Farmacologia - Unidade 1

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Sumário

Farmacologia Antimicrobiana............................................................................................ 3
β-Lactâmicos...................................................................................................................... 7
Glicopeptídeos.................................................................................................................. 12
Aminoglicosídeos..............................................................................................................14
Sulfonamidas....................................................................................................................16
Fluoroquinolonas............................................................................................................. 18
Tetraciclinas.....................................................................................................................20
Macrolídeos......................................................................................................................22
Lincosaminas................................................................................................................... 24
Cloranfenicol.................................................................................................................... 25
Pneumonia Comunitária.................................................................................................. 26
Tuberculose e Hanseníase................................................................................................ 27
Farmacologia Antifúngica................................................................................................ 32
Anti-helmínticos e Anti Protozoários................................................................................34
Antivirais e Antirretrovirais............................................................................................. 38
Protocolo IST’s................................................................................................................. 43

Ana Beatriz Porto


Medicina - Turma XXXIII
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Farmacologia Antimicrobiana

Princípios Gerais do Tratamento Antimicrobiano


Histórico
● Paul Ehrlich (criador da teoria das “cadeias laterais”):
➔ Compostos à base de Arsênio - atividade antimicrobiana e atóxicos.
➔ A tentativa n°606 foi eficaz contra o T. pallidum (causador da sífilis) - Salvarsan.

Base Molecular da Terapia Antimicrobiana


● As substâncias (fármacos) devem ser tóxicas para o microrganismo e causar, no hospedeiro, a
mínima interação (ser inócua).
➔ Toxicidade seletiva - depende da identificação de diferenças bioquímicas entre o patógeno e o
hospedeiro.
● Romper o equilíbrio entre os meios intra e extracelular é a forma de matar um microrganismo -
interferência em processos fisiológicos.
● Processos bioquímicos geralmente inibidos:
➔ Síntese de paredes celulares.
➔ Síntese das membranas celulares e de subunidades ribossômicas.
➔ Metabolismo de ácidos nucléicos:
- Inibição da síntese dos nucleotídeos.
- Inibição da DNA ou RNA polimerase.
- Efeito direto no próprio DNA.
➔ Funções das topoisomerases (necessária para o uso e a produção de
DNA), proteases e integrases - vírus.
➔ Proteínas de fusão do envoltório viral.
➔ Síntese de folatos - parasitos.

Farmacocinética do Tratamento Antimicrobiano


● O antimicrobiano é capaz de chegar ao local da infecção, se
distribuindo de forma específica a depender do tecido.
● Comparado à concentração de Ciprofloxacino no sangue, a
concentração nos rins é maior, visto que os fármacos chegam
em grande quantidade nesses órgãos.

Exemplo baseado na concentração de Ciprofloxacino no sangue:


● Tempo de meia vida α ou de distribuição - T ½ aproximadamente 1 hora.
● Tempo de meia vida β ou de eliminação - T ½ aproximadamente 4 horas
➔ Esse é o tempo de meia vida encontrado nas bulas.

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Testes de Sensibilidade
● Identificação e isolamento do microrganismo responsável - ex: PCR.
● Testes de sensibilidade mostram se o patógeno é sensível ou não a determinado
antimicrobiano.
● Halo de inibição (disco de difusão):
➔ Halo maior = bactéria mais sensível.
➔ Halo reduzido = bactéria mais resistente.
● Concentração Inibitória Mínima (CIM) - menor concentração capaz de
inibir o crescimento bacteriano.
● Os testes de sensibilidade são importantes, mas por serem realizados em
laboratório, não prevêem as respostas dos pacientes - servem como base para
escolha do esquema posológico.
➔ 1° gráfico: Dose única (ex: Gentamicina - aminoglicosídeo de uso hospitalar).
- Morte dependente de concentração.
- Efeito pós antibiótico - mesmo abaixo da CIM.
➔ 2° gráfico: Dose de 8/8 horas.

Confirmação da Presença de Infecção


● Febre - um dos principais indícios.
➔ Relação com os PAMPs - IL-1, TNF-α e IL-6 (citocinas).
● Leucograma - Contagem de leucócitos.
➔ A contagem normal de leucócitos é entre 4.000 e 10.000, se estiver superior a esses valores é
considerado uma leucocitose - característica da infecção (ocorre por causa da mobilização dos
granulócitos e/ou linfócitos).
➔ Eosinofilia - característico de infecções por helmintos.
➔ Neutrofilia - pode sugerir uma infecção bacteriana quando associada à leucocitose.
- A neutropenia (contagem baixa de neutrófilos) em geral está associada com mau prognóstico
para a infecção bacteriana.
➔ Linfocitose (aumento dos linfócitos) - característico de tuberculose e de infecções virais ou
fúngicas.
➔ Muitos tipos de infecções podem estar acompanhadas por uma contagem normal de leucócitos.
● Dor e Inflamação.
➔ Podem acompanhar a infecção e às vezes manifestam inchaço, eritema, sensibilidade e material
purulento.
➔ As manifestações de inflamação com infecções profundas (ex: meningite, pneumonia e
endocardite) devem ser confirmadas ao examinar tecidos ou fluidos - o que permite identificar o
tipo de infecção.

Tipos e Objetivos do Tratamento


● Profilaxia:
➔ Indivíduo sem a infecção - vai ser sujeito ao risco de infecção (ex: cirurgias).
➔ Evitar o surgimento da infecção.

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● Preventivo:
➔ A infecção já existe, mas está no início e os sintomas ainda não se manifestaram.
➔ Dirigido à pacientes de alto risco que já tenham indícios laboratoriais.
● Empírico:
➔ Presença da infecção + sintomas.
➔ Baseado na apresentação clínica e infecções específicas de determinados hospedeiros.
➔ Utilização de antibióticos de alto espectro, porém com chance de não funcionar.
● Definitivo:
➔ O patógeno já foi identificado e realizado o teste de sensibilidade.
● Supressor:
➔ A infecção não foi completamente erradicada.
➔ Tratamento por longos períodos.
➔ Deve ser interrompido com a melhora da função imune.

