Monografia de Licenciatura. UAN-Angola-Stani& Fénica

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UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO

FACULDADE DE CIÊNCIAS NATURAIS

Departamento de Ensino e Investigação de Física

Trabalho de fim de curso em Física na Especialidade de Electrónica e


Telecomunicações

IMPLEMENTAÇÃO DE LINK PONTO-A-PONTO NA BANDA-C PARA SERVIÇOS DE


DADOS, VOZ E INTERNET

Autores: Stani Lunsadisa Eduardo, N˚: 117303

Fénica Mamboti Lopes Mazita, N˚: 117268

Orientador: Professor Catedrático Doutor Ivan Kolbin

Coorientadores: Eng.º José Pedro Mambo

Lic. Jorge Biangue Vidal

Luanda, 2023
UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO

FACULDADE DE CIÊNCIAS NATURAIS

Departamento de Ensino e Investigação de Física

Trabalho de fim de curso em Física na Especialidade de Electrónica e


Telecomunicações

IMPLEMENTAÇÃO DE LINK PONTO-A-PONTO NA BANDA-C PARA SERVIÇOS DE


DADOS, VOZ E INTERNET

Autores: Stani Lunsadisa Eduardo, N˚: 117303

Fénica Mamboti Lopes Mazita, N˚: 117268

Orientador: Professor Catedrático Doutor Ivan Kolbin

Coorientador: Eng.º José Pedro Mambo

Lic. Jorge Biangue Vidal

Trabalho de fim de Curso de Física submetido ao


Departamento de Ensino e Investigação de Física
da Faculdade de Ciências Naturais da Universidade
Agostinho Neto, como parte dos requisitos para
obtenção do grau de licenciado em Física,
Electrónica e Telecomunicações.

Área de concentração: Comunicação via Satélite.

Luanda, 2023
Autorizamos a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio
convencional ou electrónico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte durante a
sua elaboração.

Eduardo, Stani Lunsadisa


Mazita, Fénica Mamboti Lopes
Implementação de Link Ponto-a-Ponto na Banda-C Para Serviços de Dados, Voz e
Internet. Luanda, 2023.
Xp.: il.; 30 cm
Nº de cont. Reg.______
Trabalho de Fim de Curso submetido à Faculdade de Ciências Naturais da Universidade
Agostinho Neto. Área de concentração: Electrónica e Telecomunicações.
Orientador: Professor Catedrático Doutor Ivan Kolbin
1. Link 2. SCPC 3. Internet 4. Beam 5. Satélite
Dedicatória

Aos meus filhos,


Edvândio Moura Eduardo
Teresa Calongo Eduardo,
aos meus pais e irmãos.

Aos meus pais, João Mazita e


Rita Maria Lopes, irmãos,
aos meus amigos Graciano
Camilo e Ana D. Muhongo.

III
Agradecimentos

Os meus agradecimentos extensivos vão aquelas figuras que desde a minha terra-idade
têm proporcionado condições mínimas para que o desejo de atingir mais uma etapa de minha
formação académica se concretizasse. São eles: Lunsadisa Mayele e Ivone Nlandu Massala,
meus pais; Professor Catedrático Doutor Ivan Kolbin, meu orientador que mesmo trabalhando
remotamente conseguiu proporcionar as orientações precisas, rigorosas e sugestivas para que
se salvaguardasse a qualidade necessária exigida para o trabalho deste indona e toda comitiva
docente e não docente que compõe o departamento de Física; à Direcção da Multitel através do
seu CEO, Kussi Emanuel Bernardo pelo estágio profissional concedido, que por sua vez não
serviu apenas para colectar dados práticos que serviram de base de estudo deste trabalho, mas
também, por contribuir para meu crescimento profissional em Telecomunicação, de salientar
que a experiência passada por cada um dos seus colaboradores levarei para vida toda.

-Stani Lunsadisa Eduardo

Gratidão ao supremo DEUS e MESSIAS MEISHU-SAMA por conceder-me esta


grande realização; aos meus pais João Mazita e Rita Maria Lopes, pelo amor, incentivo e apoio
incondicional; agradeço ao Professor Catedrático Doutor Ivan Kolbin, meu orientador pela
dedicação em suas orientações na elaboração deste trabalho que conseguiu proporcionar as
orientações precisas, rigorosa e sugestivas para que se salvaguardasse a qualidade necessária
exigida para o trabalho deste indona e a todos docentes e não docente do departamento de
Física; à direcção do CFITEL através do seu CEO, Ladislau Teixeira José pelo estágio
formativo, não serviu apenas para colectar dados práticos que serviram de base de estudo deste
trabalho, mas também, por contribuir para meu crescimento profissional em Telecomunicação,
para finalizar os meus sinceros agradecimentos a todos os meus familiares, amigos e colegas
que contribuíram de forma directa e indirectamente para a realização da minha formação e deste
trabalho, o meu muito obrigado.

-Fénica Mamboti Lopes Mazita

IV
Epígrafo

“Acredito que continuaremos no comando da tecnologia


por um período razoável de tempo, e o potencial dela
de resolver muitos dos problemas globais
será concretizado”

Rollo Carpenter

V
Resumo

A tecnologia é um conjunto de conhecimentos, processos e técnicas que visam facilitar


tarefas e solucionar problemas cotidianos. Na sociedade moderna, as longas distâncias que
constituiam grandes obstáculos no que diz respeito interações interpessoais, foram reduzidas
graças a evolução tecnológica e a comunicação via Satélite desempenha um papel primordial
por ser a tecnologia com capacidade de chegar as locais geográficas remotas que outras
tecnologias não conseguem com facilidade, à custo baixo, segurança e confiabilidade. Se
falarmos em segurança, rapidez, comunicar-se a distância, a comunicação via Satélite oferece-
nos a tecnologia Ponto-a-Ponto por ser a melhor opção para redução da latência e perda de
pacotes de um certo link. Um Satélite que opera na banda-C é outra opção viavél quando se
pensa em maior cobertura do sinal. Este trabalho resulta de um estudo sistemático sobre a
tecnologia de comunicação via Satélite, com grande realce a topologia Ponto-a-Ponto de rede
VSAT e foi feita inicialmente uma busca profunda de contéudos teóricos em referências
bibliográficas mais actualizadas sobre o tema. Agrega conteúdos que ajudará os leitores
especialistas em Telecominacações ao enriquecimento dos conhecimentos por abordar sobre
características e fundamentos da topologia Ponto-a-Ponto, sobre os sistemas espacial e terrestre
de comunicação via Satélite, sobre serviço de Internet, tipos de bandas e faixas de frequências
de link via Satélite. O desafio de implementar um link Ponto-a-Ponto na banda-C motivou a
pesquisa ao tema e sobre tudo porque o provedor de serviço de Internet, a Multitel com aluguer
de transponder do Satélite na banda-Ku, via um dos seus acessos mais importante com linha de
negócio em finanças-banca nacional e internacional na eminência de rescisão do seu link,
pressionando assim a comitiva técnica a equacionar nova engenharia de modos a manter o link
operacional. Nesta sequência da pesquisa, fez-se uma análise do sinal no sentido ascendente
(uplink) e descendente (downlink) do lado de Angola, com recurso ao Medidor de campo e
Analizador de espectro, descrição dos procedimentos para alinhamento de antena ao Satélite,
dos equipamentos e acessórios usados e por fim análise comparativa teórica-prática dos
principais parâmetros do link a partir do Modem CDM-625 Comtech EF, software Satmaster
Pro e equações matemáticas, cujo resultados obtidos experimentalmente aproximam-se dos
resultados teóricos existentes em diferentes bibligrafias citados ao longo deste trabalho e
considerados aceitáveis.

Palavras-chaves: Link. SCPC. Internet. Beam. Satélite

VI
Abstract

Technology is a set of knowledge, processes and techniques that aim to facilitate tasks and solve
daily issues. In modern society, long distances that constitute major obstacles when it comes to
interpersonal interactions have been reduced due to developments of technology and Satellite
of communication plays a key role as it is the technology with ability to reach remote
geographic locations that other technologies cannot easily, at low cost, safety and reliability. If
we talk about security, speed, communicating at a distance, Satellite communication offers
Point-to-Point technology as it is the best option for reducing latency or delay and packet loss
on a certain link. A Satellite that operates in the C-band is another viable option when
considering greater signal coverage. This work results from a systematic study of Satellite
communication technology, with great emphasis on the Point-to-Point topology of the VSAT
network and an in-depth search for theoretical content in the most up-to-date bibliographic
references on the topic was initially carried out. It brings together content that will help readers
specializing in Telecommunications to enrich their knowledge by covering the characteristics
and fundamentals of Point-to-Point topology, space and terrestrial Satellite communication
systems, Internet service, types of bands and frequency ranges link via Satellite. The challenge
of implementing a Point-to-Point link in the C-band motivated research into the topic and above
all because the Internet service provider, Multitel, with Satellite transponder rental in the Ku-
band, via one of its most important line of business in national and international finance-
banking on the verge of termination of its link, thus putting pressure on the technical delegation
to consider new engineering in order to keep the link operational. In this sequence of research,
an analysis of the signal was carried out in the uplink and downlink direction on the Angolan
side, using the Field Meter and Spectrum Analyzer, description of the procedures for aligning
the antenna to the Satellite, of the equipment and accessories used and finally theoretical-
practical comparative analysis of the main parameters of link using the CDM-625 Comtech EF
Modem, Satmaster Pro software and mathematical equations, whose experimentally obtained
results are close to the theoretical results existing in different bibligraphies cited in the
throughout of this work and considered acceptable.

Keywords: Link. SCPC. Internet. Beam. Satellite.

VII
Listas de ilustrações

Figura 2.1. Forças que actuam num satélite em orbita...............................................................14


Figura 2.2. 1ª lei de Kepler…………………………………………………………………….15
Figura 2.3. 2ª lei de Kepler.........................................................................................................15
Figura 2.4. Órbitas mais usados em satélites de comunicação...................................................17
Figura 2.5. Órbita LEO..............................................................................................................18
Figura 2.6. Órbita MEO………………………………………….............................................18
Figura 2.7. Órbita HEO…………………………………………..............................................19
Figura 2.8. GEO ou GSD…………………………………………...........................................20
Figura 2.9. Esquema da órbita geoestacionária……………………………..............................21
Figura 2.10. Representação de altitudes das órbitas e dos cinturões de radiação de Van
Allen..........................................................................................................................................22
Figura 2.11. Posições orbitais de satélites GEO………………………..………………….......25
Figura 2.12. Satélites comerciais de comunicação na órbita GEO.............................................25
Figura 2.13. Regiões para alocação de frequências segundo ITU..............................................26
Figura 2.14. Zona de cobertura ou beam de um satélite…….……….........................................26
Figura 2.15. Topologia SCPC……………………………………………...………….………27
Figura 2.16. Topologia estrela...................................................................................................28
Figura 2.17. Topologia malha ou mesh ………………………….............................................29
Figura 2.18. Topologia hibrida……………..............................................................................29
Figura 2.19. Topologia TDMA……...……….......................................................................... 31
Figura 2.20. Técnica de acesso FDMA......................................................................................31
Figura 2.21. Técnica de acesso CDMA..................................................................................... 32
Figura 2.22. Faixa de frequência para operação das bandas de frequência de sistema via
satélite.......................................................................................................................................33
Figura 2.23. Operadoras de satélites mais conhecidas...............................................................34
Figura 2.24. Componentes do sistema via satélites....................................................................36
Figura 2.25. Diagrama em bloco básico do transponder............................................................37
Figura 2.26. Diagrama em bloco de subsistema de seguimento espacial....................................38
Figura 2.27. Diagrama em bloco de subsistência terrestre.........................................................39
Figura 2.28. Sala de controlo da HUB-Multitel.........................................................................40
Figura 2.29. Estrutura real de uma HUB e seus equipamentos RF………………….................40
Figuras 2.30. Unidade externa (UDU).......................................................................................41
Figura 2.31. Unidade externa (Modem Gilat SKYEdge II IP)...................................................41
VIII
Figura 2.32. Equipamentos de um terminal remoto ou VSAT ………………………………...42
Figura 2.33. Sinal e beacon de Eutesat E3B obtido em teste de laboratorial...............................42
Figura 2.34. Aplicações de comunicação via satélite e ilimitação da sua tecnologia…….........43
Figura 3.1. Ângulos de azimute e elevação................................................................................50
Figura 3.2. Altitude da estação terrestre.....................................................................................51
Figura 3.3. Convecção de sinal para longitude e altitude..........................................................51
Figura 3.4. Condição de determinação de ângulos azimute.......................................................53
Figura 3.5. Link básico de comunicação....................................................................................54
Figura 3.6. Definição de C.O (comprimento de onda)...............................................................55
Figura 3.7. Densidade de fluxo de potêncial..............................................................................56
Figura 3.8. Diametro de antena parabólica................................................................................57
Figura 3.9. Receptor frent-end...................................................................................................61
Figura 3.10. Figura de ruído do dispositivo................................................................................62
Figura 3.11. Circuito equivalente de ruído para dispositivo activo............................................63
Figura 3.12. Circuito equivalente de ruído para dispositivo activo...........................................65
Figura 3.13. Fonte de ruído na antena receptora ou ruído do céu................................................65
Figura 3.14. Sistema de recepção via satélite e sistema de temperatura.....................................67
Figura 3.15. Parâmetros de links de satélite..............................................................................68
Figura 4.1. Arquitetura do link SCPC........................................................................................73
Figura 4.2. Beam ou footprint do satélite Eutelsat E3B dos 30 transponder da banda-C………74
Figura 4.3. Satélite Eutelsat E3B em órbita………………………………………….……...…75
Figura 4.4. Modem CDM-625 Advanced Sattelite Modem………….....…………………......76
Figura 4.5. Analisador de espectro FLS Spectrum Analyzer 9kHz-3GHz …………….......….76
Figura 4.6. Medidor de campo Multimeter FSD 400…………......……………………….…..76
Figura 4.7. Montagem da ODU…………………………………………………........….……77
Figura 6.1. Gráfico de recepção de sinal do Analizador de espectro durante alinhamento da
antena ao Satélite………………………………………………………………………...……87
Figura 6.2. Configuração do Modem CD-6225 Advanced Sattelite Modem………………….88

IX
Listas de tabelas

Tabela 2.1. Períodos orbitais específicos para altitudes nominais..............................................16


Tabela 2.2. Descrição entre as orbitais mais usadas em comunicação via satélite......................23
Tabela 2.3. Bandas de operação e faixas de frequências em comunicação via satélite…...........35
Tabela 3.1. Condições para determinar ângulo de azimute........................................................54
Tabela 4.1. Lista de equipamentos usados………………………………………..…….…..…77
Tabela 5.1. Resultados experimentais da geometria do link. Antena…………….…….……...86
Tabela 5.2. Resultados experimentais de parâmetros do link…………………………..…...…86
Tabela 5.3. Viabilidade económica do link SCPC na banda-C. EMIS………………………...91

X
Listas de abreviaturas e siglas

AT&T: American Telephone and Telegraph


BER: Taxa de erro de Bit
BSS: Broadcast Satellite Service
BUC: Block Up Converter
CDMA: Code Division Multiple Access
ES: Earth Station ou Estação Terrena
ET: Estação Terrestre
FDMA: Frenquency Division Multiple Access
FSS: Fixed Satellite Service
GEO: Geostationary Orbit – Órbita Geostacionária
GGPEN: Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional
GSO: Órbita geostacionária síncrona
HEO: Highly Eliptical Orbit – Órbita altamente Elíptica
HPA: Amplificador de Alta Potência
IDU: Indoor Unit
IP: Internet Protocol
ITU: União Internacional das Telecomunicações
LAN: Local Area Network
LEO: Low Earth Orbit – Orbita terrestre baixa
LNA: Amplificador de Baixo Ruído
LNB: Low Noise Block
Mbps: Megabits por segundo
MEO: Medium Earth Orbit – Órbita terrestre média
Modem: Modulador/Demoulador
ODU: Outdoor Unit
PDMA: Polarization Division Multiple Access
RF: Radiofrequência
TDMA: Time Division Multiple Access
TT &C: Rastreamento, Telemetria e Comando

XI
Tx: Transmissão
Rx: Recepção
TTC &M: Rastreamento, Telemetria, Comando e Monitorização
TV (DTH): High Definition Television
VSAT: Very Small Aperture Terminal
W: Watt ou west

XII
SUMÁRIO

Dedicatória................................................................................................................................ III
Agradecimentos ........................................................................................................................IV
Epígrafo ..................................................................................................................................... V
Resumo .....................................................................................................................................VI
Abstract ................................................................................................................................... VII
Listas de ilustrações ............................................................................................................... VIII
Listas de tabelas ......................................................................................................................... X
Listas de abreviaturas e siglas ..................................................................................................XI
Capítulo 1. Introdução .............................................................................................................. 16
1.1. Actualidade do tema .................................................................................................... 3
1.2. Motivação .................................................................................................................... 3
1.3. Delimitação do problema ............................................................................................. 4
1.4. Objectivos .................................................................................................................... 5
1.4.1. Geral ..................................................................................................................... 5
1.4.2. Específicos ............................................................................................................ 5
1.5. Justificativas................................................................................................................. 6
1.6. Estrutura do trabalho .................................................................................................... 6
Capítulo 2. Princípios fundamentais de comunicação via satélite.............................................. 8
2.1. Conceitos gerais de comunicação via satélite .................................................................. 9
2.2. Marcos históricos de comunicação via Satélite ......................................................... 11
2.3. Leis físicas que regem os satélites artificiais em órbita ............................................. 13
2.3.1. Leis de Kepler ..................................................................................................... 14
2.4. Órbitas operacionais de satélite ................................................................................. 16
2.4.4. Órbita GEO ou GSO ........................................................................................... 20
2.4.5. Cinturas Van Allen ............................................................................................. 22
2.4.6. Comparação entre as órbitas mais comuns ......................................................... 22
2.4.7. Posições orbitais ................................................................................................. 24
2.5. Zonas de cobertura de satélite. Conceitos de beam de satélites ................................. 26
2.6. Topologias de redes VSATs ...................................................................................... 27
2.6.1. Topologia ponto-a-ponto .................................................................................... 27
2.6.2. Topologia em estrela .......................................................................................... 28
2.6.3. Topologia malha ................................................................................................. 29
2.6.4. Topologia híbrida ............................................................................................... 29
2.7. Técnica de acesso múltipla ........................................................................................ 30
2.7.1. Tipos ou métodos de acesso ............................................................................... 30
2.8. Bandas de frequências de operação em comunicação via satélite ............................. 32
2.8.1. Espectro disponível ............................................................................................ 33
2.8.2. Operadoras de Satélites ...................................................................................... 33
2.8.3. Tipos de bandas e faixas de frequências de operação ........................................ 34
2.9. Sistema de comunicação via satélite e seus componentes ......................................... 35
2.9.1. Subsistema espacial. Satélite e sua descrição ..................................................... 36
2.9.2. Subsistema terrestre ............................................................................................ 39
2.10. Conceitos de beacons de operadores de satélites ................................................... 42
2.11. Tipos de serviços em comunicação via satélite ...................................................... 43
Capítulo 3. Parâmetros de links de transmissão e recepção via Satélite .................................. 44
3.1. Geometria dos links GSO .............................................................................................. 50
3.1.1. Faixa de Satélite. Alcance do Satélite ................................................................ 51
3.1.2. Ângulo de elevação e azimute para satélite ........................................................ 52
3.2. Link de radiofrequência ............................................................................................. 54
3.2.1. Fundamentos de transmissão .............................................................................. 54
3.2.2. Perda de caminho no espaço livre ...................................................................... 58
3.2.3. Equação básica do link para potência recebida .................................................. 59
3.3. Ruídos do sistema e seus parâmetros ......................................................................... 60
3.3.1. Figura de ruído ................................................................................................... 62
3.3.2. Temperatura do ruído ......................................................................................... 63
3.3.3. Temperatura de ruído do sistema........................................................................ 66
3.3.4. Figura de mérito ................................................................................................. 68
3.4. Parâmetros de desempenho do link ........................................................................... 68
3.4.1. Relação portadora-ruído ..................................................................................... 68
3.4.2. Relação energia de bit por densidade de ruído ................................................... 70
Capítulo 4. Dados práticos de pesquisa .................................................................................... 71
4.1. Link SCPC na band-C................................................................................................... 72
4.2. Arquitetura do link ..................................................................................................... 73
4.3. Satélite usado. Eutelsat E3B ...................................................................................... 74
4.3.1. Beam ou cobertura do satélite Eutelsat E3B ...................................................... 74
4.4. Equipamentos e acessórios usados ............................................................................ 75
4.5. Parâmetros de operação do link ................................................................................. 78
Capítulo 5. Metodologia ........................................................................................................... 79
5.1. Tipo de estudo ............................................................................................................ 80
5.2. Campo ou local de estudo .......................................................................................... 80
5.3. Procedimento experimental ....................................................................................... 80
5.3.1. Procedimento de recolha dos dados.................................................................... 81
Capítulo 6. Resultados e discussões ......................................................................................... 85
6.1. Resultados obtidos ..................................................................................................... 86
6.1.1. Gráfico dos sinais de recepção das antenas a partir do analisador de espectro .. 86
6.1.2. Config Modem do Interface / Frame do modem CDM 625A da EMIS ............. 87
6.2. Discussões dos resultados .......................................................................................... 88
6.3. Análise de custos económicos ................................................................................... 90
Conclusões ................................................................................................................................ 92
Recomendações ........................................................................................................................ 93
Referências bibliográficas ........................................................................................................ 94
Apêndices ................................................................................................................................. 96
Anexos .................................................................................................................................... 102
Capítulo 1. Introdução
Capítulo 1. Introdução

A sociedade moderna está dia-pós-dia com a necessidade por informação digital, rápida
e móvel, obrigando o homem a busca de tendências por meios de comunicações capazes de
responder as tais exigências. A recente popularização e o desenvolvimento das redes sem fio é
o exemplo de como a mobilidade se tornou importante na vida moderna.

