Antimicrobianos
Antimicrobianos
Antimicrobianos
ANTIMICROBIANOS
Eucides Batista da Silva
“O jovem médico começa a vida com vinte drogas para uma doença, já o velho médico termina sua vida
com uma única droga para vinte doenças”.
William Osler (1903)
INTRODUÇÃO
Dois importantes conceitos devem ser lembrados ao se considerar o uso dos antimicrobianos:
Estes conceitos devem sempre ser exercitados na prática clínica diária. Quando se conhece a etiologia da
doença, deve-se prescrever sempre drogas de menor espectro e maior potência. A meningococcemia, por
exemplo, é uma infecção muito grave, entretanto, não há necessidade de ampliar o espectro
antimicrobiano, mas intensificar sua potência, utilizando a penicilina G cristalina por via parenteral e em
doses altas. Nos casos de sepse grave, sem definição etiológica, por outro lado, deve-se ampliar o
espectro, procurando atingir os microorganismos mais prováveis.
Os antimicrobianos podem ser classificados de várias maneiras, considerando seu espectro de ação, o tipo
de atividade antimicrobiana, o grupo químico ao qual pertencem e o mecanismo de ação.
Eliminação dos patógenos sensíveis e recolonização por cepas resistentes, não formando vazio
ecológico;
INDICAÇÃO
A indicação de um antimicrobiano está condicionada ao diagnóstico de uma infecção cuja etiologia seja
sensível aos antimicrobianos. Infecções virais, por exemplo, não respondem ao tratamento com
antimicrobianos. Febre não é sinônimo de infecção: doenças não-infecciosas como linfoma e colagenoses
podem manifestar febre sem a presença de uma infecção. Anamnese e exame físico detalhados são
usualmente suficientes para o diagnóstico clínico de um processo infeccioso. A história epidemiológica tem
importância fundamental e muitas vezes define a etiologia.
Coletar os materiais biológicos (sangue, urina, fezes, secreções, escarro, líquido ascítico/pleural, líquor),
de acordo com o diagnóstico clínico de cada caso, para tentar isolar os germes envolvidos no processo
infeccioso e verificar sua sensibilidade, principalmente nos casos sem definição diagnóstica.
Como no primeiro atendimento usualmente não se conhece, com certeza, a etiologia, a escolha do
antimicrobiano deve procurar sempre responder sempre as seguintes questões:
A boa escolha da terapia resulta na melhora do quadro clínico. A avaliação deve procurar observar a
evolução da intensidade dos sinais e sintomas e o aparecimento de novos focos.
Lembrar que o antibiograma é um exame in vitro. A análise deve sempre considerar a evolução do quadro
clínico. Os casos de evolução desfavorável devem ter no antibiograma uma orientação para
redirecionamento da terapia.
Ação bactericida;
Espectro o mais específico possível;
Menor MIC;
Maior nível no local da infecção;
Melhor comodidade posológica;
Compatível com o estado clínico do paciente;
Menos tóxico;
Mais barato.
POSOLOGIA
As doses devem ser adequadas de acordo com a gravidade do caso. Casos mais leves devem ser
medicados com doses mais baixas e por via oral. Os casos mais graves devem ser tratados com doses
mais elevadas e por via intravenosa. Em presença de hipotensão ou hipoperfusão tecidual, não fazer
administração intramuscular. Do ponto de vista técnico pode-se afirmar que o tratamento das infecções
deve ser feito com doses que atinjam níveis maiores de concentração inibitória mínima (MIC50). Nos
casos graves as doses devem atingir níveis maiores que a concentração bactericida mínima (MIC90). De
um modo geral, estes antimicrobianos devem ser mantidos por dois a três dias após terem cessado todos
os sintomas.
SITUAÇÕES ESPECIAIS
São situações em que a prescrição dos antimicrobianos deve ser adaptada às condições do paciente, como
na insuficiência renal, insuficiência hepática, interação com outras drogas, gestação, lactação, recém-
nascidos ou idosos.
O ajuste pode ser feito de duas formas: diminuindo-se as doses do medicamento ou aumentando o
intervalo entre as doses. Em ambos os casos o clearance de creatinina estimado é o parâmetro que deve
ser utilizado para cálculo do ajuste.
Utilizando-se a dose fracionada de aminoglicosídeo, empiricamente, pode ser calculado o intervalo entre
as semanas. Este cálculo é feito multiplicando-se o valor da creatinina sérica por uma constante para se
calcular o intervalo das doses:
Uso recente de aminoglicosídeos, doses Sem uso recente de aminoglicosídeos, doses normais
elevadas, tratamento prolongado, intervalos ou ajustadas, tratamento curto, dose única diária
curtos
Outras drogas concomitantes: Outras drogas concomitantes:
LEITURA SUGERIDA
3. BAUGHMAN, R. P. Antibiotic resistance in the intensive care unit. Curr Opin Crit Care, v. 8, n. 5, p.430-
4, 2002.
4. PARADISI, F.; CORTI, G.; SBARAGLI, S., et al. Effect of antibiotic pretreatment on resistance. Semin
Respir Infect, v. 17, n. 3, p.240-5, 2002.
7. GOULD, I. M. Antibiotic policies and control of resistance. Curr Opin Infect Dis, v. 15, n. 4, p.395-400,
2002.
Legenda: Amp. = ampola; Fr. = frasco; Fr.-amp. = frasco ampola; Cáps = cápsulas; Comps.=comprimidos; Susp.=suspensão; VO=via oral; IV=intravenoso;
IM=intramuscular; AD=adultos; SMX=sulfametoxazol