Resistência aos Antibióticos


Determinantes Genéticos de Resistência aos Antibióticos
● Desenvolvimento de resistência por seleção mutacional - mutações podem
ocorrer no gene que codifica:
➔ Proteína-alvo - modificação da sua estrutura.
➔ Proteína transportadora do fármaco.
● Determinantes extracromossômicos - plasmídeos:
➔ Os plasmídeos são alças fechadas de DNA que podem replicar-se independentemente e podem
conter genes para resistência aos antibióticos.
➔ Plasmídeo R - transportam genes para resistência aos antibióticos.
➔ Exemplo de resistência causada por plasmídeo:
- MRSA - Staphylococcus aureus resistente à meticilina (penicilina antiestafilocócicos).
● Transpósons - sequência de DNA “transferíveis” entre plasmídeos e
cromossomo:
➔ Não são capazes de se auto replicarem.
➔ Podem transportar um ou mais genes de resistência e podem
“pegar carona” em um plasmídeo para uma nova espécie de
bactéria.

Transferência de Genes de Resistência entre Bactérias


● Pode ocorrer entre bactérias de uma mesma espécie ou entre espécies diferentes.
● Conjugação:
➔ Principal mecanismo de disseminação da resistência.
➔ Envolve o contato célula-célula - DNA cromossômico ou
extracromossômico é transferido de uma bactéria para outra.
➔ Significativa nas populações de bactérias que são normalmente
encontradas em grandes densidades, como no intestino.

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● Transdução - DNA do plasmídeo é incorporado em um vírus bacteriano (fago) e transferido para
outra bactéria da mesma espécie.

Mecanismos de Resistência aos Antibióticos


● Liberação de enzimas microbianas que destroem o antibiótico:
➔ Exemplo: Resistência aos β-lactâmicos (penicilina) - Enzimas β-lactamases inativam as
moléculas do antibiótico (quebram o anel β-lactâmico), impedindo a ligação fármaco-bactéria.
● Alterações das proteínas-alvo - diminuem a afinidade do fármaco pelo seu alvo:
➔ Exemplo: Resistência a fluoroquinolonas (Ciprofloxacino) devido a uma mutação na DNA
girase.
● Acesso reduzido ou aumento da eliminação do antibiótico por bombas de efluxo:
➔ Exemplo: Resistência à tetraciclinas - Genes de resistência codificam proteínas na membrana
que promovem o efluxo dependente de energia das tetraciclinas (ocorre diminuição do valor
terapêutico).
● Desenvolvimento de vias metabólicas alternativas às que foram suprimidas pelo antibiótico:
➔ Exemplo: Diminuição da afinidade da di-hidrofolato redutase pelo antibiótico trimetoprima.

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β-Lactâmicos

Mecanismo de Ação
● Os antibióticos β-lactâmicos inibem a última etapa da síntese dos peptidoglicanos - componente da
parede celular das bactérias (confere estabilidade mecânica rígida).
● PLP, PBP ou transpeptidase - responsável pelo “encaixe” da proteína na parede celular.
➔ Proteínas que são inibidas.

Resistência à β-lactâmicos
● Inativação do antibiótico pela enzima β-lactamase.
➔ Penicilinase - β-lactamase responsável por quebrar o anel β-lactâmico
nas penicilinas.
➔ Cefalosporinase - β-lactamase responsável por quebrar o anel
β-lactâmico nas cefalosporinas e também quebram, normalmente, nas
penicilinas.
➔ Carbapenemase - β-lactamase responsável por quebrar o anel β-lactâmico
nos carbapenêmicos e ,também, nas cefalosporinas e penicilinas.
● Modificação do alvo farmacológico - pode ocorrer alteração da afinidade.
● Penetração reduzida do fármaco até às proteínas alvo.
● Efluxo do antibiótico (de dentro para fora) - menos importante para os
β-lactâmicos.

Penicilinas
● São ativos contra cepas sensíveis de cocos Gram-positivos, mas são facilmente hidrolisados pela
penicilinase - por isso, são ineficazes contra a maioria das cepas de Staphylococcus aureus.
● Penicilina V - quase não é mais utilizada.
● Penicilina G:
➔ Administrado apenas por via parenteral - intramuscular ou endovenosa.
➔ Possui espectro restrito
- Treponema pallidum é um dos microrganismos mais sensíveis.
- Borrelia burgdorferi (doença de Lyme) é sensível.
➔ Penicilina G benzatina (Benzetacil)
- Preparação parecida com uma suspensão.
- Absorvida mais lentamente (formulação de depósito) - liberação prolongada sendo liberada
aos poucos uma pequena quantidade do fármaco do músculo para a corrente sanguínea.
● Penicilina G cristalina:
➔ Depois da injeção intramuscular, as concentrações plasmáticas máximas de Penicilina G são
alcançadas em 15 a 30 minutos - os valores declinam rapidamente, pois a meia-vida é de 30
minutos.

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➔ A posologia é de muitas doses por dia por causa da meia vida curta.
➔ Probenecida é utilizado, juntamente, para prolongar a meia vida - inibe a secreção tubular,
permitindo que o fármaco fique mais tempo no corpo.
● Penicilina G procaína - vem com anestésico local.

Penicilinas Antiestafilocócicas
● Oxacilina
➔ Administração por via parenteral - uso hospitalar.
➔ Menos ativa contra cocos Gram-positivos quando comparada às demais penicilinas.
➔ Indicada para Staphylococcus aureus (cepa mais leve - coagulase negativa) e Staphylococcus
epidermidis não resistentes.
➔ Sensível a β-lactamase.

