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1. INTRODUÇÃO

1.1 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: EDUCAÇÃO DE QUALIDADE.

A função social da escola tende a se reformular de acordo com as várias mudanças


ocorridas na sociedade, principalmente diante do processo de desenvolvimento do saber.
Sendo assim o papel social que a escola desenvolve juntamente com o conhecimento é
de suma importância na sociedade.
Na procura do completo desenvolvimento do educando a escola deve buscar maneiras de
fazer do processo educativo algo prazeroso, desafiador. Por isso, tanto os professores como o
corpo escolar, os alunos, a família e a comunidade, precisam tentar resgatar o desempenho
social da escola, onde o aluno seja encorajado a participar de modo ativo das atividades
escolares e que essas venham ser dinâmicas e estimulantes, para que se possa construir um
aprendizado significativo.
É importante para o corpo escolar e principalmente para os professores e gestores
reconsiderar sobre os trabalhos que a escola desenvolve quais os resultados alcançados e
como eles podem influenciar e melhorar o desempenho dos alunos enquanto aprendizes e
futuramente como cidadãos. Isso remete a questionar se realmente a escola tem cumprido a
sua função enquanto agente de transformação. Nessa totalidade a escola como agente de
mudanças também precisa inserir e promover a inclusão dos alunos que são considerados
excluídos, que não possuem condições necessárias para se tornarem cidadãos, seja por
questões físico/mental ou financeiras, pois eles também fazem parte da sociedade e das
mudanças que nela ocorrem. De acordo com Demerval Saviani “Cidadão é, pois, aquele que
está capacitado a participar da vida da cidade e, extensivamente, da vida da sociedade”.
(OLIVEIRA, 2009, apud SAVIANI, 1997, p.36).

A escola, além de representar o espaço de construção do conhecimento necessário


para a formação do cidadão e desenvolvimento da sociedade deve também estar preparada e
se adequar às condições exigidas, pois, ela é o lugar onde podem ser apresentados conteúdos e
temas de suma importância que favorecem a compreensão do mundo atual, social, político e
econômico.
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Sobretudo quando a escola é o lugar que lida com os valores, as tradições, com os
projetos de vida das pessoas, e a construção da identidade de cada um.

De acordo com Libâneo:


Devemos inferir, portanto, que a educação de qualidade é aquela mediante a qual a
escola promove para todos, os domínios dos conhecimentos e o desenvolvimento de
capacidades cognitivas e afetivas indispensáveis ao atendimento de necessidades
individuais e sociais dos alunos. (LIBÂNEO et. al. 2005 p. 117).

Mas para que escola promova uma boa educação é necessária à consolidação de uma
sociedade mais justa e democrática, onde através do seu papel na formação do aluno a escola
possa levar os estudantes ao desenvolvimento do pensamento crítico, ou seja, formar
indivíduos que sejam capazes de se adaptar as modificações do mundo moderno. A finalidade
da educação escolar significativa na sociedade multimídia, tecnológica e globalizada, é
possibilitar que os alunos trabalhem os conhecimentos científicos e tecnológicos,
desenvolvendo capacidade para operá-los, revê-los e reconstruí-los com sabedoria. O que
implica analisá-los, confrontá-los, e contextualizá-los permitindo aos alunos construírem a
noção de cidadania. (PIMENTA, 2000, p.23).
De acordo com a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) conforme o Artigo 2º:
“A educação é dever da família e do Estado e tem por finalidade o desenvolvimento do
educando, seu preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho”.
(BRASIL, 1996).
Portanto, Educação de qualidade significa preparar as crianças e os jovens para que
possam se elevar ao nível da civilização atual é dar caminho para o aluno buscar mais
conhecimento, resolver os seus problemas, o que requer uma preparação científica, técnica e
sócio/cultural muito grande por parte da família dos professores e do corpo escolar. Educar
com qualidade não é apenas preparar o estudante para o mercado de trabalho, é também
preparar para a vida e para exercer a cidadania.

1.2 EDUCAR PARA A SAÚDE.

Saúde é o estado de completo bem – estar físico, mental e social e não apenas a
ausência de doença. Tantas vezes citado, o conceito adotado pela Organização Mundial de
Saúde (OMS), longe de ser uma realidade, simboliza um compromisso, um horizonte a ser
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perseguido. Diversas tentativas vêm sendo feitas a fim de construir um conceito mais
dinâmico, que dê conta de tratar a saúde não como imagem de doença e sim como construção
permanente de cada indivíduo e da coletividade. (BRASIL, 1997, p.89).
Entende-se Educação para à saúde como um fator que contribui para o acesso à
proteção a saúde e para a conquista dos direitos de cidadania. Educar para a saúde representa
explorar condições favoráveis e indispensáveis no processo de formação de comportamentos
que venha originar ou manter uma boa saúde.
Sua inclusão no currículo escolar replica a uma forte questão social, numa situação em
que haja o desenvolvimento da consciência sanitária da população e dos governantes para que
o direito à saúde seja encarado como prioridade, assim como a educação. (BRASIL, 1997, p.
90).
A escola, local onde as crianças passam grande parte da sua vida, atua de maneira
significativa na formação de opiniões e na construção de caráter dos alunos, sendo um local
de referência para a implantação de qualquer programa que vise à educação e conscientização.
Apesar da saúde ainda ser de difícil compreensão para os adolescentes, e principalmente para
as crianças, acredita-se que isto possa ser resultado da pouca abordagem desse assunto por
parte dos educadores.
Entretanto, a escola sozinha não irá induzir os alunos a adquirirem uma boa saúde, ela
pode e deve, contudo, fornecer elementos que os capacitem para uma vida saudável. Por isso,
não se pode compreender ou transformar a situação de saúde de um indivíduo ou de uma
coletividade, sem levar em conta que ela é produzida nas relações com o meio físico, social e
cultural. (BRASIL, 1997, p.90).
Desse modo, a educação para a saúde cumpre um papel fundamental, no qual o acesso
à saúde se faz por meio da escolha de estilos de vida saudáveis, em conjunto com a educação,
o desenvolvimento de habilidades e capacidades individuais, e da produção de um ambiente
saudável.
Quando a criança inicia a sua vida escolar, ela traz uma série de conhecimentos
empíricos ligados à valorização de comportamentos favoráveis à saúde oriundos da família e
outros grupos. Durante a infância e a adolescência, em fases decisivas na construção de
condutas, a escola passa a assumir um papel importante devido a sua função social e pela sua
responsabilidade para o desenvolvimento de um trabalho consecutivo. Deve, por isso, tornar-
se responsável para educar sobre a saúde, já que a formação de atitudes está profundamente
associada a valores que o professor e todo o corpo da escola transmitem aos alunos durante o
convívio escolar. (BRASIL, 1997, p.101).
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Ao longo da aprendizagem dos alunos, os conceitos adquirem cada vez mais


importância ao induzi-los para o desenvolvimento dos valores essenciais do ser humano, à
visão crítica diante dos desafios que lhes serão apresentados em suas relações sociais com a
saúde e o meio ambiente. Sendo assim, deve-se educar para a saúde, através da
conscientização dos alunos para a garantia desse direito, direcioná-los para a busca constante
da compreensão de seus objetivos e capacitá-los para a utilização de formas práticas de
promoção, proteção e aquisição do bem-estar. (BRASIL, 1997, p.101).
Os principais riscos a saúde relacionados à vida associativa na faixa etária do
estudante de ensino médio são as doenças transmissíveis. Desse modo destaca-se a
possibilidade e a prevenção para não adquirir doenças por contato direto e indireto, deve-se
fazer a identificação do portador, do doente e de objetos contaminados como fontes de
infecção, pois tudo isso pode ocasionar agravos à saúde. Sendo assim, é importante que o
professor possa trabalhar com os alunos a construção de uma postura preventiva sobre as
doenças. E as informações que os alunos devem receber de sinais e sintomas de doenças
transmissíveis precisam ter maior relevância do que o detalhamento da própria doença.
Desse modo, a educação para a saúde deve ser feita a partir do educador e da escola
como um todo, desenvolvendo a responsabilidade de trabalhar essa temática e a discussão na
sala de aula em conjunto com a prevenção, a saúde e a educação.

