JAAJ127 Novembro19

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Abaixo Assinado

Jacarepaguá
JORNAL

-
Ano XV • Número 127 • Novembro de 2019 • WhatsApp 97246-2213 • http://jaajrj.com.br/jaajrj/ • [email protected]
Vargens
O jornal das lutas comunitárias
e da cultura popular

Editorial Um Rio de Janeiro


“O racismo no Brasil é estrutural. sem rumo
Está institucionalizado.”
Uma cena histórica no

Foto de Thiago Ribeiro (Agif)


Maracanã na noite de 13 de
outubro de 2019. Os técni-
cos Marcão, do Fluminense,
e Roger Machado, do Bahia,
deram as mãos antes do iní-
cio da partida e comandaram

Foto de Giovanna Berti


suas equipes vestindo uma ca-
misa estampada com a frase
“Chega de preconceito”. Eles
são os dois únicos treinadores
negros da primeira divisão do
Campeonato Brasileiro. O en-
contro foi proposto pelo Ob- Museu Casa do Pontal alagado por conta das construçãos de prédios ao seu
Roger Machado e Marcão na luta contra o racismo no Brasil redor. O Plano Popular das Vargens quer inibir o crescimento desordenado
servatório da Discriminação
Racial no Futebol, que monitora casos de ofensas raciais no ambiente esportivo. da região. Página 5
“Negar e silenciar é confirmar o racismo”, disse o técnico Roger durante uma contundente entre-
vista coletiva depois da derrota de seu time para o Fluminense. “Minha posição como negro na elite do
futebol condiz com isso. O maior preconceito que eu senti não foi de injúria. Eu sinto que há racismo
quando eu vou ao restaurante e só tem eu de negro. Na faculdade que eu fiz, só tinha eu de negro. Isso é
a prova para mim. Mas, mesmo assim, rapidamente, quando a gente fala isso, ainda tentam dizer: ‘Não
há racismo, está vendo? Vocês está aqui’. Não, eu sou a prova de que há racismo porque eu estou aqui.”
Para Roger, a escassez de técnicos negros no futebol reflete o racismo estrutural da sociedade. Além
dele e Marcão, apenas Hemerson Maria, do Botafogo-SP, figura como negro em função de comando
entre 40 clubes das séries A e B do Campeonato Brasileiro. “A gente tem mais de 50% da população
negra e a proporcionalidade [entre treinadores] não é igual. Temos de refletir e questionar. Se não há
Foto de Giovanna Berti

preconceito no Brasil, por que os negros têm o nível de escolaridade menor que o dos brancos? Por que
70% da população carcerária é negra? Por que quem morre são os jovens negros no Brasil? Por que os
menores salários, entre negros e brancos, são para os negros? Entre as mulheres negras e brancas, são
para as negras? Por que, entre as mulheres, quem mais morre são as mulheres negras? Há diversos
tipos de preconceito. Se não há preconceito, qual a resposta? Para mim, nós vivemos um preconceito
estrutural, institucionalizado”, afirmou com firmeza o técnico Roger Machado.
“Acreditamos por muito tempo no mito da democracia racial. Quando eu respondo para as pessoas Adensamento da Baixada de Jacarepaguá é incompatível com a vulnerabili-
dizendo que eu não sofri preconceito diretamente, a ofensa, a injúria, é só o sintoma dessa grande dade local. O PLC nº 141/2019 vai impactar ainda mais a cidade. Página 3
causa social que nós temos”, contou, cobrando do Governo para que as políticas de reparação em favor
dos negros não amarguem retrocessos. “A responsabilidade é de todos nós, mas a culpa desse atraso,
depois de 388 anos de escravidão, é do Estado, porque é através dele que as políticas públicas, que nos
últimos 15 anos foram instituídas, que resgataram a autoestima dessas populações que ao longo de
muitos anos tiveram negadas assistências básicas, estão sendo retiradas neste momento.”
“Abemdaverdadeéque10milhõesdeindivíduosforamescravizados.Maisde25gerações.Passoupelo
Brasil Colônia, pelo Império e só mascarou no Brasil República. Esses casos que vêm aumentado agora, de
feminicídio,homofobiaepreconceitoracial,mostramqueaestruturasocialéracista.Elasemprefoiracista.”
“Nós temos um sistema de crenças e regras que é estabelecido pelo poder: o poder do Estado, o po-
der da Igreja, o poder das comunicações. Quando esses poderes não enxergam ou não querem assumir
que o racismo existiu e não querem fazer uma correção nesse curso, muitas vezes dizem que estamos
Foto de Val Costa

nos vitimizando, ou que há um racismo reverso. É por isso que o futebol, diferentemente de outras
áreas da nossa sociedade, nos torna um pouco mais brancos. E faz com que sejamos bem aceitos.”
Vale muito a pena ver, ler e refletir cada ponto do depoimento de Roger Machado, técnico do Bahia
e ex-jogador do Grêmio, sobre o racismo em nosso país. Triste, mas maravilhoso, ainda mais para o
recorrente preconceito em relação à consciência política de boleiros. Saída de esgoto de uma galeria pluvial no Canal de Marapendi. A Veneza Ca-
rioca hoje é uma latrina a céu aberto na Baixada de Jacarepaguá. Página 8
Abaixo Assinado Aprenda Mais • 2

