ORGANIZAÇÃO DO POSTO DE COMANDO DO GRUPO DE CARROS

DE COMBATE POR FUNÇÕES DE COMBATE1

João Filipe Bento Silva

Capitão de Cavalaria
Mestre em Ciências Militares pela Academia Militar

1. Introdução

Running a command post is extremely challenging. The necessities of developing

structure and delegating and codifying duties and responsibilities are
paramount to mission success. (Reeves, 2018)

Tendo em conta a atual organização do Posto de Comando Principal (PC Princ) da

Brigada Mecanizada (BrigMec), para operações, por funções de combate (FComb) e o PC Princ
do Grupo de Carros de Combate (GCC) por células de Estado-Maior (EM), será pertinente
refletir as vantagens deste último se manter organizado por células de EM ou se deverá efetuar
uma transição para uma organização por FComb, à semelhança do PC Princ da BrigMec.
Nesse sentido, este estudo pretende refletir sobre as vantagens da organização do PC Princ
do GCC por FComb no que concerne não só à vertente do pessoal, mas também do fluxo de
informação com o seu escalão superior.
Iniciaremos com a apresentação do PC Princ da BrigMec e seguiremos com a
apresentação do PC Princ do GCC organizado por células de EM e uma proposta de organização
por FComb elencando ao longo do texto as considerações face a essa alteração.

2. Organização do Posto de Comando Principal da Brigada Mecanizada

Para facilitar o exercício do comando de missão, o Comandante (Cmdt) organiza o seu
EM de acordo com as necessidades impostas pela operação em curso. Segundo o Field Manual
(FM) 6-0 Commander and Staff Organization and Operations (Department of Army, 2014, p.
1-5), dependendo do escalão, o PC Princ deve ser organizado não só em células funcionais
(Informações, Movimento e Manobra, Fogos, Proteção, Apoio de Serviços), mas também por
células integradoras (operações correntes, operações futuras e planos) (Figura 1). Esta

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Artigo desenvolvido no âmbito da Unidade Curricular de Tática de Pequenas Unidades – Cavalaria, do Curso de
Promoção a Oficial Superior – Exército 2019/2020, no Instituto Universitário Militar.

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organização do posto de comando (PC) admite que um elemento do EM contribua em diversas
células funcionais e integradoras de acordo com a necessidade.

Figura 1 – Organização do PC por Células Funcionais e Integradoras

Fonte: Department of Army (2014, p. 1-5).

De acordo com TACSOP I.00.01 HQ Organization and Responsabilities (MechBde

z,2017) o PC Princ da BrigMec, está organizando por células funcionais, e por células
integradoras (operações correntes e operações futuras, até 72h) podendo albergar até 98
militares.
O PC da BrigMec, organizado por FComb, pode ser resumido na Figura 2 que explana as
células funcionais e a forma como se ligam com as operações correntes e os planos:

2
 Figura 2 – PC da BrigMec organizado por FComb
Fonte: Adaptado a partir de MechBde (2017) e RRBde (2016).

3. Posto de Comando Principal de uma Unidade de Escalão Batalhão

De acordo com o Army Techniques Publication (ATP) 3-90.5 Combined Arms Battalion
(Department of the Army, 2016, pp. 1-19) o EM de uma UEB organiza-se em quatro células
funcionais: Operações2, Informações, Apoio de Serviços e Gestão de Redes3. A sua hierarquia
funcional é de acordo com o apresentado na Figura 3:

2
Embora a célula funcional seja denominada Movimento e Manobra, tal como descrito em Department of Army
(2014, p. 1-6), nesta referência indica como célula funcional operações (operations).
3
Tradução livre do autor de network operations.

3
 Figura 3 – Organização do Estado Maior de uma UEB
Fonte: Department of the Army (2016, p. 1-19).

Da análise da figura destaca-se o seguinte:

