Monitoramento de Mariposas Dos Generos Lonomia

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Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Organização:
Deni Lineu Schwartz Filho
Maristela Zamoner
Solange Regina Malkowski

Monitoramento de
mariposas dos
gêneros Lonomia
e Periga

1ª Edição

CURITIBA
COMFAUNA CONSERVAÇÃO E MANEJO DE FAUNA SILVESTRE LTDA.
2018

1
Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Copyright © 2018 by Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski.

Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que
mencionados os créditos e que não objetive qualquer fim comercial. A responsabilidade pelos direitos
autorais de textos e imagens desta obra é dos autores.

1ª edição – 2018

Elaboração e distribuição
COMFAUNA – Conservação e Manejo de Fauna Silvestre LTDA.

Produção editorial
Organizadores: Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner, Solange Regina Malkowski.
Autores: Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner, Solange Regina Malkowski.
Projeto gráfico: Mário S. Trella

Os autores são integralmente responsáveis por todos os conteúdos dos capítulos de suas autorias.

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Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

REALIZAÇÃO EDITORIAL:

COMFAUNA
CONSERVAÇÃO E MANEJO DE FAUNA SILVESTRE LTDA.

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Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Monitoramento de
mariposas dos
gêneros Lonomia
e Periga

ISBN: 978-85-66017-11-3

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Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Agradecimentos

À COMFAUNA Conservação e Manejo de Fauna Silvestre


LTDA., pelo apoio nesta realização editorial conforme a Política
Nacional do Livro (Lei n 10.753, de 30 de outubro de 2003). A
o

Casa do Biólogo por viabilizar esta obra.

Ao Instituto de Tecnologia para Desenvolvimento, LACTEC, em


especial a Juliano Santos e Robson Hack pelas oportunidades de
participação em atividades ambientais com lepidópteros,
incluindo destacadamente os gêneros Lonomia e Periga, pelo
apoio, incentivo e disposição para compartilhar informações.

Ao Departamento de Pesquisa e Conservação da Fauna da


Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Curitiba pela seleção
do trabalho de pesquisa com os gêneros Lonomia e Periga,
apresentado à Carteira de Projetos, e às chefias do Museu de
História Natural Capão da Imbuia pelo apoio.

À Claudia Staudacher, por fornecer graciosamente sua


belíssima fotografia de um exemplar fêmea vivo do
gênero Lonomia.

À Dayana Kososki, por ceder gentilmente duas fotografias de


pré-pupas e pupas de exemplares do gênero Lonomia recém
coletadas em ambiente natural.

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Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Sumário

Abertura ...........................................................................................................................9
SOBRE OS AUTORES .....................................................................................................9
RESUMO .......................................................................................................................11
ABSTRACT ...................................................................................................................11
Lagartas urticantes .......................................................................................................12
Os gêneros Lonomia e Periga .........................................................................................14
Gênero Lonomia ................................................................................................. 14
Gênero Periga ..................................................................................................... 16
Importância para saúde, ecologia e tecnologias no registro ambiental ........ 19
Galeria de imagens – Lonomia e Periga .........................................................................22
Gêneros Lonomia/Periga e Saúde ...................................................................................29
Monitoramento ambiental de fauna .................................................................................30
Monitoramento ambiental dos gêneros Lonomia e Periga ..............................................32
Monitoramento com objetivo em saúde pública – Vigilância ........................ 32
Monitoramento de fauna com objetivo em Meio Ambiente........................... 33
Casos de pesquisa ambiental de mariposas dos gêneros Lonomia/Periga ......................36
Lonomia/Periga – Virmond/PR ......................................................................... 36
Lonomia/Periga –Tibagi/PR .............................................................................. 40
Monitoramento dos gêneros Lonomia e Periga na Grande Curitiba ............ 47
Relação entre adultos dos gêneros Lonomia/Periga e acidentes com suas fases larvais
.........................................................................................................................................59
Referenciais para o monitoramento dos gêneros Lonomia e Periga ...............................62
Pontos de coleta .................................................................................................. 62
Períodos de aplicação da(s) armadilha(s) ........................................................ 63
Monitoramento não sistematizado ................................................................... 63
Aferição da atratividade da(s) armadilha(s) ................................................... 63
Monitoramento obrigatório .............................................................................. 64
Identificação taxonômica dos exemplares ....................................................... 64

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Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Armazenamento dos exemplares coletados ..................................................... 64


Busca ativa por imaturos................................................................................... 65
Considerações finais ........................................................................................................66
Referencial teórico ...........................................................................................................68

Lista de Quadros

Quadro 1 – Resultados das coletas de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga em diferentes
pontos de coleta durante estudo ambiental entre 2011 e 2014. ...................................................... 37
Quadro 2 – Resultados das coletas de mariposas machos e fêmeas dos gêneros Lonomia e
Periga ao longo das campanhas de campo do estudo ambiental em Virmond/PR entre 2011 e
2014. .................................................................................................................................................. 38
Quadro 3 - Percentuais de insetos contados por ordens, nos 3 (três) pontos de amostragem entre
os meses de março de 2012 fevereiro de 2013. ................................................................................ 52
Quadro 4 – Totais de insetos encontrados por local de amostragem e mês de coleta. .................... 53
Quadro 5 – Totais de exemplares do gênero Lonomia, do gênero Periga e sexo dos exemplares. .. 55
Quadro 6 - Acidentes com lagarta Lonomia por regional de ocorrência e ano – Paraná – 1989 a
2008. .................................................................................................................................................. 60
Quadro 7 – Dados sobre adultos dos gêneros Lonomia/Periga por hora de aplicação da Armadilha
Curityba (Schwartz-Filho e Zamoner, 2018a) em pesquisas ambientais (2011-2014) e acidentes
entre 1989 e 2008, por local e Regional do Estado do Paraná. ......................................................... 61

Lista de Tabelas

Tabela 1 – Relação das ordens de insetos amostradas e respectivas quantidades por ponto de
coleta - Tibagi/PR. .............................................................................................................................. 43
Tabela 2 – Relação das espécies de insetos da Família Saturniidae e respectivas quantidades por
ponto de coleta - Tibagi/PR. .............................................................................................................. 44

Lista de Figuras

Figura 1- Abertura da página do site iNaturalist, na filtragem pelo gênero Lonomia. ...................... 20
Figura 2 - Ultimas ocorrências registradas para o gênero Lonomia, incluindo exemplares do gênero
Periga, e sua distribuição geográfica segundo o site iNaturalist. ...................................................... 21
Figura 3 - Lonomia obliqua Walker, 1855 (macho) – em coleção científica ...................................... 22
Figura 4 - Lonomia obliqua Walker, 1855 (fêmea) – em coleção científica ....................................... 22

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Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Figura 5 – Postura de exemplares do gênero Lonomia, obtida em laboratório ................................ 23


Figura 6 – Agrupamento de lagartas do gênero Lonomia, em tronco de árvore............................... 23
Figura 7 - Exemplares do gênero Lonomia em laboratório................................................................ 24
Figura 8 – Pupa e pré-pupas de exemplares do gênero Lonomia – recém coletadas em ambiente
natural no bairro Santa Cândida, Curitiba. ........................................................................................ 25
Figura 9 - Macho adulto do gênero Lonomia – na natureza. ............................................................. 26
Figura 10 - Fêmea adulta do gênero Lonomia – na natureza. ........................................................... 26
Figura 11 – Exemplar do gênero Periga (macho) – em coleção científica. ........................................ 27
Figura 12 – Exemplar do gênero Periga (fêmea) – em coleção científica. ......................................... 27
Figura 13 - Exemplares do gênero Periga em laboratório, mesma espécie do exemplar adulto da
Figura 11. ........................................................................................................................................... 28
Figura 14 – Município de coleta de exemplares do gênero Lonomia/Periga, por armadilha luminosa
noturna. ............................................................................................................................................. 37
Figura 15 - Fotos dos exemplares coletados: Lepidoptera, Saturnidae, Lonomia/Periga, antes do
envio ao Museu de História Natural Capão da Imbuia para preparação e armazenamento. ........... 39
Figura 16 – Imagem de satélite com localização dos pontos de amostragem de lepidópteros –
Tibagi/PR. ........................................................................................................................................... 41
Figura 17 – Exemplares do gênero Periga encontrados durante a análise ambiental de entomofauna
com uso da Armadilha Curityba (Schwartz-Filho e Zamoner, 2018a). ................................................. 45
Figura 18 - Imagem aérea da região de Curitiba, com marcação dos três pontos de amostragem:
Campina Grande do Sul (azul), Zoológico de Curitiba (verde) e Bosque Capão da imbuia (vermelho).
........................................................................................................................................................... 47
Figura 19 - Quantidades de insetos contados em armadilha luminosa nos 3 (três) pontos de
amostragem da Grande Curitiba, entre os meses de março de 2012 e fevereiro de 2013. .............. 49
Figura 20 - Máximas de temperaturas em Graus Celsius registradas durante as amostragens de
campo realizadas entre os meses de março de 2012 e fevereiro de 2013........................................ 49
Figura 21 - Relação do número de insetos atraídos por armadilha luminosa nos 3 (três) pontos de
amostragem da Grande Curitiba, entre os meses de março de 2012 e fevereiro de 2013. .............. 50
Figura 22 - Quantitativos totais de insetos atraídos por armadilha luminosa nos 3 (três) pontos de
amostragem da Grande Curitiba, entre os meses de março de 2012 e fevereiro de 2013. .............. 51
Figura 23 - Totais de exemplares dos gêneros Lonomia/Periga adultos, machos e fêmeas,
encontrados durante as campanhas de campo realizadas entre os meses de março de 2012 e
fevereiro de 2013. ............................................................................................................................. 54
Figura 24 - Proporção entre os gêneros Lonomia e Periga coletados em armadilhas luminosas nos
pontos de amostragem...................................................................................................................... 55
Figura 25 - Exemplar macho do gênero Lonomia atraído por armadilha luminosa aplicada no
Zoológico de Curitiba. Acima, foto obtida do lado de fora da armadilha, abaixo, do lado de dentro.
........................................................................................................................................................... 56
Figura 26 - Exemplares macho (abaixo) e fêmea (acima) do gênero Lonomia atraídos por armadilha
luminosa aplicada em Campina Grande do Sul. ................................................................................ 57
Figura 27 - Lagartas encontradas por método de busca ativa na propriedade de aplicação da
armadilha luminosa em Campina Grande do Sul, local com maior número de adultos dos gêneros
Lonomia/Periga coletados. A maioria dos grupamentos constatados pertence a Família
Lasiocampidae (A, E, F). Um grupamento tem características compatíveis com a Família Saturniidae
(B), entretanto, não pertencente a nenhum dos gêneros Lonomia ou Periga. ................................. 58

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Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Abertura1

Por Deni Lineu Schwartz Filho,


Maristela Zamoner e
Solange Regina Malkowski

As atividades profissionais envolvendo o


monitoramento dos gêneros Lonomia e Periga
abrangem espectros de natureza ambiental e também
de saúde. Em nossa prática profissional notamos que a
aproximação dos diálogos entre estas áreas pode
trazer evoluções significativas ao conhecimento destes
grupos tão importantes.

Esta percepção motivou o desenvolvimento e a


testagem de uma metodologia que permite o
monitoramento destes insetos quando se encontram
na fase adulta e são passíveis de atratividade por
armadilhas luminosas.

Em monitoramentos ambientais destes gêneros, a


verificação sistematizada da existência de adultos
se mostrou essencial. E entendemos que sendo
somada aos métodos destinados a fins em saúde,
pode trazer contribuições relevantes para o
aprimoramento da gestão dos riscos de acidentes
entre humanos e fases larvais.

E é nesta esteira que esperamos trazer contribuições.

Por fim, pedimos ao caríssimo leitor que nos


comunique caso encontre neste livro alguma
inconsistência, erro ou informação desatualizada.
Acolheremos sugestões como participação valiosa em
favor da qualidade de publicações futuras.

1
EXEMPLO DE CITAÇÃO DESTE TEXTO:
SCHWARTZ-FILHO, Deni Lineu; ZAMONER, Maristela; MALKOWSKI, Solange. Abertura. In: MALKOWSKI,
Solange; SCHWARTZ-FILHO, Deni Lineu; ZAMONER, Maristela (Orgs.). Monitoramento de mariposas dos
gêneros Lonomia e Periga. Curitiba: Comfauna, 2018. p. 9.

