12 TEL ART 8ANO 2BIM Sequencia Didatica 3 TRT

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Material Digital do Professor

Arte – 8º ano
2º bimestre – Sequência didática 3

Monumentos e memória coletiva


Duração: 3 aulas
Referência do Livro do Estudante: Unidade 1, Unindo as pontas

Relevância para a aprendizagem


Esta sequência didática busca levar os estudantes a conhecer e analisar monumentos de
contextos históricos diferentes, refletindo sobre as relações que são estabelecidas entre arte,
sociedade, espaço público e memória coletiva. Propõe-se ainda a criação de um projeto de
monumento contemporâneo.

A indicação de artistas, obras de arte ou fontes ao longo desta sequência é apenas uma
sugestão. Você também pode selecionar outros artistas ou fontes com os quais tenha mais
familiaridade ou com as quais se identifique mais e adaptar as atividades como melhor lhe convier. O
importante é sempre manter o encaminhamento de acordo com os objetivos e as habilidades
indicados a seguir.

Objetivos de aprendizagem
• Apreciar e analisar monumentos antigos e contemporâneos e suas concepções.
• Conhecer e problematizar as funções sociais e políticas dos monumentos ao longo da
história.
• Desenvolver um projeto de monumento e apresentar suas justificativas no campo social e
artístico.

Objeto de conhecimento e habilidade (BNCC)


Unidade temática Objeto de conhecimento Habilidade
(EF69AR31) Relacionar as práticas artísticas às diferentes
Artes integradas Contextos e práticas
dimensões da vida social, cultural.
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Arte – 8º ano
2º bimestre – Sequência didática 3

Desenvolvimento
Aula 1 – Monumentos ao longo da história
Duração: 45 minutos.
Local: sala de aula.
Organização dos alunos: sentados em suas carteiras.
Recursos e/ou material necessário: imagens impressas ou projetadas da necrópole de Gizé e das pirâmides de Quéops,
Quéfren e Miquerinos (Egito), do Monumento às Bandeiras, de Victor Brecheret (São Paulo) e do Memorial do
Holocausto (Berlim, Alemanha), computador e projetor, se necessário.
Textos de apoio ao professor: Monumentos, política e espaço, de Roberto Lobato Correa, e O monumento e a cidade: a
obra de Brecheret na dinâmica urbana, de Irene Barbosa de Moura.
Link para imagens do Memorial do Holocausto, em Berlim, Alemanha:
Disponível em: <www.berlin.de/sehenswuerdigkeiten/3560249-3558930-holocaust-mahnmal.html#slide3/>.
Link para o artigo Monumentos, política e espaço, de Roberto Lobato Correa, publicado na revista Scripta Nova, v. IX, n.
183, 15 fev. 2005. Disponível em: <www.ub.edu/geocrit/sn/sn-183.htm>.
Link para o artigo O monumento e a cidade: a obra de Brecheret na dinâmica urbana, de Irene Barbosa de Moura,
publicado na revista Cordis. História, Arte e Cidades, n. 6, jan./jun. 2011:
Disponível em: <https://revistas.pucsp.br/index.php/cordis/article/view/10294>.
Acessos em: 30 out. 2018.

Atividade 1: Contextualização sobre a definição de monumento (10 minutos)

Inicie a aula fazendo o levantamento de conhecimentos prévios dos alunos. Pergunte se eles
se lembram de algum monumento famoso e se sabem o que ele representa. Registre os comentários
dos alunos no seu diário de bordo para depois retomá-los no fechamento do trabalho.

Em seguida, converse com a turma sobre os sentidos da palavra “monumento”, originária do


latim monumentum, que significa “advertir”, “lembrar”. Explique aos alunos que, ao longo do tempo,
os monumentos passaram a ocupar outros espaços, como cemitérios, em que as obras de arte
possuem a função de lembrar, cultuar e abrigar os mortos.

