Indicadores 2
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INDICADORES
AULA 2
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da incerteza nos objetivos”. Nesse contexto, se compreende efeito como “um
desvio em relação ao esperado” que “pode ser positivo, negativo ou ambos, e
pode abordar, criar ou resultar em oportunidades e ameaças”.
Ainda conforme a ABNT (2018, p. 2), o risco normalmente será
compreendido a partir de outros termos relevantes, que são as fontes de risco,
os eventos potenciais, suas consequências e suas probabilidades. Como fonte
de risco entende-se o “elemento que, individualmente ou combinado, tem o
potencial para dar origem ao risco”. Já um evento potencial diz respeito à
“ocorrência ou mudança em um conjunto específico de circunstâncias” e, quando
relacionado a riscos, pode ser entendido como uma fonte deles. A consequência,
por sua vez é o “resultado de um evento que afeta os objetivos”. E a
probabilidade diz respeito à “chance de algo acontecer, não importando se
definida, medida ou determinada, ainda que objetiva ou subjetivamente,
qualitativa ou quantitativamente, e se descrita utilizando-se termos gerais ou
matemáticos”.
Pereira (2014, p. 12) ressalta que o conceito de risco estará sempre
atrelado a três componentes que se relacionam entre si: “causa, evento e
impacto”. Ou seja, cada risco possui ao menos um fator impulsionador para que
aconteça, mas “para um risco se materializar, é necessário algum evento
específico que gerará determinada perda ou ganho” para a organização.
A probabilidade de ocorrência e impacto exercido sobre os objetivos
organizacionais é, portanto, o que define um risco. Assim, “quanto maior for a
probabilidade e o impacto, maior será o nível deste risco para a organização”.
Nesse caso, entende-se o impacto como o “efeito que o evento ocorrido exerce
sobre os objetivos, ou seja, a materialização do risco” (Fraporti; Barreto, 2018,
p. 12).
Figura 1 – Riscos
Crédito: Own23/Shutterstock.
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Os tipos de risco existentes são os mais variados possíveis, tais como
riscos econômicos, operacionais, legais, financeiros, de imagem ou reputação.
Também existem riscos ambientais, sociais, de segurança. Conforme Brasiliano
(2012, p. 59), não existe uma classificação única e que seja de consenso de
todos os estudiosos do assunto. Nesse sentido, o autor sugere que “a
classificação deve ser desenvolvida de acordo com as características de cada
organização, contemplando as particularidades da sua indústria, mercado e
setor de atuação”. Ou seja, é importante estabelecer com clareza qual a natureza
do risco com o qual a organização está lidando para que o gestor possa ter uma
capacidade maior de trabalhar com esse risco.
Crédito: Bleakstar/Shutterstock.
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Gerenciar riscos deve ser um processo que considera variáveis distintas
e, até mesmo opostas. Nesse sentido devem ser analisados os contextos
externo e interno da organização; os processos formais e o comportamento
humano. Também deve se ter em mente que gerenciar riscos tanto pode ser
uma ação corretiva/preventiva quanto uma ação prospectiva, ou seja, pode-se
reagir a eventos negativos que ameaçam a organização como buscar ou criar
oportunidades a serem aproveitadas.
Mas, para que a gestão de riscos tenha esse objetivo positivo, conforme
Pereira (2014), ela deve fazer parte da cultura organizacional e estar “inserida
em suas práticas e processos”, em conformidade com a filosofia e os princípios
da empresa que norteiam os procedimentos a serem seguidos.
Conceitualmente, a gestão de riscos diz respeito ao processo
estabelecido formalmente na organização, que é projetado para identificar
possíveis eventos que possam afetá-la e para manter os riscos dentro de um
limite razoável, aceito pela empresa, de maneira a fornecer uma segurança
razoável quanto ao alcance dos objetivos da organização (Coso, 2017).