Dentro do plano de desenvolvimento social e tecnológico levado a cabo pelo governo


angolano, surge cada vez mais a necessidade de aproximar as pessoas independentemente do
espaço geográfico em que encontram. Essa necessidade é motivado pelos avanços da ciência e
tecnologia que seja acessível ao poder económico-financeiro de todos os angolanos, razão pelo
qual o estado angolano vem investido através dos seus parceiros na instalação de infraestruturas
de telecomunicações que asseguram que todo angolano se comunique dentro e fora do território
nacional.

Quando se pensa em tecnologia de comunicação de fácil instalação ou implementação,


sem muitas restrições em termos de acessibilidade em locais mais recônditas, baixo custo,
cobertura total e com qualidade esperado, pensa-se logo em telecomunicação via Satélite por
ser o único com capacidade de atender tais exigências, por este motivo o estado angolano
investiu neste mercado com a construção e recentemente o lançamento de um Satélite angolano,
ANGOSAT-2, com capacidade de operar de diferentes bandas de frequência, cobertura que
beneficiará e dinamizará este sector de negócio e não só.

A comunicação via Satélite é o sistema VSAT (Very Small Aperture Terminal) surgiu
na década de 90 e consolidou o espaço como mais um meio físico para o uso das comunicações.
Sua principal característica é a necessidade de uma menor banda nos transponders, utilização
de antenas menores e, em consequência, a utilização de mais potência no Uplink e Downlink.
Uma rede VSAT é composta de um número de estações VSAT e uma estação principal (HUB
Station). A estação principal dispõe de antena maior e se comunica com todas as estações
remotas (VSATs), coordenando o tráfego entre elas, passando pelo Satélite. A estação HUB
também se presta como ponto de interconexão para outras redes de comunicação. São utilizados
frequentemente em regiões remotas, onde a infraestrutura local (cabos metálicos, enlaces de
micro-ondas ou fibra óptica) é pouco desenvolvida.

2
Capítulo 1. Introdução

1.1. Actualidade do tema

A comunicação via Satélite não é tema recente na história das telecomunicações mas
quando se trata do mesmo assunto em Angola, nota-se grande escassez no que diz respeito as
fontes bibliográficas nacionais que tratem sobre assunto, limitando deste forma o interesse de
pesquisa neste ramo, então este trabalho após a sua conclusão e devidas correções, servirá de
grande fonte de pesquisa para os leitores em geral e em especial aos especialistas e estudantes
nas áreas de tecnologias de informação e comunicação a compreensão de muitos temas que
regem os Satélites em órbita, sobretudo porque Angola está começar a escrever a sua história
neste ramo com o lançamento do Angosat-2 e cuja comercialização dos seus diferentes
transponders encontram-se em processo.

A arquitetura de rede via Satélite, na topologia ponto-a-ponto é tanto quanto


impraticável pelo facto de ser muito exigente e ser economicamente dispendioso mas é uma
excelente aposta em termos de eficácia e flexibilidade, principalmente para transmissão de voz,
por oferecer baixa latência. As técnicas usadas para concretização deste tema torna o tema
actual no que diz respeito a sua aplicação por tratar de um link real que conecta dois continentes,
isto é, África através de Angola e Europa através de Portugal, sem necessidade de uma HUB,
que seria provavelmente impraticável em termos de custos se estivesse se recorrido as outras
tecnologias de telecomunicações existem.

Nos sentimos engajados por saber que está obra servirá de referência bibliográfica para
os estudantes e professores do departamento de Física principalmente, por conter temas que
ajudará a compreender melhor o funcionamento do sistema de comunicação via Satélite e conter
nele equações que ajudará a percepção dos parâmetros de desempenho do sistema com realce a
arquitetura ponto-a-ponto.

1.2. Motivação

A motivação na escolha deste tema deve se pelo facto de ser desafiante, uma vez que é
raro encontrar referência que trata assunto de forma isolada e ser a primeira a apresentação de
trabalho de fim de curso a nível do departamento de Física. O engajamento que os técnicos da
Multitel na procura de soluções que permitissem a operacionalidade de serviços de um dos seus
sites ou acesso serviu de motivação, uma vez que foi uma oportunidade de participar num
projecto real, de elevada importância e que proporcionou-nos bases que serviram para

3
Capítulo 1. Introdução

aprofundamento dos conhecimentos adquiridos durante a especialidade e nosso know-how


profissional.

1.3. Delimitação do problema

No sector de telecomunicação o conceito de custo benefício é muito importante quando


se pensa em emigrar para esta ou aquela tecnologia, mas este factor, não delimita a necessidade
de estabelecer a comunicação entre pessoas, sociedades e culturas, razão pelo qual a provedora
Multitel foi desafiada a manter operacional o site de um dos seus clientes mais importante, a
EMIS (Empresa Interbancária de Serviço), por este ter linha de negócio que obriga comunicar-
se com o exterior, mais propriamente a África e Europa, passando pelo Portugal através da
SIBS (Sociedade Interbancária de Serviço).

Este documento tem como objetivo descrever as técnicas utilizadas nas redes VSAT,
suas vantagens, desvantagens e aplicações passando por uma breve descrição de como os
Satélites servem de elo de ligação entre o início e o fim da comunicação e como evoluíram e
funcionam actualmente. Apesar de tudo que foi dito, sua maior vantagem é a rápida instalação,
quando o Satélite já está em órbita e a distribuição da informação em ampla escala que esta rede
é capaz de oferecer. Exemplos de aplicações das redes VSAT serão fornecidas mais adiante
bem como comparação entre os meios de transmissão.

Por motivos técnicos, segurança e deontologia profissional em função da linha de


actividade exercida pelos acessos do link, delimitamos o problema deste trabalho em efectuar
uma análise profunda apenas num dos lados do link, do lado de Angola, mais não deixaremos
de tratar também de alguns parâmetros do lado de Portugal.

4
Capítulo 1. Introdução

1.4. Objectivos
1.4.1. Geral

 Implementar um link ponto-a-ponto na banda-C para serviços de voz, dados e Internet.

1.4.2. Específicos

 Estudar a arquitetura das redes VSATs com a topologia ponto-a-ponto;


 Conhecer as bandas de operação em comunicação via Satélite;
 Analisar técnicas para implementar um link ponto-a-ponto via Satélite e seus
intervenientes;
 Identificar e descrever as vantagens e desvantagens de operar um link via Satélite na
banda-C.

5
Capítulo 1. Introdução

1.5. Justificativas

Tendo em conta os resultados obtidos durante o tratamento dos dados, após uma
profunda comparação com os dados teóricos consultados em diferentes bibliografias,
justificam-se dadas as aproximações e/ou baixos resultados em outros casos, pelo facto de se
tratar de um link que apesar de operar na banda-C, as frequências operacionais para uplink e
downlink disponibilizados pelo operador de Satélite estão fora dos limites nominais
estabelecidos pelas entidades gestores de telecomunicações mundialmente conhecidos. Por
tratar-se de um link dedicado, o operador de Satélite teve o cuidado de fornecer um plano de
frequências que fosse favorável as duas regiões de implementação do link, visto que pertencem
a países diferentes, apesar estarem na mesmo região conforme estabeleci pela ITU.

1.6. Estrutura do trabalho

O trabalho está estruturado em cinco (5) capítulos, cujo capítulo 1 trata de assunto
relacionado a nota introdutório, capítulos 2 trata de princípios fundamentais que regem as
comunicações via Satélite. É neste capítulo que os conceitos teóricos que ajudam a
compreensão das leis físicas que regem os Satélites em órbita, tipos de órbitas e seus parâmetros
mais importantes, zonas de cobertura, topologias de rede, técnicas de acesso aos recurso de um
Satélite, de frequências de operação em função das suas bandas, composição de sistema de
comunicação via Satélite e por fim introduz os conceitos de beacons e tipos de serviços que o
sistema pode suportar.

O capítulo 3 faz menção aos parâmetros fundamentais usados em link de Satélite, com
apresentação das equações mais importantes que algebrizam tais parâmetros, como: ganho de
antena, ângulos de elevação e azimute, potência isotrópico efectiva radiada numa transmissão,
perdas de caminho no espaço livre, dada a natureza do meio de propagação das ondas de rádio,
que é o espaço devido os factores que causam redução na potência recebida em relação a
transmitida, relação portadora-ruído e muitos outros parâmetros.

A partir do capítulo 4 começa se a tratar de assunto relacionados aos dados práticos da


pesquisa, com introdução do que é um link ponto-a-ponto ou SCPC, apresentamos a arquitetura
física da disposição das antenas em relação ao Satélite, o tipo de Satélite usado e suas
informações mais relevantes, equipamentos e materiais usados na implementação do link e por
fim apresentamos os parâmetros a tratar nos capítulos posteriores.

6
Capítulo 1. Introdução

Os capítulos 5 e 6 tratam de metodologias científicos, como tipo de estudo, campo de


estudo, procedimento experimental, tratamento de dados recolhidos, apresentação dos
resultados obtidos e justificativas dos mesmos em comparação dos dados teóricos existentes
nas discussões e orçamento global em termos de custos de aquisição e operacionais do link. Por
fim concluímos o trabalho e tercemos as considerações finais, recomendações, apresentamos
as referências bibliográficas que serviram de fontes de pesquisa dos conceitos tratados,
apêndices e anexos de suporta ao trabalho.

7
Capítulo 2. Princípios fundamentais de
comunicação via satélite
Capítulo 2. Princípios Fundamentais de Comunicação Via Satélite

2.1. Conceitos gerais de comunicação via satélite

Um Satélite terrestre é um corpo artificial colocado em órbita em torno da terra. Um


Satélite de comunicação, por exemplo é um Satélite artificial da Terra, que recebe um sinal
(voz, imagem, texto, dado) de comunicação a partir de uma estação terrestre de transmissão,
amplifica, processa e em seguida, transmite-o de volta para a Terra para a recepção por uma ou
mais estações terrestres. Informações de comunicação não se originam nem terminam no
Satélite, ele é apenas um relé de transmissão activa com conjunto de circuitos electrónicos
repetidores, com a função de amplificar e retransmitir um sinal, semelhantemente como
acontece em torres (BTS) usadas em comunicações de micro-ondas terrestres.

Esses Satélites terrestres são usados para diferentes aplicações, dentre os quais:
comunicação, meteorologia, medições terrestres (gravitação e campos magnéticos), avaliação
de recursos (hídricos, minerais), transmissão de sinais de rádio e TV para usuários fixos e
móveis, banda larga, VSAT, Backhaul de rede celular (2G/3G/4G/5G) e como pontos de
referências para a navegação. [13]

Os Satélites terrestres de grandes altitudes são também utilizados para observações


astronómicas, pois os efeitos da atmosfera podem ser eliminados. Embora a maioria dos
Satélites sejam lançados a partir de estações terrestres, recentemente alguns têm sido colocados
em órbitas a partir de naves transportadoras da NASA (Space shuttles). Alguns Satélites têm
sido tripulados em pequenos períodos, e já se encontram na última etapa de planeamento uma
estação espacial permanente que, provavelmente, será contruída dentro de poucos anos. [13]

As comunicações por Satélites oferecem uma série de recursos que não estão
disponíveis como modos alternativos de transmissão, tais como micro-ondas terrestres, cabo ou
rede de fibras ópticas. Algumas das vantagens das comunicações via Satélites são descritas a
seguir [13]:

 Ligações a grandes distâncias utilizando um único repetidor, Satélite;


 Cobertura em zonas de difíceis acessos, onde instalações fixas são impraticáveis ou
inexistência de infraestruturas;
 Ausência de condutas, postes ou outros requisitos logísticos que comprometem a
urbanização das cidades;
 Distâncias e custos independentes: o custo da transmissão por Satélite é basicamente o
mesmo, independentemente da distância entre as transmissoras e as receptoras das
9
Capítulo 2. Princípios Fundamentais de Comunicação Via Satélite

estações terrestres. Custos de transmissão baseados nos Satélites tendem a ser mais
estáveis, particularmente para comunicações a nível Internacional ou Intercontinental
que implicam grandes distâncias;
 Custos fixos de emissões: O custo de transmissão de difusão por Satélite, isto é, a
transmissão de um terminal terrestre de transmissão para receber um número de
terminais da terra, é independente do número de terminais terrestres que recebem a
transmissão;
 Alta capacidade: links de comunicação via Satélite envolvem frequências portadoras de
altura, com grandes larguras de banda. As capacidades típicas de Satélites de
comunicação variam de 10 a 100 Mbps (megabits por segundo) e podem fornecer
serviços para várias centenas de canais de vídeo ou várias dezenas de milhares de
ligações de voz ou dados;
 Baixo nível de erros: erros de bits em um link de Satélite digital tendem a ser aleatórios,
permitindo a utilização de técnicas de detecção e correcção de erros estatísticos. As
taxas de erro de um erro de bit em bits ou mais podem ser rotineiramente alcançadas de
forma eficiente e confiável com equipamento de série.
 Beams maiores (podendo abrangir: continentes, país ou regiões de um país);
 Baixo custo por receptor adicionado;
 Comunicações móveis sem fio, independentemente da localização (aéreas, marítimas
ou em terra); serviços únicos de apoio à navegação e à aeronáutica;
 Redes de usuários diversos: grandes áreas de terra são visíveis a partir do Satélite típico
de comunicação, permitindo uma interligação entre vários usuários simultaneamente.

Oposto aos pontos fortes acima citados, a comunicação via Satélites apresenta algumas
desvantagens que podem ser minimizadas em comparação as suas vantagens [13]:

 Grande atraso introduzido (por salto, principalmente para Satélites Geostacionários);


 Custo de montagem do Satélite e do seu lançamento;
 Suscetível a interferência de origem atmosférica e não só;
 Difícil manutenção do Satélite uma vez em órbita;
 Provável insucesso durante o lançamento, que pode culminar com falha no controlo e
possível perda do Satélite no espaço;
 Aumento do chamado lixo espacial;
 Tempo de vida não muito prolongado (± 15 anos) em comparação as fibras ópticas.
10
Capítulo 2. Princípios Fundamentais de Comunicação Via Satélite

2.2. Marcos históricos de comunicação via Satélite

Historicamente, a ideia dos Satélites de comunicação apareceu pouco depois da 2ª


guerra mundial pelo então oficial de radar Arthur C. Clarke. A ideia original propunha a
colocação em órbita de três (3) repetidores separados de 120º sob a linha do equador, isto é, a
36.000 km de altitude (Geoestacionário). Estes repetidores teriam a finalidade de realizar a
comunicação de Rádio e Televisão a toda parte do globo. Apesar de Clarke ter formalizado a
ideia, sugerindo o seu uso na área das comunicações, mas Sir Isaac Newton já havia sugerido
no seu livro “Philosophie naturalis principia mathematica” o lançamento de um Satélite
artificial através de um canhão. [10]

A ideia de Newton não se materializou na época devido à falta de tecnologia para o


lançamento de tais equipamentos. Entre 1951 e 1955, o exército dos Estados Unidos fez os
primeiros experimentos de propagação de radiocomunicação, utilizando a Lua (Satélite
natural), como reflector passivo. O experimento foi insucesso devido a grande distância
existente entre a Terra e a Lua e à falta de tecnologia para operar com sinais de baixíssima
amplitude e relação sinal/ruído. [10]

O primeiro Satélite espacial (artificial) chamou-se Sputnik 1 e foi lançado pela URSS
em outubro de 1957, que realizou a primeira experiência de transmissão e recepção de sinais
do espaço, enviando para Terra sinais nas frequências de 20 MHz e 40 MHz, o que provava a
possibilidade de uma comunicação à longa distância. No mesmo ano, mas um mês depois, outro
Satélite artificial foi lançado pelos Estados Unidos. [10]

Somente no final de 1960, com a troca de sistema de alimentação das baterias por células
solares realizou-se uma retransmissão de dados enviados da Terra e a partir deste ano conclui-
se que a utilização de Satélites artificiais era a melhor opção para as comunicações, sendo
abandonado o experimento de Satélite natural (Lua). [10]

O primeiro Satélite de comunicação e comercial chamou-se Telstar 1, foi lançado em


1962. Este Satélite operou em órbita baixa e foi patrocinado pela Corporation AT&T (American
Telephone and Telegraph). A partir disto, vários outros satélites foram lançados a fim de
realizar testes, aperfeiçoamentos e comunicações Intercontinentais como forma de atrair
atenção e mercado. [10]

11
Capítulo 2. Princípios Fundamentais de Comunicação Via Satélite

Actualmente há mais de 100 Satélites que orbitam a terra, em diferentes altitudes e


órbitas distintas, que foram lançados pela Rússia, Estados Unidos, Agencia Espacial Europeia
e outros, incluindo a Índia e a China. [2] A orbita geostacionária em particular aloca um total
de 608 Satélites actualmente. [22]

O primeiro registro da história das comunicações via Satélites em Angola marca-se no


domínio da televisão. Outro pioneiro no sector é a Multitel, empresa provedora de Internet, que
desde 2007/2008 opera com as chamadas redes VSATs espalhados em todo território nacional
nos seus mais de 167 sites remotos, entre eles empresas gestoras de serviços públicos, bancos
comerciais e outras corporativas até Julho de 2022.

Nos últimos 15 anos, em Angola, registrou-se notável esforço do governo e seus


parceiros rumo à inclusão digital. Uma evidência deste facto são os vários projectos
desenvolvidos pelo Ministério das Telecomunicações e Tecnologias de Informação e
Comunicação Social, dos quais destaca-se aqui o projecto Angosat-1 que, embora sem sucesso,
notabilizou-se como um dos maiores projectos na nova era das telecomunicações em Angola.
[16]

A construção do Angosat-1, a cargo de um consórcio russo, arrancou-se ao 19 de


Novembro de 2013. Foi um dos sete (7) projectos previstos ao abrigo do programa espacial
angolano e que envolveu a formação de quadros, a transferência de conhecimentos nesta área e
o lançamento da Agência Espacial Angolana, denominado Gabinete de Gestão do Programa
Espacial Nacional (GGPEN). O Angosat-1 previa disponibilizar serviços de telecomunicações,
televisão, Internet e outros serviços administrativos do estado angolano, com um período de
vida útil de 15 anos e possuía 22 circuitos repetidores de sinal (transponders) e o projecto
incluiu a criação de duas estações de rastreio, um em Luanda-Funda (Angola) e outro em
Korolev (Rússia). Estas estações permitiriam uma intervenção no controlo e comando do
Satélite, sempre que se mostraria necessário, enquanto Angola estaria a criar autonomia e
domínio. [11]

O Satélite AngoSat-2 surge com a missão de substituir o AngoSat-1, que dentro dos
acordos contratuais que tinham sido assinado com a Rússia, assegurava o Satélite e previa que
diante de situações de anomalia, deveria ser construído um novo Satélite em substituição do
inoperante do Satélite AngoSat-1, sem custos para o estado angolana. Em abril de 2018, O
consórcio russo Rosoboronexport, responsável pela construção e lançamento do AngoSat-1,

12
Capítulo 2. Princípios Fundamentais de Comunicação Via Satélite

anunciou o início da sua construção, a partir de 24 de abril de 2018, sem custos para Angola,
decorrendo até meados de 2022. [11]

Angosat-2 opera, desde o dia 04 de Novembro de 2022, na posição operacional 23˚ Este
da órbita geoestacionário e sua massa de lançamento de 1550 kg. O Satélite foi desenhado e
construído para cobrir todo o continente Africano e parte significativa do Sul da Europa, na
Banda-C, e cobertura quase total da parte sul de África na Banda-Ku. A Banda-Ka servirá
somente para a Gateway que estará em Luanda. De ressaltar que o AngoSat-2 é um satélite HTS
(Altas Taxas de Transmissão, em inglês) projectado para fornecer serviços de Internet de banda
larga. A sua cobertura nas diferentes bandas é um factor que deve se levar em conta. [11]

2.3. Leis físicas que regem os satélites artificiais em órbita

As localizações orbitais de uma nave espacial em um sistema de Satélite de


comunicações desempenham um papel importante na determinação da cobertura e das
características operacionais dos serviços fornecidos por esse sistema.

As mesmas leis de movimento que controlam os movimentos dos planetas ao redor do


sol governam os satélites artificiais que orbitam a Terra. A determinação da órbita do Satélite
é baseada nas Leis do Movimento desenvolvidas pela primeira vez por Johannes Kepler e
posteriormente reformuladas por Sir Isaac Newton em 1665 a partir de suas próprias Leis da
Mecânica e da Gravitação. [14]

Existem dois (2) requisitos para que um Satélite seja colocado em órbita estável num
certo ponto de inserção. É preciso, primeiro, levar o Satélite até essa altura (seu lançamento por
meio de um veículo de transporte) e depois comunicar-lhe a velocidade orbital necessária (por
meio de comandos, telemetry a partir de uma estação terrestre). [2]

Forças concorrentes actuam no Satélite: a força gravitacional (𝐹𝑖𝑛 ) que tende a puxar o
Satélite em direcção à terra, enquanto sua velocidade orbital (resultante da sua força centrípeta
(𝐹𝑖𝑛 )) tende puxar o Satélite para longe da Terra, conforme se ilustra na figura 2.1. As duas
forças podem ser representadas pelas equações:

μ
Fin = m ( 2 ) (2.1)
r

v2
Fout = m ( r ) (2.2.)

