta forma o comércio na região.
A CAN foi constituída pela Bolívia, Colômbia, Equador e Peru, Chile, Venezuela
em 26 de maio de 1969 pelo Acordo de Cartagena. Seu objetivo inicial era restringir a
entrada do capital estrangeiro. Hoje seus objetivos estão direcionados para alcançar
o desenvolvimento equilibrado e autônomo por meio da integração entre os países
membros. Esses países membros nos dias atuais são: Bolívia, Colômbia, Equador e Peru.
Observe os Quadros 2 e 3 elaborados por Sergio Goldbaum e Victor Nóbrega Luccas, da
Fundação Getúlio Vargas, que publicaram, em 2001, um artigo na Escola de Economia
da instituição sobre a Comunidade Andina. Nesses quadros podemos observar alguns
acontecimentos importantes da Comunidade, tais como: seu surgimento, acordos e
protocolos entre 1969 e 2010, suas crises e a saída da Venezuela.
65
QUADRO 3 – CRONOLOGIA DAS CRISES DA CAN E DA SAÍDA DA VENEZUELA
É o bloco mais importante da América Latina. Ele foi fundado em 1991, surgiu
como um instrumento de cooperação do desenvolvimento para a América do Sul. O
Brasil é um dos países mais importantes do bloco, seguido da Argentina, do Paraguai e
do Uruguai. Esses foram os países signatários do Tratado de Assunção, que estabeleceu
a criação do bloco. A Venezuela chegou a integrar o bloco em 2012, mas foi suspensa
em 2016, devido a uma ruptura de ordem democrática do país. Os outros países sul-
americanos participam na qualidade de estados associados. O objetivo do bloco é
formar um mercado comum que vise à livre circulação interna de bens e serviços, assim
como uma política comum entre os países no sentido econômico.
ESTUDOS FUTUROS
Na Unidade 2 do nosso Livro Didático, nós vamos estudar com mais apro-
fundamento este bloco devido a sua importância para a economia da
América Latina e principalmente da América do Sul. Pois 69,2% do Produto
Interno Bruto da América do Sul provém dos países membros do bloco.
66
Chegamos ao final da Unidade 1, esperamos que você tenha aprendido
muito, mas ainda não acabamos de fato. Como possibilidade de desenvolver novos
conhecimento sugerimos que você possa ler a declaração conjunta dos representantes
políticos da Venezuela e de Cuba na criação da ALBA. É um texto muito importante para
compreendermos relações políticas, diferentes posicionamentos políticos e os caminhos
e proposições para integrações econômicas. E após essa leitura faça a autoatividade
para fixar os conteúdos que você aprendeu até aqui.
Bom estudo!
67
LEITURA
COMPLEMENTAR
DECLARAÇÃO CONJUNTA VENEZUELA – CUBA
Durante a visita oficial do Presidente Hugo Chávez Frías a Cuba no décimo aniversário
de seu primeiro encontro com o povo cubano, houve um amplo e profundo intercâmbio entre
o Presidente da República Bolivariana da Venezuela e o Presidente do Conselho de Estado da
Venezuela. República de Cuba, acompanhados de suas respectivas delegações. Ambos os
Chefes de Estado concordaram em subscrever os seguintes pontos de vista:
Deixamos claro que embora a integração seja, para os países da América Latina
e do Caribe, condição essencial para aspirar ao desenvolvimento em meio à crescente
formação de grandes blocos regionais que ocupam posições predominantes na economia
68
mundial, somente a integração baseada na cooperação, na solidariedade e na vontade
comum de fazer avançar todo o consumo para níveis mais elevados de desenvolvimento,
pode satisfazer as necessidades e desejos dos países latino-americanos e caribenhos e,
ao mesmo tempo, preservar sua independência, soberania e identidade.
69
3. Complementaridade econômica e cooperação entre os países participantes e a não
competição entre países e produções, de forma a promover uma especialização
produtiva eficiente e competitiva compatível com o desenvolvimento econômico
equilibrado de cada país, com estratégias de combate à pobreza e com a preservação
da a identidade cultural dos povos.
4. Cooperação e solidariedade que se expressam em planos especiais para os
países menos desenvolvidos da região, incluindo um Plano Continental contra o
Analfabetismo, utilizando tecnologias modernas já testadas na Venezuela; um plano
latino-americano de tratamento de saúde gratuito para os cidadãos que carecem
desses serviços e um plano regional de bolsas de estudo nas áreas de maior
interesse para o desenvolvimento econômico e social.
5. Criação do Fundo de Emergência Social, proposto pelo Presidente Hugo Chávez na
Cúpula dos Países da América do Sul, realizada recentemente em Ayacucho.
6. Desenvolvimento integrativo de comunicações e transporte entre os países da
América Latina e do Caribe, incluindo planos conjuntos para rodovias, ferrovias,
linhas marítimas e aéreas, telecomunicações e outros.
7. Ações para promover a sustentabilidade do desenvolvimento por meio de
regulamentações que protejam o meio ambiente, estimulem o uso racional dos
recursos e evitem a proliferação de padrões de consumo esbanjadores e alheios à
realidade de nossos povos.
8. Integração energética entre os países da região, que garante o abastecimento estável
de produtos energéticos em benefício das sociedades latino-americanas e caribenhas,
promovida pela República Bolivariana da Venezuela com a criação da Petroamérica.
9. Promoção do investimento de capitais latino-americanos na própria América
Latina e Caribe, com o objetivo de reduzir a dependência dos países da região de
investidores estrangeiros. Para tanto, seriam criados um Fundo Latino-americano
de Investimentos, um Banco de Desenvolvimento do Sul e a Sociedade Latino-
americana de Garantias Recíprocas, entre outros.
10. Defesa da cultura latino-americana e caribenha e da identidade dos povos da região,
com particular respeito e promoção das culturas autóctones e indígenas. Criação da
Televisora del Sur (TELESUR) como um instrumento alternativo a serviço da difusão
de nossas realidades.
11. As medidas de normas de propriedade intelectual, ao mesmo tempo que protegem
o patrimônio dos países latino-americanos e caribenhos contra a voracidade das
empresas transnacionais, não freiam a necessária cooperação em todas as áreas
entre nossos países.
12. Concertación de posiciones en la esfera multilateral y en los procesos de
negociación de todo tipo con países y bloques de otras regiones, incluida la lucha
por la democratización y la transparencia en los organismos internacionales,
particularmente en las Naciones Unidas y sus órganos.
70
expressamos nossa convicção de que que agora, finalmente, com a consolidação da
Revolução Bolivariana e o incontestável fracasso das políticas neoliberais impostas
a nossos países, os povos latino-americanos e caribenhos estão a caminho de sua
segunda e verdadeira independência. O surgimento da Alternativa Bolivariana para as
Américas proposta pelo Presidente Hugo Chávez Frías no seu melhor.
71
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A agricultura é muito importante para a América Latina, pois temos países que são
grandes produtores econômicos de commodities e essas produção são importantes
para o mercado externo.
• A América Latina tem alguns blocos econômicos que facilitam as relações comerciais
entre os países membros, como a ALBA, a CAN e o Mercosul.
72
AUTOATIVIDADE
1 Com base nos estudos sobre os blocos econômicos que constituem acordos
comerciais da América Latina, podemos considerar que um bloco econômico pode
ser caracterizado por seus diferentes níveis de integração e podem ser conhecidos
como: assinale a alternativa CORRETA:
73
( ) Com a globalização e a modernização dos postos de trabalho, houve impactos
significativos na América Latina, tais como: aumento do desemprego, perda de
direitos e garantias dos trabalhadores, precarização do trabalho e aumento do
trabalho informal.
( ) A América Latina é caracterizada pela pobreza, pela condição periférica e pelas
desigualdades sociais. Mas países como o Brasil, Venezuela, Argentina e Chile
fogem dessas caracterizações por serem grandes exportadores e produtores na
economia mundial.
( ) Para a CEPAL, a maioria dos países da América Latina vão na contramão do
desenvolvimento, pois a pobreza tem aumentado nos últimos anos, principalmente
com a crise sanitária vivida pela Covid-19 no mundo.
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
74
REFERÊNCIAS
ADAS, M. Expedições geográficas: 8º ano. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2018. (Manual
do professor). Disponível em: https://bit.ly/3tPhEun. Acesso em: 24 ago. 2021.
AMÉRICA DO NORTE. Geo Jackson, [s. l.], c2021. Disponível em: https://bit.ly/3MIX735.
Acesso em: 24 ago. 2021
BRAICK, P. R.; MOTA, M. B. História: das cavernas ao terceiro milênio. 4. ed., São Paulo,
Moderna, 2016.
BRASIL, Ministério das Relações Exteriores. MERCOSUL. Brasília, DF: MRE, c2021.
Disponível em: https://bit.ly/3vS9unD. Acesso em: 28 de ago. 2021.
75
CALEFFI, P. O que é ser índio hoje? A questão indígena na América Latina. Brasil no início
do século XXI. Diálogos latinoamericanos, Aarhus, DN, n. 7, p. 20-42, 2003. Disponível
em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=16200702. Acesso em: 26 ago. 2021.
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EMBRAPA SOJA. Soja em números. Embrapa, Brasília, DF, c2021. Disponível em: https://
www.embrapa.br/soja/cultivos/soja1/dados-economicos. Acesso em: 27 ago. 2021.
FREITAS, E. de. As diferenças entre América Latina e Anglo-saxônica. Brasil Escola, [s.
l.], c2021. Disponível em: https://bit.ly/3wcz1rZ. Acesso em: 24 ago. 2021.
GARDI, C., A, M., et al. Atlas de solos de América Latina e do Caribe, 2015. Comissão
Europeia. Luxembourg. Disponível em: https://bit.ly/3KCGOTP. Acesso em: 24 ago. 2021.
HEGAX. Geografia: um contexto geral sobre a América Latina. Disponível em: https://
bit.ly/367xubs. Acesso em: 21 out. 2021.
HISTÓRICO DA BNCC. Base Nacional Comum Curricular. Histórico, Brasília, DF, c2021.
Disponível: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/historico. Acesso em: 24 ago. 2021.
77
LIMA, C. I. S. NOGUEIRA, G. P. A formação do Estado-Nacional Argentino e a construção da
identidade nacional. Revista Ameríndia – História, cultura e outros combates, Fortaleza,
v. 1, n. 1, p. 1-11, 2006. Disponível em: https://bit.ly/3tMBDtz. Acesso em: 23 ago. 2021.
MARX, K. A chamada acumulação primitiva. In: O capital. Lv. I, vol. 2, São Paulo:
Civilização Brasileira, 2007.
MÉXICO. Dados úteis. Embaixada do Brasil no México, México, DF, c2021. Disponível
em: https://bit.ly/3tF7In6. Acesso em: 25 ago. 2021.
PENA, R. F. A. Estreito de Bering. Brasil Escola. [s.l.], c2021. Disponível em: https://
brasilescola.uol.com.br/geografia/estreito-bering.htm . Acesso em: 17 ago. 2021.
PINSKY, J. et al. História da América através dos textos. São Paulo: Contexto, 1989.
p. 29-30.
78
PRECIADO, J. América Latina no sistema-mundo: questionamentos e alianças centro-
periferia. Caderno CRH, Salvador, v. 21, n. 53, p. 251-265, ago. 2008. Disponível em:
https://doi.org/10.1590/S0103-49792008000200005. Acesso em: 28 ago. 2021.
OIT, Séria Panorama Laboral 2021, Brasília, DF, 8 abr. 2021. Disponível em: https://www.
ilo.org/brasilia/noticias/WCMS_779120/lang--pt/index.htm. Acesso em: 29 ago. 2021.
SOCIOLOGIAS, Porto Alegre, v. 20, n. 49, p. 24-68, set./dez. 2018. Disponível em: https://
doi.org/10.1590/15174522-02004902. Acesso em: 19 ago. 2021. pp. 24-68.
79
80
UNIDADE 2 —
RELAÇÕES INTERNACIONAIS
NA AMÉRICA LATINA: TEORIAS
ECONÔMICAS, MIGRAÇÕES
E A ECONOMIA DOS PAÍSES
LATINO-AMERICANOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
81
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 2!
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82
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
TEORIAS ECONÔMICAS NA AMÉRICA LATINA
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 1, abordaremos as principais teorias econômicas
elaboradas pela Comissão Econômica para a América Latina (Cepal). A Comissão
Econômica para a América Latina foi criada em 1948 pela Organização das Nações
Unidas (ONU) para a busca de soluções entorno dos problemas econômicos vivenciados
pelos países latino-americanos. Lembre-se de que você conheceu um pouco da Cepal
na Unidade 1. Aqui vamos nos deter a conhecer a estrutura da Cepal e a construção do
seu pensamento para analisar a economia dos países da América Latina.
O estudo das teorias econômicas nos ajuda a compreender um período histórico im-
portante para a economia da América Latina (1950-1960), um período pós-guerra que possi-
bilitou a análise dos países em dois mundos: os dos desenvolvidos e os dos subdesenvolvidos.
Neste contexto histórico, as teorias Cepalinas são desenvolvidas para analisar as raízes do
subdesenvolvimento, a tardia industrialização e a condição dos países periféricos.
DICA
No YouTube, há um curso promovido pelo Espaço de estudo e análise da
América Latina (IELA) disponível gratuitamente. O nome do curso é: O que ler
para entender a América Latina? Acesse: https://bit.ly/3LHs7QA.
83
2 COMISSÃO ECONÔMICA PARA A AMÉRICA LATINA E O
CARIBE (CEPAL): O PENSAMENTO CEPALINO
A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) foi criada em
1948. A Cepal é uma comissão regional das Nações Unidas, tem sede no Chile. Sua
fundação teve como objetivo contribuir para o desenvolvimento econômico da América
Latina. Desde a sua fundação, a Comissão promove e reforça as relações econômicas
entre os países da América Latina e do mundo. A Cepal tem ampliado seus estudos para
além de fatores econômicos, cada vez mais estuda questões sociais, desenvolvimento
sustentável, assentamentos humanos, assuntos de gênero, população e recursos
naturais. Nos aspectos econômicos seus estudos estão relacionados ao comércio
internacional, ao desenvolvimento produtivo, econômico e empresarial (CEPAL, 2021).
De acordo com Almeida Filho e Corrêa (2011, p. 93), “a Cepal foi, durante os anos
1950, e até os anos 1970, uma Escola do Pensamento”, ou seja, esteve voltada para interpretar
o desenvolvimento econômico da América Latina. Para os autores a Cepal confrontou
pensamento da visão dominante sobre o desenvolvimento e buscou nortear uma análise
sobre as condições de desenvolvimento econômico pós Segunda Guerra Mundial.
Para contradizer essa lógica dominante a Cepal tinha outra vertente de análise.
Para a Comissão os países subdesenvolvidos não atingiriam as mesmas condições de
desenvolvimento dos países ricos, pois, o subdesenvolvimento foi impulsionado pela
própria dominação dos países desenvolvidos que por meio da exploração colonial
colocaram os países da América Latina na condição de periferia no sistema econômico
mundial, e essa condição é essencial para a manutenção do aumento do capital e do
poder dos países desenvolvidos sobre outras economias.
De acordo com Santos e Oliveira 2008, p. 5), “as ideias formuladas pelos cepalinos
buscaram identificar os problemas resultantes da tardia industrialização [...] e tiveram contribuição
inquestionável para o surgimento de uma teoria do subdesenvolvimento econômico”.
84
para que os países da periferia pudessem pensar a partir de sua realidade com a sua
própria interpretação, destituindo, desta forma, a leitura de sua realidade a partir da
análise dos países dominantes.
Uma segunda fase para a comissão é entre as décadas de 1950 e 1970. Nesse
período, “os focos de análise foram os problemas que obstruíram o desenvolvimento
econômico dos países periféricos” (SANTOS; OLIVEIRA, 2008, p. 6). Nesse período
surgiram duas teses a respeito da inflação e da heterogeneidade estrutural.
Um terceiro período que marca as fases da Cepal foi a década de 1990, com
o avanço das tecnologias. Esta nova fase “apresenta a conquista da estabilização
monetária as custas de rigorosas políticas de contenção fiscal por alguns países latino-
americanos [...] e reformas econômicas” (SANTOS; OLIVEIRA, 2008, p. 6).
