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Jornada de Fisiologia

D IÇ Ã
E

O
II

Material de
Apoio
Bem-vindos a II edição
da Jornada de
Fisiologia

Introdução geral:

Sejam bem-vindos ao nosso minicurso de fisiologa


que surgiu da parceira entre IFMSA Brazil UNIT e
CAJAB (Centro Acadêmico Dr. José Augusto
Barreto).

Esperamos que aproveitem essa oportunidade para


aprimorar os conhecimentos de vocês em relação a
fisiologia.

Tudo foi preparado com muito cuidado e atenção


pensando em você. Com carinho IFMSA Brazil UNIT
e CAJAB
Fisiologia
Gastrointestinal
Sistema Gastrointestinal

Introdução
O sistema gastrointestinal degrada o alimento em moléculas pequenas,
absorvíveis pelas células, que são usadas no desenvolvimento e na
manutenção do organismo e nas suas necessidades energéticas.

Anatomia
O sistema digestório é constituído pela cavidade oral, pela faringe, pelo
tubo digestório (esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso e
canal anal) e seus anexos (pâncreas, fígado e vesícula biliar).

O tubo digestório tem quatro túnicas (camadas): mucosa, submucosa,


muscular e serosa ou adventícia. A mucosa é constituída por epitélio,
lâmina própria, de tecido conjuntivo frouxo, e muscular da mucosa, de
músculo liso. Conforme a região do tubo digestório, o epitélio pode ser
estratificado pavimentoso, com função protetora, ou simples colunar, com
diferentes tipos celulares para a absorção ou a secreção de substâncias.

A lâmina própria pode conter glândulas e tecido linfoide. A muscular da


mucosa geralmente consiste em uma subcamada interna circular e uma
subcamada externa longitudinal de músculo liso. Ela promove o
movimento da mucosa, aumentando o contato com o alimento. A
submucosa é de tecido conjuntivo denso não modelado.

Pode ter glândulas e tecido linfoide. Contém o plexo nervoso submucoso


(ou de Meissner), com gânglios do sistema nervoso autônomo, cujos
neurônios são multipolares e motores. Eles controlam o movimento da
muscular da mucosa, a secreção das glândulas e o fluxo sanguíneo. A
camada muscular pode ser de músculo estriado esquelético ou de
músculo liso, dependendo do órgão. Devido à organização das células
musculares lisas são observadas geralmente duas subcamadas: a circular
(interna) e a longitudinal (externa).
Sistema Gastrointestinal
As células musculares arranjam-se em espiral, sendo que ela é mais
compacta na circular e mais alongada na longitudinal. Entre as duas
subcamadas, há um pouco de tecido conjuntivo com o plexo nervoso
mioentérico (ou de Auerbach).

Ele tem gânglios do sistema nervoso autônomo, com neurônios


multipolares e motores. Esse plexo nervoso coordena o peristaltismo,
uma onda de contração que se move distalmente e consiste em
constrição e encurtamento.

A contração da camada circular diminui a luz, comprimindo e misturando


o conteúdo, e a contração da camada longitudinal encurta o tubo,
propelindo o material que está na luz. O espessamento do músculo
circular em algumas áreas resulta nos esfíncteres, que impedem a
passagem do conteúdo luminal com a sua contração.

A serosa ou a adventícia é o revestimento externo. A serosa (peritônio


visceral) é formada por tecido conjuntivo frouxo e mesotélio (epitélio
simples pavimentoso). A adventícia corresponde ao tecido conjuntivo
frouxo comum a outro órgão.
Sistema Gastrointestinal

Esôfago
Leva o alimento até o estômago.
Possui as mesmas camadas do trato gastrointestinal, revestido por
um epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado;
Na lâmina própria da região próxima ao estômago, existem grupos de
glândulas, as glândulas esofágicas da cárdia que secretam muco;
Na sua submucosa existem também as glândulas esofágicas da
cárdia, cujo muco secretado facilita e protege o esôfago (passagem
do alimento).

Estômago
Digestão parcial dos alimentos e secreção de enzimas e hormônios.
Porção mais dilatada do canal alimentar que transforma o bolo em
quimo;
Digestão química: continuação da dogestão dos carboidratos, adição
de HCl, digestão parcial das proteínas pela pepsina, digestão parcial
dos lipídeos e produção do fator intrínseco;
Faz também o armazenamento do alimento, sendo uma grande
glândula exócrina e endócrina.
Regiões: cárdia, fundo, corpo e piloro.
Estrutura: túnica mucosa, submucosa, muscular e serosa.
Sistema Gastrointestinal

Intestino Delgado
Absorção de nutrientes.
Possui vilos (epitélio + tecido conjuntivo) que aumentam a superfície
de contato; Epitélio cilíndrico simples com microvilosidades + células
absortivas, enteroendócrinas, caliciformes, fonte e de Paneth
(lisozimas relacionadas com as células de defesa).
DUODENO:
Primeira porção do intestino delgado.
Permanece as células regenerativas (fonte) e enteroendócrinas;
Secretam secretina e colecistoquinina;
Possui uma túnica muscular subdividida em 2 camadas + uma
serosa/adventícia;
Composto por uma lâmina própria de tecido conjuntivo frouxo, células
com origem linfoide, vasos e glândulas tubulares intestinais de
Lieberkuhn;
Possui a muscular da mucosa bem evidente;
Na submucosa do duodeno temos as glândulas duodenais de Brunner,
é o que diferencia o duodeno, único órgão com glândulas na
submucosa.

JEJUNO-ÍLEO:
Mucosa com vilosidades longas e chatas, formado por epitélio
cilíndrico simples;
Íleo possui Placas de payer (aglomerados de nódulos linfáticos);
Túnica muscular com 2 camadas e uma serosa revestindo o órgão.

Intestino Grosso
Possui maior quantidade de vasos linfáticos;
Possui células absortivas, caliciformes, fonte e enteroendócrinas;
Não possui células de Panneth;
Constituído por epitélio cilíndrico simples e túnicas similares aos do
delgado.
Sistema Gastrointestinal

RETO-ANAL:
Não possui mucosa, mas sim esfíncter anal interno e externo.
Revestimento: adventícia formada por tecido conjuntivo denso;
Sem muscular da mucosa;
Constituído por epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado.
Sistema Gastrointestinal

Glândulas Anexas
PÂNCREAS:
Glândula mista que produz o suco pancreático;
EXÓCRINA: túbulo-acinosa composta, secretando o suco pancreático.
Possui uma cápsula de tecido conjuntivo denso que entra o órgão
dividindo-o em lóbulos, com ácinos e ductos. Parênquima: ácino +
ducto. Estroma: tecido conjuntivo de sustentação.
ENDÓCRINA: ilhotas de langerhans – aglomerados de células
epiteliais imersas em tecido pancreático, entre essas ilhotas há
capilares sanguíneos com células endoteliais fenestradas. As células
que fazem parte da ilhotas e divide em: A (produzem glucagon),
B(produz insulina), D (produz somatostatina), F (produz o hormônio
pancreático).
Controle da secreção: Secretina e Colecistoquinina – produzidas no
duodeno.

FÍGADO
Maior glândula, principal órgão metabólico e glândula mista.
ENDÓCRINA: secreção da bile pelo hepatócito, auxilia o baço na
destruição de hemácias, acumula metabólicos, órgãos de
desintoxicação e neutralização de substâncias. Órgão maciço,
revestido por uma resistente cápsula de Glisson, constituído por
tecido conjuntivo denso. Possui parênquima com células epiteliais de
origem endócrina que produzem proteínas e bile. Estroma formado
por tecido conjuntivo com origem mesenquimal, dividido em lóbulos
hepáticos por tecido conjuntivo + vasos.
Quando 3 lóbulos se encontram: espaço porta. (1 vênula, 1 arteríola, 1
ducto);
80% do sangue que chega ao fígado é venoso vindo do intestino (veia
porta);
Hepatócito: contém 1 ou 2 núcleos centrais; - Produz bile e proteínas;
Possui muito retículo endosplasmático (rugoso e liso);
Sistema Gastrointestinal

Alguns possuem grande quantidade de glicogênio logo após


alimentação;
Se agrupam em placas/cordões, formando os lóbulos hepáticos;
Formato poliédrico, dividindo a parede com sinusóides. Estão
enconstados à parede de células vizinhas, as limitando em um espaço
chamado canalículo biliar;
Se dispõe em placas com uma camada e o espaço entre elas é cupado
por capilares sinusóides.

SINUSÓIDES HEPÁTICOS:
Capilares longos, com aberturas nas paredes e sem diafragma;
Formados por células endoteliais revestidas por macrófagos (célula
de Kupffer);
Esses macrófagos fagocitam hemácias velhas, digerindo hemoglobina
e sintetizando bilirrubina;
Entre hepatócitos e sinusóides há o espaço “disse”;
Dos sinusóides desembocam ramos terminais da artéria hepática,
trazendo O2 ao parênquima hepático;
Bile cai nos canalículos biliares, que formam ductos biliares que se
unem formando ductos hepáticos direito e esquerdo, que se unem
formando o ducto hepático comum, ducto cístico biliar e originam o
colídoco.

VESÍCULA BILIAR:
Órgão oco que concentra e armazena a bile.
Com formato de pera, é presa à parede inferior do fígado, dividida em
túnicas de epitélio cilíndrico simples com microvilosidades;
Absorve o H2O da bile para concentrá-la;
Mucosa com lâmina própria e tecido conjuntivo;
Revestindo externamente tem uma túnica serosa (porção livre) ou
adventícia (contato com o fígado);
Não possui glândulas nem submucosa.
Sistema Gastrointestinal
Fisiologia

A função primária do sistema digestório é levar os nutrientes, a água e os


eletrólitos do ambiente externo para o ambiente interno corporal. Para
alcançar esse objetivo, o sistema usa quatro processos básicos:
digestão, absorção, secreção e motilidade.

O processamento do alimento é tradicionalmente dividido em três fases:


cefálica, gástrica e intestinal. As mesmas integram motilidade, secreção,
digestão e absorção.

FASE CEFÁLICA
Os processos digestórios no corpo iniciam antes que a comida entre na
boca. Simplesmente através do cheiro, visão, ou até mesmo de
pensamento sobre um alimento.
Sistema Gastrointestinal
Fisiologia
O estímulo antecipatório e o estímulo do alimento na cavidade oral
ativam neurônios no bulbo. O bulbo manda sinais para as glândulas
salivares, e em resposta a esses sinais, os órgãos do SGI iniciam a
secreção e aumentam a motilidade em antecipação ao alimento que virá.

Digestão mecânica e química

Quando o alimento entra na boca, ele é inundado por uma secreção, a


qual chamamos de saliva. A mesma possui quatro funções importantes:
amolecer e lubrificar os alimentos, digestão do amido (através da
amilase salivar), gustação e defesa.