Você sabe o que é Professora Juliana é a nova colunista do


Jornal Abaixo-Assinado.
fascite plantar? Ela irá escrever sobre técnicas de redação. Leia sempre
no JAAJ as dicas para mandar bem, com clareza,
Espaço Equilibrates Reabilitação & Saúde objetivo e seguindo as regras da escrita formal da Língua
Portuguesa, de acordo com o Novo Acordo Ortográfico.
Dra. Cristiane Giannotti - Fisioterapeuta
É um processo inflamatório que afeta a pode levar ao esporão, mas eles não são a Professora Juliana Bernardo
fáscia plantar, membrana de tecido conjun- mesma coisa. O esporão é a calcificação de
tivo fibroso e pouco elástico, que recobre a onde o tendão se prende ao osso, não sendo
musculatura da sola do pé, desde o calcanhar, necessariamente doloroso, ao contrário da
Dicas para fazer redação
até a base dos dedos dos pés. característica da fascite que é extremamente
O sintoma característico é uma dor forte, sensível e dolorosa. Destaque-se na sua redação
aguda, debaixo do pé, perto do calcanhar, que O tratamento da fascite é conservador, Estudar a gramática é fundamental para a elaboração de
pode se estender até o meio da sola do pé. podendo ser feito uso de anti-inflamatórios e textos no padrão da norma culta. Faz-se necessário um bom
Em geral, essa dor é mais intensa pela manhã, analgésicos, mas obtemos resultados satisfa- conhecimento das classes de palavras (morfologia) e das fun-
mas alivia durante o dia com o caminhar. No tórios através da fisioterapia, já que remédios ções dessas classes nas orações (sintaxe), de modo a construir
entanto, nada impede que ela surja em qual- tratam sintomas, e nesse caso, a intervenção frases coesas, atribuindo coerência a todas as tipologias tex-
quer ponto da fáscia, depois de longos pe- mecânica e funcional tratam o problema sobre tuais. A ortografia também é um fator importantíssimo no
ríodos em pé,após subir escadas ou mesmo os desequilíbrios encontrados na avaliação. processo de criação da redação, pois palavras escritas erro-
depois do repouso prolongado, pois a fáscia A fisioterapia utiliza efeitos mecânicos neamente podem prejudicar a pontuação final, além de causar uma má impressão. Por
tende a se retrair quando não está sendo feito da eletro e da termoterapia para analgesia e isso, a utilização do dicionário é extremamente indispensável, de maneira a escrever os
apoio do pé. recuperação tecidual, uso da terapia manual vocábulos com precisão.
A doença se manifesta principalmente como crochetagem, liberação miofascial e Deve-se incluir na rotina de estudos a realização de exercícios de gramática e de
entre os 40 e os 60 anos e pode afetar tanto manipulação da sola dos pés para relaxa- interpretação. Eles são essenciais para a fixação do conteúdo e, consequentemente, da
homens como mulheres. Pessoas com sobre- mento da fáscia e liberação de pontos de dor, execução da boa escrita. Interpretar enunciados é primordial para a composição de re-
peso, atletas, especialmente os corredores, como treino de correção de marcha. Também dações, já que sempre haverá um texto-base do qual precisará uma boa compreensão
bailarinos, ginastas, têm maior risco pela prá- é indicado o método Pilates como atividade fí- do que será solicitado. Portanto, criar o hábito da leitura é fator relevante nesse sentido.
tica exagerada dos exercícios físicos. Mulhe- sica e de reabilitação, por ter vários exercícios Sigam as dicas, façam uma programação através de um cronograma para pô-las em
res que usam sapatos com saltos muito altos de alongamento e reforço muscular dos pés e prática, exercitem a produção textual e conquistem o melhor resultado!
com frequência estão mais sujeitas a desen- de todo membro inferior, trazendo benefícios
volver essa condição. Sem tratamento, a dor preventivos e de tratamento.
pode se tornar crônica e provocar alterações Podemos orientar medidas domiciliares, Cozinha da
na marcha, que revertem em lesões no joe- que podem ser realizadas diariamente, pre-
lho, quadris e coluna. venindo a fascite plantar, ao fim de uma ativi-
A fascite é uma síndrome dolorosa, provo- dade física de repetição, ou ao fim de um dia
Tia Néli
cada por inflamação e erroneamente confun- de trabalho exaustivo que exija do indivíduo
dida com esporão de calcâneo. A cronicidade grande tempo em pé, uso de calçado descon- Frango
da fascite associada à sobrecarga continuada fortável ou inadequado. Cremoso
• Use uma garrafa pet com água Gratinado
morna e role-a sob o arco plantar
Ingredientes
para frente e para trás durante 10
1/2 kg de filé de frango
minutos, facilitando o relaxamento
1 pacote de creme de cebola (culinário)
dos pés.
1 colher (sopa) de vinagre branco de leite, a mostarda, a maionese, o requei-
• Massageie a sola dos pés com
1 colher (sopa) salsinha picada jão e o molho inglês.
uma bolinha, se possível pequena
1 copo de requeijão Unte um refratário alto coloque a primeira
e maciça, movimentando em todas
1 caixa de creme de leite camada de frango e uma camada de creme.
as direções na sola dos pés.
1 colher (sopa) cheia de maionese Coloque mais uma camada do frango e uma
• Sente-se com a coluna reta na
1 colher (sopa) de mostarda de creme por cima. Polvilhe com o queijo
direção dos pés com as pernas es-
1 colher (sopa) de molho inglês ralado e orégano. Leve ao forno a 200°C até
ticadas e tente levar as mãos em di-
Orégano a gosto gratinar.
reção aos pés para alongar a cadeia
Queijo ralado para polvilhar
posterior profunda, mantendo por
Observação: É rápido, delicioso, prático
30 segundos, se possível.
Modo de Fazer e não suja quase louça. Uma ótima opção
• Com a ajuda de um cinto, uma
Misture os filés de frango com o vinagre, para o almoço de domingo.
atadura ou tolha, alongue a planta
o creme de cebola, o orégano, salsinha. A
do pé, puxando os dedos para cima
parte faça um creme mustirando o creme Um beijo e um queijo! Tia Néli
em dorsiflexão, ou pé de palhaço.
Esse exercício pode ser feito sentado com as pernas esticadas, ou de barriga para cima, levando

Abaixo-Assinado
EXPEDIENTE Distribuição gratuita pelos bairros e comunidades da Baixada de Jacarepaguá
a perna esticada em direção ao teto e mantendo a outra dobrada na cama. JAAJ é uma publicação da Rede Popular de Comunicação (RPC)
Nossos pés precisam de atenção e cuidados! Previnam-se! e da IPL Clipping - CNPJ 31.555.759/0001-64
Para críticas, sugestões e reclamações: [email protected]
Jacarepaguá http://jaajrj.com.br/jaajrj/ - Tels (21) 97246-2213
Dra.Cristiane Giannotti, Fisioterapeuta do Espaço Equilibrates Vargens **As matérias assinadas são de responsabilidade dos autores.
Fisioterapia e Pilates Conselho Editorial: Alexandrina, Almir Paulo, Anna Karolina, Costa, Valmiria Guida, Vaneide Carmo e Wladimir Loureiro.
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Ione Santana, Ivan Lima, João Magalhães, Manoel Meirelles, Arte e Diagramação: Jane Fonseca
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WPP: (21) 98818-2712
3 • Denúncia Abaixo Assinado