13
Capítulo 2. Princípios Fundamentais de Comunicação Via Satélite

Onde: m = massa do satélite (kg); v = velocidade orbital do satélite (km/s; r = distância desde
centro da terra (raio orbital) (km); μ = 3.986004 × 105 km3 ⁄s 2 = Constante de Kepler
(constante gravitacional geocêntrico)

A velocidade orbital necessária para manter o Satélite, em um raio orbital, 𝑟 circular, é


determinada igualando-se as duas forças das equações (2.1) e (2.2). E com isso, obtém-se a
equação (2.3). Note que para esta análise não se levou em consideração outras forças que
actuariam ao Satélite, como forças gravitacional da lua, sol e outros corpos celestiais. [14]

1
μ 2
v= (r) (2.3)

Figura 2.1. Forças que actuam num satélite em órbita. [14]

2.3.1. Leis de Kepler

As leis de movimento planetário de Kepler são descritas através de três (3) princípios
fundamentais.

1ª Lei ou lei das órbitas: “o percurso seguido por um satélite ao redor da Terra será uma elipse,
com o centro de massa de terra como um dos dois (2) focos da elipse”. Se nenhuma outra força
estiver a agir sobre o Satélite, o mesmo acabará por se estabelecer em uma posição orbital
elíptica, com a Terra como um dos focos da elipse. O tamanho da elipse dependerá da massa
do Satélite e da sua velocidade angular. [14]

14
Capítulo 2. Princípios Fundamentais de Comunicação Via Satélite

Figura 2.2. 1ª Lei de Kepler. [14]

2ª Lei ou lei das áreas: “para intervalos de tempo iguais, o Satélite varre áreas iguais no seu
plano orbital ", isso quer dizer que para intervalos de tempo iguais, o Satélite visualiza áreas
iguais no plano orbital. Na figura 2.3 pode se observar que a área varrida pelo Satélite em um
período de 1 hora em torno de um ponto mais distante da Terra, marcado como A2, será igual a
A1, ou seja: 𝐴1 = 𝐴2 . [14]

Figura 2.3. 2ª Lei de Kepler. [14]

3ª Lei ou lei de período: “o quadrado do tempo periódico da órbita é proporcional ao cubo da


distância média entre os dois corposˮ. Esta lei quantifica-se como se segue [14]:

4π2
T2 = ( ) a3 (2.4)
μ

Onde: T é o período da órbita, em segundo (s); a é a distância entre os dois corpos, satélite e a
terra, em km.

Se a órbita é circular, então a = r, logo:

1
2
μ 3
a = r = (4π2 ) T 3 (2.5)

A equação (2.5) demonstra um resultado importante:

2
Raio da órbita = (Constante) × (Período da órbita)3 (2.6)

15
Capítulo 2. Princípios Fundamentais de Comunicação Via Satélite

Sob a condição da equação (2.6), um período orbital específico determina-se apenas


pela selecção adequada do raio da órbita, permitindo que os designers de Satélites selecionem
períodos de órbita que melhor atendam aos requisitos das aplicações particulares localizando o
Satélite na órbita de altitude adequada. As altitudes necessárias para obter um número
específico e repetíveis de vestígios da Terra com uma órbita circular estão descritas na Tabela
na tabela 2.1. [14]

Tabela 2.1. Periódos orbitais específicos para altitudes nominais

Revoluções/dia Periodo nominal (horas) Altitude nominal (km)


1 24 36 000
2 12 20 200
3 8 13 900
4 6 10 400
6 4 6 400
8 3 4 200
Fonte: Autores a partir de [14]

2.4. Órbitas operacionais de satélite

Por definição, uma órbita é a trajectória que um corpo celeste realiza ao redor de outro
corpo celeste ou não pela influência de sua gravidade. De forma mais suscita, uma órbita deve
ter um período, e com isso, consideramos uma órbita a trajectória fechada que um corpo celeste
realiza ao redor do outro corpo celeste pela influência de sua gravidade. [14]

Tratando-se de órbita de um Satélite (natural, como a Lua ou artificial, como AngoSat-


2) a órbita define-se como sendo o movimento que este realiza em volta do planeta Terra. Desta
forma, quando um Satélite é lançado, é colocado em órbita em relação à terra e a órbita é
conseguida, pois a força gravitacional da terra o mantém a certa altura da superfície terrestre
(altitude), mas também, é necessário algum controle do Satélite a partir de uma estação terrestre
através de envio de comandos para auxiliar neste posicionamento. [14]

Existem diversos tipos de órbitas terrestres para operação de um Satélite e cada uma
delas é utilizada por diferentes propósitos, dependendo da distância em que se encontram em
relação a superfície, da área de cobertura e do tempo necessário para completar a trajectória
orbital (período de revolução) e sua latência correspondente. Além dos parâmetros já citados,
dois (2) outros parâmetros orbitais importantes são: inclinação e excentricidade. [14]

16
Capítulo 2. Princípios Fundamentais de Comunicação Via Satélite

Os Satélites podem ser classificados de acordo com o tipo de órbita. Neste trabalho
trataremos apenas, as quatro (4) órbitas mais comumente usados por Satélites de comunicação,
que são: LEO (Low Earth Orbit ou órbita terrestre baixa), MEO (Medium Earth Orbit ou órbita
terrestre média), HEO (Highly Eliptical Orbit ou órbita altamente elíptica) e GEO
(Geostationary Orbit ou órbita geostacionária). [14, 16]

Figura 2.4. Órbitas mais usados em satélites de comunicação. [16]

2.4.1. Órbita LEO

Órbita circular de baixa altitude, conforme o nome faz menção é a segunda órbita mais
comum. Os Satélites da Terra que operam bem abaixo da altitude geoestacionária, geralmente
em altitudes de 160 à 2.500 km, e em órbitas quase circulares, são chamados de órbita baixa da
Terra ou Satélite LEO. Essa órbita de Satélite tem várias características que podem ter
vantagens para aplicações em comunicações, como se pode observar na figura abaixo. [14]

As ligações entre Satélite e um ponto situado na terra são muito mais curtas (cerca de
10 minutos apenas), levando as perdas de caminho mais baixas, o que resulta em menor
consumo de energia e menores sistemas de antenas. O atraso de propagação é também menor
(latência de ∼10 ms) devido às distâncias de caminho mais curto. 32 Satélites LEO, com as
inclinações adequadas, podem cobrir locais de grande latitude, incluindo as áreas polares, que
não podem ser alcançadas pelos satélites geoestacionários. A grande desvantagem do Satélite
LEO é o seu período de revolução circular restritas, pois o Satélite não está num local fixo no
céu, mas varre determinada área por apenas alguns minutos (de 1h:30min à 2 horas) de um local
fixo na Terra. [14]

Para se ter a cobertura global ou grande área contínua é desejada, uma constelação de
Satélites múltiplos LEO é necessária, com ligações entre os Satélites para permitir
comunicações ponto-a-ponto. Algumas redes actuais de Satélites LEO operam com 12, 24, 66
e mais Satélites para atingir-se a cobertura desejada. Em termos de aplicação, a órbita LEO é a
17
Capítulo 2. Princípios Fundamentais de Comunicação Via Satélite

mais popular para comunicações móveis por Satélites porque a pequena potência e o pequeno
tamanho da antena dos terminais terrestres são uma vantagem definitiva e também requerem
menos energia para serem inseridos em órbita. [14]

Figura 2.5. Órbita LEO. [14]

2.4.2. Órbita MEO

Órbita circular de altitude média. Os satélites nessa órbita são semelhante ao LEO,
porém, eles operam na faixa entre o LEO e GSO, normalmente em altitudes de 10.000 a 20.000
km em relação a terra, são referidos como órbitas de altitude média, ou Satélites MEO. [14]

As características consideráveis da órbita MEO incluem: traços de solo repetíveis para


cobertura recorrente de solo; número seleccionável de revoluções por dia; e movimento relativo
adequado entre Satélite e Terra para permitir medições de posições exactas e precisas. Um
Satélite MEO típico forneceria de 1 a 2 horas de tempo de observação para um terminal em um
local fixo da terra. Em termos de aplicações, os Satélites MEO têm características consideradas
úteis em aplicações meteorológicas, de sensoriamente remoto, navegação e determinação de
posição. O Sistema de Posicionamento Global (GPS), por exemplo é exemplo típico de
aplicação que usa Satélites MEO, empregando uma constelação de até 24 Satélites operando
em órbitas circulares de 12 horas, a uma altitude de 20.184 km. [14]

O atraso de propagação nessa órbita é dez vezes maior (latência de ∼100 ms) que na
órbita LEO, devido às distâncias de caminho mais longos.

Figura 2.6. Órbita MEO. [10]

18
Capítulo 2. Princípios Fundamentais de Comunicação Via Satélite

2.4.3. Órbita HEO

A orbita HEO é a única órbita não circular dos quatro (4) tipos citados neste trabalho.
Opera com uma órbita elíptica, com altitude máxima (apogeu) de aproximadamente 36.000 km,
semelhante ao GSO e altitude mínima (perigeu) de aproximadamente 160 km, semelhante ao
LEO. A órbita HEO é usado para aplicações especiais onde a cobertura de locais de alta latitude
é necessária. [14]

Satélites que operam em órbitas elípticas (alta excentricidade) são usados para fornecer
cobertura para áreas de alta latitude, inalcançáveis por GSO e que requerem mais longos
períodos de contacto do que os disponíveis com Satélites LEO. As propriedades orbitais
definidas pela segunda lei de Kepler podem ser usadas para oferecer tempo de permanência
prolongado em áreas próximas ao apogeu, quando está mais distante da Terra.

A HEO mais popular usada para Satélites de comunicações é a órbita Molniya, nomeada
para o sistema de Satélite que servia a ex-União Soviética. A órbita é projectada para fornecer
cobertura alargada nas altas latitudes do norte que compõem a maior parte da massa terrestre
da ex-União soviética, onde Satélites geoestacionários não podem fornecer cobertura. A órbita
típica Molniya tem uma altitude perigeu de 1.000 km, e uma altitude apogeu de 40.000 km. Isto
corresponde a uma excentricidade de acerca 0,722. [14]

A órbita tem um período nominal de 12 horas, o que significa que ela repete o mesmo
rastreio no solo duas vezes por dia e faz com que o Satélite passe quase 10 horas de cada rotação
sobre o hemisfério norte e apenas 2 horas sobre o hemisfério sul. Dois (2) Satélites em órbita
HEO Molniya, devidamente faseadas, podem fornecer a cobertura quase contínua para locais
de alta latitude no hemisfério norte, porque pelo menos um dos Satélites estará à vista, em
qualquer momento, durante o dia. [14] O atraso de propagação é menor em perigeu (latência de
∼10 ms), o mesmo que LEO e maior em apogeu (latência de ∼260 ms), mesmo que GSO,
devido às distâncias de caminho mais curtos e longos respectivamente em cada altitude.

Figura 2.7. Órbita HEO. [10]


19
Capítulo 2. Princípios Fundamentais de Comunicação Via Satélite

Nota: Órbitas de Satélite que não são síncronas, como o LEO, MEO e HEO são frequentemente
denominados como Satélites de órbita não geossíncrona (NGSO).

2.4.4. Órbita GEO ou GSO

A órbita GEO, também conhecida como órbita geossíncrona (GSO) é de longe a órbita
mais popular usada para Satélites de comunicação. Um Satélite GSO está localizado em uma
órbita circular equatorial geossíncrona ou geoestacionária no plano equatorial, em um ponto
estável que o mantém em um local fixo no espaço. Isso é uma grande vantagem para
comunicações via Satélite, porque a direcção apontada permanece fixa no espaço e uma antena
terrestre não precisa rastrear um Satélite em movimento. Uma desvantagem desta órbita é o
longo tempo de atraso de propagação do sinal (latência de ~260 ms), que pode afectar a
sincronização da rede ou afectar a comunicação de voz. [14]

Figura 2.8. Órbita GEO ou GSO. [10]

Se o raio da órbita for escolhido de forma que o período de revolução do Satélite seja
exactamente definido ao período de rotação da Terra, um dia sideral médio, define-se uma única
órbita de Satélite. Além disso, se a órbita for circular (excentricidade = 0˚) e a órbita estiver no
plano equatorial (ângulo de inclinação = 0˚), o Satélite parecerá pairar imóvel acima da Terra
no ponto subsatélite acima do equador. [14]

Da 3ª lei de Kepler, o raio da órbita GEO, 𝑟𝑆 é encontrado como órbita circular equatorial
geossíncrona ou geoestacionária. Um Satélite posicionado sobre a linha de Equador em GSO
ou GEO tem um período de revolução de 23 h 56 m 4,091 s sobre a Terra, que por coincidência
é o mesmo tempo que a Terra leva para completar seu movimento de rotação ou seja, os
Satélites que operam na GEO são posicionados de tal forma que giram com a mesma velocidade
angular que a Terra, e por consequência, eles estarão, portanto parados em relação à um
observador localizado na Terra e assim, um ponto na Terra se comunicará com o Satélite 24
horas por dia. Esta órbita, representada pela figura 2.8, corresponde a uma altitude média de
35.786 km, aproximadamente 36.000 km da superfície terrestre (nível do mar). [14]

20
Capítulo 2. Princípios Fundamentais de Comunicação Via Satélite

Um Satélite GSO vê cerca de um terço da superfície da Terra então, três (3) GSO
Satélites, colocados a 120˚ de distância cada no plano equatorial, poderiam fornecer cobertura
global, excepto para as áreas dos pólos Norte e Sul. [14]

Uma órbita perfeita como GEO, ou seja, uma com características exactamente iguais
ao GEO, não pode ser praticamente alcançado sem extensa manutenção de estação e uma
grande quantidade de combustível para manter a precisão posição necessária e porque existem
muitas outras forças que actuam ao Satélite além da gravidade da terra. Uma órbita GEO típica
em uso hoje teria um ângulo de inclinação ligeiramente maior que zero graus (0˚) e
possivelmente uma excentricidade que também excede zero graus (0˚). A órbita GEO do mundo
real é muitas vezes referido como uma órbita terrestre geossíncrona (GSO) para diferenciá-lo
da órbita geoestacionária ideal. [14]

Figura 2.9. Esquema da órbita geoestacionária. [27]

A órbita geossíncrona sofre de algumas desvantagens, embora seja a mais fortemente


implementada para os sistemas de comunicação actuais por causa de sua geometria fixa de
Satélite terrestre e sua grande área de cobertura. O comprimento do caminho longo produz uma
grande perda de caminho e uma latência significativa para a propagação do sinal de ondas de
RF e para o Satélite. O atraso bidirecional (até o Satélite e vice-versa) será de aproximadamente
260 ms para uma Estação Terrestre (ET) localizada em um local de latitude média. Isso pode
gerar problemas, principalmente para comunicações de voz ou para determinados protocolos
que não toleram grandes latências. [14]

A GSO não pode fornecer cobertura para locais de alta latitude. A latitude mais alta, na
qual o Satélite GSO é visível, com um ângulo de elevação da ET de 10° é de cerca de 70° norte
ou latitude sul. A cobertura pode ser aumentada um pouco pela operação em ângulos de
inclinação mais altos, mas isso produz outros problemas, como a necessidade de aumentar o
rastreamento da antena terrestre, o que aumenta os custos e a complexidade do sistema. [14]

21
Capítulo 2. Princípios Fundamentais de Comunicação Via Satélite

O número de Satélites que podem operar em GEO ou GSO é obviamente limitado,


porque existe apenas um plano equatorial, e os Satélites devem estar espaçados para evitar
interferências entre sí. A alocação de posições orbitais ou slots é regulada por tratados
internacionais pela ITU (União Internacional de Telecomunicações), em estreita coordenação
com bandas de frequência e alocações de serviços.

Alocações mais recentes colocam os Satélites na faixa de 2° à 4° de distância para cada


banda de frequência e alocação de serviço, o que significa que apenas 72 à 180 slots estão
disponíveis para uso global, dependendo da banda de frequência e serviço prestado.

2.4.5. Cinturas Van Allen

Existem duas zonas de elevada densidade de partículas radiativas em órbita da Terra,


denominadas de cinturões de radiação de Van Allen (descoberto por James Van Allen em 1958),
essas duas zonas em forma de toro de iões energéticos, protões e electrões presos no campo
magnético da Terra, e que compreendem as faixas de altitudes de 1500 - 5000 km e 13000-
20000 km, que podem danificar os circuitos electrónicos dos equipamentos a bordo de um
Satélite. [16]

Figura 2.10. Representação das altitudes das órbitas LEO, MEO, GEO e dos cinturões de radiação de Van Allen. [16]

2.4.6. Comparação entre as órbitas mais comuns

A tabela 2.2 apresenta, resumidamente, as principais características das órbitas mais


comuns e suas vantagens e desvantagens numa comparação relativa de um com os outros.

22
Tabela 2.2. Descrição entre as órbitas mais usados em comunicação via satélite

Tipo de Altitude Período de Visibilidade do RTT Número de


Aplicações Vantagens Desvantagens
Órbita (km) Revolução Sinal (latência) Satélites
Curta duração (5 a 8 anos)
Baixo custo de lançamento; de antena de rastreamento;
Dedicado para pesquisas
LEO 160 a 2.000 1h30min a 1h45min 15 minutos 1-17 ms 40 a 80 Pequena perda de caminho; Encontra cintos de radiação;
espaciais (laboratório espacial)
Baixa latência. Elevado custo operacional

Para navegação; Moderado custo de Exige antena de rastreamento


Para Satélites de lançamento; Alta latência e maior perda
MEO 10.000 a 24.000 5h48min a 14h38min 2 a 4 horas 35-85 ms 8 a 20
telecomunicações que cobrem Baixa latência de caminho que LEO;

23
os Pôlos Norte e Sul Menor visibilidade do sinal
Perigeu: 160 Cobre áreas inacessíveis Necessita de uma antena
Para Telecomunicações nas em altas latitudes do globo; direccionável para rastrear o
HEO mais de 24 horas 8 horas 3
Apogeu: 36.000 regiões (Árctico e Antárctico) Baixo custo de lançamento Satélite a partir da ES;
não cobertas por GEO em comparação a GEO; Menor visibilidade do sinal
É usado por Satélites Facilidade de rastreamento; Maior latência que todas;
Capítulo 2. Princípios Fundamentais de Comunicação Via Satélite

de telecomunicações Maior cobertura da Dificuldades em transmitir


GEO 36.000 23h56m4s 24h 270 ms 3 superfície terrestre (42%); perto da região polar;
Fácil devido ao Doppler; Maior perda de caminho;
Maior visibilidade do sinal
Fontes: Autores através de [13; 16; 29]
Capítulo 2. Princípios Fundamentais de Comunicação Via Satélite

2.4.7. Posições orbitais

As posições orbitais em um sistema de Satélites de comunicação desempenham um


papel importante na determinação da cobertura e das características operacionais dos serviços
prestados por esse sistema. É importante salientar que qualquer Satélite preciso de dois recursos
básico e escasso para operar: O espectro de radiofrequência e uma posição orbital no caso de
Satélite GSO ou de espectro de radiofrequências e de uma órbita no caso de Satélite NGSO.
[13]

Dada a quantidade limitada de espaço no anel GEO e os requisitos de espaçamento


necessários para evitar a interferência dos Satélites nas frequências de trabalho uns dos outros,
há apenas um certo número de “vagas de estacionamento” disponíveis para os Satélites.
Portanto, uma entidade não pode lançar, quer queira quer não, um Satélite na GEO ou outra
órbita sem alguma forma de cooperação e colaboração entre as outras entidades que também
tem Satélites nessas órbitas. Qualquer país que deseja utilizar parte desses recursos de Satélite
deve passar por um processo chamado arquivamento para usufruir de reconhecimento e
protecção internacional. Quando o processo de arquivamento é finalizado, os recursos são
registrados em um banco de dados gerenciado pela ITU denominado MIFR (Master
International Frequency Register). [16]

A ITU é uma agência das Nações Unidas responsável por atribuir e alocar “vagas de
estacionamento” ou slots orbitais no GEO para Satélites. Com sede em Genebra, é também a
principal agência responsável por resolver quaisquer disputas relacionadas à interferência de
frequência entre diferentes entidades globais. A ITU dividiu o espaço GEO em 180 posições
orbitais, separada uma da outra de um ângulo de dois graus (2°), que anteriormente era de quatro
graus (4°) devido aumento significativo de números de Satélites agora alocados. [16]
Actualmente a ITU é constituído por três (3) sectores básicos:

 Sector de Radiocomunicações (ITU-R): para a alocação e uso do espectro


electromagnético;
 Sector de Telecomunicações (ITU-T): para as questões técnicas e recomendações para
a padronização internacional;
 Sector de Desenvolvimento (ITU-D): no âmbito de desenvolvimento em escala
mundial.

24
Capítulo 2. Princípios Fundamentais de Comunicação Via Satélite

Figura 2.11. Posições orbitais dos Satélites GEO. [16]

A dificuldade em obter uma posição orbital é um dos factores que torna a comunicação
via Satélite um pouco tanto difícil de materializar, isso deve-se pelo facto das órbitas de
operação de Satélites, principalmente a GEO estar quase ocupadas pelos denominados gigantes
espaciais (como USA, China. Rússia, Europa, etc.). De modos a tornar o negócio mais rentável
em um período de tempo não muito prolongado, os concessionários de Satélites devem negociar
uma posição orbital que permitisse que os beams de seus Satélites cobrissem maiores áreas
geográficas possíveis, dependendo da capacidade dos Satélites e assim, levar mais interesse dos
clientes regionais ou Internacionais em aderir os serviços por eles prestados, conforme
acontecerá com o Angosat-2.