9
Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

SOBRE OS AUTORES

Deni Lineu Schwartz Filho


Graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Paraná
(UFPR) no ano de 1986 e mestre em Ciências Biológicas
(Entomologia)/UFPR em 1990. Atualmente é consultor e empreendedor
na área de conservação e manejo de fauna nativa e exótica. Tem
experiência nas áreas de docência em ensino superior, biogeografia,
ecologia, conservação e manejo das abelhas neotropicais, bem como no
manejo e uso econômico da fauna nativa e exótica.
E-mail: [email protected]

Maristela Zamoner
Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) no ano de
1997, mestre em Ciências Biológicas (Zoologia)/UFPR em 2005, especialista em Educação
Ambiental (IBPEX/PR) em 2003, pós-graduada em Direito Ambiental e em História e
Antropologia (UCAM/RJ) em 2017. Bióloga do Museu de História Natural Capão da Imbuia.
Experiência em consultoria ambiental, em especial na área de lepidópteros e fauna de interesse
à saúde, docente em cursos de graduação e pós-graduação, organizadora/autora de livros
dentre os quais se destaca o livro Biologia Ambiental, Editora Protexto, 2007.
E-mail: [email protected]

Solange Regina Malkowski


Graduada em Ciências Biológicas pela Pontifícia
Universidade Católica do Paraná (PUC/PR) em 1985 e
mestre em Ciências Biológicas (Entomologia) pela
Universidade Federal do Paraná (1992). Bióloga do Museu
de História Natural Capão da Imbuia em Curitiba-PR,
Laboratório de Entomologia. Curadora da coleção
entomológica, com experiência em entomologia urbana.
E-mail: [email protected]

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Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

RESUMO
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga
O livro apresenta aspectos gerais relacionados aos gêneros Lonomia e
Periga, pertencentes à Família Saturniidae (Lepidoptera) e questões
referentes às pesquisas ambientais que os envolvem. São discutidas
características de investigações com finalidades ambientais e em saúde,
incluindo uma galeria de imagens. Apresentam-se resultados de três
avaliações ambientais realizadas no Paraná com o uso da Armadilha
Curityba, envolvendo os gêneros Lonomia e Periga. Por fim, pontuam-se
referências técnicas para monitoramentos ambientais e de saúde que
envolvem os gêneros Lonomia e Periga.
Palavras-chave:
Lonomia, Periga, Lepidoptera, monitoramento, armadilha luminosa,
ambiente, saúde

ABSTRACT
Monitoring of moths of the Lonomia and Periga genera
The book displays several general aspects related to the
Lonomia and Periga genera, which belong to the Saturniidae
(Lepidoptera) Family and questions related to environmental
researches that involve them. There is a discussion about
characteristics of investigations with health and environmental
finalities, including an image gallery. The results of three
environmental evaluations carried out in Paraná with the use of the
Curityba Trap are shown, involving the Lonomia and Periga genera.
Finally, technical references for environmental and health monitoring
which involve the Lonomia and Periga genera are highlighted.
Key-words:
Lonomia, Periga, Lepidoptera, monitoring, luminous trap,
environment, health.

11
Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Lagartas urticantes 2, 3

3
Por Solange Regina Malkowski

As lagartas urticantes são formas imaturas de mariposas da ordem Lepidoptera, na qual


estão também inseridas as borboletas. Essa ordem é uma das maiores entre os insetos, possuindo
aproximadamente 180.000 espécies que vivem nos mais variados habitats. A denominação
Lepidoptera foi assim designada devido a presença de revestimento de escamas nas asas (lepido
significa escamas e ptera significa asa). As borboletas e as mariposas possuem diferenças
morfológicas, mas, a característica que mais as distinguem está relacionada ao hábito de voar, já que
a maioria das borboletas voa durante o período diurno e as mariposas no noturno. Também é
importante ressaltar a contribuição dos Lepidoptera na polinização das plantas, além de outros
benefícios, assim, a maioria das espécies interage positivamente no ambiente em que vive.

Os Lepidoptera adultos possuem aparelho bucal sugador, com espiro-tromba


longa, com exceção da família Micropterygidae que apresenta aparelho bucal mastigador,
e ainda alguns possuem o aparelho bucal atrofiado não se alimentando na fase adulta.
Alimentam-se do néctar das flores e substâncias açucaradas de frutas, etc. As mariposas
e as borboletas se desenvolvem através de metamorfose completa ou holometabolia,
consistindo nas fases de ovo, o período de incubação, larva, o período larval e o período
de pupa seguido pela emergência do adulto (ovo-lagarta-pupa-adulto).

As lagartas são cilíndricas, apresentando 13 segmentos no corpo e a cabeça é


bem desenvolvida. Os três primeiros segmentos são os torácicos e possuem um par de
patas em cada um e do 3º ao 6º e o 10º abdominais apresentam falsas patas ou
pseudópodos. O aparelho bucal das lagartas é do tipo mastigador. Alimentam-se,
principalmente, de folhas, por isso, são chamadas de desfolhadoras, e em muitos casos,
algumas espécies são consideradas pragas de culturas pelos danos que causam.

O corpo das lagartas urticantes possui estruturas com glândulas secretoras de


toxinas, que podem ter a forma de pelos, setas ou cerdas. Nos representantes da família
Saturniidae a cerda é constituída por um eixo central com ramificações laterais, com

2
EXEMPLO DE CITAÇÃO DESTE CAPÍTULO:
MALKOWSKI, Solange. Lagartas urticantes. In: MALKOWSKI, Solange; SCHWARTZ-FILHO, Deni Lineu;
ZAMONER, Maristela (Orgs.). Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Curitiba:
Comfauna, 2018. p. 12-13.
3
Adaptação do capítulo da autoria de Solange Regina Malkowski, publicado em 2012, In: ARZUA,
Márcia; CORDEIRO, Adelinyr Azevedo de Moura; ZAMONER, Maristela (Orgs.). Fauna Curitibana de
interesse à saúde. Curitiba: Comfauna, 2012. p. 84-100.

12
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Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

glândulas de veneno no ápice. Estas cerdas, ou scolus, são semelhantes a pequenos


“pinheiros”. Já nos Megalopygidae as lagartas possuem dois tipos de cerdas, as
verdadeiras que são pontiagudas e contém as glândulas basais secretoras de toxina e as
cerdas longas, que são inofensivas.

A postura dos ovos é feita pela fêmea após o acasalamento, e podem ser
dispostos isoladamente ou em grupos sob ou sobre as folhas ou outras estruturas da planta
hospedeira. Bastante comum é encontrar a postura em grupos na página inferior das
folhas, como uma estratégia de defesa. As lagartas, assim que eclodem dos ovos, já
começam a se alimentar das folhas. Quase sempre se alimentam no período noturno e
durante o dia, permanecem aderidas aos troncos. Durante a fase larval podem ocorrer 6
ou 7 trocas de pele (ecdises), ao longo de aproximadamente 3 meses. Depois que já se
desenvolveram há a formação da pupa, que pode ou não estar com envoltório de seda e/ou
folhas. O ciclo de vida é, então, finalizado com a emergência do inseto adulto, o que aqui
no caso se trataria de uma mariposa.

Os Lepidoptera que representam algum risco de causar danos, podendo ser


considerados prejudiciais à saúde, são bem poucos. Basicamente, tais danos podem ser
caracterizados por acidentes que ocorrem, quando inadvertidamente há o contato direto
com as estruturas que adornam o corpo das lagartas urticantes, as quais contém toxinas
que provocam queimaduras na pele e outras reações adversas. Dependendo da espécie
causadora de acidentes, estes podem evoluir de pequena irritação até hemorragia grave,
ocasionando óbito. Geralmente, a gravidade do acidente é diretamente proporcional a
quantidade de estruturas atingidas por ocasião do contato.

As espécies que causam acidentes, no Brasil, são representantes das famílias


Arctiidae, Limacodidae, Megalopygidae e Saturniidae. A espécie Premolis semirufa,
popularmente conhecida como pararama, pertence a família Arctiidae, e é a única espécie
dessa família que causa acidentes graves, com registro de ocorrências somente na região
amazônica, onde provoca a pararamose ou reumatismo dos seringueiros. Outros grupos
que apresentam o mesmo padrão de estruturas urticantes aqui relatado também oferecem
potencial para acidentes, destacando-se Dirphia, Automeris, Periga e Lonomia. Um dos
grupos mais perigosos, especialmente por estar envolvido em óbitos, pertence ao gênero
Lonomia, até recentemente incluindo ainda Periga como subgênero.

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Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Os gêneros Lonomia e Periga4

Por Maristela Zamoner

Atualmente, instituições de várias localidades do mundo trabalham na


identificação molecular da maior parte possível das espécies biológicas, inclusive fazendo
uso do código de barras (barcoding). O banco de dados internacional chamado “Barcode
of Life Data System” (BOLD) foi criado para reunir estas e outras informações sobre os
organismos vivos do planeta, disponibilizando dados publicamente para consulta
eletrônica. Este banco de dados registra Lonomia e Periga como dois gêneros distintos,
pertencentes à Subfamilia Hemileucinae, Família Satunrniidae (Lepidoptera).

Atualmente o elenco de espécies descritas entre os gêneros Lonomia e Periga


é considerável e surpreendente. Com os debates atuais sobre taxonomia e nomenclatura
(Garnett e Christidis, 2017; Thomson et al., 2018), a evolução das técnicas e a viabilização
de checagens científicas mais amplas sobre reconhecimentos de novas espécies, espera-se
constante revisão e possíveis atualizações neste quadro.

Na sequência são pontuadas características gerais dos dois gêneros, que


embora possam variar muito conforme a espécie, representam os exemplares constatados
nas pesquisas trazidas neste livro.

Gênero Lonomia

O gênero Lonomia é endêmico da Região Neotropical. Ocorre no México,


América Central e América do Sul, abrangendo várias espécies, descritas ao longo dos
últimos séculos, como por exemplo:

• Lonomia achelous (Cramer, 1777)


• Lonomia oblíqua Walker, 1855
• Lonomia electra Druce, 1886
• Lonomia pulverosa Strand, 1912
• Lonomia diabolus Draudt, 1929

4
EXEMPLO DE CITAÇÃO DESTE CAPÍTULO:
ZAMONER, Maristela. Os gêneros Lonomia e Periga. In: MALKOWSKI, Solange; SCHWARTZ-FILHO, Deni
Lineu; ZAMONER, Maristela (Orgs.). Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga.
Curitiba: Comfauna, 2018. p. 14-21.

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Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

• Lonomia camox Lemaire, 1971


• Lonomia columbiana Lemaire, 1971
• Lonomia descimoni Lemaire, 1971
• Lonomia rufescens Lemaire, 1971
• Lonomia venezuelensis Lemaire, 1971
• Lonomia beneluzi Lemaire, 2002
• Lonomia frankae Meister, Naumann, Brosch e Wenczel, 2005
• Lonomia belizonensis Brechlin, Meister e van Schayck, 2011
• Lonomia canescens Brechlin e Meister, 2011
• Lonomia leopoldina Brechlin e Meister, 2011
• Lonomia madrediosiana Brechlin & Meister, 2011
• Lonomia maranhensis Brechlin, Meister & Mielke, 2011
• Lonomia orientoandensis Brechlin & Meister, 2011
• Lonomia paralectra Brechlin & Meister, 2011
• Lonomia parobliqua Brechlin, Meister & Mielke, 2011
• Lonomia parubrescens Brechlin & Meister, 2011
• Lonomia puntarenasiana Brechlin & Meister, 2011
• Lonomia quintanarooensis Brechlin & Meister, 2011
• Lonomia rubrescens Brechlin & Meister, 2011
• Lonomia sinjaevorum Brechlin & Meister, 2011
• Lonomia viksinjaevi Brechlin & Meister, 2011
• Lonomia annamiekae Brechlin e Miester, 2013
• Lonomia nigra Brechlin, Käch & Meister, 2013
• Lonomia manabiana Brechlin, Käch & Meister, 2013
• Lonomia orientocordillera Brechlin, Käch & Meister, 2013
• Lonomia oroiana Brechlin, Käch & Meister, 2013
• Lonomia peggyae Brechlin, Käch & Meister, 2013
• Lonomia riojensis Brechlin & Meister, 2013
• Lonomia rufobahiana Brechlin & Meister, 2013
• Lonomia santarosensis Brechlin & Meister, 2013
• Lonomia silkae Brechlin & Meister, 2013
• Lonomia siriae Brechlin & Meister, 2013
• Lonomia vanschaycki Brechlin, Käch & Meister, 2013
• Lonomia sinalectra Brechlin & van Schayck, 2015
• Lonomia antoniae Brechlin e Meister, 2015

Os ovos de seus exemplares, que são colocados juntos pela fêmea, apresentam
formato suavemente elipsoide, não chegam a 2mm de tamanho e sua cor inicial é verde.

A fase larval é caracterizada por padrões de coloração muito variável. Há uma


faixa dorsal central castanha bem definida, cuja irregularidade acompanha a segmentação
do animal, bordeada por duas linhas mais escuras. As demais listras longitudinais incluem
marcas destacadamente maiores e mais claras, em tons de bege a branco e muito
irregulares, parecendo descontínuas. As lagartas possuem cerdas bem desenvolvidas,
com formato semelhante a um pinheiro de cor verde. Conforme a proximidade com o
momento da muda, variam para tons mais escuros. Parte destas cerdas possui células

15
Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

produtoras de toxinas em suas extremidades. As lagartas locomovem-se desde a copa da


árvore na qual se alimentam até o tronco, onde podem permanecer agrupadas, um
comportamento que se observa, destacadamente, no período que antecede a mudança para
fase de pupa.