1.3 EDUCAÇÃO SEXUAL E PREVENÇÃO NA SALA DE AULA.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS): “A sexualidade é um aspecto


central do bem estar humano, do começo ao fim da vida, envolvendo sexo, identidade de
gênero, orientação sexual, erotismo, prazer, intimidade e reprodução.” (PEREIRA, 2007,
p.13).
A educação sexual ajuda a diminuir a incidência de doenças sexualmente
transmissíveis, gravidez precoce e comportamentos abusivos. É o que indica um estudo feito
pela Associação Americana de Psicologia (APA, na sigla em inglês), que concluiu que ensinar
crianças e adolescentes sobre sexo não estimula a sexualidade precoce. Pelo contrário: ajuda a
saciar a curiosidade natural da idade e contribui para que eles tenham informações adequadas
para tomar decisões com mais responsabilidade. (VIANA e GOMES, 2009).
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Nesse contexto entra então a discussão da camisinha na sala de aula, as doenças


sexualmente transmissíveis, assim como a AIDS, a gravidez precoce decorrente de vários
fatores, por exemplo, a falta de informações ou a falta de prevenção através do uso de
preservativos e outros métodos contraceptivos. Logo, o estudo sobre saúde e sexualidade é
primordial para a ampliação do conhecimento e é uma questão acentuada no processo de
ensino aprendizagem, considerando que esses estão relacionados diretamente com vida e o
cotidiano do aluno, sendo importante, pois estão presentes em seu meio de vida tal como na
saúde e prevenção.
O Ministério da Educação (MEC) afirma que a orientação ou educação sexual faz
parte dos chamados temas transversais, incluídos nos Parâmetros Curriculares Nacionais.
Esses temas são conteúdos trabalhados em diversas disciplinas dentro das áreas das
Ciências. Como não há regras, as escolas podem fazê-lo conforme o projeto político-
pedagógico de cada uma. Algumas escolas preferem diluí-la entre as disciplinas, enquanto
outras fazem do tema uma matéria específica. (VIANA e GOMES, 2009).
Podem também ser trabalhadas utilizando várias metodologias para uma maior fixação
dos conteúdos, melhorando assim os conhecimentos adquiridos pelos alunos. Assim, é
interessante que haja uma responsabilidade do professor com seus alunos, para que se possa
trabalhar esse tema e possa discutir na sala de aula sobre saúde sexualidade, prevenção e o uso
da camisinha, pois a orientação sexual deve ser realizada durante o processo de educação
escolar visto que a escola é responsável pela formação integral do indivíduo. (GALINDO,
2008).
Para que esse assunto seja abordado na sala de aula, deve-se informar o aluno de
maneira onde o mais importante da aula seja a informação adquirida por ele, sem que suas
dúvidas sejam julgadas, fazendo-o perder o medo e a timidez, para que possa fazer perguntas
concretas e objetivas, tanto na escola como em casa.
De todas as formas esse tema ainda é visto como um grande desafio a ser superado. É
necessário que a sexualidade seja trabalhada de forma clara e prática. No entanto a escola e o
professor não são os únicos responsáveis para transmitir os conhecimentos sobre a educação
sexual.
A responsabilidade de transmitir esse conhecimento também parte da família e da
sociedade como um todo, mas na prática isso não ocorre. Algumas escolas não cumprem esse
papel com eficiência e na maioria das vezes a falta da convivência familiar também contribui
para que a sexualidade não seja ensinada de uma forma saudável e correta.
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Além da família, dos amigos e professores, outros indivíduos podem influenciar na


orientação da sexualidade, como os profissionais de saúde.
Nessa totalidade, a escola não deixa de ser importante, “pois é apontada como um
instrumento para veicular informação, sobre formas de evitar gravidez e se proteger de
doenças”. (MADUREIRA, et. al. 2009, p.1 apud ALTMANN, 2002).
“Porque além da ação direta que se exerce sobre o educando, indiretamente incentiva a
própria família a desempenhar o seu papel”. (MADUREIRA et. al. 2009, p.1 apud JARDIM e
BRETAS, 2006).
Pesquisas recentes do Ministério da Saúde que utilizaram dados do Censo Escolar
mostram que são poucas as escolas do País que trabalham o tema AIDS e doenças
sexualmente transmissíveis (DST). A educação sexual faz parte dos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCNs), que orientam o trabalho nas escolas do País desde 1997. O texto não fala
em obrigatoriedade de uma disciplina específica para o tema, mas sugere que ele faça parte do
projeto pedagógico da escola e seja trabalhado em todas as matérias. Mas são poucos os
cursos de especialização ou pós-graduação nas Universidades brasileiras para formar
professores em educação sexual. (CAFARDO, 2006).
Percebe-se que há uma necessidade da preparação e formação de educadores para
trabalhar esse tema. Esse assunto não pode ser deixado de lado, são poucas as escolas que
trabalham com a abordagem da educação sexual, e quando trabalhados, o debate é tímido,
voltado apenas para a biologia.
O tema basicamente pode ser inserido nas diversas matérias, não só na biologia, na
qual já está incluso; Também pode ser incluído na química, na física, ou em qualquer outra
disciplina. O que importa é que a informação seja transmitida aos jovens.
De acordo com as informações da Coordenação Estadual de DST/Aids, o número de
casos de contaminação pelo vírus HIV na Região Norte tem se apresentado de forma
crescente. No Estado do Acre já são mais de 480 pessoas diagnosticadas como portadoras do
vírus. Também foi observado que a incidência está saindo do perímetro urbano para o interior,
e há pelo menos um caso confirmado de HIV em cada município acreano. Segundo a
Coordenação estadual de divisão de DST/AIDS o aumento no número de casos tem atingido a
população feminina com faixa etária entre 15 e 29 anos. (PORTAL AMAZÔNIA, 2010)
Esses dados confirmam que cada vez mais a iniciação sexual dos adolescentes vem
ocorrendo de maneira precoce e isso é extremamente preocupante, pois indica que esses
jovens continuam correndo riscos e que a iniciação sexual não está sendo acompanhada de
medidas preventivas o que acaba preocupando a família e a escola,
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Isso ocorre na maioria das vezes em virtude da falta de conhecimento e em muitos


casos devido irresponsabilidade acerca da concepção. Os dados apresentados são evidências
de uma realidade preocupante no âmbito da informação e da saúde pública o que torna
imprescindível a conscientização dos jovens no intuito de evitar que casos como esses
ocorram, e os adolescentes saberão então como evitar a gravidez precoce, DST e
principalmente a AIDS.

1.4 A QUÍMICA PARTICIPA INTEIRAMENTE DA EDUCAÇÃO SEXUAL.


CAMISINHA NA SALA DE AULA, A PARTIR DE TESTES DE QUALIDADE.