 Não estão explanadas células integradoras. O ATP 6-0.5 (Department of the army,
2017, pp. 2-6) refere que as UEB combinam o planeamento de operações futuras e
as operações correntes na mesma célula integradora no PC Princ e não dispõem da
célula integradora planos;
 Embora haja uma organização da célula funcional Apoio de Serviços, o Oficial de
Pessoal (S1) e o Oficial de Logística (S4) estão em linhas hierárquicas independentes
com o Chefe de Estado-Maior (CEM)4;
 Não faz referência à célula funcional Proteção, apenas refere a existência de um
oficial de engenharia e de NBQ na dependência do Oficial de Operações (S3);
 A célula funcional Fogos está na dependência do S3. O ATP 3-90.5 Combined Arms
Battalion (Department of the Army, 2016, pp. 1-24) justifica esta dependência ao
referir que o oficial de apoio de fogos (OAF) auxilia o S3 na integração dos fogos
com a manobra;
 A “gestão de redes” referida como sendo uma das células funcionais das UEB, na
prática apenas é apresentada pelo Oficial de Transmissões (S6) na dependência do

4
XO representa o Executive Office, que em paralelismo com o GCC representa o 2ºCmdt e CEM;

4
 CEM. Segundo o ATP 3-90.5 Combined Arms Battalion (Department of the Army,
2016, p. 1-24) as responsabilidades do S6 vão além da gestão de redes,
nomeadamente com a gestão da operacionalização de todas as comunicações e pela
gestão da informação que entra e sai do PC Princ da UEB.

4. Organização do Posto de Comando Principal do Grupo de Carros de Combate

4.1 Organização Atual
A Norma de Execução Permanente (NEP) I.03.03 do GCC (GCC, 2011, p. 11) define a
organização do PC Princ por células de EM, fisicamente com base em três viaturas M577,
pertencentes ao S1/S4, Oficial de Informações (S2) e S3, ligadas entre elas. Esta organização
poderá contemplar mais uma viatura M577 para a Equipa de Apoio de Fogos (Figura 4).

Figura 4 – PC Princ do GCC por células de EM

Fonte: GCC (2011).

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 4.2 Organização dos efetivos por Funções de Combate
O PC Princ do GCC recebe, analisa e distribui informação, planeia e controla operações
e efetua estudos de situação com o objetivo de facilitar a tomada de decisão do Cmdt tendo para
o efeito um EM com um efetivo que pode ser superior a 22 militares (GCC, 2011, p. 1).
Tendo em conta os efetivos apresentados por GCC (2011), poderemos distribuir os
militares, de acordo com a afinidade, pelas seguintes células funcionais:
(1) Movimento e Manobra:
 Oficial de Operações;
 Adjunto Apoio Aéreo;
 Sargento de Operações:
 Sargento Adjunto de Operações;
 Oficial de Engenharia (eventual).
(2) Informações:
 Oficial de Informações;
 Sargento de Informações.
(3) Fogos:
 Oficial de Apoio de Fogos e Equipa de Apoio de Fogos (eventual);
 Comandante Pelotão Morteiros Pesados;
 Oficiais de Artilharia Antiaérea (eventual);
 Oficial de Ligação à Força Aérea (eventual).
(4) Proteção:
 Oficial NBQ (2ºCmdt do EAC);
 Oficial de Engenharia (eventual).
(5) Apoio de Serviços:
 Oficial de Pessoal;
 Sargento de Pessoal;
 Oficial de Logística;
 Oficial de Manutenção;
 Sargento de Logística.

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 (6) Gestão de Redes5:
 Oficial de Transmissões.
(7) Não incorporados em nenhuma célula funcional:
 Oficiais de Ligação (eventuais).
Analisando a distribuição anteriormente apresentada podemos referir o seguinte:
 Movimento e Manobra: esta célula pode ser reforçada por um Oficial de Engenharia
se a missão o justificar. Caso a missão não o justifique, os seus elementos
constituintes são os mesmos que contempla a célula de EM operações;
 Informações: contempla a mesma organização que a célula de EM informações;
 Fogos: contempla os elementos coordenadores de fogos que devem estar na
dependência hierárquica do S3 (Department of the Army, 2016, pp. 1-19);
 Proteção: contempla elementos que poderão ser chamados a reforçar o EM caso a
missão o justifique, ou seja, a existência da célula de proteção dependerá da missão.
Sempre que a mesma seja levantada deve ficar na dependência do S3 (Department of
the Army, 2016, pp. 1-19);
 Apoio de Serviços: contempla o S1 e S4 que, na organização atual do PC Princ do
GCC, já se encontram fisicamente juntos;
 Gestão de Redes: na atual estrutura do PC do GCC esta célula funcional seria
guarnecida pelo Oficial de Transmissões que apenas exerce tarefas no PC do GCC
quando solicitado.
Assim, infere-se que é possível organizar o PC do GCC por FComb com quatro células
funcionais, sendo elas o Movimento e Manobra, Informações, Fogos e Apoio de Serviços. A
célula de Proteção não é contemplada porque apenas é levantada caso a missão o justifique e
tem elevada dependência do S3. Embora esta organização seja possível, se analisarmos com
detalhe os elementos que guarnecem cada uma das células, percebemos que são os mesmos
elementos que guarneciam cada uma das células de EM, diferindo apenas na designação da
célula por FComb.
Assim, adaptando a Figura 3 para a análise efetuada anteriormente, considera-se
adequada a seguinte organização do PC Princ do GCC por FComb (Figura 5):