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“assegurar e melhorar a qualidade e eficácia de sua concepção, implementação
e resultados” (ABNT, 2018, p. 12-13,16).
Esse processo pode ser utilizado para gerenciar qualquer tipo de risco aos
quais a organização está sujeita, desde os mais estratégicos até os operacionais.
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inadequadas para alcançar a meta proposta pela organização, causando assim
efeitos nocivos, já que o acompanhamento está sendo feito de maneira errada.
Por sua vez, o estabelecimento de uma quantidade exagerada de
indicadores fará com que não haja foco bem definido quanto ao que se quer
acompanhar. Os indicadores devem estar alinhados com os objetivos
organizacionais e devem ser escolhidos com base nessa premissa. Vez ou outra,
por uma questão de modismo, uma empresa pode decidir usar determinados
indicadores somente porque seus concorrentes ou empresas benchmark usam.
Essa é uma forma inadequada de construção do conjunto de indicadores
da empresa e corre-se o risco de acompanhar indicadores que não dizem nada
e acabam gastando tempo dos gestores que precisam fazer seu
acompanhamento, sem trazer as respostas necessárias à organização.
Crédito: Eamesbot/Shutterstock.
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de não visualizar falhas nos processos, perder oportunidades por não estar
ciente das mesmas, desperdiçar recursos importantes para o alcance dos
objetivos organizacionais.
Vale ressaltar que não existe um número ideal de indicadores para as
organizações. Assim, ao estabelecer as formas de acompanhar o desempenho
organizacional é necessário focar em métricas-chave. Ou seja, naqueles
indicadores que realmente proporcionam a visão sistêmica de desempenho a ser
acompanhada pelo gestor, com base nos objetivos e metas organizacionais.
Crédito: Photoschmit/Shutterstock.
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Muitas organizações erram no uso de indicadores ao acreditar que
somente a mensuração trará respostas às situações em que se deseja observar
o desempenho. É muito simples observar de um ciclo para outro se um indicador
subiu ou desceu. Mas nem sempre é fácil apontar as causas da queda ou do
crescimento. Então, acompanhar um indicador não é somente observá-lo como
quem vê uma partida de tênis, mas sim analisar a causa das variações.
Outro erro comum é utilizar somente indicadores financeiros. Embora
sejam os mais conhecidos, os indicadores financeiros não devem ser os únicos
a serem elaborados e acompanhados. Na verdade, deve-se usar indicadores
das mais diversas naturezas. Uma forma de tratar essa questão ao planejar seus
indicadores, é que a empresa leve em conta as quatros perspectivas propostas
por Kaplan e Norton (1997), elaborando indicadores para a perspectiva
financeira, a perspectiva de clientes, a perspectiva de processos internos e a
perspectiva de aprendizado e crescimento.
Usar somente indicadores de controle específico a cada uma das
áreas/setores da empresa, sem uma visão sistêmica, também é um erro. Para
Moura (2016) esse uso inadequado dos indicadores leva a pelo menos dois
efeitos negativos que são a perda da “visão do fluxo global de trabalho que as
integra” e o cumprimento ou otimização de metas isoladas, que não
necessariamente conduzem aos objetivos mais globais da empresa.
Mais um problema está na situação em que o gestor reage a um resultado
de um indicador, sem considerar variáveis que ele não está enxergando no
momento, decorrido de uma causa esporádica, alheia ao processo. Aplicar uma
ação por conta de uma situação esporádica pode trazer uma série de
consequência negativas, quando não se percebe que essa causa esporádica
não deveria ser considerada para a tomada de decisão.
Não ter os indicadores disponíveis quando se precisa deles é mais um
problema importante a ser observado. Moura (2016) alerta que, em especial em
processos operacionais é fundamental que as informações chave estejam
totalmente disponíveis “à vista do pessoal, para que não tenham que deslocar-
se ou desviar sua atenção da operação”. Já nos processos gerenciais, conforme
o autor a preocupação deve estar em ter uma visão global dos resultados,
portanto “é preciso colocar todos os resultados importantes simultaneamente à
vista, para permitir uma análise sistêmica”.