Meio Ambiente & Turismo Textos e Fotos


Carla Scott - Ecologista
Parque Estadual da Pedra
Branca pede socorro

Entra governo sai


governo e nossos par-
ques municipais e es-
taduais continuam
abandonados. Após a
denúncia de uma leito-
ra na edição do JAAJ de
outubro passado, sobre o abandono do vulneráveis todas as instalações. Outra
Bosque da Barra, quem pede socorro ago- preocupação é que, caso haja algum in-
ra é o Parque Estadual da Pedra Branca. O cêndio em uma das vertentes do Parque,
Parque sofre muito com o abandono. Sem os bombeiros terão muita dificuldade de
verba suficiente, a gestão atual não con- chegar ao local para combater o fogo.
segue manter as condições mínimas para A Trilha das Bromélias e a Trilha do Mel
um bom funcionamento. Com baixo efeti- não tiveram continuidade. Estas trilhas, de
vo de guarda-parques, carros quebrados, fácil acesso, ficam próximas à administra-
infiltrações nas construções e constantes ção, e sempre foram muito visitadas. A Tri- O abandono é gritante:
furtos no Parque, fica difícil atrair os visi- lha do Mel, inaugurada em 2016, perdeu carro quebrado e infiltrações nas construções
tantes. quatro colmeias em 2018. As abelhas mais um local seguro. e a continuidade dos projetos. Falta cuida-
Após as 18h não há mais a presença de raras foram furtadas e, após este episódio, É triste caminhar pelo local, que era tão do, zelo, assim como em toda a cidade do
vigias no Parque, o que deixa ainda mais as demais foram retiradas e guardadas em bonito, e não conseguir ver a manutenção Rio de Janeiro, infelizmente.

Projeto de Lei Complementar no 141


favorece a especulação imobiliária em
Jacarepaguá e em toda a cidade
tes de associações de moradores, da Famrio,
Almir Paulo do IAB e de diversas entidades. O sentimento
de todos os presentes nas audiências é de que
"Numa sociedade madura, em que as alterações propostas pela Prefeitura do Rio
os poderes político e econômico, irão impactar a qualidade de vida dos cariocas
juntamente com uma consciência em prol dos interesses das construtoras, favo-
coletiva mais amadurecida conver- recendo a especulação imobiliária.
gem para o bem comum, esses pro- Um exemplo danoso: permite a constru-
cessos de ajuste e regulação se dão ção de imóveis acima da cota 100. Isso signi-
de forma mais dinâmica, consciente fica desmatamentos das áreas verdes. Abílio
e menos sofrida. Ainda não é caso Tozini, presidente do Conselho de Represen-
da nossa imatura democracia." tante da Famrio, foi categórico ao dizer que o
Alex Vieira projeto de lei é nocivo à cidade por permitir
construções em encostas.
A Prefeitura enviou Projeto de Lei Comple- Vários representantes salientaram que o
mentar (PLC no 141) para a Câmara Municipal PLC no 141/2019, que passou a tramitar na Câ-
do Rio de Janeiro que “estabelece regras de mara de Vereadores no dia 21 de outubro de
incentivo a empreendimentos residenciais, à 2019, e que altera substancialmente o uso e a
produção de habitação de interesse social e ao ocupação do solo, sequer foi submetido, pre-
desenvolvimento de atividades econômicas viamente, ao Conselho Municipal de Política
no território municipal”, o que trará conse- Urbana da Cidade – Compur. Isto demonstra
quências impactantes em todos os bairros da o desdém das autoridades executivas e legis-
cidade. Um projeto de lei que altera os parâme- lativas para com qualquer órgão que tenha
tros de uso e ocupação do solo sem qualquer representação da sociedade, recusando-se a
diagnóstico, sem estudos, sem demonstração ouvi-lo, ainda que minimamente.
de impactos em relação à proposta legislativa. Muito estranha a rapidez das 12 Comis- que mexe com a vida da cidade. sas construtoras.
A indignação e as reclamações relativas sões da Câmara Municipal que deram “pare- Na cidade do Rio de Janeiro, dita Capital Segue o link do PLC no 141/2019 para seu
ao PLC no 141 foram manifestadas nas duas cer” favorável ao projeto em apenas três dias Mundial da Arquitetura 2020, é assim que a conhecimento e análise: https://mail.camara.
audiências públicas (dias 6 e 12 de novembro) úteis. Incrível a competência, o conhecimen- legislação urbanística é “tocada”: à base do rj.gov.br/APL/Legislativos/scpro1720.nsf/
realizadas na Câmara dos Vereadores, que to urbanístico e a velocidade desses vereado- chute e do improviso, porque o que vale é 1ce2ce7b3cdf59b90325775900523a3f/8c5f-
contaram com a participação de representan- res com seus pareces em relação a um projeto manter os privilégios do capital, das empre- df53e3ed254e83258495006c8a0e?
Abaixo Assinado Brasil de Fatos • 4

À deriva E o que mais me incomoda


é que se houvesse uma elei-
ção suplementar em Serra da
Saudade no Noroeste de Mi-
Miguel Pinho nas Gerais, com seus 825 ha-
Diretor do Sindicato Estadual bitantes, teria mais empenho
dos Profissionais da Educação
e mais atenção por parte da
do Rio de Janeiro (SEPE)
esquerda que esses ataques.
Parece-me inédito na história do Brasil o apetite e a Eleição a gente organiza uma
brutalidade para reformas profundas no mundo do traba- penca de pontos de campanha
lho e do Estado brasileiro pelo governo Bolsonaro. O seu e somos incapazes de manter
guru econômico, Paulo Guedes, incorpora uma espécie uma campanha permanente
de espírito animal da burguesia nacional, que historica- em defesa do serviço público

