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RESUMO
O presente artigo faz parte de uma etapa da pesquisa do PIVIC, orientado pela profª Layanna Giordana
B. Lima, que tem como objetivo principal analisar as relações sociais e econômicas dos Akwẽ -
Xerente do estado do Tocantins. Para este estudo fez se necessário iniciarmos uma pesquisa
bibliográfica a respeito da Política Nacional Indigenista no território dos Akwẽ -Xerente. Das leituras
já realizadas para a compreensão da realidade vivida no passado e atualmente por essa etnia, podemos
visualizar o panorama das contradições das relações sociais, econômicas, ambientais e culturais em
que envolvem os Akwẽ -Xerente.
Palavras – Chave: Política Indigenista; Relações sociais; Território Relações Econômicas; Akwẽ -
Xerente .
INTRODUÇÃO
Este estudo é uma etapa de revisão bibliográfica a respeito da Política
Indigenista no Brasil e no território dos Akwẽ -Xerente. As fontes pesquisadas foram
livros, artigos, dissertações dentre outros. Desde o início das leituras começamos a
compreender que a realidade vivida no passado e atualmente por essa etnia, traz um
panorama de contradições das relações sociais, econômicas, ambientais e culturais
vivido por eles mediado pela interação nem sempre pacifica, e não tão pouco honesta
com os não - índios.
MATERIAL E MÉTODOS
A revisão bibliográfica a respeito da Política Indigenista no Brasil e no
território dos Akwẽ -Xerente foi construída a partir das fontes: livros, artigos, dissertações
dentre outros. Desde o início das leituras começamos a compreender que a realidade
vivida no passado e atualmente por essa etnia, traz um panorama de contradições das
relações sociais, econômicas, ambientais e culturais vivido por eles mediado pela
interação nem sempre pacifica, e não tão pouco honesta com os não - índios.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
O contato com o não – índio desde descobrimento nunca foi fácil, sempre os
registros históricos marcam conflitos e desrespeitos aos povos indígenas. De acordo
com Ribeiro (2006, p.38), os índios interpretaram a chegada dos europeus com uma
visão mítica de que eram pessoas enviadas pelo deus sol – criador - Maíra – que vinham
milagrosamente sobre as ondas do mar. Dessa forma ficaram pensando no mistério da
chegada dessas pessoas diferentes, que poderiam ser ferozes ou pacíficos, espoliadores
ou doadores. Ingenuamente deduziram que fossem pessoas generosas, tendo como base
a sua realidade social, onde em seu mundo o mais belo era dar do que receber.
A política de aldeamentos teve início na região Centro Oeste do Brasil
durante o século XVIII e surgiu em decorrência do fato de que a guerra ofensiva contra
os índios não estava produzindo os efeitos desejados. A coroa portuguesa regulamentou
esses aldeamentos, determinando que estes fossem incialmente sustentados com
recursos reais e, posteriormente, se tornariam autossuficientes (Chaim 1983, p.102).
Essa política permaneceu no século XIX com a construção dos Presídios Militares, com
o intuito de garantir a navegação no rio Araguaia.
A resistência indígena persistia, com ataques aos presídios militares e às
vilas de não-índios. Por isso, novas tentativas de aldeamentos dos Akwẽ -Xerente foram
levados a cabo por padres capuchinhos, contando com o apoio de intervenções punitivas
das forças militares do Governo. O século XX foi marcado pela difícil sobrevivência
dos Akwẽ -Xerente, devido os conflitos existentes entre os indígenas e os fazendeiros
que foram invadindo o pouco que restava de seu vasto território de ocupação
tradicional. O SPI só instalou dois postos de assistência durante a década de 1940,
principalmente após relatórios do etnólogo Curt Nimuendajú, que denunciavam as
péssimas condições de vida dos Akwẽ -Xerente.
A partir de 1980, o processo decisório de delimitação das terras indígenas
começou a extrapolar a FUNAI, julgada por vulnerável às pressões políticas dos índios
e indigenistas (Oliveira Filho & Almeida 1989: 49-50), e passou, em 1983, para um
grupo de trabalho interministerial (GTI) dominado pelos Ministérios do Interior
(MINTER) e de Assuntos Fundiários (MEAF) - este último dirigido pelo Secretário-
Geral do Conselho de Segurança Nacional (CSN). Este GTI foi instituído com a
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recomendação explícita de levar em conta os empreendimentos econômicos de terceiros
já existentes nas terras indígenas no processo de sua delimitação (Carneiro da Cunha
1984). Abriu-se, também a autorização para mineração em terra indígena (CPI/SP
1985).