A química nesse contexto é como uma ciência que interpreta o mundo para intervir na
realidade. Serve como um instrumento de formação humana e pode interagir com as diversas
áreas do conhecimento, no que concerne à representação, análise, interpretação, usando
símbolos, nomenclaturas, investigação de diferentes estratégias para solucionar problemas e
integrar o conhecimento interdisciplinar ou multidisciplinar.
A química atua buscando uma forma de compreender o mundo natural junto com o
conhecimento científico, tecnológico e moderno.
Assim, o estudo da química deve ser abordado de forma simples. O ensino deve ter um real
significado para o educando, onde o saber científico possa estar ligado à sua vida cotidiana e
que não seja esquecido facilmente. Não foi feito para ser decorado em apenas um determinado
momento na sala de aula. Precisa realmente ter algum significado.
Por isso, a disciplina de química não pode ter como principal objetivo apenas a
passagem de conteúdo pelo professor e a absorção desse conteúdo por parte do aluno. Deve se
ajustar às competências desenvolvidas a partir da leitura e da experimentação.
Deve-se compreender que a química precisa ser vista e aplicada na prática e o
educando possa perceber que a cada dia que passa ela está cada vez mais presente e
constantemente ao nosso redor.
Ela está presente em vários aspectos, rodeados de produtos e tecnologias produzidos
através da ciência, no meio ambiente, nas indústrias, na produção de plásticos, refino de
petróleo, na produção de medicamentos e produtos de higiene, também na saúde, na
sexualidade e prevenção através da fabricação de camisinhas.
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Algumas pesquisas mostram que o látex nativo, matéria prima para a fabricação das
camisinhas, é de 7% a 8% superior a do látex extraído em seringais de cultivo. De acordo com
a Fábrica de camisinhas do Estado do Acre, NATÉX as camisinhas produzidas na fábrica
chegaram a suportar 50 litros de ar no teste de capacidade volumétrica enquanto ao
preservativo similar, fabricado no sistema tradicional agüentou no máximo 36 litros antes de
estourar. No entanto isso não significa que o preservativo seja de má qualidade, mas mostra
que o material de látex nativo tem realmente mais resistência. Os testes de qualidade
realizados pela fábrica do Estado do Acre revelaram que a presença de minerais é 50% menor
que no látex de cultivo, e não são utilizados produtos como ferro ou zinco para manter a
produção, pois quanto menos minerais mais resistência o preservativo apresenta.
(AGENCIAS DE NOTÏCIAS DO ACRE, 2007)
Por isso o presente trabalho, vem tratar da saúde, sexualidade, prevenção e construção
do conhecimento dentro da área da química e ressalta a fabricação das camisinhas e o uso
dessas pelos jovens, devido aos altos índices de contaminação pelo vírus da AIDS.
Dados obtidos da Associação Brasileira e Interdisciplinar de AIDS (ABIA) ressaltam
que a disseminação da síndrome de imunodeficiência adquirida no Brasil, e muitos casos de
contaminação ocorrem durante a adolescência. Não só a AIDS, como também outras doenças
sexualmente transmissíveis e também problemáticas sobre gravidez precoce.
Estima-se ainda que 10 milhões de adolescentes vivam hoje com o HIV ou estão
propensos a desenvolver AIDS entre os próximos três ou quinze anos, o que representa um
sério impacto à saúde física, psíquica e social dos adolescentes. (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
1999).
A adolescência é um período de mudanças físicas e emocionais, considerado um
momento de conflito ou de crise. Não se pode descrever a adolescência como simples
adaptação às transformações corporais, mas como uma importante fase do ciclo existencial da
pessoa, uma tomada de posição social, familiar, sexual e entre o próprio grupo jovem.
(SANTOS, 2009, p.23 apud BALLONE, 2003).
Reconhecendo essa problemática foi que o Ministério da Educação e o Ministério da
Saúde fundaram o programa “Saúde e Prevenção nas Escolas” (SPE).
Esse Programa apresenta o tema da educação e saúde, privilegiando a escola como
espaço para a articulação de políticas voltadas para adolescentes e jovens tendo como
principal objetivo a promoção da saúde e educação sexual, visando reduzir a vulnerabilidade
de adolescentes e jovens às doenças sexualmente transmissíveis, a infecção pelo HIV á AIDS
e a gravidez não planejada.
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Além desse e outros programas, a maior parte das iniciativas de educação sexual da
juventude, inclusive no Brasil, focaliza as ações voltadas para a prevenção de doenças e novas
infecções pelo HIV em especial pela faixa etária de 15 aos 19 anos. (PAIVA, et. al. , 2008).
Estudos sobre o início da vida sexual e o uso de contraceptivos e preservativos têm
indicado que adolescentes e jovens tendem a não usá-los quando iniciam a vida sexual muito
cedo. (PAIVA, et. al. , 2008).
O Brasil é um dos Países que sempre tem dado apoio à política nacional de controle
de doenças e tem como foco a promoção de políticas de acesso dos jovens à educação sexual
e à prevenção, mas observa-se que ainda não é suficiente, visto que os casos de contaminação
e difusão do vírus da AIDS ainda são grandes no País.
Na maioria das vezes os alunos são ensinados desde a infância e antes do início da
vida sexual. Essa preocupação é muito importante para assegurar melhores condições do
desenvolvimento incluindo a promoção do uso de preservativos.
Por isso, esse trabalho aborda o tema “Camisinha na sala de aula: a partir de testes de
qualidade” no qual se refere à abordagem de um assunto diretamente ligado a vivência social
dos adolescentes, que é o uso da camisinha, além de apresentar uma proposta e uma
metodologia de ensino interessante e adequada para ser utilizada na sala de aula.

De acordo com os dados dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs):


É necessário que sejam inseridos novos métodos para melhor ensinar os alunos na
perspectiva de melhorar a sua formação, explorando e inovando metodologias que
possam demonstrar o assunto ao aluno, de forma que esse não seja apenas a
passagem de conhecimento com fórmulas, estruturas teóricas ou abstratas para o
aluno. (BRASIL, 2000).

E é diante das realidades mostradas, onde os casos de adolescentes contaminados por


doenças, além de outros fatores como a gravidez precoce, é que o educador não pode deixar
de discutir essas questões na sala de aula.
A química, assim como outras disciplinas, pode contribuir ajudando a deter, por
exemplo, a disseminação de diversas doenças, além de possibilitar uma qualidade de vida
melhor com relação à prevenção e o tratamento de doenças. Também pode participar da
educação sexual no aspecto que envolve a fabricação dos preservativos masculinos a partir do
látex natural (Figura 1).
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Figura 1: Látex sendo extraído da seringueira.


Fonte: www.wikipedia.org/latex.

Os polímeros são compostos químicos de elevada massa molecular, resultantes de


reações químicas de polimerização. A química atua nesse processo e estuda essas moléculas
na tentativa de compreendê-las mostrando como as cadeias de polímeros a composição e as
formas das cadeias determinam as propriedades dos polímeros.

O látex é um polímero constituído de macromoléculas formadas a partir de unidades


estruturais menores (monômeros, vem da palavra grega que significa “uma parte”). A
borracha é exemplo de um elastômero, um polímero elástico (onde as ligações desses
polímeros são cruzadas e aumentam a sua resistência e elasticidade). A borracha é obtida
comercialmente do látex coagulado da Hevea brasiliensis (Figura 2), Suas propriedades
elásticas são mais eficientes se a borracha for aquecida com enxofre, no processo chamado
vulcanização, inventado por Charles Goodyear, em 1839. A propriedade elástica que a
borracha possui também se deve ao efeito elastomérico, pois o polímero na temperatura
ambiente tem a capacidade de se alongar duas vezes o seu comprimento. (ATKINS, 2002,
p.77).

Figura 2: Folha da Hevea Brasiliensis, com látex.


Fonte: (ATKINS, Moléculas, 2002).
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O látex possui o hidrocarboneto isoprênico, que é o principal constituinte da borracha.


O látex, do ponto de vista estrutural, é uma suspensão leitosa coloidal, às vezes amarelada. É
encontrado em diversas árvores, como também nas hastes da flor do dente-de-leão
(Taraxacum officinale). O látex da seringueira Hevea brasiliensis é formado por um sistema
coloidal polifásico e sob ação de uma força centrífuga forma três fases: Fase borracha (37%
hidrocarboneto isoprênico); Soro (48% proteína e sais dissolvidos em água); e Fração de
fundo (15% Lutóides e partículas). A borracha natural é considerada um polímero de adição e
o monômero da borracha natural (Figura 3) é o 2-metil-1,3 butadieno, de fórmula estrutural
C5H8. (WISNIEWSKI, 1983 p.3).

Figura 3: Monômero da borracha.


Fonte: www.wikipedia.org/latex.

Para que o preservativo seja fabricado, o látex passa por um processo denominado
Vulcanização, que é a reação da borracha aquecida com enxofre produzindo a borracha
vulcanizada. Borracha elástica que não sofre alteração significativa com pequenas variações
de temperatura, porque o processo de vulcanização confere à borracha ligações
tridimensionais gerando rigidez e resistência proporcional à quantidade de ligações dos
polímeros, além de ser bastante resistente ao atrito.
Para que o preservativo seja moldado, moldes de vidro são imersos em um tanque
contendo compostos de látex. Ainda no molde, a camisinha em estado bruto segue a linha de
montagem até chegar aos testes de qualidade, que são obrigatórios e detalhadamente
regulados por norma da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Exemplo no
organograma.
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ORGANOGRAMA DOS PROCESSOS DE FABRICAÇÃO DOS PRESERVATIVOS


MASCULINOS A PARTIR DO LÁTEX.

O látex é filtrado até


ficar com 60% de
borracha.

O látex passa pelo processo No tanque de imersão, o Passa então por uma estufa
de vulcanização: adiciona látex ganha forma de para secar e depois por
enxofre e outros produtos preservativo através dos outra imersão, no tanque
sob altas temperaturas. moldes de vidro. de compostos de látex.

O preservativo é
Então é lavado, seco, e Ainda no molde o
mergulhado em um tanque
depois passa por um banho preservativo passa por
contendo produtos para
de talco ou sílica para escovas rotativas que
eliminar partículas que
retirar o aspecto grudante. formam a bainha.
causam alergias.

Em seguida é levado ao
teste de qualidade, recebe
uma gora de lubrificante e
é embalado.