Penicilinas de Espectro Ampliado


● Aminopenicilinas:
➔ Bem absorvidos por via oral.
➔ Boa parte é excretado inalterado na urina (90%).
➔ Conservam o espectro da penicilina e ainda apresentam atividade contra microrganismos
Gram-negativos - ex: Escherichia coli, Proteus mirabilis, Salmonella e Shigella.
➔ Sensíveis à β-lactamase
➔ Ex: Amoxicilina e Ampicilina (preferível em caso de infecção por Listeria monocytogenes -
Gram-positiva).
● Penicilinas antipseudomonas (ureidopenicilinas):
➔ Ex: Piperacilina.
➔ Espectro mais ampliado - inclui cepas de Pseudomonas aeruginosa, Enterobacteriaceae e
Enterococcus faecalis.
➔ Administração por via parenteral (endovenosa) - uso hospitalar.

Uso Clínico
● Penicilinas:
➔ Infecções pneumocócicas.
➔ Infecções por estreptococos β-hemolíticos - a faringite estreptocócica é a doença mais comum
causada pelo Streptococcus pyogenes (estreptococo β-hemolítico do grupo A).
- A administração de penicilina G reduz a incidência das recidivas de febre reumática nos
indivíduos suscetíveis.
➔ Sífilis (formas primária, secundária e latente com menos de um ano de duração) - utilização de
penicilina G.
● Oxacilina:
➔ Restrito ao tratamento de infecções causadas por estafilococos produtores de penicilinase
estafilocócica.
● Amoxicilina e Ampicilina:
➔ Infecções das vias aéreas superiores - ativas contra Streptococcus pyogenes e muitas cepas de
Streptococcus pneumoniae e Haemophilus influenzae.
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➔ Tratamento de sinusite, otite média, exacerbações agudas da bronquite crônica e da epiglotite
causadas por cepas sensíveis.
➔ Tratamento empírico.
● Piperacilina:
➔ Tratamento de pacientes portadores de infecções graves causadas por bactérias Gram-negativas
- principalmente, bacteremias, pneumonias, infecções depois de queimaduras e infecções do
trato urinário por microrganismos resistentes a penicilina e a ampicilina (geralmente causadas
por P. aeruginosa, algumas cepas de proteus e espécies de Enterobacter).

Reações Adversas
● As reações mais comuns são reações no trato gastrointestinal.
● Reações de hipersensibilidade:
➔ Mais comumente observados com as penicilinas - estão entre os fármacos que mais causam
alergia.
➔ As manifestações de alergia incluem erupção maculopapulosa e urticariforme, febre,
broncoespasmo, dermatite esfoliativa, Síndrome de Stevens-Johnson e anafilaxia.
➔ A hipersensibilidade às penicilinas, geralmente, se estendem aos outros antibióticos
β-lactâmicos (cefalosporinas e carbapenêmicos).
➔ Pode ser realizada uma dessensibilização nos pacientes alérgicos à penicilina que necessitam de
tratamento com este fármaco.

Inibidores da β-lactamase
● Assemelham-se às moléculas β-lactâmicas, mas não apresentam atividade antibacteriana.
● Anulam mecanismos de resistência.
● Inibem, principalmente, a penicilinase.
● Ex: Ácido clavulânico (clavulanato), Sulbactam e Tazobactam.
● Estão disponíveis, apenas, em combinações fixas com penicilinas específicas.
● A associação só amplia o espectro da penicilina se a inatividade desta for devido à destruição pela
β-lactamase.
● As indicações consistem em terapias empíricas para infecções causadas por uma ampla variedade de
patógenos potenciais, bem como infecções aeróbias e anaeróbias mistas.

Cefalosporinas
● Assemelham-se às penicilinas, porém são muito mais estáveis em relação a muitas β-lactamases
bacterianas - o que confere um espectro de atividade mais amplo.
● O mecanismo de ação é semelhante às penicilinas - inibem a síntese da parede celular.

Cefalosporinas de Primeira Geração


● Atividade contra bactérias Gram-positivas e contra algumas Gram-negativas (ex: E. coli, Klebsiella
pneumoniae, P. mirabilis e Moraxella catarrhalis).

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● Ação contra alguns anaeróbios da cavidade oral - ex: Porphyromonas gingivalis e Treponema
denticola.
● Exemplos:
➔ Cefalexina e Cefadroxila - uso oral.
- Utilizadas em infecções mais simples - ex: infecções de pele e de tecidos moles (causados por
S. pyogenes e MRSA)
➔ Cefazolina - uso parenteral.
- Administrado como profilaxia em procedimentos cirúrgicos.

Cefalosporinas de Segunda Geração


● Ampliação do espectro contra Gram-negativos, quando comparados aos da primeira geração.
➔ Especialmente de via respiratória, como Haemophilus influenzae e Moraxella catarrhalis.
● Utilizados para tratar sinusite, otite média e infecções das vias aéreas.
● Exemplos:
➔ Cefaclor.
➔ Cefuroxima e Axetilcefuroxima.

Cefalosporinas de Terceira Geração


● Proporcionam uma cobertura ampliada contra microrganismos Gram-negativos clinicamente
importantes, quando comparados aos da segunda geração.
➔ Alguns deles têm a capacidade de atravessar a barreira hematoencefálica.
● São efetivas contra cepas de Haemophilus e de Neisseria produtoras de β-lactamase.
● São eficazes contra a meningite causada por Neisseria spp, por Streptococcus pneumoniae e por
Haemophilus influenzae.
● As cefalosporinas de terceira geração são hidrolisadas pelas β-lactamase AmpC.
● Exemplos:
➔ Ceftriaxona.
- Eficaz contra meningite, pneumonia, gonorreia e uma possibilidade de tratamento da sífilis.
➔ Ceftazidima - eficaz contra Pseudomonas aeruginosa.
- Eficaz contra pneumonias e meningites causadas por produtores de penicilinases.