Celso Furtado, por sua vez, teve uma abordagem mais ampla, ele aprofundou
o debate do subdesenvolvimento. Ou seja, os países periféricos, ou subdesenvolvidos
tinham essas condições em função dos processos históricos, como a exploração
europeia. Neste sentido, Furtado discorda que os países centrais passaram pelo
estágio de subdesenvolvimento para chegar às condições atuais de desenvolvimento.
Por fim, Falleto e Cardoso desenvolveram a teoria da dependência que evidenciava a
subordinação dos países da periferia em relação aos países centrais.
DICA
Para aprofundar seus estudos sobre as teorias da Cepal, você pode ler os seguintes livros:
• CARDOSO, F. H.; FALETTO, E. Dependência e desenvolvimento na América Latina:
ensaio de interpretação sociológica. 6. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.
• BIELSCHOWSKY, R. Cinquenta anos de pensamento na Cepal. Rio de Janeiro:
Record; Cofecon; Cepal, 2000. v. 1.
• CANO, W. América Latina: do desenvolvimentismo ao neoliberalismo. In: FIORI,
J. L. (Org.). Estados e moedas no desenvolvimento das nações. Petrópolis:
Vozes, 1999. p. 287-326. (Coleção Zero à Esquerda).
• CARDOSO, F. H. Originalidade da cópia: a Cepal e a ideia de desenvolvimento.
In: As ideias e seu lugar: ensaios sobre as teorias do desenvolvimento. 2. ed.
Petrópolis: Vozes, 1995. p. 27-80.
85
2.1 A TEORIA DO DESENVOLVIMENTO
A definição do desenvolvimento no contexto da sociedade capitalista está
estritamente vinculada aos aspectos econômicos, ou seja, ao crescimento da
industrialização, da circulação, do lucro, do Produto Interno Bruto dos países, ou seja,
todos os indicadores econômicos norteiam a definição de desenvolvimento. Esse
pensamento sobre o desenvolvimento econômico, atrelado às ideias dos países centrais,
evidenciou a necessidade de os países periféricos pensarem outra possibilidade de
desenvolvimento, ou outra análise sobre a realidade dos países latino-americanos.
86
politicamente forte, integrada, econômica e socialmente desenvolvida e igualitária,
e internacionalmente aberta e dinâmica. Para Couto (2007, p. 47), o pensamento de
Prebisch pode ser analisado por cinco fases, a saber:
De acordo com Lins e Marin (2014, p. 11), “a teoria de Furtado também chama
atenção para a necessidade de reconhecimento da importância do trabalho simples
[...] por meio da inclusão de alternativas que ocasionassem alterações nas questões da
produtividade e [...] na distribuição de renda” (LINS; MARIN, 2014, p. 11.).
87
Esse debate anterior nos faz concluir que a Teoria do Desenvolvimento teve um
papel importantíssimo para a Cepal, pois é a partir desta teoria que o objetivo de “fundar
uma base institucional que criasse condições de desenvolvimento para os países”
(DUARTE; GRACIOLI, 2007, p. 1) da América Latina e Caribe se constitui na Cepal.
Os países centrais são os países que controlam a economia mundial, tais como,
Estados Unidos, Japão e países da Europa, por outro lado, os países de economia
periférica são os que sofreram com o processo de colonização e esses são os países da
América Latina, África e alguns da Ásia. Para Theotônio dos Santos (2021, p. 255).
88
para o setor industrial. Sua expansão provocou a integração da economia mundial,
principalmente, nos países de antiga colonização. De acordo com Santos (2020, p. 17),
essa expansão econômica dos Estados Unidos
Santos (2020), com base em André Gunder Frank (1991), destaca que os principais
autores da teoria da dependência são, Fernando Henrique Cardoso, Enzo Faletto (que
de acordo com o autor também estão ligados à Escola Estruturalista) e “os demais
pensadores são: Baran, Frank, Marini, Dos Santos, Bambirra, Quijano, Hinkelammert,
Braun, Emmanuel, Amin e Warren” (SANTOS, 2020, p. 20).
89
DICA
Existem vários livros sobre o debate da Cepal na América Latina. Indicamos
dois que merecem nossa atenção.
• KATZ, C. A teoria da dependência cinquenta anos depois. Tradução
Maria Almeida. São Paulo: Ed. Expressão Popular, 2020.
• SANTOS, T. dos. A teoria da dependência: balanços e perspectivas.
Florianópolis: Editora Insular, 2020.
90
Por outro lado, os países periféricos têm adquirido papel importante em relação às
economias centrais, pois “as novas formas que o capitalismo está assumindo nos países
periféricos, faz com que estes não sejam independentes da evolução global do sistema”
(FURTADO, 1974, p. 58). Pelo contrário, a periferia oferece aos países centrais recursos
naturais, mão de obra barata e espaços para expandir as empresas dos países centrais.
Contudo, são os países do centro que dominam essas relações e neste sentido, os
países da periferia econômica, caracterizados em nosso estudo pelos países da América Latina,
estão atrasados, subordinados e nesse sentido, podemos afirmar que, o crescimento dos
países mais ricos, ou os centrais determinam as condições de pobreza dos países da periferia
econômica, no contexto dos países da América Latina. De acordo com Medeiros (2006, p. 45),
Nessa relação, nós podemos afirmar que a ideia de desenvolvimento tão difundida
pelos países do centro é um mito, pois, nessa lógica de dependência, os países da periferia
não conseguem avançar economicamente para alcançar os padrões de desenvolvimento
das economias centrais, pelo contrário, aumentam-se a desigualdade, a concentração de
renda, a precarização do trabalho nesses países de economias periféricas.
Você deve se perguntar, quais são os países do centro e quais são os países
da periferia? Há países da periferia além dos da América Latina? Os países do centro
são: Estados Unidos, Japão e os países do oeste europeu. Os países periféricos
são divididos em duas categorias: semiperiféricos e periféricos, o que evidencia a
necessidade de caracterizá-los. Os países semiperiféricos são países que estão na fase
de desenvolvimento, são eles: Brasil, Rússia, índia, China, África do Sul, Chile, Turquia e
México. E os periféricos são aqueles que estão à margem da economia mundial, pois,
tendem a apresentar baixos índices de desenvolvimento social e econômico quando
comparados aos outros países. Os países estão na África, na América Latina e na Ásia.
91
2.3 RELAÇÕES ENTRE AMÉRICA LATINA E ESTADOS UNIDOS
As relações econômicas entre os países da América Latina e dos Estados
Unidos são consideradas turbulentas, segundo Tulchin (2016, s. p.), essa relação “é
marcada predominantemente por períodos de mal-estar, às vezes intensos, e frequente
menosprezo do Norte ao Sul e ressentimento no sentido inverso”.
Para Tulchin “desde o surgimento como nações, tanto os Estados Unidos quanto
os países latino-americanos, tiveram diferenças marcantes de visão sobre seu lugar
na política internacional e sobre a função que sua política externa teria na luta pela
estabilidade nacional” (TULCHIN, 2016, s. p.).
Outro período que merece destaque nessas relações entre os E.U.A e a América
Latina é o período da Guerra Fria, que foi marcado por relações conflituosas entre os
países em questão, mas é a partir do século XIX, “depois da Guerra Hispano-Americana
de 1898, quando os EUA anexaram Porto Rico e estabeleceram um protetorado em
Cuba”, que as relações se tornaram turbulentas. Os Estados Unidos fizeram intervenção
militar e política nos países latino-americanos, o que evidencia a histórica hegemonia
dos E.U.A. sobre os países latino-americanos (TULCHIN, 2016, s. p.).
92
entre os países latino-americanos. Mas, com o fim da Segunda Guerra Mundial (1945)
e o início da Guerra Fria, os países da América Latina sentiram na pele o avanço do
intervencionismo dos Estados Unidos.
O período da Guerra Fria foi caracterizado por uma abordagem cada vez mais
maniqueísta por parte dos Estados Unidos na tentativa de proteger sua segurança
no hemisfério. O país passou a dominar e expandir seu modelo de desenvolvimento
capitalista e contra a ofensiva comunista da União das Repúblicas Socialistas Soviética
(URSS). Neste sentido, os países latino-americanos iam se relacionando cada vez mais
com a lógica econômica dos EUA, e eles “passaram a criar suas próprias organizações
regionais” (TULCHIN, 2016, s. p.), isso já evidenciava as estratégias dos países
estabelecerem cooperação para lidar com as relações do mercado internacional.
Essa hegemonia dos Estados Unidos sobre os países da América Latina, mudou muito
atualmente, pois, muitos desses países mantêm fortes relações com economias asiáticas,
tirando, desta forma, a hegemonia das relações econômicas com os Estados Unidos.
93
As relações estabelecidas entre os países europeus tinham como objetivo
facilitar os fluxos econômicos entre os países membros, isso consequentemente,
respaldou sobre questões políticas e sociais. Na América Latina, a criação de blocos
como o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL), o Mercado Comum Centro Americano
(MCCA), o Pacto Andino e a Associação Latino-Americana de Desenvolvimento e
Integração (ALADI) fizeram que os países europeus apoiassem a integração entre os
países latino-americanos (PINTO, 2006).
O apoio dos países europeus aos países latino-americanos para Sá Pinto (2006,
p. 14), ocorre em virtude das “afinidades históricas e culturais” [...] entre os povos ibéricos
e os povos latino-americanos”.
94
Tomando como base o princípio estabelecido nestas relações, percebemos que as
economias estão interconectadas e buscam estabelecer novas possibilidades de ampliar
o capital e explorar a classe trabalhadora, principalmente as dos países subdesenvolvidos.
Pois, essas relações mesmo que baseadas em cooperação, ainda apresentam
desigualdades extremas entre os países da União Europeia e os países da América Latina,
pois, mesmo com todas as melhorias nos países da América Latina, a região ainda precisa
equilibrar sua distribuição de renda, diminuir a pobreza, melhorar a segurança, avançar no
crescimento econômico, diminuir os níveis de corrupção, diminuir os impactos ambientais
são alguns dos desafios para melhorar as relações entre as regiões.
Por fim, para a European Commision a parceria entre a União Europeia e os países
latino-americanos também diz respeito a luta pelos “direitos humanos, democracia,
princípios de boa governança”. Neste sentido, é a união de forças que estabelecida entre as
nações pode construir para 2030 um futuro mais promissor (LATIN AMERICA, 2022, s. p.).
NOTA
A Comunidade Econômica Europeia foi um dos estágios da formação do bloco da União
Europeia. Antes de se tornar um dos maiores blocos do mundo a União Europeia passou por
diferentes estágios de desenvolvimento. O primeiro estágio foi o Benelux, um bloco criado na
Segunda Guerra Mundial. Esse nome correspondia as iniciais dos países integrantes, Bélgica (BE),
Holanda (NE) do inglês Netherland e Luxemburgo (Lux). O objetivo central era formar um mercado
comum, reduzir as tarifas aduaneiras. O segundo estágio foi a criação da Comunidade Europeia
do Carvão e do Aço. A criação da CECA estabeleceu como objetivo um acordo com a Alemanha
Ocidental e o intuito de compartilhar a produção de carvão mineral e minério, essa
etapa do bloco ficou conhecida como período de integração do mercado siderúrgico. O
terceiro momento é a criação em 1957 do Mercado Comum Europeu, ou como todos
conhecem, Comunidade Econômica Europeia. A criação dessa fase do bloco se deu
com o Tratado de Roma em 1957. O objetivo dos doze países membros estava voltado
para estabelecer a livre circulação de pessoas, mercadorias e capitais. No ano de
1991 com a criação do Tratado de Maastricht, é estabelecido a criação da União
Europeia, com objetivo de possibilitar a “livre circulação de pessoas, mercadorias,
bens e serviços entre os países-membros” (PENA, 2022, s. p.).
NOTA
A Agenda 2030 é um plano de ação para as pessoas, o planeta e a
prosperidade, que busca fortalecer a paz universal. O plano indica
17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, os ODS, e 169 metas,
para erradicar a pobreza e promover vida digna para todos, dentro
dos limites do planeta. São objetivos e metas claras, para que todos
os países adotem de acordo com suas próprias prioridades e atuem
no espírito de uma parceria global que orienta as escolhas necessárias
para melhorar a vida das pessoas, agora e no futuro.
95
3.1 AMÉRICA LATINA E SUAS RELAÇÕES COM A ÁFRICA E A ÁSIA
As relações entre os países em desenvolvimento podem ser destacadas como
a cooperação Sul-Sul. Essa cooperação engloba os países em desenvolvimento, e inclui
os países da África, da Ásia, América Latina e os países do Caribe e da Oceania.
Os países do sul global podem ser identificados no mapa a seguir. Mesmo que
economias como a China e o Brasil sejam grandes, elas são economias subdesenvolvidas,
e são países que apresentam altos índices de desigualdades sociais, baixa escolarização,
mortalidade infantil etc. (WOLFF, 2020)
Em branco são os países do Norte, ou os denominados países desenvolvidos. Os países pontilhados são os
países do Sul, ou os países subdesenvolvidos.
FONTE: <https://bit.ly/3t0h9hH>. Acesso em: 22 fev. 2022).
Os países emergentes, Brasil, Índia, China e África do Sul constituem junto com
a Rússia os famoso BRICS (“acrônimo cunhado em 2001 pelo banco de investimentos
Goldman Sachs, para indicar as potências emergentes que formariam, com os Estados
Unidos, as cinco maiores economias do mundo no século XXI” (O QUE É BRICS, 2019, s. p.).
96
Aqui é importante questionar, qual é a contribuição desses países emergentes em
suas relações econômicas para o conjunto dos países da América Latina? Para Gomes e
Balardim (2020) os BRICS representam um novo paradigma para o desenvolvimento, da
região da América Latina, pois apresentam propostas relevantes de reformas que beneficiam
a região que ainda é demarcada pela profunda desigualdade socioeconômica. Neste
sentido, os capitais dos países asiáticos e africano têm contribuído para muitos projetos de
desenvolvimento na América Latina, principalmente, a relação estabelecida com a China.
A China mantém relações mais intensas com Brasil, Peru, Colômbia, Chile,
Argentina, Cuba e Venezuela. Essas relações centram-se na abertura de novos
mercados, a exploração de produtos primários, o grande mercado consumidor da região
da América Latina são alguns dos fatores que estabelecem a relação da China nos países
latino-americanos e consequentemente esses países diminuem sua dependência em
relação aos Estados Unidos.
97
Para Santos, Camoça e Rodrigues (2020, p. 110-111), os aspectos positivos da
integração entre países podem ser vistos em:
98
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
99
AUTOATIVIDADE
1 A teoria da dependência explica relações econômicas entre os países. Essas relações
se dão entre os países chamados periféricos e os países centrais. Neste sentido, a
teoria da dependência, desenvolvida por Fernando Henrique Cardoso, Enzo Faletto,
Ruy Mauro Marini, Theotonio dos Santos e Vânia Bambirra, a partir da década de 1960,
possibilita a criação de relações políticas, sociais e econômicas entre os países. Mas,
essa teoria se explica através de: Assinale a alternativa CORRETA:
I- Cada vez mais, a União Europeia tem fortalecido sua parceria política e econômica
com a América Latina e tem se baseado em quatro prioridades: prosperidade,
democracia, resiliência e governança global eficaz para um futuro comum.
II- O estabelecimento das relações econômicas entre a Europa e os países latino-
americanos facilita que a região equilibre seu desenvolvimento igualando-se aos
aspectos sociais e econômicos da Europa, principalmente, no que se refere à
produção de commodities.
III- Na América Latina, a criação de blocos como o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL),
o Mercado Comum Centro Americano (MCCA), o Pacto Andino e a Associação
Latino-Americana de Desenvolvimento e Integração (ALADI) fizeram com que os
países europeus apoiassem a integração entre os países latino-americanos.
100
Assinale a alternativa CORRETA:
( ) O pensamento da Cepal pode ser analisado por autores como: Celso Furtado que
abordou o debate do subdesenvolvimento, e explicou como os países periféricos
se encontravam na condição de submissão em relação aos países centrais.
( ) Celso Furtado, defendia que a América Latina só conseguiria sair da condição de
periferia se focasse na elevação produtiva e na industrialização.
( ) Furtado pensava o desenvolvimento além da economia, englobava os aspectos sociais
em sua teoria e afirmava que “as implicações da distribuição de renda no processo
de crescimento econômico” (FURTADO, 1974, p. 20). Assim demonstram como as
condições econômicas e sociais são regidas pelas questões políticas dos países.