Para exemplificar essa função assumida por certos monumentos, cite o caso da necrópole de
Gizé e apresente algumas imagens desse sítio arqueológico, que podem ser facilmente encontradas
na internet. Pergunte aos alunos o que eles conhecem sobre as pirâmides do Egito antigo. Ao mostrar
as imagens da necrópole de Guizé, informe à turma que nesse local estão as pirâmides de Quéops,
Quéfren e Miquerinos, a escultura Grande Esfinge e vários cemitérios. Depois de mostrar as imagens
que selecionou previamente, comente a existência dos sarcófagos de faraós e suas riquezas,
ressaltando que pesquisadores ainda buscam saber mais sobre esses monumentos e continuam
estudando a forma como foram construídos, etc.

Atividade 2: Apresentação de diferentes concepções de monumento (25 minutos)

Apresente, agora, o Monumento às Bandeiras, de Victor Brecheret (1894-1955), que começou


a ser desenhado em 1920 e foi inaugurado em 1953, integrando as comemorações do IV Centenário
da Fundação da Cidade de São Paulo. Mostre fotos desse monumento, que podem ser encontradas
facilmente na internet. Procure apresentar imagens de diferentes ângulos e que permitam uma noção
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2º bimestre – Sequência didática 3

da dimensão da obra (para isso, selecione fotos em que apareçam pessoas ou carros próximos ao
monumento, por exemplo).

Em seguida, converse com a turma sobre o contexto em que a obra foi inaugurada, quando os
moradores viviam uma época de euforia pelo progresso econômico que era visível na cidade. Promova
a apreciação da obra, perguntando aos alunos se sabem o que significa “Bandeiras”. Se a turma não
souber, explique que eram expedições formadas pelos bandeirantes, que, durante o período colonial,
procuravam ouro e outras riquezas em regiões do Brasil até então desconhecidas pelos não indígenas.
A obra de Brecheret exalta as Bandeiras como símbolo do heroísmo desbravador do povo paulista.

Para a apreciação e análise do monumento, você pode propor as seguintes questões:

• É feito com qual material?


• Como é o local em que está instalado? Esse ambiente favorece a observação da obra de
vários ângulos?
• Descreva os elementos que você reconhece nesse monumento. Como eles são
representados?
• Que ideias, impressões e sentimentos essa obra provoca em você?
Analise com a turma os elementos que compõem o monumento. Conte que ele representa
uma expedição bandeirante adentrando o sertão. À frente, a cavalo, dois guias; atrás, puxando uma
canoa, os bandeirantes são representados por portugueses, indígenas e negros, as etnias que
formaram inicialmente o Brasil. Conte que a obra, feita de blocos de granito, causou surpresa e reações
negativas na época, pois não trazia a representação convencional de heróis a que o público estava
acostumado. Representar os bandeirantes como indígenas e negros causava estranheza, assim como
a pouca roupa que algumas figuras vestiam, o que chocava a moral da época.

Explique que o Monumento às Bandeiras filia-se a correntes da arte moderna da primeira


metade do século XX, como a art déco, e que, mesmo não compreendido por parte do público na
época, as características vanguardistas da obra ajudaram a torná-la um marco da cidade.

Evidencie que, com o passar do tempo, a figura histórica do bandeirante, vista como heroica
na época de Brecheret, passou a ser analisada de modo mais crítico, considerando os danos causados
às culturas indígenas, uma vez que os bandeirantes capturavam os indígenas para fazer deles mão de
obra escrava. Observe se a turma percebe como a recepção a um mesmo monumento pode mudar
com o tempo.

Em seguida, apresente aos alunos o Memorial do Holocausto, localizado em Berlim, na


Alemanha, projetado pelo arquiteto estadunidense Peter Eisenman (1932-). Pergunte-lhes se sabem o
que foi o Holocausto. Se necessário, faça uma breve explanação sobre esse acontecimento histórico.

Informe aos alunos que o monumento, representante da arte contemporânea, ocupa uma
área de 19 mil metros quadrados e é formado por mais de dois mil blocos de concreto cinza e tem um
espaço subterrâneo para exposições que contam a história do Holocausto. Fale aos alunos sobre a
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história desse memorial, cujos blocos de concreto são associados a lápides, em memória aos milhares
de mortos em campos de concentração, grande parte de judeus e também de outros grupos, como
doentes mentais, homossexuais, pacifistas, grupos religiosos, ciganos, inimigos políticos, entre outros.

Mostre imagens do Memorial e apresente aos alunos algumas questões:

• Que impressão esse monumento causa em você?