A pupa é um casulo com formato elíptico de aproximadamente 1x3 cm sendo


a extremidade inferior mais afunilada. No momento de sua formação, já protegida sob o
solo, é amarelada e com o passar do tempo assume coloração marrom.

Os adultos medem em geral de 7 a 8 cm de envergadura, têm formato das


asas em posição natural semelhante a folhas vegetais secas. As tonalidades variam
muito conforme o sexo e a espécie. A fêmea é um pouco maior e assume mais
comumente colorações em tons de marrom, que no macho são mais voltadas para o
amarelo ou alaranjado. Observados dorsalmente em posição natural, machos e fêmeas
apresentam uma linha transversal mais escura, de espessura que varia entre indivíduos
e espécies, ligando as extremidades das asas superiores e sendo visualmente equivalente
a nervura central de uma folha vegetal seca. Essa linha é bem visível nas asas superiores
e pouco aparece em sua continuidade nas inferiores, nas quais, não raro, é menos
definida. Conforme a espécie, essa linha pode ter um lado mais claro ou se apresentar
dividida ao meio por uma pequena faixa mais clara. Machos e fêmeas, sob sua vista
dorsal em posição natural, geralmente possuem nas asas mais uma linha escura, às vezes
irregular, em forma de um semicírculo que contorna a região do tórax. Essa linha não
está presente nas asas inferiores.

Gênero Periga

Ocorre em todas as Américas, e também há séculos suas espécies são


descritas, a exemplo das que seguem:

• Periga cynira (Cramer, [1777])


• Periga circumstans Walker, 1855
• Periga falcata (Walker, 1855)
• Periga angulosa Lemaire, 1971
• Periga squamosa Lemaire, 1971
• Periga aurantiaca Lemaire, 1971
• Periga inexpectata (Lemaire, 1971)
• Periga insidiosa (Lemaire, 1971)
• Periga galbimaculata Lemaire, 1971

16
Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

• Periga lichyi Lemaire, 1971


• Periga occidentalis (Lemaire, 1971)
• Periga bispinosa (Lemaire, 1972)
• Periga parvibulbacea Lemaire, 1972
• Periga prattorum (Lemaire, 1972)
• Periga gueneei (Lemaire, 1973)
• Periga rasplusi (Lemaire, 1985)
• Periga cluacina (Druce, 1886)
• Periga anitae Naumann, Brosch & Wenczel, 2005
• Periga boettgerorum Naumann, Brosch & Wenczel, 2005
• Periga brechlini Naumann, Brosch & Wenczel, 2005
• Periga kishidai Naumann, Brosch & Wenczel, 2005
• Periga acomayensis Brechlin & Meister, 2013
• Periga acuta Mielke & Meister, 2013
• Periga alticola C.G.C. Mielke & F.L. Santos, 2013
• Periga altomoronensis Brechlin & Meister, 2013
• Periga angcuscensis Brechlin & Meister, 2013
• Periga angguyensis Brechlin, Meister & Van Schayck, 2013
• Periga angjunensis Brechlin & Meister, 2013
• Periga baezana Brechlin & Meister, 2013
• Periga barragani Brechlin & Meister, 2013
• Periga calabazana Brechlin & Meister, 2013
• Periga camacana Brechlin & Meister, 2013
• Periga caraca Rougerie & F.L. Santos, 2013
• Periga circaustralis Brechlin & Meister, 2013
• Periga circleopoldina Brechlin & Meister, 2013
• Periga circpotensis Brechlin & Meister, 2013
• Periga costaricana Brechlin & Meister, 2013
• Periga cutervensis Brechlin & Meister, 2013
• Periga drechseli Brechlin & Meister, 2013
• Periga falchahiana Brechlin & Meister, 2013
• Periga falcleopoldina Brechlin & Meister, 2013
• Periga falcparaguayensis Brechlin & Meister, 2013
• Periga falcpotensis Brechlin & Meister, 2013
• Periga foersteri Brechlin & Meister, 2013
• Periga fusca Brechlin & Meister, 2013
• Periga fuscbahiana Brechlin & Meister, 2013
• Periga fuscleopoldina Brechlin & Meister, 2013
• Periga galbialtocuscensis Brechlin & Meister, 2013
• Periga galbicentralis Brechlin & Meister, 2013
• Periga galbinexspectata Brechlin & Meister, 2013
• Periga galbiparaculata Brechlin, Meister & Käch, 2013
• Periga inornata Brechlin & Meister, 2013
• Periga insidiosoides Brechlin & Meister, 2013
• Periga lamercedia Brechlin & Meister, 2013
• Periga marcapata Brechlin & Meister, 2013
• Periga mariposana Brechlin & Meister, 2013
• Periga pacchana Brechlin & Meister, 2013
• Periga pachijalensis Brechlin & Meister, 2013
• Periga paraleopoldina Brechlin & Meister, 2013
• Periga parviboliviana Brechlin & Meister, 2013
• Periga parvicajamarcensis Brechlin & Meister, 2013

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Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

• Periga parvichuquisaciana Brechlin & Meister, 2013


• Periga parvimartinensis Brechlin & Meister, 2013
• Periga potensis Brechlin & Meister, 2013
• Periga pulchra C.G.C. Mielke & Brechlin, 2013
• Periga quillabambensis Brechlin & Meister, 2013
• Periga sanmartiniana Brechlin & Meister, 2013
• Periga santaleopoldina Brechlin & Meister, 2013
• Periga spatulatoides Brechlin & Meister, 2013
• Periga suninensis Brechlin & Meister, 2013
• Periga tungurahuensis Brechlin & Meister, 2013
• Periga wandana Brechlin & Meister, 2013
• Periga campestre Mielke & Siewert, 2014
• Periga elyi Mielke & Siewert, 2014
• Periga faustinoi Mielke, Joerke, Miranda & Costa, 2017
• Periga intervales Mielke, Joerke, Miranda & Costa, 2017
• Periga paranapiacaba Mielke, Joerke, Miranda & Costa, 2017

Os ovos e as pupas dos exemplares do gênero Periga são semelhantes àqueles do


gênero Lonomia, como diversos outros aspectos morfológicos que foram constatados entre
Lonomia obliqua e Periga circumstans (Specht, at al., 2011). Na fase larval, entretanto, a
coloração geral é mais escura nos exemplares do gênero Periga, em tons de castanho ou preto,
com listras em tonalidades que variam de marrom-claro a bege com alguns contornos pretos e
sem o destaque de marcas claras descontínuas. Durante a fase larval também possuem cerdas
bem desenvolvidas que variam as nuances da cor verde conforme a proximidade com a muda.
Parte destas cerdas possui células produtoras de toxinas em suas extremidades, cujas
características são comparáveis com aquelas do gênero Lonomia. As lagartas são vistas usando
locais sombreados entre folhas acumuladas ao chão como abrigo.

Os adultos são um pouco menores que os exemplares do gênero Lonomia.


Também possuem formato das asas semelhante a folhas vegetais secas quando
observadas dorsalmente em posição natural. A fêmea é um pouco maior e assume
colorações em tons de marrom, enquanto o macho possui cores mais voltadas para o
amarelo ou alaranjado. Uma linha transversal mais escura e de espessura que varia nos
indivíduos e nas espécies liga as extremidades das asas superiores, tanto de machos
quanto de fêmeas observados dorsalmente em posição natural. Esta linha é bem visível
nas asas superiores e pouco aparece nas inferiores, onde, não raro, é menos definida. Há
uma outra linha mais escura nas asas, em forma de um semicírculo, as vezes irregular, em
torno da região do tórax, presente também nas asas inferiores.

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Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Importância para saúde, ecologia e tecnologias no registro ambiental

Considera-se que todas as espécies agrupadas nesses táxons têm potencial para
causar graves acidentes através do contato humano com as cerdas de suas lagartas. No Brasil,
os acidentes que ocorrem nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do
Sul envolvem as espécies L. obliqua, P. circumstans, P. falcata e P. gueneei, já nos estados
da Bahia e Espírito Santo as espécies envolvidas em acidentes são L. obliqua e P. insidiosa e
no Pará, Mato Grosso e Goiás relatam-se acidentes com as espécies L. obliqua, L. achelous,
P. insidiosa, P. angulosa, P. cynira e P.gueneei (Azevedo, 2011).

Apesar da ocorrência crescente de acidentes e da sua gravidade, ainda são


poucos os estudos que abrangem biologia, morfologia, aspectos comportamentais ou
métodos de monitoramento de insetos dos gêneros Lonomia e Periga.

O aumento da ocorrência destes táxons em áreas urbanas é uma realidade,


apontando-se como causas fatores que incluem alterações climáticas, redução de inimigos
naturais e desmatamento. A crescente urbanização e a grande capacidade adaptativa
dessas espécies contribuem consideravelmente para sua constatada expansão territorial.
O hábito polífago dos seus imaturos é outro fator favorecedor de sua disseminação, já que
sua dieta se adapta a um espectro tanto de plantas nativas quanto exóticas, incluindo
cedro, ipe, urtiga, figueira, figueira do mato, cafeeiro, caquizeiro, pessegueiro, abacateiro,
seringueira, pereira, aroeira, ameixeira, araticum e plátano.

Neste cenário é relevante destacar a revolução tecnológica que vivemos e atinge


os registros de ocorrências de espécies faunísticas em todo o planeta. A forma como o mundo
científico estava habituado a fazer registros de animais está enfrentando mudanças
interessantes, muito rápidas, e que contribuem consideravelmente com a qualidade e a
velocidade da disponibilização de informações. Algumas iniciativas abertas envolvendo a
participação do público, gerenciadas e moderadas por especialistas, vêm permitindo um
acompanhamento quase em tempo real da ocorrência de diversas espécies animais. Estas
estratégias aprimoram-se gradativamente e representam uma perspectiva positiva em vários
aspectos além do monitoramento em si da ocorrência das espécies, como por exemplo, o
envolvimento do público em geral, o que tem um efeito educativo valioso.

Merece citação o projeto científico, que envolve a participação da população,


chamado iNaturalist, iniciado em 2008 pela California Academy of Sciences. A iniciativa
foi desenhada no formado de uma rede social que interliga cientistas, amantes da natureza

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Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

e o público em geral pelo objetivo de mapear a biodiversidade no mundo de forma


democrática, através da disponibilização imediata de informações.

Este projeto pode ser acompanhado pelo site www.inaturalist.org, que oferece
conteúdos sobre a ocorrência de variados táxons, incluindo os gêneros Lonomia e Periga.
São diversas as informações apresentadas, em constante revisão, indo além das características
animais, incluindo taxonomia e suas alterações, fotografias dos registros, datas, localidades,
fases de desenvolvimento, gráficos de sazonalidade, histórico, estágio de vida entre outros.

As figuras que seguem mostram parte dos dados disponibilizados neste site,
de forma ilustrativa, para o gênero Lonomia.

Figura 1- Abertura da página do site iNaturalist, na filtragem pelo gênero Lonomia.

Fonte: Captura de tela realizada em 21 de março de 2018 pelo site www.inaturalist.org na abertura
da filtragem do gênero Lonomia.

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Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Figura 2 - Ultimas ocorrências registradas para o gênero Lonomia, incluindo exemplares do


gênero Periga, e sua distribuição geográfica segundo o site iNaturalist.

Fonte: Captura de tela realizada em 21 de março de 2018 pelo site www.inaturalist.org.

Entretanto, a ausência de estudos técnicos mais aprimorados do ponto de vista


metodológico, a respeito da atual situação em que espécies dos gêneros Lonomia e Periga
se encontram, deixa clara a necessidade da realização de investigações voltadas ao
desenvolvimento de métodos sistematizados de avaliação ambiental, apropriados às
características destes táxons.

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Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Galeria de imagens – Lonomia e Periga

Figura 3 - Lonomia obliqua Walker, 1855 (macho) – em coleção científica


FOTO: Solange Regina Malkowski.

Figura 4 - Lonomia obliqua Walker, 1855 (fêmea) – em coleção científica


FOTO: Solange Regina Malkowski.

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Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Figura 5 – Postura de exemplares do gênero Lonomia, obtida em laboratório


FOTO: Deni Lineu Schwartz Filho.

Figura 6 – Agrupamento de lagartas do gênero Lonomia, em tronco de árvore


FOTO: Solange Regina Malkowski.

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Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Figura 7 - Exemplares do gênero Lonomia em laboratório.


Acima em grupo, abaixo, um exemplar isolado.
FOTO: Solange Regina Malkowski.

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Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Figura 8 – Pupa e pré-pupas de exemplares do gênero Lonomia – recém coletadas em


ambiente natural no bairro Santa Cândida, Curitiba.
FOTOS: Dayana Kososki.

