Cartilha Solos Norte PR Versao Final
Cartilha Solos Norte PR Versao Final
Cartilha Solos Norte PR Versao Final
Cornélio Procópio – PR
2024
Copyright© 2024 – Núcleo Estadual do Paraná da Sociedade Brasileira de Ciência do
Solo
Os conceitos e opiniões emitidos pelos autores dos capítulos são de
responsabilidade deles. É permitida a reprodução parcial ou citação, desde que
citada a fonte. É proibida a reprodução total desta obra sem a autorização prévia, e por
escrito, dos respectivos autores.
ISBN: 978-85-69146-10-0
2024 - 1ª edição
Fotos da capa: Jully Gabriela Retzlaf de Oliveira
Capa: Alysson Oliveira de Carvalho
Editoração: Marcelo Ricardo de Lima
Revisão: Ana Carla da Silva Lima
Vários autores.
Bibliografia.
ISBN 978-85-69146-10-0
24-204463 CDD-370.113
Índices para catálogo sistemático:
1. Solos : Conservação : Educação 370.113
Aline Graziele Benitez – Bibliotecária – CRB-1/3129
ii
AUTORES
Alan Alves Alievi
Licenciado em Geografia, Doutor em Geografia.
Professor QPM em Geografia – SEED-PR, Professor CRES da Universidade Estadual
do Norte do Paraná - UENP, Campus Cornélio Procópio/PR - Curso de Geografia.
E-mail: [email protected]/[email protected]
iii
Lygia de Oliveira Ribeiro
Licenciada em Geografia, Doutoranda em Geografia.
Professora da Rede Municipal de Santo Antônio da Platina/PR.
E-mail: [email protected]
iv
SUMÁRIO
3.1 LATOSSOLOS.................................................................................. 18
3.2 NITOSSOLOS................................................................................... 22
3.3 ARGISSOLOS................................................................................... 26
3.4 NEOSSOLOS.................................................................................... 30
6. REFERÊNCIAS......................................................................... 57
v
CONHECENDO OS SOLOS DAS
MESORREGIÕES NORTE
CENTRAL E NORTE PIONEIRO
DO PARANÁ
Abordagem para educadores do
ensino fundamental e médio
Jully Gabriela Retzlaf de Oliveira
Francisco Carlos Mainardes da Silva
Pedro Rodolfo Siqueira Vendrame
Graziela Moraes de Cesare Barbosa
José Francirlei de Oliveira
Osvaldo Guedes Filho
Lygia de Oliveira Ribeiro
Ana Carolina da Silva
Alan Alves Alievi
1
dos organismos vivos; c) a produção primária, a assimilação ou
acumulação de energia e nutrientes pelos organismos; d) a ciclagem de
nutrientes para aproximadamente 20 nutrientes essenciais para a vida,
incluindo nitrogênio e fósforo, que percorrem os ecossistemas e são
mantidos em diferentes concentrações; e) a ciclagem da água, que
percorre os ecossistemas e é essencial para os organismos vivos.
Já os serviços de provisão reportam ao abastecimento de
alimentos, fibras, madeira e água e fornecem os produtos obtidos dos
ecossistemas, incluindo: a) comida com uma vasta gama de alimentos; b)
produtos derivados de plantas, animais e micróbios; c) fibras como
madeira, juta, algodão, cânhamo, seda e lã; d) combustível, madeira,
esterco e outros materiais biológicos que servem como fontes de
energia; e) recursos genéticos que incluem os genes e informações
genéticas usadas para animais e melhoramento de plantas e
biotecnologia; f) produtos bioquímicos, remédios naturais e produtos
farmacêuticos, medicamentos, biocidas, aditivos alimentares como
alginatos e materiais biológicos derivados de ecossistemas; g) recursos
ornamentais, produtos animais e vegetais, como peles, conchas, plantas
e flores usadas como ornamentos e no paisagismo; h) água doce fresca
obtida de ecossistemas, portanto, o abastecimento de água pode ser
considerado um serviço de provisão. A água doce dos rios também é
uma fonte de energia, assim como a água é necessária para a existência
de outras formas de vida. No entanto, também pode ser considerada um
serviço de apoio.
Os serviços reguladores são aqueles que afetam o clima e as
enchentes, degradam resíduos, controlam doenças e mantêm ou
aumentam a qualidade da água. Os serviços de regulação incluem: a)
regulação da qualidade do ar, pois os ecossistemas contribuem na
extração de produtos químicos da atmosfera, influenciando muitos
aspectos da qualidade do ar; b) a regulação do clima, visto que os
ecossistemas influenciam o clima local e globalmente. Em escala local,
por exemplo, mudanças na cobertura da terra podem afetar a
2
temperatura e a precipitação. Na escala global, os ecossistemas
desempenham um papel importante no clima, sequestrando ou emitindo
gases de efeito estufa; c) a regulação da água, pois o momento e a
magnitude do escoamento, inundações e recarga de aquíferos podem ser
fortemente influenciados por mudanças na cobertura da terra, incluindo,
em particular, alterações que afetam o potencial de armazenamento de
água do sistema, como a conversão de zonas úmidas ou a substituição de
florestas por terras de cultivo ou terras de cultivo por áreas urbanas; d) a
regulação da erosão, pois a cobertura vegetativa desempenha um
importante papel na retenção do solo e na prevenção de deslizamentos
de terra; e) a purificação de água e o tratamento de resíduos, uma vez
que os ecossistemas podem ser uma fonte de impurezas, mas também
podem ajudar a filtrar, eliminar e decompor os resíduos orgânicos
introduzidos em águas interiores, costeiras e marinhas, podem, também,
assimilar e desintoxicar compostos através dos processos do solo e do
subsolo; f) a regulação de doenças, pois as mudanças nos ecossistemas
podem alterar diretamente a abundância de patógenos humanos, bem
como a abundância de vetores de doenças, como os mosquitos; g) a
regulação de pragas, visto que as mudanças no ecossistema afetam a
prevalência de pragas agrícolas e pecuárias e doenças; h) a polinização,
afetando a distribuição, abundância e eficácia de polinizadores; i) a
regulação do risco natural, pois a presença de ecossistemas costeiros,
como manguezais e recifes de corais podem reduzir os danos causados
por furacões ou grandes ondas.