A digestão mecânica dos alimentos inicia na cavidade oral com a


mastigação. Os lábios, a língua e os dentes contribuem para a
mastigação do alimento, criando uma massa amolecida e umedecida
(bolo) que pode ser facilmente engolida.
Sistema Gastrointestinal
Fisiologia
Deglutição:

O ato de engolir, ou deglutição, é uma ação reflexa que empurra o bolo


de alimento ou de líquido para o esôfago. O estímulo para a deglutição é
a pressão criada quando a língua empurra o bolo contra o palato mole e
a parte posterior da boca. Quando o bolo se aproxima do esôfago, o
esfíncter esofágico superior relaxa. Ondas de contrações peristálticas,
então, empurram o bolo em direção ao estômago, auxiliadas pela
gravidade.

A extremidade inferior do esôfago situa-se logo abaixo do diafragma e é


separada do estômago pelo esfíncter esofágico inferior. Quando os
alimentos são deglutidos, a tensão relaxa, permitindo a passagem do
bolo alimentar para o estômago.

FASE GÁSTRICA
O estômago possui três funções gerais: armazenamento, digestão e
defesa. Antes da chegada do alimento, a atividade digestória no
estômago inicia com um reflexo vagal longo da fase cefálica. Depois,
quando o bolo entra no estômago, estímulos no lúmen gástrico iniciam
uma série de reflexos curtos, que constituem a fase gástrica da digestão.

Nos reflexos da fase gástrica, a distensão do estômago e a presença de


peptídeos ou de aminoácidos no lúmen ativam células endócrinas e
neurônios entéricos. Hormônios, neurotransmissores e moléculas
parácrinas, então, influenciam a motilidade e a secreção.
Sistema Gastrointestinal
Fisiologia
1 - Armazenamento do bolo alimentar:

Quando o alimento chega do esôfago, o estômago relaxa e expande para


acomodar o volume aumentado, no chamado relaxamento receptivo. A
metade superior do estômago permanece relativamente em repouso,
retendo o bolo alimentar até que ele esteja pronto para ser digerido.

A função de armazenamento do estômago é importante para regular a


velocidade na qual o quimo entra no intestino delgado, fazendo com que
esse último seja capaz de digerir e absorver a carga de quimo que
chega.

Enquanto a parte superior do estômago está retendo o bolo alimentar, a


parte inferior do estômago está ocupada com a digestão. Na metade
distal do estômago, uma série de ondas peristálticas empurra o bolo
alimentar para baixo, em direção ao piloro, misturando-o com o ácido e
as enzimas digestórias. Quando as partículas grandes são digeridas e a
textura do quimo fica mais uniforme, cada onda contrátil ejeta uma
pequena quantidade de quimo no duodeno através do piloro.

2 - Secreções gástricas:

O lúmen do estômago é alinhado com o epitélio produtor de muco,


pontuado por aberturas de fovéolas (fossas) gástricas. As fossas levam
a glândulas gástricas profundas dentro da camada mucosa. Múltiplos
tipos celulares dentro das glândulas produzem ácido gástrico (HCl),
enzimas, hormônios e moléculas parácrinas.
Sistema Gastrointestinal
Fisiologia
Sistema Gastrointestinal
Fisiologia
As células parietais profundas nas glândulas gástricas secretam o ácido
gástrico (HCl) no lúmen do estômago. Na secreção ácida, o processo inicia
quando o H+ do citosol da célula parietal é bombeado para o lúmen do
estômago em troca por K+, que entra na célula, por uma
H+ -K+ -ATPase.

O Cl-, então, segue o gradiente elétrico criado por H+, movendo-se através
de canais de cloreto abertos. O resultado líquido é a secreção de HCl pela
célula.

Enquanto o ácido está sendo secretado no lúmen, o bicarbonato produzido


a partir de CO2 e OH- da água é absorvido para o sangue. A ação
tamponante do HCO3 torna o sangue menos ácido ao deixar o estômago,
criando uma maré alcalina que pode ser medida enquanto uma refeição
está sendo digerida.

3 - Equilíbrio de digestão e defesa:


Sob condições normais, a mucosa gástrica protege a si mesma da
autodigestão por ácido e enzimas com uma barreira muco--bicarbonato.
As células mucosas na superfície luminal e no colo das glândulas gástricas
secretam ambas as substâncias. O muco forma uma barreira física, e o
bicarbonato cria uma barreira tamponante química subjacente ao muco.
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Fisiologia

FASE INTESTINAL

O quimo que entra no intestino delgado sofreu relativamente pouca


digestão química, então sua entrada no duodeno deve ser controlada para
evitar sobrecarga ao intestino delgado.

A motilidade no intestino delgado também é controlada. Os conteúdos


intestinais são lentamente propelidos para a frente por uma combinação
de contrações segmentares e peristálticas. Essas ações misturam o quimo
com enzimas, e elas expoem os nutrientes digeridos para o epitélio
mucoso para absorção. Os movimentos para a frente do quimo ao longo do
intestino devem ser suficientemente lentos para permitir que a digestão e
a absorção sejam completadas.

A inervação parassimpática e os hormônios GI gastrina e CCK promovem a


motilidade intestinal; a inervação simpática inibe-a.
Sistema Gastrointestinal
Fisiologia
A maioria dos nutrientes absorvidos ao longo do epitélio intestinal vai
para capilares nas vilosidades para distribuição através do sistema
circulatório. A exceção são as gorduras digeridas, a maioria das quais
passa para vasos do sistema linfático.

O sangue venoso proveniente do trato digestório não vai diretamente de


volta ao coração. Em vez disso, ele passa para o sistema porta-hepático.
Essa região especializada da circulação tem dois conjuntos de leitos
capilares: um que capta nutrientes absorvidos no intestino, e outro que
leva os nutrientes diretamente para o fígado.

1 - Secreções intestinais promovem a digestão:


A cada dia, o fígado, o pâncreas e o intestino produzem mais de 3 litros
de secreções, cujos conteúdos são necessários para completar a
digestão dos nutrientes ingeridos. As secreções adicionadas incluem
enzimas digestórias, bile, bicarbonato, muco e solução isotônica de NaCl.

O muco das células caliciformes intestinais protege o epitélio e lubrifica


o conteúdo intestinal. Uma solução isotônica de NaCl mistura-se com o
muco para ajudar a lubrificar o conteúdo do intestino
Sistema Gastrointestinal
Fisiologia
2 - Pâncreas secreta enzimas digestórias e bicarbonato:
O pâncreas é um órgão que contém ambos os tipos de epitélio secretor:
endócrino e exócrino. A secreção endócrina é proveniente de
agrupamentos de células, chamadas de ilhotas, e inclui os hormônios
insulina e glucagon. As secreções exócrinas incluem enzimas digestórias
e uma solução aquosa de bicarbonato de sódio, NaHCO3. As células
acinares secretam enzimas digestórias, e as células do ducto secretam
solução de NaHCO3.
Sistema Gastrointestinal
Fisiologia

3 - O fígado secreta a bile:


A bile é uma solução não enzimática secretada pelos hepatócitos. Os
componentes-chave da bile são sais biliares, que facilitam a digestão
enzimática de gorduras, pigmentos biliares, como a bilirrubina, que são
os produtos residuais da degradação da hemoglobina, e colesterol, que é
excretado nas fezes.

A bile secretada pelos hepatócitos flui pelos ductos hepáticos até a


vesícula biliar, que armazena e concentra a solução biliar. Durante uma
refeição que inclua gorduras, a contração da vesícula biliar envia bile
para o duodeno.

Os sais biliares não são alterados durante a digestão das gorduras.


Quando eles alcançam a seção terminal do intestino delgado (o íleo), eles
encontram células que os reabsorvem e os enviam de volta para a
circulação. De lá, os sais biliares retornam para o fígado, onde os
hepatócitos os captam novamente e os ressecretam.

4 - A maior parte da digestão ocorre no intestino delgado:


A secreção intestinal, pancreática e hepática de enzimas e de bile é
essencial para a função digestória normal. Quando o quimo entra no
intestino delgado, as enzimas pancreáticas e da borda em escova, então,
finalizam a digestão de peptídeos, carboidratos e gorduras em moléculas
menores que podem ser absorvidas.
Sistema Gastrointestinal
Fisiologia

5 - Os sais biliares facilitam a digestão de gorduras:


A digestão de gorduras é complicada pelo fato de que a maioria dos
lipídeos não é particularmente solúvel em água. Como resultado, o quimo
aquoso que deixa o estômago contém uma emulsão grosseira de grandes
gotículas lipídicas, que tem menos área de superfície do que partículas
menores.

Para aumentar a área de superfície disponível para a digestão enzimática


da gordura, o fígado secreta sais biliares no intestino delgado. Os sais
biliares ajudam a quebrar a emulsão de partículas grandes em partículas
menores e mais estáveis.

Os sais biliares são anfipáticos, isto é, eles têm tanto uma região
hidrofóbica quanto uma região hidrofílica. As regiões hidrofóbicas dos
sais biliares associam-se à superfície das gotas lipídicas, ao passo que a
cadeia lateral polar interage com a água, criando uma emulsão estável de
pequenas gotas de gordura solúveis em água.

A digestão enzimática das gorduras é feita por lipases, enzimas que


removem dois ácidos graxos de cada molécula de triacilglicerol. O
resultado é um monoglicerol e dois ácidos graxos livres.

Todavia, a cobertura de sais biliares da emulsão intestinal dificulta a


digestão, uma vez que a lipase é incapaz de penetrar nos sais biliares.
Sistema Gastrointestinal
Fisiologia

Por essa razão, a digestão de gorduras também requer a colipase, um


cofator proteico secretado pelo pâncreas. A colipase desloca alguns sais
biliares, permitindo à lipase acessar as gorduras por dentro da cobertura
de sais biliares.

Os fosfolipídeos são digeridos pela fosfolipase pancreática. O colesterol


livre não é digerido e é absorvido intacto.

Enquanto a digestão enzimática e mecânica prossegue, ácidos graxos,


sais biliares, mono e diacilgliceróis, fosfolipídeos e colesterol coalescem
para formar pequenas micelas no formato de discos. As micelas, então,
entram na fase aquosa sem agitação da borda em escova.

As gorduras lipofílicas, como ácidos graxos e monoacilgliceróis, são


absorvidos primariamente por difusão simples. Eles saem de suas
micelas e difundem-se através da membrana do enterócito para dentro
da célula.

Uma vez dentro dos enterócitos, os monoacilgliceróis e os ácidos graxos


movem-se para o retículo endoplasmático liso, onde se recombinam,
formando triacilgliceróis.
Sistema Gastrointestinal
Fisiologia

POs triacilgliceróis, então, combinam-se com colesterol e proteínas,


formando grandes gotas, denominadas quilomícrons. Devido ao seu
tamanho, os quilomícrons devem ser armazenados pelo aparelho de
Golgi. Os quilomícrons, então, deixam a célula por exocitose.

O grande tamanho dos quilomícrons também impede que eles


atravessem a membrana basal dos capilares. Em vez disso, os
quilomícrons são absorvidos pelos capilares linfáticos, os vasos
linfáticos das vilosidades.

Os quilomícrons passam através do sistema linfático e, por fim, entram


no sangue venoso logo antes que ele se direcione para o lado direito do
coração.