Foto Agência Brasil


mente foi submissa e sócia menor do imperialismo, sem e da aposentadoria. E o pior, a
capacidade e vontade de construir um projeto autôno- militância fica ansiosa para se
mo e soberano para o país. Esse programa maximalista sentir parte de alguma coisa, e
de destruição dos serviços públicos, de desmanche das no máximo o que fazemos são
conquistas da Constituição de 1988 e destruição da CLT atos bimestrais com alguns mi-
Toda vez que surge uma denúncia contra Bolsonaro, seus filhos fazem apologia a ditadura militar
tem passado com tranquilidade e com focos de resistên- lhares de pessoas (quando tá
cia muito aquém do necessário. cando ao povo os malefícios da reforma e colocando ela bom, né?).
Os sindicatos, os partidos de esquerda e os movimen- na conta do Bolsonaro. Mas saiu barato a sua aprovação, Eu acho que o povo brasileiro precisa fazer sua expe-
tos sociais parecem à deriva e incapazes de esboçar algu- quase de graça. riência com o governo Bolsonaro e só depois do balan-
ma reação que tenha efeito significativo. A exemplo da Teremos em breve uma reforma administrativa e ço disso que teremos um caminho mais livre para agir e
Reforma da Previdência, que por mais que eu avalie que tributária que tem tudo para normatizar o subfinancia- propor alternativas. Mas não custa nada acelerar a per-
não existia correlação de forças na sociedade e no par- mento aos serviços públicos e destruir o funcionalismo. cepção do desastre que é esse governo com atividades
lamento para derrotá-la, poderíamos ao menos ter feito Um novo pacto federativo pode ser a pá de cal necessária de rua, campanhas, cartilhas, vídeos, palestras, comitês
o governo amargar impopularidade por aprovar um pro- para a ascensão do coronelismo municipalista para aca- de bairro e coisas que todos nós sabemos organizar. Se
jeto tão draconiano. Perdemos a chance de realizar uma bar de vez com qualquer tipo de controle público do uso a ficha demorar muito a cair, pode não sobrar Brasil para
grande campanha, com banquinhas por todo o país expli- de recursos e permitir todo o tipo de bandalha. disputar em 2022.

Saiba como levantar recursos


para instituição do terceiro setor
que tais fatos não acontecerão tão facilmente, já que
Nesse mês, o Jornal Abaixo Assinado mostra uma reportagem com a advogada e assistente social Lúcia Guedes Pe-
a nova lei possui atos normativos capazes de não in-
reira Pinheiro. Ela é consultora e especialista em Gestão de Políticas Públicas na Área do Terceiro Setor. A Dra. Lúcia
centivar atos ilícitos. A Nova Lei representa uma verda-
fala da importância da Lei nº 13.204/2015, conhecida como Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil.
deira evolução normativa no implemento das parcerias
do Terceiro Setor com o setor público. A Lei reforçou
JAAJ: Como foi o processo que visou regulamentar as para OSCs.
a responsabilidade dos servidores públicos, incluindo a
parcerias entre a administração pública e as Organiza- JAAJ: Qual seria o impacto para o chamado Terceiro
Lei Federal de n. 8429/1992 conhecida como a Lei de
ções da Sociedade Civil? Setor?
Improbidade Administrativa e ainda de reforçou o mo-
Lúcia: O processo foi o resultado de uma articulação Lúcia: Todos pensam que o Terceiro Setor está voltado
nitoramento e a avaliação para facilitar a verificação
política em face do agravamento evidenciando duran- para apenas ações altruístas e filantrópicas, sem fins
da prestação de contas via internet. Todos poderão
te as CPIs das ONGs, que se iniciou em 2010 através lucrativos. O fato que o Terceiro Setor gera emprega-
acompanhar a movimentação dos recursos públicos
de um grupo de trabalho pelas Organizações da Socie- bilidade para milhões de pessoas, além de fomentar o
em cumprimento ao objetivo da parceria.
dade Civil voltadas a estudar e propor melhorias no desenvolvimento sustentável e promover o
ambiente normativo das parcerias públicas e privadas, desenvolvimento socioeconômico, sendo a
tendo como finalidade avaliar, rever e propor aperfei- oitava força econômica mundial de traba-
çoamento relativo às execuções de programa e Proje- lho, movimentando mais de 1.1 trilhão de
tos sociais de interesse público e da sociedade. Após dólares por ano, gerando aproximadamen-
amplo debate, foi sancionada a Lei de n. 13.019/2014, te 10,4 milhões de empregos. Conforme
alterada pela 13.204.2015, denominada de Marco Re- dados do IBGE, no Brasil existem mais de
gulatório das Organizações da Sociedade Civil. 400 mil OSCs atuando em diversos estados
e municípios.
JAAJ: Qual é a importância da Lei nº 13.204/2015 para
a sociedade como um todo? JAAJ: Como ficaria a situação das OSCs que
Lúcia: Essa lei é de suma importante tendo em vista usaram dinheiro público de forma ilícita a
que ela busca valorizar as entidades classificadas como partir dessa Lei?
OSC, trazendo mais segurança jurídica e efetivação dos Lúcia: Apesar do grande valor social agre-
recursos públicos recebidos para consecução das ativi- gado pelas OSCs, fruto de seus trabalhos,
dades voltadas para população. Ela cria os Conselhos contribuições e generosidade, casos iso-
de Monitoramento e Avaliação, com previsão de mo- lados macularam a grandeza do trabalho
nitoramento e avaliação de todas as etapas no pro- realizado por organizações sérias e com-
cedimento e execução dos atos e atividades voltadas prometidas com as causas sociais. Creio Evento tem apoio da Associação dos Moradores da Praça Seca
5 • Vargens & Camorim Abaixo Assinado

Notícias das Vargens & Camorim


A eterna luta Agroecologia resiste na Baixada de Jacarepaguá
quilombola TextoDesde
da Articulação do Plano Popular das Vargens
o tempo da escravidão, a agricultura é uma das prin-
Carlos Motta cipais atividades da região, conhecida como Sertão Carioca. A
Morador de Vargem Grande paisagem rural é marcante, e as comunidades tradicionais resis-
e Professor de Geografia da
tem. Do maciço à Baixada, são legítimos remanescentes, pre-
Rede Municipal.
servando seus costumes, guardiões, e naturalmente mestres da
Em 2014, após lutas e resistências de vá- agroecologia, termo muito usado pela academia, embora sua
rias gerações, finalmente a certificação dos origem tenha vindo dos saberes ancestrais, quilombolas e po-
quilombos de Vargem Grande e Camorim se vos originários. Entre suas práticas, estão o respeito à natureza,
aos meios de trabalho e às diversidades.