5
Refere-se esta célula porque é referido pelo Department of the Army (2016, pp. 1-19) como uma célula funcional
a constar no PC de uma UEB.

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 Cmdt

2ºCmdt

Apoio de Movimento e
Informações
Serviços Manobra

S1 S4 Fogos Proteção

Figura 5 – PC Princ do GCC organizado por Células Funcionais

4.3 Fluxo de informação entre o Posto de Comando do Grupo de Carros de

Combate e da Brigada Mecanizada
O facto do PC Princ da BrigMec estar articulado por células funcionais e o do GCC estar
organizado por células de EM poderá constituir um obstáculo ao fluxo de informação entre as
respetivas células.
Para se efetuar essa análise comparou-se o fluxo de informação do PC Princ do GCC
organizado por células de EM e por células funcionais com o PC Princ da BrigMec, espelhado
na Figura 6:

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 Figura 6 – Fluxo de Informação entre o PC Princ do GCC e da BrigMec

A figura explicita que a organização do PC Princ do GCC não altera a forma como se
relaciona com o escalão superior, uma vez que os chefes das células funcionais são coincidentes
com os chefes das células de EM, à exceção do Apoio de Serviços em que, dada a sua
especificidade, ambos se ligam com as contrapartes do PC Princ da BrigMec.

5. Conclusões
O atual trabalho pretendeu analisar a pertinência da organização do PC Princ do GCC,
em operações, por FComb. Para o efeito efetuou-se uma apresentação do PC Princ da BrigMec
e do PC Princ do GCC, nas suas atuais organizações e efetuou-se uma análise a uma possível
organização do PC Princ do GCC por funções de combate, tendo em conta a doutrina de
referência e as especificidades da unidade.
Da análise efetuada concluiu-se que é possível organizar o EM do GCC por FComb,
ficando este com quatro células funcionais: Movimento e Manobra, Informações, Fogos e
Apoio de Serviços. Que tanto a célula de Fogos, como a célula de Proteção, caso seja ativada
fruto da especificidade da missão, têm dependência da célula Movimento e Manobra.
Da distribuição dos efetivos do EM pelas células funcionais verificou-se que os elementos
afetos a estas células são os mesmos que, na organização atual, pertencem às atuais células de
EM, nomeadamente às Operações, Informações, Equipa de Apoio de Fogos e Pessoal e

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Logística, inclusivamente os chefes permanecem os mesmos: S3, S2, OAF e S1 e S4. Também
o fluxo de informação entre o PC Princ do GCC organizado por células funcionais e por células
de EM para com o PC Princ da BrigMec não tem alterações significativas na organização.
Assim, conclui-se que a organização do PC Princ do GCC por FComb é algo passível de
ser implementado e que o fluxo de informação entre ambos não sofrerá alteração ao que está
em vigor neste momento.

Referências Bibliográficas
Department of Army. (2014). FM 6-0 Commander and Staff Organization and Operations.
Washington, DC.
Department of the Army. (2016). ATP 3-90.5 - Combined Arms Battalion. Washington, DC.
Department of the Army. (2017). ATP 6-0.5 - Command post organization and operations.
Washington, DC.
Grupo de Carros de Combate. (2011). NEP I.03.03 - Deslocamento, instalação, segurança e
funcionamento dos órgãos de comando. Santa Margarida: Brigada Mecanizada
MechBde. (2017). TACSOP I.00.01 HQ Organization and Responsabilities. Santa Margarida:
Brigada Mecanizada
Reeves, R. (2018). Functional and integrating cells within sustainment brigade staffs.
RRBde. (2016). SOP 102 - Headquarters Organization and Responsibilities. Tancos: Brigada
de Reação Rápida

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