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Tema: Responsabilidade Civil

@RAFAEL.MATTHES

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Lázaro Rafael Silva Correia - 03392258580
1. Regra Matriz

Art. 225. § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio


ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções
penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os
danos causados.

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Obrigação de Não Fazer

Obrigação de Fazer

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Lázaro Rafael Silva Correia - 03392258580
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 Responsabilidade civil: art. 14, §1º da
Lei 6.938/81
 Responsabilidade administrativa: Lei
9.605/98 e Decreto 6.514/08
 Responsabilidade penal: Lei 9.605/98 e
Decreto 6.514/08

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2. Responsabilidade Civil
Responsabilidade Objetiva

Art. 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual
e municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou
correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade
ambiental sujeitará os transgressores:

§ 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor


obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os
danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O
Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de
responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.

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2. Responsabilidade Civil
Reparação In Integrum

“Segundo a doutrina e a jurisprudência dominantes, o princípio que rege as


condenações por lesões ao meio ambiente é o da máxima reparação do dano,
traduzindo-se na ausência de limites para a recomposição do bem degradado, de
modo a assegurar o mais perfeito restabelecimento do status quo ante”.

“Nesse diapasão, essa CORTE SUPERIOR DE JUSTIÇA construiu o


entendimento no sentido de que, os deveres – de restaurar e de indenizar - não se
excluem, mas pelo contrário, se somam, tendo em vista que a eventual
possibilidade de a restauração in natura não se mostre suficiente à recomposição
integral do dano causado, além do que nem todos danos ambientais são
recuperáveis, existem aqueles que são irreversíveis e consolidados”. AREsp
1093640
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2. Responsabilidade Civil
Reparação In Integrum

Súmula 629 - Quanto ao dano ambiental, é admitida a condenação do réu à


obrigação de fazer ou à de não fazer cumulada com a de indenizar.

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2. Responsabilidade Civil
Quem é o poluidor?

 Art. 3º, V da Lei 6938/81: “poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito


público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade
causadora de degradação ambiental”.

 “Para o fim de apuração do nexo de causalidade no dano ambiental,


equiparam-se: quem faz, quem não faz quando deveria fazer, quem deixa
fazer, quem não se importa que façam, quem financia para que façam, e quem
se beneficia quando outros fazem” (STJ - RESP 650728).

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2. Responsabilidade Civil
Quem é o poluidor?

 Litisconsórcio passivo necessário?

“3. Nos danos ambientais, a regra geral é o litisconsórcio facultativo, por ser
solidária a responsabilidade dos degradadores. O autor pode demandar qualquer
um deles, isoladamente, ou em conjunto pelo todo, de modo que, de acordo com
a jurisprudência do STJ mais recente, não há obrigatoriedade de formar
litisconsórcio passivo necessário com os adquirentes e possuidores dos lotes.
Nesse sentido: AgInt no AREsp 1.221.019/SP, Rel. Ministro Francisco Falcão,
Segunda Turma, DJe 26.2.2019; REsp 1.708.271/SP, Rel. Ministro Herman
Benjamin, Segunda Turma, DJe 16.11.2018; REsp 1.358.112/SC, Rel. Ministro
Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 28/06/2013; REsp 1.328.874/SP, Rel.
Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 5.8.2013; e REsp 884.150/MT, Rel.
Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 7.8.2008”.
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2. Responsabilidade Civil
O que é dano ambiental?

 Paulo de Bessa Antunes: “Se o próprio conceito de meio ambiente é aberto,


sujeito a ser preenchido casuisticamente, de acordo com cada realidade
concreta que se apresente ao intérprete, o mesmo entrave ocorre quanto à
formalização do conceito de dano ambiental”.

 Édis Milaré: “dano ambiental é a lesão aos recursos ambientais, com


consequente degradação – alteração adversa ou in pejus – do equilíbrio
ecológico ou da qualidade de vida”.

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2. Responsabilidade Civil
O que é dano ambiental?

Há, em verdade, uma dupla face da danosidade ambiental, pois seus efeitos não
alcançam somente os seres humanos, como, da mesma forma, o ambiente que o
cerca.

Por esta razão, possível distinguir:

 Dano ambiental coletivo


 Dano ambiental individual

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2. Responsabilidade Civil
O que é dano ambiental?

De acordo com o STJ:


(...)O conceito de dano ambiental engloba, além dos prejuízos causados ao meio
ambiente, em sentido amplo, os danos individuais, operados por intermédio deste,
também denominados danos ambientais por ricochete - hipótese configurada
nos autos, em que o patrimônio jurídico do autor foi atingido em virtude da prática
de queimada em imóvel vizinho (...).
RESP 1381211

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2. Responsabilidade Civil
O que é dano ambiental?

- Características do dano ambiental:

 Pulverização de vítimas (bem difuso)


 De difícil reparação
 Dificuldade de valoração

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2. Responsabilidade Civil
O que é dano ambiental?

Dano moral coletivo:

De acordo com o STJ, possível a condenação do poluidor em danos morais


coletivos, presumindo-se a ocorrência dos danos às presentes e futuras gerações.