Cefalosporinas de Quarta Geração


● Possui espectro mais ampliado, em comparação aos da terceira geração, e têm maior estabilidade à
hidrólise por β-lactamases.
● Úteis para o tratamento empírico de infecções graves em pacientes hospitalizados - quando os
agentes etiológicos consistem em microrganismos Gram-positivos, Enterobacteriaceae e
Pseudomonas sp.
● Exemplo:
➔ Cefepima.
- Maior resistência à quebra por β-lactamase.
- Administração por via parenteral.
- Utilizado para tratar pneumonias, infecções urinárias e septicemias.

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OBS: A estrutura das cefalosporinas já é resistente à penicilinase, então não é necessário o acréscimo de
fármacos como, por exemplo, o Ácido clavulânico (clavulanato).
➔ Ceftazidima + Avibactam - provavelmente, inibidor de cefalosporina.

Carbapenêmicos
● Estruturalmente relacionados com os β-lactâmicos, mas possuem um espectro de atividade mais
amplo que a maioria das penicilinas e cefalosporinas.
● Utilizados em infecções mais graves.
● Apenas uso parenteral e em ambiente hospitalar.
● Mais resistentes às β-lactamases.
➔ Algumas bactérias já produzem carbapenemase - ex: KPC.
● Exemplos:
➔ Imipenem.
- Necessário a associação com a cilastatina - diminui a degradação do Imipenem pela
desidropeptidase nos túbulos renais (aumenta a meia vida).
➔ Meropenem.
- Não sofre degradação renal pelas desidropeptidases renais.

Espectro de Atividade
● Gram-positivos (estrepto-, estafilo- e enterococos).
➔ Exceto Staphylococcus aureus resistentes à meticilina e Enterococcus faecium.
● Gram-negativos.
➔ Incluindo Pseudomonas aeruginosa.
● Excelente contra os anaeróbios.
● Resistentes à maioria das β-lactamases, exceto aquelas direcionadas especialmente para suas
estruturas (carbapenemases).
● Penetram muito bem nos tecidos - inclusive no líquido cerebrospinal.

Indicações
● Ampla variedade de infecções - trato urinário, vias respiratórias, intra-abdominais, ginecológicas,
pele e tecidos moles.
● Tratamento empírico de pacientes hospitalizados tratados previamente com múltiplos antibióticos -
especialmente se foram β-lactâmicos (penicilinas e cefalosporinas).

Reações Adversas
● Náuseas e vômito.
● Convulsões (ocorre em menos de 1,5% das pessoas).

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Glicopeptídeos

● Agem na parede celular da bactéria.


● Vancomicina e Teicoplanina são glicopeptídeos com atividade bactericida contra a grande maioria
das bactérias Gram positivas.
● Vancomicina - molécula muito grande e muito polar o que faz com que não seja bem absorvida pelo
trato gastrointestinal.
➔ Não atravessa camada lipídica, portanto não consegue agir contra bactérias gram negativas - por
elas possuírem camada externa.
➔ Disponível como um pó esterilizado para solução de uso endovenoso.

Mecanismo de Ação
● Inibem a síntese da parede celular por se ligarem com alta afinidade ao terminal D-alanil-D-alanina
das unidades precursoras da parede celular.
➔ O fármaco se liga ao substrato, que forma a parede celular, de modo que impede sua utilização -
a enzima funciona mas não consegue agir pois o substrato não tem como ser utilizado.

Resistência
● As bactérias mudam a região que o fármaco se liga (região peptídica).
➔ Ocorre alteração do alvo de D-alanil-D-alanina para D-alanil-D-lactato ou D-alanil-D-serina,
que se liga fracamente aos glicopeptídeos.

Espectro de Ação
● Atividade contra a grande maioria das bactérias gram positivas - incluindo MRSA, estreptococos
resistentes à penicilina e enterococos resistentes à ampicilina.
● Praticamente todas as espécies de bacilos gram negativos e de micobactérias são resistentes.
● São ativos contra numerosos anaeróbios gram positivos - incluindo Clostridium difficile:
➔ Clostridium SP. —-> Clostridioides SP.
➔ A Vancomicina consegue agir contra ela.
➔ Causa colite pseudomembranosa ou pós antibioticoterapia - a Vancomicina oral vai agir
diretamente para o TGI, por não ser bem absorvida para o sangue.

Farmacocinética
● Todos os glicopeptídeos são fracamente absorvidos por via oral.
● Vancomicina:
➔ Administrada por via endovenosa - não pode por via intramuscular em decorrência da dor
associada à injeção I.M.
➔ Boa distribuição corporal - no SNC a distribuição é muito baixa
- Quando há uma inflamação nas meninges o fármaco consegue chegar em uma porcentagem
maior (7% - 30%) - se for necessário uso para essa finalidade a dose deve ser aumentada.
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➔ Excreção de aproximadamente 90% do fármaco por via renal.
- Em caso de função renal normal o tempo de meia vida do fármaco é de 6 horas.
- Rim insuficiente - deve-se diminuir a dose para não ocorrer um grande acúmulo de fármaco.
➔ Síndrome do “homem vermelho” ou “pescoço vermelho”:
- Reações eritematosas ou urticárias, rubor, taquicardia e hipotensão resultado de infusão E.V.
rápida de Vancomicina - ocorre degranulação dos mastócitos, os quais liberam histamina.
- Não é uma reação alérgica - não ocorre sensibilização e envolvimento de anticorpos.
- Pode ser melhorada pela administração do medicamento mais lentamente e pela
pré-medicação com anti-histamínicos.
● Teicoplanina:
➔ Administrada por injeção tanto intramuscular quanto endovenosa.
➔ Possui tempo de meia vida extremamente longo - permite uma dosagem diária.