Foto de Giovanna Berti


concretizou.
Entretanto, a demarcação de seus territó- Nos últimos 30 anos, a região vem sendo ameaçada por um
rios não foi efetivada, e isso continua gerando crescimento desordenado, que prioriza a elite, penalizando os
insegurança diante de uma cidade marcada moradores tradicionais de várias maneiras, seja localizando-os
pela especulação imobiliária e grilagem de em áreas de risco ou preservação ambiental, seja no caminho
terras. do progresso, em casos de projetos de vias públicas em cima
O Incra, órgão responsável pela delimita- de comunidades. A falta de água e saneamento e o transporte Mutirão do tira caqui no Maciço da Pedra Branca
ção, não vem avançando em suas ações, na precário forçam a saída de muitos moradores, além de práticas
obscura era Bolsonaro, muito pelo contrário, mais violentas, porém comuns, que o Poder Público, fortalecido
o preconceito contra o povo negro só cresce, pela iniciativa privada, promove, como remoções forçadas.
já que em depoimento discriminatório o mo- Defender a agroecologia como modo de vida e introduzi-la
rador do condomínio Vivendas da Barra disse no planejamento da cidade é preservar a região e seus morado-
que: “os quilombolas não fazem nada” e que res, mas também contribuir com a sustentabilidade das futuras
“cada um pesa mais de sete arrobas”. gerações. Em defesa da vida, a juventude do projeto “Morar
O triste é que mesmo com essa fala, a se- e Plantar nas Metrópoles” convida para o evento “Jovem Cul-
gunda instância da justiça federal arquivou o tural: agroecologia pela consciência negra e pelo combate à
processo em que o presidente respondia por violência contra a mulher”, dia 24 de novembro, no largo de
racismo. Ou seja, a luta continua. Vargem Grande, mesmo local da Feira da Roça, Agroecologia e
Comunidades quilombolas cariocas Cultura, de 11 às 17h, com patrocínio cultural do Conselho de
O Cafundá Astrogilda está em Vargem Arquitetura e Urbanismo (CAU-RJ). Mais informações em: ht- Foto Militiva, imagem do video, Rios em Luta, Mulheres e Água em movi-
Grande e é um dos quatro quilombos que tps://www.facebook.com/FeiradaRocaVG/. mento na zona oeste

Em defesa do bem viver da cidade


existem dentro do perímetro urbano da ci-
dade do Rio de Janeiro. Dois estão no Parque
Estadual da Pedra Branca e foram reconhe-
Texto da Rede Carioca de Agricultura Urbana
cidos apenas no ano passado pela Fundação
Os projetos e as leis apresentados pelos governantes, nos últimos tempos, como os Planos de Estruturação Urbana (PEUs), as leis
Cultural Palmares: a comunidade quilombola
de uso e ocupação de solo, e o próprio Plano Diretor dizem que o Rio de Janeiro é cem por cento urbano. Além de causarem inúme-
Camorim, no Maciço da Pedra Branca, em Ca-
ros problemas e desafios, tais como a impermeabilização do solo, que provoca alagamentos na Baixada, deslizamento nas encostas
morim; e a Cafundá Astrogilda, em Vargem
e desequilíbrio nas florestas, secando as nascentes, não atendem as
Grande. As outras estão na Pedra do Sal e na
demandas dos moradores, como educação, saúde, transporte, água
Sacopã.
e esgoto.
A Rede Carioca de Agricultura Urbana, composta por pessoas que
plantam, comem e entendem a importância da agricultura urbana
para a sustentabilidade do planeta, é o nosso elo, há 10 anos, traba-
lhando nos territórios e ocupando espaços como o Conselho Muni-
Foto de Julia GImenez

cipal de Desenvolvimento Rural, Conselho de Segurança Alimentar e


Nutricional e na construção de projetos de leis e frentes parlamenta-
res de segurança alimentar e agricultura urbana.
Em 2016, para se defender do PEU das Vargens, a população lo-
cal, com o apoio de universidades, como UFRJ, UFF, UFRRJ, além da
O Comitê de Mulheres da Zona Oeste, bem Rede Carioca de Agricultura Urbana e outras parcerias, criou o Plano
como outros movimentos sociais, sempre na Popular das Vargens, apresentado em audiência pública em 2017,
luta dos quilombos da Baixada de Jacarepaguá que tem como pilar fundamental o direito à moradia e à agricultu-
ra, contra as remoções, entendendo que morar e plantar caminham
juntos, no modo de vida local.
Atualmente, o Plano Diretor da cidade está em processo de revi-
são, e a população está sendo convidada a participar e propor tudo
que é importante para os próximos dez anos. Reconhecer o zonea-
agroecologia e cultura mento rural e agrícola é fundamental para que essas pessoas aces-
aos domingos - 8h sem políticas públicas destinadas à agricultura. Porém também tra-
Largo de mita em caráter urgente o Projeto de Lei Complementar (PLC) no 141
Vargem Grande que, se aprovado, causará grande impacto no meio ambiente e nas
comunidades tradicionais.
Dê sua opinião sobre o Plano Diretor no seguinte site da Prefeitura:
https://plano-diretor-pcrj.hub.arcgis.com/.
Abaixo Assinado História, Educação & Cultura • 6