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Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Figura 9 - Macho adulto do gênero Lonomia – na natureza.


FOTO: Deni Lineu Schwartz Filho.

Figura 10 - Fêmea adulta do gênero Lonomia – na natureza.


FOTO: Cláudia Staudacher.

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Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Figura 11 – Exemplar do gênero Periga (macho) – em coleção científica.


FOTO: Solange Regina Malkowski.

Figura 12 – Exemplar do gênero Periga (fêmea) – em coleção científica.


FOTO: Solange Regina Malkowski.

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Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Figura 13 - Exemplares do gênero Periga em laboratório,


mesma espécie do exemplar adulto da Figura 11.
FOTO: Solange Regina Malkowski.

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Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Gêneros Lonomia/Periga e Saúde5

Por Maristela Zamoner

Do ponto de vista da saúde, exemplares dos gêneros Lonomia e Periga


apresentam o mesmo tipo de interesse. Ambos os gêneros estão relacionados a acidentes
entre humanos e suas fases larvais. Essas formas imaturas possuem estruturas com
glândulas secretoras de toxina, próprias da maioria dos saturnídeos, porém com ação
fibrinolítica causadora de síndrome hemorrágica. A gravidade dos acidentes é variável,
existem casos leves, moderados e graves, sendo que alguns evoluem a óbito.

Já na década de 1960, na Venezuela, houve o reconhecimento da reação


hemorrágica ao acidente com imaturos do gênero Lonomia (Cardoso e Haddad Jr., 2005),
que abrangeu o atual gênero Periga na forma de subgênero até meados da década de 1990.
A partir do final da década de 1980 estes acidentes tomam vulto epidêmico no Brasil,
acometendo, principalmente, os estados da Região Sul (Azevedo, 2011). Com o passar dos
anos tem-se notado aumento dos casos também em outras regiões do país.

Desde 1989 o Estado do Paraná já registrou centenas de acidentes com


grupamentos larvais do gênero Lonomia, apresentando uma letalidade de 2,5% (Rubio,
2001). O primeiro acidente no município de Curitiba data de 1996, no Zoológico
Municipal (Bosa e Farias, 2014). Com o passar dos anos, em vários bairros da cidade
constata-se a presença dessas lagartas, com ocorrência de acidentes em alguns casos.

Acidentes com esse grupo de espécies são cada vez mais frequentes. Estas
constatações reforçam o fato de que o conhecimento prévio sobre a ocorrência dos
insetos destes gêneros em determinada localidade, obtido através de uma metodologia
padrão, sistematizada, é de fundamental importância para a implantação de um modelo
de ações preventivas.

5
EXEMPLO DE CITAÇÃO DESTE CAPÍTULO:
ZAMONER, Maristela. Gêneros Lonomia/Periga e Saúde. In: MALKOWSKI, Solange; SCHWARTZ-FILHO,
Deni Lineu; ZAMONER, Maristela (Orgs.). Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga.
Curitiba: Comfauna, 2018. p. 29.

29
Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Monitoramento ambiental de fauna6

Por Deni Lineu Schwartz Filho


e Maristela Zamoner

Monitoramentos ambientais de fauna visam diagnosticar possíveis alterações


nas comunidades animais ao longo do tempo, portanto, concentram-se no estudo de
variações populacionais. Os grupos abrangidos em monitoramentos de fauna são
habitualmente divididos em categorias como Mastofauna, Herpetofauna, Ictiofauna,
Entomofauna entre outros, podendo destinar-se a avaliações amplas de biodiversidade,
ou específicas de animais silvestres, sinantrópicos, ameaçados ou em risco de extinção,
invasores, de interesse à saúde ou outros.

As finalidades dos monitoramentos de fauna são variadas, abrangendo desde


o atendimento às necessidades de estudos simples, avaliações independentes até o
cumprimento de normas legais. As exigências ambientais, crescentes em todo mundo,
vêm resultando na formulação de normas que devem ser obrigatoriamente cumpridas para
que empreendimentos capazes de impactar os ambientes possam ser levados a termo. No
Brasil, um destes dispositivos é a Instrução Normativa (IN) número 146 de 2007 do
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA),
que resolve, conforme seu Art. 1º:

Estabelecer os critérios para procedimentos relativos ao manejo


de fauna silvestre (levantamento, monitoramento, salvamento,
resgate e destinação) em áreas de influência de empreendimentos
e atividades consideradas efetiva ou potencialmente causadoras
de impactos à fauna sujeitas ao licenciamento ambiental (...)

6
EXEMPLO DE CITAÇÃO DESTE CAPÍTULO:
SCHWARTZ-FILHO, Deni Lineu; ZAMONER, Maristela. Monitoramento ambiental de fauna. In:
MALKOWSKI, Solange; SCHWARTZ-FILHO, Deni Lineu; ZAMONER, Maristela (Orgs.). Monitoramento de
mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Curitiba: Comfauna, 2018. p. 30-31.

30
Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Nesta IN define-se que para o estabelecimento de um Programa de


Monitoramento de Fauna é necessária a realização prévia de um Levantamento de Fauna,
e, sem ambos, não se pode realizar qualquer tipo de manejo de fauna. A IN determina quais
as características exigidas para um Programa de Monitoramento de Fauna como a
necessidade de ser assinado por responsáveis técnicos registrados nos conselhos de classe
para cada subdivisão da fauna em questão. As metodologias aplicadas são, em essência,
sistematizadas, enquadradas em um cronograma pré-definido, em pontos que abrangem as
áreas de influência do empreendimento e é exigida a indicação da entidade que receberá os
exemplares coletados bem como a apresentação de documento de sua anuência, entre
outros. Os resultados dos monitoramentos devem apresentar, por exemplo, a proposição de
medidas mitigadoras para eventuais impactos detectados pelo monitoramento. Qualquer
proposta de manejo de fauna depende da análise dos resultados obtidos no monitoramento
do grupo em questão.

Monitoramentos de fauna realizados para atender exigências legais podem


incluir a avaliação de grupos de interesse à saúde. As metodologias, nestes casos,
precisam ser definidas sem que se perca de vista o objetivo de avaliar as alterações nas
dinâmicas populacionais do animal monitorado.

31
Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Monitoramento ambiental dos gêneros


Lonomia e Periga7

Por Maristela Zamoner

Antes de discutir aspectos relevantes sobre monitoramento de espécies de


interesse ambiental, é bom rever alguns conceitos relativos às diferenças entre
monitoramento com fim ambiental e monitoramento com fim em saúde pública.

Monitoramento com objetivo em saúde pública – Vigilância

A Vigilância em Saúde é composta por atividades de monitoramento dos


fatores que determinam o processo de saúde-doença, nos âmbitos das vigilâncias
sanitária, epidemiológica, da saúde do trabalhador e ambiental (Costa, 2013). Segundo
Langmuir (1963) o conceito de “Vigilância em Saúde” está relacionado à observação
contínua da distribuição e das tendências de incidência das doenças conforme coletas
sistemáticas de dados, incluindo informação sobre morbidade, mortalidade, entre outros
dados e disseminação permanente de tais informações. Já a Lei número 8080 de 1990
define Vigilância Epidemiológica como:

...um conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a


detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores
determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva,
com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de
prevenção e controle das doenças ou agravos.

A literatura concentra-se, principalmente, nos acidentes entre humanos e


lagartas quando se refere a vigilância envolvendo os gêneros Lonomia/Periga. Rubio
(2001), por exemplo, discute a Vigilância Epidemiológica da distribuição de uma espécie
do gênero Lonomia no estado do Paraná. Neste âmbito, a busca ativa por imaturos em
troncos de árvores, fase da vida do inseto relacionada diretamente aos acidentes com
humanos, ganha relevância, havendo registros de ocorrerem mais comumente com as

7
EXEMPLO DE CITAÇÃO DESTE CAPÍTULO:
ZAMONER, Maristela. Monitoramento ambiental dos gêneros Lonomia/Periga. In: MALKOWSKI,
Solange; SCHWARTZ-FILHO, Deni Lineu; ZAMONER, Maristela (Orgs.). Monitoramento de mariposas dos
gêneros Lonomia e Periga. Curitiba: Comfauna, 2018. p. 32-35.

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Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

lagartas que se encontram no sexto instar, próximo à fase de pré-pupa, quando os imaturos
começam a se aproximar do solo, onde passam ao estágio de pupa.

Monitoramento de fauna com objetivo em Meio Ambiente

Quando se objetiva o monitoramento ambiental de lepidópteros, é necessário


considerar que estes grupos de insetos podem ter ocorrência larval sazonal, havendo
redução na velocidade de desenvolvimento ou mesmo o fenômeno de diapausa nas fases
de ovo, pupa e adulto.

Durante a fase larval, exemplares dos gêneros Lonomia/Periga alimentam-se


na copa das árvores e tendem a aparecer nos troncos quando descem para fazer uma de
suas mudas ou chegar ao solo a fim de passar ao estágio de pupa. Durante os ínstares de
lagarta, são muito ativos, alimentam-se vorazmente, o que se reduz com as baixas
temperaturas dos invernos. Nos meses mais frios do ano a constatação de fases imaturas
de lepidópteros em campo é desfavorecida em virtude da sua esperada redução
quantitativa, que chega a ser zerada enquanto o mesmo não se verifica para seus adultos
(Poltronieri, 2008). Garcia et al. (2007), estudando dados de acidentes entre imaturos de
Lonomia obliqua e humanos, constatou que, ao longo de doze anos, foi zero o número de
acidentes nos meses de agosto no Paraná, enquanto nos meses de fevereiro seu
quantitativo ultrapassou seis dezenas. Neste livro serão apresentadas pesquisas de um a
três anos e meio de duração no Paraná, nas quais estes insetos são amostrados em sua fase
adulta com sucesso em todas as estações do ano, inclusive no mês de agosto.

Há muito tempo as armadilhas luminosas estão entre os métodos mais


utilizados para avaliação de insetos cuja fase adulta é alada e com comportamento
fototrópico positivo, chegando a ser indicadas em manuais que orientam a prática de
amostragens entomológicas (Silveira-Neto et al., 1976). Impactos ambientais podem ser
avaliados por análise faunística de insetos bioindicadores dentre os quais se destacam os
lepidópteros taxonomicamente bem conhecidos e cujas amostragens são facilmente
obtidas pelo uso de armadilhas luminosas (Holloway et al. 1987). Entre os lepidópteros,
os saturnídeos são habitualmente capturados com as armadilhas luminosas (Marinoni e
Dutra, 1993, 1996), sendo utilizados como base em muitos estudos ecológicos e de
diversidade biológica. Entre os saturnídeos, a subfamília Hemileucinae, que abrange os
gêneros Lonomia e Periga, destaca-se de outras famílias pelo fato de ser a única cujos
adultos foram constatados em ambiente de Mata Atlântica por todo o ano (Santos, 2012).

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Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Dessa forma, já existem estudos sendo conduzidos com base no uso de armadilhas
luminosas e dedicados à avaliação ambiental de lepidópteros de importância médica
(Siewert e Silva, 2012).

Assim, ao tomarmos a literatura e atividades de levantamentos ambientais


como referência metodológica, notamos que o método preferencial para monitoramento
ambiental dos gêneros Lonomia e Periga não envolve prioritariamente a busca por fases
larvais de ocorrência ambiental sazonal, e sim a atração de adultos constatados todo o ano
com uso de armadilhas luminosas.

Acredita-se que a mobilidade das fêmeas adultas no ambiente seja menor que
a dos machos, desta forma, as armadilhas luminosas possivelmente atraem mais machos
que fêmeas, o que não compromete uma possível estimativa de lagartas no ambiente por
adulto capturado. Alguns dados da literatura podem ser úteis para se analisar ainda o
significado da presença de um adulto, por exemplo, de Lonomia obliqua, no ambiente. A
razão sexual desta espécie foi reconhecida em 1,06 machos para 1 fêmea (Lorini, 2005).
Foram constatadas as médias de: 2,77 oviposições por fêmea, cada uma com mais de 135
ovos, sendo 112 férteis (Lorini et al., 2004). Os grupamentos de lagartas são encontrados
nas árvores com cerca de 50 indivíduos (Moraes, 2009). Entretanto, sabe-se que existem
grupamentos muito menores e outros ainda maiores.

Desta forma, a constatação de um casal adulto de Lonomia obliqua no ambiente


pode representar um potencial futuro de aproximadamente, em dado momento e local, mais
de 310 lagartas, ou cerca de 6 pontos de seus grupamentos. Portanto, é razoável considerar,
teoricamente, que cada indivíduo adulto encontrado no ambiente é indicativo do potencial
de, no intervalo de tempo apropriado, 3 pontos de risco de acidente próximo de sua
localização. Mesmo considerando outras questões, como parasitismo e demais fatores de
redução populacional, um adulto constatado em campo representa risco potencial de
grupamentos de fases larvais nas imediações. As estimativas de suas quantidades merecem
aprimoramentos tanto teóricos quanto experimentais.