Usos Clínicos
● Tratamento de infecções de pele/tecidos moles e de osso/articulação - principais patógenos
(inclusive MRSA) são organismos gram positivos.
● Tratamento de pneumonia quando se suspeita de MRSA.
● Tratamento de endocardite estafilocócica (quando resistente à meticilina), endocardite causada por
estreptococos do grupo viridans ou endocardite enterocócica (combinado com um aminoglicosídeo) -
alternativa ao uso de β-lactâmicos em pacientes alérgicos à penicilina.
● Colite pseudomembranosa moderada a grave - decorrente de C. difficile.
➔ Nesse caso a Vancomicina via oral é útil.

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Aminoglicosídeos

● Fármacos que agem na síntese protéica.


● São produtos naturais ou derivados semissintéticos de compostos produzidos por uma variedade de
actinomicetos do solo.
● Primeiro fármaco utilizado para tratar tuberculose - Estreptomicina.
● Fármacos polares (baixa disponibilidade se utilizado por via oral) - Exemplos:
➔ Neomicina - uso tópico.
➔ Amicacina - uso parenteral.
➔ Gentamicina - uso parenteral.

Mecanismo de Ação
● Os aminoglicosídeos utilizam transportadores para atravessar a membrana externa das bactérias
gram negativas e entrarem no espaço periplasmático.
● O transporte através da membrana interna depende de um gradiente elétrico transmembrana
acoplado ao transporte de elétrons para impulsionar a penetração desses antibióticos.
➔ Essa fase depende de energia.
➔ Pode ser inibida ou bloqueada por: hiperosmolaridade, redução de pH e condições anaeróbicas.
- A atividade antimicrobiana dos aminoglicosídeos é reduzida acentuadamente no ambiente
anaeróbico de um abscesso e na urina ácida hiperosmolar.
- A presença de O2 é quem mais influencia - os aminoglicosídeos só funcionam mais em
condições aeróbias e para bactérias gram negativas.
● Inibição da síntese protéica:
➔ Os aminoglicosídeos se ligam a proteínas ribossomais específicas da subunidade 30S.
➔ A inibição pode acontecer das seguintes formas:
- Bloqueio o início da síntese proteica.
- Bloqueio a posterior tradução e estimula o término prematuro -
interrompe a síntese.
- Incorpora aminoácidos incorretos.

Resistência
● Os três principais mecanismos de resistência à aminoglicosídeos são:
➔ Inativação enzimática - produção de enzimas capazes de fosforilar, adenilar ou acetilar grupos
hidroxila e amino específicos (soma de grupamentos ao fármaco).
➔ Impedimento de entrada do aminoglicosídeo na célula.
➔ Alteração da proteína receptora ribossomal.

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Espectro de Atividade Antibacteriana
● A atividade de Gentamicina, Tobramicina e Amicacina é dirigida, principalmente, contra bacilos
aeróbicos gram negativos.
➔ Exemplos: Neisseria, Moraxella, Haemophilus, Klebsiella e Pseudomonas.
● A Estreptomicina e a Amicacina também são agentes importantes para o tratamento de infecções
micobacterianas.
● Sua ação contra a maioria das bactérias gram positivas é limitada - não deve ser utilizado como
agente isolado no tratamento de infecções causadas por essas bactérias.
➔ Pode ser utilizado em combinação com um agente de parede celular (ex: penicilina ou
vancomicina) - produção de efeito sinérgico.
➔ O efeito sinérgico é importante em quadros clínicos como na endocardite - ex: Vancomicina +
Gentamicina.

Farmacocinética
● São altamente polares e, portanto, pouco absorvidos pelo trato gastrointestinal e excluídos do
sistema nervoso central.
● Utilizados por via parenteral (E.V. e I.M.) e por via tópica.
➔ A absorção pela via intramuscular é boa e rápida.
● Administrados em doses fracionadas com base na curta meia vida (cerca de 2-3 horas em caso de
função renal normal), porém:
➔ Morte dependente de concentração.
➔ Efeito pós-antibiótico.

Efeitos Colaterais
● Nefrotoxicidade - causada, principalmente, pela Gentamicina.
● Ototoxicidade - causada, principalmente, pela Amicacina.
● É mais provável a ocorrência desses efeitos quando a terapia continua por mais de 5 dias, em doses
mais elevadas, nos idosos e no quadro de insuficiência renal.

Usos Clínicos
● Infecções graves por bacilos gram negativos.
● A Gentamicina constitui o agente preferido em casos de infecções potencialmente fatais em que
outra alternativa menos tóxica é contraindicada ou menos eficaz - fármaco de custo inferior.
● A Neomicina tem sido usada amplamente para aplicação tópica em infecções de pele e das mucosas,
causadas por microrganismos sensíveis.
● São frequentemente associados com outros agentes, geralmente fármacos ativos na parede celular
(ex: tratamento da endocardite estreptocócica) - com o intuito de:
➔ Expandir o espectro.
➔ Proporcionar efeito sinérgico.
➔ Impedir o desenvolvimento de resistência a agentes individuais.

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Sulfonamidas

● Foram os primeiros quimioterápicos eficazes usados sistematicamente para evitar e curar infecções
bacterianas dos seres humanos.
● O uso indiscriminado desses agentes gerou progressiva resistência microbiana - restringiu o uso das
sulfas a infecções não complicadas.
● Observações efetuadas com os antibióticos sulfonamídicos, permitiu o desenvolvimento de
diuréticos, sulfonilureias hipoglicemiantes e fármacos antirreumáticos.