Instituto Histórico da Baixada de Jacarepaguá


Texto e foto - Professor Renato Dória

Educação antirracista nos Quilombos


da Baixada de Jacarepaguá
No início da década de 2000, a Lei de Diretrizes e Ba- escolas públicas e particulares da região, o Quilombo do
ses da Educação Nacional (Lei no 9.394/1996) sofreu sig- Camorim Maciço da Pedra Branca e o Quilombo Cafundá
nificativa alteração, que corresponde a uma importante Astrogilda, em Vargem Grande, realizam uma série de
conquista das lutas históricas do Movimento Negro no atividades educativas que afirmam a importância da va-
campo da educação brasileira: a introdução da obriga- lorização do resgate histórico e da herança cultural das
toriedade do Ensino da História e da Cultura Afro-Brasi- populações afro-brasileiras, africanas e indígenas que
leira e Africana nos currículos dos estabelecimentos de povoaram este território ao longo de mais de 500 anos.
ensino públicos e particulares da Educação Básica. As atividades vão além das já conhecidas datas que cele-
Esta alteração veio com a sanção da Lei no 10.639, bram a consciência negra no mês de novembro, as folias Oficina de Vivência no Quilombo do Camorim com estudantes
de 9 de janeiro de 2003 e, visando orientar as ações da de carnaval e o jongo, nos meses de julho/agosto. da rede estadual de ensino. 19/10/2019.
comunidade escolar no sentido de sua aplicação, o Con- No Cafundá Astrogilda, as atividades da Escola Qui- para o fortalecimento de identidades de matriz africana,
selho Nacional de Educação (CNE) aprovou a Resolução lombola envolvem oficinas de artesanato de diversos rompendo com os sentimentos de inferioridade negra e
no 1, de 17 de março de 2004, e com ela o Parecer no tipos, além de aulas de alfabetização e reforço escolar superioridade branca que tanto marcam os julgamentos
3/2004, do Conselho Pleno do CNE, que instituiu as Dire- oferecidos para a população local. No Camorim, as ativi- fundamentados em preconceito racial. É aí que está a
trizes Curriculares Nacionais para a Educação das Rela- dades oferecidas pela Associação Cultural Quilombo do importância das atividades educativas dos Quilombos de
ções Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Camorim contam com aulas de capoeira, jongo e macu- Jacarepaguá.
Afro-Brasileira e Africana. lelê, e ainda com oficinas de horta orgânica e fotografia, Mais do que nunca, hoje em dia é preciso investir na
A partir de então, professoras, professores e demais também oferecidas para a população local. E ambos os educação de jovens capazes de exercer a cidadania numa
profissionais que atuam nas escolas da Educação Básica quilombos realizam dois excelentes projetos educativos sociedade multiétnica e pluricultural como a nossa, em
do país, cientes das desigualdades e discriminações que com escolas da Educação Básica do Rio de Janeiro: o pro- que o exercício pleno da democracia está vinculado à
atingem a população negra, passaram a contar com um jeto Ação Griot, no Quilombo Cafundá Astrogilda, e as eliminação do racismo e de todas as formas de discrimi-
importante documento legal que tem por princípio: a oficinas de Vivência, no Quilombo do Camorim, realiza- nação e preconceito, pois, numa sociedade em que as
consciência histórica e política da diversidade; o fortale- da no Sítio Arqueológico do Engenho do Camorim. populações negras sentem no dia a dia o peso e os efei-
cimento de identidades e direitos; as ações de combate Atendendo professoras, professores e estudantes do tos sociais do racismo estrutural, combater o racismo,
ao racismo; e a discriminações (BRASIL, 2004B, p. 17). Ensino Fundamental e Médio das escolas, as atividades as discriminações e demolir as posições de hierarquias
Ações pedagógicas que têm por objetivo o combate ao envolvem um dia de vivência sobre a história e as práti- forjadas em desigualdades raciais e sociais são uma obri-
racismo e à discriminações étnico-raciais de qualquer cas culturais dos dois quilombos. Essas ações contribuem gação de todos os cidadãos comprometidos com a de-
tipo são consideradas exemplos de educação antirracis- para a promoção da consciência histórica e política da mocracia. Essa é a tarefa de uma educação antirracista
ta. diversidade étnico-racial na formação da cidade do Rio em uma sociedade que tem a marca da escravidão sobre
Na Baixada de Jacarepaguá, para além dos muros das de Janeiro e na história do Brasil. Contribuem, também, os antepassados de negras e negros brasileiros.