Não existem estudos sobre a capacidade de deslocamento de animais adultos


dos gêneros Lonomia e Periga, desta forma, não há como afirmar a quê distância máxima
os grupamentos larvais estariam dos pontos em que adultos foram encontrados.
Entretanto, Oliveira (2014) registra que os Saturniidae adultos possuem peças bucais
pouco desenvolvidas, acreditando-se que não se alimentem, não conseguindo promover
reservas de energia para empreender deslocamentos consideráveis, o que resulta em um
padrão de voo local, se comparado a outros lepidópteros. É possível admitir assim, que

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Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

há uma probabilidade razoável de existir oviposições nas árvores compatíveis com a dieta
de imaturos mais próximas do local onde foi encontrado o adulto. De qualquer forma,
cada adulto constatado indica o potencial de existência de mais de um ponto de risco para
acidente com humano no ambiente próximo de onde foi encontrado.

Naturalmente a questão merece aprofundamentos, pois tais inferências se


baseiam em dados de uma literatura que ainda está em formação e, neste contexto, tem
por finalidade apenas demonstrar um exercício de percepção do local e potencial de risco
para acidentes que um adulto constatado em dado ambiente pode oferecer.

Neste mote, tornam-se prementes apontamentos de métodos consistentes para


o monitoramento ambiental desta fauna. É necessário desenvolver, consolidar e registrar
caminhos técnicos capazes de trazer resultados confiáveis quando o assunto envolve os
gêneros Lonomia/Periga como um todo.

Futuramente, espera-se que os métodos de monitoramento ambiental da


fauna de interesse à saúde estejam suficientemente consolidados, ao ponto de, por
exemplo, somarem-se aos métodos de Vigilância Epidemiológica. A soma de diferentes
métodos, aplicados conforme a necessidade de cada caso, pode subsidiar ações
preventivas mais efetivas, capazes de reduzir acidentes ou mesmo embasar possíveis
ações de manejo de fauna.

35
Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Casos de pesquisa ambiental de mariposas dos


gêneros Lonomia/Periga

Lonomia/Periga – Virmond/PR8

Por Deni Lineu Schwartz Filho e Maristela Zamoner

Esta pesquisa foi realizada pelo Instituto de Tecnologia e Desenvolvimento


(LACTEC), sob a coordenação do biólogo Juliano dos Santos, entre os anos de 2011 e
2014. Os consultores das áreas de entomofauna e artrópodos de interesse à saúde foram
os biólogos Deni Lineu Schwartz Filho e Maristela Zamoner.

Objetivou-se estudar a fauna das áreas potenciais de ocorrência de entomofauna


e artrópodos de interesse à saúde em uma localidade do município de Virmond/PR. Este
monitoramento incluiu os gêneros Lonomia/Periga, que, segundo a literatura, ocorrem na
área, na qual também se constatou a presença de plantas que compõem seu rol de
possibilidades alimentares em fases larvais.

Elegeu-se como método para este monitoramento o uso da Armadilha Curityba


(Schwartz-Filho e Zamoner, 2018a) em duas amostragens noturnas a cada etapa de
campo, realizadas nos novilúnios mais próximos às datas pré-determinadas para
realização das campanhas que abrangeram outros grupos da fauna. O município no qual
as amostragens foram realizadas é indicado conforme a figura que segue e as coordenadas
do ponto de aplicação da armadilha são: latitude 25° 29’ 17” Sul e longitude 52° 12'56”
Oeste.

Os exemplares obtidos foram depositados no Museu de História Natural Capão


da Imbuia, em Curitiba, no Paraná.

8 EXEMPLO DE CITAÇÃO DESTE CAPÍTULO:

SCHWARTZ-FILHO, Deni Lineu; ZAMONER, Maristela. Lonomia/Periga – Virmond/PR. In:


MALKOWSKI, Solange; SCHWARTZ-FILHO, Deni Lineu; ZAMONER, Maristela (Orgs.).
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Curitiba: Comfauna, 2018. p. 36-39.

36
Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Figura 14 – Município de coleta de exemplares do gênero Lonomia/Periga, por armadilha luminosa


noturna.

Fonte: DigitalGlobe, GeoEye, Dados cartográficos 2018, Google.

Ao todo foram coletados 36 exemplares dos dois gêneros Lonomia e Periga,


tanto por métodos sistematizados quanto por métodos não sistematizados, conforme o
quadro seguinte.

Quadro 1 – Resultados das coletas de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga em diferentes pontos
de coleta durante estudo ambiental entre 2011 e 2014.
Armadilha
Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 TOTAIS
luminosa
2ª (09/2011) 0 0 0 0 0
3ª (12/2011) 5 4 3 1 13
4ª (03/2012) 1 3 0 0 4
5ª (06/2012) 1 0 0 0 1
6ª (09/2012) 6 0 1 0 7
7ª (12/2012) 0 0 0 0 0
8ª (03/2013) 3 0 0 0 3
9ª (06/2013) 0 0 0 0 0
10ª (10/2013) 4 0 0 0 4
11ª (12/2013) 4 0 0 0 4
12ª (03/2014) 0 0 0 0 0
13ª (05/2014) 0 0 0 0 0
14ª (08/2014) 0 0 0 0 0
TOTAIS 24 7 4 1 36
Fonte: LACTEC - Dados das atividades de campo durante o estudo da fauna dos gêneros
Lonomia/Periga em Virmond/Paraná.

37
Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Quadro 2 – Resultados das coletas de mariposas machos e fêmeas dos gêneros Lonomia e Periga
ao longo das campanhas de campo do estudo ambiental em Virmond/PR entre 2011 e 2014.
Lonomia Periga
Macho Fêmea Macho Fêmea TOTAIS
2ª (09/2011) 0 0 0 0 0
3ª (12/2011) 9 2 2 0 13
4ª (03/2012) 0 0 4 0 4
5ª (06/2012) 1 0 0 0 1
6ª (09/2012) 1 0 6 0 7
7ª (12/2012) 0 0 0 0 0
8ª (03/2013) 2 0 1 0 3
9ª (06/2013) 0 0 0 0 0
10ª (10/2013) 0 0 3 1 4
11ª (12/2013) 1 1 2 0 4
12ª (03/2014) 0 0 0 0 0
13ª (05/2014) 0 0 0 0 0
14ª (08/2014) 0 0 0 0 0
TOTAIS 14 3 18 1 36
Fonte: LACTEC - Dados das atividades de campo durante o estudo da fauna dos gêneros
Lonomia/Periga em Virmond/Paraná.

Os dados confirmaram a presença dos dois gêneros no município, em todos os


períodos sazonais de amostragem (Primavera, Verão, Outono, Inverno).

O município já teve registro de óbito por acidente com este grupo (Garcia e Danni-
Oliveira, 2007). Virmond localiza-se na 5ª Regional de Saúde do Paraná, na qual se registra
um dos maiores índices de acidentes do estado, segundo as citadas autoras.

No início do estudo a área era regularmente roçada e havia pontos de iluminação


artificial noturna em um raio de dois quilômetros do ponto de aplicação da armadilha
luminosa. Entretanto, a partir das três últimas campanhas de campo houve desligamento de
parte da iluminação artificial noturna local e a atividade das roçadas deixou de ser realizada,
então se observou vertiginoso crescimento da vegetação local e redução das constatações
de adultos.

38
Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Figura 15 - Fotos dos exemplares coletados: Lepidoptera, Saturnidae, Lonomia/Periga, antes do envio
ao Museu de História Natural Capão da Imbuia para preparação e armazenamento.

Fonte: LACTEC - Relatórios das atividades de campo durante o estudo da fauna dos gêneros
Lonomia/Periga em Virmond/Paraná.
Fotos: Deni Lineu Schwartz Filho (campanha 5 e 11) e Maristela Zamoner (campanhas 3, 4, 6, 8, 10 e 11).

39
Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Lonomia/Periga –Tibagi/PR9

Por Deni Lineu Schwartz Filho e Maristela Zamoner

Este estudo foi realizado pelo Instituto de Tecnologia e Desenvolvimento


(LACTEC), sob a coordenação do biólogo Juliano dos Santos, ao longo do ano de 2013.
Os consultores das áreas de entomofauna foram os biólogos Deni Lineu Schwartz Filho
e Maristela Zamoner.
As atividades apoiaram-se na seleção de duas famílias de mariposas
(Lepidoptera), de hábito principalmente noturno, potencialmente indicadoras da
biodiversidade da entomofauna local. Os espécimes foram coletados com o objetivo de
identificação, sempre que possível, em nível de espécie. Para uma observação ampla da
entomofauna local os espécimes dos demais grupos de insetos atraídos pelas armadilhas
luminosas foram contados e identificados conforme sua ordem, sendo soltos em seguida.
Foram definidos 6 pontos de amostragem sistematizada pela aplicação de
Armadilhas Curityba (Schwartz-Filho e Zamoner, 2018a), conforme mostra a próxima figura.
Definiu-se ainda um ponto de coleta não sistematizada, sem uso de armadilha, próximo
ao Ponto 1. Seguem as caracterizações dos pontos de amostragem, conforme registrado
nos relatórios do estudo.

9
EXEMPLO DE CITAÇÃO DESTE CAPÍTULO:
SCHWARTZ-FILHO, Deni Lineu; ZAMONER, Maristela. Lonomia/Periga – Tibagi/PR. In:
MALKOWSKI, Solange; SCHWARTZ-FILHO, Deni Lineu; ZAMONER, Maristela (Orgs.).
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Curitiba: Comfauna, 2018. p. 40-46.

40
Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Figura 16 – Imagem de satélite com localização dos pontos de amostragem de


lepidópteros – Tibagi/PR.

Fonte: Captura de tela Google 2018 MapLink.

41
Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Ponto 1
O Ponto 1 de amostragem se localiza nas coordenadas 22J 569980 e 7287445
N, altitude de 951 metros. O local constitui-se de uma área gramada.

Ponto A
Ainda nas proximidades do Ponto 1 foi utilizada uma fonte de iluminação
artificial local como ponto de coleta não sistematizada, portanto, sem uso de armadilha
luminosa, denominada Ponto A.

Ponto 2
O Ponto 2 de amostragem se localiza nas coordenadas 22J 581844 e 7267312
N, altitude de 1237 metros. O local constitui-se de pequeno gramado, em área
descampada ao lado de uma plantação de soja.

Ponto 3
O Ponto 3 de amostragem se localiza nas coordenadas 22J 578653 e 7268634
N, altitude de 1188 metros. O local constitui-se de área gramada, na face oeste da casa
sede local e próximo a um capão de floresta nativa.

Ponto 4
O Ponto 4 de amostragem se localiza nas coordenadas 22J 574330 e 7272721
N, altitude de 1125 metros. O local constitui-se de área gramada, na face oeste de um
capão de floresta nativa, possuindo ao lado uma plantação de soja.

Ponto 5
O Ponto 5 de amostragem se localiza nas coordenadas 22J 576145 e 7277127
N, altitude de 1145 metros. O local constitui-se de uma clareira na face sudoeste de um
bosque com floresta nativa, havendo uma pequena criação de porcos nas proximidades e
circulação de cavalos.

42
Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Ponto 6
O Ponto 6 de amostragem se localiza nas coordenadas 22J 575956 e 7277127
N, altitude de 1132 metros. O local constitui-se de área gramada, na face oeste da
residência local e fica bem próxima a um bosque com floresta nativa.

Para amostragem da entomofauna foram utilizadas duas Armadilhas Curityba


(Schwartz-Filho e Zamoner, 2018a), aplicadas simultaneamente em dois pontos distintos
por noite. Todos os pontos foram amostrados em duas campanhas de campo, uma no
verão e outra no inverno do ano de 2013.
As atividades de campo foram realizadas pelos dois consultores juntos. Foram
realizados dois processos distintos de triagem. O primeiro, no local de aplicação da
armadilha, quando foram contados todos os insetos conforme suas Ordens e coletados
todos os exemplares de lepidópteros das famílias Sphingidae e Saturniidae. O segundo
processo de triagem foi procedido em laboratório pela confirmação taxonômica em nível
de família e então, cada exemplar foi examinado para determinação de gênero e espécie
quando possível.
Conforme metodologia descrita, foram registradas 12 ordens de insetos, sendo
que a mais abundante foi Lepidoptera, seguida por Diptera, conforme tabela que segue.