Mecanismo de Ação
● Inibição da síntese de folatos.
● Medicamentos competem com o PABA pelo sítio ativo do substrato.

Espectro
● Inibem bactérias Gram positivas (ex: Listeria monocytogenes) e, principalmente, Gram negativas
(ex: Moraxella catarrhalis, Enterobacter sp., Klebsiella pneumoniae, Salmonella, Shigella e
Escherichia coli - todas encontradas em quadros diarréicos).
● Enterococcus faecalis e Pseudomonas aeruginosa são primariamente resistentes.
➔ Possuem mecanismo de ação incompatível com a ação do fármaco.
● Atividade insuficiente contra anaeróbios.

Resistência
● Bactérias que precisam de enzimas necessárias à síntese de folato a partir de PABA e dependem de
fontes exógenas não são sensíveis à Sulfonamida.
● Outros mecanismos adquiridos:
➔ Produção excessiva de PABA - compensa a presença do inibidor (fármaco).
➔ Produção de uma enzima sintetizadora de ácido fólico com baixa afinidade por sulfonamidas.
➔ Comprometem a permeabilidade a sulfonamidas.

Efeitos Colaterais
● Os efeitos mais comuns são: febre, náuseas, vômitos, diarréia e manifestações cutâneas (erupções
cutâneas, dermatite esfoliativa e urticária).
● Distúrbios do trato urinário:
➔ Acúmulo de cristais do fármaco na urina (cristalúria) - em especial em pH neutro ou ácido.
➔ Esses cristais podem romper pequenos vasos, causando hematúria e podem causar obstrução,
pela formação de cálculos.
➔ A cristalúria é tratada com administração de bicarbonato de sódio para alcalinizar a urina e com
oferta de líquidos, a fim de aumentar o fluxo urinário.

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● Distúrbios hematopoiéticos:
➔ Podem provocar anemia hemolítica (causada pelo alto grau de oxidação nas hemácias) ou
aplástica, granulocitopenia e trombocitopenia.
➔ Podem provocar esse tipo de reação em pacientes com deficiência de glicose-6-fosfato
desidrogenase - distúrbio que causa hemólise (destruição dos glóbulos vermelhos).

Associação à Trimetoprima
● Efeito sinérgico pela associação entre sulfonamidas (Sulfametoxazol) e uma pirimidina
(Trimetoprima).
➔ Inibe a síntese de folato em dois pontos distintos da cascata.
● Sulfametoxazol + trimetoprima = cotrimoxazol ou cotrimazol.

Usos Clínicos
● Sulfametoxazol + Trimetoprima (Cotrimoxazol).
➔ Pneumonia por Pneumocystis jiroveci (fungo).
- Pneumocistose.
- Infecção oportunista de vias aéreas.
➔ Ampla variedade de infecções - respiratórias, gastrointestinais, urinárias, sinusite e otite média.
➔ Tratamento empírico - deve considerar a prevalência crescente de cepas de E. coli e de
pneumococos resistentes à associação antes de iniciar tratamento empírico para infecções do
trato urinário e para pneumonia.

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Fluoroquinolonas

● Análogos fluorados sintéticos do ácido nalidíxico.

Mecanismo de Ação
● Bloqueiam a síntese de DNA bacteriano - inibem a topoisomerase (enzima responsável por
desenovelar as fitas de DNA).

Espectro
● Excelente atividade contra bactérias Gram negativas - a atividade contra Gram positivas é variável
dentro do grupo.
● Norfloxacino:
➔ Menor atividade contra espécies gram negativas e gram positivas.
➔ Apresentam alta concentração inibitória mínima (baixa potência farmacológica) - de 4 a 8 vezes
maiores que o ciprofloxacino.
● Ciprofloxacino:
➔ Excelente atividade contra gram negativas (incluindo P. aeruginosa) e atividade moderada
contra gram positivas.
● Levofloxacino:
➔ L-isômero do ofloxacino.
➔ Conserva atividade contra gram negativas e apresenta atividade superior contra gram positivas
(incluindo Streptococcus pneumoniae).
● Moxifloxacino, Gatifloxacino e Gemifloxacino:
➔ Atividade melhorada contra organismos gram positivos (principalmente S. pneumoniae e
alguns estafilococos).
➔ Não são tão ativos contra gram negativos quanto o Ciprofloxacino.

Resistência
● Surgem em especial em estafilococos, P. aeruginosa e Serratia marcescens.
● Tipos:
➔ Mutações na região de ligação da quinolona com a enzima alvo.
➔ Alterações de permeabilidade do organismo.

Farmacocinética
● Boa absorção por via oral - biodisponibilidade após administração de 80 a 95%.
● Tempo de meia vida:
➔ Ciprofloxacino - 3 à 5 horas.
➔ Levofloxacino - 5 à 7 horas.
➔ Gemifloxacino - 8 horas.

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Usos Clínicos
● São efetivas no tratamento de infecções urinárias causadas por muitos microrganismos , inclusive P.
aeruginosa.
➔ O Moxifloxacino não é utilizado nesse tipo de infecção por não se acumular na urina.
● Diarréia bacteriana - causada por: Shigella, Salmonella, E. coli toxigênica e Campylobacter.
● Erradicação de meningococos em portadores ou para fins de profilaxia de contato.
● Levofloxacino e Moxifloxacino:
➔ Infecções do trato respiratório.
➔ Tratamento de tuberculose e infecções por micobactérias atípicas.
● Ciprofloxacino:
➔ Tratamento de tuberculose e infecções por micobactérias atípicas.