• As pessoas podem caminhar por ele. Como você acha que se sentiria andando entre os
blocos desse monumento?
• O que você acha que ele representa?

Atividade 3: Roda de conversa (10 minutos)

Por fim, faça uma roda de conversa com toda a turma para discutir as semelhanças e diferenças
entre os monumentos vistos na aula. Discutam a localização e os elementos estéticos de cada um, o
que significam, se seu sentido pode mudar com o tempo, etc. Ao relacionar todos esses elementos,
verifique se os alunos identificam a relação existente entre monumentos, acontecimentos do passado
e memória coletiva.

Aula 2 – Monumentos contemporâneos


Duração: 45 minutos.
Local: sala de aula.
Organização dos alunos: sentados em suas carteiras, organizadas em um semicírculo.
Recursos e/ou material necessário: texto de apoio ao professor sobre a intervenção urbana Monumento à catraca
invisível, do coletivo Contrafilé.
Link para o texto Coletivo Contrafilé: arte participativa, educação e política como ação, de Cláudia Vicari Zanatta,
apresentado no Congresso Artes em Construção, Lisboa, 2018. Disponível em:
<www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/180028/001067069.pdf?sequence=1>.
Acessos em: 30 out. 2018.

Atividade 1: Apresentação do Monumento à catraca invisível (20 minutos)

Apresente à turma a obra Monumento à catraca invisível (2004), do coletivo Contrafilé.


Comente que se trata de uma intervenção urbana que consistiu na colocação de uma catraca
enferrujada em um pedestal, no meio de uma praça da cidade de São Paulo. Solicite que eles observem
as imagens da obra, encontradas facilmente na internet, e explique que a ação do coletivo artístico
Contrafilé partiu do conceito de “descatracalização da vida”. Em seguida, faça perguntas aos alunos
como:

• Como é o local onde essa intervenção urbana foi feita?


• Que sentidos pode ter a expressão “descatracalização da vida” e como a obra analisada
representaria essa ideia?
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• Que relações essa obra poderia ter com os monumentos que você observou? Ela pode ser
considerada, de fato, um monumento?
Permita que os alunos expressem livremente suas ideias. Explique que “descatracalização” é
um neologismo que utiliza a simbologia da catraca para propor que a vida seja mais simples, sem
mecanismos burocráticos que a entravem. A catraca também é associada a um instrumento que limita
e dificulta o acesso das pessoas a determinados espaços, além de registrar e quantificar a passagem
de seres humanos. Para conversar com a turma sobre a intervenção urbana do coletivo Contrafilé,
você pode consultar o texto indicado entre os recursos e materiais necessários para esta aula.

Por fim, proponha uma discussão sobre a intervenção do grupo Contrafilé ser considerada ou
não um monumento. Essa é uma questão que pode permanecer em aberto, mas procure observar se
os alunos usam o conteúdo visto anteriormente para fundamentar suas ideias. Além disso, verifique
se eles se aproximam da ideia de que as concepções de monumento mudam com o tempo, mas que
há algumas características que ajudam a definir essa manifestação artístico-cultural: a localização em
espaços públicos; a relação que têm com a memória coletiva, bem como com aspectos sociais, culturais
e políticos de determinadas sociedades; sua vocação para a permanência no tempo; a referência a
acontecimentos passados; o diálogo com correntes estéticas de sua época; a mescla de artes visuais e
arquitetura. Assim, vê-se que há motivos para considerar que a intervenção do coletivo Contrafilé não
constituiria de fato um monumento, mas sim uma crítica ao que a sociedade considera digno de
valorizar.

Atividade 2: Preparação de um projeto de monumento (25 minutos)

Faça com a turma uma retomada de tudo o que foi visto e discutido nas aulas anteriores.
Proponha, então, a criação de um projeto de monumento para a cidade em que se encontra a escola.
Recomende aos alunos que elaborem seus projetos para estabelecer algum diálogo com o público
sobre questões relevantes para a coletividade local.

Para isso, organize a turma em grupos de 6 alunos e peça que planejem esse monumento, cujo
projeto será desenvolvido na aula seguinte. Proponha que pensem sobre os seguintes tópicos:

• Qual seria o tamanho e a forma da obra?