Eterna Medo de uma


Aprendiz página em
Cláudia Scott
Consultora Comercial
branco
Sempre gostei de escrever. Desde que me entendo por maneira, me afastou desse meu amor pela escrita: pela falta
gente. Ou melhor, desde que aprendi a ler e a escrever. Co- de tempo, pelo trabalho, pelas circunstâncias que, por vezes,
mecei muito cedo. Com 4 anos, a garotinha aqui já era alfa- nos distanciam do nosso propósito.
betizada. No entanto, acredito que o que vivi até aqui talvez me
Bem, o fato é que, mesmo adiantada, segui em fren- faça escrever melhor hoje, uma vez que tenho o dobro de
te e, aos 16 anos, já estava na faculdade. Por que escolhi experiência do que tinha na época.
Comunicação, sendo apenas uma adoles- Antes de começar a escrever este tex-
cente? Porque sempre gostei de escrever to, fiquei olhando a página em branco,
ora. pensando se deveria começar. Tive medo
Engraçado como a vida vai nos levan- do que as pessoas iriam pensar. Medo de
do por caminhos que, por vezes, nos distanciam da nos- co- meter algum erro de português. Medo de
sa essência. Não que isso seja ruim. Pelo contrário! No começar algo novo, dar o próximo passo e me reencon-
meu caso, cursei Comunicação e, após alguns estágios, trar comigo.
acabei indo para a área comercial de uma empresa de
Telecom, na década de 1990. Comecei trabalhando em
Quantas vezes deixamos de fazer algo pensando no
que os outros vão achar? Quantas vezes temos medo do
Acesse o Blog e o Facebook
loja, com a intenção de ir para o marketing. O que eu não
sabia é que vendas é algo tão legal, estimulante, que vicia
novo? Quantas vezes temos medo de nos encontrar co-
nosco?
do Jornal Abaixo-Assinado de
e apaixona. E lá se foram 20 anos de área comercial.
A vida, que tanto planejamos, às vezes nos apresenta
A verdade é que a vida é uma página em branco, que
se apresenta para nós todos os dias. O que escrever nessa
Jacarepaguá e das Vargens
caminhos alternativos. E então aquilo que pensávamos página é uma escolha. Se vamos ter a coragem de come-
que só seria um atalho, pode nos levar a uma grande ca- çar a escrever algo diferente, também é uma escolha. Eu
Blog do JAAJ <http://jaajrj.com.br/jaajrj/>
minhada, que significará uma carreira e boa parte da nossa acordei, meditei, olhando para a página em branco, e simples- Facebook <jornal abaixo assinado de jacarepaguá>
vida até então. Esse atalho de 20 anos que tomei, de alguma mente dei o passo seguinte. COMECEI.
7 • Cultura & Luta Abaixo Assinado
Feira Cultural Festival de Arte Urbana
Quintal da Taquara Por diversos motivos, com o decorrer dos anos, as favelas têm ganhado um novo
papel de destaque na mídia e no imaginário carioca. Contudo, permanece em parte o
desconhecimento sobre as pessoas que moram nessas localidades, suas demandas, ex-
pectativas, desejos e potencialidades.
Cíntia Nesse contexto, o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) e a
Travassos Sociedade de Promoção da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) promovem o Festival de
Dia 24 de novembro e dias14 e Arte Urbana, iniciativa que tem como objetivo promover desenvolvimento cultural na Ci-
dade de Deus. O evento será realizado de 19 e 24 de novembro na Avenida Comandante
15 de dezembro edição Natal
Guaranys, e terá a participação de 15 artistas locais.
Tai Nae, carioca da gema de 29 anos, Eles retratarão os 50 anos da Cidade de Deus de forma lúdica, a partir da arte de rua
é cantora, compositora e tem muito esti- e música, mostrando para o público o sucesso da mistura desses universos. De maneira
lo. Atualmente, ela faz parte de uma ban- educativa e interativa, a proposta visa a contribuir diretamente para a revitalização e o
da composta por um talentoso trio de embelezamento paisagístico e arquitetônico do território, bem como a construção da
mulheres: Tai Nae na percussão e vocal, transversalidade, ressaltando a importância da educação ambiental, já que a arte de rua
Tai Gomes no vocal e violão e Lui Vieira interage com o meio.
no baixo. A cantora começou sua carrei- Nesse sentido, os artistas transformarão os 350m² de muro, que se estende ao longo
ra artística no projeto Zaia, há 5 anos, e
da via, em painéis, apresentando a história da Cidade de Deus, desde a origem da comuni-
acredita muito na formação de bandas,
dade, sua gente, personalidades, cultura, religiosidade e as paisagens da favela. Grafitei-
apesar de hoje haver uma grande com-
ros e muralistas que quiserem, de forma voluntária, registrar seus trabalhos, e expressar
petitividade. Sua linha de trabalho apos-
seus olhares e cores, terão espaço livre para criação e serão bem acolhidos.
ta em mesclar estilos musicais como rap, Tai nae e sua banda marcará presença dia 24 de
reggae, soul e MPB, tendo como musas Neste festival, o meio ambiente também terá destaque com as oficinas lúdicas dos
novembro no evento.
inspiradoras as cantoras Bia Ferreira, Do- projetos Eco rede, Pintando na Praça e Eco tampas, do artista plástico Alfredo Borrett. A
ralyce e Luedji Luna. Comlurb e o projeto Rio Novo Olhar farão um mutirão paisagístico, transformando o local
Querem ouvir uma boa música? do lixo em um espaço de lazer. Além disso, haverá oficinas, exposições, apresentações
Compareçam na Feira Cultural Quintal de grupos de música, com espaço aberto para as culturas do Hip Hop, Islã, dentre outras.
da Taquara, que será realizada na praça O Festival de Arte Urbana é impulsionado pela lei de incentivo à cultura ISS e conta
Cândido da Silva Mendes, na rua Alberto com patrocínio da AMIL Saúde. O projeto tem cunho coletivo, construído de forma par-
Foto Cíntia Travassos

Sampaio, próxima à estrada Rodrigues ticipativa por instituições de base comunitária e com apoio de órgãos públicos e organi-
Caldas, Taquara, no dia 24 de novembro. zações.
O evento é em homenagem ao Novem-
bro Azul e à Consciência Negra, e nele Programação
todos poderão conferir o talento de Tai Momento de descontração dos visitantes De 19 a 23 de novembro - 9h às 17h
Nae e sua banda estilosa e carismástica, • Intervenção no Muro na Av. Comandante Guaranys – Cinco equipes estarão pintando e
desfrutando de uma tarde agradável, grafitando os 350m² de muro. Os painéis estarão divididos por cada década dos 50 anos
num ambiente familiar, com muita mú- de história da Cidade de Deus. Com a curadoria do ator e artista plástico, Nélio Fernando,
sica, dança, teatro, intervenção artística, e da artista plástica, escritora e ilustradora,
oficinas de artesanato e muita diversão. Rosalina Brito.
Foto Luciana Ezarani

A Feira Cultural Quintal da Taquara 23 de novembro - 13h às 19h


Edição Natal acontecerá nos dias 14 e 15 • Oficinas de educação socioambiental –
de dezembro, das 16 às 22h. Uma ótima
Eco Rede
opção para comprar seus presentes de
• Oficina de imãs de geladeira com tampi-
Natal.
nhas de metal – Ecotampas - Artista Plástico
Não fique fora dessa! Pestigie nossa Espetáculo Beleza Negra com o Grupo Teatral Ricardo Borrett
feira! Aslucianas
• Oficina escrita poética - Poesia de Esquina
IV Prêmio Miriam • Apresentação de dança - Companhia Tre-

Mendonça de Cultura
vo
• Batalha de Rap - Batalha 2 Crias

Regional e Popular 2019


• Apresentação de Hip Hop - Rapper Mia
• Microfones livres
• Intervenções de grafismo livres
O Centro Cultural Professora Dyla Sylvia de Sá recebeu, no dia 9 de novembro, uma série de
• Charme, soul e funk - DJ Evaldo
personalidades e representantes dos movimentos sociais para o tradicional Prêmio Miriam
24 de novembro - 10h às 12h
Mendonça. Nesse ano, os homenageados foram: Osmar de Souza Nugueti, Elvis Luiz Henrique,
• Oficina de Educação socioambiental – Eco
Ary Pestana, o coletivo Cine Taquara e a Associação Cultural Quilombo do Camorim. O nome da
premiação é uma homenagem a artesã, ativista cultural e militante política Miriam Mendonça. Rede
• Oficina de artes – Coletivo Pintando na
Praça