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Além do uso inadequado, é natural que um indicador de desempenho, que
durante muito tempo funcionou perfeitamente na avaliação de determinado
processo, venha a ficar desatualizado e perca a sua utilidade. E é comum ocorrer
de os gestores não observarem a obsolescência do indicador, demorando a
retirá-lo do conjunto de indicadores organizacionais (Barros, 2012, p. 36). Nesse
caso podem ocorrer erros de avaliação de desempenho já que o indicador
perdeu sua validade e não consegue mais mensurar de forma eficiente aquela
situação.
Francischini e Francischini (2017) declaram que indicadores apontam,
mas não resolvem um problema. A resolução do problema indicado pelos
indicadores depende da atuação do gestor. Se um indicador sobe e desce e
nenhuma ação é tomada, o indicador não serve. Ou seja, a informação fornecida
apenas gera custos sem promover nenhum benefício para a empresa.
Observando todas essas situações fica claro que nem sempre ao se estar
medindo se está se gerenciando os processos organizacionais. É perfeitamente
plausível que a empresa tenha todo um conjunto de indicadores e que, mesmo
assim, sua gestão não seja eficaz, já que o uso dos indicadores é inadequado e
conduz a tomadas de decisão incorretas.
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• a escolha das medidas de desempenho deve ser coerente com
a estratégia da empresa e dela devem resultar;
• as medidas de desempenho devem ser compreensíveis e
controláveis, em grande proporção, pelos indivíduos que serão
avaliados;
• não deve conter uma quantidade grande de medidas, de forma
que isso poderia levar a falta de foco e muita confusão.
Crédito: Lecter/Shutterstock.
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desempenho. No entanto, na hora da coleta das informações que irão gerar os
indicadores, erros podem ser cometidos, levando a coletar as informações em
fontes inadequadas ou com uma periodicidade que não condiz com a
necessidade da empresa.
É necessário validar as fontes de informação, verificando sua integridade,
e decidir qual a melhor frequência para a coleta, analisando de tempos em
tempos se essas práticas continuam adequadas. Em especial quanto à
periodicidade, é importante levar em conta sazonalidades que podem alterar
significativamente os valores coletados e, por consequência, as análises
realizadas.
Outra situação que precisa ser observada é a tendência a se concentrar
nos indicadores que apresentam bons índices, ao invés de se priorizar a análise
dos indicadores que são efetivamente relevantes. A seleção e o foco nos
indicadores significativos farão com que as análises e a posterior tomada de
decisão sejam mais assertivas, menos tendenciosas, reduzindo o risco de uma
visão inadequada do desempenho.
Uma recomendação frequentemente apontada por quem trabalha com
riscos advindos de indicadores é a relacionada à sobrecarga de indicadores. Já
sabemos que há uma tendência em se imaginar que quanto mais indicadores a
empresa possuir, maior controle ela terá sobre seu desempenho organizacional.
Isso não é verdadeiro e acaba por atrapalhar as ações de nível tático e
operacional já que, ao invés de trabalhar, o gestor acaba tendo o tempo dele
tomado pelas tarefas com os indicadores. De acordo com Moura (2016) “uma
unidade de negócios não deveria ter mais do que 10 ou no máximo 20
indicadores globais de desempenho, cobrindo todos os resultados vitais da
organização”.
Finalmente, a fim de evitar possíveis problemas com sua análise de
desempenho, é necessário que o gestor busque, de tempos em tempos, atualizar
seu conjunto de indicadores. As estratégias da empresa mudam, seus objetivos
precisam ser revistos e suas metas atualizadas. Para acompanhar essas
mudanças, tanto de ordem externa quanto de ordem interna à organização, é
necessário revisar os indicadores para que eles continuem adequados à
verificação do desempenho organizacional.
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FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
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