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Conceito

O Franquismo, regime ditatorial que dominou a Espanha de 1939 a 1975,


fundamentou-se em uma ideologia complexa e multifacetada, moldada por três
pilares principais:

1. Nacionalismo:
* Unificação e Grandeza: O regime buscava restabelecer a unidade nacional após a
Guerra Civil Espanhola, exaltando a história, a cultura e a tradição espanhola.
* Exaltação da Espanha: A propaganda oficial glorificava o passado imperial
espanhol e promovia a ideia de um futuro grandioso para o país.
* Centralização: O governo centralizava o poder, reprimindo movimentos
autonomistas e regionalistas, como o catalão e o basco.

2. Conservadorismo:
* Anticomunismo ferrenho: O Franquismo se posicionava como defensor da ordem
social tradicional e da propriedade privada, combatendo ferozmente o comunismo e
qualquer ideia de esquerda.
* Hierarquia e Autoridade: A sociedade era vista como uma pirâmide hierárquica,
com a Igreja Católica no topo e o líder supremo, Francisco Franco, no comando
absoluto.
* Família tradicional: A família era considerada a base da sociedade, com papéis
rígidos de gênero e forte controle sobre a educação dos filhos.
3. Nacional-Catolicismo:
* União entre Igreja e Estado: O catolicismo era a religião oficial do Estado, com
forte influência na educação, na cultura e na vida cotidiana.
* Perseguição a minorias religiosas: Protestantes, judeus e outras minorias
religiosas eram perseguidos e marginalizados.
* Moral rigorosa: A moral católica tradicional era imposta à sociedade, reprimindo
comportamentos considerados "imorais", como homossexualidade e divórcio.

As Juntas de Ofensiva Nacional-Sindicalista (JONS) foram um partido espanhol de


ideologia Nacional-sindicalista, cuja doutrina reclamava a criação de um novo
Estado em que os trabalhadores fossem a força fundamental e em que a grandeza
da Pátria, o seu engrandecimento e a sua unidade fosse outro grande objectivo. As
JONS são consideradas como representantes da ideologia nacional-revolucionária
por procurarem conciliar o nacionalismo com a revolução social.

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Características

Repressão Política:
* Perseguição implacável: O regime silenciou qualquer voz discordante,
perseguindo implacavelmente opositores políticos, incluindo republicanos,
socialistas, comunistas e anarquistas.
* Prisões, torturas e execuções: Milhares de pessoas foram presas,
torturadas e até mesmo executadas por seus ideais políticos.
* Censura rigorosa: A liberdade de expressão era inexistente, com livros,
filmes, músicas e qualquer tipo de informação sendo rigorosamente
censurados para se adequar à ideologia oficial.
Nacionalismo Exacerbado:
* Exaltação da Espanha: O regime promovia uma visão exaltada da
identidade espanhola, glorificando o passado imperial e a cultura tradicional.
* Supressão de culturas regionais: As culturas regionais, como a catalã e a
basca, foram reprimidas, com suas línguas e costumes sendo proibidos em
muitos casos.
* Homogeneização forçada: O objetivo era criar uma Espanha homogênea e
unificada, sob a bandeira do nacionalismo franquista.
Controle Econômico:
* Autarquia inicial: Nas primeiras décadas do regime, a Espanha adotou uma
política de autarquia, buscando se tornar autossuficiente economicamente.
* Liberalização gradual: A partir dos anos 1950 e 1960, o regime iniciou um
processo gradual de liberalização econômica, abrindo o país ao investimento
estrangeiro e ao comércio internacional.
* Desenvolvimento desigual: O crescimento econômico desse período não
foi uniforme, beneficiando principalmente as regiões mais industrializadas do
centro e norte da Espanha.
Papel da Igreja Católica:
* Aliança estratégica: A Igreja Católica era um dos principais pilares do
regime franquista, oferecendo-lhe legitimidade religiosa e moral.
* Influência na educação: A Igreja tinha grande influência na educação,
controlando o currículo escolar e promovendo valores tradicionais.
* Moral pública rígida: O regime impunha uma moral pública rígida, de
acordo com os princípios da Igreja Católica, reprimindo comportamentos
considerados "imorais".