Os serviços culturais são os benefícios imateriais que as
pessoas obtêm dos ecossistemas através do enriquecimento espiritual,
desenvolvimento cognitivo, reflexão, recreação e experiências estéticas,
incluindo: a) a diversidade cultural que é influenciada pela diversidade
dos ecossistemas; b) os valores espirituais e religiosos atribuídos aos
ecossistemas ou seus componentes, por parte das diferentes religiões; c)
os sistemas de conhecimento pois os ecossistemas influenciam os tipos
de conhecimento desenvolvidos por diferentes culturas; d) os valores
3
educacionais, considerando que os ecossistemas e seus componentes e
processos fornecem a base para a educação formal e informal em muitas
sociedades; e) a inspiração, já que os ecossistemas fornecem uma rica
fonte de inspiração para arte, folclore, símbolos nacionais, arquitetura e
publicidade; f) os valores estéticos, uma vez que parte das pessoas
encontram beleza ou valor estético em vários aspectos dos ecossistemas,
conforme refletido no apoio aos parques e a seleção de locais de
habitação; g) as relações sociais, pois os ecossistemas influenciam nos
seus diferentes tipos que se estabelecem em culturas particulares; h) o
sentido de lugar, porque muitas pessoas valorizam o “sentido do lugar”
que está associado às características reconhecidas de seu ambiente,
incluindo aspectos do ecossistema; i) os valores do patrimônio cultural,
pois muitas sociedades colocam alto valor na manutenção de paisagens
culturais historicamente importantes ou de espécies culturalmente
significativas; j) a recreação e o ecoturismo, uma vez que as pessoas
escolhem onde passar seu tempo de lazer com base, em parte, nas
características das paisagens naturais ou cultivadas em uma área
particular.
A dependência dos serviços ecossistêmicos com o solo está
relacionada às funções que ele executa, tais como: a) produção de
biomassa, incluindo agricultura e silvicultura; b) armazena, filtra e
transforma nutrientes, substâncias e água; c) pool de biodiversidade,
como habitats, espécies e genes; d) ambiente físico e cultural para
humanos e atividades humanas; e) fonte de matérias-primas; f) atua
como reservatório de carbono; e g) arquivo do patrimônio geológico e
arqueológico.
Dessa forma, é notável que os solos são fundamentais para a
vida na Terra, mas as pressões humanas sobre os recursos do solo estão
chegando a limites críticos. A maioria das pressões sobre a terra, solos e
recursos da água do mundo é gerada pela própria agricultura. O aumento
do uso de insumos químicos (inorgânicos), a adoção da mecanização da
agricultura e as repercussões gerais de maior intensidade da monocultura
4
e pastoreio estão concentrados em reservas cada vez menores de terras
agrícolas. Esses fatores produzem uma série de externalidades que
também afetam outros setores ao degradar a terra e poluir os recursos
hídricos superficiais e subterrâneos.
Antes do século XX, o solo era exaltado quase exclusivamente
no contexto da agricultura e alimentação. Conforme o impacto global da
humanidade sobre os recursos naturais aumentou nos últimos 150 anos,
começaram a ser feitas conexões entre o solo e as preocupações
ambientais mais amplas. O reconhecimento dessas conexões acelerou ao
longo do tempo, e inovadoras formas de relacionar os solos com as
pessoas começaram a emergir nas últimas duas décadas do século XXI.
As conexões entre os solos e as questões sociais, como
segurança alimentar, sustentabilidade, mudanças climáticas, sequestro de
carbono, emissões de gases de efeito estufa e degradação por erosão e
perda de matéria e nutrientes, são centrais para o conceito recentemente
desenvolvido de segurança do solo.
2. CARACTERIZAÇÃO FISIOGRÁFICA
DAS MESOREGIÕES NORTE CENTRAL
E NORTE PIONEIRO DO PARANÁ
5
Figura 1. Mapa das mesorregiões do estado do Paraná, com destaque para as
mesorregiões Norte Central e Norte Pioneiro. Fonte: Elaborado por Alan Alves Alievi
(2023).
Figura 2. Mapa dos municípios das mesorregiões Norte Central e Norte Pioneiro do
estado do Paraná. Fonte: Elaborado por Alan Alves Alievi (2023).
6
As regiões fazem fronteira ao norte e leste com o estado de
São Paulo, a oeste com as mesorregiões Noroeste e Centro-Ocidental,
sendo o rio Ivaí a principal divisa; ao sul, com a mesorregiões Centro-
Sul, Sudeste e Centro-Oriental.
7
cadeias de mesetas com restos de sedimentos triássicos, diques, sills e
capas de rochas eruptivas básicas do vulcanismo gondwânico, como
testemunhos da antiga extensão da capa de rochas mesozoicas mais para
leste (Figura 4).
Já o Terceiro Planalto Paranaense inicia-se a partir da Serra da
Boa Esperança a leste, ou chamada também de Escarpa Mesozoica e os
vales dos rios Tibagi, Ivaí, Piquiri e Iguaçu dividem o Terceiro Planalto
em quatro regiões geográficas naturais. O Terceiro Planalto é
caracterizado pela região dos grandes derrames de lava, predominando
os derrames de “trapp” - basalto. Já nas áreas do norte central da
mesorregião jazem vestígios do arenito vermelho do grupo São Bento
Superior “supratrapp” - acima do basalto ou arenito Caiuá (Figura 4).
Figura 4. Mapa geológico das mesorregiões Norte Central e Norte Pioneiro do Estado
do Paraná. Fonte: Elaborado por Alan Alves Alievi (2023).
8
2.3 CLIMA
Na maior parte do território das mesorregiões Norte Central e
Norte Pioneiro do estado do Paraná, predomina o clima Cfa e na porção
mais setentrional, o clima Cfb (Figura 5).
Figura 5. Mapa de clima das mesorregiões Norte Central e Norte Pioneiro do estado
do Paraná. Fonte: Elaborado por Alan Alves Alievi (2023).
9
A temperatura média anual é de 19 °C, com chuvas entre 1.200 e
1.300 mm e umidade relativa do ar de 80%, sem deficiência
hídrica. A zona climática Cfb abrange os campos limpos com suas
ilhas de matas de araucárias, capões e matas ciliares de córregos e
rios, as matas de declive das escarpas e os matos secundários da
região das araucárias do Primeiro e Segundo Planalto.
10
ter correlação principalmente com os parâmetros climáticos, históricos
ou atuais. Esse tipo de floresta compreende as formações florestais das
regiões norte e oeste do estado do Paraná, entre 800 m e 200 m de
altitude, com florística diferenciada e mais empobrecida em relação às
formações ombrófilas.
11
3. PRINCIPAIS CLASSES DE SOLOS DAS
MESOREGIÕES NORTE CENTRAL E
NORTE PIONEIRO DO PARANÁ
Figura 7. Mapa de solos das mesorregiões Norte Central e Norte Pioneiro do estado do
Paraná.. Fonte: Elaborado por Alan Alves Alievi (2023).