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
4 A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) foi criada em 1948. A
Cepal é uma Comissão Regional das Nações Unidas, com sede no Chile. A Comissão
ao longo das décadas de estudo tem ampliado seus objetivos e envolve em seus
debates questões para além da economia, como: desenvolvimento sustentável,
assuntos de gênero, população, recursos naturais e questões sociais. Esse objetivo
atual foi modificado, pois o objetivo inicial da Cepal era: Disserte sobre o objetivo
inicial da comissão e evidencie a importância de se discutir para além dos aspectos
econômicos atualmente.
101
5 Na economia mundial os países do centro e da periferia estabelecem relações
econômicas e políticas. Focando na relação entre os países da periferia, que incluem
os países da África, da Ásia, da América Latina e os países do Caribe e Oceania, disserte
sobre a importância de os países da periferia manterem relações econômicas e retirar
o domínio dos países centrais sobre eles.
102
UNIDADE 2 TÓPICO 2 -
MIGRAÇÕES
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 2, abordaremos as migrações na América Latina, o que
são migrações, os tipos de migrações, os efeitos desse fenômeno, as crises migratórias
e a xenofobia enfrentada pelos migrantes.
O fenômeno das migrações pode ser explicado por diversos momentos históricos,
o deslocamento das populações esteve inicialmente ligado à sua sobrevivência.
Contudo, no contexto atual, as condições migratórias são explicadas por diversas
questões, tais como: crises ambientais, crises políticas, guerras civis, busca pelo
trabalho, estudos, fuga de cérebros etc. Com a globalização houve uma intensificação
dos fluxos migratórios e está estritamente ligado às condições de desenvolvimento
econômico. As possibilidades de deslocamento aumentaram muito nos últimos anos,
em virtude, do aumento das comunicações e facilidade de transportes. Por outro lado,
esse fenômeno provoca pontos positivos e negativos, seja para o local de origem ou
para o local receptor desses fluxos migratórios.
103
DICA
Fenômeno relacionado à transferência de recursos na forma de capital
humano de uma região para outra, denominado fuga de cérebros
(brain drain), é particularmente importante. Esse fenômeno designa
a emigração de trabalhadores qualificados e, ao envolver fluxos de
capital humano, pode se configurar como alternativa para a redução da
pobreza, crescimento regional e redução de desigualdades espaciais.
Informações disponíveis em: SILVA, E. R. da. Composição e
determinantes da fuga de cérebros no mercado de trabalho
formal brasileiro: uma análise de dados em painel para o período
1995-2006 (DISSERTAÇÃO). Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
Disponível em: https://bit.ly/3hY4NR0.
Podemos concluir que, ora a América Latina tinha seus países como focos
de atração da imigração e no momento atual encontra-se como foco de repulsão.
Quais fatores provocam isso? O que é atração e repulsão? Os principais fatores que
condicionam os fluxos migratórios estão ligados às condições de desenvolvimento
das regiões. A economia, as relações políticas e as condições de desenvolvimento
são a base para a mudança no padrão dos fluxos migratórios em um país ou região.
A condição de país repulsor está ligada às baixas possibilidades de empregabilidade,
conflitos políticos, religiosos, desigualdades socioeconômicas. Por sua vez, os países
atrativos, são aqueles com melhores condições de desenvolvimento, melhor qualidade
de vida, melhores condições de saúde, segurança e educação. Podemos tomar como
exemplo dessas relações os Estados Unidos e o México que, segundo Avila (2005), a
comunidade mexicana nos EUA é majoritária e que os impactos decorrentes dos fluxos
migratórios causam efeitos tanto nos países de repulsão quanto nos países de atração.
105
Outros fatores marcam os fluxos migratórios tais como: “desintegração familiar,
fuga de cérebros (recursos humanos qualificados), dificuldades de adaptação as culturas
diferentes, ao mercado de trabalho, vulnerabilidade social, discriminação, violação de direitos
humanos” (AVILA, 2005, p. 10). Os fluxos migratórios, portanto, apresentam uma dinâmica
que é conduzida pelas condições de desenvolvimento econômico, político, social e ambiental.
NOTA
No mundo existem instituições que dão apoio aos migrantes e aos
refugiados. Essas instituições são importantes para garantir os direitos
humanos, garantir assistência humanitária, inclusão social, laboral e
possibilitar condições dignas para migrantes ou refugiados em condições
de vulnerabilidade. Como exemplo, temos: Instituto Migração e Direitos
Humanos (IDHM); Organização Internacional para as Migrações (OIM) que é
coordenada pela Rede da Organização das Nações Unidas para Migração.
Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
Muitos são os desafios dos fluxos migratórios na América Latina. Com o avanço
da globalização, o crescimento econômico, as disparidades nas desigualdades sociais,
provocam grandes problemáticas nas condições de vida da maioria da população, que
precisam buscar alternativas para sobreviver. As desigualdades na América Latina
impulsionam na região grandes fluxos migratórios, seja para os países desenvolvidos ou
para os países com melhores condições dentro da própria região.
Na América Latina, os fluxos migratórios são constantes, mas muitas coisas mudaram
nas políticas migratórias, nas leis de proteção aos migrantes. Há países que determinam
restrições em torno dos deslocamentos populacionais, outros têm mais flexibilidade com os
fluxos migratórios, isso é condicionado em função do poder político que esteja no poder, ou
seja, vai entrar em questão as perspectivas do governo que esteja atuando no país.
Para André Derviche (2021, s.p.), em matéria publicada pelo jornal da Universidade de
São Paulo no dia 24 de março de 2021, “existe um movimento pendular entre esse vai e vem de
106
preferências ideológicas, a depender de qual coalização ocupa o governo”, ou seja, as políticas
migratórias, as aberturas de fronteiras e os fechamentos dessas está muito relacionado “a
uma demanda da base do governo e de seus apoiadores e da sua própria agenda
Por outro lado, com a mudança de governo argentino, o novo presidente Alberto
Fernández, em 2021, revogou o decreto de Macri em relação à deportação de imigrantes
com antecedentes criminais. Para Andre Derviche (2021, s.p.), atualmente, “o governo
argentino sinaliza acolhimento a imigrantes com a Lei de Migração”.
Outro fator migratório que merece destaque na América Latina são as crises
migratórias, estas são provocadas por diversos fatores, políticos, econômicos, sociais,
ambientais. Nos últimos anos, entre 2019 e 2021, a crise migratória tornou-se um
fenômeno na América Latina, pois os grandes deslocamentos populacionais da
Venezuela entre os países circunvizinhos, chamou atenção do mundo, pois o grande
número de pessoas que se deslocava em busca de asilo e proteção fora muito grande.
Outro fator de migração que chamou atenção nos últimos anos, foram as mudanças
laborais no período da crise do Covid 19, com muita gente sem emprego, houve uma
crise sem precedentes na região da América Latina (MOHOR, 2021).
A crise migratória que mais chamou atenção nos últimos anos foi a crise da
Venezuela, a partir do ano de 2015, as condições econômicas e sociais do país agravaram-
se e com isso o fluxo populacional dos venezuelanos acentuou-se desde esse período de
2015 e com isso o Brasil recebeu muitos imigrantes em seu território, principalmente, na área
de fronteira, região norte do Brasil, no estado de Roraima. Os destinos dos venezuelanos
são os mais diversos, a tentativa para sair das condições precárias da região, faz com que
os cidadãos que se deslocaram para outras regiões enfrentassem diversas dificuldades, o
que torna o processo de migração mais difícil, pois muitas pessoas estão em condições
de vulnerabilidade e com isso precisam de apoio das instituições de ajuda humanitária.
Os principais pontos de passagem de migrantes na América Latina são sujeitos a riscos
a própria vida, pois são passagens ilegais. De acordo com a Santacecilia (2021, s.p.), na
América Latina muito migrantes “se movem a pé, utilizam cruzamentos fronteiriços
irregulares e atravessam rios, selvas, montanhas e desertos, assim como cruzando o
mar em embarcações não adequadas a esse fim”. São passagens arriscadas, que levam
a problemas como “sequestros, tráficos humanos, violência sexual, violência de gênero,
exploração laboral, extorsão por gangues e grupos criminosos” (SANTACECILIA, 2021, s.p.).
107
Diante de graves crises migratórias, cabe aos países fornecer ajuda humanitária
aos migrantes, pois a condição de vulnerabilidade estabelecida por meio das crises impacta
a vida de crianças, mulheres, adolescentes, adultos, ou seja, todos os grupos populacionais,
que se deslocam em busca da sobrevivência e na esperança de recomeçar sua vida.
Outro caso apontado pelos autores são os fluxos migratórios dos senegaleses,
estes são em 25 mil e cujos países: Brasil, Argentina e Chile centram os maiores grupos
de migrantes desse país. A dinamicidade das migrações revela na América do Sul, uma
região atrativa e facilitadora dos fluxos migratórios. Os sírios são outro grupo populacional
que se expandiu para o Brasil. É um grupo populacional que também enfrenta diversos
desafios, tais como, adaptação cultural e adaptação linguística (UEBEL; ABAIDE, 2018).
Uma das situações mais delicadas dos fluxos migratórios é a “situação das famílias
bengalis e filipinas, cujo principal destino são as Guiana Francesa, Guiana, Suriname
e o Brasil” (UEBEL; ABAIDE, 2018, p. 61). Temos as famílias bolivianas que segundo
Uebel e Abaide (2018), “a imigração boliviana domina os rankings migratórios de Brasil,
Argentina, Chile, Peru, Equador e estão entre os principais grupos no Paraguai, Venezuela
e Colômbia” (UEBEL; ABAIDE, 2018, p. 61). Por fim, temos as famílias de venezuelanos
que nos chamam atenção desde 2016, pois desde esse período as crises econômicas,
108
políticas, sociais e democráticas fragilizaram as condições de desenvolvimento do país.
Esses fluxos inter-regionais evidenciam as fragilidades econômicas, políticas e sociais
da América do Sul, assim como, destacam os principais países receptores de migração
e as constantes mudanças provocada pela inserção populacional nos países.
109
O controle dos fluxos migratórios nos Estados Unidos foi intensificado a partir
de 11 de setembro de 2001 e isso gerou vários tipos de violências aos migrantes. O
controle excessivo está delimitado por Leis, barreiras naturais, como montanhas e rios e
barreiras artificiais, como a criação de muros. Para Moreira, a decisão de migrar não está
apenas atrelada à vontade individual, para ele “existe uma cadeia de estruturas e atores
sociais que condiciona essa decisão” (MOREIRA, 2016, p. 3).
110
condições em seu país de origem. Contudo, é importante, ressaltarmos aqui que, os
fluxos migratórios não causam apenas impactos nos países receptores de imigrantes,
os impactos também são causados desde o país de origem desses emigrantes.
Neste sentido, os efeitos são distintos para cada país, seja os de atração ou os
de repulsão. Contudo, o próprio migrante também sofre com algumas problemáticas,
como dificuldade de adaptação, preconceito, dificuldade de moradia etc.
Para Rosa Pérez Perdomo (2007, p. 111), “as pessoas que emigram levam consigo
sua própria cultura, hábitos, costumes, religião, crenças e estados de saúde”.
Além dos desafios que são encontrados do ponto de vista econômico, têm-se
os sociais, pois o emigrante precisa “adotar um novo ambiente social e cultural que o
pode levar a redefinir seu sistema de valores” (PERDOMO, 2007, p. 112).
111
3.1 CRISES MIGRATÓRIAS NA AMÉRICA LATINA
Crises migratórias podem ser consideradas a problemática de um grande número de
pessoas que se deslocam para outras regiões por conflitos políticos, econômicos, escassez
alimentar, escassez hídrica, intolerância religiosa, problemas ambientais, entre outros
fatores. Essa crise normalmente provoca grande deslocamento populacional, em situação
de desespero, para chegar a algum país que possa dar asilo para os refugiados que estão
fugindo dos seus locais de origem. Na América Latina, as crises migratórias nos últimos anos
estiveram centradas no grande deslocamento populacional dos haitianos e venezuelanos.
Os haitianos têm ganhado destaque nos fluxos migratórios com o a destruição ocorrida no
Haiti em 2010 por conta do terremoto. Essa destruição causou muitos problemas sociais e
econômicos e muitos viram na migração a possibilidade de recomeçar.
112
3.1.1 Xenofobia
O termo xenofobia refere-se ao medo que as pessoas têm do estrangeiro,
ou refere-se ao “ódio, receio, hostilidade e rejeição em relação aos estrangeiros” (LA
GARZA, 2011, p. 1). De acordo com La Garza (2011, p. 1), a xenofobia é uma “discriminação
por preconceitos religiosos, históricos, culturais e nacionais) isso leva a uma segregação
do imigrante”. A Convenção Internacional Sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação Racial (LA GARZA, 2011, p. 1) afirma que “uma das formas mais comuns
da xenofobia, é o racismo. Para a Convenção Internacional no Brasil, em seu Art. 1º parte
I, destaca que a expressão “discriminação racial” significa qualquer distinção, exclusão,
restrição ou preferência baseadas em raça, cor, descendência ou origem nacional ou
étnica” (LA GARZA, 2011, p. 1).
113
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• As migrações ocorrem em dois grandes sentidos: Sul e Norte, essa realidade ainda
se dá em função das disparidades econômicas entre as regiões centrais e as regiões
periféricas.
114
AUTOATIVIDADE
1 As migrações podem ser consideradas como um fenômeno que está na base da
formação da sociedade, pois os deslocamentos populacionais estão presentes em
diversos momentos históricos. Nos dias atuais, as migrações podem ser classificadas
como migração por crises ambientais, crises políticas, guerras civis, busca por trabalho,
estudo, fuga de cérebros, ou seja, há diversos motivos para os fluxos migratórios. Tendo
isso em vista, sobre as diversas formas de migrações, assinale a alternativa CORRETA:
I- O México já não é apenas considerado como país de trânsito migratório para os EUA
O país passou a ser considerado como “uma nação de acolhida”.
II- O Brasil é um dos países da América Latina que mais controla os fluxos migratórios,
nos últimos anos, devido à grande entrada de imigrantes do Haiti e da Venezuela.
III- O controle dos fluxos migratórios nos Estados Unidos foi intensificado a partir de 11
de setembro de 2001 e isso gerou vários tipos de violências aos migrantes.
115
Assinale a alternativa CORRETA:
3 De acordo com a Lei nº 9459, de 13 de maio de 1997, serão punidos os crimes “resultantes
de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”.
Com base nessa lei a xenofobia é considerada crime. Com base no termo xenofobia,
classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
116
UNIDADE 2 TÓPICO 3 -
ECONOMIA DOS PAÍSES
LATINO-AMERICANOS
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 3, abordaremos a economia dos países latino-americanos.
Os principais países que abordaremos, neste tópico, serão o México e suas relações
econômicas com a América Anglo-Saxônica. Falaremos também dos países que mais
têm destaque na economia na América Central e na América do Sul. Além da questão
econômica, nós abordaremos a questão dos governos militares na América Latina,
principalmente, no Brasil, na Argentina e na Venezuela. Falar da política desses países
implica falar da posição destes nas condições econômicas mundiais, em seu contexto
histórico e atual. Por fim, abordaremos a questão do Mercado Comum do Sul, sobre
sua criação, suas características e sobre os países membros. O MERCOSUL é o bloco
econômico mais importante da América Latina, principalmente para a América do Sul,
este bloco é responsável por 69,2% do PIB da região.
A economia dos países da América Latina tem passado por vários desafios,
com uma estrutura econômica baseada na agricultura, pecuária, extrativismo e
industrialização, os países da América Latina ainda possuem baixas condições de
desenvolvimento. E mesmo que algumas economias se destaquem, como é o caso
do Brasil, do Chile, do México, muitos países, assim como os citados anteriormente,
vêm passando por uma profunda crise, altas inflações, fechamento de mercados,
crescimento do subemprego, precarização do trabalho, aumento do trabalho informal,
todas esses problemas, antes já existentes, foram agravados entre os anos de 2020 e
2021 em virtude, da pandemia da COVID-19.
117
2 PRINCIPAIS ECONOMIAS DA AMÉRICA LATINA
As dez maiores economias da América Latina são: Argentina, Brasil, Bolívia,
Chile, Colômbia, Equador, México, Paraguai, Peru e Uruguai. Observe o mapa para
localizar os países.