Alguns ácidos graxos curtos (10 ou menos carbonos) não são agrupados
em quilomícrons. Esses ácidos graxos podem, portanto, atravessar a
membrana basal dos capilares e ir diretamente para o sangue.
Sistema Gastrointestinal
Fisiologia

Continuando vamos falar da digestão e absorção dos outros


macronutrientes: carboidratos, proteínas, ácidos nucleicos, vitaminas,
minerais e água

Na nossa dieta então inclusos diversos tipos de carboidratos entre eles:


amido, sacarose polímeros de glicogênio e celulose, dissacarídeos
(lactose, maltose), monossacarídeos (glicose, frutose), entre outras
formas.

A digestão do amido (um dos mais frequentes carboidratos da dieta)


começa na boca com a enzima amilase salivar, depois retoma a digestão
com a amilase pancreática. Ao fim, o amido é convertido em maltose.

A maltose e outros dissacarídeos produtos da digestão são quebradas


por enzimas conhecidas como as dissacaridases na borda em escova do
intestino delgado (maltase, lactase) em seus produtos finais, os
monossacarídeos: glicose, galactose e frutose. A composição dos
dissacarídeos e as dissacaridases estão ilustradas abaixo.

O amido e o glicogênio são os carboidratos complexos que podemos


digerir e por consequência absorver, outros como a celulose (famosas
"fibras") não absorvermos porque não possuímos enzimas necessárias.
Importante ressaltar: a absorção intestinal é restrita a monossacarídeos

Os transportadores para glicose e galactose são: o simporte apical Na+ -


glicose SGLT e o transportador basolateral GLUT2. Ambos funcionam
para ambos e estão ilustrados abaixo
Sistema Gastrointestinal
Fisiologia

A absorção de frutose, ao contrário dos outros, não é dependente de Na+.


Ela é transportada por difusão facilitada pelos transportadores GLUT5
(membrana apical) e GLUT2 (membrana basolateral).

As proteínas da dieta humana são polipeptídeos ou ainda maiores, elas


podem ser de origem animal e vegetal (estas menos digeríveis). As
enzimas que digerem proteínas são divididas em dois grandes grupos:
endopeptidases e exopeptidases.

Como resultado da ação dessas enzimas temos: aminoácidos livres,


dipeptídeos e tripeptídeos. Todos podem ser absorvidos.

Devido aos diferentes tipos de aminoácidos existem muitos tipos de


transportes, muitos utilizam cotransportadores dependentes de Na+.

Dipeptídeos e tripeptídeos são carregados pelo transportador de


oligopeptídeos PepT1 que usa o contransporte dependente de H+
Sistema Gastrointestinal
Fisiologia

As endopeptidases ou proteases atacam


as ligações no interior da cadeia de
aminoácidos, quebrando uma cadeia
grande em fragmentos menores. Elas
são secretadas como proenzimas
(inativas ou ziminogênios) pelas células
epiteliais e são ativadas quando chegam
no lúmen. Alguns exemplos: pesina,
tripsina, quimiotripsina.

As exopeptidases liberam aminoácidos livres de dipeptídeos por cortá-


los das extremidades. Dentro delas, as aminopeptidases agem na
extremidade amina (possuem menor papel), já as carboxipeptidases
agem na extremidade carboxiterminal.

Dentro das células os oligopeptídeos tem dois possíveis destinos. A


maioria é digerido por peptidases citoplasmáticas em aminoácidos e
então transportados para o sangue. Aqueles oligopeptídeos que não são
digeridos são transportados intactos através da membrana basolateral
por um trocador dependente de H+.

Alguns peptídeos com mais de três aminoácidos são absorvidos por


transcitose após se ligarem a receptores de membrana na superfície
luminal do intestino.

Os polímeros de ácidos nucleicos (DNA, RNA) são uma parte muito


pequena da dieta, são digeridos por enzimas pancreáticas e intestinais
em compostos nucleotídicos e depois em bases nitrogenadas e
monossacarídeos.
Sistema Gastrointestinal
Fisiologia

As bases são transportadas por transporte ativo enquanto os


monossacarídeos são absorvidos por difusão facilitada e transporte
ativo secundário.

A absorção de vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) são absorvidos no


intestino delgado junto com as gorduras. Já as solúveis em água (C e
complexo B) são absorvidas por transporte mediado.

A exceção é a vitamina B12, seu transportador é encontrado


principalmente no íleo e somente é reconhecida e absorvida se tiver
associado a uma proteína produzido na mucosa gástrica: o fator
intrínseco.

A absorção de minerais geralmente se dão por transporte ativo. O ferro e


o cálcio são duas substâncias que tem sua absorção regulada.

O ferro heme (origem animal) passa por um transportador apical


enquanto o ferro ionizado (Fe +2) (origem vegetal) é ativamente
absorvido junto com H+ pelo transportador DMT1.

Dentro das células, o ferro heme vai ser convertido em Fe+2 e ambos
saíram da célula por um canal chamado de ferroportina e serão
transportados no sangue por uma proteína específica: transferrina. A
regulação da absorção se dá pela hepidicina que é produzida no fígado
quando os estoques estão cheios e age fazendo o enterócito destruir a
ferroportina.
Sistema Gastrointestinal
Fisiologia

A maior parte da absorção do Ca+2 é por movimento passivo paracelular


não regulado. O transporte regulado ocorre no duodeno pela influência
da vitamina D. O cálcio entra no enterócito por difusão facilitada e pode
ser absorvida por transporte ativo: bomba de cálcio ou antiporte de Na-
Ca+2
A maior parte da absorção da água ocorre no intestino delgado. A
absorção de nutrientes e de íons cria um gradiente osmótico que "puxa a
água".

Os enterócitos e colonócitos (células epiteliais do cólon) absorvem o


Na+ de três formas ilustrado ao lado. No intestino delgado além dessas
formas temos os cotransportadores de outros nutrientes já
mencionados.

A regulação da digestão e absorção intestinal vem de sinais neurais e


hormonais que controlam a motilidade e a secreção. Esses sinais vão
controlar a taxa de entrega de quimo pelo estômago e antecipam
informações para promover a digestão, a motilidade e a utilização de
nutrientes.

O quimo entrando no intestino ativa o sistema nervoso entérico que


reduz a motilidade e esvaziamento gástrico; Três hormônios reforçam
essa redução de motilidade: colecistocinina (CCK), secretina e peptídeo
inibidor gástrico (GIP). Os dois primeiros também diminuem a secreção
ácida do estômago.
Sistema Gastrointestinal
Fisiologia

A secretina ainda estimula a produção de bicarbonato pelo pâncreas para


neutralizar o quimo ácido que entrou no intestino. A CCK é secretada no
sangue após uma refeição rica em gorduras.

Os hormônios incretinas GIP e o peptídeo similar ao gluca-gon 1 (GLP-1)


são liberados se a refeição contém carboidratos e funcionam como
antecipação ou feedfoward promovendo a liberação de insulina. Eles
também atuam reduzindo a motilidade e secreção ácida do estômago.

A mistura de ácidos, enzimas e alimentos digeridos no quimo


normalmente formam uma solução hiperosmótica. Ao perceber isso,
receptores da própria parede do intestino inibem esvaziamento gástrico
Sistema Gastrointestinal
Fisiologia
Finalizando a fisiologia do sistema digestório vamos falar de intestino
grosso. A passagem entre um intestino e outro ocorre pela válvula
ileocecal. A papila ileal relaxa com a chegada de ondas peristálticas e
também quando o quimo deixa o estômago, como parte do reflexo
gastroileal.

A motilidade do intestino grosso possui dois tipos de contrações. As


contrações segmentares não produzem movimento e só misturam o
quimo, toda a movimentação do quimo depende de uma única contração
colônica chamada de movimento de massa. Estas ocorrem de 3 a 4
vezes a dia e estão intimamente associados a ingestão alimentar e a
distensão do estômago (reflexo gastrocólico).

Inúmeras bactérias colonizam o intestino groso e são responsáveis pela


degradação de carboidratos complexos e de proteínas não digeridos por
meio da fermentação. Como resultado temos lactato e ácidos graxos de
cadeia curta que podem ser absorvidos por difusão simples por serem
lipofílicos. As bactérias também produzem quantidades de vitaminas
(principalmente vitamina K). Lembrando que os colonócitos também
absorvem água por osmose já explicada anteriormente.

Por fim, vamos falar da defecação que é reflexo espinal desencadeado


pela distensão da parede do reto. Consequentemente o músculo liso do
esfincter interno do ânus (involuntário) relaxa. O esfincter externo é
conscientemente relaxado por contração voluntária. A defecação é
reforçada por contrações abdominais conscientes e também por
movimentos expiratórios forçados contra a glote fechada (a manobra de
Valsalva).
Sistema Gastrointestinal
Principais Patologias

Doença do Refluxo Gastroesofágico


É uma afecção crônica caracterizada pelo deslocamento retrógrado do
conteúdo gástrico para o esôfago e estruturas adjacentes, ocasionando,
dessa forma, um grande espectro de sinais e sintomas que causam
desconforto e comprometem a qualidade de vida de milhares de pessoas
no mundo.

É uma das causas mais frequentes de consultas ambulatoriais em


Gastroenterologia e afeta todas as faixas etárias, sendo mais prevalente
em países ocidentais. Além disso, os principais fatores de risco
relacionados com a DRGE incluem idade avançada, predisposição
genética, presença de hérnia hiatal, além de condições que elevam a
pressão intra-abdominal, como obesidade e gestação.

Fisiopatologia da doença do refluxo gastroesofágico


A etiopatogenia da DRGE é multifatorial. A exposição crônica da mucosa
esofágica ao conteúdo gastroduodenal é decorrente do defeito de um ou
mais mecanismos de defesa do esôfago, sendo eles:
A barreira antirrefluxo, formada pelos esfíncteres esofágicos inferior
(interno) e externo.
Os mecanismos de depuração ou “clareamento” intraluminal, a
exemplo do peristaltismo, da ação da gravidade e da própria
neutralização do conteúdo ácido pela saliva.
Os mecanismos de resistência normalmente presentes no epitélio
esofágico (muco, bicarbonato, junções intercelulares firmes,
suprimento sanguíneo).
Sistema Gastrointestinal
Principais Patologias

A falha da barreira antirrefluxo – seja pela hipomotilidade esofágica ou


pela hipotonia do esfíncter esofágico inferior (EEI) – combinada ao
refluxo do conteúdo duodeno-gastroesofágico lesa a mucosa do
esôfago por ação da composição ácida do material gástrico ou até
mesmo por meio de enzimas proteolíticas provenientes do conteúdo
duodenal (sais biliares e enzimas pancreáticas).

Nesse contexto, a exposição crônica da mucosa do esôfago ao conteúdo


ácido é responsável pelo processo de metaplasia ou displasia epitelial.
Além disso, essa acidificação da mucosa esofágica distal ativa o nervo
vago, explicando, assim, a ocorrência de algumas manifestações
extraesofágicas da DRGE.