Essas questões que possibilitam o desenvolvimento desse trabalho, buscando construir


conhecimentos relacionados à sexualidade, saúde e prevenção através de uma metodologia de
ensino e técnica de testes de preservativos. Envolvendo a química em diversos aspectos como
o uso da camisinha, a fabricação de preservativos a partir do látex natural, extraído de
seringueiras nativas da região do Estado do Acre.
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2. OBJETIVOS

2.1 GERAL

Despertar o interesse na comunidade do ensino médio na escola Estadual Armando


Nogueira e Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Acre - UFAC sobre os assuntos
da saúde envolvendo a sexualidade e a prevenção das doenças e outros problemas
relacionados. Correlacionando os conceitos e métodos usando produtos e fórmulas que
envolvem a química.

2.2 ESPECÍFICOS

 Proporcionar discussões sobre a saúde e sexualidade e de que forma a educação pode


atuar nesse processo.

 Ressaltar como a sexualidade vem sendo abordada nas escolas com relação à
vulnerabilidade dos alunos às doenças transmissíveis e a prevenção através do uso de
preservativos.

 Abordar assuntos sobre polímeros, nos quais estão inseridos os processos de


fabricação da camisinha a partir do látex natural, desenvolvendo uma metodologia
alternativa para o ensino de química voltada paras as escolas de ensino médio.

3. METODOLOGIA
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Esse estudo trata-se de uma pesquisa exploratória visando maior familiaridade com o
problema, na intenção de torná-lo mais explícito, possibilitando a consideração de vários
aspectos relacionados aos fatos estudados, e de abordagem quantitativa e qualitativa.

3.1 LOCAL

Os locais escolhidos para a realização desse trabalho foram: Colégio de Aplicação da


UFAC (CAP), (Figura 4) e o Colégio Estadual Armando Nogueira (CEAN), (Figura 5),
ambos localizados na Capital do Acre, Rio Branco.
O projeto foi realizado em comum acordo e colaboração dos professores do Colégio
de Aplicação da UFAC: Karytiana Oliveira de Souza e do Colégio Estadual Armando
Nogueira: Adriano Martinez Basso.

Figura 4: Colégio de Aplicação. Figura 5: Colégio Estadual Armando Nogueira.


Fonte: FERRAZ, U. M. (2010) Fonte: FERRAZ, U. M. (2010)

3.2 INVESTIGAÇÃO

Foi realizada uma investigação juntamente com os professores das escolas, em relação
à postura dos pais dos alunos sobre o impacto do assunto, para que o desenvolvimento do
trabalho não ocasionasse nenhum conflito ou rejeição dos pais ou estudantes. Depois foi feito
o primeiro contato com os alunos para a familiarização do projeto. A partir disso, em ambas
as escolas, foram então realizadas discussões nas salas de aula para introduzir o assunto sobre
o uso e a fabricação de camisinhas, a saúde, sexualidade e prevenção na adolescência.
Algumas questões propostas como: De que forma a camisinha nos protege? Como são
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fabricadas? Que material é utilizado? Como são testados em laboratório? A história dos
preservativos; A prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, principalmente a AIDS;
Como a escola pode discutir a sexualidade e porque os temas relacionados à sexualidade
ainda são tabus na maioria dos contextos sociais.

3.3 PÚBLICO ALVO

O público alvo constituiu-se de adolescentes, dentro da faixa etária de 15 a 19 anos,


que estavam matriculados na 3ª série do Ensino Médio do referido cenário da coleta de dados.
A população amostral correspondeu a 60 adolescentes no total, de ambos os sexos, sem
critérios pré-estabelecidos, ou seja, todos os alunos participaram voluntariamente. Sendo 23
alunos do Colégio Estadual Armando Nogueira do 3º ano “H” e 37 alunos do Colégio de
Aplicação das turmas “301” e “302”. (Figura 6 e 7).

Figura 6: Alunos do colégio de Aplicação.


Fonte: FERRAZ, U. M. (2010)

Figura 7: Alunos do Colégio Estadual Armando Nogueira.


Fonte: FERRAZ, U.M. (2010)
3.4 COLETAS DE DADOS
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O projeto foi aplicado inicialmente a partir de Novembro de 2009 onde alguns dados
foram coletados, a experiência e as palestras (Figura 8 e 9) foram realizadas também durante
o período de Agosto a Setembro de 2010, utilizando como instrumento para coleta de dados
um questionário composto de 15 perguntas aplicado nas escolas, onde os alunos encontravam-
se em atividades escolares. O Questionário foi constituído por perguntas ordenadas,
respondidas objetivamente pelos alunos, sem identificação pessoal, com exceção da idade e
do sexo do entrevistado, sendo ele masculino ou feminino, além das perguntas de
conhecimento gerais sobre polímeros, preservativos e a sexualidade.

Figura 8: Alunos do CEAN respondendo o questionário.


Fonte: FERRAZ, U. M. (2010)

Figura 9: Entrega dos questionários no CAP.


Fonte: FERRAZ, U. M. (2010)
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3.5 AULA EXPOSITIVA

Posteriormente foi feita uma aula expositiva (Figura 10 e 11) utilizando recursos
audiovisuais para facilitar a compreensão dos alunos sobre polímeros, usando como exemplo
a borracha natural, apresentando a composição e propriedades do látex, além de outros
polímeros encontrados no dia-a-dia.

Figura 10: Discussão de temas sobre sexualidade com os alunos do CAP.


Fonte: FERRAZ, U. M. (2010)

Figura 11: Aula expositiva sobre polímeros aos alunos do CEAN.


Fonte: FERRAZ, U. M. (2010)

3.6 TESTES EXPERIMENTAIS

Os experimentos foram realizados com preservativos de varias marcas, inclusive os


fabricados no Estado do Acre (Figura 12). A partir de então foram feitos testes experimentais
para explicitar o conteúdo, onde os alunos manipularam os preservativos, realizaram medidas
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de comprimento e testaram algumas de suas propriedades, como sua resistência e elasticidade


(Figura 13 e 14).
Foram aplicados os testes manuais de vazamento, capacidade volumétrica e condução
de corrente (Figura 15 e 16), sendo que a parte experimental foi realizada com a utilização de
materiais do cotidiano (Figura 17 e 18) como garrafas plásticas, baterias, sal de cozinha,
régua, tesoura e outros materiais alternativos, de modo que os estudantes viessem relacionar o
tema estudado com o dia-a-dia. Para que ficasse claro o entendimento dos alunos e os
conhecimentos adquiridos foi então aplicado o mesmo questionário, de forma que os alunos
pudessem ser avaliados sobre o que aprenderam com a prática realizada.

Figura 12: Preservativos de várias marcas.


Fonte: FERRAZ. U. M (2010)

Figura 13: Teste de medidas com os preservativos, alunos do CAP.


Fonte: FERRAZ. U. M (2010)
30

Figura 14: Alunos do CAP realizando o teste de tração-elasticidade.


Fonte: FERRAZ. U. M (2010)

Figura 15: Teste de Vazamento realizado por alunos do CEAN.


Fonte: FERRAZ, U. M. (2010)

Figura 16: Alunos do CAP realizando o teste de condução de corrente.


Fonte: FERRAZ. U. M (2010)
31

Figura 17: Alunos do CEAN no laboratório realizando os testes experimentais.


Fonte: FERRAZ. U. M (2010)

Figura 18: Alunos do CEAN realizado pesagem de NaCl .


Fonte: FERRAZ. U. M (2010)

3.7 PALESTRA E OFICINA

A partir da interação dos alunos com a visita na escola, objetivando contribuir com o
aprendizado dos estudantes, foi organizada uma palestra sobre a sexualidade juntamente com
uma oficina para a classe dos alunos da Escola Estadual Armando Nogueira (Figura 19, 20 e
21). Essa palestra foi organizada com o intuito de sanar as dúvidas, além de oferecer outros
conceitos básicos sobre saúde, sexualidade e prevenção de doenças. Os alunos puderam
participar de forma interativa da oficina realizada. A palestra foi ministrada pelas palestrantes
do programa SPE, já citadas, e teve duração média de 90 minutos.
32

Figura 19: Alunos participando da oficina no CEAN.


Fonte: FERRAZ. U. M (2010)

Figura 20: Palestra sobre doenças sexualmente transmissíveis e sexualidade.