118
Todo país tem características que marcam o seu desenvolvimento econômico,
estabelece relações com o mercado interno e com o mercado regional. Todavia, a
predominância da economia na região ainda está centrada no setor primário, como o
extrativismo, mineração e agropecuária.
119
Para Alicia Bárcena (2021, s. p.), secretária-executiva da Cepal, esse crescimento
pode ser explicado “por uma baixa base de comparação [...] além dos efeitos positivos
derivados da demanda externa e da alta nos preços dos produtos básicos (commodities)
exportados pela região, bem como pelos aumentos da demanda agregada”.
DICA
No site da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe são
disponibilizados vários estudos de pesquisas, relatórios, coleções de
livros, monografias, documentos de reuniões e conferências. Esses
documentos englobam temas como: assuntos de gênero, agenda 2030
para o desenvolvimento sustentável, Covid-19, Comércio internacional,
desenvolvimento econômico, produtivo, empresarial, social e sustentável,
além de dados sobre estatísticas dos países latino-americanos em diversos
campos de pesquisa, como população, recursos naturais, infraestrutura,
gestão pública e planejamento. Para saber sobre essas informações não
deixe de acessar o site da Cepal: https://www.cepal.org/pt-br.
2.1 MÉXICO
País localizado na América do Norte. Na divisão socioeconômica, encontra-se
na região da América Latina. Concentra sua população em áreas urbanas. É um país
marcado por grandes fluxos migratórios para os Estados Unidos, assim como local de
passagem de migrantes para o EUA
De acordo com a site do Banco Santander (VALORES [...], 2021, s.p.), o México
“exporta principalmente veículos e peças, máquinas de processamento de dados
automáticos, combustíveis minerais, petróleo e maquinário. Quanto às importações, o
México adquire óleos de petróleo, outros que não o bruto, parte de veículos e circuitos
eletrônicos integrados”.
120
Com uma economia extremamente dependente, o México relaciona-se com
os Estados Unidos que compram mais de ¾ de suas exportações, além dos EUA, o
México mantém relações com os países da União Europeia e o Canadá. No que tange às
importações, o país concentra nos Estados Unidos, China, União Europeia e no Japão.
Os acordos comerciais são necessários para que os países possam abrir seus
mercados, eliminar as barreiras alfandegárias, contribuir para dinamizar a economia e
consequentemente impulsionar o aumento da produtividade e fortalecer as relações
políticas entre os países membros.
121
as empresas maquiladoras são aquelas que realizam a manufatura
parcial, encaixe ou empacotamento de um bem sem que sejam as
fabricantes originais. Ou seja, são fábricas de encaixe, manufatureiras
e de serviços, destinadas à transformação, elaboração ou reparo de
mercadorias de procedência estrangeira cujo destino principal é a
exportação para os Estados Unidos.
Esse acordo tinha como objetivo aumentar as condições de trabalho no México, mas
principalmente diminuir os fluxos migratórios para os Estados Unidos. Isso foi possível devido
aos benefícios que o governo mexicano cedeu às grandes indústrias, que se expandiam pelos
países mais pobres em busca de diminuir os custos de produção e aumentar seus lucros.
122
fluxo de mercadorias e serviços, legislações alfandegárias e consequentemente a
dominação dos mais desenvolvidos sob o menos desenvolvido.
123
É nessa dependência que ocasiona falta de dinamismo econômico no México, pois
a produção está direcionada para exportação. Nessa dependência, consequentemente, a
industrialização do país torna-se tardia e os investimentos nas relações de trabalho são
baixos, pois paga-se baixos salários. Mas, por outro lado, as empresas recebem bastante
benefícios para gerar emprego e se fazer presente na economia mexicana (NADDI, 2015).
Vemos que as relações entre os países impactam sobre ambos, quando os Estados
Unidos sofreram a crise econômica em 2008, o México também sofreu economicamente,
pois o país depende das exportações para os EUA, contudo, podemos dizer que, há uma
dependência mútua nessas relações econômicas entre os países, mas claro que essa
dependência não é igual, uma vez que os EUA é a primeira potência econômica mundial.
Na parte insular, formada por ilhas, temos ilhas localizadas no Mar das Antilhas,
que se divide em: grandes Antilhas, pequenas Antilhas e Bahamas. Essa parte é o
famoso mar do Caribe, que constitui o território de Cuba, Haiti, Jamaica, Haiti, Porto
Rico e República Dominicana.
124
FIGURA 3 – AMÉRICA CENTRAL
A América Central tem a maioria dos seus países constituída de povos indígenas,
mestiços e europeus. Nesta região, o idioma principal é o espanhol, mas, em outros
territórios há outros idiomas, como: inglês, francês, holandês e outros dialetos.
De acordo com Palicer (2017), a América Central é considerada uma região fraca,
com pouca influência no sistema internacional. A região para o autor é palco de altos
índices de pobreza e desigualdade social com todas suas terríveis consequências como a
forme e a violência. Além desses fatores a região conta com baixa capacidade industrial,
consequentemente, é uma região cujo Produtos Interno Bruto é muito baixo e ainda
tem maior dependência estrangeira (PALICER, 2017, p. 45). Mesmo com dependência
estrangeira a América Central atua economicamente no cenário internacional e se
organiza através de blocos econômicos como o MCCA. Veremos no próximo subtópico,
a questão da economia e do desenvolvimento na região.
125
2.3 AMÉRICA CENTRAL: ECONOMIA E DESENVOLVIMENTO
Palicer (2017, p. 52) afirma que “o adjetivo Central que se transforma em elemento
do substantivo composto América Central se refere à posição estratégica dessa região,
que se encontra entre as Américas do Sul e do Norte”. Essa fala de Palicer (2017), retrata
a importância geoestratégica da região, que é constituída de pequenos Estados, baixo
desenvolvimento e considerada como uma região periférica.
126
Podemos ver que no artigo primeiro, já na década de 1960, os países
objetivavam estabelecer um mercado comum entre eles, comprometendo-se a
construir uma união aduaneira entre seus territórios e constituírem uma zona de livre
comércio entre os países membros.
ATENÇÃO
Os paraísos fiscais são países que tem flexibilidade na cobrança de
impostos, para o dinheiro depositado nas instituições financeiras. Nesse
esquema tem-se a garantia do anonimato dos donos do dinheiro. De
acordo com Alonso, na Enciclopédia Latino Americana), “os paraísos
fiscais funcionam como refúgio seguro para indivíduos e empresas que
burlam os fiscos nacionais [...] são considerados espaços de lavagem
de dinheiro, como dinheiro obtido com atividades ilícitas, como o
tráfico de drogas e armas, a corrupção política e o contrabando”.
3 AMÉRICA DO SUL
Começamos esse subtópico identificando a América do Sul através da
representação cartográfica. Observe o mapa a seguir:
127
FIGURA 4 – AMÉRICA DO SUL
No Brasil, por exemplo, temos os indígenas que têm sofrido com diversos tipos
de violência por parte do Estado, da sociedade civil, dos grandes grileiros de terras, donos
do setor do agronegócio, que têm dizimados os indígenas para expandir a exploração das
terras produtivas, provocando conflitualidades que, muitas vezes, destrói modos de vida
indígena, provoca mortes, violência. Por outro lado, a luta indígena é forte, mesmo que o
impacto desses conflitos ainda seja grande no Brasil e em alguns países da América do Sul.
128
A região também é conhecida por sua diversidade na fauna, na flora e nos
recursos hídricos. A diversidade de paisagens na região vai de desertos, cordilheiras,
geleiras, florestas úmidas. Há também na região climas tropicais com altas temperaturas
e subtropicais com temperaturas mais amenas.
Ainda hoje muitos países vivenciam crises políticas e altos níveis de corrupção.
Esses fatores impactam sobre as condições socioeconômicas da população, impactando em
desemprego, falta de renda, informalidade, miséria, desigualdades sociais extremas na região.
Para COGGIOLA (2001, p. 11), há alguns pontos em comum nos regimes militares,
sejam os regimes mais populistas ou os regimes mais repressivos, “é o intenso poderio
econômico, social e político da instituição militar”.
129
Para Emir Sader (2022, s. p.), na Enciclopédia Latino-americana, as ditaduras
implantadas no século XX, tiveram como objetivo principal “a doutrina de segurança
nacional”. Isso refletiu a instalação desse regime em países como o Brasil (1964), Bolívia
(1964), Argentina (1966 e 1976); Chile (1973) e Uruguai (1973).
Até os dias atuais, boa parte desses crimes que aconteceram na ditadura
“ficaram impunes em todos os países em que elas existiram” (SADER, 2022, s.p.).
Sader (2022), afirma que alguns países, como o Chile e a Argentina, tiveram
algumas condenações correspondentes pelos crimes, como o caso de Augusto
Pinochet, que foi processado.
130
FIGURA 5 – DITADURAS MILITARES NA AMÉRICA LATINA
131
A ditadura no Brasil durou 21 anos, até 1985. Esse período foi marcado por vários
governos, Castelo Branco (1946-1967); governo de Costa e Silva (1967-1969); governo
Médici (1969-1974); governo de Geisel (1974-1979) e, por fim, o governo de Figueiredo
(1979-1985). As principais características que marcaram o poder militar no Brasil foram
perseguições políticas, torturas, desaparecimento de corpos assassinados pelo Estado,
censura. De acordo com Lara e Silva (2015, p. 276), a ditadura promoveu “o declínio dos
direitos sociais e o avanço do poder político e econômico das classes dominantes”.
DICA
Para melhor entender os atos institucionais recomenda-se a leitura deles
na íntegra no Portal da Legislação. Disponível em: https://bit.ly/3LK1QB3.
De acordo com Ramos (2020, s.p.), o governo de Chavéz (1993-2013) teve como
principais características:
132
• implantação de medidas socialistas;
• forte interferência política;
• centralização do poder;
• enfraquecimento democrático;
• perseguição;
• prisão de opositores políticos.
A ditadura de Chávez finalizou com sua morte em 2013 e teve acesso ao poder
seu vice Nicolás Maduro, que continuou com as mesmas políticas de Chavéz. Atualmente,
a Venezuela passa por uma crise política e econômica que tem impactado na vida
de milhares de venezuelanos. As problemáticas da Venezuela provocaram uma forte
crise migratória, na qual milhares de venezuelanos buscavam refúgio para conseguir
melhores condições de vida. Isso decorreu em um grande conflito político entre Maduro
e a oposição, representada por Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente do país
em 2019 e que até hoje não conseguiu derrubar Maduro do poder (RAMOS, 2020, s.p.).
NOTA
Steven Levitsky e Daniel Ziblatt – dois conceituados professores de Harvard
elaboraram uma análise sobre o colapso as democracias, no livro intitulado: Como
as Democracias morrem? Esse livro é muito importante para compreendermos
discussões sobre o governo de Hitler, Mussolini, sobre as ditaduras na América
Latina e o contexto atual.
133
De acordo com a Plataforma Eletrônica do Mercosul (OBJETIVOS [...], 2021, s. p.),
o bloco tem como objetivos principais:
134
LEITURA
COMPLEMENTAR
O AMANHÃ NÃO ESTÁ À VENDA
Ailton Krenak
Parei de andar mundo afora, cancelei compromissos. Estou com a minha família
na aldeia Krenak, no médio rio Doce. Há quase um mês, nossa reserva indígena está
isolada. Quem estava ausente regressou, e sabemos bem qual é o risco de receber
pessoas de fora. Sabemos o perigo de ter contato com pessoas assintomáticas. Estamos
todos aqui e até agora não tivemos nenhuma ocorrência.
Vivemos hoje esta experiência de isolamento social, como está sendo definido o
confinamento, em que todas as pessoas têm de se recolher. Se durante um tempo éramos
nós, os povos indígenas, que estávamos ameaçados da ruptura ou da extinção do sentido
da nossa vida, hoje estamos todos diante da iminência de a Terra não suportar a nossa
demanda. Assistimos a uma tragédia de gente morrendo em diferentes lugares do planeta,
a ponto de na Itália os corpos serem transportados para a incineração em caminhões.
Essa dor talvez ajude as pessoas a responder se somos de fato uma humanidade. Nós
nos acostumamos com essa ideia, que foi naturalizada, mas ninguém mais presta atenção no
verdadeiro sentido do que é ser humano. É como se tivéssemos várias crianças brincando
e, por imaginar essa fantasia da infância, continuassem a brincar por tempo indeterminado.
Só que viramos adultos, estamos devastando o planeta, cavando um fosso gigantesco de
desigualdades entre povos e sociedades. De modo que há uma sub-humanidade que vive
numa grande miséria, sem chance de sair dela – e isso também foi naturalizado.
135
O presidente da República disse outro dia que brasileiros mergulham no esgoto e
não acontece nada. O que vemos nesse homem é o exercício da necropolítica, uma decisão
de morte. É uma mentalidade doente que está dominando o mundo. E temos agora esse
vírus, um organismo do planeta, respondendo a esse pensamento doentio dos humanos com
um ataque à forma de vida insustentável que adotamos por livre escolha, essa fantástica
liberdade que todos adoram reivindicar, mas ninguém se pergunta qual o seu preço.
A nossa mãe, a Terra, nos dá de graça o oxigênio, nos põe para dormir, nos
desperta de manhã com o sol, deixa os pássaros cantar, as correntezas e as brisas se
moverem, cria esse mundo maravilhoso para compartilhar, e o que a gente faz com ele?
O que estamos vivendo pode ser a obra de uma mãe amorosa que decidiu fazer o filho
136
calar a boca pelo menos por um instante. Não porque não goste dele, mas por querer lhe
ensinar alguma coisa. “Filho, silêncio”. A Terra está falando isso para a humanidade. E ela é
tão maravilhosa que não dá uma ordem. Ela simplesmente está pedindo: “Silêncio”. Esse
é também o significado do recolhimento. Quem dera eu pudesse fazer uma mágica para
nos tirar desse confinamento, que pudesse fazer todos sentirem a chuva cair. É hora de
contar histórias às nossas crianças, de explicar a elas que não devem ter medo. Não sou
um pregador do apocalipse, o que tento é compartilhar a mensagem de um outro mundo
possível. Para combater esse vírus, temos de ter primeiro cuidado e depois coragem.
Governos burros acham que a economia não pode parar. Mas a economia é uma
atividade que os humanos inventaram e que depende de nós. Se os humanos estão em
risco, qualquer atividade humana deixa de ter importância. Dizer que a economia é mais
importante é como dizer que o navio importa mais que a tripulação. Coisa de quem acha
que a vida é baseada em meritocracia e luta por poder. Não podemos pagar o preço que
estamos pagando e seguir insistindo nos erros. Michel Foucault tem uma obra fantástica,
vigiar e punir, na qual afirma que essa sociedade de mercado em que vivemos só considera
o ser humano útil quando está produzindo. Com o avanço do capitalismo, foram criados
os instrumentos de deixar viver e de fazer morrer: quando o indivíduo para de produzir,
passa a ser uma despesa. Ou você produz as condições para se manter vivo ou produz
as condições para morrer. O que conhecemos como Previdência, que existe em todos os
países com economia de mercado, tem um custo. Os governos estão achando que, se
morressem todas as pessoas que representam gastos, seria ótimo. Isso significa dizer:
pode deixar morrer os que integram os grupos de risco. Não é ato falho de quem fala; a
pessoa não é doida, é lúcida, sabe o que está falando.
Desde muito tempo, a minha comunhão com tudo o que chamam de natureza
é uma experiência que não vejo ser valorizada por muita gente que vive na cidade. Já
vi pessoas ridicularizando: “ele conversa com árvore, abraça árvore, conversa com o
rio, contempla a montanha”, como se isso fosse uma espécie de alienação. Essa é a
minha experiência de vida. Se é alienação, sou alienado. Há muito tempo não programo
atividades para “depois”. Temos de parar de ser convencidos. Não sabemos se estaremos
vivos amanhã. Temos de parar de vender o amanhã. Penso naqueles versos do Carlos
Drummond de Andrade: “Stop./ A vida parou/ ou foi o automóvel?”. Essa é uma parada
para valer. O ritmo de hoje não é o da semana passada nem o do ano novo, do verão,
137
de janeiro ou fevereiro. O mundo está agora numa suspensão. E não sei se vamos sair
dessa experiência da mesma maneira que entramos. É como um anzol nos puxando
para a consciência. Um tranco para olharmos para o que realmente importa.