Tabela 1 – Relação das ordens de insetos amostradas e respectivas quantidades por ponto de coleta -
Tibagi/PR.
Ordem Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4 Ponto 5 Ponto 6 Ponto A TOTAIS

Lepidoptera 19 19 347 283 336 357 6 1367


Diptera 11 7 77 22 275 55 0 447
Homoptera 0 2 5 0 12 23 0 42
Himenoptera 4 2 2 5 9 8 0 30
Coleoptera 1 1 8 5 4 6 5 30
Orthoptera 0 0 3 4 4 6 0 17
Hemiptera 0 0 0 1 5 4 1 11
Neuroptera 0 0 2 0 0 0 0 2
Phasmatodea 0 1 0 0 0 0 0 1
Blattodea 0 0 0 0 1 0 0 1
Odonata 0 1 0 0 0 0 0 1
Mantodea 0 1* 0 0 0 0 0 1
TOTAIS 35 34 444 320 646 459 12 1950
* O exemplar foi visualizado nas proximidades da armadilha.
Fonte: LACTEC - Dados das atividades de campo durante o estudo da fauna realizado em 2013 no
município de Tibagi/Paraná.

43
Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Observa-se que os Pontos 1 e 2 apresentaram um número muito baixo de


insetos em relação aos resultados obtidos nos pontos 3, 4, 5 e 6. Provavelmente, esse
resultado se deve aos locais onde as armadilhas dos pontos 1 e 2 foram instaladas, sujeitos
a ventos fortes.

Foram coletados todos os exemplares de lepidópteros pertencentes às famílias


Sphingidae e Saturniidae, totalizando 100 (cem) indivíduos distribuídos em 37 (trinta e
sete) espécies. Para os objetivos deste livro serão comentados apenas os resultados da
Família Saturniidae.

Os dados primários obtidos, referentes à Família Saturniidae, podem ser


observados na tabela da sequência. Constataram-se 22 (vinte e duas) espécies amostradas
pela coleta de 58 exemplares. As duas espécies mais abundantes, cada uma representada
por 9 (nove) indivíduos, foram Eacles imperialis e Molippa cruenta.

Tabela 2 – Relação das espécies de insetos da Família Saturniidae e respectivas quantidades por ponto de
coleta - Tibagi/PR.
Espécie de Saturniidae Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4 Ponto 5 Ponto 6 Ponto A TOTAIS

Adeloneivaia fallax 0 0 1 1 0 0 0 2
Adeloneivaia subangulata 2 0 1 1 0 0 0 4
Adelowalkeria flavosignata 0 0 1 0 0 0 0 1
Automeris amoena 0 0 0 1 0 0 0 1
Automeris castrensis 0 2 0 0 0 2 0 4
Automeris incarnata 0 0 0 0 1 0 0 1
Automeris naranja 0 0 1 1 0 0 0 2
Automeris submacula 0 0 0 0 1 0 0 1
Dirphia dolosa 0 0 0 0 0 0 1 0
Eacles imperialis 0 0 5 2 0 2 0 9
Hylesia corevia 0 0 1 0 0 0 0 1
Hyperchiria orodina 0 0 0 1 1 1 0 3
Leucanella memusae 0 0 1 0 0 0 0 1
Molippa cruenta 0 0 7 0 2 0 0 9
Molippa sabina 1 0 1 2 0 1 0 5
Molippa sp 0 0 0 1 0 0 0 1
Oiticella luteciae 0 0 1 2 0 0 0 3
Othorene sp 0 0 0 1 0 0 0 1
Periga sp 0 0 1 0 1 0 0 2
Rothschildia arethusa 0 0 0 0 0 0 1 0
Rothschildia hesperus 0 0 1 0 0 0 1 2
Scolesa viettei 0 0 1 2 0 0 0 3
TOTAIS 3 2 23 15 6 6 3 58
Fonte: LACTEC - Dados das atividades de campo durante o estudo da fauna realizado em 2013 no
município de Tibagi/Paraná.

44
Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

O estudo permitiu a constatação de dois exemplares do gênero Periga,


conforme figura que segue.

Figura 17 – Exemplares do gênero Periga encontrados durante a análise ambiental de entomofauna com
uso da Armadilha Curityba (Schwartz-Filho e Zamoner, 2018a).

Fonte: Fotografia de Deni Lineu Schwartz Filho.

45
Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

No mesmo estudo fizeram-se análises também de dados secundários, nos


quais se constatou o registro local do gênero Lonomia.

A inclusão da entomofauna em estudos ambientais, um grupo com grande


número de espécies, é entendida como uma demanda relativamente nova no Brasil. As
primeiras iniciativas tendem a assumir um papel preponderante como referenciais para
estudos subsequentes, o que atribui a elas maior relevância.

Nos relatórios resultantes destas atividades discutiu-se sobre possíveis


consequências de uma supressão de vegetação com perda de hábitats da entomofauna e
de seus predadores entre outras questões relativas a eventuais alterações no ambiente,
bem como medidas com potencial de minimizar seus efeitos.

Possíveis alterações no ambiente estudado mereceriam estabelecimento


sólido de um programa de monitoramento que permitisse: avaliar e validar os impactos
resultantes de alterações; reconhecer se as medidas que visam minimizar efeitos de
alterações ambientais são adequadas; embasar o conhecimento da biodiversidade e
ecologia dos insetos da região, estratégia fundamental para a conservação da fauna;
configurar-se como referência para projetos similares em locais com características
comparáveis.

Os resultados obtidos por um monitoramento seriam fundamentais para


subsidiar, em especial, um programa de manejo da entomofauna em caso de necessidade
(considerando-se em seu escopo espécies de interesse a saúde como aquelas pertencentes
aos gêneros Lonomia/Periga), sendo também indispensável para minimizar efeitos de
eventuais alterações ambientais nas populações de insetos e por consequência nas demais
populações animais que os utilizam como alimento.

46
Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Monitoramento dos gêneros Lonomia e Periga na Grande Curitiba10

Por Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski,

Este monitoramento foi desenvolvido entre os anos de 2012 e 2013 pela


carteira de projetos do Departamento de Pesquisa e Conservação da Fauna da Secretaria
Municipal de Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Curitiba. Teve sua coordenação
sob a responsabilidade de Solange Regina Malkowski, contando com a colaboração dos
biólogos Maristela Zamoner e Deni Lineu Schwartz Filho.

Estabeleceram-se 3 (três) áreas para o monitoramento, 2 (duas) dentro do


município de Curitiba e 1 (uma) na Região Metropolitana de Curitiba, município de
Campina Grande do Sul, conforme figura seguinte.

Figura 18 - Imagem aérea da região de Curitiba, com marcação dos três pontos de
amostragem: Campina Grande do Sul (azul), Zoológico de Curitiba (verde) e Bosque Capão
da imbuia (vermelho).

Fonte: Cnes/Spot Image. Digital Globe. Geo Eye. Google Maps. Acesso em 26 de novembro
de 2012.

10 EXEMPLO DE CITAÇÃO DESTE CAPÍTULO:

MALKOWSKI, Solange Regina; SCHWARTZ-FILHO, Deni Lineu; ZAMONER, Maristela.


Monitoramento dos gêneros Lonomia e Periga na Grande Curitiba. In: MALKOWSKI, Solange;
SCHWARTZ-FILHO, Deni Lineu; ZAMONER, Maristela (Orgs.). Monitoramento de mariposas dos
gêneros Lonomia e Periga. Curitiba: Comfauna, 2018. p. 47-58.

47
Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Os períodos de amostragem acompanharam os novilúnios entre os meses de


março de 2012 a fevereiro de 2013. No mês de fevereiro de 2012 foi efetuada uma primeira
experiência de aplicação da Armadilha Curityba (Schwartz-Filho e Zamoner, 2018a) -
primeira versão, sendo, portanto, considerada uma fase preliminar, onde pôde ser verificada
a eficiência da atratividade de insetos. A armadilha permaneceu instalada durante todo o
período noturno, compreendendo também parte dos períodos vespertino e matutino.

Os dados foram obtidos através da contagem dos insetos com uso de


contador, por ordem e por segmentos internos da armadilha. As contagens foram
realizadas na manhã seguinte à noite de sua aplicação. Foram considerados, para efeito
de contagens, apenas os totais de insetos localizados no interior da armadilha. Todos os
exemplares dos gêneros Lonomia/Periga, inclusive aqueles encontrados fora da
armadilha, foram coletados.

Dois coletores procederam buscas ativas por lagartas nos meses mais quentes
do ano, setembro, outubro, novembro, dezembro, janeiro e fevereiro. As buscas
ocorreram na propriedade em que foi aplicada a armadilha do ponto de coleta localizado
em Campina Grande do Sul, que obteve o maior número de exemplares dos gêneros
Lonomia e Periga. Verificaram-se árvores encontradas dentro dos limites arborizados da
propriedade que conta com 23.000m2, e todas as lagartas encontradas foram reconhecidas
taxonomicamente como pertencentes ou não aos gêneros Lonomia/Periga.

O total de insetos amostrados perfez 11.550 exemplares, distribuídos entre


Campina Grande do Sul (8.705), Zoológico de Curitiba (1.537) e Bosque Capão da
Imbuia (1.308).

Na figura que segue pode ser verificado que o ponto de amostragem


localizado no município de Campina Grande do Sul apresentou maior abundância de
insetos. Nos pontos do Zoológico de Curitiba e do Bosque Capão da Imbuia os resultados
foram mais próximos entre si e bem inferiores ao ponto de Campina Grande do Sul, o que
pode demonstrar a influência que o processo de urbanização exerce sobre os recursos
naturais. Outro fator potencial para colaborar com estes resultados pode estar relacionado
ao posicionamento das armadilhas nas áreas pesquisadas. Diferente dos outros pontos,
em Campina Grande do Sul foi possível posicioná-la em um local alto, com vista direta
para grande área natural localizada imediatamente abaixo.

48
Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Figura 19 - Quantidades de insetos contados em armadilha luminosa nos 3 (três)


pontos de amostragem da Grande Curitiba, entre os meses de março de 2012 e
fevereiro de 2013.

10000
8705
8000

6000

4000

2000 1537 1308

0
Campina Grande do Sul
sul Zoológico CapãoMuseu
da Imbuia

Fonte: Dados obtidos em campo durante campanhas mensais no período de Lua Nova,
realizadas entre os meses de março de 2012 e fevereiro de 2013.

A distribuição destes quantitativos entre os meses de março de 2012 a


fevereiro de 2013 está relacionada à temperatura, com os valores mais elevados
correspondendo aos períodos mais quentes.

Figura 20 - Máximas de temperaturas em Graus Celsius registradas durante as amostragens de


campo realizadas entre os meses de março de 2012 e fevereiro de 2013.

35
29 30
30
26 25
24
25 22
21
19
20 17
14 14
15
10 8

5
0
ÇO

O
O
O
O
O

O
O

O
L

TO
RI

BR

IR
AI

BR
NH

BR
BR
LH

IR
OS
AR

AB

RE
NE
M

JU

M
TU
M

M
JU

AG
M

VE
ZE
TE

VE

JA
OU

FE
DE
SE

NO

Fonte: Dados obtidos em campo durante campanhas mensais no período de Lua Nova,
realizadas entre os meses de março de 2012 e fevereiro de 2013.

49
Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

A figura seguinte ilustra os quantitativos de insetos encontrados em cada um


dos 3 (três) pontos de amostragem ao longo dos meses entre março de 2012 e fevereiro
de 2013, revelando também um destaque de maiores quantidades no ponto de amostragem
de Campina Grande do Sul. O mesmo gráfico permite notar, juntamente com a figura
anterior, uma tendência ao aumento das quantidades de insetos proporcional a subida de
temperatura. A falha notada no mês de outubro, com destacada redução de quantitativos,
quebrando esta tendência a acompanhar elevações de temperaturas, pode ser explicada
pelos ventos mais fortes observados durante as amostragens deste mês.

Figura 21 - Relação do número de insetos atraídos por armadilha luminosa nos 3 (três) pontos de
amostragem da Grande Curitiba, entre os meses de março de 2012 e fevereiro de 2013.

2500
2324

2000

1592

1500

1158

1000
753 732
588 564
500 426
348 312
256 280 292
189 164
137 112 159 147 130 96 97 126
73 72 108
38 46 50 38 27 19 47 6 6 38
0
O
L

HO
ÇO

O
O
O
O
O

TO

O
O
RI

IR
BR

IR
AI

BR
NH

BR
BR
OS
AR

AB

NE

RE
M

JU

M
TU
M

M
JU

AG
M

VE
JA
ZE
TE

VE
OU

FE
DE
SE

NO

Campina
CampinaGrande
Grandedo
dosul
Sul Zoológico Museu
Capão da Imbuia

Fonte: Dados obtidos em campo durante campanhas mensais no período de Lua Nova, realizadas entre
os meses de março de 2012 e fevereiro de 2013.

Ainda pode ser observado na figura anterior, em todos os meses, que


Campina Grande do Sul revelou maior abundância dentre os três pontos de
amostragem, destacando-se os meses de fevereiro (2.324), setembro (1.592),

50
Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

dezembro (1.158) e março (753). Os meses que apresentaram menores quantidades de


insetos foram maio (46) e junho (27).