Figura 2.12. Satélites comerciais de comunicação na órbita GEO. [29]

A ITU dividiu o mundo em três (3) regiões, com se segue abaixo:

 Região 1: Europa, Oriente Médio, Rússia e África;


 Região 2: Américas;
 Região 3: Ásia, Austrália e Oceânia.

25
Capítulo 2. Princípios Fundamentais de Comunicação Via Satélite

Figura 2.13. Regiões para alocação de frequências segundo ITU. [Anónimo]

2.5. Zonas de cobertura de satélite. Conceitos de beam de satélites

A cobertura ou zona de cobertura de um Satélite é a área geográfica da terra coberta pela


radiação de micro-ondas de antena parabólica de um Satélite situado numa determinada órbita
espacial a milhares de quilómetros de distância em relação a terra.

Em outras bibliografias, define-se como a área na qual um sinal de transmissão de um


determinado Satélite pode ser recebido ou ainda a área na superfície da Terra dentro do campo
de visão do transponder (transmissor ou sensor) de um Satélite. [29]

Figura 2.14. Zona de cobertura ou beam de uma satélite. [29]

Os Satélites também são classificados quanto à sua cobertura na superfície da Terra.


Dependendo da abrangência geográfica de seus feixes, são classificados em REGIONAIS,
INTERNACIONAIS ou GLOBAIS. Satélites regionais possuem feixes cuja cobertura é restrita
a alguns países ou menores. Satélites Internacionais ou globais possuem feixes de cobertura
mundial, geralmente através de redes. [29]

26
Capítulo 2. Princípios Fundamentais de Comunicação Via Satélite

2.6. Topologias de redes VSATs

Em comunicação via Satélite, as redes que interligam os diferentes componentes são


agrupados de acordo com topologia das suas arquiteturas conforme se seguem nos pontos
abaixo.

2.6.1. Topologia ponto-a-ponto

A topologia ponto-a-ponto (SCPC-Single Channel Per Carrier) é a topologia de rede


mais simples. Nessa topologia duas (2) estações terrestres comunicam-se com a outra usando
duas frequências, uma em cada direcção de uplink e downlink respectivamente, isso oferece a
latência mais baixa (250 ms) e é adequado sobretudo para serviço de voz, onde se pretende que
a informação seja recebida com menor atraso possível. Outro pormenor a considerar nessa
topologia são custos económicos que são significativamente menor do que quando se investe
em topologia que exige ou não HUB para seu funcionamento, mas em contra partida, torna-se
economicamente dispendioso quando o número de terminais se aproxima de 100 sites. [29]

A taxa de dados de um circuito na topologia ponto-a-ponto pode ser aumentada


rapidamente sem quaisquer custos adiccionais de hardware do lado de ES (desde que o HPA
tenha espaço suficiente em termos de potência e haja segmento de espaço disponível). [29]

A topologia SCPC suportam comunicações unidirecional (Simplex) ou bidirecionais


(Duplex), com altas taxas de transmissão de dados (com ou sem a coordenação de uma estação
Master ou HUB para gerir a rede, neste último caso, atribui-se a responsabilidade a operador
de Satélite), que podem atingir débitos tipicamente de 9.6 Kbps a 2.0 Mbps. Com a coordenação
de uma estação Master a configuração é mais complexa. [23] A topologia SCPC pode ser
considerado um link dedicado por não partilhar seu spread spectrum.

Figura 2.15. Topologia SCPC. [3]

27
Capítulo 2. Princípios Fundamentais de Comunicação Via Satélite

2.6.2. Topologia em estrela

A topologia de rede mais comum é a estrela (às vezes chamada de HUB-Spoke).


Normalmente, a HUB usa uma antena grande, Master com 9 metros de diâmetro quando opera
na banda-Ku ou 11 metros diâmetro quando opera na banda-C e o roteador da HUB está
conectado directamente a uma conexão de backbone de Internet de nível 1 ou 2. [29]

Na configuração ou arquitetura Estrela, todo o tráfego de rede para um ou vários VSATs


remotos é roteado e gerenciado por meio do HUB, reduzindo desta forma possibilidades de
falhas. Se o tráfego é destinado a um outro VSAT, ele deve obrigatoriamente passar pela HUB
somente depois chegará ao destino, o que apresenta com isso, latência de cerca de 600 ms (salto
duplo). A configuração é adequada para acessos remotos que desejam acessar a Internet. [29]

A maioria das redes configuradas em Estrela usam uma única portadora de saída TDM
da HUB e várias portadoras de entrada TDMA ou FDMA dos locais remotos. O exemplo deste
tipo de topologia é ilustrado na figura 16. As principais vantagens de uma rede em topologia
estrela incluem [29]:

 Centralização: controle central de rede pode determinar os fluxos de tráfego, utilização


de capacidade de largura da banda e uso dos serviços disponíveis;
 Melhor desempenho: dependendo das capacidades da HUB, um grande número de sites
remotos locais podem ser mantidos na mesma rede;
 Simples: topologia simples de implementar, simples de controlar, simples de entender
em termos de arquitetura e sem interrupções de rede ao adiccionar ou remover remotos.

Figura 2.16. Topologia Estrela. [29]

28
Capítulo 2. Princípios Fundamentais de Comunicação Via Satélite

2.6.3. Topologia malha

A topologia malha ou mesh é usada principalmente em aplicações de telefonia em tempo


real ou videoconferência. Ele permite que vários sites remotos (VSATs) se comuniquem uns
com os outros através de um única hiperligação de Satélite, resultando em um atraso mínimo
entre a transmissão e a recepção do sinal devido à sua natureza de “salto único”. Em termos
económicos, a topologia malha é mais dispendioso. [29] A figura 2.17 mostra a arquitetura de
que é feita esta topologia de rede. Outras vantagens que incluem uma topologia malha:

 Eliminação de problemas de tráfego, geralmente associados com links compartilhados;


 Continuidade: se um link falha, este não afecta o resto da estrutura da rede que pode
funcionar corretamente;
 Privacidade e segurança: os dados só podem ser visto pelo destinatário;
 A tecnologia Mesh permite a conexão e desconexão de novos centros, sem recorrer à
configuração manual da rede.

Figura 2.17. Topologia malha ou mesh. [29]

2.6.4. Topologia híbrida

A topologia híbrida da rede VSAT é basicamente uma combinação de duas (2)


topologias, entre os quais: topologias estrela e malha. Esta topologia permite que HUB envie
informações aos sites remotos (VSATs) e os remotos em sí são configurados a comunicarem-
se com outros VSATs. [29]

Figura 2.18. Topologia híbrida. [29]

29
Capítulo 2. Princípios Fundamentais de Comunicação Via Satélite

2.7. Técnica de acesso múltipla

O acesso múltiplo corresponde à possibilidade de mais de um usuário ou estações


terrestres terem acesso simultâneo aos recursos disponíveis através do transponder do mesmo
Satélite. Os transponders são normalmente alugados por uma companhia com a finalidade de
fornecer transmissão com diferentes informações para um certo número de usuários. [16]

Os métodos pelos quais as redes VSATs optimizam o uso da capacidade do Satélite e a


utilização do espectro de forma flexível e económica, dependendo do método ou técnica de
acesso pelo qual o Satélite foi projectado. Cada topologia e aplicação está intimamente
associada a um esquema de acesso de Satélite apropriado. [17]

Para que as comunicações aconteçam entre as remotas VSATs e a HUB, é preciso que
a uma estação remota esteja associado um canal de RF. Essa associação pode ser permanente
ou por demanda, variando dinamicamente. Quando a associação é permanente, existe um canal
fixo para cada VSAT e neste caso, temos o método de alocação do tipo PAMA (Permanent
Assignment Multiple Access) ou Acesso Múltiplo com Alocação Permanente. [17]

Quando a alocação é dinâmica existe um pool de canais administrados pela estação HUB
do qual são alocados os canais para cada VSAT na medida em que são solicitados e para o qual
são liberados ao término do uso. Neste caso, temos o método de alocação DAMA (Demand
Assignment Multiple Access) ou Acesso Múltiplo com Alocação por Demanda. [17]

2.7.1. Tipos ou métodos de acesso

Seja a alocação de canais PAMA ou DAMA, existe uma variedade de métodos de acesso
e partilhamento de canais e são usados frequentemente os códigos correctores, como: FEC com
táxas de 1/2 ou 3/4 e detectores de erros, para correção de erros, ambos através de redundância.
[17] As técnicas de acesso em comunicação via Satélite são muitas mas neste trabalho
abordaremos apenas as principais, conforme se segue abaixo.

 TDMA (Time Division Multiple Access) ou Acesso Múltiplo por Divisão de Tempo:
permite que os usuários acessem a capacidade do transponder através do intervalo de
tempo, onde em cada instante um terminal utiliza os recursos disponíveis para se
comunicar e é o método mais amplamente utilizado nas redes VSATs comerciais. A
variante mais utilizada desta técnica é o TDMA-DA (Demmand Assignment) com HUB
responsável por alocar o slot para cada terminal VSAT de acordo com a transmissão
30
Capítulo 2. Princípios Fundamentais de Comunicação Via Satélite

previamente requerida. Esse tecnologia possibilita atender vários tipos de perfis de


tráfego de usuários e por isso é muito frequente seu uso em sistemas com topologia em
estrela. [16, 17]

Figura 2.19. Técnica de acesso TDMA. [18]

 FDMA (Frequency Division Multiple Access) ou Acesso Múltiplo por Divisão de


Frequência: nesta técnica, a largura de banda do canal do transponder do Satélite é
dividida em diferentes bandas de frequência para diferentes estações terrenas. Isso
significa que bandas de guarda são necessárias para fornecer separação entre as bandas,
evitando se assim prejuízo por interferência. Aqui, todos os VSATs compartilham o
recurso de Satélite apenas no domínio da frequência. A técnica se apresenta
extremamente ineficiente em termos de ocupação do Satélite para tráfegos interativos e
é normalmente implementado em sistemas com topologia malha ou topologia de único
salto ao Satélite. [16]

Figura 2.20. Técnica de acesso FDMA. [18]

 FTDMA (Frequency Time Division Multiple Access) ou Acesso Múltiplo por Divisão
de Frequência e Tempo: essa técnica consiste na combinação das duas(2) referidas
anteriormente, isto é, TDMA e FDMA respectivamente, onde cada canal está associado
a um par ordenado de frequência e intervalo de tempo. Uma paortadora única, formada

31
Capítulo 2. Princípios Fundamentais de Comunicação Via Satélite

pela multiplexação de todos os pacotes que serão direccionados para as diferentes


VSATs na rede, é utilizada para envio de informação da HUB para as VSATs. Cada um
é capaz de receber todo o tráfego do outbound, mas é limitada a decodificar somente os
pacotes a ele destinados. [17]

 CDMA (Code Division Multiple Access) ou Acesso Múltiplo por Divisão de Código:
neste método utiliza se a técnica de espalhamento espectral (spread spectrum), cada
terminal está associado um único código de ruído pseudorrandómico para representar
cada bit de dados a ser transmitido e é utilizado para codificar e decodificar suas
transmissões. [10]

Vários terminais VSATs podem transmitir simultaneamente, compartilhando a mesma


banda de frequência, sendo os sinais separados pela HUB na recepção. A transmissão da HUB
também é codificada da mesma forma, porém um único código é atribuído a ela, o que permite
a recepção por todos os terminais. O CDMA caracteriza-se por ser um método de se usar a
capacidade do Satélite, no entanto apresenta grande resistência a interferências externas e gera
menos interferências que os outros métodos [10; 17]

Outro sim, necessita de uma grande largura de banda, o que se refle em uma ineficiência
no uso do transponder. É, portanto, adequado para aplicações com baixa taxa de dados (menor
que 9.6kbps) e aplicações que necessitem do uso do sistema spread spectrum (SS/CDMA) para
a coordenação de frequência, devido as restrições quanto a interferência (como, por exemplo,
redes VSATs operando na banda-C). [21]

Figura 2.21. Técnica de acesso CDMA. [18]

2.8. Bandas de frequências de operação em comunicação via satélite

Em comunicação via Satélite utiliza-se uma combinação de frequências denominadas


em bandas que estão dentro do espectro electromagnética disponível com o objectivo de
transmitir as informações ou dados.

32
Capítulo 2. Princípios Fundamentais de Comunicação Via Satélite

2.8.1. Espectro disponível

O espectro de radiofrequência está muito congestionado e é partilhado entre diferentes


serviços ou tecnologias (comunicações terrestres e por Satélite, radar, etc.). O espectro é
controlado por várias autoridades para que um usuário não cause interferência em outros. [29]
As bandas de frequências alocadas para sistemas de comunicação via Satélite estão nas bandas
de micro-ondas, isto é, em UHF (Ultra High Frequency: 300 MHz - 3 GHz) e SHF (Super High
Frequency: 3 GHz - 30 GHz). [15]

A banda é dividida em várias sub-bandas comuns e cada sub-banda é então dividida em


duas ou mais bandas usadas para uplink ou downlink. Geralmente, uma banda é a frequência ou
um conjunto de frequências utilizadas para a comunicação (transmissão e/ou recepção de
informações ou dados) sem fio. Por uma questão de flexibilidade nas alocações de frequências,
a ITU separou o mundo em três (3) regiões, conforme discutido anteriormente neste trabalho e
cada região pode ter sua própria tabela de alocação de frequências e prioridades associadas, por
essa razão estas frequências devem ser bem geridas, porque a frequência é um recurso limitado,
razão pela qual é recomendável o seu bom uso. [29]

Figura 2.22. Faixa de frequência para operação das bandas de frequências de sistemas via satélite. [18]

2.8.2. Operadoras de Satélites

A maioria das grandes frotas de Satélites pertencem e são controladas por apenas
algumas empresas (Intelsat, Eutelsat, New Skies, SES, etc.). Cada operadora de Satélite possui
um conjunto de especificações técnicas que o usuário deve cumprir de modos a estabelecer
harmonia no sistema. Para ter acesso ao Satélite, é necessário registrar o terminal (HUB) e
realizar alguns testes. As especificações estão contidas em um guia de operações e os
procedimentos dentro do procedimento relativamente formalizado ou de programação. [29]
33
Capítulo 2. Princípios Fundamentais de Comunicação Via Satélite

Figura 2.23. Operadoras de satélites mais conhecidas. [29]

2.8.3. Tipos de bandas e faixas de frequências de operação

O conceito de banda na classificação dos Satélites envolve as faixas de frequência tanto


para o uplink (sentido ascendente da ES para Satélite) quanto para o downlink (sentido
descendente do Satélite para ES). O downlink e o uplink operam em faixas de frequências
diferentes (ver a tabela 2.3) a fim de reduzir substancialmente a interferência mútua entre eles.
[17]

Cada uma destas faixas citadas acima são mais recomendadas a determinados tipos de
aplicações, onde as frequências mais utilizadas para comunicação via Satélite actualmente são
as da banda-C e banda-Ku, que é a banda mais popular Internacionalmente, pois permite cursar
um tráfego com antenas de menores tamanho (diâmetro) que as usadas na banda-C, por operar
em frequências mais altas. Entretanto, pelo mesmo motivo, a transmissão em banda-Ku é mais
suscetível as interrupções causadas pela chuva, por exemplo. Desta forma, a banda-C é mais
popular em países tropicais, como Angola. Dependendo da intensidade da chuva, uma
interrupção ou degradação do link via Satélite pode ocorrer, tornando interrupto o serviço
prestado. [17]

A banda-C, actualmente com menos uso em novos projectos, foi a primeira a ser
explorada comercialmente devido a sua cobertura ser mais ampla. Esta banda apresenta elevada
interferência terrestre dificultando, principalmente, a recepção, já que os links de micro-ondas
de RF operam nesta mesma faixa no espectro electromagnético. [17]

A banda-Ka, além de sofrer a interferência da chuva utiliza uma banda de frequências


muito altas. Por este motivo, os equipamentos utilizados em banda-Ka são muito caros e de
difícil desenvolvimento. [17]

34
Capítulo 2. Princípios Fundamentais de Comunicação Via Satélite

O maior inconveniente da transmissão via Satélite é a latência de propagação, foi


minimizado com “códigos corretores de erros” (FEC-Forward Error Correction) poderosos,
que diminuíram bastante o número de retransmissões de mensagens. A diferença básica entre
transmissão de dados terrestre e via Satélite é exactamente a latência de propagação. O sinal de
rádio, se propagar próximo à velocidade da luz, leva cerca de 270ms para viajar da Terra ao
espaço geoestacionário e deste de volta à Terra. Uma aplicação que requeira, a transmissão e a
resposta associada (ACK acknowledgment) leva, portanto, 540ms para ser concluída. Na
prática, retardos adicionais nas Estações Terrenas envolvidas acabam levando esta latência total
para cerca de 600ms. [17]

Tabela 2.3. Bandas de operação e faixas de frequências em comunicação via Satélite

Banda Faixa do Uplink Faixa do Downlink Observações Relevantes


1626,5 - 1645,5 MHz 1525 - 1544 MHz
L 1646,5 - 1652,5 MHz 1545 - 1551 MHz Empregado em aplicações de sensoriamento

1574,4 - 1576,6 MHz


Sinais menos sujeitos as interferências atmosféricas
Usa antenas maiores, 2,4m de diâmetro em média
C 5850 - 6425 MHz 3625 - 4200 MHz Sujeito a maior interferência com sistemas
terrestres
Maior cobertura e custos elevados de equipamentos
X 7965 - 8025 MHz 7315 - 7357 MHz Usado para serviços militares em muitos países
Usa antenas menores, 1,5m de diâmetro em média
Sujeito a menor interferência com sistemas
10,7 - 11,2 GHz terrestres
Ku 13,45 -14,50 GHz
Menor custo por terminal
11,45 - 12,20 GHz Sinais sujeitos a maior interferências atmosféricas
Menor cobertura e custos
Usa antenas de tamanho bastante reduzido
Ka 28,5 - 30,0 GHz 19,7 - 20,2 GHz
Sujeito altamente a interferência atmosférica
Fonte: Autores a partir de [17]

2.9. Sistema de comunicação via satélite e seus componentes

Depois de se debruxar sobre as topologias de redes através das suas arquiteturas típicas,
nessa secção descutiremos sobre os componentes de comunicação VSAT. Um sistema de
comunicação via Satélite é composto basicamente pelo Satélite e pelas Estações Terrestres.

35
Capítulo 2. Princípios Fundamentais de Comunicação Via Satélite

Além destas, ainda podem existir estações responsáveis pelo gerenciamento da comunicação.
Agrupamos os componentes do sistema em dois (2) segmentos, como se segue na figura abaixo.

Figura 2.24. Componentes do sistema via Satélite. [8]

2.9.1. Subsistema espacial. Satélite e sua descrição

De uma forma mais técnica, podemos dizer que o Satélite é uma estação repetidora de
sinais provenientes da Terra. O Satélite é sem dúvida o primeiro e mais crítico componente do
sistema VSAT. Caso haja algum problema nos seus diferentes subsistemas (por exemplo, nos
seus paineis solares ou controlo do seu sistema geonavegação) inviabiliza-se a comunicação e
por falta de técnicas e tecnologias que possibilitam de ter um engenheiro orbitando junto do
Satélite a 36.000 Km de altura, fica difícil a manutenção quando ocorrem problemas. [4; 17]

A plataforma dos Satélites artificiais é dividida em subsistemas. Isto é feito para


sistematizar o trabalho de engenharia requerido no projecto, montagem e teste, dividindo-o em
áreas de competência. [25] Os subsistemas usualmente encontrados são os seguintes:

 Subsistema de propulsão: Este subsistema inclui todos os motores responsáveis pelo


posicionamento do Satélite na sua órbita. É formado pelos pequenos motores chamados
de thrusters que auxiliam neste processo, pois os Satélites necessitam de constantes
ajustes de posição devido à presença dos ventos solares e das forças gravitacionais e
magnéticas que os tiram da posição correcta. Por isso, comandos vindos de uma estação
de controle na Terra procuram actuar sobre esses pequenos motores. [17]

36
Capítulo 2. Princípios Fundamentais de Comunicação Via Satélite

 Subsistema de potência: É o responsável de gerar e armazenar a electricidade em


baterias, a partir da energia colectada pelos painéis solares. Fornece potência para todos
os demais subsistemas. [17]
 Subsistema de comunicação: Manipula todas as funções de transmissão e recepção de
sinais vindos da Estação Terrestre. Neste subsistema encontram-se as antenas e os
transponders, formados por circuitos electrónicos que realizam processamentos dos
sinais, tais como: detecção, o ganho de potência por meio do LNA (Lower Noise
Amplifier), a filtração, a translação de frequência e a retransmissão do sinal (HPA). Um
Satélite geralmente é composto de vários transponders que actuam como unidades
independentes de repetição, cada um ocupando uma faixa exclusiva de frequências,
sendo importante para aumentar a confiabilidade e versatilidade do Satélite em termos
de aplicação. [17]

Nota: Os mais modernos Satélites são compostos de 24 transponders, cada um com largura de
banda que chega até 110 Mbps. A largura de banda pode ser combinada de diversas formas,
desde que o bit rate total permaneça contido no limite do transponder. [4]

Figura 2.25. Diagrama em bloco básico do transponder. [17]

 Subsistema de estrutura: corresponde a estrutura fisica do dispositivo Satélite, fornece


o suporte mecânico e de movimento para as partes do Satélite. Também oferece
protecção contra as vibrações durante o lançamento e contra a radiação em órbita. É
formado por: estrutura primária e secundária, mecanismos de abertura de painéis solares
e de separação do lançador e de abertura de antenas, dispositivos pirotécnicos,
mecanismos de extensão, alinhamento e suspensões com amortecedores. [17]
 Subsistema de controle térmico: mantém a temperatura do Satélite a níveis aceitáveis
para o seu correcto funcionamento. O excesso de calor é eliminado de forma a não
provocar interferência em outro Satelite na mesma órbita. [17]
 Subsistema de controle e posicionamento: Tem a função de procurar manter o footprint
do Satélite em sua correcta localização de que foi projectado. Caso a cobertura se mova
sobre a superficie terrestre, a área descoberta ficará sem os serviços que para ali foram

37
Capítulo 2. Princípios Fundamentais de Comunicação Via Satélite

designado, então, é neste caso que este subsistema intervem, alertando o subsistema de
propulsão para accionar os thrusters que moverão o Satélite para sua correcta posição
orbital. [17]
 Subsistema de comando e telemetria: Fornece mecanismo para que uma Estação
Terrestre tenha condições de monitorar e controlar acções de um Satélite através de
envio e recepção dos dados que permitem o acompanhamento do funcionamento e
comando do Satélite a partir da órbita e é formado basicamente por: transmissores,
receptores e antenas. [17; 24]

2.26. Diagrama em bloco de subsistemas de segmento espacial. [24]

Para melhor compreensão dos conceitos acima descutidos, na figura 2.26 ilustra-se
como os subsistemas estão compostos e agrupados e no anexo 5 procurou-se ilustrar a
arquitetura física do Satélite e lembrar que os Satélite apresentam configurações físicas
diversificadas, resultado de processos de engenharia que visam obter um projecto que cumpra
os requisitos de desempenho e confiabilidade a um custo mínimo do próprio Satélite, durante
seu lançamento e operação.

