A Arte Cinética de Abraham Palatnik

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A arte cinética de Abraham Palatnik

A arte cinética de Abraham Palatnik é resultado da mudança do artista na forma


de perceber e entender a arte. Filho de russos, nascido em 1928 em Natal, Rio Grande do
Norte, Palatnik passou a infância em Tel-Aviv, onde fez curso de especialização em motores
de explosão e aos 20 anos voltou para o Brasil. Artista consagrado pela criação de obras
marcadas pela fusão entre o movimento, o tempo e a luz, de grande potencial visual e
poético, o artista é um dos precursores, e hoje a maior referência, da corrente artística que
ficou conhecida como arte cinética, na qual as fronteiras entre pintura e escultura se
confundem e se ampliam. Ainda jovem artista, Palatnik mudou a forma de ver, fazer e
entender arte quando conheceu o Hospital Psiquiátrico Dom Pedro II, coordenado pela Dra.
Nise da Silveira.

Ao ver obras de pacientes esquizofrênicos, que apresentavam uma produção


excepcional, mesmo sem estudos sobre arte, Palatnik percebeu que realizava algo inócuo
frente àquela produção rica de artistas que na grande maioria desconhecia o significado da
expressão “arte”. Assim, abandonou os pincéis e passou a ter uma relação mais livre entre
forma e cor. Emydio de Barros e Raphael Domingues são dois dos artistas da instituição
que influenciaram fortemente a produção de Palatnik. Um fato curioso foi que a comissão
julgadora da I Bienal de São Paulo, em 1951, sem saber como classificar o trabalho do
artista, se pintura ou escultura, concedeu-lhe menção honrosa em reconhecimento pelo
trabalho original e inovador. Palatnik assina linha de mobiliário e objetos decorativos, e
seus animais são valorizadíssimos no mercado atual. O artista vive e trabalha no Rio de
Janeiro.

Arte cinética de Abraham Palatnik.


Arte Cinética

Também conhecida como cinetismo, a arte cinética é uma corrente ou escola artística do
século XX, que tem como principal característica o uso de recursos visais e técnicas
destinadas a dar movimento ou impressão de movimento à obra de arte. A arte cinética
desenvolveu-se, principalmente, no campo das esculturas. Os mobiles artísticos, por exemplo,
são exemplos deste tipo de arte.

Embora a preocupação com a incorporação do movimento às obras de arte tenha surgido no


final do século XIX, foi somente em meados do século XX que esta corrente artística ganhou
impulso. A exposição “O Movimento”, realizada em Paris em 1955, é considerada um marco
para o Cinetismo.

Principais características da arte cinética

- Ruptura com a ideia de obra de arte estática, através do uso de recursos que dão movimento.

- Para implementar o movimento, o artista plástico planeja a “construção” da obra de forma


estruturada. Elementos e técnicas de engenharia são, muitas vezes, utilizados.

- Obras de arte em terceira dimensão (tridimensional).

- Utilização de recursos tais como: eletromagnetismo, motores, vento, água, efeitos especiais,
ilusões de ótica, etc.

- O artista considera a interação entre a obra e o espectador. A questão da perspectiva é


considerada, a partir do ponto de vista do espectador.

- Na construção das esculturas cinéticas, vários materiais são utilizados: madeira, metais,
vidros, fios, arames, plásticos, etc.

Principais artistas representantes deste movimento:

- Marcel Duchamp (pintor e escultor francês)


- Alexander Calder (pintor e escultor norte-americano)
- Victor Vasarely (pintor e escultor húngaro)
- Jesus Raphael Soto (artista plástico venezuelano)
- Yaacov Agam (artista plástico israelense)
- Jean Tinguely (artista plástico suíço)
- Pol Bury (artista plástico belga)
- Nicholas Schöffer (artista plástico húngaro)
- Karl Gerstner (artista plástico suíço)
- Jeffrey Steele (pintor britânico)
- Larry Poons (pintor japonês)
- Theo Jansen (escultor cinético holandês)
Marcel Duchamp

Roda de Bicicleta Fonte

Dimensões: 1,3 m x 64 cm x 42 cm Dimensões: 61 cm x 36 cm x 48 cm


Mídia: Metal wheel mounted Período: Dadaísmo
Período: Dadaísmo Parte da série: Ready-made de Marcel
Localização: Museu de Israel Duchamp
Criação: 1913 Criação: 1917–1917
Mídia: Cerâmica, glazed ceramic

Alexander Calder

Teodelapio Circo Calder

Mídia: Aço Mídia: Arame


Província: Perúgia Criação: 1931
Criação: 1962 Gênero: Arte in situ
Período: Arte moderna
Dono: Comune Di Spoleto
Victor Vasarel

Vega-Nor Supernovae

Criação: 1969 Criação: 1961


Período: Op art Período: Op art
Gênero: Arte abstrata Gênero: Arte abstrata

Arte cinética no Brasil

Essa corrente artística se espalhou pelo mundo de forma que despontou no Brasil na década
de 60, sendo seus maiores representantes: Lygia Clark (1920-1988), Ivan Serpa (1923-1973),
Abraham Palatnik (1928), Lothar Charoux (1912-1987), Luiz Sacilotto (1924-2003), Almir
Mavignier (1925), Mary Vieira (1927-2001), dentre outros.