Fonte: FERRAZ. U. M (2010)

Figura 21: Alunos do CEAN escrevendo suas dúvidas sobre os temas apresentados.
Fonte: FERRAZ. U. M (2010)
33

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Esse trabalho foi realizado em conjunto com o Artigo da Revista Química Nova, a qual
mostra propostas e estratégias de ensino interessantes e adequadas para serem trabalhadas na
sala de aula, principalmente no ensino escolar da Química, além da utilização de materiais
alternativos e práticos. (FERREIRA, et. al. 2001).
No primeiro contato com os alunos do Colégio de Aplicação da UFAC e do Colégio
Estadual Armando Nogueira, foram apresentados os objetivos do trabalho e os conceitos
gerais do assunto que seria abordado, Camisinha na Sala de aula: Saúde, Sexualidade e
Construção do Conhecimento a partir de Testes de Qualidade. Também foram apresentadas as
propostas do experimento o qual seria realizado durante a execução do projeto.
O questionário aplicado demonstrou que a faixa etária dos entrevistados era de 15 a 19
anos, onde 29 alunos são do sexo masculino e 31 do sexo feminino, totalizando 60 alunos. Na
tabela 1 estão os percentuais dos alunos de Aplicação que responderam às perguntas do
questionário apresentado no Apêndice 1, no qual foram 37 alunos entrevistados e na tabela 2
os resultados referentes aos alunos do Colégio Estadual Armando Nogueira, 23 alunos.

Tabela 1. Perguntas feitas aos alunos do Colégio de Aplicação com relação à sexualidade.

PERGUNTAS QUESTÕES PERCENTUAIS


Pergunta 1 Sim 94,5%
Não 5,4%
Pergunta 2 Sim 100%
Não 0%
Pergunta 3 Sim 75,6%
Não 24,3%

Tabela 2. Perguntas feitas aos alunos do Colégio Estadual Armando Nogueira com relação à sexualidade.

PERGUNTAS QUESTÕES PERCENTUAIS


Pergunta 1 Sim 100%
Não 0%
Pergunta 2 Sim 100%
Não 0%
Pergunta 3 Sim 82,6%
Não 17,3%
34

Os resultados apresentados no Gráfico 1 são dos alunos de ambas as escolas, nesse


caso o resultado geral, onde foi perguntado se eles já haviam assistido alguma palestra sobre
sexualidade ou prevenção de doenças na sua escola. No total, 96,6% dos alunos responderam
que Sim; os outros 3,3% respondeu Não ou que não se interessavam pelo assunto. Os
resultados do gráfico revelam que a escola buscou de alguma forma tentar transmitir os
conhecimentos sobre sexualidade aos alunos. Mas ainda assim deve-se ter uma preocupação
com a porcentagem de alunos que não assistiu ou não se interessou pelo assunto, para que
esses alunos não fiquem desprovidos de informação para que futuramente não venha
ocasionar uma contaminação pela falta de informação.

Você já assistiu alguma palestra sobre sexualidade na sua escola?

.
Gráfico 1: Dados referentes a ambas as escolas de Ensino médio CAP e CEAN.
Fonte: FERRAZ, U.M. (2010)

Foi perguntado se eles achavam importante a orientação sexual ser feita nas escolas e
100% dos alunos responderam que Sim. Os dados obtidos ressaltam ainda mais a preocupação
da transmissão de informações sobre sexualidade, e prevenção aos alunos, pois os mesmo
revelam que a escola tem esse objetivo no qual os alunos atribuíram a responsabilidade.
Perguntou-se aos jovens se o conhecimento que eles tinham sobre sexualidade era
satisfatório. De acordo com resultado geral, 78,3% respondeu que Sim e os 21% restante
responderam que Não, conforme o Gráfico 2.

Seu conhecimento sobre sexualidade é satisfatório?


35

Gráfico 2: Dados referentes a ambas as escolas de Ensino médio CAP e CEAN.


Fonte: FERRAZ, U.M. (2010)

A responsabilidade do ensino da educação sexual deve ser muito discutida, para que de
fato a família e a escola sejam as responsáveis por ensinar sobre a sexualidade aos
adolescentes. Nota-se que parte desses adolescentes (21%) diz que o conhecimento sobre
sexualidade que possui não é satisfatório, quando ela deveria ser um assunto visto desde a 5ª
série do ensino fundamental e esses alunos deveriam estar satisfeitos, tendo em vista que esses
alunos estão terminando o ensino médio e ainda acabam por aprender sobre sexualidade com
amigos, conforme o Gráfico 3.

Com quem aprendeu sobre sexualidade?

Gráfico 3: Dados do Colégio de Aplicação.


Fonte: FERRAZ, U.M. (2010).

De acordo com as respostas obtidas, observadas no Gráfico 3, verificou-se que as


alunas do CAP (24,3%) aprenderam sobre sexualidade com os amigos e 21,6% delas
36

aprenderam com os pais, mas quanto aos alunos (18,9%) aprenderam com os amigos, e 10,8%
aprenderam com os pais, que deveriam ser os principais responsáveis para ensinar esse
assunto aos filhos. Destaca-se então que a quantidade de alunos que aprenderam sobre
sexualidade com os professores é bem pequena, mas equipara-se aos que aprenderam sobre
sexualidade sozinhos. Esses resultados são observados também para os alunos do CEAN
(Gráfico 4).

Com quem aprendeu sobre sexualidade?

Gráfico 4: Dados do Colégio Estadual Armando Nogueira.


Fonte: FERRAZ, U.M. (2010)

No Colégio Estadual Armando Nogueira, 26,8% dos estudantes masculinos e 21,7%


dos estudantes femininos aprenderam sobre sexualidade com os amigos, totalizando 48,5%
alunos que deveriam aprender com os pais ou com os professores; Já 26 % dos estudantes
destacaram que aprenderam com os pais.
No entanto, observa-se que 21,6% aprenderam sobre sexualidade, sozinhos, e poucos
alunos dizem ter aprendido sobre sexualidade com os professores; Nesse caso, apenas as
meninas (4,3%).
O papel dos professores no exercício de conversar com os alunos apresentaram-se
pequenos em ambas as escolas frente ao que é mostrado na literatura, que o professor e a
escola têm um papel fundamental na formação do conhecimento do adolescente (ALTMANN,
2002).
37

Percebe-se que no Colégio Estadual Armando Nogueira o índice de alunos que


aprenderam sobre sexualidade com os professores é inferior quando comparado ao do Colégio
de Aplicação. E o índice de alunos que aprenderam sobre sexualidade sozinhos é bem maior
para o CEAN. Esses dados revelam que no Colégio de Aplicação a preocupação dos
professores é maior para ensinar sobre sexualidade, diferente do Colégio Armando Nogueira.
A realidade dos alunos de ambos os colégios são distintas quando comparadas, pois o
público alvo desses colégios abrange alunos de diferentes classes sociais. Sendo assim, o que
se observa é que existem vários aspectos a serem avaliados, como a questão social dos alunos,
a formação dos professores e a visão dos mesmos com relação à educação sexual. Muitas
vezes a falta de interesse dos próprios alunos, a falta de investimentos para questões que
envolvem a educação sexual entre outros fatores.

Quando foi perguntado aos alunos quem deveria ensinar sobre sexualidade verificou-
se que 66,6% dos estudantes atribuíram essa responsabilidade aos pais 33,3% atribuíram a
responsabilidade aos professores. Isso evidencia a opinião dos estudantes referente ao ensino
de sexualidade, mas o que se observa na realidade é que isso não ocorre, e os adolescentes
acabam aprendendo sobre sexualidade e as questões relacionadas a esses temas sozinhos ou
com os amigos.

Ao analisar as respostas dos alunos de ambas as escolas, pode-se confrontar a teoria


com a realidade. Compreender com base em CANO que:

Apesar das dificuldades dos pais, entende-se que é no convívio familiar, entre
pessoas que se estimam e tentam superar as dificuldades do dia-a-dia, que as
questões de sexualidade devem ser debatidas, levando-se em conta os valores,
atitudes, crenças religiosas e culturais da família. (CANO, 2000).

A família exerce importante papel na construção do conhecimento em relação à


sexualidade – Educação Sexual. Porém, muitos pais não se dispõem ou encontram
dificuldades em assumir esse papel e acabam por responsabilizar a escola por esta função.
(JARDIM e BRÊTAS, 2006). Por isso, o trabalho que a escola desenvolve não deve ser
suprimido pelo ensino e pela educação oriunda da família e muito menos deve competir com
tal, deve ser um apoio, um complemento para a formação dos estudantes. Foi perguntado aos
alunos com quantos anos a orientação sexual deve começar, de acordo com o Gráfico 5.

Com quantos anos a orientação sexual deve começar?


38

Gráfico 5: Dados do Colégio de Aplicação.


Fonte: FERRAZ, U.M. (2010)

Conforme o gráfico 5, ao perguntar com quantos anos a orientação sexual deve


começar 64,8% dos alunos responderam que esse tipo de orientação deveria começar entre 11
e 13, anos enquanto que 24,3% responderam que deve começar entre 13 e 15 anos e 10,8%
acham que deve começar entre 15 e 17 anos.