38
Capítulo 2. Princípios Fundamentais de Comunicação Via Satélite

2.9.2. Subsistema terrestre

O subsistema terrestre em comunicação via Satélite é constituído pelo segmento


terrestre que compreende Estações Terrestres destinadas exclusivamente à manutenção e
operação do Satélite e outras para o fim principal do sistema que é o serviço de comunicação
entre usuários, geralmente classificadas e designadas conforme a relação abaixo. [24]

Estação Terrestre (ET ou ES-earth station) de Comunicação: destinadas exclusivamente


aos serviços de voz, comunicações de dados, transmissão e recepção de TV, etc. Constituem os
principais objetivos do sistema, sendo geralmente classificada como [16]:

 HUB ou MASTER: estação central colectora e/ou distribuidora de informações de uma


determinada rede de estações remotas instaladas em diferentes pontos geográficos;
 REMOTA: estação terminal de usuário, classificada em: TVRO e VSAT.

Figura 2. 27. Diagrama em bloco de subsistema terrestre. [16]

2.9.2.1. HUB ou Estação Master

Analisando agora o HUB, observa-se pela figura 2.24 que para além de uma antena
Master e seus constituintes, tem-se também um sistema de gestão cujos alguns computadores
estão ligados fisicamente a esta unidade. O primeiro deles é o anfitrião (Host Computer), com
a função de fornecer a informação necessária às estações ou conectá-las a uma rede externa. O
centro de informações (Information Center) é utilizado para guardar as informações dos
clientes, podendo ser convertido para uma estação junto ao HUB. E, finalmente, NMS (Network
Management System) é utilizado pelo gerente da rede. Por meio do NMS podem-se monitorar
e controlar o uso do transponder pelas diversas transmissões em termos de potência e faixa

39
Capítulo 2. Princípios Fundamentais de Comunicação Via Satélite

ocupada, o tráfego, além de executar diagnósticos e relatórios estatísticos em tempo real do


tráfico da rede. [10; 17]

Figura 2.28. Sala de controlo da HUB-Multitel. [Autores]

Figura 2.29. Estrutura real de uma HUB e seus equipamentos RF. [Autores]

2.9.2.2. Terminal VSAT

As estações VSATs são infraestruturas que fornecem serviços solicitados aos usuários
finais de uma rede via comunicação Satélite e podem com uma única antena agrupar vários
tipos de serviço. Pode ser visto na figura 2.24 que uma única estação pode agrupar serviços
como: ATM (caixa electrónico), terminais isolados que são conectados a mainframes, serviço
de telefone, rede para computador e videoconferência. [24] Um terminal VSAT consiste
tipicamente de seguintes componentes:

 Conjunto antena e sua infraestrutura de suporte: equipamento responsável pela


irradiação e recepção um sinal a partir de uma região, passando por um Satélite e

40
Capítulo 2. Princípios Fundamentais de Comunicação Via Satélite

recebido por HUB ou antena Master de um determinador provedor de serviço. O


conjunto antena e sua infraestrutura (canister, mastro, perfis de suporte e componente
elevação-azimute) denomina-se estação remota ou site.
 Unidade externa (outdoor unit - ODU): constituídos pelo conjunto: LNA (Low Noise
Amplifier), FEED e BUC (Block Up Converter);

Figura 2.30. Unidade externa (ODU). [Autores]

 Cabos e conexões (conectores): Os tamanhos mais comuns dos cabos coaxiais são: RG-
6 (6,15 mm), RG-11 (10,30 mm), RG-58 (4,95mm), RG-59 (6,15mm), RG-62 (6,15
mm), RG-12 (14.10mm) e RG-213 (10,33mm);
 Unidade interna (indoor unit - IDU): constituído tipicamente pelo Modem, responsável
por modulação e demodulação dos sinais de uplink e downlink em frequência adequadas
para as respectivas finalidades.

Figura 2.31. Unidade interna (Modem Gilat SkyEdge II IP). [Autores]

A antena e a ODU realizam a conversão em frequência e amplificação do sinal de uplink


(Power Amplifier - PA e Frequency Converter) e o de downlink é realizado pelo módulo LNA.
A função da IDU, de uma maneira genérica, é fornecer a interface para carregar os serviços do
usuário. Além disso, existe o bloco Base Band Controller que limita o uplink e o downlink da
comunicação. O consumo de energia para o funcionamento das estações VSAT é muito baixo,
que não acedem os 50 W. A IDU se conecta à ODU por meio de cabos coaxiais, cuja distância
máxima varia de 50 a 100 metros e a transmissão é feita na Frequência Intermediária (FI),
geralmente na faixa de 2 GHz. [17]

41
Capítulo 2. Princípios Fundamentais de Comunicação Via Satélite

Figura 2.32. Equipamentos de um terminal remoto ou VSAT. [Autores; 13]

2.10. Conceitos de beacons de operadores de satélites

O beacon do Satélite é um sinal muito fraco da ordem de 1.5 × 10−15 𝑊 (1.5 feto Watts)
ou seja menos 118 dBm - normalmente não modulado, cuja finalidade é permitir o apontamento
como telemetria, pesquisa. O sinal é “transposto” sucessivamente e amplificado em unidades
conversoras de forma a colocar o beacon centrado na IF de 70 MHz no “beacon receiver” que
selecciona um dos pilotos (cada Satélite tem mais do que 1) fornecendo um sinal DC à unidade
de controlo da antena. [19]

Os sinais de beacon estão distribuídos no meio dos transponders de dados e os mesmos


podem estar até 50 dB abaixo dos níveis das portadoras comuns. O receptor de beacon deve
localizá-lo e medir a sua potência. Os sinais de beacon apresentam-se desde CW- Continuos
Wave, até portadoras em spread spectrum. Sintonizar (picking up) um sinal de beacon exige
alguma prática. [19]

Figura 2.33. Sinal de beacon de Eutelsat E3B optido em teste laboratorial.


[Autores]

Esta unidade é pois responsável pelas decisões de optimização do sinal de pesquisa da


antena face ao Satélite, gerando os comandos de azimute e elevação adequados. Por seu lado
transdutores tipo “Synchros ou potenciómetros variáveis” em cada um dos eixos da antena

42
Capítulo 2. Princípios Fundamentais de Comunicação Via Satélite

fornecem feedback da posição em cada instante para um display centralizado na sala de


comando. [19]

2.11. Tipos de serviços em comunicação via satélite

A tecnologia via Satélite permite o fornecimento de diversos tipos de serviços para os


mais diversos segmentos da vida cotidiana, como agricultura, educação, construção civil,
economia e finanças, serviços governamentais, transporte, saúde, ciência. engenharia, entre
outros. [21] Os sistemas de comunicação via Satélite podem ser divididos em três (3) tipos de
serviços, como sugerido pelo ITU [21]:

a) Serviço Fixo via Satélite ou FSS (Fixed Satellite Service);


b) Serviço Móvel via Satélite ou MSS (Mobile Satellite Service);
c) Serviços de difusão.

Os três (3) tipos de serviços mencionados acima dos quais estão divididos as
comunicações via Satélite podem ser agrupados em diferentes aplicações nos diversificados
segmentos da vida, a citar: Transmissão de TV (DTH), VSAT, Transmissão de TV para
usuários móveis (S-DMB), Backhaul de rede celular (2G/3G/4G e agora 5G), Banda larga de
Internet, GPS (para navegação terrestre, marítima e aérea), Comunicação militar, Telefonia
fixa. [21] A figura 2.34 ilustra acessibilidade de comunicação VSAT em relação a fibra óptica
e cabos metálicos.

Figura 2.34. Aplicações de comunicação via satélite e ilimitação da sua tecnologia. [3]

43
Capítulo 3. Parâmetros de links de
transmissão e recepção via Satélite
Capítulo 3. Parâmetros de Links de Transmissão e Recepção Via Satélite

3.1. Geometria dos links GSO

GSO é a órbita dominantemente usada para Satélites de comunicações. Para determinar


os parâmetros necessários para definir os parâmetros GSO que são usados para avaliar o
desempenho e o design do link de Satélite. [14] Os três (3) parâmetros principais para a
avaliação do link GSO são:

 d = alcance (distância) da estação terrena (ES) ao Satélite, em km;


 𝜑𝑧 = Ângulo de azimute da ES ao Satélite, em graus (˚);
 𝜃= Ângulo de elevação do ES ao Satélite, em graus (˚).

Os ângulos de azimute (𝜑𝑧 ) e de elevação (𝜃) são referidos como os ângulos de visão
da Estação terrestre ao Satélite como se vê na figura 3.1. e de lembrar que a antena deve ter
vista desobstruída ao Satélite, comparativamente à elevação. [11]

Figura 3.1. Ângulos de azimute e elevação. [11]

Os cálculos para os parâmetros GSO, alcance, ângulo de elevação e ângulo de azimute


descritas em diferentes bibliografias de Mecânica orbital que envolvem Satélites de
comunicação principalmente, são mais detalhistas, mas neste trabalho escolhemos apresentar
apenas os resultados finais desses complexos cálculos. [14] Desta feita, abaixo seguem os
parâmetros de entrada necessários para determinar os parâmetros GSO, que são:

 lE = Longitude da estação terrestre, em grau (°);


 lS = Longitude do Satélite, em graus (°);
 LE = Latitude da estação terrestre, em graus (°);
 LS = Latitude do Satélite em graus (assume-se ângulo de inclinação = 0˚);
 H = Altitude da Estação terrestre acima do nível do mar, em km.

Na figura 3.2 esclarece-se a definição de altitude da estação terrestre referida acima para
maior compreensão.

50
Capítulo 3. Parâmetros de Links de Transmissão e Recepção Via Satélite

Figura 3.2. Altitude da estação terrestre. [14]

Os valores dos sinais referentes a longitude e a latitude são baseados na convenção de


sinais mostrada na figura 3.3, para isso, consideram-se as longitudes a Leste do meridiano de
Greenwich e as latitudes ao Norte do Equador positivas. [14]

Figura 3.3. Convecção de sinal para longitude e altitude. [14]

Nota: A convenção de sinais referidos na figura 3.3 deve ser obedecida.

Os parâmetros adicionais necessários para os cálculos de geometria de links GSO são


[14]:

 Raio Equatorial: re = 6378,14 km


 Raio Geoestacionário: rS = 42164,17 km
 Altura Geoestacionária (Altitude): hGSO = rS − re = 35786,03 km
 Excentricidade da Terra: ee = 0,08182

Para finalizar, o parâmetro adicional necessário para o cálculo dos parâmetros GSO é o
diferencial de longitude, B, que define-se como a diferença entre a Estação terrena e as
longitudes do Satélite [14]:

B = 1E − 1S (3.1)

3.1.1. Faixa de Satélite. Alcance do Satélite

A determinação do alcance do Satélite a partir da estação terrestre requer o raio da Terra


na latitude e longitude da estação terrestre, R. Determina-se conforme a equação abaixo [14]:

51
Capítulo 3. Parâmetros de Links de Transmissão e Recepção Via Satélite

R = √I2 + z 2 (3.2)
Sendo:

re
I=( + H) cos(LE ) (3.3)
√1−e2e sin2 (LE )

re (1−e2e )
z=( + H) sin(LE ) (3.4)
√1−e2e sin2 (LE )

O intervalo de alcance entre a estação terrestre e o Satélite, d é então encontrado a partir


da equação final [14]:

d = √R2 + rs2 − 2Rrs cos(ΨE ) cos(B) (3.5)

Sendo o ângulo intermediário ΨE, definido como:

Z
ψE = tan−1 ( I ) (3.6)

Este resultado usa-se para determinar vários parâmetros importantes para análise de link
de Satélite, incluindo a perda de caminho de espaço livre, que depende directamente do
comprimento completo do caminho da antena da estação terrestre à antena do Satélite. [14]

3.1.2. Ângulo de elevação e azimute para satélite

O ângulo de elevação da antena da estação terrestre para o Satélite, θ é determinado a


partir da equação (3.7). [14]

re +hGSO
θ = cos −1 ( √1 − cos 2 (B)cos 2 (LE )) (3.7)
d

O ângulo de elevação é um parâmetro importante porque determina o caminho inclinado


através da superfície atmosférica da Terra e será o principal parâmetro na avaliação de
degradações atmosféricas como como: atenuação de chuva, atenuação gasosa e cintilação no
caminho. Geralmente, quanto mais baixo é o ângulo de elevação, mais intensos serão as
degradações atmosféricas, porque mais degradação da atmosfera estará presente para interagir
com a onda de rádio no caminho para o Satélite. [14]

52
Capítulo 3. Parâmetros de Links de Transmissão e Recepção Via Satélite

O parâmetro final de interesse é o ângulo de Azimute da estação terrestre em relação ao


Satélite. Primeiro, um o ângulo intermediário, Ai deve ser encontrado a partir da equação (3.8)
e depois equacionar este resultado conforme as condições impostas na tabela 2.5. [14]

sin(|B|)
Ai = sin−1 ( sin(β) ) (3.8)

Onde: |𝐵| é o valor absoluto da longitude diferencial, dado em:

|B| = |1E − 1S | (3.9)


e

β = cos−1 [cos(B) cos(LE )] (3.10)


O ângulo de Azimute, φz determina-se a partir do ângulo intermédio, Ai descrito acima,
de um dos quatro (4) possíveis condições (ver figura 3.4), com base na localização relativa da
estação terrestre e do ponto subsatélite na superfície da Terra. [14]

A condição é determinada estando na estação terrestre e olhando na direcção do ponto


subsatélite (SS). Essa direcção dependerá de uma das quatro (4) possíveis direcções [14]:

 Nordeste (NE);
 Noroeste (NW);
 Sudeste (SE);
 Sudoeste (SW).

Figura 3.4. Condição de determinação de ângulo azimute. [14]

A equação resultante para determinar o ângulo de azimute, φz para cada uma das (4)
condições é dada na Tabela 3.1. [14]

53
Capítulo 3. Parâmetros de Links de Transmissão e Recepção Via Satélite

Tabela 3.1. Condições para Determinar ângulo de Azimute 𝜑𝑧

Condição = Figura 2.14


Ponto SS no NE da ES 𝐴𝑖 (a)
Ponto SS no NW da ES 360 − 𝐴𝑖 (b)
Ponto SS no SE da ES 180 − 𝐴𝑖 (c)
Ponto SS no SW da ES 180 + 𝐴𝑖 (d)
Fonte: Autores a partir de [14]

3.2.Link de radiofrequência

Aqui vamos tratar dos elementos fundamentais de Radiofrequência (RF) ou link de


espaço livre do sistema de Satélite de comunicações. Parâmetros básicos de transmissão, como:
ganho de antena, perda de caminho no espaço livre e a equação básica de potência do link serão
discutidos. O conceito de ruído do sistema e como ele é quantificado no link de RF é então
desenvolvido e parâmetros como potência de ruído, temperatura de ruído, figura de ruído e
figura de mérito são definidos. A relação portadora- ruído, energia de bit e os parâmetros
relacionados usados para definir o projecto e o desempenho do link de comunicação serão
discutidos com base no link básico e nos parâmetros de ruído do sistema apresentado. [14]

3.2.1. Fundamentos de transmissão

O segmento de RF (ou espaço livre) do link de comunicação via Satélite é um elemento


crítico que afecta o design e o desempenho deste sistema. O link de comunicação básico,
mostra-se na figura 3.5 identifica estes parâmetros básicos do link, que são [14]:

 𝑃𝑡 : potência transmitida em Watts (W);


 𝑃𝑟 : potência recebida em Watts (W);
 𝑔𝑡 : ganho da antena transmissora;
 𝑔𝑟 : ganho da antena receptora;
 𝑟: distância do caminho livre em metro (m).

Figura 3.5. Link básico de comunicação. [14]

54
Capítulo 3. Parâmetros de Links de Transmissão e Recepção Via Satélite

A onda eletromagnética (O.E.M) é referida como uma onda de rádio em RF é definida


dentro da sua faixa de frequência do espectro. A onda de rádio é caracterizada por variações de
seus campos elétricos e magnéticos em um determinado plano. O movimento oscilante das
intensidades de campo vibrante em um ponto particular no espaço a uma frequência 𝑓 excita
vibrações semelhantes em pontos vizinhos, e deste modo as ondas de Rádio se propagam. O
comprimento de onda (C.O), 𝜆 da onda de rádio é a separação espacial de duas oscilações
sucessivas, que é a distância que a onda percorre durante um ciclo de oscilação, conforme se
ilustra na figura 3.6. [14]

Figura 3.6. Definição de C.O. [14]

A frequência e o comprimento de onda no espaço livre estão relacionados segundo a


equação 3.11.

c
λ= (3.11)
f

Onde: 𝑐 é a velocidade da luz no vácuo, avaliação em 𝑐 = 3 × 108 𝑚⁄𝑠.

Algebrizando a equação 3.11, o comprimento de onda do espaço livre, 𝜆 para a


frequência, 𝑓 em giga Hertz (GHz) pode ser expresso como:

30 0,3
λ(cm) = f(GHz) ou λ(m) = f(GHz) (3.12)

3.2.1.1. Potência isotrópica efectiva radiada

Um parâmetro importante na avaliação do link de RF é a potência isotrópica efectiva


radiada, (eirp ou pier). [14] Usando os parâmetros introduzidos na figura 3.5, a 𝑒𝑖𝑟𝑝 define-
se matematicamente como:

eirp ≡ Pt g t (3.13)

Ou em decibel (dB)

EIRP (dB) = Pt + Gt (3.14)

55
Capítulo 3. Parâmetros de Links de Transmissão e Recepção Via Satélite

A potência isotrópica efectiva radiada (𝑒𝑖𝑟𝑝) serve como um único parâmetro de “figura
de mérito” para a porção de transmissão do link de comunicação. [14]

3.2.1.2. Densidade do fluxo de potência

A densidade de potência, a uma distância, 𝑟 da antena de transmissão com um ganho,


𝑔𝑡 é geralmente expressa em Watts por metro (W/m) e define-se como a densidade de fluxo de
potência (𝑝𝑓𝑑 ou 𝑑𝑓𝑝) e é um parâmetro importante na avaliação dos requisitos de energia e
níveis de interferência para redes de comunicação via Satélite. [14]

Figura 3.7. Densiadade de fluxo de potência. [14]

Portanto, a densidade do fluxo de potência é:


𝑃𝑡 𝑔𝑡 𝑒𝑖𝑟𝑝
(𝑝𝑓𝑑)𝑟 = = (𝑊 ⁄𝑚2 ) (3.15)
4𝜋𝑟 2 4𝜋𝑟 2

Expressa em dB, será:


Pt g t
(PFD)r = 10 log ( ) = 10 log Pt + 10 log g t − 20 log r − 10 log 4π
4πr 2
Com 𝑟 expresso em metros,

(PFD)r = Pt + Gt − 20 log r − 10.99


Finalmente:
(PFD)r = EIRP − 20 log r − 10.99 (dB) (3.16)

3.2.1.3. Ganho da antena

A potência de radiação isotrópica geralmente não é eficaz para links de comunicações


via Satélite, porque os níveis de densidade de potência serão baixos para a maioria das
aplicações (existem algumas excepções, como para redes móveis de Satélite). Alguma
directividade (ganho) é desejável para as antenas de Tx e Rx. Além disso, as antenas físicas não
são receptoras e/ou emissoras perfeitas, e isso deve ser levado em consideração na definição do
ganho da antena. [14]

As antenas físicas não são ideais, neste caso parte da energia recebida é refletida pela
estrutura e outra parte da energia é absorvida por componentes com perdas. Para melhor
56
Capítulo 3. Parâmetros de Links de Transmissão e Recepção Via Satélite

compreensão, a abertura efectiva, 𝐴𝑒 é definida em termos da sua eficiência de abertura, 𝜂𝐴 , de


tal modo que [14]:

Ae = ηA A (3.17)

Então, define-se o ganho real ou ganho físico da antena conforme a equação abaixo:

4πAe 4πA
g real ≡ g = = ηA (3.18)
λ2 λ2

Onde: 𝜆 é o comprimento de onda da onda de rádio em metros (m)


A é a área de abertura física em metros quadrados (m²)
Nota: A eficiência de abertura para uma antena parabólica circular (a tratar a seguir) funciona
tipicamente em torno de 0,55 (55%), enquanto os valores de 70% e acima deste são para
sistemas de alto desempenho de antenas. [14] Observa-se também que a abertura efectiva pode
ser expressa de acordo a equação:

g λ2
Ae = (3.19)

O ganho da antena para aplicações em Satélites é geralmente expresso em decibel, acima


do ganho isotrópico de um radiador, escrito como dBi. [14]

A partir da equação 3.18, temos:

4πA
G (dBi) = 10 log [ηA ] (3.20)
λ2

O tipo mais comum de antena em uso em Estações terrestres de Satélites é o reflector


parabólico circular, por ser de fácil construção e ter excelentes características de ganho e de
largura de feixe para uma grande gama de aplicações. A área de abertura física de uma
parabólica circular de abertura é dada pela equação (3.20). [14]

πd2
A= 4
(3.21)

Figura 3.8. Diâmetro de antena


parabólica. [14]

57
Capítulo 3. Parâmetros de Links de Transmissão e Recepção Via Satélite

Da equação (3.19) e (3.20), o ganho de antena parabólica de reflector circular tem a


seguinte fórmula:

πd 2
g = ηA ( λ ) = ηA (πfd)2 (3.22)

Portanto, quando expresso em dBi, será:

πd 2
G(dBi) = 10 log [ηA ( λ ) ] = 10 log[ηA (πfd)2 ] (3.23)

Onde: f é frequência em GHz;


d é o diâmetro da antena expresso em metro (m).