12
Quadro 1. Distribuição das classes de solos nos municípios da Mesorregião Norte
Central do Paraná. Fonte: IBGE (2023).
Proporção (%) das classes de solo por município*
Município
Latossolo Nitossolo Argissolo Cambissolo Neossolo
Alvorada do Sul 23,99 55,61 1,04
Ângulo 75,94 24,07
Apucarana 23,90 43,16 27,47
Arapongas 49,45 42,95 1,38
Arapuã 52,94 4,10 42,77
Ariranha do Ivaí 28,88 38,57 31,88
Astorga 59,21 29,03 10,12
Atalaia 79,97 20,03
Bela Vista do Paraíso 17,39 74,24 8,38
Bom Sucesso 16,30 35,32 48,38
Borrazópolis 16,88 48,94 33,18
Cafeara 85,69 11,08
Califórnia 45,02 25,88 25,88
Cambé 28,33 67,31
Cambira 10,60 74,95 14,45
Cândido de Abreu 13,37 26,66 1,30 58,49
Centenário do Sul 75,12 22,20 1,48
Colorado 81,59 17,05
Cruzmaltina 49,25 14,80 3,27 32,29
Doutor Camargo 15,91 70,69 12,52
Faxinal 32,49 4,03 27,91 34,73
Floraí 54,97 35,93 9,10
Floresta 31,09 63,75 4,08
Florestópolis 47,91 40,12 10,73
Flórida 68,48 31,52
Godoy Moreira 6,20 29,66 63,79
Grandes Rios 21,79 2,09 21,17 54,19
Guaraci 77,46 22,51
Ibiporã 20,60 68,54 5,94
Iguaraçu 72,59 27,37
Itaguajé 63,63 7,96 20,83
Itambé 16,59 64,82 17,02
Ivaiporã 66,55 2,51 28,96
Ivatuba 33,77 61,15 3,31
Jaguapitã 67,58 32,31
Jandaia do Sul 1,15 49,24 46,54
Jardim Alegre 28,49 13,09 57,81
Kaloré 63,20 36,29
Lidianópolis 44,95 22,91 29,46
Lobato 95,70 4,30
13
Quadro 1. Distribuição das classes de solos nos municípios da Mesorregião Norte
Central do Paraná (continuação). Fonte: IBGE (2023)
14
Quadro 2. Distribuição das classes de solos nos municípios da Mesorregião Norte
Pioneiro do Paraná. Fonte: IBGE (2023)
15
Quadro 2. Distribuição das classes de solos nos municípios da Mesorregião Norte
Pioneiro do Paraná. Fonte: IBGE (2023) (continuação).
16
Já o compartimento a leste e sudeste perfaz 25% da área total,
predominando solos restritos por erosão e inaptos, com declividades de
10 a 20% (até 12 graus), onde são necessárias práticas de conservação.
Abrange os municípios de Carlópolis, Joaquim Távora, Guapirama,
Quatiguá, Siqueira Campos, Tomazina, Pinhalão, Jaboti, Salto do Itararé,
Santana do Itararé e São José da Boa Vista.
O relevo fortemente ondulado a montanhoso ocorre em 5%
da mesorregião norte pioneiro, relacionado à Escarpa Devoniana, nos
municípios de São Jerônimo da Serra, Sapopema, Wenceslau Braz e
Tomazina. São áreas inaptas para atividades agrícolas, onde predominam
declividades superiores a 20% e localmente maiores que 45% (acima de
25 graus), aptas somente ao manejo florestal.
Na mesorregião Norte Central do Paraná, predominam solos
férteis dos tipos bom e regular (65% da área total), em que a maior
problemática está no controle da erosão decorrente do uso inadequado
do solo e de eventos de alta pluviosidade. São áreas potencialmente aptas
para a produção agrícola, ocupadas atualmente por culturas cíclicas,
embora se deva destacar a ocorrência do arenito Caiuá na porção norte
da área, que possui restrições de uso devido à sua grande vulnerabilidade
erosiva. Na porção sul desta mesorregião, nos municípios de Cândido de
Abreu, Rosário do Ivaí, Faxinal e Mauá da Serra, predominam áreas
inaptas, condicionadas basicamente pela incidência de alta declividade,
que ocupam 15% do território regional, e em menor proporção áreas
restritas, principalmente por erosão, as quais ocupam 5% de sua área
total. Em quase toda a mesorregião norte central, ocorrem áreas –
relativamente dispersas – com aptidão regular e inaptas devido à erosão,
perfazendo 10% da área total. Finalmente, em 5% da mesorregião,
ocorrem áreas do tipo regular apresentando problemas de fertilidade.
A seguir, serão apresentadas as principais classes de solo que
ocorrem nas mesorregiões Norte Central e Norte Pioneiro do estado do
Paraná, sendo elas: Latossolo, Nitossolo, Argissolo e Neossolo.
17
3.1 LATOSSOLOS
a) Conceito
Os Latossolos são solos muito intemperizados; apresentam
pouca diferenciação de horizontes e geralmente possuem poucos
nutrientes. São solos de constituição mineral originados a partir dos
mais diversos tipos de rochas e sedimentos sob condições de clima e
tipos de vegetação muito diversificados. São normalmente muito
profundos e fortemente a bem drenados, sem pedregosidade, com
sequência de horizontes pedogenéticos A, Bw, C, apresentando
pouca diferenciação de sub-horizontes e transições usualmente
difusas ou graduais.
O horizonte diagnóstico dos Latossolos é o horizonte B
latossólico (Bw), muito intemperizado, com acúmulo residual de
óxidos e com pouco ou nenhum aumento de argila em
profundidade; suas cores são vivas, geralmente avermelhadas ou
amareladas.
O horizonte Bw, de maior importância para a classificação
dos Latossolos, apresenta comumente estrutura ultrapequena
granular (Figura 8), com aspecto de maciça porosa “in situ”, podendo
apresentar-se também em blocos subangulares, pequenos e médios e
fracamente desenvolvidos; para os de textura média, a consistência a
seco varia de macio a ligeiramente duro, de muito friável a friável
quando úmido e de ligeiramente plástico e ligeiramente pegajoso a
plástico e pegajoso quando molhado; para os de textura argilosa,
varia de macio e ligeiramente duro quando seco, de friável a muito
friável quando úmido e quando molhado de pegajoso a muito
pegajoso, sendo normalmente plástico; para os de textura muito
argilosa, varia de macio quando seco, muito friável ou friável quando
úmido e plástico e pegajoso quando molhado.