Na figura que segue vêm-se os totais de insetos amostrados durante os meses


de março de 2012 a fevereiro de 2013, em todos os pontos de amostragem, destacando-
se os meses de fevereiro, setembro, dezembro e março.

Figura 22 - Quantitativos totais de insetos atraídos por armadilha luminosa nos 3 (três)
pontos de amostragem da Grande Curitiba, entre os meses de março de 2012 e fevereiro
de 2013.
3000

2558
2500

2000 1940

1500 1351
1146 1142

1000 882
738 709
497
500 360

134 93
0
O
ÇO

O
O
NO BRO
O
O

TO

O
O

FE IRO
L
RI

LH

BR

IR
AI

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NH

BR
OS
AR

AB

RE
NE
M

JU

M
TU
M

M
JU

AG
M

VE
ZE
TE

VE

JA
OU

DE
SE

Fonte: Dados obtidos em campo durante campanhas mensais no período de Lua Nova,
realizadas entre os meses de março de 2012 e fevereiro de 2013.

Ao todo foram constatadas 11 (onze) ordens da classe Insecta nas


amostragens: Lepidoptera, Diptera, Hymenoptera, Hemiptera, Homoptera, Coleoptera,
Neuroptera, Orthoptera, Isoptera, Blattodea e Psocoptera.

51
Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

O quadro seguinte apresenta os percentuais de insetos, por ordem, em cada


local de amostragem, indicando uma forte presença de espécimes de Lepidoptera e
Diptera em todos os pontos de amostragem.

Quadro 3 - Percentuais de insetos contados por ordens, nos 3 (três) pontos de amostragem entre os
meses de março de 2012 fevereiro de 2013.
Bosque Capão Percentuais dos 3 pontos
ORDENS Campina Grande do Sul Zoológico
da Imbuia de amostragem

LEPIDOPTERA 41,63% 73,58% 32,57% 44,33%


DIPTERA 55,04% 17,64% 54,15% 50,61%
HIMENOPTERA 1,00% 2,65% 5,83% 1,73%
HEMIPTERA 0,27% 1,19% 0,29% 0,38%
HOMOPTERA 0,85% 3,47% 4,58% 1,57%
COLEOPTERA 0,67% 0,64% 1,43% 0,76%
NEUROPTERA 0,26% 0,46% 0,29% 0,29%
BLATODEA 0,23% 0,18% 0,48% 0,25%
ORTHOPTERA 0,03% 0,18% 0,00% 0,03%
ISOPTERA 0,01% 0,00% 0,29% 0,04%
PSOCOPTERA 0,00% 0,00% 0,09% 0,01%
Fonte: Dados obtidos em campo durante campanhas mensais no período de Lua Nova, realizadas entre
os meses de março de 2012 e fevereiro de 2013.

O ponto de amostragem localizado em Campina Grande do Sul é, dentre os


três, o mais afastado da área antropizada, seguido pelo ponto do Zoológico de Curitiba e
do Bosque Capão da Imbuia. A imagem aérea apresentada revela o status de urbanização
dos três pontos de amostragem. Esta condição é refletida na quantidade de insetos contada
em cada um dos pontos amostrados, podendo ser apontada como uma das explicações
para as diferenças de abundância e diversidade constatadas.

O próximo quadro demonstra os totais de insetos encontrados em novilúnios de


cada mês e quantidades de exemplares dos gêneros Lonomia/Periga.

52
Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Quadro 4 – Totais de insetos encontrados por local de amostragem e mês de coleta.


Bosque Capão da Lonomia/
Campina Grande do Sul Zoológico Totais
Imbuia Periga
MARÇO 753 256 137 1146 1
ABRIL 588 112 38 738 0
MAIO 46 50 38 134 0
JUNHO 27 19 47 93 0
JULHO 348 6 6 360 0
AGOSTO 564 73 72 709 3
SETEMBRO 1592 189 159 1940 1
OUTUBRO 147 38 312 497 0
NOVEMBRO 732 280 130 1142 3
DEZEMBRO 1158 96 97 1351 0
JANEIRO 426 292 164 882 0
FEVEREIRO 2324 126 108 2558 3
TOTAIS 8705 1537 1308 11550 11
Fonte: Dados obtidos em campo durante campanhas mensais no período de Lua Nova, realizadas entre
os meses de março de 2012 e fevereiro de 2013.

O aparecimento de exemplares dos gêneros Lonomia/Periga, objeto deste


estudo, foi observado nas áreas de Campina Grande do Sul e Parque Municipal do Iguaçu
(Zoológico de Curitiba). Este último teve situação de menor atratividade geral de insetos
pela armadilha, se comparado ao primeiro, e mesmo assim houve a constatação dos
grupos pesquisados.

A distribuição de machos e fêmeas dos gêneros Lonomia/Periga, ao longo


dos meses entre março de 2012 e fevereiro de 2013 podem ser vistos na próxima figura.

53
Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Figura 23 - Totais de exemplares dos gêneros Lonomia/Periga adultos, machos e fêmeas,


encontrados durante as campanhas de campo realizadas entre os meses de março de
2012 e fevereiro de 2013.

1 1

2 2

1 1

0 0 0 0 0 0 0 0
O

O
O

O
TO

O
O

O
O

O
ÇO

L
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BR
LH

BR

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BR
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AI

BR

IR
OS
AR

AB

NE

RE
M

JU

M
TU

M
M
JU

AG
M

VE
JA
ZE
VE
TE

OU

DE

FE
SE

NO

MACHOS FÊMEAS

Fonte: Dados obtidos em campo durante campanhas mensais no período de Lua Nova,
realizadas entre os meses de março de 2012 e fevereiro de 2013.

É relevante o fato de que foram encontrados 3 (três) exemplares dos gêneros


Lonomia/Periga no mês de agosto, quando as temperaturas ainda não são muito altas e a
quantidade total de insetos atraídos nas armadilhas não está entre as maiores ao longo do
ano avaliado.

De todos os exemplares, um macho foi encontrado no Zoológico de Curitiba


e todos os demais espécimes, machos e fêmeas, constataram-se no município de Campina
Grande do Sul. O quadro seguinte apresenta os totais de exemplares do gênero Lonomia
e do gênero Periga, por sexo, coletados entre os meses de março de 2012 e fevereiro de
2013.

54
Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Quadro 5 – Totais de exemplares do gênero Lonomia, do gênero Periga e sexo dos exemplares.

Gênero Lonomia Gênero Periga Totais

Machos 5 3 8
Fêmeas 3 0 3
Totais 8 3 11
Fonte: Dados obtidos em campo durante campanhas mensais no período de Lua Nova, realizadas entre
os meses de março de 2012 e fevereiro de 2013.

O gênero Lonomia apresentou-se em maior quantidade de exemplares, sendo


ainda o único para o qual foram encontradas fêmeas. A proporção entre os gêneros
Lonomia e Periga é apresentada na próxima figura.

Figura 24 - Proporção entre os gêneros Lonomia e Periga coletados em armadilhas


luminosas nos pontos de amostragem.

70,00%
63,60%

60,00%

50,00%

40,00% 36,40%

30,00%

20,00%

10,00%

0,00%
Gênero Lonomia
Gênero Lonomia Gênero Periga
Gênero Periga

Fonte: Dados obtidos em campo durante campanhas mensais no período de Lua Nova,
realizadas entre os meses de março de 2012 e fevereiro de 2013.

Exemplares dos gêneros Lonomia/Periga foram encontrados dentro da


armadilha, no tule do lado externo da armadilha e ao chão próximo à armadilha, nas
amostragens realizadas em março, agosto, setembro, novembro e fevereiro.

55
Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Figura 25 - Exemplar macho do gênero Lonomia atraído por armadilha


luminosa aplicada no Zoológico de Curitiba. Acima, foto obtida do lado de
fora da armadilha, abaixo, do lado de dentro.

Fonte: fotografia de Solange Regina Malkowski, produzida no dia 22 de


agosto de 2012.

56
Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Figura 26 - Exemplares macho (abaixo) e fêmea (acima) do gênero Lonomia atraídos


por armadilha luminosa aplicada em Campina Grande do Sul.

Fonte: fotografia de Solange Regina Malkowski, produzida no dia 22 de


agosto de 2012.

As buscas ativas por imaturos ocorreram duas vezes ao mês entre setembro
de 2012 e fevereiro de 2013 na propriedade em que se constatou, por armadilha luminosa,
o maior número de adultos pertencentes dos gêneros Lonomia/Periga, incluindo ambos
os sexos. Na propriedade existem várias árvores apontadas na literatura como fonte
alimentar para fase larval de exemplares destes gêneros, como por exemplo, cedro,
urtigueira, caquizeiro, pessegueiro, pereira e aroeira.

Em nenhuma busca ativa foi encontrado qualquer grupamento de lagartas,


nem indivíduos isolados, pertencentes aos gêneros Lonomia/Periga. Possivelmente as
buscas não coincidiram com os poucos dias do ciclo em que as lagartas descem da copa
das árvores e se posicionam agrupadas nos troncos das árvores. Entretanto, encontraram-
se 8 (oito) pontos com lagartas pertencentes a outros grupos. Algumas das lagartas
constatadas durante as buscas ativas são ilustradas na figura que segue.

57
Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Figura 27 - Lagartas encontradas por método de busca ativa na propriedade de aplicação da


armadilha luminosa em Campina Grande do Sul, local com maior número de adultos dos
gêneros Lonomia/Periga coletados. A maioria dos grupamentos constatados pertence a Família
Lasiocampidae (A, E, F). Um grupamento tem características compatíveis com a Família
Saturniidae (B), entretanto, não pertencente a nenhum dos gêneros Lonomia ou Periga.

Fonte: Dados obtidos em campo, busca ativa por grupamentos de lagartas em troncos de
árvores, realizadas entre os meses de novembro de 2012 e fevereiro de 2013.
Fotografias: Maristela Zamoner.

58
Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Relação entre adultos dos gêneros Lonomia/Periga e


acidentes com suas fases larvais 11

Por Maristela Zamoner

A literatura não disponibiliza dados que permitam uma verificação estatística


da relação entre o número de adultos dos gêneros Lonomia/Periga constatados em
determinada área e o número de acidentes nela ocorridos. Entretanto, essa avaliação
permitiria compreender se a pesquisa com adultos em dada área teria potencial para se
configurar como um preditivo quantitativo de possíveis acidentes e, portanto, se pesquisá-
los no ambiente contribuiria trazendo bom subsídio para fundamentar ações voltadas à
prevenção de acidentes.
Das três pesquisas ambientais realizadas no Paraná relatadas anteriormente
com os gêneros Lonomia/Periga, duas possuíam características compatíveis com
monitoramento ambiental, uma delas realizada em Virmond (5ª Regional do Estado do
Paraná) e outra em Curitiba (2ª Regional do Estado do Paraná). Sobre estes dois estudos
ambientais existem disponíveis dados relativos a quantidade de horas de exposição da
Armadilha Curityba (Schwartz-Filho e Zamoner, 2018a) e adultos dos gêneros
Lonomia/Periga por ela atraídos, permitindo-se obter, para cada caso, a quantidade de
adultos por hora/armadilha: Virmond (5ª Regional) – 0,134 adultos/hora armadilha;
Grande Curitiba (2ª Regional) – 0,057 adultos/hora armadilha. A terceira pesquisa
também permitiu a obtenção deste quantitativo em Tibagi (21ª Regional): 0,014
adultos/hora armadilha.
A Secretaria de Estado da Saúde do Paraná – SESA/PR (s/d) disponibiliza o
Quadro 6 (com grifos desta autora), contendo dados de acidentes ocorridos com estas
lagartas em cada uma das Regionais do Estado, com registros entre os anos de 1989 e
2008. Não são disponibilizados dados mais recentes detalhados por município.
Entretanto, deste quadro é possível obter quantitativos de acidentes, no mesmo intervalo
de tempo para todas as regionais, onde foram feitas as pesquisas ambientais de adultos

11
EXEMPLO DE CITAÇÃO DESTE CAPÍTULO:
ZAMONER, Maristela. Relação entre adultos dos gêneros Lonomia/Periga e acidentes com suas fases
larvais. In: MALKOWSKI, Solange; SCHWARTZ-FILHO, Deni Lineu; ZAMONER, Maristela (Orgs.).
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Curitiba: Comfauna, 2018. p. 59-61.

59
Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Lonomia/Periga: 5ª Regional, onde se localiza Virmond/PR: 58 acidentes; 2ª Regional,


que abrange a Grande Curitiba/PR: 24 acidentes e 21ª Regional, da qual faz parte o
município de Tibagi/PR: 1 acidente.

Quadro 6 - Acidentes com lagarta Lonomia por regional de ocorrência e ano – Paraná – 1989 a 2008.