3.2.2. Perda de caminho no espaço livre

Considere um receptor com uma antena de ganho g r , localizada a uma distância r de um


transmissor com potência Pt e ganho de antena g t , conforme a figura 3.7. A potência Pr
interceptada pela antena receptora (Tx) é dada pela equação abaixo [14]:

t t P g
Pr (W) = (pfd)r Ae = 4πr2 Ae
(3.24)

Recorrendo a equação (3.19), a equação (3.24) final será:


t tPg gr λ2
Pr = 4πr2
(3.25)

Uma reorganização de termos descreve inter-relacionamento de vários parâmetros


usados na análise de link:

Pg
t t λ2
Pr = [4πr2 ] g r [4π]
(3.26)

O primeiro termo entre colchetes é a densidade de fluxo de potência definida


anteriormente em w⁄m2 . O segundo termo entre colchetes é a perda por espalhamento, 𝒔,
expresso em m2 e é uma função apenas do comprimento de onda ou frequência. [14] Ela pode
ser expressa em:

λ2 0.00716
s = 4π = (3.27)
f2

Em decibel:

S(dB) = −20 log(f) − 21.45 (3.28)


Reorganizando a equação (3.26) de uma forma ligeiramente diferente.

58
Capítulo 3. Parâmetros de Links de Transmissão e Recepção Via Satélite

λ 2
Pr = Pt g t g r [(4πr) ] (3.29)

O termo entre parênteses da equação (3.29) representa a perda quadrada inversa. O


termo é geralmente usado em sua forma recíproca como a perda de caminho no espaço livre,
lFS , ou seja:

4πr 2
ℓFS = ( ) (3.30)
λ

Em decibel:
2πr
LFS (dB) = 20 log ( ) (3.31)
λ

O termo é invertido para conveniência de engenharia para manter LFS (dB) como uma
quantidade positiva, isto é, (ℓFS > 1). A perda de caminho no espaço livre está presente para
todas as ondas de Rádio que se propagam no espaço livre ou em regiões cujas características se
aproximam da uniformidade do espaço livre, como a atmosfera terrestre. [14]

A expressão em dB da perda de caminho no espaço livre pode ser simplificada para


unidades específicas usadas nos cálculos de link. A equação (3.30) pode ser agora expressa em
termos de frequência, como se segue:

4πr 2 4πrf 2
ℓFS = ( ) =( ) (3.32)
λ c

Para valores de 𝑟 em metros e a frequência 𝑓 em GHz,


2 2
4πr(f×109 ) 40π
ℓFS = ( ) =( rf) (3.33)
(3×108 ) 3

Seja valor de alcance, r em km e o valor de lFS expresso em decibel será:


40π
LFC (dB) = 20 log(f) + 20 log(r) + 20 log ( )
3
LFC (dB) = 20 log(f) + 20 log(r) + 92.44 (3.34)
Os valores de perdas no caminho próximos a 200dB para GSO e 150dB para NGSO são
esperados e devem ser considerados em qualquer projecto de enlace ou link de Satélite. [14]

3.2.3. Equação básica do link para potência recebida

Já foram introduzidos todos os elementos necessários para definir a equação de ligação


básica para determinar a energia recebida nos terminais de antena receptora para um link de

59
Capítulo 3. Parâmetros de Links de Transmissão e Recepção Via Satélite

comunicação via Satélite. [14] A potência recebida nos terminais da antena receptora, Pr , é dada
como:

1 1
Pr = Pt g t (l ) g r = eirp (l ) g r (3.35)
FS FS

Quando expresso em decibel:

Pr (dB) = EIRP + Gr − LFS (3.36)


Este resultado da equação (3.36) fornece a equação básica do link, às vezes denominada
de Equação de Link Power Budget, para um link de comunicação via Satélite, e é a equação
de projecto a partir da qual as avaliações de design e desempenho do Satélite seguem. [14]

3.3. Ruídos do sistema e seus parâmetros

Neste subtítulo vamos tratar de parâmetros de interesse que descrevem os níveis de


potência de ruído no link, reunimos esses conceitos para definir o desempenho geral do enlace
de RF na presença de ruído do sistema. Esses resultados serão essenciais para a definição de
design de sistema de Satélites e desempenho de link para uma ampla gama de aplicações e
implementações.

Denomina-se ruído, toda potência ou sinais indesejados, quando introduzidos no link


via Satélite em todos os locais ao longo do percurso do sinal, desde o transmissor até a detecção
e demodulação do sinal final. O ruído é proveniente de muitas fontes (internos e externos) num
sistema de comunicação. [14]

Cada amplificador inserido no sistema receptor, produzirá potência de ruído na largura


de banda de informação e deve ser contabilizado em um cálculo de desempenho do link. Outras
fontes de ruído incluem: Upconverters e Downconverters, Switches, Combinadores e
Multiplexadores. O ruído do sistema produzido por esses elementos de hardware é aditivo ao
ruído produzido no caminho de transmissão das ondas de rádio pelas condições atmosféricas.
[14]

O ruído que é introduzido no sistema de comunicação no front-end do receptor é o mais


significativo, no entanto, porque é onde o nível de sinal desejado é o mais baixo. As partes
sombreadas da figura 3.9 indicam a área frontal do receptor no link de Satélite para o qual nos
referimos. [14]

60
Capítulo 3. Parâmetros de Links de Transmissão e Recepção Via Satélite

As quatro (4) fontes de ruído na área do front-end da figura acima são:

 O front-end do receptor (1);


 Antena receptora (2);
 Os elementos de ligação entre eles (cabos ou meios guiados, LNB, Feed, BUC,
Conectores) (3);
 Ruído vindo do caminho espaço livre, muitas vezes referido como ruído de rádio (4).

Figura 3.9. Receptor front-end. [14]

Tanto a antena receptora do terminal terrestre (downlink) quanto antena receptora


(uplink) do Satélite são possíveis fontes de degradação de ruído. O principal contribuinte para
o ruído nas frequências de rádio é o ruído térmico, causado pelo movimento dos electrões nos
dispositivos do receptor (activos e passivos). [14]

O ruído introduzido por cada dispositivo no sistema é quantificado pela introdução de


temperatura de ruído equivalente. A temperatura de ruído equivalente (ou excesso), 𝑇𝑒 , é
definida como a temperatura de um resistor passivo produzindo uma potência de ruído por
unidade de largura de banda que é igual àquela produzida pelo dispositivo. [14]

As temperaturas de ruído equivalentes típicas para elementos front-end do sistema


receptor encontradas em sistemas de comunicação por Satélite são [14]:

 Receptor de baixo ruído (banda-C, Ku, Ka): 100 a 500 K;


 Perda de linha de 1 dB: 60 K e de linha de 3 dB: 133 K.

A potência do ruído, nN , é definida pela fórmula de Nyquist como se segue na equação


(3.37):

nN (W) = k Te bN (3.37)

Onde: k = constante de Boltzmann =1.39 × 10−23 J⁄K =


−198 dBm⁄K⁄Hz = −228.6 dBw⁄K⁄Hz;

Te = Temperatura de ruído equivalente da fonte de ruído, em Kelvin (K);

bN = Largura de banda de ruído, em Hz.


61
Capítulo 3. Parâmetros de Links de Transmissão e Recepção Via Satélite

3.3.1. Figura de ruído

Outra forma conveniente de quantificar o ruído produzido por um amplificador ou outro


dispositivo no caminho do sinal de comunicação é a figura de ruído, nf. O valor do ruído é
definido considerando a relação entre a potência do sinal e a potência do ruído desejada na
entrada do dispositivo e a relação entre a potência do sinal e a potência do ruído na saída do
dispositivo. [14]

Figura 3.10. Figura de ruído do dispositivo. [14]

Considere um dispositivo com ganho, 𝑔 e um valor de ruído efectivo, 𝑡𝑒 , conforme


mostrado na Figura 3.10. A figura de ruído do dispositivo é então, a partir da definição [14]:

Pin Pin
nin kto b (to +te )
nf ≡ Pout = gPin = (3.38)
to
nout gk(to +te )b

Onde: 𝑡𝑜 é a temperatura de referência de entrada, geralmente definida em ordem de 290 K;

𝑏 é a largura de banda do ruído.


Então, simplificando os termos a equação final:
(to +te ) t
nf = = (1 + te ) (3.39)
to o

O valor do ruído expresso em dB é:


t
NF (dB) = 10 log (1 + te ) (3.40)
o

O termo entre parênteses, às vezes é chamado de factor de ruído, quando expresso em


termo de valor numérico. [14]

Um amplificador típico de baixo ruído na banda-C teria valores de ruído na faixa de 1 a


2 dB, na banda-Ku de 1,5 a 3 dB e na banda-Ka de 3 a 5 dB. Valores de ruído de 10 a 20 dB
não são incomuns em um link de comunicação, particularmente na parte de alta potência do
circuito. Geralmente é essencial, manter os componentes na área frontal do receptor com
valores de ruído na faixa baixo de um dígito para manter o desempenho do link viável. [14]

62
Capítulo 3. Parâmetros de Links de Transmissão e Recepção Via Satélite

3.3.2. Temperatura do ruído

Serão discutidos três (3) tipos de dispositivo que constituem os circuitos de


telecomunicações: dispositivos activos, dispositivos passivos e o sistema de antena do receptor.
Finalmente, será desenvolvido o processo de combinação de todas as temperaturas de ruído
relevantes para determinar a temperatura de ruído do sistema. [14]

3.3.2.1. Dispositivos activos

Os dispositivos activos no sistema de comunicação são amplificadores e outros


componentes que aumentam o nível do sinal, ou seja, fornecem uma potência de saída superior
à potência de entrada (𝑔 > 1, 𝐺 > 0𝑑𝐵). Exemplos de outros dispositivos activos além do
amplificador incluem conversores ascendentes, conversores descendentes, misturadores, filtros
activos, moduladores, demoduladores e algumas formas de combinadores e multiplexadores
activos. [14]

Esses podem ser representados por um circuito de ruído equivalente para melhor
determinar as contribuições de ruído para o link. A figura 3.11 mostra o circuito de ruído
equivalente para um dispositivo activo com ganho 𝑔 e figura de ruído 𝑁𝐹 (dB). Observe que
este circuito equivalente é usado apenas para avaliação da contribuição de ruído do dispositivo
e não é necessariamente o circuito equivalente aplicável à análise da porção de informação da
transmissão do sinal através do dispositivo. [14]

Figura 3.11. Circuito equivalente de ruído para dispositivo activo. [14]

O circuito equivalente consiste em um amplificador ideal de ganho g e uma fonte de


ruído aditivo t eIN na entrada do amplificador ideal, portanto a contribuição do ruído de um
dispositivo com ganho g pode ser representada como t o (nf − 1), onde nf é o valor do ruído e
t o é a temperatura de referência de entrada. [14] Portanto:

𝑡𝑒𝐼𝑁 = 𝑡𝑜 (𝑛𝑓 − 1) = 290(𝑛𝑓 − 1) (3.41)


Se recorremos a equação 3.39, a equação 3.41 final será representado da seguinte forma:

𝑒 𝑡
𝑡𝑒𝐼𝑁 = 290 ((1 + 290) − 1) = 𝑡𝑒 (3.42)
63
Capítulo 3. Parâmetros de Links de Transmissão e Recepção Via Satélite

Nota: O circuito de ruído equivalente da figura 3.11, juntamente com a contribuição do ruído
de entrada da equação (3.41), pode ser usado para representar cada dispositivo activo inserido,
com o propósito de determinar as contribuições de ruído para o sistema. [14]

3.3.2.2. Dispositivos passivos

Guias de onda (como Feed), cabos, fichas, conectores e filtros são exemplos de
dispositivos passivos que reduzem o nível de energia que passa pelo dispositivo (𝑔 < 1, 𝐺 <
0𝑑𝐵). [14] Um dispositivo passivo é definido pelo factor de perda, ℓ:

P
ℓ = P in (3.43)
out

Onde: Pin e Pout são as potências de entrada e saída do dispositivo, respectivamente.

A perda, A do dispositivo, em decibel é expressa pela equação abaixo:

A(dB) = 10 log(ℓ) (3.44)

Na figura 3.12 ilustra-se o circuito de ruído equivalente para um dispositivo passivo


1
com perda 𝐴(dB). O circuito equivalente consiste em um amplificador ideal de ganho, ℓ e uma

fonte de ruído aditiva t eIN na entrada do amplificador. A contribuição do ruído de entrada do


dispositivo passivo será [14]:

A(dB)
t eIN = 290(ℓ − 1) = 290 (10 10 − 1) (3.45)

O ganho do amplificador ideal pode ser expresso em termos de perda conforme a


equação (3.45):

A(dB)
1 1
= A(dB) = 10− 10 (3.46)

10 10

O circuito de ruído equivalente da figura 3.12, juntamente com a contribuição do ruído


de entrada dada pela equação (3.45) e um ganho ideal dado pela equação (3.46), pode ser usado
para representar cada dispositivo passivo com uma perda de 𝐴(dB) inserido com a finalidade
de determinar a contribuição do ruído para o sistema. [14]

64
Capítulo 3. Parâmetros de Links de Transmissão e Recepção Via Satélite

Figura 3.12. Circuito equivalente de ruído para dispositivo activo. [14]

3.3.2.3. Ruído da antena receptora

O ruído pode ser introduzido no sistema da antena do receptor de duas (2) formas
possíveis: a partir da própria estrutura física da antena, na forma de perdas na antena, e a partir
do caminho do rádio, geralmente referido como ruído de rádio ou ruído do céu. [14]

Figura 3.13. Fontes de ruído na antena receptora. [14]

As perdas da antena são perdas de absorção produzidas pela estrutura física (reflector,
suportes, etc.), que efectivamente reduzem o nível de potência das ondas de rádio. As perdas
da antena são geralmente especificadas por uma temperatura equivalente do ruído da antena e
está na faixa de 10 graus Kelvin (de 0,5 a 1 dB de perda). A perda da antena geralmente é
incluída como parte da eficiência de abertura da antena, ηA e não precisa ser incluída
directamente nos cálculos do balanço de potência do link. Entretanto, para antenas
especializadas, o fabricante pode especificar uma perda de antena que pode depender do ângulo
de elevação (ver anexo 1), devido as perdas nos lóbulos laterais ou outras condições físicas.
[14]

O ruído de rádio pode ser introduzido no caminho de transmissão a partir de fontes


naturais e induzidas pelo homem. Esta potência de ruído aumentará o ruído do sistema através
de aumento na temperatura da antena do receptor. Para receptores com ruído muito baixo, o
ruído de rádio pode ser o factor limitante no projecto e no desempenho do sistema de
comunicações. Os principais componentes naturais presentes no ruído de rádio em um link de
Satélite são [14]:

 Ruído galáctico: de aproximadamente 2.4K para frequências acima de 1 GHz;


 Constituintes atmosféricos: qualquer constituinte que absorva as ondas de rádio emitirá
energia na forma de ruído. Os principais constituintes atmosféricos que impactam as
65
Capítulo 3. Parâmetros de Links de Transmissão e Recepção Via Satélite

ligações de comunicações via Satélite são o Oxigénio, o vapor de Água, as nuvens e a


chuva (mais graves para frequências acima de cerca de 10 GHz);
 Fontes extraterrestres: incluindo a Lua, o Sol e os planetas.

As fontes humanas de ruído de rádio consistem em ruído de interferência na mesma


largura de banda de informação induzido por:

 Ligações de comunicações, tanto por Satélite como terrestres;


 Máquinas vibrantes;
 Outros dispositivos electrónicos nas proximidades do terminal de aterramento.

3.3.3. Temperatura de ruído do sistema

As contribuições de ruído de cada dispositivo (activo ou passivo) ao longo da


transmissão de sinal em comunicações via Satélite, incluindo o ruído do céu, serão combinadas
para produzir uma temperatura total de ruído do sistema, que pode ser usada para avaliar o
desempenho geral do link. As contribuições de ruído são referenciadas a um ponto de referência
comum que é geralmente os terminais da antena do receptor, porque é onde o nível de sinal
desejado é mais baixo e o ruído terá impacto significativo. [14]

Considere um sistema receptor de Satélite típico com os componentes mostrados na


figura 3.14 (a). O front-end do receptor consiste no seguinte: uma antena com temperatura de
ruído t A ; um LNA com ganho g LA e temperatura de ruído t LA ; um cabo coaxial com perda de
linha de A (dB) conectado a LNA e este a um downconverter (mixer) com ganho g DC e
temperatura de ruído t DC e finalmente um amplificador de frequência intermediária (I.F) com
ganho de g IF e t IF . Representou-se cada dispositivo pelo seu circuito de ruído equivalente, seja
activo ou passivo, conforme mostrado na figura 3.14 (b). [14] Observe que neste exemplo todos
os dispositivos são activos, excepto a perda da linha do cabo.

Todas as contribuições da temperatura do ruído serão somadas no ponto de referência


(indicado na figura 3.14). Começamos com o componente mais à esquerda e depois passamos
para a direita, adiccionando a contribuição da temperatura do ruído referida. A soma das
contribuições da temperatura do ruído referidas ao ponto de referência será a temperatura do
ruído do sistema, t S . [14]

66
Capítulo 3. Parâmetros de Links de Transmissão e Recepção Via Satélite

Figura 3.14. Sistema de recepção via satélite e sistema de temperatura do ruído. [14]

O primeiro componente, a antena, está no ponto de referência e é adiccionado


directamente. O segundo componente é LNA, também está no ponto de referência com
contribuição de ruído, 𝑡𝐿𝐴 , portanto também será adiccionada directamente. A contribuição de
ruído de perda da linha é 290(ℓ − 1) referida de volta ao ponto de referência passa através do
LNA na direcção inversa. Na saída do dispositivo, portanto, será [14]:

290(ℓ − 1)
g LA

Analogamente aos restantes dispositivos, a contabilização de todos os ganhos do


processo, obteu se o ruído total do sistema, 𝑡𝑆 , no ponto de referência na equação abaixo [14]:

290(ℓ−1) tDC tIF


t S = t A + t LA + + 1 + 1 (3.47)
gLA ( )gLA gDC ( )gLA
ℓ ℓ

O valor da figura do ruído do sistema pode ser obtido a partir da equação (3.48), após
conhecer o valor do ruído total do sistema:

𝑆 𝑡
𝑁𝐹𝑆 = 10 log (1 + 290) (3.48)

A temperatura de ruído do sistema, t S representa o ruído presente nos terminais da


antena de todos os dispositivos front-end apresentados na figura 3.14. Os dispositivos mais
abaixo do sistema de comunicações também contribuirão com ruído para o sistema, mas serão
insignificantes seus valores em comparação com as contribuições dos primeiros dispositivos do
sistema que acabou se de analisar. [14]

67
Capítulo 3. Parâmetros de Links de Transmissão e Recepção Via Satélite

3.3.4. Figura de mérito

A qualidade ou eficiência das partes receptoras de um link de comunicação via Satélite


𝐺
é frequentemente especificada por uma figura de mérito, geralmente expresso como 𝑇 , definida

como a razão entre o ganho da antena receptora e a temperatura de ruído do sistema receptor
[14]:

G
M = (T) = Gr − TS = Gr − 10 log(t S ) (3.49)

Onde: 𝐺𝑟 é o ganho da antena receptora, em dBi;

𝑡𝑆 é a temperatura de ruído do receptor do sistema, em Kelvin (K).


G
A figura de mérito, (T) é um parâmetro de medida único do desempenho do sistema

receptor e é análogo ao eirp como parâmetro de medida único de desempenho para a porção
transmissora do link. [14]

A figura do mérito pode variar com o ângulo de elevação conforme t S varia. Os links de
G
Satélite operacionais podem ter valores de (T) de 20 dB/K e superiores ou tão baixos quanto -3

dB/K. Os valores mais baixos são normalmente encontrados em receptores de Satélite (uplinks)
com antenas de feixe largo, onde o ganho pode ser inferior à temperatura de ruído do sistema
expressa em dB. [14]

3.4. Parâmetros de desempenho do link

Os conceitos para definir o desempenho geral do link de RF na presença de ruído do


sistema serão apresentados aqui, conforme veremos a seguir.