Tem muita gente que suspendeu projetos e atividades. As pessoas acham que
basta mudar o calendário. Quem está apenas adiando compromissos, como se tudo fosse
voltar ao normal, está vivendo no passado. O futuro é aqui e agora, pode não haver o ano
que vem. Ninguém escapa, nem aquelas pessoas saindo de carro importado para mandar
seus empregados voltarem ao trabalho, como se fossem escravos. Se o vírus os pegar, eles
podem morrer, igual a todos nós. Com ou sem Land Rover. As cidades são sorvedouros de
energia: se faltar eletricidade, as pessoas morrem fechadas nos seus apartamentos, sem
conseguir descer. Não tivemos capacidade crítica para pensar as consequências de uma
crise sanitária nos grandes centros urbanos, e preciso confessar que tenho dó de quem
vive nessas metrópoles. Muitas pessoas vivem sozinhas nesses centros, deixamos de ser
sociais porque estamos num local com mais 2 milhões de pessoas.
138
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Alguns países da América-Central são sedes de paraísos fiscais. Estes países têm
flexibilidade na cobrança de impostos em relação ao dinheiro depositado nas
instituições financeiras.
• A América do Sul é rica em flora, fauna e recursos hídricos, porém a economia dos
países tem baixo desenvolvimento.
139
AUTOATIVIDADE
1 Com base no que estudamos sobre a economia dos países latino-americanos,
sabemos que eles têm características em comum em função do processo colonial
na região. A economia dos países latino-americanos, especificamente no século
XXI, enfrenta grandes desafios devido ao avanço do neoliberalismo nos países. Isso
determina um padrão econômico que pode ser explicado por:
140
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
4 A ditadura na Venezuela teve início com o governo de Hugo Chávez que se rebelou
contra o presidente Andrés Pérez. Mesmo com a falha do golpe Chávez ganhou
admiração popular e foi eleito com 56% dos votos nas eleições da Venezuela em 1993.
De acordo com o que estudamos sobre a ditadura na Venezuela, principalmente no
governo de Chavéz, explique quais são as principais características do governo no
período que atuou (1993-2013).
141
REFERÊNCIAS
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que se moderará para 2,9% em 2022. Cepal, Santiago, 2022. Disponível em: https://bit.
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FURTADO, C. O mito do desenvolvimento econômico. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1974.
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TULCHIN, J. S. América Latina x Estados Unidos: uma relação turbulenta. São Paulo:
Contextos, 2016. E-book.
147
VALORES de comércio no México. Os números do comércio internacional. Santander, Trade
Markets, [s. l.], out. 2021. Disponível em: https://bit.ly/3vWWywT. Acesso em: 18 fev. 2022.
WOLF, L. O que é cooperação sul-sul e por que ela é importante? Pelotas MUN, Pelotas,
13 set. 2020. Disponível em: https://bit.ly/3i0QdIx. Acesso em: 18 fev. 2022.
148
UNIDADE 3 —
O BRASIL E AS RELAÇÕES
INTERNACIONAIS NA AMÉRICA
LATINA: DOS CONFLITOS
FRONTEIRIÇOS À COOPERAÇÃO,
INTEGRAÇÃO E LIDERANÇA REGIONAIS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
149
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 3!
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150
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
FORMAÇÃO TERRITORIAL DO BRASIL E
SUAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 1, abordaremos a formação territorial do Brasil e suas
relações internacionais. A formação territorial do Brasil tem como ponto de partida o
período colonial ao longo do século XVI. A formação do país ocorre por determinações
externas, europeias, que determinaram nossa condição de país periférico.
Para que possamos embarcar neste tópico, sugerimos que faça as leituras
de autores que podem contribuir para pensar essa análise no Brasil, tais como, Celso
Furtado, Antônio Carlos Robert de Moraes, Caio Prado Jr, Ruy Moreira e Gilberto Freyre.
151
resultou de interesses externos. Esses interesses foram marcados pelo período colonial,
foi nesse período que tivemos uma das bases da criação para os estados nacionais da
América Latina (MORAES, 2011). Esse primeiro momento histórico marca a relação do
Brasil com as fronteiras mundiais.
Nos dias atuais, o Brasil de acordo com o texto da Constituição de 1988, no artigo
4º, tem as relações internacionais regidas pelos seguintes princípios: I - independência
nacional; II - prevalência dos direitos humanos; III - autodeterminação dos povos; IV - não
intervenção; V - igualdade entre os Estados; VI - defesa da paz; VII - solução pacífica dos
conflitos; VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX - cooperação entre os povos para o
progresso da humanidade; X - concessão de asilo político. Além disso, no que se refere às
relações no contexto da América Latina, a Constituição em seu Parágrafo único do artigo
4, afirma que: “a República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política,
social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade
latino-americana de nações” (BRASIL, 1988). Vimos que o Brasil e suas relações no contexto
mundial e na América Latina é regido pela própria Constituição, com isso podemos destacar
a importância do nosso papel nas relações globais, uma vez que temos a garantia dessas
relações e dos princípios que as regem pautada no principal documento do país.
Neste sentido, o Brasil tem uma participação importante nas relações globais,
no contexto econômico e político. O papel que o país desempenha nas relações com
outros países, sejam os países centrais ou periféricos é muito importante para as
políticas internas e externas.
A posição do Brasil, ou de qualquer país nas relações globais não são estanques,
pelo contrário, modifica-se constantemente por diversos fatores: políticos, econômicos,
sociais. Neste sentido, o país tem um papel diferente de acordo com as mudanças
ocorridas no mundo e dentro do próprio território nacional.
Para Oliveira (1999) o fim da Guerra Fria (1947-1989), tinha-se como perspectiva
mundial a expansão das ideias liberais, ou seja, o livre mercado, a proteção da
propriedade privada, liberdades individuais e baixa participação do Estado. Contudo, os
152
valores liberais na América Latina foram vistos como a possibilidade de que os Estados
Unidos estabelecessem uma relação mais liberal com a região, ou seja, modificariam
suas formas de relacionamento com a região, mas os Estados Unidos continuaram
sendo hegemônicos em suas determinações econômicas. Nas palavras de Oliveira (1999,
p. 206), isso resultou em “duas macrotendências no contexto latino-americano: uma
liberalização traduzida pelo processo de aberturas de seus mercados e outro projeto de
renegociação do sistema interamericano”.
153
O país também faz parte do G-20, que é um grupo formado pelas maiores
economias do mundo e a União Europeia. O Brasil está entre as economias emergentes
que fazem parte deste grupo e tem como objetivo favorecer negociações internacionais.
Os países membros são responsáveis por 80% da economia mundial e participam
de reuniões anuais quando discutem questões políticas, econômicas, ambientais e
de saúde. A participação do Brasil no grupo permitiu ao país novas possibilidades e
perspectivas no âmbito internacional e trouxe novos desafios. O país teve forte influência
no grupo na crise de 2008, quando o G-20 se reuniu em Seul. Essa influência decorreu
do crescimento econômico do Brasil no período e suas fortes relações internacionais
devido à política diplomática do governo Lula. Nos dias atuais o país vem passando por
um desafio, pois a crise econômica, ampliada em função da pandemia da COVID-19,
nos anos de 2020/2021 e com a crise política do governo atual, o país tem registrado
baixo crescimento. Quando comparado aos países membros do grupo, o crescimento
para 2022, é avaliado como o menor. Para o Fundo Monetário Internacional (FMI) “o
crescimento esperado para o país em 2022 é o menor projetado em relação a outros
países emergentes como Rússia, Argentina e África do Sul” (CARRANÇA, 2021, s.p.).
Nesta direção, na América do Sul, o Brasil é lembrado por sua forte posição no
MERCOSUL. Na América Latina, o Brasil se caracteriza pelas desigualdades sociais e
condições de subdesenvolvimento, assim como por sua liderança regional em virtude
do grande número populacional e o desenvolvimento industrial da região.
154
Para a Michel Alaby (2020, s.p.), em sua plataforma eletrônica, nos últimos anos
o Brasil “abriu mão de sua liderança natural na América Latina em questões políticas e
de integração econômica, energética e comercial, permitindo que nosso peso político
na região diminuísse”.
As relações do Brasil com seus países vizinhos na América Latina são muito
importantes para manter estabilidade entre as relações comerciais. Essas devem ser
mantidas por questões políticas e econômicas.
Para Sorj e Fausto (2013, p. 8) “a América Latina tem sido dominada pelo
discurso da integração regional”, essa integração tem resultado em “termos de fluxos
de investimentos, de bens, serviços, de pessoas e de infraestrutura”. Por exemplo,
“as exportações brasileiras para a América Latina [...] (SORJ E FAUSTO, 2013, p. 8).
As principais exportações do Brasil para seus países vizinhos estão nos produtos
manufaturados e nas commodities (ALABY, 2020).
Esse espaço vem sendo perdido em função da expansão dos produtos chineses
em escala global, com isso o número de importações da Ásia tem aumentado nos
últimos anos pelos países latino-americanos.
Nessa relação, a China ao longo dos últimos anos, desde 2000, tornou-se um
importante parceiro comercial dos países da América Latina e da América do Sul. O
país asiático “firmou uma série de acordos de cooperação econômica e tecnológica
com países latino-americanos, oferecendo garantias de que as relações econômicas
bilaterais se desenvolverão de maneira saudável e sólida” (COLABORAN [...], 2008, s.p.).
Com essa cooperação, a abertura de mercados, as políticas de mitigação sociais e o
aumento das exportações o Brasil tornou-se um grande parceiro da China, e também
foi modelo econômico a ser seguido, principalmente no governo Lula, devido às políticas
sociais, para mitigação da pobreza.
155
Para Abi-Rama (2020) o papel brasileiro na América do Sul pode-se analisar a
partir de diferentes percepções, tais como subimperialismo, capital-imperialismo, posição
intermediária do país entre os centros imperialistas e a periferia. Para esclarecermos o
imperialismo e o subimperialismo descrito na fala de Abi-Rama, o autor destaca que:
Portanto, o Brasil tem uma atuação regional muito importante que determina
suas relações fronteiriças, seja no mercado inter-regional ou no mercado internacional.
Essas relações fronteiriças do Brasil tornam-se importantes, pois de acordo com a
Castilho (2015, p. 1-2) “a faixa de fronteira brasileira abarca 11 Unidades da Federação,
588 municípios e mais de 10 milhões de habitantes. A extensão de suas [...] fronteiras e
o número de países com os quais faz divisa conferem à região papel central na integração
regional com os vizinhos sul-americanos e também no desenvolvimento do país”.
156
2.1.1 As relações fronteiriças do Brasil
Acadêmico, antes de discutirmos as principais relações fronteiriças no Brasil, é
importante distinguir alguns conceitos, como fronteira, limite e divisa. As fronteiras são conhecidas
pela separação entre países, essas podem ser artificiais (pontes, estradas, monumentos, ou seja,
criada pelas pessoas) e naturais (montanhas, vales, rios, criadas pela natureza).
A divisa, por sua vez, é usada para separar estados, como divisas entre Santa
Catarina e Paraná, por exemplo. E os limites são usados para separar os municípios, como
Blumenau e Pomerode. Dito isto, nosso estudo discorrerá sobre as fronteiras entre o Brasil.
Os únicos países que não fazem fronteira com o Brasil são o Chile e o Equador.
Observe o Quadro 1, ele retrata as extensões territoriais de fronteiras entre os países da
América do Sul e o Brasil.
PAÍSES DEFINIÇÕES
A fronteira do Brasil com a Bolívia tem extensão de 3.423,2 km, dos
quais 2.609,3 km são por rios e canais, 63,0 km por lagoas e 750,9 km
BOLÍVIA
por linhas convencionais. Estados brasileiros que fazem fronteira com a
Bolívia: Acre, Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
A fronteira do Brasil com o Peru tem extensão de 2.995,3 km, dos quais
2.003,1 km são por rios e canais, 283,5 km por linhas convencionais e
PERU
708,7 km por divisor de águas. Estados brasileiros que fazem fronteira
com o Peru: Acre e Amazonas.
A fronteira do Brasil com a Venezuela tem extensão de 2.199,0 km, dos quais
VENEZUELA 90,0 km são por linhas convencionais e 2.109,0 km por divisor de águas.
Estados que fazem fronteira com a Venezuela: Amazonas e Roraima.
A fronteira do Brasil com a Colômbia tem extensão de 1.644,2 km, dos
quais 808,9 km são por rios e canais, 612,1 km por linhas convencionais
COLÔMBIA
e 223,2 km por divisor de águas. Estado brasileiro que faz fronteira com
a Colômbia: Amazonas.
A fronteira do Brasil com a Guiana tem extensão de 1.605,8 km, dos
GUIANA quais 698,2 km são por rios e canais e 907,6 km por divisor de águas.
Estados brasileiros que fazem fronteira com a Guiana: Roraima e Pará.
A fronteira do Brasil com o Paraguai tem extensão de 1.365,4 km, dos quais
PARAGUAI 928,5 km são por rios e 436,9 km por divisor de águas. Estados brasileiros
que fazem fronteira com o Paraguai: Paraná e Mato Grosso do Sul.
157
A fronteira Brasil com a Argentina tem extensão de 1.261,3 km, dos
quais 1.236,2 km são por rios e apenas 25,1 km por divisor de águas.
ARGENTINA
Estados brasileiros que fazem fronteira com a Argentina: Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul.
A fronteira do Brasil com o Uruguai tem extensão de 1.068,1 km, dos
quais 608,4 km são em rios e canais, 140,1 km em lagoas, 57,6 km por
URUGUAI
linhas convencionais e 262,0 km por divisor de águas. Estado brasileiro
que faz fronteira com o Uruguai: Rio Grande do Sul.
A fronteira do Brasil com a Guiana Francesa tem extensão de 730,4 km,
GUIANA
dos quais 427,2 km são por rios e 303,2 km por divisor de águas. Estado
FRANCESA
brasileiro que faz fronteira com a Guiana Francesa: Amapá.
A fronteira do Brasil com o Suriname tem extensão de 593,0 km, dos
SURINAME quais os 593,0 km são por divisor de águas. Estados brasileiros que
fazem fronteira com o Suriname: Amapá e Pará.
FONTE: Castilho (2015, p. 1-2)
158
De acordo com Santos e Barros (2016, p. 56),
DICA
Prezado acadêmico! Se você tem interesse sobre o surgimento das fronteiras no Brasil,
recomendamos o livro do professor Soares Teixeira intitulado “História da formação
das fronteiras do Brasil”. O livro discorre sobre a história e a geopolítica construtoras de
fronteiras; a fusão das fronteiras do Brasil; o imperialismo inglês e francês na Amazônia
brasileira; demarcação das fronteiras do Brasil com as Guianas francesa, holandesa e inglesa;
fronteira com a Venezuela; do Brasil com a Colômbia; a fronteira do Peru é abordada sobre
uma leitura do grande caminho do Pacífico para o Atlântico; destaca as relações de
pressões na fronteira do Brasil com a Bolívia; os limites do Brasil com o Paraguai,
Argentina e Uruguai e, por fim, faz uma abordagem de como há interesses em
torno do mar nessas fronteiras e as delimitações marítimas dos territórios da
América do Sul. Para adquirir o livro você pode acessar o link a seguir e baixá-lo
em seu computador. Acesse: https://bit.ly/37hYyFt.
159
3 AS POLÍTICAS EXTERNAS BRASILEIRAS
Você sabia que no Brasil temos um Ministério das Relações Exteriores? Ele é o
responsável pela política externa do país. Ela é considerada como “uma política pública, ou
seja, um conjunto definido de medidas, decisões e programas utilizados pelo governo de
um país”. As políticas externas dos países direcionam-se para negociações econômicas,
comerciais, aproximação política e cultural. Essas políticas podem ser definidas de duas
formas: bilateralmente: relação entre dois países e multilateralmente: quando os
países participam de organizações ou fóruns internacionais.
Após essa breve abordagem em que caracterizamos o que é política externa, quais
são os agentes responsáveis e como ela atua de forma mais genérica, agora nos deteremos
nas especificidades do Brasil. O país sempre foi considerado um Estado diplomático, ou
seja, mais pacífico. Assim, a forte diplomacia do Brasil é uma grande característica do país
nas relações exteriores. Os princípios que regem nossa política externa concentram-se
em: soberania, autonomia, desenvolvimento nacional e não intervenção.