No entender do Tribunal, o dano moral coletivo atinge os direitos de personalidade


do grupo massificado, sendo desnecessária a demonstração de que a coletividade
sinta dor, repulsa, a indignação, tal qual fosse um indivíduo isolado.

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Como valorar o dano?

“No caso da compensação de danos morais decorrentes de dano ambiental, a


função preventiva essencial da responsabilidade civil é a eliminação de fatores
capazes de produzir riscos intoleráveis, visto que a função punitiva cabe ao direito
penal e administrativo, propugnando que os principais critérios para arbitramento
da compensação devem ser a intensidade do risco criado e a gravidade do dano,
devendo o juiz considerar o tempo durante o qual a degradação persistirá,
avaliando se o dano é ou não reversível, sendo relevante analisar o grau de
proteção jurídica atribuído ao bem ambiental lesado”. “Não há falar em caráter de
punição à luz do ordenamento jurídico brasileiro - que não consagra o instituto de
direito comparado dos danos punitivos (punitive damages) -, haja vista que a
responsabilidade civil por dano ambiental prescinde da culpa e que, revestir a
compensação de caráter punitivo propiciaria o bis in idem (pois, como firmado, a
punição imediata é tarefa específica do direito administrativo e penal)”.

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Como valorar o dano?

“Contudo, muitos defendem que a valoração do dano moral seja pautada pela
punição do agente causador do dano injusto. Para tanto, se valem do instituto
norte-americano dos danos punitivos (punitive damages ) que por sua vez se
baseia na "teoria do valor do desestímulo", por foça da qual, na fixação da
indenização pelos danos morais sofridos, deve o juiz estabelece um "quantum "
capaz de impedir e dissuadir práticas semelhantes, assumindo forma de
verdadeira punição criminal no âmbito cível”. “A valoração do dano moral é obtida,
em nosso ordenamento, pelo arbitramento judicial”. “Os danos punitivos do direito
norte-americano distinguem-se totalmente dos danos materiais e morais sofridos.
Os "punitives damages " (também conhecidos como exemplar damages ou
vindictive damages ), não são estipulados com o fim de promover o ressarcimento
de um dano”. (Tema 681 em RR – RESP 1354536/SE).

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2. Responsabilidade Civil
Teoria do Risco Integral

Tema 681 – RR – STJ: A responsabilidade por dano ambiental é objetiva,


informada pela teoria do risco integral, sendo o nexo de causalidade o
fator aglutinante que permite que o risco se integre na unidade do ato,
sendo descabida a invocação, pela empresa responsável pelo dano
ambiental, de excludentes de responsabilidade civil para afastar a sua
obrigação de indenizar.

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2. Responsabilidade Civil
Solidariedade

“(...) Cabe esclarecer que, no Direito brasileiro e de acordo com a jurisprudência do Superior
Tribunal de Justiça, a responsabilidade civil pelo dano ambiental, qualquer que seja a
qualificação jurídica do degradador, público ou privado, proprietário ou administrador da área
degradada, é de natureza objetiva, solidária e ilimitada, sendo regida pelos princípios do
poluidor-pagador, da reparação in integrum, da prioridade da reparação in natura e do favor
debilis* (...)” (STJ - REsp 1.401.500/PR).

*Proteger a parte vulnerável

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2. Responsabilidade Civil
Imprescritibilidade

RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. TEMA 999. CONSTITUCIONAL.


DANO AMBIENTAL. REPARAÇÃO. IMPRESCRITIBILIDADE. 1. Debate-se nestes autos se
deve prevalecer o princípio da segurança jurídica, que beneficia o autor do dano ambiental
diante da inércia do Poder Público; ou se devem prevalecer os princípios constitucionais de
proteção, preservação e reparação do meio ambiente, que beneficiam toda a coletividade. 2.
Em nosso ordenamento jurídico, a regra é a prescrição da pretensão reparatória. A
imprescritibilidade, por sua vez, é exceção. Depende, portanto, de fatores externos, que o
ordenamento jurídico reputa inderrogáveis pelo tempo. 3. Embora a Constituição e as leis
ordinárias não disponham acerca do prazo prescricional para a reparação de danos civis
ambientais, sendo regra a estipulação de prazo para pretensão ressarcitória, a tutela
constitucional a determinados valores impõe o reconhecimento de pretensões
imprescritíveis. (...)
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4. O meio ambiente deve ser considerado patrimônio comum de toda humanidade,
para a garantia de sua integral proteção, especialmente em relação às gerações
futuras. Todas as condutas do Poder Público estatal devem ser direcionadas no
sentido de integral proteção legislativa interna e de adesão aos pactos e tratados
internacionais protetivos desse direito humano fundamental de 3ª geração, para evitar
prejuízo da coletividade em face de uma afetação de certo bem (recurso natural) a
uma finalidade individual. 5. A reparação do dano ao meio ambiente é direito
fundamental indisponível, sendo imperativo o reconhecimento da imprescritibilidade no
que toca à recomposição dos danos ambientais. 6. Extinção do processo, com
julgamento de mérito, em relação ao Espólio de Orleir Messias Cameli e a Marmud
Cameli Ltda., com base no art. 487, III, b, do Código de Processo Civil de 2015,
ficando prejudicado o Recurso Extraordinário. Afirmação de tese segundo a qual É
imprescritível a pretensão de reparação civil de dano ambiental.