Figura 3.15. Parâmetros de link de Satélite. [14]

3.4.1. Relação portadora-ruído

A razão da potência média da portadora de RF, c, para a potência do ruído, n, na mesma


c c
largura de banda, é definida como a razão portadora-ruído, . é o principal parâmetro de
n n

interesse para definir o desempenho geral do sistema em um sistema de comunicações. Pode


ser definido em qualquer ponto no link, como nos terminais da antena do receptor ou na entrada
68
Capítulo 3. Parâmetros de Links de Transmissão e Recepção Via Satélite

c G
do demodulador. O pode ser expresso em termos de eirp, e outros parâmetros de link
n T

desenvolvidos mais cedo. Considere o link com uma potência de transmissão 𝑃𝑡 , ganho de
antena de transmissão, 𝑔𝑡 e antena de recepção com ganho, 𝑔𝑟 conforme mostrado na figura
3.15. [14]

Para completar, definimos as perdas no link por dois (2) componentes, a perda do
caminho do espaço livre (equação (3.30)) e todas as outras perdas, 𝑙0 , definidas como:

ℓo = ∑(outras perdas) (3.50)

Onde as outras perdas poderiam ser do próprio caminho do espaço livre, como atenuação
de chuva, atenuação atmosférica, etc., ou de elementos de hardware como Feeds, de antena,
perdas de linha, etc. já discutidos acima. [14] A potência nos terminais da antena receptora, 𝑃𝑟
é encontrada como:

1
Pr = Pt g t (l ) gr (3.51)
FS lo

A potência do ruído, 𝑛𝑟 nos terminais da antena receptora é dada por:

nr = kTs bN (3.52)

A relação portadora-ruído nos terminais do receptor é então:


c (eirp) gr 1
= (T ) (l ) (3.53)
n kbN s FS lo

Em decibéis
C G
(dB) = EIRP + (T) − (LFS + ∑ outras perdas) − 228.6 − BN (3.56)
N

Com EIRP expresso em dBw, a largura de banda, 𝐵𝑁 em dBHz e k = −228.6


dBw/K/Hz.

C
O é o único parâmetro mais importante que define o desempenho de um Satélite de
N
𝐶
telecomunicações. Quanto maior o , melhor será o desempenho do link. Os links de
𝑁
𝐶
comunicação típicos requerem um , com valores mínimos de 6 à 10 dB para um desempenho
𝑁

aceitável. Alguns sistemas modernos que empregam codificação significativa podem operar em
valores muito mais baixos. Sistemas de espectro espalhado podem operar com sinais negativos
𝐶
de valores de 𝑁 e ainda atingir níveis aceitáveis de desempenho. [14]

69
Capítulo 3. Parâmetros de Links de Transmissão e Recepção Via Satélite

O desempenho do link será degradado de duas (2) maneiras: se a potência da portadora,


c, for reduzida e/ou se a potência do ruído, 𝑛𝐵 , aumentar. Ambos os factores devem ser levados
em consideração ao avaliar o desempenho do link e design do sistema. [14]

3.4.2. Relação energia de bit por densidade de ruído

Para sistemas de comunicação digital, a energia do bit, 𝑒𝑏 é mais útil que a potência da
portadora para descrever o desempenho do link. A energia do bit está relacionada à potência da
portadora da forma como se segue a equação abaixo [14]:

eb = cTb (3.57)

Onde: c é a potência da portadora e Tb é a duração do bit em segundo.

A relação entre energia por bit e densidade de ruído é o parâmetro usado com mais
frequência para descrever o desempenho do link de comunicação digital e está relacionado a
relação portador-densidade de ruído pela equação:

e c 1 c
(nb ) = Tb (n ) = R (n ) (3.58)
o o b o

Onde: Rb, é a taxa de bits, em bits por segundo (bps).

Esta relação permite uma comparação do desempenho do link de ambas técnicas de


modulação analógica e digital e de várias taxas de transmissão, para os mesmos parâmetros do
sistema de link. [14] Observe também da equação abaixo que,

e 1 c b c
(nb ) = R {(n ) bN } = RN (n) (3.59)
o b o b

Em decibel, será:
E BN C
(Nb ) = + (N) (dB) (3.60)
o Rb

e c
A (nb ) será numericamente igual a (n ) quando a taxa de bits (bps) for igual à largura
o o

de banda do ruído (Hz). A relação energia de bit por densidade de ruído também se comporta
de forma semelhante a relação portador-ruído e a portador-densidade de ruído em termos de
desempenho e confiabilidade do sistema, tendo relação directa com a probabilidade de erro de
bit (BER), normalmente especificada pelo usuário; quanto maior o valor, melhor o desempenho.
Todos os três (3) parâmetros podem geralmente ser considerados indistintamente ao avaliar
links de Satélite, no que diz respeito ao seu impacto no desempenho do sistema. [14]
70
Capítulo 4. Dados práticos de pesquisa
Capítulo 4. Dados Práticos de Pesquisa

4.1. Link SCPC na band-C

O sistema em que tem se apenas um canal de comunicação para cada portadora, ao


contrário dos sistemas em que os canais são multiplexados em múltiplas frequências e utilizam
uma portadora comum chama-se SCPC (Single Channel Per Carrier ou Canal Único Por
Operadora). Os sistemas SCPC de Satélite representam enlaces (links) que operam na
modalidade ponto-a-ponto, em que um sinal digital é transmitido em uma frequência fixa,
denominada portadora.

Os links SCPC têm uma frequência fixa de transmissão (Tx) e recepção (Rx),
estabelecida pela empresa operadora de Satélite. Neste tipo de links, as comunicações não
precisam necessariamente passar pelo HUB, duas (2) estações remotas podem ser conectadas
entre si, estabelecendo comunicação directa com um único salto de Satélite. São links ideais
para serviços em que uma grande quantidade de informação deve ser transmitida entre poucas
estações remotas. Ao usar o SCPC, os usuários de Satélite podem transmitir para o mesmo
transponder de vários locais.

A arquitetura de rede SCPC envolve um link dedicado entre dois (2) acessos que estão
localizados na mesma área de cobertura de um certo Satélite, que para o caso prático, o
objectivo consiste em comunicar duas (2) instituições bancárias localizadas entre Angola
(EMIS - Empresa Interbancária de Serviços, S.A. é a empresa que gere a rede multicaixa e a
câmara de compensação automatizada de Angola (CCAA), compreendendo o sistema de gestão
de cartões de pagamento (multicaixa), o sistema de transferências a crédito (STC), o sistema de
compensação de cheques (SCC) o sistema de débitos directos (SDD) e o sistema de
transferências instantâneas (STI), está localizado em Luanda com coordenadas geográficos:
latitude de 8°81'90.92"S, longitude de 13°25'26.40"E e altitude 6 metros acima do nível mar) e
Portugal (SIBS - Sociedade Interbancária de Serviços, SA, é uma empresa portuguesa que
desenvolve, em várias geografias, a sua actividade no domínio dos serviços financeiros,
designadamente na área dos pagamentos, estabelecendo-se como um dos principais
processadores de pagamentos da Europa. É a empresa responsável pela gestão das
redes Multibanco e ATM Express, onde gere desde os terminais automáticos aos meios online
e telemóveis. SIBS está localizado em Lisboa-Sintra com as coordenadas geográficas: latitude
de 38˚48̍10,33"N, longitude de 9˚22̍53,97"e altitude de 12,87 km acima do nível do
mar,respectivamente) cujá a distância geográfica é de aproximadamente 5.779,73 km, passando
pelas zonas desertícas do Norte de África. (ver anexo 2)

72
Capítulo 4. Dados Práticos de Pesquisa

O Satélite usado para se efectivar essa comunicação é Eutelsat E3B, cuja rede vai
suportar facilmente transmissões de voz, vídeo, dados e Internet usando um modem de Satélite,
CD-6225 Advanced Sattelite, dois (2) terminais VSAT com os elementos reflectores (antenas)
de 2.4 metros de diâmetro e amplificador de 5W e 18 metros de diâmetro e amplificador de
100W do lado de Angola e Portugal respectivamente. Nesta perspectiva, alugou-se o
transponder do Satélite acima referida que opera na banda-C, conforme veremos abaixo.

SCPC é uma tecnologia amplamente utilizada na área de telecomunicações via Satélite,


e suporta serviços como: voz, dados, vídeoconferência, Internet, voz e dados sobre Frame
Relay, Internet assimétrica, voz sob demanda, etc.

Vantagens/Descantagens

O sistema SCPC oferece Serviço de transmissão dedicado (tempo total) suporte de


múltiplas topologias, alta fiabilidade, integração de voz/fax, dados e vídeo, alta velocidade
(maior que 64 kbps). Links SCPC são geralmente mais rápidos que VSATs.

As desvantagens são: o uso ineficiente da largura de banda do Satélite para transmissões


não contínuas, frequentemente encontradas na transmissão de pacotes de dados. Uma antena
desalinhada pode resultar em multas mínimas do operador do Satélite. A sua implementação é
mais cara que os links VSAT com outras arquiteturas.

4.2. Arquitetura do link

A arquitetura física e lógico do link será ponto-a-ponto dedicado por ser a melhor opção
tanto para redução da latência como evitar compartilhamento do stream spectrum em termos
de acesso ao Satélite para uplink e downlink respectivamente. A figura 4.1 ilustra essa
arquitetura referida.

Figura 4.1. Arquitetura do link SCPC. [16]


73
Capítulo 4. Dados Práticos de Pesquisa

4.3. Satélite usado. Eutelsat E3B

Eutelsat E3B é um Satélite de comunicação geoestacionário europeu construído pela


Airbus Defence and Space (Ex. EADS Astrium). Ele está localizado na posição orbital de três
graus (3°) de longitude Leste (East em inglês), inclinação orbital de zero grau (0˚) e é de
propriedade da Eutelsat Communications S.A., empresa com sede em Paris-França. O Satélite
foi baseado na plataforma Eurostar-3000 e sua vida útil estimada é de 15 anos. [9]

O Satélite foi lançado com sucesso ao espaço aos 26 de Maio de 2014, por meio de um
veículo Zenit-3SL a partir da Base de lançamento espacial da Sea Launch, a Odyssey, com altura
orbital de 35.786 km, velocidade máxima de 11.050 km/h, velocidade orbital de 3,07 km/s. Ele
tinha uma massa de lançamento de 6.000 kg. Em órbita o Satélite tem uma altura de 7,5 metros,
comprimentos dos seus painéis solares é de 31 metros. [9]

Figura 4.2. Satélite Eutelsat E3B em órbita. [9]

4.3.1. Beam ou cobertura do satélite Eutelsat E3B

Eutelsat E3B é um Satélite tri-band, equipado com 51 transponders (circuitos


electrónicos repetidores de sinal), que opera nas bandas C (com uma carga útil com 12
transponders conectados a um feixe pan-africano responde à alta demanda contínua por
capacidade para serviços de telecomunicações), Ku (com uma carga útil de até 30 transponders
conectam a pegadas (footprint) widebeam sobre a Europa estendida e a África Oriental) e Ka
(com uma carga útil de 9 transponders conectados as feixes direcionáveis que cobrem a África
e a América do Sul) conectados a antenas fixas e orientáveis para máxima flexibilidade para
fornecer serviços de vídeo, dados, Internet e telecomunicações em toda
a Europa, África, Oriente Médio, Ásia Central e partes da América do Sul, atendem aos
crescentes requisitos de conectividade para redes corporativas e acesso à Internet. [9]

74
Capítulo 4. Dados Práticos de Pesquisa

A partir da figura 4.3 (e comparando com as figuras de beams das bandas Ku e Ka em


anexo 4), pode se observar que na banda-C consegue-se cobertura mais ampla que abrange
maiores mercados, facilitando desta forma a comunicação do link entre Angola-Luanda (EMIS)
e Portugal-Sintra (SIBS). A figura 4.3 mostra uma das razões que levou a Multitel de negociar
com essa operadora de Satélite, visto que sua cobertura em termos de footprint abrange três (3)
continentes, tornando viável a comunicação para o tipo de negócio em questão.

Figura 4.3. Beam ou footprint do satélite Eutelsat E3B dos 12 transponders da banda-C. [9]

4.4. Equipamentos e acessórios usados

Os equipamentos (ODU e IDU) e os diferentes acessórios usados ao decorrer de todo


processo de instalação da VSAT nas instalações da EMIS e colecta de dados operacionais do
link, isto é, desde os testes laboratoriais realizados no VOC-Multitel até o alinhamento
definitivo da antena nas instalações do cliente (EMIS). Os principais equipamentos destacam-
se:

 Modem CDM-625 Advanced Sattelite: é o equipamento modulador e demodulador de


sinal de radiofrequência é o interface para interligar com o usuário para diferentes
serviços e emprega técnicas avançadas por usar codificação e modulação adaptável
(ACM) que o torna boa opção em termos de compensação da quebra de link devido as
inconveniências em operar na banda-C. Ver mais detalhes na sua folha técnica em anexo
7. É um Modem do fabricante COMTECH EF DATA.
75
Capítulo 4. Dados Práticos de Pesquisa

Figura 4.4. Modem CDM-625 Advanced Sattelite Modem. [5]

 Analisador de espectro FLS Spectrum Analyzer 9kHz-3GHz e medidor de campo


Multimeter FSD 400: são equipamentos usados para visualizar o espectro e potência do
sinal de recepção (Tx) durante o alinhamento de antena ao Satélite.

Figura 4.5. Analizador de espectro FLS Spectrum Analyzer 9kHz-3GHz. [Autores]

Figura 4.6. Medidor de campo Multimeter FSD 400. [Autores]

Equipamentos externos (ODU): a antena usada é 2.4 metros de diâmetro, com reflector
feito a Poliéster Reforçado com Fibra de Vidro SMC e série 1241 de fabricante Prodelin (ver
anexo 1), Feed para 2.4m, BUC de 5W, LNB da banda-C de fabricante Norsat e série 8530F
com Ganho de 6 dB. [20; 26]

76
Capítulo 4. Dados Práticos de Pesquisa

Figura 4.7. Montagem da ODU. [Autores]

Tabela 4.1. Lista de equipamentos usados. [Autores]

Kit para instalação de VSAT

Descrição Qtd Observações

Antena 1 2.4m de diâmetro

Para suportar verticalmente a antena com a


Mastro 1
superfície de fixação

AZ / EL kit (canister) 1 Para direcionar a antena ao Satélite

Feed 1 Guia de propagação de ondes de Tx e Rx


Material usado

Cabos coaxial RG-11 47 m Meio guiado onde trafega o sinal Tx e Rx

Conector RG11 6 Para ligação dos Cabos coaxiais ao ODU

IDU 1 Modem CDM-625 Advanced Sattelite

ODU 1 AN7005, 5W, C-band

Para conectar LNB, Modem e Analisador de


Spliter 1ˣ2 1
espectro

Ferramentas mecânicas diversos Para aperto mecânico da antena

Inclinómetro digital e Para obter os valores dos ângulos de


1
bússola elevação e azimute

Analisador de espectro e FLS Spectrum Analyzer 9kHz-3GHz e


1
medidor de campo Multimeter FSD 400

77
Capítulo 4. Dados Práticos de Pesquisa

4.5. Parâmetros de operação do link

Para o caso prático, em função das condições técnicas e éticos da empresa Multitel e
seus clientes, faremos apenas uma análise de alguns parâmetros de operação do link como:
ângulo de elevação, azimute e outros parâmetros de antena, o intervalo de alcance entre a
estação terrestre, a EMIS e o Satélite, Eutelsat E3B em função das suas coordenadas
geográficas, faremos a seguir uma comparação entre os gráficos da potência de sinais de
recepção e transmissão obtidos a partir do analisador de espectro em função do tamanho da
antena instalado no acesso da EMIS durante seu alinhamento ao Satélite.

O link opera nas seguintes frequências: 1449,6495 MHz ou 1,4496495 GHz para uplink
do lado de Angola e downlink do lado de Portugal e 1025,9630 MHz ou 1,0259630 GHz para
downlink do lado de Angola e uplink do lado de Portugal.

A largura de banda de uplink e downlink é de 1Mbps respectivamente, tipo de


modulação é 8QAM para uplink do lado de Angola e downlink do lado de Portugal e 16QAM
para downlink para lado de Angola e uplink para lado de Portugal, a potência de sinal de uplink
é de 15.0dBm, relação energia de bit por ruído é de 3.0dB.

78
Capítulo 5. Metodologia
Capítulo 5. Metodologia

5.1. Tipo de estudo

Tendo em conta a natureza dos objetivos deste trabalho e a finalidade da pesquisa em


termos de grau académico que se pretende adquirir, a busca desenvolvida tem carácter
bibliográfico e descritivo. A componente bibliográfica consistiu na busca e revisão da literatura
mais recente que aborda os conceitos fundamentais em uso nas comunicações via Satélite.
Recorreu-se aos manuais técnicos, sites especializados, diferentes artigos científicos e
plataformas da Internet. O carácter descritivo desta obra vê-se na sua modalidade de
apresentação e análise dos dados da pesquisa. É dada especial atenção aos dados colectados e
sua devida comparação com resultados previstos nas equações teóricas abordados ao longo do
trabalho, softwares de cálculo e outras plataformas que envolvem os principais parâmetros em
análise.

O carácter experimental desta obra verificou-se primeiramente nos testes laboratoriais


realizados no Centro de Operações via Satélite (VOC) da Multitel e no Centro de Formação do
ITEL (CFITEL), na qual manipulamos dois parâmetros que são: o tamanho da antena e o ganho,
potência de recepção do sinal do beacon do Satélite, Eutelsat E3B em função da sua frequência
para potência de 8W do BUC usado antes da montagem definitiva da antena nas instalações do
cliente e após a atribuição do plano de frequência de operação do link pelo operador de Satélite.

5.2. Campo ou local de estudo

O estudo experimental deste trabalho fez-se no ambiente laboratorial (VOC-Multitel e


CFITEL) e campo (nas instalações da EMIS), localizados em Luanda-Angola, com
envolvimento de recursos humanos, financeiros e materiais, num período de aproximadamente
2 meses e meio para se efectivar a ligação.

5.3. Procedimento experimental

Para que haja comunicação é importante e imprescindível que se conheça a frequência


de operação atribuída pelas identidades locais (por exemplo, INACOM para Angola) e
internacionais (ITU) que são responsáveis pela atribuição da frequência de operação dentro do
espectro disponível e se evita deste modo as possíveis interferências entre os links já disponíveis
de outras operadoras de comunicação e este processo de atribuição torna a frequência um
recurso cada vez mais escassez pelo elevado crescente número de operadores em
telecomunicação.

80
Capítulo 5. Metodologia

5.3.1. Procedimento de recolha dos dados

Aqui vamos apresentar os procedimentos usados para recolha dos dados dos
parâmetros do link já descrita acima.

1) Alinhamento da antena ao satélite

Passo 1: Com recurso a aplicativo Google Earth Pro, pesquisou se as coordenadas geográficas
da EMIS (ver apêndice 1) e forneceu-se os mesmos dados ao operador de Satélite;

Passo 2: Em função das coordenadas geográficas, o operador de Satélite forneceu os valores


dos ângulos de elevação e azimute de apontamento da antena, dados confirmados recorrendo a
plataforma DishPointer (ver apêndice 2) e as equações algébricas descritas no capítulo 3 deste
trabalho e frequências de operação para transmissão e recepção;

Passo 3: Montou-se as estruturas que compõem antena (reflector, perfis de suporte de ODU)
ao canister e este por sua vez ao mastro fixado na estrutura de alvenaria para fornecer uma
resistência mecânica estável, evitando que se movimente por influência de acções mecânicas
atmosféricas, humanas e animais;

Passo 4: Estando antena montada, interligou-se o LNB ao analisador de espectro FLS Spectrum
Analyzer 9kHz-3GHz com patch cord coaxial RG11 e os respectivos conectores;

Passo 5: Recorrendo a bússola e inclinómetro digital, alinhou-se a antena ao Satélite para os


valores dos obtidos no passo 2, estabeleceu-se a frequência de recepção, o span ao aparelho em
20,0 MHz e visualizou-se o comportamento do sinal recebida em função da sua amplitude por
intermédio do analisador de espectro, para os ângulos de 72.3˚ em elevação e 308,3˚ em
azimute, conforme os apêndices 3, os cálculos efectuados e por fim fez-se ajustes finos a antena
para aumentar a potência de recepção do sinal, estando já antena da SIBS apontado;

Passo 6: Após o apontamento da antena com perto dos parafusos do kit de elevação e azimute,
Feed, BUC e LNB, retirou-se o patch cord e ligou-se os cabos coaxiais RG11 ao LNB (sinal de
recepção) e BUC (sinal de transmissão) onde trafega os dados em forma de sinais eléctricos
(corrente eléctrica) e cabo de aterramento a esta estrutura para escoar as descargas eléctricas;

Passo 7: Instalou-se o IDU (Modem CDM-625 Advanced Sattelite) no hack da Data Center do
cliente (EMIS), conectou-se os cabos vindo do LNB e BUC as portas Rx e Tx do IDU;

81
Capítulo 5. Metodologia

Passo 8: Ligou-se o Modem a tomada eléctrica de 230V, conectou-se o Laptop do


administrador da HUB (Supervisor) ao Modem com patch cord de cabo UTP nas portas
Ethernet dos dois equipamentos e acessou-se a Interface/Frame do Modem com recurso ao
navegador de busca Mozila Firefox através do seu IP config: 172.27.175.242 e observou-se os
parâmetros do link, conforme a figura 6.1.