18
Figura 8 . Estrutura granular tipo “pó de café” do horizonte Bw do Latossolo. Foto:
Jully Gabriela Retzlaf de Oliveira (2023).
19
Os Latossolos possuem pequena diferenciação de horizontes,
cuja distinção é pouco nítida, devido não só à pequena variação dos
atributos morfológicos, como às transições amplas e tênues entre
eles.
b) Ocorrência
Os Latossolos são típicos das regiões equatoriais e tropicais,
ocorrendo também em zonas subtropicais, distribuídos, sobretudo,
por amplas e antigas superfícies de erosão, pedimentos ou terraços
fluviais antigos, normalmente ocupando os topos das paisagens, em
relevo plano (Figura 9) e suave ondulado, embora possam ocorrer em
áreas mais acidentadas, inclusive em relevo montanhoso.
20
estado do Paraná. Nestas mesorregiões ocorre apenas uma das quatro
subordens em que se divide a ordem dos Latossolos, qual seja a dos
Latossolos Vermelhos.
Nas mesorregiões Norte Central e Norte Pioneiro do estado
do Paraná, predominam os Latossolos Vermelhos com altos teores de
óxidos de ferro, formados sobre o basalto (Figura 10a). No entanto,
em alguns testemunhos de elevações sob influência de rochas
sedimentares e na porção mais a noroeste da região (Jaguapitã,
Mirasselva, Santa Fé, Centenário do Sul etc.), os Latossolos ocorrem
sobre os arenitos, com médios teores de óxidos de ferro. Nessas
regiões, o material de origem está, muitas vezes, mesclado com
materiais de rochas eruptivas básicas (basaltos), sendo o produto
dessa mescla definidor da textura média a argilosa desses Latossolos
(Figura 10b).
a b
Figura 1 0 . ( a ) Perfil de Latossolo Vermelho, Bandeirantes/PR. (b) Perfil de
Latossolo Vermelho, textura média, Bela Vista do Paraíso/PR. Fotos: (a) Jully
Gabriela Retzlaf de Oliveira (2023); (b) Pedro Rodolfo Siqueira Vendrame (2018).
21
Cabe destacar ainda que no Segundo Planalto Paranaense são
desenvolvidos a partir de rochas sedimentares (sedimentos argilosos,
argilo-arenosos, arenosos, silticos ou mistura deles) e no Terceiro
Planalto, de rochas eruptivas básicas, ou seja, à partir de rochas ricas
em ferro ou quando o sedimento original já possui hematita.
c) Potencialidades e limitações
Quanto às suas potencialidades agrícolas, pode-se dizer que,
em função dos seus atributos, principalmente no que tange ao relevo
de ocorrência e ausência de pedregosidade, facilitam a mecanização,
sendo muito utilizados na produção agrosilvopastoril. Embora,
geralmente sejam de baixa fertilidade química, o que constitui a sua
principal limitação agrícola, as práticas de adubação e correção do
solo podem torná-los muito produtivos.
Ademais, levando-se em conta o relevo de ocorrência, aliado à
sua grande porosidade e ao fato do incremento de argila do A para o
B ser pouco expressivo ou inexistente, atributos que proporcionam
grande permeabilidade interna (variam de fortemente a bem
drenados), os Latossolos apresentam baixo risco de erosão e grande
capacidade para suportar estradas e construções urbanas e rurais. No
entanto, embora muito resistentes à erosão em condições naturais,
quando colocados sob cultivo, sua susceptibilidade ao fenômeno
aumenta ou diminui em função do declive, comprimento da
pendente, tipo de manejo, tempo de utilização e espécie de cultura.
3.2 NITOSSOLOS
a) Conceito
Os Nitossolos são solos mediamente profundos, bastante
pedogenizados, com pequena diferenciação de horizontes. Nesta classe,
estão compreendidos solos constituídos por material mineral, com
textura argilosa ou muito argilosa (teores de argila iguais ou maiores que
350 g. kg-1 de TFSA) desde a superfície do solo.
O horizonte diagnóstico dos Nitossolos é o horizonte B nítico
(Bni), sem aumento de argila em profundidade e com estrutura em
22
Figura 11. Estrutura de um Nitossolo com presença de cerosidade. Foto: Jully Gabriela Retzlaf
de Oliveira (2023).
blocos e com nítidas superfícies brilhantes. Este horizonte, por sua vez,
apresenta argila de atividade baixa ou caráter alítico; estrutura em blocos
subangulares ou angulares ou prismática, de grau moderado ou forte,
com cerosidade expressiva (Figura 11) e/ou superfícies de compressão
(foscas ou brilhantes).
b) Ocorrência
ocorrem em 15% do território paranaense. Na região do
Oeste do Paraná, ocorrem em áreas de relevo suave ondulado a
ondulado com dissecação média (8 a 20% de declividade) em vertentes
com rampas convexas (Figura 14).
Os solos pertencentes à ordem dos Nitossolos podem ser
encontrados em diversas regiões brasileiras, sendo que as maiores áreas
contínuas estão situadas nos estados sulinos. É comum a ocorrência
local, em pequena área, associada com diques de rochas máficas; nas
áreas declivosas associadas com rejuvenescimento pedogeomorfológico
de áreas de Latossolo Vermelho férrico e áreas com substrato calcário
(grupo Bambuí, por exemplo).
Os solos hoje pertencentes a ordem dos Nitossolos,
anteriormente ao advento da 1ª edição do Sistema Brasileiro de
Classificação de Solos (SiBCS) - publicado em 1999 - eram designados,
na maioria, como Terra Roxa Estruturada, Terra Bruna Estruturada
Similar e alguns Podzólicos Vermelhos-Escuros e Podzólicos
Vermelhos-Amarelos.
23
Os Nitossolos Vermelhos, conhecidos anteriormente como
Terras Roxas Estruturadas, desenvolvem-se mais em rochas básicas em
clima tropical úmido, sendo mais expressivos na bacia do rio Paraná,
principalmente nos estados do Paraná e São Paulo; os Nitossolos
Brunos encontram-se em condições de clima subtropical de altitude
(serras de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul) e os Nitossolos
Háplicos ocorrem em áreas intermediárias entre esses climas.
No Mapa de Solos do Estado do Paraná foi constatada a
ocorrência apenas das subordens Nitossolos Brunos e Nitossolos
Vermelhos. Contudo, nas mesorregiões do norte central e norte
pioneiro do Paraná são encontrados os Nitossolos Vermelhos
(anteriormente designados como Terras Roxas Estruturadas) (Figura
12).