TOTAL
1989

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008
Regional de Saúde

2ª - CURITIBA - - - - - - 5 1 3 - - - 1 - 3 1 4 6 24
3ª - PONTA GROSSA - - - - - - - - - - - 1 1 - - - 2
4ª - IRATI - - - - - - - - 1 1 - - 1 - - 1 4
5ª - GUARAPUAVA - - - - - 1 - 5 7 16 5 12 - - 2 3 3 1 3 58
6ª - U DA VITORIA - - - - - 1 - 28 22 8 3 2 5 2 5 - 4 2 7 89
7ª - P BRANCO - 2 - 1 2 1 - 1 9 27 4 15 4 3 11 19 5 7 8 119
8ª - F BELTRÃO - 1 2 1 1 1 2 2 7 14 - 7 3 2 2 5 4 6 5 65
9ª - FOZ DO IGUAÇU - - - - - - - - - - - - - - - - - 1 1
10ª - CASCAVEL 1 1 - - 2 1 - 2 4 2 - 9 4 4 5 1 1 1 3 41
11ª - C MOURÃO 1 - - - - - - - - - - - 1 1 - - 3
17ª - LONDRINA - - - - - - - 1 1 1 - 1 13 2 1 - 2 22
19ª - JACAREZINHO - - - - - - - - - - - 1 - - - - 1 2
20ª - TOLEDO - - - - - - - - - - - - 1 - - - 1
21ª - T. BORBA - - - - - - - - - - - 1 - - - - 1
22ª - IVAIPORÃ - - - - - - - - - - 1 - - - - - 2 3
TOTAL 2 4 2 2 5 5 7 40 54 69 13 49 34 14 29 30 21 22 33 435

Fonte: SESA/SVS/DEVA/Divisão de Zoonozes e Intoxicações - Dados parciais até 04/04/2008


Um óbito (nos casos em vermelho) nos Munícipios de Virmond, Palmital, Tamarana, Cruz Machado,
Vitorino, Tijucas do Sul. Clevelândia.
Incluídos em 1997 oito casos suspeitos em Cruz Machado.
Em 1997 ocorreu um caso em Castro com diagnóstico inconclusivo.
Observação: Até meados da década de 1990 Lonomia e Periga eram considerados subgêneros do
gênero Lonomia.

Muitos fatores comprometem comparativos por testes estatísticos


consistentes entre estes dados de adultos obtidos a cada hora/armadilha por localidade e
acidentes por regional correspondente. Por exemplo, o período em houve a realização das
citadas pesquisas ambientais não coincide com o período cujos dados de acidentes estão
disponíveis e a abrangência pela qual a SESA/PR apresenta estes dados, regionais, é mais
ampla do que aquela delineada nas pesquisas ambientais em tela.

Apesar de todas as questões que dificultam comparativos mais consistentes,


constata-se que quanto maior o número de adultos coletados por hora/armadilha em cada

60
Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

local de pesquisa, maior a quantidade de acidentes na regional correspondente, como


evidencia o Quadro 7.

Quadro 7 – Dados sobre adultos dos gêneros Lonomia/Periga por hora de


aplicação da Armadilha Curityba (Schwartz-Filho e Zamoner, 2018a) em
pesquisas ambientais (2011-2014) e acidentes entre 1989 e 2008, por local e
Regional do Estado do Paraná.

Adultos/hora armadilha Acidentes por Regional do


Local de realização do estudo ambiental e
obtidos no estudo Estado entre 1989-2008
sua Regional do Estado
ambiental (2011-2014) (SESA/PR s/d)

Virmond (5a Regional) 0,134 58

Grande Curitiba (2a Regional) 0,057 24

Tibagi (21a Regional) 0,014 1


Fontes: Schwartz-Filho e Zamoner, 2018b e c; Malkowski, Schwartz-Filho e
Zamoner, 2018; SESA/PR (s/d).

Os dados que existem disponíveis sugerem que a avaliação de adultos/hora


armadilha obtida por pesquisas ambientais sistematizadas dos gêneros Lonomia/Periga,
têm potencial como indicativo quantitativo de acidentes entre humanos e exemplares
destes gêneros. Desta forma, é razoável considerar que esta metodologia pode oferecer
dados relevantes para compor o complexo de informações úteis à gestão de riscos de
acidentes entre humanos e as fases larvais dos exemplares pertencentes aos gêneros
Lonomia/Periga.
O comparativo proposto neste capítulo tem por objetivo apenas despertar a
atenção para a importância que a pesquisa de adultos pode ter como coadjuvante no
estudo epidemiológico de acidentes entre as fases larvais de exemplares dos gêneros
Lonomia/Periga e humanos.
Certamente o aprofundamento em pesquisas direcionadas especificamente ao
objetivo de verificar a relação entre o número de acidentes e a quantidade de adultos dos
gêneros Lonomia/Periga por localidade será bem-vindo.

61
Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Referenciais para o monitoramento dos gêneros


Lonomia e Periga12

Por Deni Lineu Schwartz Filho,


Maristela Zamoner e
Solange Regina Malkowski

Considerando as experiências com pesquisas ambientais dos gêneros


Lonomia e Periga, aconselha-se ponderar o que segue para o planejamento de
monitoramentos destes táxons com uso da Armadilha Curityba (Schwartz-Filho e
Zamoner, 2018a).

Pontos de coleta

A determinação dos pontos de coleta é parte importante no planejamento do


monitoramento, dela dependendo a qualidade do resultado e das conclusões. Aconselha-
se, quanto à determinação dos pontos de coleta, no planejamento de um monitoramento
dos gêneros Lonomia/Periga:

• Determinar pontos de coleta na área a ser monitorada mesmo em


locais sem registro de qualquer das fases de vida de exemplares dos
gêneros Lonomia/Periga.
• Determinar, de forma obrigatória, pontos de coleta em locais com
registro dos gêneros Lonomia/Periga, com ou sem ocorrência de
acidentes.
• Definir pontos de coleta considerando a menor competitividade
luminosa e o melhor alcance da armadilha, inclusive a áreas de
arborização nas quais existam potenciais fontes de alimento para
fases larvais de exemplares dos gêneros Lonomia/Periga.

12 EXEMPLO DE CITAÇÃO DESTE CAPÍTULO:

MALKOWSKI, Solange Regina, SCHWARTZ-FILHO, Deni Lineu; ZAMONER, Maristela. Referenciais


para o monitoramento de Lonomia e Periga. In: MALKOWSKI, Solange; SCHWARTZ-FILHO, Deni
Lineu; ZAMONER, Maristela (Orgs.). Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga.
Curitiba: Comfauna, 2018. p. 62-65.

62
Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Períodos de aplicação da(s) armadilha(s)

A aplicação da(s) Armadilha(s) Curityba (Schwartz-Filho e Zamoner, 2018a)


nos pontos de amostragem pré-definidos deve ocorrer, preferencialmente, durante todos
os novilúnios do(s) ano(s) em que o monitoramento será procedido. A razão é que nos
períodos em que a Lua é muito visível a atratividade de armadilhas luminosas se reduz.
É aconselhável ligar a luz da armadilha no início do anoitecer, ou antes dele, e desligar
após a realização da amostragem dos insetos por ela atraídos. Noites de céu encoberto, e
até chuvosas mostraram-se, por experiências paralelas, produtivas mesmo durante outras
fases da Lua que não novilúnios.

Monitoramento não sistematizado

Além do monitoramento sistematizado, com uso de armadilhas, é


recomendável complementar o monitoramento em eventuais pontos luminosos
competitivos, visíveis do(s) local(is) de aplicação da(s) armadilha(s), por exemplo postes,
holofotes, torres, especialmente quando constatado qualquer adulto dos gêneros
Lonomia/Periga em armadilha.

Aferição da atratividade da(s) armadilha(s)

Durante o planejamento do monitoramento aconselha-se considerar a


relevância ou não de avaliar, em cada armadilha aplicada, a quantidade de insetos
atraídos, por Ordem, como referencial de atratividade e, conforme o caso, de
biodiversidade.

Pontos nos quais as armadilhas são colocadas resultando em baixa


atratividade geral de insetos devem ser, preferencialmente, substituídos.

63
Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Monitoramento obrigatório

Aconselha-se estabelecer monitoramento obrigatório de adultos e imaturos de


forma permanente em locais com frequência de público e ocorrência dos gêneros
Lonomia/Periga, havendo ou não histórico de acidente(s).

Identificação taxonômica dos exemplares

É comum em avaliações ambientais de biodiversidade um esforço intenso na


identificação dos gêneros e espécies amostrados, o que, para otimização, pode ser feito
por morfoespécies. Quando o enfoque é interesse em saúde e táxons agrupadores de várias
espécies que oferecem o mesmo risco ao homem, a identificação até o nível de espécie é
secundária, o que importa, primordialmente, é avaliar a presença do grupo todo que
oferece o mesmo risco.

No caso dos gêneros Lonomia/Periga, as identificações mais recentemente


vêm sendo feitas no âmbito molecular, o que encarece o processo. Órgãos públicos da
área da saúde, que porventura estejam promovendo o monitoramento, nem sempre dispõe
de recursos para investir em identificações taxonômicas neste nível, especialmente em
áreas nas quais não há ocorrência de acidentes.

Desta forma, a real necessidade do esforço e gasto com recursos humanos,


materiais e financeiros para realização da identificação taxonômica de espécies dos
gêneros Lonomia/Periga precisa ser parcimoniosamente avaliada quando o enfoque é o
monitoramento destes gêneros com finalidade de saúde e não de biodiversidade.

Armazenamento dos exemplares coletados

Aconselha-se a coleta, o sacrifício e o armazenamento definitivo de todos os


exemplares adultos que pertençam aos gêneros Lonomia e Periga. Este armazenamento
pode ser efetivado pelo tombamento em uma coleção científica já estabelecida ou outro
meio, como a confecção de uma coleção local de referência. A importância deste
armazenamento, especialmente se a identificação dos exemplares não foi procedida até
espécie, pode ser revelada na hipótese de começarem a ocorrer acidentes em certa

64
Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

localidade ou seus índices serem notadamente aumentados. Neste momento, uma coleção
de referência pode compor parte da investigação sobre os acidentes, indicando, por
exemplo, se estão relacionados a uma espécie não constatada anteriormente na área. Uma
coleção de referência pode contribuir tanto em ações preventivas ou educativas, quanto
em estudos de dinâmicas das populações que oferecem riscos.

Busca ativa por imaturos

Em monitoramento ambiental dos gêneros Lonomia/Periga a busca ativa por


imaturos não se mostrou tão eficiente quanto a aplicação da Armadilha Curityba
(Schwartz-Filho e Zamoner, 2018a). Desta forma, o método de atração de adultos é
entendido como indispensável quando se objetivam pesquisas da fauna de interesse a
saúde, com fins ambientais.

65
Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Considerações finais13

Por Deni Lineu Schwartz Filho,


Maristela Zamoner e
Solange Regina Malkowski

Entende-se que o uso de armadilhas luminosas para atração de lepidópteros


adultos é recomendável para o monitoramento ambiental dos gêneros Lonomia/Periga.
As atividades descritas mostraram-se eficientes, destacadamente, por ter sido
possível:

• Realizar a confirmação da presença do gênero Lonomia, já conhecida


em fases larvais, no Zoológico Municipal de Curitiba, local de intensa
circulação de pessoas, com registro de acidente.
• Registrar exemplares de adultos dos gêneros Lonomia/Periga nos
meses do ano em que as temperaturas são mais baixas e a ocorrência
de fases larvais é mais difícil verificar.
• Constatar que quanto maior o número de adultos dos gêneros
Lonomia/Periga coletados por hora/armadilha em cada local
pesquisado, maior a quantidade de acidentes registrada com as suas
fases larvais na Regional do Estado do Paraná correspondente.
• Verificar que se constatou a presença de insetos adultos dos gêneros
Lonomia/Periga por aplicação de armadilha luminosa enquanto a
realização de busca ativa por lagartas em troncos de árvores, na
mesma área, não permitiu a constatação de nenhum exemplar imaturo.

13 EXEMPLO DE CITAÇÃO DESTE CAPÍTULO:

MALKOWSKI, Solange Regina, SCHWARTZ-FILHO, Deni Lineu; ZAMONER, Maristela.


Considerações Finais. In: MALKOWSKI, Solange; SCHWARTZ-FILHO, Deni Lineu; ZAMONER,
Maristela (Orgs.). Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Curitiba: Comfauna, 2018.
p. 66-67.

66
Deni Lineu Schwartz Filho, Maristela Zamoner e Solange Regina Malkowski
Monitoramento de mariposas dos gêneros Lonomia e Periga. Comfauna, 2018.

Desta forma, tanto monitoramentos pela atração de adultos no espectro


ambiental quanto de saúde podem trazer resultados importantes, naturalmente,
promovendo-se a adaptação metodológica necessária a cada caso.

Espera-se que este trabalho possa subsidiar atividades de estudos e


monitoramentos ambientais dos gêneros Lonomia/Periga e, talvez, complementar
estratégias de Vigilância Epidemiológica.

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