Quadro clínico da DRGE


O quadro clínico da DRGE pode ser dividido em sintomas típicos,
atípicos e sinais de alarme, que, por sua vez, indicam maior
gravidade da doença.
A sintomatologia típica ou clássica constitui-se de pirose ou azia
(sensação de queimação retroesternal) e regurgitação ácida. Na
história clínica, é comum que o paciente refira que esses sintomas
são mais frequentes após as refeições ou durante o decúbito.
Os sinais e sintomas atípicos ou extra-esofágicos são decorrentes
do contato direto do conteúdo refluído com estruturas adjacentes
ao esôfago ou, ainda, por meio da exacerbação do reflexo vagal.
São exemplos deles: dor torácica, globus faríngeo, tosse, asma,
rouquidão, pigarro, sinusite, otalgia.
Já os sinais de alarme (ou alerta) são: disfagia, odinofagia,
hemorragia digestiva, perda ponderal, anemia, além de sintomas de
forte intensidade e/ou de predomínio noturno.
Sistema Gastrointestinal
Principais Patologias

Gastrite

Pode ser definida como a presença de inflamação da mucosa


gástrica, de forma aguda ou crônica, acompanhada de lesão epitelial
e regeneração da mucosa.
Geralmente, ela é classificada de acordo com seus aspectos
endoscópicos e histológicos, de acordo com o Sistema Sidney, o
mais utilizado atualmente.
Existem diversas formas de apresentação da gastrite; entretanto, a
manifestação mais comum é a gastrite crônica induzida por
Helicobacter pylori.
A H. pylori é uma bactéria espiralada e gram negativa, que possui
boa adaptação ao ambiente gástrico, colonizando o muco de
revestimento do estômago.

O
Sistema Gastrointestinal
Principais Patologias

A evolução clínica depende de aspectos do hospedeiro e da própria


bactéria, em interação.
A lesão do epitélio pode ocorrer diretamente, através da liberação de
enzimas e toxinas, ou por meio da indução de resposta inflamatória
do hospedeiro. Apesar da indução dessa resposta imune local, uma
vez adquirida, a infecção persiste para sempre e raramente regride
naturalmente. Depois da fase aguda, o padrão da gastrite vai
depender do curso da infecção.
A região antro é frequentemente a primeira a ser acometida e esses
indivíduos mantém a produção de secreção gástrica ácida normal,
visto que a mucosa oxíntica é preservada. Entretanto, esses
pacientes têm mais chances de desenvolver úlcera péptica.
O acometimento da região de corpo gástrico indica
comprometimento de secreção e a inflamação pode resultar no
desenvolvimento de atrofia da mucosa, que predispõe ao câncer
gástrico.
Assim, é possível estabelecer a sequência: infecção pelo H. pylori →
→ →
gastrite crônica atrofia glandular metaplasia intestinal.

A possibilidade de a gastrite crônica evoluir para atrofia gástrica,


metaplasia intestinal, displasia e neoplasia dá suporte para a
classificação do H. pylori como carcinógeno tipo I, segundo a
Associação Internacional para Pesquisa contra o Câncer, da OMS.

Quadro clínico
Em geral, a gastrite é descrita como assintomática e silenciosa.
Entretanto, podem surgir alguns sintomas inespecíficos, como dor
em epigástrio que pode irradiar para tórax ou outras regiões
abdominais, pirose, náuseas e vômitos.

Dessa forma, o maior significado clínico da gastrite crônica por H. pylori


é o risco de aparecimento de úlcera péptica e carcinoma gástrico.
Sistema Gastrointestinal
Principais Patologias

Síndrome do Intestino Irritável


A causa da síndrome do intestino irritável (SII) é desconhecida.
Fatores emocionais, dietéticos, farmacológicos ou hormonais podem
precipitar ou agravar os sintomas gastrointestinais. Historicamente, o
transtorno foi considerado muitas vezes como puramente
psicossomático. Embora existam componentes psicossociais, a SII é
mais bem compreendida como uma associação de fatores fisiológicos
e psicossociais.

Fatores fisiológicos
Alteração da motilidade intestinal
Aumento da sensibilidade intestinal (hiperalgesia visceral)
Vários fatores genéticos e ambientais
Alguns pacientes (talvez 1 em 7) relataram que seus sintomas da
síndrome do intestino irritável começaram após um episódio de
gastroenterite aguda (denominada SII pós-infecciosa). Um
subgrupo de pacientes com síndrome do intestino irritável tem
disfunções autonômicas. Entretanto, muitos pacientes não têm
anormalidades fisiológicas demonstráveis e, naqueles que têm,
essas anormalidades podem não se correlacionar aos sintomas.
A ingestão de gordura pode aumentar a permeabilidade intestinal e
exagerar a hipersensibilidade. A ingestão de alimentos ricos em
oligossacarídeos fermentáveis, dissacarídeos, monossacarídeos e
polióis (denominados coletivamente FODMAPs) é fracamente
absorvida no intestino delgado e pode aumentar a motilidade e
secreção colônicas.
Sistema
Gastrointestinal
Principais Doenças

Principais Doenças

As flutuações hormonais afetam a função intestinal em mulheres. A


sensibilidade retal está aumentada durante a menstruação, mas não
durante outras fases do ciclo menstrual. Os efeitos dos esteroides
sexuais sobre o trânsito digestivo são sutis.
O papel do supercrescimento bacteriano do intestino delgado na
síndrome do intestino irritável é controverso.

Fatores psicossociais
A angústia psicológica é comum em pacientes com síndrome do
intestino irritável, especialmente naqueles que procuram
atendimento médico. Alguns pacientes têm distúrbios de
ansiedade, depressão ou um transtorno de somatização. Também
coexistem distúrbios do sono. Entretanto, estresse e conflitos
emocionais nem sempre coincidem com o início e recorrência dos
sintomas. Alguns pacientes com síndrome do intestino irritável
parecem ter doença com comportamento aberrante adquirido
(expressam o conflito emocional como uma queixa gastrintestinal,
geralmente a dor abdominal).
O médico que avalia pacientes com síndrome do intestino irritável,
particularmente aqueles com sintomas refratários, deve investigar
por questões psicológicas não resolvidas, incluindo a possibilidade
de abuso sexual ou físico. Os fatores psicossociais também afetam
o desfecho na síndrome do intestino irritável.

Sinais e Sintomas
A síndrome do intestino irritável tende a começar na adolescência e
em torno dos 20 anos, exacerbando os sintomas que recorrem em
períodos irregulares. O início na vida adulta tardia é menos comum.
Sistema Gastrointestinal
Principais Patologias

Os sintomas são frequentemente desencadeados por alimentos ou


por estresse.
Os pacientes têm desconforto abdominal que varia
consideravelmente, mas geralmente está localizado no abdome
inferior, é de natureza constante ou em cólicas e está relacionado
com a defecação.
Além disso, o desconforto abdominal é temporalmente associado a
alterações na frequência (aumento na síndrome do intestino irritável
com predomínio de diarreia e diminuição na síndrome do intestino
irritável com predomínio de constipação) e consistência das
evacuações (solta ou irregular e dura).
Dor ou desconforto relacionado com a defecação é suscetível de ser
de origem intestinal; dor ou desconforto associada a exercícios,
movimento, micção ou menstruação geralmente tem uma causa
diferente.

Embora os padrões intestinais sejam relativamente consistentes na


maioria dos pacientes, não é incomum que os pacientes alternem entre
constipação e diarreia. Os pacientes também podem ter sintomas de
alteração da passagem das fezes (esforço, urgência ou sensação de
evacuação incompleta), eliminação de muco ou queixar-se de
meteorismo ou distensão abdominal. Muitos pacientes também
apresentam sintomas de dispepsia. Sintomas extraintestinais (p. ex.,
fadiga, fibromialgia, distúrbios do sono, cefaleia crônica) são comuns.
Sistema Gastrointestinal
Vamos Praticar?

1.São estimulantes da secreção ácida gástrica:


a. A Gastrina, histamina e acetilcolina.
b. Colecistocinina, gastrina e acetilcolina.
c. Colecistocicina, gastrina e atropina.
d. Gastrina, peptídeo intestinal e acetilcolina.

Gabarito: A

2.Os hormônios gástricos têm, cada um, funções importantes e


características no que diz respeito ao estado nutricional humano. O
hormônio sintetizado pelas células principais do estômago e que reduz
o desejo de ingerir alimentos denomina- se:
a. Leptina.
b. Grelina.
c. Gastrina.
d. Histamina.
e. Basilina.

Gabarito: A

3.Assinale a alternativa que apresenta o hormônio utilizado como


diagnóstico e terapêutico e a sua respectiva função.
a. Gastrina: usado para medir a secreção máxima do ácido
gástrico/pentagastrina.
b. Glucagon: medir secreção gástrica pancreática/teste para
gastrinoma.
c. Secretina: tratamento da diarreia e do tumor carcinoide/diminuir
fístula pancreática.
d. Somatostatina: suprimir motilidade intestinal/teste provocativo
para liberação de insulina.
e. Colecistoquinina: medir secreção máxima do ácido
gástrico/contração da vesícula biliar.
Gabarito: A
Sistema Gastrointestinal
Vamos Praticar?

4. Octreotide, análogo da somastatina, tem entre suas funções


reguladoras:
A aceleração do esvaziamento intestinal.
B estimulação de enzimas pancreáticas.
C diminuição da absorção de água no tubo digestivo.
D bloqueio da secreção gastrina.

Gabarito: D

5. A função mediada pela colecistocinina é:


secreção de água e bicarbonato no duodeno.
inibição da secreção de enzimas pancreáticas.
inibição da ação da secretina.
relaxamento do esfincter de Oddi.
Gabarito: D
Fisiologia
Nervosa
Sistema Nevoso
Anatomia
Sistema Nevoso
Anatomia
Sistema Nervoso Central (SNC):

É formado pelo encéfalo e a medula espinhal. Ele é recoberto por três


“membranas” — as meninges. A membrana externa é a dura-máter; a
intermediária é a aracnoide; e a delicada membrana interna é chamada
de pia-máter. Dentro do SNC, alguns neurônios que compartilham
funções semelhantes se agrupam em agregados chamados núcleos.

Sistema Nervoso Periférico (SNP):

Partes do sistema nervoso que se localizam fora da dura-máter. Esses


elementos incluem receptores sensoriais para os vários tipos de
estímulos, a porção periférica dos nervos espinhais e cranianos, e
todas as porções periféricas do sistema nervoso autônomo. Os nervos
sensoriais que levam informações da periferia para o SNC são
chamados de nervos aferentes (do latim, ad + ferens, ou trazer para).
Inversamente, os nervos motores periféricos que levam as
informações do SNC para os tecidos periféricos são chamados de
nervos eferentes (do latim, ex + ferens, ou levar para fora). Gânglios
periféricos são agrupamentos de células nervosas concentradas em
pequenas estruturas ou aglomerados localizados fora do SNC.