O mesmo se mostra nos dados referentes aos adolescentes do sexo masculino do


Colégio Armando Nogueira, onde os alunos ressaltam que a orientação sexual deve começar
entre 11 a 13 anos de idade, conforme o Gráfico 6. Mas o resultado fica equilibrado com
17,3% em relação ao sexo feminino que diz que a educação sexual deve ser ensinada durante
as fases de 13/15 e 15/17 anos de idade.

Nesse caso, os próprios alunos confirmam, de acordo com os resultados obtidos


através dos questionários, que a orientação sexual deve ser feita a partir das séries iniciais,
pois o processo de aprendizagem é demorado e precisa de tempo para que seja desenvolvido.

Com quantos anos a orientação sexual deveria começar?


39

Gráfico 6: Dados do Colégio Estadual Armando Nogueira.


Fonte: FERRAZ, U.M. (2010)

A escola atua de maneira significativa na formação das opiniões dos alunos. Sendo
assim, os estudantes indicaram que a educação sexual deve começar a partir dos 11 anos de
idade. Mas a abordagem do assunto deveria começar quando a criança entra na escola e se
desenvolve ao longo de toda a vida escolar.

Nas séries iniciais, esse trabalho pode ser transversalizado, com base na observação e
na demanda das crianças. A partir da 5ª série, ela deve ser sistematizada, pois nesta fase os
alunos já apresentam condições de canalizar suas dúvidas ou questões sobre sexualidade para
um momento e local especialmente reservado para esta discussão e com um professor
disponível. (EGYPTO, 1991).

Antes da aula teórica foram feitas perguntas aos alunos referentes aos processos de
fabricação das camisinhas e em relação ao uso e prevenção, 30% dos alunos respondeu que
sim, sabem como são fabricados e 70% responderam que não sabem como são fabricados.
Assim foi perguntado sobre o processo de fabricação das camisinhas e a partir de que matéria
prima o preservativo masculino é fabricado, os quais os alunos 85% responderam que é feito
de borracha sintética e 13,3% respondeu que é feito de látex, conforme a Tabela 3.

Os adolescentes foram questionados sobre o método que previne gravidez e DST ao


mesmo tempo. Alguns alunos ainda responderam que ao invés da camisinha o DIU ou o
anticoncepcional protegem o que torna esse assunto sério e incansavelmente longe de ser
estagnado e principalmente esquecido, e essas informações solidificam mais uma vez a
40

necessidade da continuidade da orientação sexual para que os adolescentes saibam se


prevenir. Cabe lembrar ainda a grande importância da atuação de um professor capacitado ou
profissional de saúde, que possa ser levado à escola para responder as duvidas com relação
aos métodos contraceptivos e as doenças transmissíveis, explicando corretamente o uso, a
segurança e o grau de eficácia.

Tabela 3. Freqüência Relativa dos conhecimentos sobre o uso e a fabricação dos preservativos masculinos,
dos adolescentes do CAP e CEAN. Antes da aula expositiva.

PERGUNTAS ALTERNATIVAS FREQÜÊNCIA


RELATIVA
7.Você sabe como o Preservativo  Sim 30%
masculino é Fabricado?  Não 70%
8.Você sabe a partir de que matéria prima o  Suspensão Leitosa 13,3%
preservativo masculino é fabricado? Coloidal (látex)
 Borracha Sintética 85%
 Emborrachamento 1,6%
9.A produção dos preservativos é feita pelo  Sulfonação 6,6%
processo de?  Vulcanização 13,3%
 Emborrachamento 80%
10.Você sabe que método previne gravidez e  Camisinha 95%
DST´s ao mesmo tempo?  DIU 3,3%
 Anticoncepcional 1,6%
11.Que procedimento é utilizado no laboratório  Insuflar ar 46,6%
para testar a capacidade volumétrica do  Passar corrente 5%
preservativo? elétrica 48,3%
 Testar em um molde
12.Polímeros são macro-moléculas formadas  Policarbonetos 73,3%
por pequenas partes denominadas?  Monômeros 23,3%
 Etileno 3,3%
13.Que produto químico é utilizado como  Enxofre 30%
reticulante no processo de vulcanização?  Cloreto se Sódio 46,6%
 Hidróxido de 23,3%
Magnésio
14.Para que a camisinha seja comercializada, é  Sim 85%
necessário que seja aprovada pelo INMETRO?  Não 15%

Após a aula ministrada sobre polímeros e a fabricação dos preservativos masculinos


pôde-se observar que o conhecimento adquirido pelos alunos foi bom e os mesmos puderam
aprender mais sobre a fabricação e os processos feitos em laboratório a partir de testes de
qualidades, conforme a Tabela 4.
41

Tabela 4. Freqüência Relativa dos conhecimentos sobre o uso e a fabricação dos preservativos masculinos,
dos adolescentes do CAP e CEAN. Após a aula expositiva.

PERGUNTAS ALTERNATIVAS FREQUÊNCIA


RELATIVA
7.Você sabe como o Preservativo  Sim 88,3%
masculino é fabricado?  Não 11,6%
8.Você sabe a partir de que matéria  Suspensão Leitosa 55%
prima o preservativo masculino é Coloidal (látex)
fabricado?  Borracha Sintética 43,3%
 Tecido emborrachado 1,6%
9.A produção dos preservativos é feita  Sulfonação 1,6%
pelo processo de?  Vulcanização 76,6%
 Emborrachamento 21,6%
10.Você sabe que método previne  Camisinha 100%
gravidez e DST´s ao mesmo tempo?  DIU 0%
 Anticoncepcional 0%
11.Que procedimento é utilizado no  Insuflar ar 65%
laboratório para testar a capacidade  Passar corrente elétrica 23,3%
volumétrica do preservativo?  Testar em um molde 11,6%
12.Polímeros são macro-moléculas  Policarbonetos 11,6%
formadas por pequenas partes  Monômeros 66,6%
denominadas?  Etileno 10%
13.Que produto químico é utilizado  Enxofre 83,3%
como reticulante no processo de  Cloreto se Sódio 6,6%
vulcanização?  Hidróxido de Magnésio 10%

14.Para que a camisinha seja  Sim 91,6%


comercializada, é necessário que seja  Não 8,3%
aprovada pelo INMETRO?

100% dos alunos após a palestra e oficina realizada responderam estar ciente que um
dos métodos que previne gravidez e DST ao mesmo tempo é o preservativo. Isso mostra que
os adolescentes aprenderam melhor com auxilio da palestra, sabem como se prevenir e que a
camisinha é um dos métodos contraceptivos mais eficientes que impede a contaminação ou
uma gravidez indesejada.
Mas alguns ainda se contradizem quando afirmam saber como o preservativo é
fabricado, e na verdade quando foi questionada a matéria prima das quais os preservativos são
fabricados 44,9% dos alunos respondeu que é a borracha sintética ou tecido emborrachado,
mesmo após as aulas. Isso revela que alguns alunos não conseguiram assimilar o que
realmente foi passado durante a execução do trabalho, algumas vezes devido à falta de
atenção na sala de aula, e outros fatores que podem ter interferir no aprendizado.
42

No entanto, os resultados ainda assim foram bons, pois apesar de alguns alunos não ter
respondido corretamente, os 55% restante respondeu de forma correta, o que indica que
grande parte desses alunos conseguiu assimilar o que foi ensinado.
Observa-se que de acordo com o Gráfico 7 a porcentagem de erros apresentados pelos
alunos após as aulas foi menor comparado aos erros anterior às aulas, as perguntas referentes
ao gráfico encontram-se no Apêndice 1 a partir da questão 7.
Isso mostra que esses assuntos nunca devem ser deixados de lado, devem sempre estar
presentes no processo de ensino e precisam constantemente ser discutidos para que os alunos
não esqueçam e venham a utilizar os conhecimentos adquiridos na sua vida.

Dados Gerais sobre os resultados do questionário antes e após as aulas.