Figura 12. Perfil de Nitossolo Vermelho, Bandeirantes/PR. Foto: Jully Gabriela Retzlaf de
Oliveira (2023).
25
Os Nitossolos são largamente utilizados na agricultura,
principalmente aqueles com maior saturação por bases. Ao lado dos
Latossolos Eutroférricos, com os quais costumam estar associados, os
Nitossolos com alta saturação por bases (alto nível de fertilidade) são
frequentemente referidos como um dos solos mais produtivos dos
trópicos úmidos. E por ocorrerem em relevo predominantemente
ondulado, podem ter considerável risco de erosão entre sulcos ou em
sulcos, quando manejados inadequadamente.
Essa ordem de solos pode apresentar baixa ou alta acidez e,
devido à mineralogia predominantemente caulinita-oxídica, possuem
argila de atividade baixa. Portanto, exigem maior ou menor necessidade
de manejo da fertilidade pelo uso de calagem e adubação, com
potencial para alta adsorção específica de fósforo.
Os Nitossolos são geralmente profundos e bem drenados e o
relevo provavelmente seja o fator mais limitante quanto à capacidade
de uso. Quando suavemente ondulado, é propício à mecanização, mais
acidentado, tem limitações à mecanização e requer práticas
conservacionistas para controle dos processos erosivos.
3.3 ARGISSOLOS
a) Conceito
Os Argissolos são solos moderadamente intemperizados, com
marcante diferenciação de horizontes e em geral são ácidos e pobre em
nutrientes. O horizonte diagnóstico dos Argissolos é o horizonte B
textural, caracterizado com acúmulo de argila iluvial (removida dos
horizontes A ou E). Além disso, o B textural (Bt) deve apresentar argila
de atividade baixa ou, excepcionalmente, alta se conjugada com
saturação por alumínio também alta.
A classe dos Argissolos também possui caraterísticas bastante
variáveis em relação a outros aspectos morfológicos e químicos. Nesse
sentido, observa-se que nesta classe os solos: a) são de profundidade
variável; b) possuem drenagem avaliada desde forte até imperfeita; c)
ostentam cores avermelhadas ou amareladas e mais raramente brunadas
ou acinzentadas; d) possuem textura variando desde arenosa até argilosa
26
no horizonte A e de média a muito argilosa no horizonte Bt, sempre
havendo aumento de argila daquele para este; e) são de forte a
moderadamente ácidos, com saturação por bases alta ou baixa; f) o
relevo pode ir do montanhoso ao suave ondulado (Figura 14), sendo
que, quando associados aos Latossolos, costumam situar-se em posições
do relevo mais declivosas que estes.
27
b) Ocorrência
Os Argissolos se formam em diferentes condições climáticas e
de material de origem. Os Argissolos Bruno-Acinzentados e os
Acinzentados situam-se mais na região sul. Os amarelos encontram-se
principalmente na Amazônia e nos tabuleiros costeiros da região
Nordeste do Brasil. Os Vermelhos e os Vermelho-Amarelos encontram-
se sobretudo na região amazônica e em muitas das áreas antes ocupadas
pela mata atlântica.
Os Argissolos são predominantes em 15,3% das áreas das
unidades de mapeamento do estado do Paraná, ocorrendo também
como classe não predominante ou inclusão em outras unidades de
mapeamento. Contudo, são pouco frequentes nas regiões de rochas
basálticas do estado (Norte, Oeste e Sudoeste).
O Mapa de Solos do Estado do Paraná acusa a ocorrência
apenas das subordens dos Argissolos Vermelhos e dos Argissolos
Vermelhos-Amarelos, sendo que ambas estão presentes nas
mesorregiões do Norte Central e Norte Pioneiro do Paraná na porção
abrangida pelo Segundo Planalto paranaense (Figura 15).
Figura 15. Perfil de Argissolo Vermelho, Ribeirão do Pinhal (PR). Foto: Jully Gabriela
Retzlaf de Oliveira (2023).
28
c) Potencialidade e limitações
Uma boa parte dos Argissolos presta-se bem para a
agricultura, principalmente quando eutróficos (de alta fertilidade), mas
deve-se destacar que a maior parte deles é ácida e pobre em nutrientes,
necessitando, por isso, do uso adequado de corretivos e fertilizantes
quando usados para sistemas intensivos de agricultura. Ademais, seu uso
depende de não se situarem em relevos com encostas muito declivosas,
uma vez que nestas condições são muito susceptíveis à erosão hídrica.
É relevante ressaltar que o significativo aumento de argila dos
horizontes A ou E em relação ao B textural, à medida que atinge valores
mais elevados, indica solos cada vez mais erodíveis, mantidas as
condições de cobertura vegetal e declividade, sendo particularmente
suscetíveis à erosão os Argissolos que possuem textura dos horizontes
superficiais arenosa com mudança textural abrupta no horizonte B.
Observa-se, contudo, que o horizonte pedogenético Bt pode
encontrar-se a variadas profundidades, o que implica que entre solos de
uma mesma subordem e em mesmas condições de relevo e uso pode
haver comportamentos variados, dependendo da espessura do(s)
horizonte(s) suprajacente(s) ao horizonte Bt. São exemplos disso os
Argissolos em que o Bt está imediatamente subjacente a horizonte(s) de
textura arenosa e iniciando entre 50 e 100 cm (arênicos), bem como
iniciando a 100 cm de profundidade (espessarênicos).
Os Argissolos, mais que os Latossolos, tendem a ter menor
perda por lixiviação e a sofrer perdas por erosão mais drásticas com
pequeno aumento da declividade, sendo que particularmente o potássio
e o fósforo são perdidos em razão do reciclo desses elementos.
A maioria dos Argissolos Vermelho-Amarelos mapeados no
Paraná são de baixa fertilidade, ou seja, distróficos (V<50%), embora os
Argissolos Vermelhos possam ser tanto de alta fertilidade, ou seja,
eutróficos (V≥50%) quanto distróficos. O relevo mais comum de
ocorrência no estado é ondulado, embora tenha sido mapeado desde
plano até montanhoso.
29
3.4 NEOSSOLOS
a) Conceito
A palavra "Neossolo" tem origem no termo em latim neosolium,
cujo termo "neo" significa "novo", e o termo "solum", significa “solo” ou
“terreno”. Assim, unindo os dois termos pode se entender “Neossolo"
como um solo novo, recentemente formado ou pouco desenvolvido,
que passaram por processos de formação mais recentes que outros solos.