O procedimento de recolha de dados fez se recorrendo aos equipamentos como:


analisador de espectro, da plataforma DishPointer, dos aplicativos Google Earth Pro e Satmaster
Pro Mk 10.5, do inclinómetro digital e da Interface/Frame do Modem de Satélite usado, que,
na ausência de outras condições técnicas, forneceram os principais resultados quantitativos e
qualitativos desta pesquisa.

Alguns dados ou parâmetros apresentados neste trabalho foram verificados também


recorrendo as equações matemáticas de modos a averiguar se a veracidade dos dados obtidos e
reduzir a margem de erros nos resultados apresentados.

5.3.1.1. Procedimento de análise e processamento de dados

1) Frequência intermédia:

fuplink + fdownlink 1,4496495 + 1,0259630


IF (GHz) = = = 1,235806 GHz
2 2
2) Geometria do link: d, θ e φz

Coordenas geográficas da estação terrestre (ET), EMIS tem latitude de 8°81'90.92"S,


longitude de 13°25'26.40"E e altitude 6 metros. O Satélite Eutelsat E3B tem seguintes
coordenas: latitude 0° (ângulo de inclinação em relação linha equatorial da terra) e longitude 3°
Este (East). De acordo a convenção de sinal descrito na figura 3.3, temos:

𝐿𝐸 = 8°𝑆 = −8, 𝑙𝐸 = 13°𝐸 = +13 e 𝐿𝑆 = 0°, 𝑙𝑆 = 3°𝐸 = +3.

Da equação (3.2), o raio da terra na latitude e longitude da ET, 𝑅 = 6377,73 𝑘𝑚.

Da equação (3.5), o intervalo de alcance entre a ET e o Satélite, 𝑑 = 35971,09 𝑘𝑚.

Recorrendo as equação (3.7), (3.8) e a tabela 3.1, temos finalmente os valores de ângulos
de elevação, 𝜃 = 74,97° e azimute, 𝜑𝑧 = 308,28° para 𝐴𝑖 = 51.72°, com ponto SS conforme
a figura 3.4.b.

82
Capítulo 5. Metodologia

3) Ganho ou directividade da antena: G

A determinação do ganho da antena dependeu do software Satmaster Pro Mk 10.5, sendo


diâmetro de antena, 𝑑 = 2,4 𝑚, eficiência de abertura, 𝜂𝐴 = 55% = 0,55 e 𝐼𝐹 =
1,235806 𝐺𝐻𝑧, 𝑓𝑢𝑝𝑙𝑖𝑛𝑘 = 1,4496495 𝐺𝐻𝑧, 𝑓𝑑𝑜𝑤𝑛𝑙𝑖𝑛𝑘 = 1,0259630 𝐺𝐻𝑧, Sendo assim:
𝐺 = 28,64 𝑑𝐵𝑖 para transmissão e

𝐺 = 25,64 𝑑𝐵𝑖 para recepção.

Agora, recorrendo a equação (), os valores dos ganhos da antena calculados na


transmissão e recepção serão:

𝐺 = 28,63 𝑑𝐵𝑖 para transmissão e

𝐺 = 25,63 𝑑𝐵𝑖 para recepção.

4) Potência isotrópica efectiva radiada: EIRP (dB)

Recorrendo a equação (3.14), para potência de transmissão de 15,0 dBm fornecido nos
parâmetros de transmissão do Modem (ver figura 6.2) e ganho da antena durante a transmissão,
𝐺 = 28,64 𝑑𝐵𝑖 , a potência isotrópica efectiva radiada será:

𝐸𝐼𝑅𝑃 = 43,64 𝑑𝐵

5) Perda de caminho no espaço livre, LFC e perda por espalhamento, S:

Da equação (3.34) e (3.28), sendo distância (d = r) entre a antena transmissora e o


Satélite (ver tabela 5.1), então:

𝐿𝐹𝐶 = 186,78 𝑑𝐵 e 𝑆 = −24,67 𝑑𝐵

6) Equação básica do link. Potência recebida:

A potência recebida pela antena receptora foi determina recorrendo a equação (3.36)
para os valores de EIRP, ganho da antena receptora e perda de caminho no espaço livre.

𝑃𝑟 = −117,51 𝑑𝐵𝑚

7) Ruído do sistema:

Por ser constituído por parâmetros de interesse e ao mesmo tempo complexo para avaliar
o desempenho de um link, determinou-se alguns desses em função dos dados conseguidos nos

83
Capítulo 5. Metodologia

dispositivos usados. Considerou-se a temperatura de ruido do sistema dos elementos mais


importantes (ver apêndice 9, anexos 1 e 2) como: BUC com temperatura de ruído de 30K, cabo
com temperatura de ruído entre 292K à 343K (considerou-se valor médio) e antena com
temperatura de ruído de 45,23K (ver apêndice 6).

Deste modo, a temperatura de ruido do sistema será a soma, ou seja: 𝑡𝑠 = 30𝐾 +


318𝐾 + 45,23𝐾 = 393,23𝐾.

De acordo a equação (3.48), a figura do ruido do sistema será:

𝑁𝐹𝑠 = 3,72𝑑𝐵

E a figura de mérito determinou-se de acordo a equação (3.49) para ganho de 25,63 dBi, cujo
valor é:

𝐺
( ) = −0,32 𝑑𝐵/𝐾
𝑇

84
Capítulo 6. Resultados e discussões
Capítulo 6. Resultados e Discussões

6.1. Resultados obtidos

Aqui apresentou-se os resultados obtidos nos procedimentos de recolha de dados com


recurso aos equipamentos, plataformas usados e as equações matemáticas citados ao longo do
trabalho. Os resultados serão apresentados nas tabelas, gráficos, etc.

Tabela 5.1. Resultados experimentais da geometria do link. Antena. [Autores]

N˚ Parâmetro Valor teórico Valor prático Valor calculado Observações


1 Alcance (d) 36.000 km 35.971 km Aceitável
2 Azimute (𝜑𝑧 ) 310,6˚ 313,1˚ 308,3˚ Aceitável
3 Elevação (θ) 74,2˚ 72,3˚ 74,9˚ Aceitável
38,00 dBi Rx 25,64 dBi Rx 25,63 dBi Rx Aceitável
4 Ganho (G)
42,00 dBi Tx 28,64 dBi Tx 28,63 dBi Tx Aceitável

Tabela 5.2. Resultados experimentais de parâmetros do link. [Autores]

Valor Observações
N˚ Parâmetro Valor teórico Valor prático
calculado
1 Potência de Tx 15,00 dBm
2 EIRP 41 dBW 43,64 dBm Aceitável
3 Potência de Rx -76,60 dBm -117,51 dBm Razoável
4 LFC 200 dB em GSO 186,78 dB Razoável
5 S -24,67 dB ----
G⁄T ≥ 20 dB⁄K
6 -0,34 dB⁄K Aceitável
≤ −3 dB⁄K
7 NFs 3.72 dB ----
8 𝐸𝑂 ⁄No < 0 dB <10 dB 3.0dB Aceitável

6.1.1. Gráfico dos sinais de recepção das antenas a partir do analisador de espectro

Na figura abaixo, temos os resultados das duas (2) portadoras do link, representam as
potências dos sinais de recepção das antenas da EMIS e SIBS, respectivamente durante
alinhamento das antenas. O sinal com maior amplitude em termos de potência, -73.49 dBm é o
sinal de recepção da antena de 18 metros de diâmetro apontado ao Satélite do lado da SIBS e o
de menor amplitude, de aproximadamente -76.60 dBm é o sinal de recepção da antena de 2.4
metros de diâmetro do lado da EMIS.

86
Capítulo 6. Resultados e Discussões

Figura 6.1. Gráfico de recepção de sinal do Analizador de espectro durante alinhamento da antena ao Satélite. [Autores]

6.1.2. Config Modem do Interface / Frame do modem CDM 625A da EMIS

Na figura abaixo está ilustrada os parâmetros operacionais do link após a instalação


definitiva das antenas, a citar: tipo de modulação, FEC, frequência, potência (power level),
largura de banda, etc. Vale lembrar que os resultados da transmissão (Transmit) da EMIS são
os resultados de recepção (Receive) da SIBS e vice-versa.

87
Capítulo 6. Resultados e Discussões

Figura 6.2. Configuração do Modem CD-6225 Advanced Sattelite Modem. [Autores]

6.2. Discussões dos resultados

Tendo em conta as características do link e de acordo as especificações dos técnicas dos


equipamentos usados em função dos dados existentes nas respectivas fichas técnicas, os dados
obtidos pelo operador do Satélite em função das coordenadas geográficas do acesso, vamos
aqui discutir e/ou analisar os valores da pesquisa, interpretar, criticar e comparar os mesmos
com os já existentes nas fontes bibliográficas citadas. Serão discutidos as implicações teóricas
e possíveis aplicações práticas, as razões e significados para concordância ou não dos resultados
obtidos.

A avaliação dos valores de ângulos de elevação, azimute (ver apêndice 3) e do intervalo


de alcance entre o acesso e o Satélite obtidos, de forma comparativa com os resultados teóricos
previstos para as coordenadas do local do acesso e do Satélite fornecidos na plataforma

88
Capítulo 6. Resultados e Discussões

DishPointer com os obtidos na prática com os dispositivos de medições, inclinómetro e a


bússola concordam, essa ligeira diferença deve a precisão dos aparelhos de medições e erros
humanos na interpretação e manuseamento dos aparelhos. Se recorrer a teoria de erros,
obteremos valores muito baixo e os mesmos valores aproximam-se de igual modo aos esperados
nos cálculos matemáticos efectuados, razão pelo qual aceitam-se.

Na avaliação do ganho ou directividade em função do seu tamanho, usou-se somente os


dados teóricos fornecidos na ficha técnica do fabricante da antena (ver anexo 1), onde descreve
os valores de ganho de antena para Tx e Rx e outros parâmetros com os intervalos das
respectivas frequências de operação de um link na banda-C e os valores práticos encontrados
nos resultados dos cálculos matemáticos através das equações fornecidos no capítulo 3 deste
trabalho para as frequências de transmissão (Tx) e recepção (Rx) de operação do link. Nesta
perspectiva, notou-se muita diferença em termos comparativos pelo facto do link operar com as
frequências de Tx e Rx muito baixos do diapasão defendido na teoria em banda-C e essa
diferença afeitou os resultados práticos dos ganhos da antena por serem directamente
proporcionais com a frequência, diâmetro e abertura efectiva da antena.

Na avaliação dos parâmetros de transmissão do link, em termos de potência de


transmissão do link (ver apêndice 8 ou figura 6.2) e para o ganho de transmissão da antena
conseguido (ver tabela 5.1), pode se observar que o valor de potência isotrópica efectiva radiada
é superior três vezes mais que a potência de transmissão, isso justifica-se por ser um parâmetro
de desempenho do sistema de transmissão do link, é o valor de potência que vencerá todos os
obstáculos do meio de propagação do sinal, viajando milhares de metros de distância até o
destino final e deve assumir valores superiores.

Os obstáculos referidos acima são tratados como perda de caminho no espaço livre, cujo
valor prático concorda (apesar do link operar com frequências abaixo do previsto na banda-C),
por encontrar-se dentro dos limites defendidos do valor teórico (ver tabela 5.1) para um link na
GSO e este parâmetro serviu também de base para o cálculo da potência de recepção, a par do
ganho de recepção da antena.

Em termos comparativos, entre a potência de recepção obtida com o analisador de


espectro usado (ver apêndice 8) durante o alinhamento da antena ao Satélite e a calculada a
partir da equação básica do link (equação 3.36), nota-se desconcordância nos seus valores mas

89
Capítulo 6. Resultados e Discussões

justifica-se por ter se usado valores práticos de ganhos de Tx e Rx da antena (ver tabela 5.1) e
não os previstos na ficha técnica (ver anexo 1), então assume-se comparação aceitável.

Tratando se de um link ponto-a-ponto, o analisador de espectro apresenta


simultaneamente a potência dos sinais nos dois lados do link e vê-se claramente a dependência
proporcional da potência ou ganho da antena com o seu tamanho ou diâmetro (ver apêndice 8).

Vamos discutir outro parâmetro de elevada importância do link de recepção, que assume
a mesma importância que a potência isotrópica efectiva radiada (EIRP) para transmissão, este
parâmetro é figura de mérito (G/T).

Recorrendo a tabela 5.2, nota-se o valor de figura de mérito calculado concorda com os
limites previstos teoricamente, apesar de não ter se levado em consideração a temperatura de
ruido de todas fontes que contribuem para ruído de link do sistema, mas a aproximação
encontrada considera se aceitável.

Por último, vamos discutir o parâmetro relação bit de energia-ruído. Por ser parâmetro
que defini o desempenho geral do sistema em um sistema digital de comunicação via Satélite,
prestar-se-á maior atenção do seu valor, que se encontra dentro dos limites defendidos para uma
boa eficiência do link. Este parâmetro reflete a qualidade de sinal recebido, para o nível de ruído
do sistema, ou seja, o nível de deterioração da qualidade do sinal do link recebido e o mesmo
relaciona-se com Bit Error Rate (BER), que é o parâmetro que mede a probabilidade de erro de
bit.

6.3. Análise de custos económicos

Após o tratamento de assuntos técnicos, faremos a seguir uma análise objectiva dos
custos globais do projecto com realce aos custos relativos de aluguer de spectrum (frequência)
no transponder do Satélite Eutelsat E3B, aquisição dos equipamentos no mercado nacional e
internacional.

De realçar que os valores ou preços mencionados na tabela 5.3 incluem as taxas de


importação vigentes no país para equipamento adquiridos no exterior, como Modem CDM-625.
Outro sim, não levou-se em conta na análise de custos aqueles resultantes no processo de
deslocação da equipa técnica até instalações da EMIS com finalidade de estreitar o intercâmbio
e colecta de dados precisos do local de montagem de toda infraestrutura do link.

90
Capítulo 6. Resultados e Discussões

Tabela 5.3. Viabilidade económica do link SCPC na banda-C. EMIS. [Autores]

Nº ordem Descrição do equipamento Código Quantd Unidad Preço Unitário (AOA) Preço Total (AOA)
1 Satélite Eutelsat E3B. Transponder 1 MHz 843.000,00 /mês 843.000,00 /mês

2 Modem de Satélite CDM-625 Comtech 1 pc 2.486.850,00 2.486.850,00


3 Antena 2.4-Reflector de fibra de vidro SMC 1241 1 2.4 mtr 1.605.915.00 1.605.915,00

4 LNB-Banda-C. 6dB gain 8530F 1 pc 52.266,00 52.266,00


5 BUC. Banda-C 5W. C-band 1 pc 1.062.180,00 1.062.180,00

6 Cabo coaxial RG-11. 75 ohms 50 mtr 2.892,56 144.628,00


7 Conector F PAS3214B. RG-11 4 pc 3.698,86 14.795,44
8 Mastro 1 pc 10.500 10.500,00
Total 6.220.134,44
Nota: 1,00 USD = 843,00 AOA, até Março de 2024

Os custos globais do link ficaram em torno de mais de seis milhões de kwanza e


mensalmente, a Multitel pagará em torno de oitocentos e quarenta e três mil de aluguer do
transponder, valor que pode variar dependente do câmbio de dólar no mercado.

Quando aos custos de largura de banda (capacidade do link), a Multitel não forneceu
nos esses dados por serem de capital importância para o negócio, geralmente são dados que
somente o departamento de Vendas e finanças têm acesso por serem sigilosos e segredos de
negócio.

91
Conclusões

Com crescente necessidade de recorrer se a técnica para aproximar as sociedades, a


comunicação via satélite surge como um denominador certo para efectivar essa necessidade,
por possuir técnicas de rápida implementação das suas infraestruturas até em locais inacessíveis
as outras tecnologias.

Dada escassez de fontes bibliográficas nacionais que trate de assuntos relacionados área
de estudo, o presente trabalho serve de contributo para colmatar esse escassez, principalmente
a nível da comunidade académica e especialistas em telecomunicações, pela linha de
abordagem dos diferentes tópicos do trabalho.

A experiência colectada para esta pesquisa, ficou notável que a implementação de um


link ponto-a-ponto via satélite obedece um conjunto de procedimentos para sua efectivação
teórico-prática pelo envolvimento de muitas variáveis, que para nós como pesquisadores
constitui se desafiante tratar do tema, serviu de motivação, contribuiu para nosso crescimento
técnico-profissional e o aprimoramento das nossas técnicas investigativas de que a Faculdade
de Ciência da Universidade Agostinho Neto defende.

Os objectivos traçados foram concretizados, pois o link em causa encontra-se


operacional nas instalações da EMIS e com isso aumentou-se quantidade de backup que o
cliente necessita pela complexibilidade do seu negócio que exige conectividade para serviços
de voz, dados e Internet a tempo integral.

Intendeu-se que para um link ponto-a-ponto seja operacional a sua rede VSAT em
termos arquitetónicos físico e lógico esteja na área de cobertura do satélite, repetidor de sinal
nos dois extremos do link e as bandas de operação são de extrema importância na determinação
de cobertura e a banda-C cobre maiores beams que outras bandas, apesar de apresentar
inconveniências no que diz respeito ao tamanho elevado das suas antenas VSATs e seus
acessórios e interferências de links de microondas terrestres.

Os resultados obtidos durante o processamento dos dados experimentais são aceitáveis,


visto que aproximam-se dos existentes para certos parâmetros e não esperados para outros
parâmetros, como perda de caminho no espaço livre (LFC) e perda por espalhamento (S), com
isso, deixa-se janela de oportunidade para futuras pesquisas sobre tema tanto para nós os autores
do trabalho quanto para outros pesquisadores interessados na área, a fim de clarificar-se e
aprofundar-se as investigações para o desenvolvimento que se espera na ciência e engenharia.
92
Recomendações

As vantagens de implementação de link ponto-a-ponto são muitas conforme já se viu


durante as abordagens discutidas e os resultados obtidos, mas não pode se ocultar que a
desvantagem relacionado aos custos financeiros que se acarreta para sua implementação são
enormes, estes vão desde aquisição os seus equipamentos no mercado e sobretudo e o mais
importante que é o aluguer do transponder do Satélite que assegura este link, primeiro por não
ser uma negociação fácil de se efectivar entre o cliente e o provedor do Satélite e depois a
negociação deste com o órgão legislador de telecomunicações dos locais a implementar o link
porque deve se encontrar a frequência adequada para as regiões do site para se evitar desta
forma possíveis interferências com os diferentes links terrestres ou via Satélite operacionais da
região de modos.

Dada as constantes flutuações do câmbio no mercado nacional e visto que o provedor


não é nacional, então este link fica condicionado com este factor, tornando se economicamente
mais caro, neste contexto, a nosso recomendação é redimensionar este link mas desta vez
negociando o transponder do Satélite angolano, o AngoSat-2 cuja a gestão comercial está a
cargo da GGPEN e porque este foi projectado para operar também na Banda-C com seu beam
abrangindo uma área geográfica intercontinental.

As vantagens de recorrer ao AngoSat-2 são muitas, que vão desde redução dos custos
financeiros mensais de aluguer (1 MHz de 632.250,00 AOA/mês à 758.700,00 AOA/mês)
porque se deixará pagar em moeda estrangeiro para pagar se em moeda nacional, o Kwanza e
por outro, o intercâmbio entre a Multitel, a provedor do Satélite e o seu cliente EMIS-SA como
SIBS.

93
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https://www.indiamart.com/proddetail/very-small-aperture-terminal-9936469855.html

[29]. VOC-Multitel. (2022). Fundamentos de Rádio Frequência. Instalação e Manutenção


VSAT. (J. P. Mambo, Compilador) Luanda, Luanda, Angola.

95
Apêndices

APÊNDICE 1. Coordenadas geográficas do acesso a partir do Google Earth. A seta vermelha


indica o nosso VSAT.

96
APÊNDICE 2. Parâmetro de apontamento da antena ao Satélite em função das coordenadas
geográficas do acesso e indicação do respectivo sistema subsatélite.

APÊNCICE 3. Ângulo de elevação da antena da EMIS a partir do inclinómetro digital

97
APÊNDICE 4. Aulas de campo de alinhamento da antena 2.4m na banda-C (à esquerda) e
montagem de antena do acesso-EMIS.

APÊNDICE 5. Ganho da antena durante a recepção e transmissão

98
APÊNDICE 6. Temperatura de ruído estimada da antena

APÊNDICE 7. Figura de ruído

APÊNDICE 7. Conjunto ODU

99
APÊNDICE 7. Gráfica de sinal Rx do beacon do Satélite Eutelsat E3B a partir do analisador
de espectro e medidor de campo durante os testes laboratoriais de apontamento de antena no
VOC-Multitel.

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APÊNDICE 8. Interface / Frame do Modem e respectivos parâmetros

101
Anexos

ANEXO 1. Ficha técnica da antena usada

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ANEXO 2. Distância entre Angola e Portugal

ANEXO 3. Valores de perda de caminho no espaço livre de link de Satélite

103
ANEXO 4. Comparação dos beams do Satélite Eutelsat E3B para banda-Ku, banda-Ka Leste
banda-C

104
ANEXO 5. Posições orbitais de alguns Satélites na GEO

ANEXO 6. Exemplo de arquitetura e partes integrantes de um Satélite.

105
ANEXO 7. Ficha técnica do Modem CDM-625 Advanced Sattelite

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