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Contexto histórico

Guerra Civil Espanhola (1936-1939):


* Conflito sangrento: A guerra civil dividiu o país entre
republicanos, defensores da democracia, e nacionalistas,
liderados por Francisco Franco.
* Franco no poder: A vitória dos nacionalistas, com apoio da
Alemanha nazista e da Itália fascista, levou Franco ao poder como
ditador.
Segunda Guerra Mundial:
* Neutralidade oficial: Apesar de simpatizar com o Eixo, a
Espanha se manteve oficialmente neutra durante a guerra.
* Favorecimento discreto: Na prática, a Espanha forneceu apoio
ao Eixo, permitindo a passagem de tropas alemãs e fornecendo
suprimentos.
Pós-guerra:
* Isolamento inicial: A vitória dos Aliados na Segunda Guerra
Mundial isolou a Espanha no cenário internacional.
* Reaproximação gradual: Durante a Guerra Fria, a Espanha se
aproximou gradualmente do Ocidente, buscando apoio econômico
e político.
* Admissão à ONU em 1955: A entrada na ONU em 1955 marcou
o fim do isolamento internacional e o início de um processo de
gradual abertura do regime.

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Causas

Instabilidade Política:
* Segunda República Espanhola (1931-1939): Marcada por
divisões ideológicas entre esquerda e direita, a Segunda
República foi incapaz de conciliar os diferentes grupos sociais e
políticos do país.
* Falta de coesão: A fragmentação do sistema partidário e a
constante instabilidade governamental enfraqueciam a República
e criavam um clima de incerteza e insegurança.

Tensões Sociais e Econômicas:


* Desigualdade social: A Espanha era um país marcado por
profundas desigualdades sociais, com uma grande parcela da
população vivendo em situação de pobreza e marginalização.
* Conflitos de classe: As tensões entre trabalhadores e patrões se
intensificaram durante a República, culminando em greves,
revoltas e atos de violência.

Influência de Ideologias Autoritárias:


* Fascismo e nazismo: A ascensão do fascismo na Itália e do
nazismo na Alemanha influenciou setores da sociedade
espanhola, que viam nesses regimes autoritários a solução para
os problemas do país.
* Anticomunismo: O medo da "ameaça vermelha" era um
elemento central do discurso de muitos grupos de direita, que
defendiam a repressão do movimento comunista.

Insatisfação com Reformas Republicanas:


* Reforma agrária: A reforma agrária promovida pela República,
que visava redistribuir terras entre os camponeses, gerou
resistência por parte dos grandes proprietários de terras.
* Secularização: A secularização do Estado, com medidas como
a legalização do divórcio e a retirada do ensino religioso das
escolas públicas, desagradou a Igreja Católica e seus seguidores.

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Consequências
Longo Período de Ditadura:
* 36 anos de governo autoritário: O regime franquista durou 36
anos, impondo um regime repressivo e limitando as liberdades
individuais e políticas da população.
* Marcas na sociedade: Esse longo período de ditadura deixou
marcas profundas na sociedade espanhola, moldando a cultura, a
política e a identidade nacional do país.

Desenvolvimento Econômico Desigual:


* Crescimento nos anos 1960: O regime franquista experimentou
um período de crescimento econômico significativo nos anos
1960, conhecido como "milagre espanhol".
* Desigualdades regionais: Apesar do crescimento geral, o
desenvolvimento econômico foi desigual, com algumas regiões se
beneficiando mais que outras. As disparidades regionais
persistem até hoje.

Transição para a Democracia:


* Morte de Franco em 1975: A morte de Franco em 1975 marcou
o fim do regime e deu início à transição para a democracia.
* Transição pacífica: A transição para a democracia na Espanha
foi um processo relativamente pacífico, culminando na
promulgação da Constituição de 1978.

Legado Cultural e Político:


* Controvérsias sobre a memória histórica: O legado do
Franquismo ainda é tema de debate e controvérsia na Espanha,
com diferentes visões sobre a memória histórica e o papel do
regime.
* Impacto duradouro na política espanhola: O Franquismo teve
um impacto duradouro na política espanhola, moldando o sistema
partidário e as relações entre os diferentes grupos sociais.

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