Na história do Brasil, o início das relações exteriores foi marcado pelo “pai da
diplomacia brasileira” o Barão do Rio Branco, cujo nome oficial era José Maria da Silva
Paranhos Júnior. O Barão esteve no Ministério das Relações Exteriores no início do
século XX (1902-1912). Nos dez anos que atuou no Ministério marcou sua gestão “por
160
grandes feitos, como a negociação para o estabelecimento das fronteiras territoriais
e uma arquitetura política relativamente estável e mais amistosa com os países da
América do Sul” (BORELLI, 2017b, s.p.).
DICA
Para saber mais do processo histórico das relações exteriores em diversos
períodos históricos recomenda-se o estudo do livro de CERVO, A.; BUENO,
C. História da política exterior do Brasil. 2. ed. Brasília: Editora Universidade
de Brasília, 2002, que se encontra disponível na internet.
161
“desentendimentos quanto às fronteiras entre os países, a liberdade de navegação dos
rios platinos, as disputas pelo poder por parte das facções locais” (GOIÁS, 2022, s.p.).
4 CONFLITOS COLONIAIS
O período colonial ficou marcado pelo domínio de Portugal sobre o território
brasileiro. Esse período histórico também foi marcado por revoltas e conflitos. As revoltas
desse período ficaram divididas em nativistas e separatistas. Essas revoltas ocorrem
devido ao regime político da época, o Pacto Colonial, que regia o mercantilismo entre os
Estados. A lógica desse regime pautava-se na relação econômica entre a metrópole e
a colônia. Para alguns historiadores, esse regime determinava que a colônia servia para
atender às necessidades da metrópole.
162
FIGURA 2 – CONFLITOS NO PERÍODO COLONIAL
163
No que tange às revoltadas nativistas, a Revolta dos Beckman ocorreu no estado do
Maranhão em 1684. Tinha como objetivo melhorias na administração colonial. Essa revolta
foi liderada por dois irmãos: Manuel Beckman e Tomas Beckman. A Revolta dos Emboabas
tinha como objetivo lutar pela exclusividade na exploração do ouro. Os bandeirantes foram
a principal figura dessa guerra, que aconteceu entre 1708 e 1709. A Guerra dos Mascates
por sua vez ocorreu no estado de Pernambuco, entre 1710 e 1711. O conflito era entre os
senhores de engenho de Olinda e os comerciantes portugueses que viviam em Recife. De
acordo com Brandão (2014, s.p.) as revoltas nativistas “focavam em insatisfações pontuais
contra o domínio português para melhorar certas condições de ordem pública”.
Outra revolta nativista que merece atenção é a de Filipe Santos (ou Vila Rica), ocorrida
no ano de 1720, que marcou o “descontentamento dos donos de minas de ouro em Vila Rica
com a cobrança do quinto e a instalação das casas de fundição” (NAUJORKS, 2020, p. 2).
164
Baiana por sua vez teve como objetivo separar o Brasil de Portugal e pôr fim ao trabalho
escravo. Esta revolta ocorreu em 1798. Os conflitos fazem parte da história do Brasil,
estes determinaram a constituição de novos espaços, novas relações de poder, novas
posturas políticas e novas relações econômicas.
O estudo sobre esse pedaço da América nos permite compreender as raízes dos
países platinos, pois “o Prata carrega consigo um conjunto de experiências políticas,
culturais, étnicas, surgimento de identidades e de atores sociais que modelam e
reinventam a todo momento as relações sociais e os conflitos políticos ali estabelecidos”
(SIQUEIRA, 2018, p. 65).
165
Cisplatina era “garantir o controle sobre o estuário (porto) sul da América e sobre todo o
comércio que era transportado ali”; garantir o domínio sobre parte das colônias espanholas”,
Apesar desses objetivos gerais da Guerra, cada país tinha seus próprios
interesses sobre o território. Para o Brasil o desejo era colocar “fim à rebelião e retomar
o controle da Cisplatina”. Para o Uruguai, o principal objetivo era “anexar a região às
Províncias Unidas (Argentina)” e para as Províncias Unidas “derrotar o Brasil e garantir
a anexação da Cisplatina” (SILVA, 2022, s.p.). A Guerra não permitiu nem ao Brasil nem
as Províncias anexar seu território sob domínio da Cisplatina, pelo contrário, assinaram
acordo de paz e concederam a independência da Cisplatina.
De acordo com Moura (2016, s.p.), em seu atlas da história brasileira o Barão
“não acreditava que a contenda, da problemática do Acre, pudesse ser resolvida por
meio de decisão arbitral baseada em documentação histórica, já que aquele território
jamais fora reconhecido como brasileiro”.
A era do Rio Branco foi marcada nos governos de Rodrigo Alves (1902 – 1906);
Afonso Pena (1906 – 1909); Nilo Peçanha (1909 – 1910) e Hermes da Fonseca (1910 –1914).
A diplomacia permitiu que sua atuação fosse além da relação com a compra do Acre.
Estabeleceu negociações de fronteiras com “Argentina, Bolívia, Guiana Francesa e Peru”.
Outro fator preponderante de seu trabalho foi a “promoção dos fluxos migratórios para
o Brasil e agente no processo de estabelecimento da ordem institucional burocrática
da Primeira República” (MOURA, 2016, s.p.). A postura diplomática e apaziguadora
fez com que o Barão fosse o responsável por lançar uma nova política internacional
para o Brasil. De acordo com Burns (1964, p. 381), a política externa do Brasil, sob a
166
liderança de Rio Branco tinha como objetivos “igualdade das nações, aceitação do novo
corolário da Doutrina de Monroe, uma amizade mais estreita com os Estados Unidos e o
engrandecimento do Brasil”.
Vemos que, as relações do Brasil no contexto mundial vão além das políticas
atuais, elas têm como base um processo histórico de relações externas assim como,
evidenciam o papel dos políticos, diplomatas na tomada de decisões e articulações com
outros países, seja na disputa territorial ou nas relações econômicas.
167
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• O território é definido como um espaço social, que só pode existir sob uma sociedade
que o crie e o qualifique.
• As relações do Brasil com seus países vizinhos na América Latina são muito
importantes para manter estabilidade entre as relações comerciais.
• A parceria econômica dos países latino-americanos com a China é muito importante para
as exportações e o papel que esses países exercem nas relações econômicas mundiais.
• As políticas externas do país são consideradas como uma política pública, ou seja, um
conjunto definido de medidas, decisões e programas utilizados pelo governo de um país.
168
AUTOATIVIDADE
1 Com base no que estudamos sobre as relações internacionais do Brasil, vimos que nossa
Constituição de 1988, em seu artigo 4º, rege essas relações com base em alguns princípios.
Esses buscam a integração econômica, política, social e cultural nas relações internacionais
com outros países. Sobre estes princípios que regem as relações internacionais, de acordo
com a Constituição brasileira de 1988, assinale a alternativa CORRETA:
I- As fronteiras são conhecidas pela separação entre países, essas podem ser
artificiais (pontes, estradas, monumentos, ou seja, criada pelas pessoas) e naturais
(montanhas, vales, rios, criadas pela natureza). A divisa, por sua vez, é usada para
separar estados. Os limites são usados para separar os municípios.
II- O Brasil é um país que tem a faixa de fronteira delimitada com os 12 países da América do Sul.
III- Todas as fronteiras entre os Estados decorrem da necessidade de separar os territórios
e delimitar a soberania de cada país. Cada fronteira determina onde começa e onde
termina um país, ou seja, onde está demarcado o poder do país sobre o território no
169
qual este se localiza. Essas fronteiras servem também para proteger o território e evitar
entrada ilegal de pessoas, armas, drogas, contrabando de uma forma geral.
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
5 A guerra da Cisplatina ocorreu entre 1825 e 1828 no período Imperial do Brasil, que
envolveu nosso território e Buenos Aires. A província Cisplatina, hoje, é território do
Uruguai. A origem do conflito teve como principal motivo o bloqueio naval dos portos do
Rio da Prata. Neste contexto, disserte sobre os principais fatores históricos da guerra.
170
UNIDADE 3 TÓPICO 2 -
DOS CONFLITOS FRONTEIRIÇOS À
COOPERAÇÃO: RELAÇÕES ENTRE BRASIL E
ARGENTINA
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 2, abordaremos as relações entre o Brasil e a Argentina.
Essas relações nem sempre foram tão harmônicas como nos dias atuais. Historicamente,
as relações entre esses dois países já foram de aproximação e de muita desconfiança. Os
países já se enfrentaram em conflitos geopolíticos e ambos tiveram governos militares,
que resultaram na perda da democracia dos países.
171
2 AS RELAÇÕES REGIONAIS NA BACIA DO PRATA NO
DECORRER DA HISTÓRIA
A Bacia do Prata ou Bacia Platina como é conhecida é a segunda maior bacia
hidrográfica do planeta e tem grande importância para a América do Sul. A bacia hidrográfica
é constituída como um conjunto de terras delimitadas pelos divisores de águas que são
drenadas pelo rio principal, seus afluentes e subafluentes (O QUE É [...], 2013).
A Bacia Platina ocupa um território com cerca de 3,1 milhões de km², abrange o
Brasil, Uruguai, Bolívia, Paraguai e Argentina. Esse “complexo hidrográfico está centrado
no rio Paraná [...] que é responsável pelo abastecimento de água de grande parte da
região da Tríplice Fronteira” (OLIVEIRA; CAZALBÓN; RODRIGUES, 2019, p. 3).
Esta bacia, portanto, tem grande potencial econômico, o que a torna área de
disputas territoriais e conflitos geopolíticos. Como podemos observar na Figura 3, a
abrangência territorial da Bacia do Prata apresenta uma grande extensão que envolve
diversos territórios com interesses distintos.
172
Ao observarmos o mapa vemos que esse grande potencial hídrico que se
estende na América do Sul é muito importante para a geração de energia. Isso sempre
foi um fator importante para o desenvolvimento industrial do Brasil e da Argentina.
Qualquer território estratégico será palco de conflitos. A Bacia Platina é uma área
de estratégias para os países banhados por ela, pois envolve não só a produção energética,
como a navegação, escoamento produtivo e a subsistência das populações do seu entorno.
173
QUADRO 2 – RELAÇÃO BILATERAL – BRASIL E ARGENTINA
Relações
Estratégia de inserção Relações Argentina-
PERÍODO Argentina-
global da Argentina América Latina
Brasil
Instabilidade Dependência em relação Isolacionismo e não
estrutural com à Grã-Bretanha, europe- ingerência. Apesar disso,
1810-1898
predomínio da ísmo e enfrentamento intervenções no Uruguai
rivalidade com os EUA. e Guerra do Paraguai.
Neutralidade nas guerras Protagonismo
1898-1914 Instabilidade mundiais. diplomático e mediação
conjuntural
1914-1945 Terceira posição: autonomia na Guerra do Chaco.
e busca de
heterodoxa em relação aos Busca de integração
cooperação com
EUA e universalização de comercial. Tentativa
1946-1955 momentos de
contatos diplomáticos e de “exportação” do
rivalidade
comerciais. peronismo.
174
Um dos marcos mais decisivos para essa aproximação foi o fim das ditaduras militares
vivenciadas pelos países na década de 1980. A Argentina teve o fim de sua ditadura em
1983 e o Brasil em 1985.
Nos últimos anos, com a crise econômica que a Argentina vivencia, nossas
exportações caíram consideravelmente para o país. Segundo Bueno (2021, s.p.), “em
2019 tínhamos vendido 9.723,83 US$ Bilhões para os amigos argentinos. Já em 2020,
exportamos para os argentinos apenas 8,5 US$ bilhões, portanto, uma queda de 13,3%
nas vendas”. A articulação entre esses dois países, a cooperação e as relações bilaterais
tornam-se muito importantes para a economia da América do Sul, ambos fortalecem o
MERCOSUL assim como, as relações regionais.
175
Para Grassi (2019, p. 3) a
De acordo com Brasil (2014, s.p.) “as relações bilaterais são estratégicas para a
inserção do Brasil na região e no mundo”.
176
América do Sul”. Nessa integração bilateral temos o fortalecimento da “economia e da
indústria dos dois países” (BRASIL, 2014, s.p.).
Para o Ministério das Relações Exteriores do Brasil “a forte dinâmica bilateral, marcada
pelo elevado percentual de produtos de alto valor agregado, tem importantes impactos em
setores estratégicos das duas economias, sobretudo na indústria” (BRASIL, 2014, s.p.).
No entanto, a maior instância bilateral entre esses países, que é responsável pelas
políticas binacionais para a fronteira é a Comissão de Cooperação e Desenvolvimento
Fronteiriço (2011) que vem atuando desde 2011 e atendendo as demandas da integração
fronteiriça entre os países (BRASIL, 2014).
ANO ACONTECIMENTO
1821 – O governo português, instalado no Rio de Janeiro, é o primeiro a
reconhecer a independência Argentina.
1823 – Argentina é o primeiro país a reconhecer a independência do Brasil
e a estabelecer relações diplomáticas com o império.
1825 – O Congresso de Buenos Aires proclama a reintegração da Banda
1821-1833 Oriental ao território argentino. A Argentina rompe relações com o Brasil,
que declara guerra. Início da Guerra da Cisplatina.
1828 – Assinada, no Rio de Janeiro, Convenção de Paz que põe fim à
Guerra da Cisplatina e formaliza a independência do Uruguai.
1833 – O Brasil reconhece o direito argentino sobre as ilhas Malvinas,
ocupadas pelo Reino Unido.
177
1850 – Rompimento das relações diplomáticas do Brasil com o governo de
Juan Manuel de Rosas, na Argentina.
1851 – Firmado, em Montevidéu, Convênio para uma aliança ofensiva e
defensiva contra Rosas entre Brasil, Uruguai e as províncias argentinas de
Entre Ríos e Corrientes. Rosas declara guerra ao Império brasileiro.
1852 – Juan Manuel de Rosas é derrotado pela coalizão entre Brasil,
1850-1870
Uruguai e as províncias argentinas de Entre Ríos e Corrientes.
1856 – Celebrado o Tratado de Amizade, Comércio e Navegação entre o
Brasil e a Argentina, que garante a livre navegação do rio da Prata.
1864 – Início da Guerra do Paraguai.
1865 – Brasil, Argentina e Uruguai assinam o Tratado da Tríplice Aliança.
1870 – Fim da Guerra do Paraguai.
1889 – Brasil e Argentina firmam Tratado de Arbitramento para a pronta
solução da questão de limites pendente na região de Palmas
1889 – A Argentina reconhece o regime republicano no Brasil (19 de
1889-1899
novembro) 1898 – Firmado tratado de limites entre Brasil e Argentina.
1899 – O presidente da Argentina, Julio Roca, visita o Brasil. É a primeira
visita oficial de um chefe de Estado estrangeiro ao país.
1900 – O presidente do Brasil, Campos Sales, visita a Argentina. É a primeira
visita, em caráter oficial, de um chefe de Estado brasileiro ao exterior.
1922 – Elevada à categoria de Embaixada a Legação do Brasil em Buenos Aires.
1935 – O presidente do Brasil, Getúlio Vargas, viaja ao Prata e realiza visita oficial
1900-1969 à Argentina. Brasil e Argentina fazem mediação da solução da Guerra do Chaco.
1961 – Encontro de Uruguaiana, entre os presidentes Jânio Quadros (Brasil) e
Arturo Frondizi (Argentina), no qual se assina o Convênio de Amizade e Consulta.
1969 – Assinatura do Tratado da Bacia do Prata, por Brasil, Argentina,
Bolívia, Paraguai e Uruguai.
1972 – O presidente da Argentina, Alejandro Lanusse, visita o Brasil e assina com
o presidente do Brasil, Emílio Médici, acordos bilaterais de integração física.
1977 – Divergências sobre a Usina de Itaipu levam ao fechamento da
fronteira entre Brasil e Argentina. São iniciadas conversas trilaterais para
tratar da construção da usina.
1979 – Brasil, Argentina e Paraguai assinam o Acordo Tripartite sobre
Coordenação Técnico-Operativa para o Aproveitamento Hidrelétrico de
Itaipu e Corpus.
1972-1988
1980 – Visita do presidente do Brasil, João Baptista Figueiredo, à Argentina.