Efeitos Adversos
● Efeitos mais comuns: náusea, vômito e diarréia.
● Colite pseudomembranosa - causada por Clostridium difficile.
● Efeitos referidos ao SNC:
➔ Cefaléia leve e tontura.
➔ Pacientes com histórico de epilepsia têm risco mais alto de desenvolver convulsões.
➔ Neuropatia periférica em casos de uso sistêmico - a qual pode persistir por meses ou anos após a
suspensão do medicamento.
● Pode comprometer a cartilagem em crescimento e provocar artropatia (ex: rompimento de tendão
calcâneo).
➔ Contraindicado o uso em crianças e em gestantes.

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Tetraciclinas

Mecanismo de Ação
● Inibem a síntese protéica bacteriana - devido a sua ligação ao ribossomo bacteriano 30S (impedindo
o acesso do aminoacil-tRNA ao local aceptor no complexo mRNA-ribossomo).
● Entrada do fármaco na bactéria:
➔ Gram-negativas - Difusão passiva.
➔ Gram-positivas - Transporte ativo (gasto energético).

Resistência
● Influxo comprometido ou efluxo aumentado por uma bomba protéica transportadora ativa.
➔ Alteração da permeabilidade.
➔ A bomba de efluxo pega o medicamento e joga para fora.
● Proteção do ribossomo em razão da produção de proteínas que interferem na ligação da tetraciclina
com o ribossomo.
● Inativação enzimática.

Farmacocinética
● Bem absorvido por via oral:
➔ A Tetraciclina é absorvida incompleta (60-80%).
➔ Absorção elevada da Doxiciclina (95%) e da Minociclina (100%).
➔ A absorção pode ser prejudicada pela ingestão concomitante de cátions divalentes e trivalentes -
Ca+2, Mg+2 e Al+3).
- Ocorre a formação de complexos pouco solúveis - forma-se quelato, que compromete a
absorção e a biodisponibilidade.
● Se distribuem bem pelo corpo - se concentram na bile, no fígado, no baço, na medula óssea, nos rins,
no líquido gengival e na pele.
➔ Doxiciclina e Minociclina atravessam barreira hematoencefálica.
➔ Todas as tetraciclinas atravessam a barreira placentária.
● As tetraciclinas se fixam nos tecidos em calcificação - ex: ossos e dentes.
● Excreção dos fármacos:
➔ A Tetraciclina é eliminada inalterada pela urina.
➔ A Minociclina sofre biotransformação hepática e é eliminada em menor extensão pelos rins.
➔ A Doxiciclina é eliminada primariamente pela bile nas fezes - indicado para pacientes com
insuficiência renal.

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Espectro de Ação
● Atividade contra ampla variedade de bactérias aeróbicas e anaeróbicas gram positivas e gram
negativas - incluindo riquétsias, clamídias e micoplasmas.
➔ No caso da riquétsias, as tetraciclinas são utilizadas como primeira escolha para o tratamento da
febre maculosa brasileira.
● Efetiva contra Vibrio cholerae (cólera), Ureaplasma sp. e diversas espiroquetas, incluindo a Borrelia
burgdorferi (doença de Lyme) e Treponema pallidum (sífilis).
● Muitas cepas resistentes à Tetraciclina ainda podem ser sensíveis à Doxiciclina e à Minociclina - que
são substratos fracos para bomba de efluxo, típico mecanismo de resistência.

Efeitos Adversos e Contraindicações


● Os motivos mais comuns de interrupção das tetraciclinas são: náusea, vômitos e diarréia - efeitos
atribuíveis à irritação local direta do trato intestinal.
● Esses fármacos se ligam de imediato ao cálcio depositado no osso ou no dente recentemente formado
em crianças pequenas - pode causar deformidade ou inibição do crescimento.
➔ São contraindicados para crianças menores de 8 anos e para gestantes (por se acumular nos
ossos e na dentição fetal).
● Podem comprometer a função hepática.
● Pode induzir sensibilidade à luz solar ou ultravioleta - depósito do fármaco na pele fazendo com que
ela fique mais pigmentada.
➔ O uso de Minociclina pode induzir hiperpigmentação da pele em 2,4 - 5,4% dos pacientes
utilizando o fármaco.
➔ Essa hiperpigmentação é caracterizada por manchas azuis-escuras na pele em cicatrização,
inflamada ou exposta ao sol (ex: face), dentes e unhas - demora de alguns meses até um ano
para sumirem após a descontinuação do medicamento.

Usos Clínicos
● Infecções por riquétsias (principalmente), por clamídia e por micoplasmas.
● No tratamento de doenças sexualmente transmissíveis, como uretrites, endocervicites, doença
inflamatória pélvica e infecções por Chlamydia sp.
● Tratamento da infecção por Mycoplasma pneumoniae.
● Tratamento contra a brucelose (Brucella spp.) e a peste (Yersinia pestis).
● Excelente atividade antiestafilocócica, sendo ativa contra Staphylococcus sp. e podendo ser utilizada
em infecções inclusive por cepas resistentes à Oxacilina.

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Macrolídeos

● A Eritromicina foi o primeiro membro dessa classe - Claritromicina e Azitromicina são derivados
semissintéticos.

Mecanismo de Ação
● Inibe a síntese protéica - ligam-se à subunidade 50S do RNA ribossomal.
● O sítio de ligação é próximo ao local onde é realizada a transferência de peptídeos, comprometendo o
alongamento da cadeia peptídica.

Resistência
● Efluxo do fármaco por um mecanismo ativo de bomba.
● Alteração do sítio de ligação ribossômico por metilases que diminuem a ligação
do fármaco.
● Hidrólise dos macrolídeos por esterases produzidas pelas Enterobacteriaceae.
● S. pneumoniae resistentes à penicilina normalmente são resistentes à macrolídeos.