Artistas que participam do Festival de Arte Urbana


Alexandre do Ó, Alexandre José Roberto Alves de Oliveira (Xandy), Alexandre Machado
dos Santos (Xandão), Benson da Silva Martins, Breno Braga de Souza Assis, Heloisa
Santiago, João Vitor Cardoso D Albuquerque (Thejo), Josué Roberto Alves de Oliveira
(Duel), Leandro Pinto de Moura (Ice), Leandro Silva de Azevedo (Mac), Nélio Fernando
Isabel Alves, Damião Duarte, Wladimir Isabel Alves, Jorge da Costa Pinto, Ary Pestana Gonçalves Ferreira, Roberto Senna De Carvalho (Cabral), Rosalina Brito, Thiago Coutinho
Figueiras e Bruno Lima. e Jorge Faria. Machado e Xanctus Joane Vaz Junior.
Abaixo Assinado História • 8

As águas de Jacarepaguá: a Veneza Carioca se


transformou em uma latrina a céu aberto
Yakaré Upá Guá
Professor Val Costa - Texto e fotos
A Assembleia Geral das Nações Uni- Mata Atlântica fez um estudo sobre a qua-
das proclamou a década 2018-2028 como lidade da água de 15 rios da cidade. Em
a “Década Internacional para Ação: Água 10 deles a qualidade foi considerada ruim.
para o Desenvolvimento Sustentável”, que As metas firmadas com o Comitê Olímpico
começou no Dia Mundial da Água, em 22 Internacional para a despoluição dos cor-
de março de 2018, e terminará no dia 22 pos hídricos da cidade até agora não fo-
de março de 2028. Muitos especialistas ram cumpridas e os nossos rios agonizam
entendem que os danos ambientais e as lentamente.
mudanças climáticas estão gerando graves A Bacia Hidrográfica da Baixada de Ja-
problemas hídricos em todo o mundo. carepaguá é uma planície litorânea loca-
O território brasileiro possui 12% de lizada na zona oeste da cidade do Rio de
toda a água doce do planeta. Ele está di- Janeiro. Com cerca de 300 km², ela abran-
vidido em 12 regiões hidrográficas: Bacia ge as Regiões Administrativas de Jacare-
Amazônica, Bacia Tocantins Araguaia, Ba- paguá, Barra da Tijuca e Cidade de Deus.
cia do Paraguai, Bacia Atlântico Nordeste Essa bacia é formada pelos rios que des-
Ocidental, Bacia Atlântico Nordeste Orien- cem das vertentes dos Maciços da Tijuca
tal, Bacia do Paraná, Bacia do Parnaíba, e da Pedra Branca, além das lagoas da Ti- Rio Tindiba completamente poluído Lançamento de esgoto no Rio Grande
Bacia do São Francisco, Bacia do Atlântico juca, Camorim, Jacarepaguá, Marapendi e humanas nos últimos 50 anos. O assorea- esgoto para proliferarem.
Leste, Bacia do Atlântico Sudeste, Bacia do Lagoinha. A drenagem tem como destino mento acelerado, o lançamento de esgo- O projeto Veneza Carioca, que visa tor-
Atlântico Sul e Bacia do Uruguai. A Lei nº inicial esse complexo lagunar e, posterior- to industrial e doméstico, a urbanização nar navegáveis os canais e os rios de Var-
9.433/1997 estabelece que a água é con- mente, o Oceano Atlântico. Da área total desordenada e a retificação dos cursos gem Grande, Vargem Pequena e Camo-
siderada um bem de domínio público e um da bacia, 176 km² são terras drenadas pe- hídricos interferiram diretamente na di- rim, ainda está no papel e deve ser visto
recurso natural limitado, dotado de valor los rios. Esses rios e lagoas tiveram uma nâmica dessa bacia, causando uma série com ressalvas, pois poderia adensar ainda
econômico. Segundo a mesma lei, a água grande importância econômica para a de problemas socioambientais. Um bom mais uma área em que apenas 28% das ca-
deve ser disponibilizada para as gerações região. Enquanto os cursos d’água eram exemplo desse processo de degradação é sas possuem saneamento básico.
presentes e futuras e utilizada de maneira usados para escoar uma parte da produ- o complexo lagunar: a Lagoa da Tijuca tem
racional. ção local de açúcar e anil durante o perío- cerca de 6,5 milhões de metros
O município do Rio de Janeiro possui do colonial, as lagoas abrigaram a Colônia cúbicos de lama e lixo em suas Caminhada Histórica
267 cursos d'água, muitos deles foram de Pescadores Z 14 durante a primeira águas e o espelho d’água da La-
aterrados, retificados ou canalizados ao metade do século XX. goa de Jacarepaguá está repleto O Instituto Histórico da Baixada de Jacarepaguá
longo do processo de expansão da área ur- A Bacia Hidrográfica da Baixada de de gigogas – plantas aquáticas (IHBAJA) realizará, no dia 30 de novembro, uma
bana da cidade. Em 2016, a Fundação SOS Jacarepaguá sofreu várias intervenções que dependem da presença de caminhada histórica até o Núcleo Camorim do
Parque Estadual da Pedra Branca. Essa atividade
faz parte do projeto “Trilhas de Jacarepaguá:
Caminhando pela Nossa História”, que visa
apresentar alguns aspectos do patrimônio
cultural, histórico e natural da região de
forma lúdica e interativa. O evento integra
a programação da Semana Fluminense do
Patrimônio e será gratuito.

Horário: 9h

Ponto de encontro: Estrada do Camorim, 925 –


na porta da Capela de São Gonçalo de Amarante.
Saída de esgoto de uma galeria pluvial no Canal de Marapendi Saída de esgoto na Lagoa de Marapendi

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