Desde 1935 um presidente brasileiro não visitava o país.
1980 – O presidente da Argentina, Jorge Videla, visita o Brasil.
1982 – O Brasil se mantém neutro na Guerra das Malvinas, mas reconhece
a soberania Argentina sobre as ilhas.
1985 – Início do processo de aproximação Brasil-Argentina. "Declaração
de Iguaçu" é firmada pelos presidentes José Sarney e Raúl Alfonsín, na
fronteira entre os países (30 de novembro).
178
1986 – O presidente do Brasil, José Sarney, realiza visita de Estado à
Argentina. É assinada a "Ata de Integração Brasileiro-Argentina", que
estabelece o Programa de Integração e Cooperação Econômica (PICE)
1988 – Assinatura do Tratado de Integração, Cooperação e Desenvolvimento,
com base no PICE.
1990 – Assinatura da Ata de Buenos Aires pelos presidentes Fernando
Collor e Carlos Menem. Brasil e Argentina decidem conformar um mercado
comum até o final de 1994 (6 de julho).
1991 – Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai firmam o Tratado para a
1990-1995 constituição do Mercado Comum do Sul (Mercosul).
1991 – Criação da Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle
de Materiais Nucleares (ABACC).
1995 – Entrada em vigor da União Aduaneira do MERCOSUL, com a adoção
de tarifa externa comum (TEC).
2002 – Luiz Inácio Lula da Silva visita Argentina em sua primeira viagem
como presidente eleito (2 de dezembro).
2002 – Visita ao Brasil do presidente da Argentina, Eduardo Duhalde.
2004 – Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Néstor Kirchner assinam
a Ata de Copacabana (março).
2002-
2006 – Visita de Estado do presidente da Argentina, Néstor Kirchner, ao
2007
Brasil (janeiro).
2007 – Visita de trabalho do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva,
à Argentina (27 de abril).
2007 – Adoção do Mecanismo de Integração e Coordenação Bilateral
Brasil-Argentina – MICBA (dezembro).
2011 – Visita da presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, à Argentina, para a posse
da presidenta Cristina Kirchner, em seu segundo mandato (10 de dezembro).
2012 – Visita do ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antonio de
Aguiar Patriota, à Argentina. Criação do "Diálogo de Integração Estratégica"
(11 de outubro).
2015 – Visita da presidenta da República Argentina, Cristina Fernández de
Kirchner, a Brasília, por ocasião da XLVIII Cúpula dos Chefes de Estado do
2011-2016 Mercosul e Estados Associados (17 de julho).
2015 – Reunião de trabalho entre a presidenta Dilma Rousseff e a presidenta
da República Argentina, Cristina Fernández de Kirchner (17 de julho).
2016 – Em sua primeira viagem ao exterior, o ministro José Serra visita
Buenos Aires, ocasião em que mantém encontro de trabalho com a chanceler
Susana Malcorra e é recebido pelo presidente Mauricio Macri. Assinatura do
Memorando de Entendimento entre o Brasil e a Argentina para a Criação do
Mecanismo de Coordenação Política Brasil-Argentina (23 de maio).
179
2017 – I Reunião do Mecanismo de Coordenação Política Brasil-Argentina
(Brasília, 30 de maio).
2018 – Viagem do secretário-geral das Relações Exteriores à Argentina.
I Reunião do Diálogo Político-Estratégico Brasil-Argentina. II Reunião do
Mecanismo de Coordenação Política Brasil-Argentina (16 de abril).
2018 – Assinatura do Memorando de Entendimento entre Brasil e Argentina
2017-2019
sobre Regulamentos Técnicos do Setor Automotivo (24 de agosto).
2018 – Assinatura da Declaração de Montevidéu sobre Cooperação Nuclear
Empresarial Brasil-Argentina (17 de dezembro).
2019 – Acordo comercial Brasil-Argentina para o setor automotivo – Nota
Conjunta do Ministério das Relações Exteriores e do Ministério da Economia
(3 de outubro).
FONTE: Adaptado de Brasil (2014)
No Brasil, a ditadura militar durou 21 anos (1964-1985). Ela pode ser estudada
em três fases. A primeira, quando houve a legalização do regime autoritário, por meio de
decretos-lei e de uma nova Constituição.
180
violência, crise econômica, alta da inflação. Das ações do governo militar os Atos Insti-
tucionais (AI) merecem destaque aqui.
Os Atos intitulados por número (AI-1; AI-2; AI-3; AI-4 e AI-5) são considerados
como “leis com força constituinte, imposta pelos militares e juristas autoritários. [...] O
objetivo era reforçar o poder do Presidente da República, passando por cima das forma-
lidades constitucionais e dos direitos individuais” (ORIGENS [...], c2022, s.p.).
Observe o Quadro 4 com os principais objetivos dos principais atos, pois ao lon-
go da ditadura foram emitidos 17 Atos Institucionais.
ATO INSTITUCIONAL
OBJETIVO
(AI)
1964: foi responsável por alterar a Constituição de 1946.
AI-1 Conferiu poder aos Comandantes das Forças Armadas para
suspender direitos políticos e cassar mandatos legislativos.
1965: instituído para colocar os partidos políticos na ilegalidade
AI-2
e definir o bipartidarismo.
1966: tornou eleições para governadores estaduais indiretas,
AI-3 evitando, assim, dissidências entre o governador eleito e o
prefeito da capital.
1966: permitir a reabertura do Congresso Nacional, em recesso
AI-4 desde o golpe. O objetivo da abertura foi permitir a aprovação da
constituição de 1967 e manter a imagem de legitimidade do regime.
1968: caráter mais autoritário ao regime por meio das seguintes
medidas: suspensão do habeas corpus para determinados crimes;
fechamento do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas
AI-5 e das Câmaras de Vereadores; autorização para o Presidente
da República decretar estado de sítio por tempo indeterminado,
suspender direitos políticos e cassar mandatos eletivos; permitiu
confiscar bens privados e intervir em todos os estados e municípios.
FONTE: Adaptado de Resumo [...] (2021)
181
Só a partir de do governo Figueiredo, com a aprovação da Lei da Anistia (1979),
houve maior abertura no país. Esse último governo permitiu o retorno dos exilados,
o perdão dos crimes políticos, a extinção do bipartidarismo. A primeira eleição direta
ocorreu em 1989 com a eleição do Presidente Fernando Collor de Melo, que não chegou
ao término do seu governo sofrendo impeachment em 1992.
Para Ribeiro (2021, p. 100) “as práticas repressivas empregadas entre 1976 e
1983 ficaram conhecidas como uma “guerra suja” com o emprego do terror pelo Estado.
A repressão e as diversas formas de violência foram muito presentes na Argentina”.
O pilar da ditadura nesse país esteve voltado para: “a repressão das Forças
Armadas frente aos movimentos dos trabalhadores, a perseguição ideológica à
Resistência Peronista de 1955; a Doutrina Nacional; as experiências contraguerrilhas
internas utilizadas pelo exército francês na guerra da Argentina e da Indochina; e a
guerra contrarrevolucionária estadunidense” (RIBEIRO, 2021, p. 104).
182
DICA
• Se quiser conhecer e se aprofundar na história da Ditadura Militar no Brasil a plataforma
eletrônica Memórias da Ditadura, projeto idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog, tem
diversos conteúdos sobre esse período, imagens, documentos, documentários, apoio ao
educador com diversos materiais e planos de aulas. Para você, acadêmico de Geografia,
compreender esse período é muito importante, pois o conteúdo histórico nos ajuda a
compreender categorias importante da Geografia: política, espaço, tempo, a
questão dos meios de comunicação, entender o contexto da Guerra Fria, economia,
desigualdades sociais. Alguns desses conteúdos podem ser trabalhados por você
na sala de aula. Portanto, aproveite e pesquise no portal Memórias da Ditadura.
Disponível em: https://bit.ly/3w6hNMP.
• Outra plataforma que contribui para informações relevantes é o Memorial da
Democracia. Considerado um museu virtual por disponibilizar tantos documentos
que nos ajudam a conhecer a história marcada pela busca da democracia, pela
igualdade e pela justiça social. Disponível em: https://bit.ly/3Je9zWm.
O governo militar foi dando abertura para os movimentos, pois já não conseguia
mais sustentar a forma de governo ditatorial, as crises econômicas, os altos níveis de
inflação, as torturas, a falta de liberdade de expressão, o aumento da dívida externa,
levaram a população a continuar lutando pelos seus direitos e pressionar cada vez mais
o governo ditatorial (PARON, 2020).
183
O colapso da ditadura argentina, baseado na incapacidade da
Junta Militar de manter a governabilidade diante das dificuldades
encontradas e das diversas crises que atingiram o governo de forma
simultânea, tem no insucesso do projeto político e econômico, mas
também na atuação da sociedade civil, fatores determinantes para
falência do Proceso de Reorganización Nacional, implodido por
diversos conflitos que se tornaram insuportáveis por atingirem seu
ápice de forma concomitante.
184
alerta necessário sobre a concepção ampliada de movimento social
é que nem tudo o que muda na sociedade é sinônimo ou resultado
da ação de um movimento social. Movimentos sociais são uma das
formas possíveis de mudança e transformação social. Na segunda
acepção a categoria fundamental é de força social, traduzida
numa demanda ou reivindicação concreta, ou numa ideia-chave
que, formulada por um ou alguns, e apropriada por um grupo, se
torna um eixo norteador e estruturador da luta social de um grupo
– qualquer que seja seu tamanho – que se põe em movimento. As
colocações acima trazem à luz outros elementos essenciais para
a construção de um paradigma explicativo das ações coletivas, no
intuito de fundamentar o conceito de movimento social para além
das evidências empíricas (GOHN, 1997, p. 247-248).
185
O crescimento dos movimentos decorrentes da democratização dos países da
América Latina impactou na conquista de direitos, no reconhecimento de determinados
grupos sociais, na constante luta contra o Estado, de acordo com as diversas pautas
dos movimentos sociais.
Para Cavalcanti (2019, s.p.) "as oposições que surgirem aos regimes autoritários
na América Latina [...] incluíram diversos sujeitos e instituições sociais”. Na Bolívia, o
processo de redemocratização se deu a partir de 1978 e se consolidou em 1980.
Cavalcanti (2019, s.p.) afirma que esse processo decorreu das “pressões para que
o então presidente militar Hugo Suarez convocasse eleições diretas para a presidência”
e essas pressões se deram no âmbito dos movimentos sociais que não concordavam
com a situação política existente, as condições de repressão, desigualdades sociais e
a falta de direitos, como o de ir e vir, o de expressão, são alguns dos exemplos. Porém,
há outros fatores como as crises econômicas, as repressões que também foram pautas
dos movimentos sociais (CAVALCANTI, 2019).
186
Na Argentina, os movimentos que lutaram pela abertura política também
clamavam pelo fim da ditadura militar e pela abertura econômica. O Movimento Mães
da Praça de Maio foi um movimento de destaque na Argentina, ele “denuncia o regime
político do país, no período ditatorial e busca pelo paradeiro de seus filhos desaparecidos
durante a ditadura na Argentina” (CAVALCANTI, 2019, s.p.).
Portanto, consideramos que os Movimentos Sociais foram muito importantes para que
as pressões em torno dos regimes ditatoriais surtissem efeitos. A reconstrução dos regimes
democráticos na América Latina abriu novos horizontes sociais, políticos e econômicos.
187
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
188
AUTOATIVIDADE
1 Na América Latina, os movimentos sociais foram muito importantes para a redemocratização
dos países. Na Argentina merecem destaque vários movimentos, como o Movimento
das Mães da Praça de Maio, que lutaram pela abertura política do país e tinham uma
reivindicação própria. Sobre esse movimento, assinale a alternativa CORRETA:
2 No Brasil, a ditadura criou os Atos Institucionais que são considerados como leis. Eles
tinham força constituinte e foram impostos no período da ditadura pelos militares e
juristas e tinham como objetivo reforçar o poder do Presidente da República. Esse
poder passava por cima das formalidades constitucionais e dos direitos individuais.
Analise as sentenças a seguir:
189
3 Com a ampliação das relações entre o Brasil e a Argentina, os países se tornaram
parceiros comerciais entre si. Tanto para o Brasil, quanto para a Argentina, as relações
de importação e exportação entre si são muito importantes para o desenvolvimento
de suas economias, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
190
UNIDADE 3 TÓPICO 3 -
BLOCOS ECONÔMICOS: INTEGRAÇÃO E
LIDERANÇAS REGIONAIS DA AMÉRICA LATINA
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 3, abordaremos a origem dos blocos econômicos na
América Latina e quais são os tipos de blocos que predominam na região. A união dos
países para criação dos blocos econômicos torna-se essencial para fortalecer as relações
econômicas. No contexto atual da globalização, as relações entre os países estão cada
vez mais interligadas. E isso revela a importância dos países se articularem cada vez mais
para avançar nas trocas comerciais globais. Como vimos ao longo do nosso livro didático,
a América Latina constitui-se como uma região com baixos índices de desenvolvimento e
intensas desigualdades sociais. Contudo, muitos países da região têm forte influência na
economia mundial e nesse sentido, a articulação por meio dos blocos torna-se essencial
para fortalecer a participação dos países nas trocas comerciais globais. A integração dos
países através de blocos econômicos tem vantagens e desvantagens. As vantagens
estabelecem a facilidade de trocas comerciais através da eliminação de tarifas e barreiras
alfandegárias. Os países que participam de blocos econômicos tendem a contribuir para
o desenvolvimento interno. Por outro lado, essas articulações entre países podem impedir
relações com países fora do bloco, devido às dificuldades em relação às trocas comerciais.
191
2 ORIGEM DOS BLOCOS ECONÔMICOS
Com o fim da Segunda Guerra Mundial e o fortalecimento da economia dos Estados
Unidos, os países europeus arrasados pela guerra, com suas economias fragilizadas
buscaram soluções para se fortalecer. Uma das primeiras iniciativas foi a integração
econômica entre Bélgica, Holanda e Luxemburgo no ano de 1944, mas se consolidou
apenas em 1948. Conhecido como Benelux, esse bloco pode ser considerado como a
primeiro bloco de integração entre os países que buscavam se fortalecer economicamente.
Para Menezes e Penna Filho (2006) a integração econômica europeia foi celebrada com
a Criação da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA – 1951). Essa comunidade
“abriu caminho para o futuro da integração europeia, constituindo-se, portanto em um
marco importante da União Europeia” (MENEZES; PENNA FILHO, 2006, p. 25).
192
O processo de integração regional precisa estabelecer metas para os países, definir
suas relações de forma clara, pois envolve dificuldades nos processos de integrar uma
região. Conflitos ideológicos, oposição política, crises econômicas, não cumprimento das
medidas, desrespeito às ações delimitadas em grupos. Integrar os países regionalmente é
um desafio, mas no contexto atual, cada vez mais, torna-se necessária a relação de trocas
comerciais entre os países. Outro bloco que se constituiu no continente latino-americano
foi o Mercado Comum do Sul, tema que já abordamos em outros subtópicos.
INTERESSANTE
Acadêmico! É importante ressaltar que a União Europeia, desde 2017, iniciou um processo de
saída do Reino Unido do bloco. Esse processo ficou conhecido como Brexit (é uma abreviação
para British exit – saída britânica, na tradução literal para o português), termo usado
para falar da decisão do Reino Unido em deixar a União Europeia. Essa decisão
chamou atenção do mundo todo, pois é a primeira vez que um país deixa a União
Europeia desde sua integração. A relação do Reino Unido no bloco durou 47 anos. A
decisão foi tomada através de um plebiscito com a população em 2016, quando a
maioria optou por sair do Bloco. Apesar da decisão de saída, o Reino Unido só
saiu efetivamente em 31 de janeiro de 2020. Para saber mais, consulte o site
da BBC NEWS, que tem uma vasta explicação sobre esse debate. Disponível em:
https://bbc.in/3M3R4po.