O Sistema Nervoso Autônomo (SNA):

é a porção do sistema nervoso que regula e controla as funções


viscerais, incluindo batimento cardíaco, pressão sanguínea, digestão,
regulação da temperatura e função reprodutiva. Embora o SNA seja um
sistema funcionalmente distinto, ele é anatomicamente composto por
partes do SNC e do SNP. O controle visceral é efetuado por arcos
reflexos que consistem em neurônios viscerais aferentes que trazem
informação da periferia para o SNC, centros controladores no SNC que
recebem essa informação, e a eferência motora visceral. Além disso,
tipicamente, as fibras viscerais aferentes trafegam junto com as fibras
viscerais eferentes.
Sistema Nevoso
Anatomia

Cada área do sistema nervoso possui células neuronais exclusivas e


uma função diferenciada. O tecido nervoso é composto por neurônios e
células neurogliais. A estrutura neuronal varia muito nas diversas
partes do sistema nervoso, mas todos os neurônios, por mais diversos
que sejam, compartilham certas características que os adaptam ao
propósito especial da comunicação elétrica. As células da neuróglia,
comumente chamadas de glia, não são células primariamente
sinalizadoras e possuem estruturas variadas que estão relacionadas
com suas diversas funções.

Células do SN

As células neuronais possuem quatro regiões especializadas: o corpo


celular, os dendritos, o axônio e os terminais pré-sinápticos.

Os neurônios são especializados em enviar e receber informações, um


reflexo de seu formato característico e de suas adaptações
fisiológicas. A estrutura típica de um neurônio pode geralmente ser
dividida em quatro regiões diferentes: (1) o corpo celular, também
chamado de soma ou pericário; (2) os dendritos; (3) o axônio; e (4) os
terminais pré-sinápticos.

Corpo Celular
O corpo celular é a porção da célula que circunda o núcleo. Ele contém
grande parte do complemento celular de membranas reticulares
endoplasmáticas, assim como o complexo de Golgi.
O corpo celular parece ser responsável por muitas das funções
essenciais, como síntese e processamento de proteínas.
Sistema Nevoso
Anatomia

Células do SN

Dendritos
Os dendritos são processos estreitos de complexidade variada que se
originam no corpo celular. Os dendritos e o corpo celular são as
principais áreas que recebem informações. Assim, suas membranas
são dotadas de receptores que se ligam e respondem aos
neurotransmissores liberados por células vizinhas.

A mensagem química é traduzida pelos receptores de membrana em


um sinal elétrico ou evento bioquímico que influencia o estado de
excitabilidade do neurônio. O citoplasma dos dendritos contém uma
densa rede de microtúbulos, assim como extensões do retículo
endoplasmático.

Axônio
O axônio é uma projeção que tem origem no corpo celular, assim como
os dendritos. Seu ponto de origem é uma região estreita, conhecida
como cone axônico ou cone de emergência. Logo imediatamente distal
ao cone de emergência encontra-se uma região cilíndrica, não
mielinizada, conhecida como segmento inicial.

Essa área é também chamada de zona de iniciação do impulso


nervoso, por ser o local onde os potenciais de ação normalmente são
iniciados como resultado dos eventos elétricos que ocorreram no
corpo celular e nos dendritos.

Diferentemente dos dendritos, o axônio é fino, não se estreita, e pode-


se estender por mais de um metro. Por causa do seu comprimento, o
axônio típico contém uma quantidade muito maior de citoplasma que o
corpo celular, quase 1.000 vezes mais.
Sistema Nevoso
Anatomia

Células do SN

Por causa do seu comprimento, o axônio típico contém uma


quantidade muito maior de citoplasma que o corpo celular, quase
1.000 vezes mais.

O neurônio utiliza mecanismos metabólicos especiais para sustentar


esse componente estrutural único. O citoplasma do axônio, o
axoplasma, é formado por arranjos paralelos de microtúbulos e
microfilamentos que fornecem estabilidade estrutural e um meio para
transportar rapidamente materiais entre o corpo celular e o terminal
axônico.

Os axônios constituem a porção do neurônio responsável por enviar a


mensagem. O axônio leva o sinal do neurônio, o potencial de ação, a
um alvo específico, como outro neurônio ou um músculo. Alguns
axônios possuem um isolamento elétrico especial, chamado mielina, o
qual consiste em membranas celulares em espiral de células gliais que
se enrolam em volta do axônio neuronal. Se o axônio não está coberto
com mielina, o potencial de ação viaja ao longo do axônio mediante
uma propagação contínua.

Por outro lado, se o axônio está mielinizado, o potencial de ação salta


de um nodo de Ranvier (o espaço entre segmentos adjacentes de
mielina) ao seguinte em um processo chamado condução saltatória.
Esta adaptação aumenta consideravelmente a velocidade de condução
do impulso.
Sistema Nevoso
Anatomia

Células do SN

Terminais Pré-sinápticos

Em seu alvo, o axônio termina em múltiplas ramificações – os


terminais pré-sinápticos – geralmente designadas para uma rápida
conversão do sinal elétrico do neurônio em um sinal químico. Quando o
potencial de ação alcança o terminal pré-sináptico, provoca a liberação
de moléculas químicas sinalizadoras através de um processo
complexo chamado transmissão sináptica.

A junção formada entre o terminal pré-sináptico e seu alvo é chamada


sinapse química. A palavra sinapse é derivada do grego, e significa
“junção” ou “conexão”. Uma sinapse compreende o terminal pré-
sináptico, a membrana da célula-alvo (membrana pós-sináptica) e o
espaço entre esses dois elementos (fenda sináptica). Em sinapses
entre dois neurônios, os terminais pré-sinápticos entram em contato,
principalmente, com os dendritos e o corpo celular de outros
neurônios.

A área da membrana pós-sináptica frequentemente é amplificada para


aumentar a superfície disponível para receptores. Essa amplificação
pode ocorrer tanto por dobramento da membrana plasmática quanto
pela formação de pequenas projeções chamadas espinhos dendríticos.
As moléculas liberadas pelos terminais pré-sinápticos se difundem
através da fenda sináptica e se ligam aos receptores na membrana
pós-sináptica. Os receptores, então, convertem o sinal químico das
moléculas transmissoras – direta ou indiretamente – novamente em
um sinal elétrico.
Sistema Nevoso
Anatomia

Células do SN

Terminais Pré-sinápticos

Por várias razões, os neurônios podem ser entendidos como células


endócrinas altamente especializadas. Eles empacotam e armazenam
hormônios e moléculas com características de hormônios, que logo
são liberados rapidamente para o espaço extracelular mediante
exocitose em resposta a um estímulo externo, neste caso um potencial
de ação neuronal.

Entretanto, ao invés de cair na corrente sanguínea para exercer efeitos


sistêmicos, as substâncias secretadas pelos neurônios agem no
espaço restrito de uma sinapse, comunicando-se localmente com uma
única célula vizinha.

Em um sentido diferente, os neurônios também podem ser entendidos


como células polarizadas com algumas das propriedades das células
epiteliais. Assim como as células epiteliais, os neurônios possuem
diferentes populações de proteínas de membrana em cada um dos
domínios diferentes da membrana plasmática neuronal, um arranjo que
reflete as funcionalidades fisiológicas individuais desses domínios.

Assim, o desenho do sistema nervoso permite a transferência de


informação através das sinapses de uma forma seletiva e coordenada,
que atende às necessidades do organismo e que, no seu conjunto,
produz um comportamento complexo.
Sistema Nevoso
Anatomia
Telencéfalo
O córtex é topograficamente organizado de duas maneiras:
1. Certas áreas do córtex medeiam funções específicas. Por exemplo,
a área que medeia o controle motor é uma faixa bem definida do
córtex localizada no lobo frontal.
2. Em uma porção do córtex que controla uma função específica (p.
ex., controle motor, sensação somática, audição ou visão) as
partes do corpo estão mapeadas organizadamente (somatotopia).

Uma outra parte do telencéfalo é formada pela grande massa de


axônios que carrega informações para dentro e para fora do córtex
cerebral, conectando-o a outras regiões. O volume de axônios
necessários para interconectar neurônios corticais aumenta como uma
função exponencial da área da superfície cortical

Por fim, o telencéfalo inclui, também, os gânglios da base, que


compreendem o estriado (núcleo caudado e o putâmen) e o globo
pálido. Essas estruturas têm conexões indiretas com as porções
motoras do córtex cerebral e estão envolvidas no controle motor.

Cerebelo
Essa região do encéfalo encontra-se imediatamente dorsal ao tronco
encefálico. Embora o cerebelo represente apenas ∼10% do volume do
SNC, ele contém ∼50% de todos os neurônios do SNC.

Esse excessivo número de conexões que chegam ao cerebelo


transmite informações a partir de quase qualquer tipo de receptor do
sistema nervoso, incluindo informações visuais e auditivas.
Combinadas, essas fibras aferentes excedem as projeções eferentes
em uma razão estimada de 40:1.
Sistema Nevoso
Anatomia
Funcionalmente e em virtude de suas conexões, o cerebelo pode ser dividido em
três partes:
Vestibulocerebelo (também chamado de arquicerebelo):
O vestibulocerebelo está intimamente relacionado com o sistema
vestibular, cujos sensores estão localizados na orelha interna, e as
estações de relé estão localizadas na ponte e no bulbo.
Esta região ajuda a manter o equilíbrio do corpo.

Espinocerebelo (também chamado de paleocerebelo):


O espinocerebelo recebe muita informação dos receptores de
estiramento dos músculos através de conexões na medula espinhal e no
tronco encefálico.
Esta região ajuda a regular o tônus muscular.

Cérebro-cerebelo (também chamado de neocerebelo):


O cérebro-cerebelo, a maior parte do cerebelo humano, recebe um
grande número de projeções das porções sensório-motoras do córtex
cerebral através de conexões com neurônios pontinos.
Essa região coordena o comportamento motor. Muitas das eferências
cerebelares alcançam o córtex motor contralateral (p. ex., o lado oposto
do corpo) através do tálamo. Outras projeções eferentes dirigem-se a
neurônios localizados nas três partes do tronco encefálico.

Diencéfalo
Essa região do encéfalo consiste em tálamo, subtálamo e hipotálamo, cada um
com funções distintas.

Tálamo
O tálamo é a principal região integradora da informação sensorial que está
vinculada ao córtex cerebral, onde irá alcançar o plano de percepção consciente.
Junto com o subtálamo, o tálamo também recebe projeções dos gânglios da
base que são importantes para a função motora. A informação do cerebelo para
o tálamo (especificamente, da porção cerebrocerebelar) é importante para o
controle motor adequado. O estado de alerta e certos aspectos da memória
também se localizam em discretas áreas do tálamo.
Sistema Nevoso
Anatomia
Hipotálamo

O hipotálamo é a estrutura do SNC que mais afeta o SNA. Ele desempenha


sua função através de uma conexão direta com núcleos autonômicos no
tronco encefálico e na medula espinhal.
Ele pode, também, de duas maneiras distintas, agir como parte do sistema
endócrino:
1. Neurônios especializados localizados dentro de núcleos específicos no
hipotálamo sintetizam certos hormônios (p. ex., arginina-vasopressina e
ocitocina) e os transportam em seus axônios para a hipófise posterior,
onde os hormônios são secretados na corrente sanguínea.
2. Outros neurônios especializados, localizados em outros núcleos
específicos, sintetizam “hormônios liberadores” (p. ex., hormônio
liberador das gonadotrofinas) e os liberam em um plexo venoso, chamado
de sistema porta-hipofisário, e essas veias transportam os hormônios
para as células da hipófise anterior.
Os hormônios liberadores estimulam certas células hipofisárias (p.
ex., gonadotrofos) a secretar hormônios (p. ex., hormônio folículo
estimulante e hormônio luteinizante) na corrente sanguínea.