Os Neossolos são solos constituídos por material mineral ou
por material orgânico pouco espesso. Esses solos não apresentam
qualquer tipo de horizonte B diagnóstico. Sendo assim apresentam
horizonte A assentado diretamente sobre a rocha (sequência horizonte
A-R) ou sobre um horizonte C (sequência horizonte A-C).
b) Ocorrência
Os Neossolos são solos jovens e pouco desenvolvidos que se
formam em áreas de relevo acidentado (Figura 16), onde a ação da água,
da gravidade e do vento é intensa. Esses solos representam até 22% dos
solos paranaenses, ocorrendo em todas as regiões do estado, porém com
menor incidência na região noroeste.
Devido à sua formação recente e à posição na paisagem, os
Neossolos possuem algumas características marcantes. Sua camada de
solo é pouco desenvolvida, com aproximadamente 50 cm de
profundidade (Figura 17), e possui baixa capacidade de retenção e
armazenamento de água.
Essas características dificultam o desenvolvimento de uma
vegetação mais densa e com grandes árvores nessas áreas. Normalmente,
as espécies vegetais mais resistentes, como algumas gramíneas e
cactáceas, são capazes de se estabelecer e sobreviver nessas áreas,
adaptando-se às condições de pouca água. Essa vegetação desempenha
um papel fundamental na proteção e conservação dos Neossolos,
principalmente, porque as raízes das plantas ajudam a fixar o solo,
diminuindo o arraste para as regiões mais baixas.
30
Figura 16. Paisagem de ocorrência do Neossolo na mesorregião Norte Pioneiro do Paraná,
Leópolis/PR. Foto: Jully Gabriela Retzlaf de Oliveira (2023).
Figura 17. Perfil de Neossolo no município de Leópolis/PR. Foto: Jully Gabriela Retzlaf
de Oliveira (2023).
c) Potencialidades e limitações
Os Neossolos, sobretudo aqueles em áreas mais planas,
podem ser utilizados para agricultura respeitando-se a capacidade de
uso. Esses solos podem apresentar alta fertilidade, porém o relevo
declivoso, a pedregosidade, a exposição da rocha, a pouca espessura
do horizonte A (<50 cm) e a baixa capacidade de armazenamento de
água, inclusive naqueles com maior proporção de areia, tornam esses
solos extremamente frágeis e susceptíveis à erosão, limitando e/ou
tornando extremamente complexo o seu uso para agricultura.
31
4. PROJETOS E ESPAÇOS DE EDUCAÇÃO
EM SOLOS NAS MESORREGIÕES NORTE
CENTRAL E NORTE PIONEIRO DO PARANÁ
32
Figura 18. Grupo de Estudo on-line sobre a “A Salinização do Solo”. Foto: Jully Gabriela
Retzlaf de Oliveira (2023).
Figura 19. Palestra on-line “Abordagem do solo em tempos de pandemia - o Instagram como
meio de divulgação de conteúdos pedológicos”, com a Profª Drª Thaís Guarda Prado Avancini.
Foto: Jully Gabriela Retzlaf de Oliveira (2023).
Figura 20. Folder do “I Curso Online de Solos para professores da Educação Básica”. Foto:
Jully Gabriela Retzlaf de Oliveira (2023).
33
Figura 21. Minicurso online “O Solo no contexto das religiões” com a Profª Drª Fabiane
Machado Vezzani (esquerda) e Live para os alunos da Educação Básica "Solo é Vida: Proteja o
solo“ (direita). Foto: Jully Gabriela Retzlaf de Oliveira (2023).
Figura 22. Mostra virtual de desenhos para comemorar o dia mundial do solo”. Foto: Jully
Gabriela Retzlaf de Oliveira (2023).
Figura 23. Publicação do E-book “Solo é Vida! Atividades para abordagem do solo nos anos
iniciais do Ensino Fundamental”. Foto: Jully Gabriela Retzlaf de Oliveira (2023).
34
Figura 24. Publicação de vídeo no Instagram “Conhecendo os tipos de solos brasileiros:
Latossolo”. Foto: Jully Gabriela Retzlaf de Oliveira (2023).
Figura 25. Publicação de vídeo no canal do YouTube “Maquete do Perfil "Gourmet" de Solo”..
Foto: Jully Gabriela Retzlaf de Oliveira (2023).
35
Figura 26. Oficina de Arte com Tinta de Solo, contação de histórias e visita às escolas realizada
pelo projeto Solo na Escola UENP. Fotos: Jully Gabriela Retzlaf de Oliveira (2023)
36
Figura 27. Crianças em contato com solos de diferentes texturas em um colégio particular de
Cornélio Procópio (PR). Foto: Jully Gabriela Retzlaf de Oliveira (2023).
Figura 27. Visitantes na Exposição Didática de Solos do Projeto Solo na Escola UENP. Fotos:
Jully Gabriela Retzlaf de Oliveira (2023)
37
4) minimonólitos de solo para exemplificar perfis de solos que ocorrem
na região norte do estado do Paraná; 5) amostras de solos arenoso e
argiloso para exemplificar as diferentes texturas do solo; 6) amostras de
solo argiloso, arenoso e orgânico para exemplificar a densidade do solo;
7) amostras de solo com magnetismo e sem magnetismo para
exemplificar o magnetismo do solo; 8) exposição de livros do projeto
para estimular os visitantes a ler sobre o tema; 9) tintas de solo, giz de
solo e artes com solo para exemplificar as diferentes cores do solo e a
aplicabilidade do solo para além da agricultura e pecuária; 10)
experimento de erosão eólica para exemplificar a erosão em solo com
cobertura vegetal e sem cobertura vegetal; 11) experimento da infiltração
da água para exemplificar a infiltração e retenção de água no solo
arenoso e argiloso, e; 12) vermicompostagem para exemplificar a
decomposição de resíduos orgânicos pelas minhocas.
Desde o ano de 2021 o projeto Solo na Escola UENP tem
dedicado especial atenção à popularização da ciência do solo junto ao
público infantil com a elaboração e publicação de livros infantis que
abordam o solo, como pode ser observado no Quadro 3.
O projeto, por meio de várias ações desenvolvidas, promove a
mobilização e a sensibilização do público-alvo e da comunidade em geral
em relação às diversas temáticas ligadas ao solo. Destaca-se que o estudo
do solo por si só não impede a degradação deste recurso, sendo preciso
levar em conta aspectos socioeconômicos, políticos e culturais.
Quadro 3. Publicações de livros infantis do Projeto Solo na Escola UENP. Elaboração: Jully
Gabriela Retzlaf de Oliveira (2023).