193
QUADRO 5 – NÍVEIS DOS BLOCOS ECONÔMICOS
194
as economias estariam em condições de participarem mais do
processo. Os preços dos produtos tenderiam a ser estáveis, com
circulação favorável na região em que fossem produzidos a custos
menores. Em um mercado amplo, o salário do trabalhador e a geração
de emprego poderiam ser maiores. No plano político, as tensões e
os desentendimentos podem diminuir por causa da aproximação
proveitosa, e as fricções menores não perturbariam as relações entre
os parceiros. No aspecto cultural, se a integração funcionar, será
mais fácil entender a vivência interna dos países integrados. Ela pode
quebrar barreiras entre países vizinhos e ajudá-los no crescimento
econômico. Principalmente no atual estágio mundial, não é possível
que países de uma mesma região continuem a se ignorar no plano
comercial e histórico (MENEZES; PENNA FILHO, 2006, p. 5).
A América Latina tem se desenvolvido muito nos últimos anos com a integração
dos seus países. A ajuda mútua que se estabelece através da integração econômica
estimula o comércio interno e externo. Além dos aspectos econômicos que melhoraram
na região com a integração dos países as questões sociais também se dinamizaram,
através da inserção de novas empresas, que geraram novas fontes de renda, melhoria
do padrão de vida em alguns países, isso é reflexo da expansão comercial, que elevou o
consumo da população na região e estabeleceu novas formas de comercialização o que
impactou significativamente na região.
Apesar das melhorias que surgem com a integração regional ainda há muitos
desafios a serem enfrentados pelos países que se articulam através de blocos
econômicos. Neste sentido, nós podemos dividir a integração regional na América Latina
em relações vantajosas e desvantajosas. As principais vantagens são: desenvolvimento
195
econômico dos países, menor custo dos produtos, eliminação de tarifas de exportação
e importação e o aumento gradativo do Produto Interno Bruto. Criação de associação
de ajuda mútua, maior facilidade de locomoção entre pessoas, bens e informações,
políticas comuns de desenvolvimento econômico e social (MENDONÇA, 2022).
De acordo com Goldbaum e Luccas (2012, p. 2), o surgimento desse bloco foi uma
“iniciativa do presidente do Chile, na época, Eduardo Frei”. Essa iniciativa surgiu devido às
dificuldades enfrentadas pela Associação Latino-Americana de Livre Comércio (ALALC).
Essa associação criada em 1960, por meio do Tratado de Montevidéu tinha como objetivo
integrar os países da América Latina, mas alguns países se sentiam em desvantagens e isso
criou problemáticas internas que decorreu no atraso da integração (GOLDBAUM; LUCCAS).
Para Miranda (2006, p. 17) a criação da Comunidade Andina pode ser visualizada
em dois cenários:
196
NOTA
O Panamericanismo corresponde a uma forma de organização internacio-
nal em que interesses econômicos e interesses de hegemonia política se
mesclam em uma situação assimétrica de relações entre Estados. O pana-
mericanismo, desde seu surgimento dominado pelos Estados Unidos.
197
ampliação da participação das economias menores, devido a sua baixa produtividade. O
que consequentemente, sempre os colocava em posição de desvantagem. As economias
maiores por sua vez saíram em vantagem por terem mais condições de investir na produção
e circulação de mercadorias (MENEZES; PENNA FILHO, 2006).
198
fomentar a integração econômica entre os países da América Latina tanto em âmbito
regional quando mundial (O QUE É ALADI, 2021).
A UNASUL também tem um forte caráter político na relação dos países da América
do Sul. Atualmente tem como membros ativos o Uruguai, Guiana, Bolívia, Suriname e
Venezuela. A união dos países foi estremecida em 2012, com a suspensão do Paraguai
199
pelos membros. Para os países membros houve golpe contra o governo democrático de
Fernando Lugo. Em 2018 suspenderam sua participação na União a Argentina, o Brasil,
Chile, Colômbia, Paraguai, Peru e Uruguai e em 2019 o Equador (VELA, 2022).
Os países que integram a IIRSA são Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia,
Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela. De acordo com a o
site da Cosiplan (IIRSA [...], 2022, s.p.), a instituição “tornou-se um fórum essencial para
os doze países planejarem a infraestrutura do território sul-americano", neste sentido, a
união dos países já gerou diversos resultados, como:
200
Esses resultados são fruto dos planos de estratégia que a IIRSA vem
desenvolvendo nos últimos anos. A IIRSA, a partir de 2011, passou a integrar o trabalho
do Conselho Sul-Americano de Infraestrutura e Planejamento da UNASUL para articular
o “planejamento da integração física regional sul-americana" (IIRSA [...], 2022, s.p.).
Em 2009, a IIRSA passou a fazer parte do Conselho Sul-americano de Infraestrutura
e Planejamento (COSIPLAN) da UNASUL. O Cosiplan é considerado “um órgão de
coordenação e articulação de programas e projetos de integração da infraestrutura
regional dos países” (COSTA; GONZALEZ, 2014, p. 35). A partir dessa conjuntura a
IIRSA torna-se “um fórum técnico de planejamento da integração física e regional do
subcontinente; com funções de planejamento, avaliação e monitoramento da execução
dos projetos de integração física regional” (COSTA; GONZALEZ, 2014, p. 35).
Para Costa e Gonzalez (2014, p. 39), a IIRSA “pouco conseguiu avançar no que
tange ao desenvolvimento e à integração efetiva da infraestrutura física da região”. Por
outro lado, mesmo tendo pouco avanço, a IIRSA provocou outras iniciativas de integração
de infraestrutura na região. Os fatores de seu baixo avanço podem ser destacados pela:
Segundo Peregalli, Panez e Aguiar (2020, s.p.), “a década de 2005 a 2015 foi o
período de maior desenvolvimento da iniciativa da IIRSA, quando houve um aumento
de quase 100% no número dos projetos, passando de 335 para 562 (dos quais, até hoje,
160 foram concluídos)”.
Com isso, vemos que a iniciativa da IIRSA mesmo com um amplo objetivo
conseguiu dar passos significativos nos projetos de integração de infraestrutura. Esses
projetos podem são elaborados nas seguintes instâncias: transporte, comunicação,
rodoviário, ferroviário, hidroviário, energia, esses projetos geram a necessidade de
infraestrutura, integração entre os países, investimento financeiros, recursos humanos.
Apesar de atuar em diversos projetos, a IIRSA não conseguiu alcançar seu objetivo
principal, ou seja, não houve uma interligação física entre as principais regiões
econômicas da América do Sul. Outra aliança que merece nossa atenção é Aliança
Bolivariana para as Américas (ALBA). “A proposta dessa aliança surgiu com o presidente
da Venezuela, Hugo Chávez. Em 2001 com a realização da III Cúpula de Chefes de
Estado e de Governo da Associação de Estados do Caribe, realizada na Ilha Margarida
na Venezuela firmou-se em Havana, com a assinatura de Fidel Castro e Hugo Chávez a
criação da ALBA” (FREITAS, 2011, p. 4).
201
Para Simioni (2017, p. 53) a “ALBA é um híbrido entre Organização Internacional e
acordo multilateral”. O bloco promove acordos bilaterais ou multilaterais entre membros
e não membros, incentivando projetos transnacionais de bem-estar social e criando,
assim, um espaço para o fortalecimento da região.
IMPORTANTE
O presidente Hugo Chávez junto ao governo cubano fez a seguinte declaração sobre a
ALBA, no ano de 2004.
DECLARAÇÃO CONJUNTA
Concordamos plenamente que a ALBA não se concretizará com critérios mercantis ou interesses
egoístas de ganho empresarial ou benefício nacional em detrimento de outros povos. Somente uma
ampla visão latino-americana, que reconheça a impossibilidade de nossos países se desenvolverem
e serem verdadeiramente independentes isoladamente, poderá alcançar o que Bolívar chamou de
"... ver a formação da maior nação do mundo na América, exceto por seu tamanho e riqueza que
por sua liberdade e glória", e que Martí concebeu como "Nossa América", para diferenciá-la das
outras Américas, apetites expansionistas e imperiais. Também expressamos que o objetivo
da ALBA é transformar as sociedades latino-americanas, tornando-as mais justas, cultas,
participativas e solidárias e que, portanto, é concebida como um processo integral
que garante a eliminação das desigualdades sociais e promove a qualidade de vida e
participação efetiva dos povos na formação de seu próprio destino.
202
A ALBA é um posicionamento de negação ao neoliberalismo imposto pelos
Estados Unidos. A aliança é estratégica para beneficiar os países latino-americanos.
Em 2006, Evo Morales, introduziu a ALBA – TCP por meio do Tratado do Comércio dos
Povos. A ALBA também deve ser considerada um meio de fazer oposição à Área de Livre
Comércio das Américas (ALCA), pois essa área que visava liberar o comércio na América
Latina, só contribuiria para o desenvolvimento dos Estados Unidos (SIMONI, 2017).
De acordo com Drummond (2001, p. 7), a iniciativa para a criação da ALCA “partiu
basicamente do presidente Bill Clinton, retomando a ideia lançada por George Bush, em 1992”.
A Área de Livre Comércio (ALCA) não foi efetivada até os dias atuais. Essa ideia
em estabelecer um comércio livre que englobasse todo o continente americano poderia
favorecer o crescimento do continente, mas o que se viu ao longo do processo de
integração foram que os Estados Unidos seria o mais beneficiado e o mais controlador
dessas relações no âmbito das trocas comerciais.
Neste sentido, a ALCA estaria voltada para beneficiar a expansão produtiva dos
Estados Unidos. Como há muitas controvérsias para a implantação da ALCA os países
“têm procurado desenvolver alternativas que possam” fortalecer os países nas trocas e
integrações comerciais, e com isso surgem o “fortalecimento do MERCOSUL, da CAN, da
UNASUL” (FRANCISCO, 2022, s.p.).
203
3.1.1 A Comunidade de Estados Latino-americanos e do
Caribe (CELAC)
Assim como todos os blocos, alianças e grupos apresentados anteriormente em
nosso livro didático, a Comunidade dos Estados Latino-americanos e do Caribe (CELAC) é outra
proposta de diálogo inter-regional, que tem como membros os trinta e três países da América
Latina e Caribe. A iniciativa da CELAC teve início em 2008 com a primeira Cúpula de Chefes
de Estado e de Governo da América Latina e Caribe sobre a Integração e Desenvolvimento
(CALC). Abrangência ampla a CELAC se organizou a partir da perspectiva da “cooperação que
englobasse toda a região latino-americana". Neste sentido, de acordo com Mathias (2017, p. 4),
A CELAC é um grande passo para o diálogo entre os países membros. Esse diálogo
tem se estabelecido através de diversos temas como desenvolvimento social, educação,
desarmamento nuclear, agricultura familiar, cultura, finanças, energia e meio ambiente.
Por fim, podemos considerar a CELAC como uma novidade no âmbito das
relações internacionais entre os países latino-americanos e caribenhos. Seus membros
são: Antigua y Barbuda; Argentina, Bahamas, Barbados, Belize, Bolívia, Brasil, Chile,
Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, El Salvador, Federación de San Cristobal y Nieves,
Grenada, Guatemala, Guiana, Haiti, Honduras, Jamaica, Mancomunidad de Dominica
México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, San Vicente y las
Granadinas, Santa Lucía, Suriname, Trinidade e Tobago, Uruguai e Venezuela.
204
LEITURA
COMPLEMENTAR
A HISTÓRIA DA ALCA
Há autores que explicam essa relação a partir das diferenças nos processos de
formação dos Estados, considerando o movimento de expansão territorial dos Estados
Unidos após a declaração da independência como determinante dessa vocação,
enquanto na América Latina as lutas políticas teriam postergado a formação dos
Estados nacionais (GOROSTIAGA, 1991).
205
A Doutrina Monroe, como declaração unilateral de política externa, inaugurou
uma prática mantida pelos governos, republicanos ou democratas, que se reservaram o
direito de interpretá-la segundo seus interesses.
206
As instruções recebidas pelos delegados argentinos Roque Sáenz Peña e
Manuel Quintana foram precisas: “A formação de uma liga alfandegária americana
envolve, à primeira vista, o propósito de excluir a Europa das vantagens acordadas no
seu comércio. Tal pensamento não pode ser simpático ao governo argentino, que não
gostaria de ver enfraquecidas suas relações comerciais com aquela parte do mundo para
onde enviamos nossos produtos e de onde recebemos capitais e mão de obra”. Sáenz
Peña cumpriu bem a missão, concluindo seu discurso de oposição à união alfandegária
confrontando o lema de Monroe: “Seja a América para a Humanidade!”.
207
No plano geopolítico, a imposição da emenda Platt a Cuba, a separação do
Panamá da Colômbia e a construção e posse do canal interoceânico consagraram a
supremacia da potência emergente, que ganhava o reconhecimento das potências
europeias. O bloqueio da Venezuela por parte da Inglaterra, Alemanha e Itália, com o
objetivo de exigir o pagamento da dívida que o governo venezuelano havia suspenso,
originou a tomada de posição do presidente Roosevelt, que desenharia as relações dos
Estados Unidos com a América Latina e a Europa no século XX.
208
Apesar da retórica, o projeto de Boa Vizinhança havia sido abandonado em
prol da política de alinhamento estratégico. Os imperativos da segurança militar, no
interesse de atrelar a América Latina ao campo ocidental vis a vis da União Soviética e
de seu bloco de poder, abriram profundas gretas nas pilastras da ordem interamericana.
Foi uma época de fortalecimento da ideia de uma integração continental que excluísse
os Estados Unidos. A formação da Alalc, do Pacto Andino e do Mercado Comum Centro-Ame-
ricano foram tentativas de implantação de um modelo integracionista latino-americano. As in-
consistências e contradições entre os processos nacionais e esses projetos de integração regio-
nal foram aprofundadas pela irrupção de governos ditatoriais em muitos dos países da região.
Este período é marcado pelo esforço dos governos norte-americanos para implemen-
tar uma política para a América Latina que funcione como instrumento de recomposição do
seu papel hegemônico mundial, claramente comprometido na década de 1970. A decadência
relativa da indústria norte-americana, se comparada com as da Alemanha e do Japão, alarmava
as empresas multinacionais americanas que sofriam perdas bilionárias. Para evitar o colapso, a
proposta foi de imitar a agressividade exportadora daqueles países e diminuir o enorme déficit
comercial. Para implementar esta estratégia, os Estados Unidos necessitavam da América Lati-
na. Isto é, dos mercados da América Latina. Exatamente como um século atrás.
209
A gravíssima crise econômica e política que assolou o México no final de 1994 e
a revolta zapatista jogaram água gelada no início da vigência do tratado.
FONTE: STUART, A. M. A história da Alca. In: CODAS, G.; JAKOBSEN, K.; SPINA, R. (orgs). Alca dez anos: fracas-
so e alerta a novas negociações. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2015. Disponível em: https://
bit.ly/35XxwTC. Acesso em: 11 jan. 2022.
210
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Os principais blocos da América Latina são: CAN; ALALC; ALADI; UNASUL; IIRSA;
ALBA; ALCA; CELAC e o Mercosul.
• A integração dos países por meio de blocos econômicos tem vantagens e desvantagens.
211
AUTOATIVIDADE
1 Com base no que estudamos sobre os estágios de integração dos blocos econômicos,
vimos que há níveis diferentes que englobam características específicas para
determinar as relações entre os países membros do bloco. Os níveis de integração
são quatro, a saber: zona de livre comércio, união aduaneira, mercado comum e união
monetária. Sobre esses níveis, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) A união aduaneira tem como diferencial a Tarifa Externa Comum (TEC), ou seja,
os países membros têm as mesmas taxas de exportação e importação entre
eles. Para países de fora, os membros padronizam a taxa entre eles antes de
comercializar seus produtos.
b) ( ) O Mercosul é o único bloco que atingiu o nível de mercado comum, cuja
característica principal está no livre comércio e na circulação de pessoas, ou seja,
mão de obra, capitais e serviços.
c) ( ) A área de livre comércio tem como característica principal o uso da mesma
moeda por todos os países membros de um bloco nesse estágio.
d) ( ) A união econômica ou monetária é uma característica do antigo NAFTA, atual
USMCA Estados Unidos, México e Canadá.
212
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
213
5 A União das Nações Sul-Americanas (UNASUL) se caracteriza por ser uma entidade
com propostas culturais, sociais, políticas, ambientais e científicas e o fortalecimento
e proteção da democracia. Os países membros da UNASUL são: Argentina, Bolívia,
Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e
Venezuela. A constituição da UNASUL abriu mais possibilidades de diálogos entre
os países da América do Sul. Neste contexto, disserte sobre os conselhos que foram
estabelecidos a partir de 2008 para a organização da UNASUL.
214
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220