O hipotálamo também tem centros especializados que desempenham


funções importantes, controlando a temperatura corpórea e a fome, a sede e
o sistema cardiovascular. Ele é o principal centro controlador do SNA.

Tronco Encefálico
Essa região se localiza diretamente acima, ou rostral, à medula espinhal.
Assim como a medula espinhal, o mesencéfalo, a ponte e o bulbo são
organizados segmentadamente, recebem informação (aferente) sensorial e
transmitem sinais motores (eferentes) através de pares de nervos que são
chamados de nervos cranianos
Sistema Nevoso
Anatomia
O mesencéfalo, a ponte e o bulbo também possuem importantes centros
controladores do SNA. Além dos neurônios motores, neurônios e neurônios
sensoriais presentes em cada segmento, a parte caudal do tronco encefálico
funciona como um conduíte para o grande volume de axônios passarem dos
grandes centros do SNC para a medula espinhal (vias descendentes) e vice-
versa (vias ascendentes).

Além disso, essa região do tronco encefálico contém um conjunto de


neurônios e fibras organizadas e interconectadas chamado de formação
reticular. Essa rede neuronal possui conexões difusas com o córtex e outras
regiões do sistema nervoso, e está relacionada com o estado de consciência
ou de alerta.

Mesencéfalo
Possui neurônios motores somáticos que controlam os movimentos oculares.
Esses neurônios se localizam nos núcleos dos NC III e NC IV. Outros
neurônios do mesencéfalo fazem parte de um sistema, junto com o cerebelo
e córtex, para o controle motor.
O mesencéfalo também contém grupos de neurônios que estão envolvidos na
retransmissão de sinais relacionados com a audição e a visão.

Ponte
Está caudalmente ao mesencéfalo, que contém os neurônios motores
somáticos que controlam a mastigação (núcleo do NC V), o movimento ocular
(núcleo do NC VI) e os músculos faciais (núcleo do NC VII).

A ponte também recebe a informação sensorial somática da face, do escalpo,


da boca e do nariz (parte do núcleo do NC V). Também está envolvida no
processamento da informação relacionada com a audição e o equilíbrio
(núcleo do NC VIII).

Neurônios da ponte ventral recebem informações do córtex, e esses


neurônios em sequência formam uma conexão maciça direta com o cerebelo
(veja anteriormente), o que é crucial para a coordenação dos movimentos
motores.
Sistema Nevoso
Anatomia

Medula Espinal

Continuando na porção caudal da ponte tem-se a medula espinhal. A medula


espinhal se estende da base do crânio até o corpo da primeira vértebra
lombar. Assim, ela não abrange toda a extensão da coluna vertebral em
adultos.A medula espinhal contém 31 segmentos, e cada um tem uma raiz
nervosa motora e outra sensorial. (A raiz nervosa sensorial do primeiro
segmento cervical é muito pequena e pode faltar).

Essas raízes nervosas se unem para formar 31 pares bilaterais simétricos de


nervos espinhais. As raízes, nervos e gânglios espinhais são parte do SNP.
A informação sensorial da pele, músculos e órgãos viscerais entra na medula
espinhal através de fascículos de axônios chamados raízes dorsais. O ponto
de entrada é chamado de zona de entrada da raiz dorsal. Os axônios da raiz
dorsal têm a origem de seu corpo celular no gânglio espinhal (p. ex., gânglios
da raiz dorsal) associada ao segmento espinhal.

As raízes ventrais contêm estritamente fibras eferentes. Essas fibras são de


neurônios motores (p. ex., neurônios eferentes somáticos em geral) cujos
corpos celulares estão localizados nos cornos ventrais (ou anteriores)
cinzentos da medula espinhal (cinzentos porque eles contêm principalmente
corpos celulares sem mielina) e de neurônios autonômicos pré-ganglionares
(p. ex., neurônios eferentes viscerais gerais), cujos corpos celulares estão
localizados nas colunas intermédio- laterais (situadas entre os cornos
dorsais e ventrais) da medula.

Em sua maioria, as fibras eferentes são somáticas eferentes que inervam a


musculatura esquelética para mediar o movimento voluntário. As outras
fibras são viscerais eferentes que fazem sinapse com neurônios autonômicos
pós-ganglionares que, por sua vez, inervam músculos viscerais lisos ou
tecido glandular.
Sistema Nevoso
Anatomia

Medula Espinal

Cada segmento da medula espinhal contém grupos de neurônios associativos


no seu corno dorsal. Algumas, mas não todas, fibras sensoriais que entram
na medula espinhal fazem sinapses com esses neurônios associativos que,
por sua vez, enviam axônios que formam as vias que não só medeiam as
interações sinápticas dentro da própria medula espinhal como também levam
a informação a áreas mais rostrais do SNC por vários tratos ascendentes
conspícuos de axônios.

Similarmente, tratos descendentes de axônios do córtex cerebral e do tronco


encefálico controlam neurônios motores cujos corpos celulares estão no
corno ventral, levando, dessa forma, à realização de movimentos voluntários
coordenados ou à estabilização postural.
Dentre eles, o mais importante é chamado de trato corticoespinhal lateral;
∼90% de seus corpos celulares têm origem no córtex cerebral contralateral.
Esses tratos descendentes e ascendentes estão localizados na porção branca
da medula espinhal (branca porque contém principalmente axônios
mielinizados). A organização espacial dos neurônios e dos tratos de fibras na
medula espinhal é complexa, porém ordenada, e varia um pouco entre os 31
segmentos.

Se as fibras sensoriais entram na medula espinhal e fazem sinapse


diretamente com neurônios motores do mesmo segmento, constituem o
substrato neuroanatômico de um reflexo segmentar simples. Se a fibra faz
sinapse com neurônios em outros segmentos espinhais, elas podem
participar de um reflexo intersegmentar.
Por fim, se os sinais de chegada trafegam rostralmente ao tronco encefálico
antes de fazerem a sinapse, eles são responsáveis por interações
suprassegmentares
Sistema Nevoso
Anatomia

Células da Glia
As células da glia constituem a metade do volume cerebral e excedem em
número os neurônios. Os três tipos mais importantes de células da glia no
SNC são os astrócitos, os oligodendrócitos e as células da micróglia.

O sistema nervoso periférico (SNP) contém outros tipos característicos de


células da glia, incluindo células satélites, células de Schwann e a glia
entérica. As células da glia representam aproximadamente a metade do
volume do cérebro, e são mais numerosas que os neurônios.

Diferentemente dos neurônios, que possuem uma capacidade pequena de se


substituir quando são perdidos, as células da neuróglia (ou simplesmente
glia) são capazes de proliferar ao longo da vida. Uma lesão no sistema
nervoso é o estímulo mais comum para a proliferação.

Astrócitos
Os astrócitos abastecem os neurônios de combustível na forma de ácido
láctico.

Possuem um alto número de processos extremamente elaborados que


aproximam tanto os vasos sanguíneos quanto os neurônios.

Por todo o cérebro os astrócitos envolvem neurônios, e ambas as células


são banhadas em um LECN comum. Portanto, estão posicionados para
modificar e controlar o ambiente mais próximo dos neurônios.

Os astrócitos armazenam virtualmente todo o glicogênio presente no


cérebro adulto.

Contêm todas as enzimas necessárias para metabolizar o glicogênio.


Sistema Nevoso
Anatomia

Células da Glia
As grandes necessidades metabólicas do cérebro são principalmente
supridas pela glicose transferida do sangue, pois o suprimento de glicose
cerebral na forma de glicogênio é muito limitado.

Na ausência de glicose do sangue, o glicogênio dos astrócitos só poderia


sustentar o cérebro por 5 a 10 minutos.

Como sugerido, os astrócitos podem dividir a energia estocada em forma


de glicogênio com os neurônios, mas não pela liberação direta de glicose
no LECN.

Ao invés disso, os astrócitos quebram o glicogênio formando glicose até


o lactato, que é transportado para neurônios próximos, onde pode ser
aerobicamente metabolizado.
Não se sabe até onde essa interação metabólica ocorre em condições
normais, porém ela pode ser importante durante períodos de intensa
atividade neuronal, quando a demanda de glicose ultrapassa o
suprimento do sangue.

Os astrócitos também podem fornecer combustível para os neurônios em


forma de lactato derivado diretamente da glicose, independentemente do
glicogênio.
A vantagem desse esquema para a função neuronal é que ele fornece
uma forma de armazenamento de substrato, um segundo reservatório
energético que é disponível para os neurônios.
A disponibilidade de glicose no microambiente neuronal depende do
suprimento sanguíneo momento a momento e varia de acordo com as
mudanças na atividade neuronal.
A concentração de lactato extracelular, no entanto, é protegida
contra essa variabilidade pelos astrócitos circundantes, os quais
continuamente transportam o lactato para o LECN através do
metabolismo de glicose ou pela quebra de glicogênio.
Sistema Nevoso
Anatomia

Células da Glia
As junções comunicantes acoplam os astrócitos uns aos outros,
permitindo a difusão de solutos pequenos.

Os astrócitos sintetizam, incorporam do espaço extracelular e possuem


receptores para os neurotransmissores.

Secretam fatores tróficos que promovem a sobrevivência neuronal e a


sinaptogênese.

Oligodendrócitos
Os oligodendrócitos e as células de Schwann produzem e conservam a
mielina.

A função primária dos oligodendrócitos, assim como seu equivalente no


SNP, as células de Schwann, é prover e conservar as bainhas de mielina
nos axônios do sistema nervoso central e periférico, respectivamente.
.
Os oligodendrócitos estão presentes em todas as áreas do SNC, embora
sua aparência morfológica seja altamente variável e dependente de sua
localização dentro do sistema nervoso.

Nas regiões em que predominam os tratos nervosos mielinizados (no seu


conjunto chamados de substância branca), os oligodendrócitos
responsáveis pela mielinização têm uma aparência peculiar.

Um oligodendrócito possui de 15 a 30 processos, e cada um deles


conecta uma bainha de mielina ao corpo celular do oligodendrócito.

Cada bainha de mielina, que contém até 250 mm de extensão, enrola-se,


muitas vezes, ao redor do eixo maior de um axônio. A pequena área do
axônio exposta entre bainhas de mielina adjacentes é chamada de nodo
de Ranvier.
Sistema Nevoso
Anatomia

Células da Glia
Na substância cinzenta, os oligodendrócitos não produzem mielina e
existem como células satélites perineurais.