Livro infantil Temática central
38
4.2 O PROJETO DE EXTENSÃO SOLO NA
ESCOLA UFPR – CAMPUS JANDAIA DO
SUL/PR
O projeto de extensão “Solo na Escola UFPR”, Campus
Jandaia do Sul, foi criado com o objetivo de promover a
popularização do recurso solo, atuando principalmente, junto aos
alunos e professores dos diferentes níveis educacionais, da rede
pública e privada de ensino e a comunidade em geral que esteja
interessada na temática solos. Com a popularização do recurso solo,
chamamos a atenção para a necessidade de políticas públicas
necessárias à sua conservação. Assim, preparamos a nova geração
para que, conhecendo melhor o recurso solo, possa atuar em posições
de tomada de decisão de forma a protegê-lo e preservá-lo, tornando
todos responsáveis por ele. Dessa forma, o solo continuará a
desempenhar todas as suas funções ecossistêmicas, integralmente.
O projeto foi oficialmente inaugurado no dia 1º de
dezembro de 2018. Porém, o nascimento do projeto se deu no ano de
2009 quando o coordenador durante o seu doutoramento participou
como voluntário das atividades do Projeto Solo na Escola da
ESALQ/USP. Foi neste período que a semente da Educação em
Solos foi semeada, vindo a frutificar anos mais tarde,
coincidentemente, na UFPR, berço dos projetos “Solo na Escola”, no
entanto, no Campus Jandaia do Sul. Durante os anos de 2015 a 2018,
muitas atividades envolvendo a educação em solos já vinham sendo
desenvolvidas pela coordenação do projeto junto às disciplinas
ministradas na graduação e junto às escolas do município e região. No
ano de 2018, o coordenador participou do IX Simpósio Brasileiro de
Educação em Solos em Dois Vizinhos/PR, voltando de lá decidido a
ainda naquele ano iniciar oficialmente as atividades do projeto Solo na
Escola/UFPR Jandaia do Sul. As atividades, anteriormente
desenvolvidas, serviram de base para a proposição do projeto na
instituição. Com essa “existência prévia” pudemos criar a demanda de
39
um espaço físico para abrigar o projeto, que está instalado em uma
sala de aproximadamente 100 m2 (Figura 28).
Figura 28. Espaço físico do Projeto Solo na Escola UFPR, Campus Jandaia do Sul/PR. Foto:
Osvaldo Guedes Filho.
40
neste espaço. A exposição didática conta com dezenas de
experimentos abordando a origem e o funcionamento do solo. Por
meio deles, os visitantes podem entender a dinâmica de formação do
solo, desde o material de origem até a utilização do solo para a
produção de alimentos. Dentre os diversos experimentos, podemos
destacar: o vulcão, as camadas do planeta Terra (Figura 29), rochas e
minerais, formação dos horizontes do solo, cores do solo, densidade
do solo, frações granulométricas do solo, tamanho dos agregados do
solo, ar do solo, infiltração de água no solo, magnetismo do solo,
erosão do solo, cobertura do solo, impacto da gota da chuva,
compactação do solo, coleção de fertilizantes, maquete de aterro
sanitário, coleção de perfis didáticos de solo, capilaridade da água no
solo etc.
Figura 29. Maquete e experimento simulando o vulcanismo. Foto: Osvaldo Guedes Filho.
41
privadas até os estudantes de universidades. Vale destacar que
recebemos no projeto os alunos da APAE, idosos e qualquer outro
grupo e entidade que tenha interesse em conhecer mais sobre os
solos. A visita é guiada pelos alunos bolsistas/voluntários e/ou
coordenador do projeto. Ao longo de quatro anos de existência e,
considerando dois anos de pandemia, portanto, sem atividades
presenciais, tivemos mais de 2 mil visitantes na nossa exposição
didática dos materiais e experimentos.
Figura 30. Visita Guiada de alunos da Educação Básica no espaço físico do Projeto Solo na
Escola UFPR, Campus Jandaia do Sul/PR. Foto: Osvaldo Guedes Filho.
42
propriedades macroscópicas de rochas e minerais, os alunos têm
acesso ao acervo, podendo manuseá-lo e analisá-lo sob supervisão do
professor da disciplina. A coleção de rochas e minerais (Figura 31)
está também à disposição dos professores de Geografia das escolas do
município e região para utilização em aulas práticas com seus
estudantes.
Figura 31. Coleção de rochas e minerais presente no espaço físico do Projeto Solo na Escola
UFPR, Campus Jandaia do Sul/PR. Foto: Osvaldo Guedes Filho.
43
Figura 32. Coleta de um monólito de Latossolo Vermelho. Foto: Osvaldo Guedes Filho.
Figura 33. Oficina de Tinta de Solos realizada pelo Projeto Solo na Escola UFPR, Campus de
Jandaia do Sul/PR. Foto: Osvaldo Guedes Filho.
44
O curso de solos para professores da Educação Básica
(Figura 34) foi ofertado nos anos de 2021 e 2022 de forma remota e
teve como objetivo capacitar professores da área de Geografia,
Ciências, Biologia e áreas afins, para que possam aperfeiçoar seus
conhecimentos em solos e, consequentemente, melhorar a relação
ensino/aprendizagem com seus alunos.
Figura 34. Cartaz do Curso de Solos ofertado pelo Projeto Solo na Escola UFPR, Campus
Jandaia do Sul/PR.
45
divulgar o projeto junto aos alunos. Os eventos internos também são
ótimas oportunidades de divulgação e o projeto tem marcado
presença nos seguintes eventos: SIEPE, Vale da Ciência, Semana do
Meio Ambiente e Feira de Profissões.
Figura 35. Visitas às escolas pelo Projeto Solo na Escola UFPR, Campus Jandaia do Sul/PR.
Fotos: Osvaldo Guedes Filho.
46
é uma atividade contínua do projeto, uma vez que há sempre novos
alunos começando no projeto.
Vale destacar que, no período da pandemia, as atividades
presenciais foram suspensas, impedindo a ocorrência do projeto na
íntegra. Dessa forma, em parceria com outras atividades que
ocorreram no nosso Campus, o projeto “Solo na Escola” iniciou a
produção de sabão solidário para doação às famílias carentes e
entidades filantrópicas. Embora não seja uma atividade prevista, foi a
forma que o projeto encontrou para continuar ativo e ajudar no
combate à pandemia da Covid-19, uma vez que muitas pessoas
perderam emprego, fonte de renda, sendo o sabão solidário um
componente das cestas básicas doadas por várias entidades na região.
Ao longo de oito meses, foram produzidas aproximadamente oito
toneladas de sabão solidário, que foram distribuídas em cerca de 20
municípios paranaenses (Figura 36).