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2. Responsabilidade Civil
Direito Sumular

Súmula 613 - Não se admite a aplicação da teoria do fato consumado em tema de


Direito Ambiental.

"[...] FATO CONSUMADO. MATÉRIA AMBIENTAL. INEXISTÊNCIA. [...] Cuida-se


de ação civil pública na qual a parte ora recorrente foi condenada a demolir casa
que edificou em área de preservação permanente correspondente a manguezal e
a margem de curso d´água, a remover os escombros daí resultantes e a
recuperar a vegetação nativa do local. [...] 4. Por fim, cumpre esclarecer que, em
tema de direito ambiental, não se admite a incidência da teoria do fato
consumado. [...]“ (AgRg no REsp 1491027 PB, Rel. Ministro HUMBERTO
MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 13/10/2015, DJe 20/10/2015)
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Súmula 618 - A inversão do ônus da prova aplica-se às ações de degradação
ambiental.

“(...) Como corolário do princípio in dubio pro natura, ‘Justifica-se a inversão do


ônus da prova, transferindo para o empreendedor da atividade potencialmente
perigosa o ônus de demonstrar a segurança do empreendimento, a partir da
interpretação do art. 6º, VIII, da Lei 8.078/1990 c/c o art. 21 da Lei 7.347/1985,
conjugado ao Princípio Ambiental da Precaução’ (REsp 972.902/RS, Rel. Min.
Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 14.9.2009), técnica que sujeita aquele que
supostamente gerou o dano ambiental a comprovar ‘que não o causou ou que a
substância lançada ao meio ambiente não lhe é potencialmente lesiva’ (REsp
1.060.753/SP, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 14.12.2009) (...)”

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Súmula 623 - As obrigações ambientais possuem natureza propter rem, sendo
admissível cobrá-las do proprietário ou possuidor atual e/ou dos anteriores, à
escolha do credor:
“(...) As obrigações ambientais ostentam caráter propter rem, isto é, são de natureza ambulante, ao
aderirem ao bem, e não a seu eventual titular. Daí a irrelevância da identidade do dono – ontem, hoje ou
amanhã, exceto para fins de imposição de sanção administrativa, civil e penal. O dever de cumprir os
ônus (entre eles, as limitações) ambientais transmite-se junto e inseparavelmente com o imóvel, na esteira
do princípio nemo plus iuris in alium transferre potest quam ipse habet (ninguém pode transferir a outrem
direito maior do que aquele que possui). Ao titular do bem em que incidem obrigações ambientais só é
cabível aliená-lo, por qualquer forma, com idênticas características e encargos, tal qual recebido. São
obrigações ambulatórias, que gravam a propriedade e seguem, inexorável e perpetuamente, os
adquirentes sucessivos. Transferem-se do alienante ao adquirente, imunes às mutações subjetivas,
derivadas que são tão só do status de proprietário ou posseiro do sujeito, seja ele quem for”.

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Internalização:

Código Florestal – Art. 2º.: “§2º As obrigações previstas nesta Lei têm
natureza real e são transmitidas ao sucessor, de qualquer natureza, no
caso de transferência de domínio ou posse do imóvel rural”.

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Súmula 652 - A responsabilidade civil da Administração Pública por danos ao
meio ambiente, decorrente de sua omissão no dever de fiscalização, é de caráter
solidário, mas de execução subsidiária.

"[...] DANO AO MEIO AMBIENTE. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO POR OMISSÃO. ARTS. 3º,
IV, C/C 14, § 1º, DA LEI 6.938/81. DEVER DE CONTROLE E FISCALIZAÇÃO. [...] A jurisprudência
Predominante no STJ é no sentido de que, em matéria de proteção ambiental, há responsabilidade civil do
Estado quando a omissão de cumprimento adequado do seu dever de fiscalizar for determinante para a
concretização ou o agravamento do dano causado pelo seu causador direto. Trata-se, todavia, de
responsabilidade subsidiária, cuja execução poderá ser promovida caso o degradador direto não cumprir a
obrigação, 'seja por total ou parcial exaurimento patrimonial ou insolvência, seja por impossibilidade ou
incapacidade, por qualquer razão, inclusive técnica, de cumprimento da prestação judicialmente imposta,
assegurado, sempre, o direito de regresso (art. 934 do Código Civil), com a desconsideração da
personalidade jurídica, conforme preceitua o art. 50 do Código Civil’ (REsp 1.071.741/SP, 2ª T., Min.
Herman Benjamin, DJe de 16/12/2010).“ (AGRESP 1001780 PR, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI,
PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 27/09/2011, DJe 04/10/2011)
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