A mielinização intensifica, de forma importante, a condução do potencial


de ação ao longo do axônio, pois permite que o evento elétrico
regenerativo salte de um nodo para o outro nodo em vez de se espalhar
gradualmente por toda a extensão do axônio.

Esse processo é chamado de condução saltatória.

Além de serem responsáveis pela mielina do SNC, os oligodendrócitos


possuem outra função crucial na condução saltatória: eles induzem o
acúmulo de canais de Na+ nos nodos, que é essencial para a condução
saltatória.

Os oligodendrócitos estão envolvidos na regulação do pH e no


metabolismo do ferro no sistema nervoso central.

Micróglia
As células da micróglia são os macrófagos do SNC.

As células da micróglia são de origem mesodermal e derivam de células


relacionadas com a linhagem monócito-macrófago.

A micróglia representa ∼20% do total das células da glia do SNC maduro.


Essas células são rapidamente ativadas por algum dano neural, levando a
sua proliferação e mudança de forma, transformando-se em fagóciticos.

Quando ativados, eles são capazes de liberar substâncias que são tóxicas
aos neurônios, inclusive radicais livres e óxido nítrico.
Sistema Nevoso
Anatomia

Células da Glia
Quando ativados, eles são capazes de liberar substâncias que são tóxicas
aos neurônios, inclusive radicais livres e óxido nítrico.

Acredita-se que a micróglia esteja envolvida na maioria das doenças


neurais, não como iniciadora, mas como células altamente reativas que
mudam a resposta neural a um dano eventual.

A micróglia também inclui as células apresentadoras de antígeno mais


efetivas do sistema nervoso.

Os linfócitos T ativados são capazes de atravessar a barreira


hematoencefálica e alcançar o sistema nervoso.

Para tornar-se mediadores de doenças tecido-específicas ou para


destruir um agente infeccioso invasor, os linfócitos T precisam
reconhecer os alvos antigênicos específicos.
Esse reconhecimento é exercido através de um processo de
apresentação de antígeno, que é uma das funções da micróglia.
Sistema Nevoso
Fisiologia
O sistema nervoso inclui os sistemas sensorial (aferente) e motor (eferente),
interligados por mecanismos de integração complexos que processam as
informações. Os neurônios constituem a unidade funcional básica do sistema
nervoso. Em geral, eles consistem em um corpo celular (soma), vários
dendritos e um único axônio. Estima-se que o sistema nervoso seja composto
por mais de 80 a 100 bilhões de neurônios.

Uma grande parte da atividade do sistema nervoso origina-se da estimulação


de receptores sensoriais, localizados nas terminações distais dos neurônios
sensoriais. Os sinais seguem o seu percurso ao longo dos nervos periféricos
até alcançar a medula espinhal e, em seguida, são transmitidos para todo o
encéfalo. As mensagens sensoriais recebidas são processadas e integradas
com informações armazenadas em agrupamentos neuronais, de modo que os
sinais resultantes possam ser utilizados para gerar uma resposta motora
apropriada.

Sinapses do Sistema Nervoso Central

Ocorrem interações dos neurônios


em junções especializadas,
denominadas sinapses. Em geral, um
axônio forma ramos em sua
terminação, que exibem pequenas
regiões dilatadas, denominadas
terminais sinápticos ou botões
sinápticos.

Os botões sinápticos situam-se próximo a uma estrutura pós-sináptica


adjacente (um dendrito ou soma). Eles são separados por um espaço estreito
(20 a 30 nm), denominado fenda sináptica. Os botões sinápticos contêm
vesículas sinápticas, que contêm uma substância química
neurotransmissora. Quando liberado pelo terminal axonal, o transmissor liga-
se a receptores do neurônio pós-sináptico e altera a permeabilidade de sua
membrana a determinados íons.
Sistema Nevoso
Fisiologia
As sinapses químicas e as sinapses elétricas são os dois principais tipos de
sinapses do sistema nervoso central. A maioria das sinapses consiste em
sinapses químicas. O neurônio pré‑sináptico libera uma substância
transmissora, que se liga aos receptores pós‑sinápticos, provocando
excitação ou inibição. A transmissão de sinais nas sinapses químicas é
“unidirecional” – do terminal pré-sináptico do axônio para o dendrito ou soma
pós-sináptica.

Liberação de neurotransmissores pelos terminais pré‑sinápticos:


papel dos íons cálcio

Quando estimulados por um potencial de ação, os canais de cálcio


dependentes de voltagem na membrana pré-sináptica do botão sináptico
se abrem, e os íons cálcio se movem para dentro do terminal

Os íons cálcio facilitam o movimento das vesículas sinápticas para os


locais de liberação na membrana pré-sináptica. As vesículas fundem-se
com a membrana pré-sináptica e liberam a sua substância
neurotransmissora na fenda sináptica por meio de exocitose. A
quantidade de neurotransmissor liberado é diretamente proporcional à
quantidade de cálcio que entra no terminal.
Sistema Nevoso
Fisiologia
Ações dos neurotransmissores nos neurônios pós‑sinápticos: função das
proteínas receptoras. Os receptores são proteínas complexas com:
1. (um componente de ligação, que se estende para dentro da fenda
sináptica;
2. um componente intracelular, que se estende através da membrana e para
o interior do neurônio pós-sináptico.

Os canais iônicos dependentes de ligantes podem ser catiônicos,


possibilitando a passagem de íons sódio, potássio ou cálcio, ou aniônicos,
possibilitando a passagem principalmente de íons cloreto;

Os canais dependentes de ligantes que permitem a entrada de sódio no


neurônio pós-sináptico geralmente são excitatórios, ao passo que os
canais que possibilitam a entrada de cloreto (ou a saída de potássio) são
geralmente inibitórios;

Os segundos mensageiros ativadores consistem, em sua maioria, em


proteínas G, que estão ligadas a um receptor no neurônio pós-sináptico.

O receptor é ativado, uma parte da proteína G é liberada no citoplasma e


executa uma das quatro ações seguintes possíveis:

1. abre um canal iônico específico e o mantém aberto por mais tempo do


que ocorre com os canais dependentes de ligantes;
2. ativa o monofosfato cíclico de adenosina ou o monofosfato cíclico de
guanosina, o que estimula o mecanismo metabólico específico do
neurônio;
3. ativa as enzimas, que, em seguida, iniciam reações bioquímicas no
neurônio pós-sináptico;
4. ativa a transcrição gênica e a síntese de proteínas, que podem alterar o
metabolismo ou a morfologia da célula.
Sistema Nevoso
Fisiologia
Substâncias químicas que funcionam como transmissores sinápticos
Essas substâncias podem ser divididas em dois grupos: transmissores de
molécula pequena e peptídeos neuroativos.
Os transmissores de molécula pequena e de ação rápida podem ser
sintetizados e empacotados em vesículas sinápticas no terminal do
axônio;

A acetilcolina é um transmissor de molécula pequena e quando a


acetilcolina é liberada das vesículas na fenda sináptica, ela se liga a
receptores existentes na membrana pós-sináptica;

Os neuropeptídeos transmissores são normalmente sintetizados no corpo


do neurônio como componentes integrais de grandes proteínas

Eventos elétricos durante a excitação neuronal


A membrana do neurônio tem um potencial de repouso da membrana de
cerca de –65 milivolts (mV).

Quando esse potencial se torna menos negativo (por despolarização), a


célula torna-se mais excitável, ao passo que a redução desse potencial
para um valor mais negativo (i. e., hiperpolarização) torna a célula menos
excitável.

Lembre-se de que os íons sódio e cloreto estão mais concentrados no


líquido extracelular, em comparação com o líquido intracelular.

Eventos elétricos durante a inibição neuronal


Os neurotransmissores que abrem seletivamente os canais de cloreto ou
de potássio dependentes de ligantes podem produzir um potencial pós-
sináptico inibitório (PPSI)
Sistema Nevoso
Fisiologia
Estado de excitação do neurônio e frequência de disparo
Muitos fatores contribuem para o potencial limiar de um neurônio. Alguns
neurônios são inerentemente mais excitáveis do que outros e necessitam de
menos corrente para alcançar o limiar, ao passo que outros disparam em uma
frequência mais rápida quando o limiar é ultrapassado. A frequência de
disparo de um neurônio aumenta progressivamente à medida que o potencial
de membrana aumenta para acima do valor limiar.

CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS DA TRANSMISSÃO SINÁPTICA


Quando as sinapses são repetidamente estimuladas em uma frequência
rápida, a resposta do neurônio pós-sináptico diminui ao longo do tempo, e
a sinapse apresenta o fenômeno de fadiga;

Quando se aplica uma estimulação repetitiva (tetânica) a uma sinapse


excitatória, seguida por um breve período de repouso, a ativação
subsequente dessa sinapse pode exigir menos corrente e produzir uma
resposta intensificada;

O pH do ambiente sináptico extracelular influencia a excitabilidade


neuronal;

A diminuição do suprimento de oxigênio reduz a atividade sináptica;

Os efeitos de fármacos e agentes químicos sobre a excitabilidade


neuronal são diversificados

Receptores Sensoriais e Circuitos Neurais para o


Processamento das Informações

Tipos de receptores sensoriais e estímulos por eles detectados:


Os mecanorreceptores detectam a deformação física da membrana do
receptor ou do tecido imediatamente adjacente ao receptor

Os termorreceptores (para calor ou frio) detectam mudanças na


temperatura do receptor
Sistema Nevoso
Fisiologia

Os nociceptores detectam a presença de dano físico ou químico aos


tecidos
detectar estímulos nocivos, sejam eles mecânicos, térmicos ou
químicos

Os fotorreceptores (eletromagnéticos) detectam a luz (fótons) que atinge


a retina

Os quimiorreceptores são responsáveis pelo paladar e pelo olfato, pelos


níveis de O2 e CO2 no sangue, pela osmolaridade e por outros fatores
químicos dos líquidos corporais.

CLASSIFICAÇÃO GERAL DAS FIBRAS NERVOSAS

Classificação mais geral, as fibras periféricas são divididas em tipos A e C,


ao passo que as fibras mielínicas do tipo A são subdivididas em fibras α, β, γ
e δ. Esse esquema se baseia no diâmetro e na velocidade de condução de
cada fibra; a fibra do tipo Aα é o maior tipo de fibra nervosa e conduz
potenciais de ação mais rapidamente.
Sistema Nevoso
Fisiologia
Fibras Aα: maior velocidade de propagação do potencial de ação.

Fibra Aβ: fibras finas, mielinizada (estímulos mecânicos)

Fibra Aδ: Difere das fibras C por possuírem bainha de mielina, mas,
apesar disso, ambas são responsáveis apenas pela percepção de calor e
frio. Respondem de modo mais especializado a estímulos mecânicos,
térmicos e termomecânicos;

Fibra C: Esse tipo de fibra é a mais lenta, pois são as mais finas e
amielinizadas. São polimodais, respondendo a estímulos térmicos,
mecânicos e químicos

RANSMISSÃO E PROCESSAMENTO DE SINAIS EM GRUPOS DE NEURÔNIO

A divergência de sinais diferentes constitui uma característica comum em


alguns grupos neuronais;

Convergência de sinais de múltiplas entradas para excitar um único


neurônio;

Uma única fibra de entrada pode dar origem a sinais de saída tanto
excitatórios quanto inibitórios;

O processamento de sinais em grupos neuronais pode envolver um


circuito reverberatório (oscilatório).