Gráfico 7: Resultados gerais sobre o questionário aplicado no CAP e CEAN


Fonte: FERRAZ, U. M. (2010)
43

4.1 TESTES DE QUALIDADE REALIZADOS COM OS PRESERVATIVOS.

Os testes experimentais foram realizados com os alunos, que se dividiram em grupos


de 4 pessoas e cada grupo pôde manipular preservativos de várias marcas, observando a
marca de cada preservativo, a sua composição, a data de fabricação e de validade.
Os resultados que os estudantes obtiveram com o experimento foram anotados em uma
tabela para método de comparação entre os grupos e as várias marcas de preservativos
avaliadas.
Os alunos de ambas as escolas puderam analisar o comprimento do preservativo, o
diâmetro, e realizar o teste de tração-elasticidade, na intenção de avaliar até que ponto seria
necessário esticar o preservativo para que ele pudesse romper e com isso verificando a
elasticidade que o preservativo possui. Outros experimentos com preservativos foram
basicamente os testes de furos ou teste de poros, onde uma corrente elétrica é aplicada sobre a
camisinha e se a energia não correr através da sua superfície é sinal de que não existem furos.
O dispositivo utilizado para este experimento foi confeccionado com materiais simples. O
modelo segue anexo.
O teste líquido (um jato de água enche a camisinha até seu limite) e o teste de
vazamento, onde foi colocado um pouco de água no preservativo e em baixo foi colocado um
papel toalha para verificar se havia vazamento. Os procedimentos para os testes experimentais
realizados no laboratório estão no apêndice. As marcas de preservativos utilizadas pelos
alunos para os testes foram: OLLA®, PRESERVATIVOS GÓZZI®, LOVETEX®,
PRESERVATIVOS NATEX®, PRESERVATIVOS BLOWTEX® E CANNON® conforme a
tabela 5.
Pôde-se observar que todos os preservativos apresentaram um bom resultado, e as
diferenças foram poucas em relação à comparação das marcas. Todos os preservativos
analisados são fabricados a partir do látex de borracha natural.
Após os testes de qualidade realizados pelos alunos de ambos os colégios. Pôde-se
perceber que os preservativos mais resistentes com relação á quantidade de água que foi
adicionada até que o preservativo se rompesse foram os preservativos NÁTEX ® , fabricados
pelo Governo do Estado do Acre e a marca menos resistente foi a CANNON ®, que suportou
apenas 4 litros e 800 ml de água.
44

Tabela 5. Resultados das marcas de preservativos analisados pelos alunos de ambas as escolas.

Marca do OLLA NATEX GÓZZI LOVETEX CANNON BLOWTEX


preservativo

Composição Látex de Látex de Látex de Látex de Látex de Látex de


borracha borracha borracha borracha borracha borracha
natural natural natural natural natural natural

Data de 25.2009 01.2008 12.2008 26.2009 25.2010 28.2010


fabricação

Comprimento 21 21 20 21 19 20

Diâmetro 8 10 10 10 8 10

Massa do 1.8 2.0 1.4 2.0 2.6 2.0


preservativo

Aumento 8.0 8.0 7.6 7.6 9.0 9.0


máximo do
anel

Quantidade 6L 6L 5L 6L 4.8 L 6L
máxima de
água

Houve Não Não Não Não Não Não


vazamento?

Houve Não Não Não Não Não Não


condução de
corrente?

Informações adicionais: Houve passagem de corrente após furar o preservativo.

O trabalho desenvolvido pôde contribuir para o conhecimento dos alunos quanto à


fabricação dos preservativos masculinos e os testes de qualidade que foram realizados, para
que a qualidade do método contraceptivo que os adolescentes usam ou irão usar seja eficiente,
e que através disso possam identificar qual a melhor marca. Também na a diversidade do que
puderam aprender com a teoria, através das práticas realizadas.
45

Pôde-se perceber o entusiasmo dos alunos ao participarem da prática experimental,


além da participação de todos no desenvolvimento do trabalho. Os alunos responderam o
questionário na sala de aula e durante o momento surgiram algumas dúvidas, mas as dúvidas
foram respondidas após o termino da aula teórica. Durante a aula expositiva os alunos
interagiram e ficaram bastante curiosos com relação à história da camisinha. Também foi
passado um vídeo para que pudessem ver os processos de fabricação dos preservativos
masculinos a partir do látex (Figura 11).
Devido ao tempo disponibilizado para a aplicação do projeto ser muito curto e a
ausência da professora por motivo de doença, não foi possível que os alunos assistissem à
palestra de Sexualidade e Prevenção, realizada pelo grupo de apoio da Secretaria de Saúde e
Ministério da Educação através do projeto “Saúde e Prevenção nas Escolas”, com a
participação das Palestrantes: Rute Mendes Galvão e Cecília Martins Ribeiro.
No decorrer da realização das oficinas os alunos escreveram suas dúvidas em um
papel (Figura 21) e a maioria das dúvidas eram em relação à sexualidade, o que ela
representava, e sobre doenças sexualmente transmissíveis. Acredita-se que as principais
dúvidas foram esclarecidas e o trabalho teve êxito nessa parte, assim como nas demais.
A oficina foi realizada com a participação dos alunos que foram divididos em grupos,
e puderam trabalhar vários temas. Em seguida as palestrantes puderam responder as questões
apresentadas pelos alunos.
O trabalho foi realizado com êxito, as questões sobre sexualidade, doenças
sexualmente transmissíveis foram abordadas com clareza e os adolescentes puderam aprender
melhor como são fabricados os preservativos. O tema sexualidade foi trabalhado de maneira
que não viesse trazer nenhum conflito para os alunos e todos compartilharam os
conhecimentos adquiridos.
Por isso é importante que assuntos sobre sexualidade sejam trabalhados e incorporados
em diversas disciplinas, contribuindo para a discussão desse tema a inclusão de abordagens
químicas, físicas e biológicas. A participação da escola nesse processo pode ser muito
construtiva para auxiliar na formação social dos educandos, associando o desenvolvimento de
conceitos com os saberes escolares e populares, proporcionado assim uma aprendizagem
significativa.
46

5. CONSIDERAÇOES FINAIS

Entende-se que a melhor maneira de proteger os estudantes contra a AIDS e os vários


tipos de doenças é através da educação e da informação. Isso deve ser feito desde a infância e
adolescência, para que esses alunos possam adquirir o conhecimento e construir uma
consciência reflexiva e crítica dos perigos em relação às doenças pelo não uso da camisinha e
também de outros fatores. O intuito de despertar o interesse nos alunos das referidas escolas
de Ensino Médio sobre os assuntos de sexualidade e prevenção de doenças e ainda relacionar
esses conteúdos com a química foi de suma importância para o aprendizado dos alunos.
Revelando que os objetivos propostos foram alcançados com alento, e os alunos puderam
rever os conceitos sobre polímeros e aprender mais sobre o processo de fabricação das
camisinhas através da química, gerando um aprendizado significativo gerando uma educação
de qualidade.
Mas não se pode falar da educação apenas como uma forma de transmitir informações,
a educação aqui referida é aquela em que haja um sentido compreensivo e amplo através de
uma ação contínua, pois de acordo com SOUZA (1991) deve-se educar cedo, pois a educação
leva um longo tempo para amadurecer e se desenvolver. Educar cedo é uma forma de
amenizar a situação, porque para resolver esse problema é necessário mais que esforços. É
preciso voltar todas as atenções para os fatores sociais, políticos e econômicos, e dessa forma
realmente fazer valer a educação.
A ausência de informação dos educandos em relação à educação sexual faz com que se
criem conceitos e idéias preconceituosas sobre a sexualidade principalmente pelos
adolescentes, por isso as famílias em conjunto com a escola precisam cumprir seus deveres
enquanto formadores de opiniões.
Nesse caso, sabe-se que a responsabilidade inicial pela primeira orientação é a dos
pais, e não se pode deixar de ressaltar essa questão. A ajuda pode vir da instituição que é a
escola, mas que os profissionais escolhidos sejam aqueles capacitados e qualificados para
saber lidar com as diversas situações que possam surgir.
Percebe-se que a educação antes de tudo é um processo que deve ser iniciado em casa,
é dever da família. A escola, estando comprometida com a formação da cidadania do aluno,
deve ajudar com o exercício do desenvolvimento da sexualidade através da educação em
conjunto com a sociedade, garantindo os elementos fundamentais como os direitos básicos à
saúde, à informação e o bem-estar, para a formação de cidadãos responsáveis por suas
atitudes.
47