Lygia Clark

Desde que decidiu abandonar Belo Horizonte e sua tradicional família de juristas
para se dedicar à arte, Lygia Clark não parou de revolucionar, abrindo novas perspectivas para
a arte contemporânea brasileira. Tentando superar os limites entre obra e vida, rejeitou a
ortodoxia do concretismo, fundou um novo movimento, experimentou a body arte, adentrou a
arte plurissensorial e, vivendo no limiar entre a psicanálise e a expressão artística, abdicou do
próprio rótulo de artista, exigindo ser chamada de "propositora". Ao sair de casa (1947), já
com três filhos, passou a estudar pintura sob a orientação de Burle Marx. Em 1950, foi a
Paris, onde freqüentou o ateliê de Fernand Léger (1950-1952). De volta ao Rio de Janeiro,
integrou o Grupo Frente (1954 e 1956), liderado por Ivan Serpa. Com o objetivo de
estabelecer uma nova linguagem abstrata na arte brasileira fundou o neoconcretismo (1959).
Em suas primeiras pinturas (1954-1958), mudou a natureza e o sentido do quadro. Estendeu a
cor até à moldura, anulando-a ou até mesmo trazendo-a para dentro do quadro, criando obras
como Superfícies Modulares e os Contra-Relevos. No período de 1960 a 1964, surgiu seus
Bichos: esculturas articuladas manipuladas pelo público. Com eles Lygia indicava sua busca:
a participação do espectador em seu trabalho, por meio de objetos sensoriais (sacos plásticos,
pedras, conchas, luvas etc.), para despertar sensações e fantasias. Elaborou mais tarde
trabalhos como Nostalgia do Corpo: Diálogo (1968), que propõe ao espectador sentir coisas
simples, como o sopro da respiração e o contato com uma pedra na palma da mão; A Casa É o
Corpo: Labirinto (1968), que simula um útero a ser penetrado pelo visitante, que é levado a
experimentar sensações táteis ao passar por compartimentos; e Baba Antropofágica (1973),
no qual várias pessoas derramam, sobre alguém deitado, fios que saem de suas bocas. Lygia
desenvolveu experiências terapêuticas com seus objetos sensoriais, principalmente entre seus
alunos da Sorbonne, onde lecionou (1970-1975). No Rio de Janeiro, passou a dar consultas
terapêuticas particulares (1978-1985).

Luiz Sacilotto

Luiz Sacilotto (Santo André / SP, 22 de abri de 1924 – São Bernardo do Campo / SP, 9
de fevereiro de 2003), pintor, escultor e desenhista. Filho de imigrantes italianos, Sacilotto
estudou pintura na Escola Profissional Masculina do Brás e desenho na Associação Brasileira
de Belas Artes. Trabalhou como desenhista de letras de alta precisão no Sistema de Máquinas
Hollerith em São Paulo, no escritório de arquitetura de Jacob Ruchti e como desenhista no
escritório de arquitetura de Vilanova Artigas.

Aos 21 anos reencontrou Marcelo Grassmann e Octávio Araújo (colegas de seu antigo
colégio) e os três, junto com Carlos Scliar realizaram a mostra 4 Novíssimos no Instituto de
Arquitetos do Brasil (no Rio de Janeiro). A partir dessa exposição foram conhecidos como o
Grupo Expressionista. Dois anos depois, participou da exposição 19 Pintores realizada na
Galeria Prestes Maia (em São Paulo). Neste evento, Sacilotto conheceu Waldemar Cordeiro e
Lothar Charoux que juntos fundaram o Grupo Ruptura (ao lado de outros nomes como:
Geraldo de Barros, Féier, Leopoldo Haar e Anatol Wladyslaw).

O diálogo desse grupo foi de extrema inportância para o desenvolvimento das obras de
Sacilotto, que no final da década de 40, já apresentava fortes influências do abstrato-
construtivo; desse ponto em diante, bastou alguns passos para que suas obras (pintura e
serigrafia) se tornassem concretistas (foi um dos fundadores do movimento concreto no
Brasil; Sacilotto é sinônimo de arte concreta) e mais alguns passos para explorar efeitos
ópticos (tornando um dos precursores da optical art no Brasil).

No ano de 1963 foi um dos fundadores da Associação de Artes Visuais Novas


Tendências. Seu trabalho consistia em aproximar-se da precisão aspectral de produtos
industriais utilizando como suporte, chapa de cimento-amianto (deixando a tela de lado). Se
aventurou pela tridimensionalidade quando passou a produzir relevos em alumínio pintado e
uma sequência de esculturas em latão e alumínio.

Desde o início, uma das características de seus trabalhos era o distanciamento dos
padrões acadêmicos e a aproximação das ideologias do Grupo Santa Helena. Passou a
produzir obras de caráter expressionista densamente assinalado por cores e formas intensas.

Participou da Exposição Nacional de Arte Concreta em São Paulo e no Rio de Janeiro,


da exposição Arte Moderna do Brasil – ocorrida em várias cidades européias – , da exposição
Projeto Construtivo Brasileiro de Arte na Pinacoteca do Estado de São Paulo e no MAM do
Rio de Janeiro, de diversas Bienais Internacionais de São Paulo, da Bienal Brasil Século XX,
da Bienal de Veneza, da exposição Tradição e Ruptura, da Bienal do Mercosul, da mostra
Konkrete Kunst em Zurique e uma retrospectiva no MAM de São Paulo.

Recebeu o prêmio artes visuais da Associação Paulista dos Críticos de Arte (em 1989
e 2000), o prêmio Melhor Conjunto da Obra da Associação Brasileira de Críticos de Arte
(2000), o Prêmio Governador do Estado do Salão Paulista de Arte Moderna, entre outros.

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