Todavia, a mobilização popular, que viabilizou o fim dos governos militares
em 1984, neutralizou o impacto imediato destas medidas e o MEAF foi substituído, no
governo da “Nova República”, pelo Ministério da Reforma e Desenvolvimento Agrário
(MIRAD), ocupado por civis. Nesse período, deu-se um breve refluxo da intervenção
pública dos militares na questão indígena. No entanto, a tutela militar sobre esta questão
continuou a manifestar-se, ainda que discretamente, num processo de quase paralisação
dos trabalhos do GTI encarregado de definir as delimitações de terras indígenas. Assim,
entre março de 1983 e março de 1985, o GTI só havia aprovado 14 das 50 propostas de
delimitação recebidas da FUNAI (Oliveira Filho & Almeida 1985).
A partir de 1988, com a publicação da nova Constituição Federal inicia – se
uma nova concepção de Política indigenista que tem como intuito superar a ideologia
preconceituosa da incapacidade dos indígenas. Aos povos indígenas foi reconhecido o
protagonismo político na garantia e na efetivação dos seus direitos e a participação no
desenvolvimento de políticas públicas de seu interesse. Com isso, numerosos órgãos
governamentais e não-governamentais passaram a atuar nos diversos campos da ação
indigenista, o que permitiu o surgimento de programas específicos gerenciados por
diferentes instituições.
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A proximidade da reunião internacional sobre meio ambiente, a ECO-92,
que foi realizada no Rio de Janeiro, estimulou a política de identificação e demarcação
de terras no início dos anos 90. Como consequência da reunião, iniciou-se o
financiamento internacional de programas para a proteção da floresta tropical. O
“Programa piloto para a proteção das florestas tropicais do Brasil” (PPG-7) possibilitou
a criação do Projeto Integrado de Proteção às Populações e Terras Indígenas da
Amazônia Legal (PPTAL), responsável pela demarcação das terras indígenas dessa
região nos anos 90.
Na metade dos anos 90, o procedimento de identificação e demarcação de
terras indígenas passaria por uma nova interferência, com a edição do Decreto nº 1.775
(8/1/1996) regulamentando novamente o procedimento administrativo de demarcação
de terras indígenas, instituindo a introdução do “contraditório” ainda no percorrer do
processo administrativo. Por esse princípio, os procedimentos de demarcação de terras
devem ser transparentes e levar em consideração os argumentos e a documentação
reunida e apresentada à FUNAI pelas partes que se sentem prejudicadas em seus
direitos.
É importante destacar que, ainda hoje, os Akwẽ -Xerente encontram-se
lutando para a manutenção de seu território, já que continua a pressão colonizadora
sobre seu território. A diferença é que, nos dias atuais, dominam ainda mais as nuanças
que determinam o avanço colonizador. Do mesmo modo, fruto de sua própria
persistência e resistência, vêm explicitando uma identidade própria, o que confere a eles
maior força para serem reconhecidos em seus direitos.É necessário que se reafirme, a
cada oportunidade, os direitos históricos que os povos indígenas das terras americanas
possuem sobre os territórios que ocupam desde tempos imemoriais. As permanentes
invasões sobre as terras indígenas também têm se dado nos campos jurídico e
ideológico.
A criação do Estado de Tocantins foi conquistada principalmente a partir de
uma grande pressão de grupos de poder com base de formação na propriedade da terra.
Determinou-se inicialmente para sua capital provisória o Município de Miracema do
Tocantins.
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Os Akwẽ -Xerente conquistaram a sua primeira área demarcada,
denominada nos documentos pela FUNAI como “Área Grande”. Entretanto, a área que
compreendia a aldeia Funil ficou de fora, o que fomentou a continuidade dos conflitos.
Somente em 1976, quando ocorre um desentendimento entre os Akwẽ -Xerente e os
posseiros que resultou em cinco mortes, acontece a demarcação e homologação da área
Funil. O território dos Akwẽ -Xerente localiza-se atualmente no cerrado do Estado do
Tocantins, na banda leste do rio Tocantins a uma distância de 70 km da capital de
Palmas e possui uma população aproximadamente de 3.000 índios de acordo com censo
de 2010 do IBGE.
A cidade de Tocantínia, localizada entre as duas terras indígenas, foi ao
longo do século XX, palco de tensões entre a população local não-indígena e os Akwẽ -
Xerente. Os problemas que podemos elencar nas observações e na falas de alguns
indígenas estão relacionados com a problemática relacionada a precariedade da política
de saúde pública; ausência de saneamento básico dentro das aldeias. Os outras
preocupações dos indígenas é a permanecia e valorização da cultura pelos jovens, que
tem apresentados mais interesse na cultura não- indígena, e deixando de dar atenção aos
cânticos, mitos e relatos dos mais velhos. Foram relato também que o índice do
alcoolismo e de drogas ilícitas crescem drasticamente dentro das aldeias.
BIBLIOGRAFIA
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a população indígena pela contribuição no desenvolvimento da
pesquisa. À minha professora orientadora Msc. Layanna Giordana Bernardo Lima, pela
atenção, dedicação na elaboração desse trabalho.
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