• Que material seria utilizado?
• De que maneira o monumento seria construído, quais técnicas seriam empregadas e qual
mão de obra seria utilizada?
• Onde estaria localizado?
• Por que esse monumento deve existir?
Peça que os alunos façam anotações e esboços dos projetos. Os materiais deverão ser
providenciados para a aula seguinte, e o projeto pode ser composto de desenho, planta baixa,
maquete, entre outras possibilidades.
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Aula 3 – Projeto de monumento


Duração: 45 minutos.
Local: sala de aula.
Organização dos alunos: em grupos de 6 a 10 integrantes, em carteiras unidas, formando quadrados.
Recursos e/ou material necessário: lousa, giz, lápis preto, borracha, lápis de cor, giz de cera, canetas hidrocor, papel
kraft, papel sulfite, fita adesiva, cola branca, tesoura com pontas arredondadas, outros materiais que se façam
necessários de acordo com os projetos.

Atividade 1: Criação de projeto de um monumento (30 minutos)

Preservando a disposição dos grupos formados na aula anterior, proponha aos integrantes que
juntem suas carteiras para realizar o trabalho coletivamente. Durante o processo de criação, fique à
disposição para tirar eventuais dúvidas e ajudar na organização do trabalho.

Ressalte que, quando os projetos estiverem prontos, eles deverão apresentá-los para toda a
turma, explicando os aspectos da obra e justificando a construção desses monumentos.

Atividade 2: Apresentação dos projetos (15 minutos)

Organize a apresentação dos grupos e estipule um tempo para cada um, de modo que todos
possam mostrar seus projetos.

Explique aos alunos que eles devem exibir os projetos e descrever o monumento que seria
feito a partir dele: materiais empregados, modo de construção, formas e cores. Solicite que também
expliquem o tema da obra e a que acontecimento ou ideia se relaciona, justificando por que deveria
ser construído. Lembre-se de registrar, por meio de fotos, o processo de criação dos projetos e o
resultado deles para guardar no portfólio. Anote no seu diário de bordo o andamento dessa aula.

Aferição do objetivo de aprendizagem


• Ao longo desta sequência didática, observe o engajamento dos estudantes nas conversas
e atividades práticas. Há aspectos a serem observados, desejáveis como resultados das
aprendizagens pretendidas. São eles: que os estudantes entendam os conceitos de
monumento antigo e contemporâneo;
• que os estudantes sejam capazes de analisar os registros feitos ao longo do processo.
Para isso, durante a sequência didática, guie suas observações por meio das seguintes
perguntas: “Os estudantes participaram dos momentos de partilha? De que forma?”; “Prestaram
atenção nas instruções das atividades? Como foi esse processo?”; “Respeitaram a produção dos
colegas?”; “Caso tenha ocorrido algum problema, como ele foi resolvido?”; “Os estudantes realizaram
um projeto de monumento? De que forma?”; “Ficaram satisfeitos com as próprias produções?”;
“Usaram os conceitos apresentados para observar os próprios trabalhos e os dos colegas?”.
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Questões para auxiliar na aferição

1. O Monumento às Bandeiras, de Victor Brecheret, foi criado para homenagear os bandeirantes,


considerados heróis desbravadores na época. Hoje, há visões mais críticas que problematizam
esses personagens históricos. De que forma monumentos como o de Brecheret nos levam a refletir
sobre as mudanças de interpretação que ocorrem ao longo do tempo?

2. O que podemos entender por “monumento”?

Gabarito das questões

1. Espera-se que os estudantes percebam que certos monumentos nos levam a pensar que a
interpretação de uma obra está diretamente relacionada ao seu contexto. Na época em que foi
construído, o Monumento às Bandeiras representou uma mudança no cenário artístico por
retratar os bandeirantes (considerados heróis da nação) como negros e indígenas. Hoje, esse
monumento pode ser associado a uma passagem negativa da nossa história, em razão do
sofrimento causado às comunidades indígenas.

2. As respostas são pessoais. Observe se os alunos articulam as características dos monumentos


vistos ao longo desta sequência didática em uma definição coerente, que leve em conta os
diferentes significados que uma obra pode ter, de acordo com seu contexto de origem e tempo
histórico, bem como mudanças em sua recepção, as quais podem acontecer ao longo do tempo.

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