Instabilidade e estabilidade dos circuitos neuronais

A conectividade extensa e diversificada no sistema nervoso pode produzir


instabilidade funcional no cérebro quando as operações ocorrem de forma
incorreta. Uma crise epiléptica fornece um exemplo de sinais reverberantes
descontrolados no sistema nervoso central.
Sistema Nevoso
Fisiologia

Dois mecanismos principais limitam a instabilidade funcional no sistema


nervoso:
1. Os circuitos inibitórios fornecem uma inibição por feedback dentro de um
circuito neuronal;
2. A fadiga sináptica indica que a transmissão sináptica se torna
progressivamente mais fraca com períodos longos e intensos de
excitação.

Sensações Somáticas
As sensações somáticas são os mecanismos nervosos que coletam
informação sensorial de todo o corpo. Elas podem ser classificadas em três
tipos fisiológicos:
1. A mecanorrecepção inclui as sensações táteis e de posição
(proprioceptivas) produzidas pelo deslocamento mecânico de algum
tecido do corpo.

2. A termorrecepção detecta aumentos ou diminuições da temperatura.

3. A nocicepção detecta a ocorrência de danos aos tecidos ou a liberação de


moléculas mediadoras de dor.

O toque, a pressão e a vibração são detectados pelos mesmo pelos mesmos


tipos de receptores (mecanorreceptores).Existem três diferenças principais
entre eles:
a sensação do toque geralmente resulta da estimulação de receptores
táteis na pele ou nos tecidos imediatamente profundos a ela

a sensação de pressão geralmente resulta da deformação de tecidos mais


profundos

a sensação de vibração resulta de sinais sensoriais repetitivos e rápidos,


embora sejam utilizados alguns dos mesmos tipos de receptores de
toque e de pressão
Sistema Nevoso
Fisiologia

Receptores táteis:

Todos os receptores táteis estão envolvidos na detecção da vibração, embora


receptores diferentes detectem frequências de vibração diversas.

Terminações nervosas livres


Encontradas por toda a parte na pele e em muitos outros tecidos, podem
detectar toque e pressão

Corpúsculo de Meissner
Receptor de toque com grande sensibilidade, que consiste em um
prolongamento de terminação nervosa encapsulado de uma longa fibra
nervosa mielínica (tipo Aβ). Dentro do encapsulamento, existem muitos
filamentos terminais ramificados.

Os corpúsculos de Meissner se adaptam em uma fração de segundo após


serem estimulados, o que significa que são particularmente sensíveis ao
movimento de objetos na superfície da pele, bem como à vibração de baixa
frequência.
Sistema Nevoso
Fisiologia
Disco de Merkel
Receptor tátil de terminação expandida, forma um grupo de discos de Merkel
= receptor em cúpula de Iggo. Todo o grupo de discos de Merkel recebe
inervação de uma única grande fibra mielínica (tipo Aβ)

Órgão do folículo piloso


O leve movimento de qualquer pelo do corpo estimula uma fibra nervosa
entrelaçada em sua base.

Terminações de Ruffini
Terminações nervosas multirramificadas e encapsuladas.

Corpúsculos de Pacini
Situam-se imediatamente embaixo da pele e, mais profundamente, nas
fáscias. Eles são estimulados somente pela rápida compressão local dos
tecidos, pois se adaptam em alguns centésimos de segundo.

VIAS SENSITIVAS DE TRANSMISSÃO DE SINAIS SOMÁTICOS PARA O


SISTEMA NERVOSO CENTRAL

Os sinais somatossensoriais são transmitidos principalmente pelo sistema


coluna dorsal‑lemnisco medial e pelo sistema anterolateral. Com poucas
exceções, a informação sensorial conduzida pelas fibras nervosas da
superfície do corpo (exceto a face) entra na medula espinhal por meio das
raízes posteriores. Uma vez no sistema nervoso central, os sinais são
divididos em uma de duas vias.

Os sinais que se originam dos termorreceptores e dos nociceptores são


conduzidos ao longo do sistema anterolateral (descrito no Capítulo 49). Já os
sinais que se originam dos mecanorreceptores seguem o seu percurso no
sistema coluna dorsal-lemnisco medial (CD-LM). Essas modalidades incluem
o tato discriminativo, a vibração e a propriocepção. A informação
somatossensorial da face é conduzida principalmente em ramos do nervo
trigêmeo.
Sistema Nevoso
Fisiologia

Quando as fibras do nervo trigêmeo entram no tronco encefálico, elas


também se separam em duas vias: uma delas é especializada no
processamento da dor, na temperatura e no tato grosseiro, ao passo que a
outra é responsável pelo tato discriminativo, pela vibração e pela
propriocepção.

VIA NEOESPINOTALÂMICA

As fibras de dor tipo Aδ rápidas


transmitem principalmente dor
mecânica e térmica aguda;

Terminam sobretudo na lâmina I (lâmina


marginal) dos cornos dorsais, onde
excitam neurônios de segunda ordem do
trato neoespinotalâmico;

Esses neurônios de segunda ordem originam fibras longas que cruzam


imediatamente para o lado oposto da medula através da comissura
anterior, voltando-se em seguida para cima e passando para o encéfalo
pelas colunas anterolaterais;

Acredita-se o glutamato seja a substância neurotransmissora secretada


na medula espinhal pelas terminações de fibras nervosas de dor tipo Aδ.
Ele é um dos transmissores excitatórios mais utilizados no sistema
nervoso central, geralmente com duração de ação de apenas alguns
milissegundos;

É possível o tipo de dor rápida/aguda ser localizado com muito mais


exatidão nas diferentes partes do corpo do que a dor lenta/crônica.
Sistema Nevoso
Fisiologia

VIA PALEOESPINOTALÂMICA

A via paleoespinotalâmica trata-se de um sistema muito mais antigo que


transmite dor principalmente por fibras de dor lenta/crônica tipo C
periféricas, embora também transmita alguns sinais de fibras tipo Aδ;

Nessa via, as fibras periféricas terminam na medula espinhal quase


completamente nas lâminas II e III dos cornos dorsais, que, juntas,
recebem o nome de substância gelatinosa;

Terminais de fibras de dor tipo C que adentram a medula espinhal liberam


tanto o transmissor glutamato quanto a substância P.

Apenas 10 a 25% das fibras passam totalmente para o tálamo. A maioria


termina em uma destas três áreas:
1. Núcleos reticulares do bulbo, ponte e mesencéfalo
2. Área tectal do mesencéfalo, profundamente aos colículos superiores e
inferiores;
3. Região da substância cinzenta periaquedutal situada ao redor do
aqueduto de Sylvius.
Sistema Nevoso
Fisiologia

Essas regiões inferiores do encéfalo parecem ter importância na sensação


dos tipos de dor associados ao sofrimento. A partir das áreas de dor do
tronco encefálico, múltiplos neurônios curtos transmitem sinais de dor
ascendentes para os núcleos intralaminares e ventrolaterais do tálamo, bem
como para certas porções do hipotálamo e outras regiões basais do cérebro.

SISTEMA DE SUPRESSÃO DA DOR (ANALGESIA) NO ENCÉFALO E NA


MEDULA ESPINHAL

O grau com que diferentes indivíduos reagem a estímulos dolorosos é


altamente variável, em grande parte devido ao mecanismo de supressão da
dor (analgesia), que reside no sistema nervoso central. Esse sistema de
supressão da dor é constituído de três componentes principais:

A substância cinzenta periaquedutal do mesencéfalo e da parte rostral da


ponte recebe impulsos das vias ascendentes da dor, além de projeções
descendentes do hipotálamo e de outras regiões do prosencéfalo;

O núcleo magno da rafe (serotonina) e o núcleo reticular


paragigantocelular (noradrenalina) no bulbo recebem impulsos da
substância cinzenta periaquedutal e projetam-se para os neurônios na
coluna posterior da medula espinhal;

Na coluna posterior, os interneurônios secretores de encefalina recebem


impulsos de vias serotoninérgicas descendentes dos axônios do núcleo
magno da rafe, e estes últimos estabelecem contato sináptico direto com
as fibras de dor, causando a inibição tanto pré-sináptica quanto pós-
sináptica do sinal de entrada. Acredita-se que esse efeito seja mediado
pelo bloqueio dos canais de cálcio na membrana da fibra sensitiva
terminal.
Sistema Nevoso
Vamos Praticar?

1.Uma senhora de 72 anos apresenta súbita diplopia. A segunda imagem


desaparece se ela fecha um dos olhos. Qual dos seguintes nervos cranianos é
mais provável que esteja lesado nesta paciente?

a) Facial.
b) Óptico.
c) Trigêmeo.
d) Abducente.
e) Vestibulococlear.

Gabarito: D

2. Os neuro-hormônios secretados pelo hipotálamo são fatores liberadores


de hormônios hipofisários, apenas um deles tem efeito inibidor sobre a
secreção hipofisária de prolactina. Qual o nome desse neuro-hormônio?

a) GNRH.
b) GHRH.
c) Dopamina.
d) Serotonina.
e) Adrenalina.

Gabarito: A

3. Na semiologia neurológica, é de fundamental importância a correta


caracterização e interpretação dos achados para um adequado diagnóstico
clínico. Analise as afirmativas e marque a opção INCORRETA.

a) Espasticidade e hiperreflexia são características de lesões do primeiro


neurônio motor.
b) Sinal de Babinski é manifestação de lesão do segundo neurônio motor.
c) Fasciculações e hiporreflexia são manifestações de lesão do segundo
neurônio motor.
d) Deficit motor, nível sensitivo e alteração esfincteriana apontam para uma
lesão na medula espinhal.
e) Marcha escarvante é típica de lesões em nervos periféricos (neuropatia
periférica).
Gabarito: B
Sistema Nevoso
Vamos Praticar?

4. Qual dos itens citados abaixo não é sinal de lesão de neurônio motor
superior?
a) Hiperreflexia.
b) Espasticidade.
c) Fasciculação.
d) Clous.

Gabarito: C

5. Assinale a afirmativa abaixo que está correta:


a) o meio extracelular e iônico do cérebro (íons Na+, K+, e Ca2+,
neurotransmissores) é rigorosamente controlado, e a barreira
hematoencefálica (fina membrana de colágeno) é o principal elemento físico
desta função.

b) a hemorragia meníngea, por ruptura de um aneurisma intracraniano, causa


uma meningite química e pode induzir vasoespasmo nas artérias cerebrais.

d) o valor da pressão intracraniana é função direta do volume de crescimento


de um hematoma intracraniano.

e) diagnóstico de meninigite e o início da antibioticoterapia devem aguardar o


achado do agente etiológico na cultura do líquor.

Gabarito: B
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