Figura 36. Municípios paranaenses que receberam o sabão solidário. Fonte: UFPR - Campus
Jandaia do Sul/PR.
47
Acredita-se que o projeto de extensão “Solo na Escola
UFPR”, Campus Jandaia do Sul, tem uma importância acadêmica e
social muito relevante, uma vez que vem contribuindo para a
formação dos alunos de graduação em Engenharia Agrícola,
consistindo em um espaço de troca de conhecimentos e experiências,
tanto no sentido teórico, quanto no sentido de uma formação cidadã
para esses discentes. Do ponto de vista social, o projeto contribui
para a formação dos estudantes do ensino fundamental e médio, bem
como de seus professores, despertando o papel de cidadão que devem
desempenhar no sentido de defender e proteger o solo, por ser um
recurso fundamental à sobrevivência da sociedade. Com a
curricularização da extensão nos cursos de graduação da UFPR, o
projeto de extensão expandirá as suas ações e atividades, visto que
abrigará todas as atividades de extensão propostas nas disciplinas de
Pedologia, Física do Solo, Manejo e Conservação do Solo,
Fundamentos da Fertilidade do Solo. O projeto atua de maneira
estreita com o grupo de pesquisa Tecnologias e Produção Agrícola
(diretório CNPq), demonstrando sua indissociabilidade entre ensino,
pesquisa e extensão.
48
O acervo do museu é composto por macropedolitos de solos
coletados no Estado do Paraná, amostras de minerais e cristais,
amostras de rochas magmáticas, metamórficas e sedimentares,
artefatos e fósseis (Figura 37). O acervo é utilizado tanto como objeto
ou fonte de pesquisas da universidade em nível de graduação e pós-
graduação, como para fins educativos escolares, por exemplo.
Figura 37. Visão Panorâmica do Museu de Geologia e Solos da UEL. Foto: Ana Carolina da
Silva, 2023.
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Quadro 4. Solos expostos em macropedolitos no Museu de Geologia e Solos da UEL Fonte:
Elaborado por Ana Carolina da Silva (2023).
Altitude Material de
Solo Procedência Declividade
(m) origem
Santo Antônio da Arenito
Argissolo Vermelho Eutrófico 12% 465
Platina/PR Botucatu
Arenito
Latossolo Vermelho Distrófico Mauá da Serra/PR 1% 1.125
Botucatu
Neossolo Regolítico Distrófico Londrina/PR 9% 470 Basalto
Cambissolo Háplico Distroférrico Londrina/PR 8% 490 Basalto
Nitossolo Vermelho Escuro
Londrina/PR 7% 596 Basalto
Eutroférrico
Rocha
Argissolo Vermelho Distrófico sedimentar na
Mirasselva/PR 10% 540
Latossólico Formação
Adamantina
Material
Organossolo Háplico Sáprico Lerroville/PR 8% 710
alóctone
Latossolo Vermelho Acinzentado
Catanduvas/PR 3% 830 Basalto
Distrófico
Argissolo Vermelho Escuro
Guaraci/PR 10% 440 Arenito Caiuá
Eutrófico
Argissolo Vermelho Distrófico Terra Boa/PR 10% 560 Arenito Caiuá
Arenito Santo
Argissolo Amarelo Distrófico Jaguapitã/PR 3% 650
Anastácio.
Arenito Santo
Argissolo Acinzentado Distrófico Jaguapitã/PR 15% 550
Anastácio
Arenito Santo
Gleissolo Háplico Eutrófico Jaguapitã/PR 2% 500
Anastácio
Arenito
Argissolo Amarelo Distrófico Mirasselva/PR 12% 475
Adamantina
Arenito
Latossolo Vermelho Distrófico Mirasselva/PR 3,5% 535
Adamantina
50
Desde o ano de 2000, o Museu de Geologia e Solos da UEL
recebe visitantes da comunidade interna (alunos de graduação e pós-
graduação), como também da comunidade externa de Londrina/PR e
região, com a presença de escolas municipais, estaduais e particulares
de diferentes idades e lugares.
Acredita-se que os macropedolitos expostos no Museu de
Geologia e Solos da UEL são ferramentas que podem auxiliar no
conhecimento dos solos no geral e especificamente dos solos que
ocorrem no estado do Paraná. Acrescenta-se a isso que exposição de
materiais em museus de solos pode contribuir para a popularização da
Ciência do Solo e a Educação em Solos.
O Museu de Geologia e Solos da UEL vem aprimorando
sua função de informar e popularizar a ciência do solo e seu
conhecimento, assim como problemáticas e potencialidades. Sendo
assim, conhecer sobre esse contexto, permite que a sociedade tenha
acesso a informações importantes para tomada de decisões
sustentáveis e responsáveis em relação ao uso e ocupação do solo.
A popularização da ciência do solo por meio de museus de
solos e das coleções de macropedolitos é uma forma importante de
promover o conhecimento sobre a importância do solo para a
sociedade. Além disso, incentiva o desenvolvimento de pesquisas,
projetos e ações que promovam a preservação, uso e ocupação do
solo de maneiras mais responsáveis e sustentáveis.
Com isso, destaca-se que os museus de solos são
instituições importantes para a preservação da diversidade de solos e a
popularização da ciência do solo para a sociedade em geral. As
principais funções e objetivos desses museus concernem à
preservação, exposição e comunicação da história e diversidade dos
solos de um determinado lugar, de regiões ou até mesmo do mundo
todo. Eles também promovem a educação e sensibilização do público
sobre a importância dos solos para a vida humana e a biodiversidade.
51
5. DOBRADURAS DOS PRINCIPAIS
PERFIS DE SOLO QUE OCORREM NAS
MESORREGIÕES NORTE CENTRAL E
NORTE PIONEIRO DO ESTADO DO
PARANÁ
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Figura 38. Atividade prática – Dobradura do perfil de Latossolo. Fonte: Elaborado por Jully Gabriela
Retzlaf de Oliveira (2023).
53
Figura 39. Atividade prática – Dobradura do perfil de Nitossolo. Fonte: Elaborado por Jully Gabriela
Retzlaf de Oliveira (2023).
54
Figura 40. Atividade prática – Dobradura do perfil de Argissolo. Fonte: Elaborado por Jully Gabriela
Retzlaf de Oliveira (2023).
55
Figura 41. Atividade prática – Dobradura do perfil de Neossolo. Fonte: Elaborado por Jully Gabriela
Retzlaf de Oliveira (2023).
56
6. REFERÊNCIAS
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