Sendo assim, devem ser inseridos novos cursos de capacitação para os professores,
para que possam ter subsídios para cumprir o seu papel, e também criar e incentivar
investimentos que ajudem em sua capacitação técnica e didática, para que possa atuar com
segurança e de forma consciente.
Portanto, a realização desse estudo foi constituída para reforçar as necessidades de esse
trabalho ser realizado nas escolas junto aos profissionais de saúde e de todo o apoio da
comunidade, na intenção de implementar ações de prevenção próximas às realidades
vivenciadas pelos adolescentes. Levando em consideração a amplitude dos diversos
problemas como as DST e a abordagem da sexualidade pela escola e pela família.
Deixando claro que a participação dos professores, da família e dos profissionais de
saúde é imprescindível na formação desses alunos enquanto aprendizes, mas deve ser
abordado e discutido dentro das diversas áreas. Nesse caso, utilizando a química para que o
aluno tenha uma formação completa e consciente e não apenas através da biologia como é
feito. A química nesse contexto foi de real importância, pois a partir da experimentação os
alunos puderam desmistificar que a química é um assunto abstrato e de difícil compreensão e
puderam observar a aplicabilidade da química nesses processos e que ela está presente na vida
cotidiana.
Mas existem dificuldades para implantar projetos que visem à educação sexual e uma
luta de reconhecer que realmente há uma necessidade de se implantar projetos e trabalhos
nessa área, e pior são os obstáculos postos à frente, quando se sugere um trabalho dessa
natureza.
Nesse âmbito é preciso trabalhar os assuntos relacionados à sexualidade com muita
cautela, pois o tema não deixa de ser polêmico e difícil de ser tratado. Por isso, todos,
incluindo a família, a escola e a sociedade, devem se comprometer em fazer parte desse
desafio e enfrentar os obstáculos para que as escolas e os adolescentes de hoje possam ter o
direito de se proteger, buscando a garantia de uma vida melhor.
SUPLICY (1995) diz que a Orientação Sexual na escola é um grande desafio, ou seja,
acontece por ser um processo altamente dinâmico e exige um investimento de tempo e
financeiro, cujo projeto deve atender pais, professores e alunos. Portanto é indispensável
integrar família e escola e é um grande desafio porque a escola deve fomentar no aluno a
capacidade de tornar-se dono de seu destino.
48

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Feministas, ano 9, 2002.

ATKINS, Peter William, Moléculas / P.W. Atkins – 1 ed. – Sao Paulo: Editora da
Universidade de Sao Paulo, 2002.

BALLONE, G. J.. Gravidez na adolescência: Adolescência e Parto. Paripiranga: Psiquiatria


geral. Disponível em: <http://sites.uol.com.br/gballone/infantil/adolesc3.html>. Acessado em
08 de abril de 2009.

BRASIL, Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da


educação nacional. Legislação Educacional Brasileira, Brasília n. 248, dez 1996.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Parâmetros curriculares nacionais: meio


ambiente, saúde . Brasília: Secretaria de Educação Fundamental, 1997.

BRASIL, Ministério da Educação, Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros


Curriculares Nacionais: pluralidade cultural/ orientação sexual. Rio de Janeiro:
Ministério da educação,2000.

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drogas: diretrizes para o trabalho com crianças e adolescentes. Brasília: Ministério da
Saúde; 1999.

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51

APÊNDICES

APÊNDICE 1

Universidade Federal do Acre - UFAC

Questionário para método de avaliação do Trabalho de conclusão de curso na área de Química.


Aplicado por : Uiara Mendes Ferraz

Sexo : ( ) Masculino ( ) Feminino Idade :

1.Você já assistiu alguma palestra sobre sexualidade, ou prevenção de doenças na sua escola?

( ) Sim ( ) Não ( ) Não acha importante, se não porque?

2.Você acha importante a orientação sexual nas escolas?

( ) Sim ( ) Não ( ) Não deve ser feito na escola, se não porque?

3. Seu conhecimento sobre Sexualidade é satisfatório?

( ) Sim ( ) Não ( ) Não me interesso pelo assunto, se não porque?

4. Onde ou com quem aprendeu sobre Sexualidade?

( ) Pais ( ) Amigos ( ) Professores ( ) Sozinho

5. Com quantos anos a orientação Sexual deve começar?

( ) 11 a 13 anos ( ) 13 a 15 anos ( ) 15 a 17 anos ( ) Acima de 17 anos

6. Quem deveria orientar sobre a sexualidade?

( ) Pais ( ) Amigos ( ) Professores ( ) Ninguém, a pessoa aprende sozinha

7. Você sabe como o preservativo masculino é fabricado?

( ) Sim ( ) Não ( ) Não me interesso pelo assunto, se não porque?

8. O preservativo masculino é fabricado a partir de que matéria – prima?

( ) Suspensão leitosa coloidal (látex) ( ) borracha sintética ( ) Tecido emborrachado

( ) Intestino de animais
52

9. A produção de preservativos é feito pelo processo de :

( ) Sulfonação ( ) Vulcanização ( ) Emborrachamento

10. Quais métodos previnem gravidez, e DST ao mesmo tempo?

( ) anticoncepcional ( ) DIU ( ) Camisinha ( ) Outros

11.Que procedimento é utilizado no laboratório para testar a capacidade volumétrica do preservativo?

( ) Furos ( ) Insuflar ar ( ) Passagem de corrente elétrica ( ) Testar em um molde

12. Polímeros são macro moléculas formadas de:

( ) Monômeros ( ) Policarbonatos ( )Etileno

13 . Que produto químico é utilizado como reticulante no processo de vulcanização?

( ) Enxofre ( ) Cloreto de Sódio ( ) Hidróxido de Magnésio

14. Para que a camisinha seja comercializada é necessário que seja aprovada pelo INMETRO?

( ) Sim ( ) Não ( ) Sim mas não é necessário que o selo do INMETRO esteja na embalagem

15. Que cuidados se devem tomar antes de adquirir uma camisinha?

( ) Observar se a embalagem está rasgada ( ) Observar a data de validade

( ) Observar a cor da camisinha ( ) Encher de água


53

APÊNDICE 2

Procedimentos para os testes dos preservativos

1. Informações na embalagem

Leia atentamente as informações na embalagem. Anote a composição, a data de fabricação, o prazo de


validade e outras informações contidas na mesma.

2. Medidas

Desenrole o preservativo inteiro. Usando uma régua, faça medidas de comprimento e diâmetro (cm).
Com o auxílio de uma balança determine a massa de cada preservativo (sem a embalagem).

3. Teste de tração-elasticidade

A 8 cm da bainha, corte transversalmente um anel de aproximadamente 2 cm de largura. Segure uma


das extremidades e solicite ao colega para puxar a outra o máximo possível.

O terceiro componente do grupo, utilizando uma régua poderá medir o aumento máximo do anel até
rompimento.

4. Teste de vazamento - porosidade

Encha o preservativo com água e deixe-o suspenso por um minuto sobre papel toalha. Anote se a
toalha ficou molhada ou continua seca.

5. Teste de capacidade volumétrica

Coloque água (medindo a quantidade através de uma proveta) dentro do preservativo até ele se
romper. Anote a quantidade de água necessária para chegar a este limite.

6. Teste de poros

Encha o preservativo com uma solução de água com sal (caso o preservativo seja do tipo lubrificado,
deve-se anteriormente lavá-lo cuidadosamente para retirar a camada de lubrificante). Em seguida,
mergulhe o preservativo em um béquer contendo, também, solução salina. Coloque um dos eletrodos
ligado ao amperímetro dentro do preservativo

e o outro na solução do béquer. Verifique se há passagem de corrente elétrica (ao invés de um


amperímetro pode-se utilizar um circuito elétrico com um soquete com lâmpada).
54

Utilizando uma agulha fure o preservativo testado anteriormente. Verifique novamente a condução de
corrente elétrica.

APÊNDICE 3

Tabela de testes de preservativos

Os testes a serem realizados são para análise de vários preservativos de diferentes fabricantes, para
se observar as diferenças entre as marcas, caso existam. Com os dados obtidos deve-se preencher a
Tabela.

Marca do
preservativo

Composição

Data de
fabricação

Comprimento

Diâmetro

Massa do
preservativo

Aumento máximo
do anel

Quantidade
máxima de água

Houve
Vazamento?

Houve Condução
de Corrente?

Informações Adicionais:
55

ANEXO

ANEXO 1

Quadro 1: Instruções para a construção de um dispositivo para detecção de


Condutividade
É possível fazer um dispositivo muito prático
para realizar o teste de poros.

Sugere-se a utilização de uma garrafa plástica


contendo água com sal. Prende-se ao gargalo da
garrafa um preservativo, também contendo água
com sal, e fecha-se a tampa. Feito isso basta
utilizar dois eletrodos; um deve perfurar a tampa
ficando em contado com a água com sal que está
dentro do preservativo e o outro deve perfurar
algum local da garrafa que lhe permita o contato
com a água salgada dentro da mesma. Tem-se,
deste modo, um dispositivo que permitirá avaliar
as possibilidades de condução de corrente
elétrica.

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