Espectro de Ação
● Eritromicina:
➔ Ativa contra organismos gram positivos, principalmente, pneumococos, estreptococos e
estafilococos - Streptococcus pyogenes e Streptococcus pneumoniae.
➔ Mycoplasma pneumoniae, Legionella sp. e Chlamydia sp.
➔ Algumas micobactérias atípicas.
● Claritromicina:
➔ Preserva atividade contra cocos gram positivos.
➔ Boa atividade contra micobacterioses (ex: M. avium).
➔ Atividade contra Toxoplasma gondii e H. influenzae.
● Azitromicina:
➔ Um pouco menos ativa contra estafilococos e estreptococos.
➔ Boa atividade contra micobactérias (ex: M. avium).
➔ T. gondii.
➔ Atividade ainda melhor contra H. influenzae.
● Os macrolídeos agem contra patógenos que causam infecções de vias respiratórias.

Farmacocinética
● Destruídos pelo conteúdo gástrico (pH ácido) - por isso devem ser administrados com revestimento
entérico.
● Meia vida: Eritromicina < Claritromicina < Azitromicina.
➔ Interfere na posologia - quanto menos a meia vida maior a quantidade de administrações.
➔ Ex: Coqueluche - eritromicina 6h/6h, claritromicina 12h/12h e azitromicina 1 vez ao dia.
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● Distribuem-se bem, mas não atravessam a barreira hematoencefálica.

Efeitos Colaterais
● Os efeitos são maiores com a Eritromicina.
● Náuseas, vômitos e diarréia.

Usos Clínicos
● Infecções do trato respiratório - atividade contra Streptococcus pneumoniae, Haemophilus
influenzae e patógenos atípicos (Mycoplasma, Chlamydia e Legionella).
● Coqueluche (Bordetella pertussis) - tratamento de escolha.
● Infecções por micobactérias - tratamento efetivo ou preventivo em pacientes com síndrome da
imunodeficiência adquirida (AIDS).

Coqueluche
● Também chamada de tosse convulsa e de pertussis.
● Doença infecciosa aguda, de alta transmissibilidade e de distribuição universal.
● O modo de transmissão ocorre, principalmente, pelo contato direto entre a pessoa doente e a pessoa
suscetível - por meio de gotículas de secreção da orofaringe eliminadas durante a fala, a tosse e o
espirro.

Fases
● Fase Catarral (1-2 semanas):
➔ Sintomas gripais comuns - manifestações respiratórias, febre pouco intensa, mal-estar geral,
coriza e tosse seca.
➔ Instalação gradual de surtos de tosse.
● Fase Paroxística:
➔ Afebril ou febre baixa.
➔ Paroxismos de tosse seca - caracterizado por crise súbita, incontrolável, rápida e curta (5 a 10
tossidas em uma única expiração).
➔ Vômito pós tosse.
● Fase de Convalescença (2-6 semanas):
➔ Desaparecimento do paroxismo de tosse - começam episódios de tosse comum.
➔ Pode durar até 3 meses.

Definição de Caso
● Indivíduo com menos de 6 meses de idade:
➔ Apresenta tosse de qualquer tipo há 10 dias ou mais, associada a um ou mais dos sintomas.
➔ Sintomas: tosse paroxística, guincho inspiratório, vômitos pós tosse, cianose, apneia e engasgo.
● Indivíduo com idade igual ou superior a 6 meses:
➔ Apresenta tosse de qualquer tipo há 14 dias ou mais, associada a um ou mais dos sintomas.
➔ Sintomas: tosse paroxística, guincho inspiratório e vômitos pós tosse.
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Lincosaminas
● Fármaco: Clindamicina.

Mecanismo de Ação
● Inibe a síntese protéica - ligam-se à subunidade 50S do RNA ribossomal.
➔ Sítio idêntico ao dos macrolídeos.

Espectro de Ação
● Assemelha-se bastante ao espectro da eritromicina contra cocos gram positivos - continua sem
atingir enterococos.
● Atividade contra bactérias anaeróbicas - ex: Bacteroides fragilis, Peptococcus sp. e Clostridium
perfringens.
➔ Tipo de bactéria encontrada, por exemplo, em infecções pélvicas.

Resistência
● Metilação enzimática do ribossomo - semelhante ao que acontece com os macrolídeos.

Farmacocinética
● Boa absorção por via oral.
● Se distribui bem, mas não atravessa a barreira hematoencefálica - mesmo com inflamação das
meninges.

Usos Clínicos
● Importante para infecções pélvicas e respiratórias causadas por microrganismos anaeróbios.
● Alternativa contra cocos gram positivos em infecções cutâneas e de tecidos moles - ex: erisipela.

Efeitos Adversos
● Diarréia.
● Náuseas.
● Exantema cutâneo.

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Cloranfenicol

Mecanismo de Ação
● Inibe a síntese protéica - ligam-se à subunidade 50S do RNA ribossomal.

Espectro de Ação
● Possui amplo espectro:
➔ Gram positivas (ex: Streptococcus sp. e Staphylococcus sensíveis à oxacilina) - exceto
enterococos.
➔ Gram negativas (ex: Neisseria sp., Haemophilus sp., E. coli, Salmonella sp. e Rickettsia sp.) -
exceto Pseudomonas aeruginosa.
➔ Anaeróbios (ex: Bacteroides fragilis).

Resistência
● Inativação do fármaco por uma acetiltransferase.

Farmacocinética
● Excelente biodisponibilidade por via oral.
● Distribui-se rapidamente pelos líquidos corporais - inclusive LCR.

Efeitos Adversos
● Em adultos:
➔ Distúrbios gastrointestinais.
➔ Aplasia de medula (depressão medular - leucopenia, anemia ou trombocitopenia).
● Em bebês:
➔ Síndrome do bebê cinzento - acúmulo do fármaco provocando vômitos, hipotermia, coloração
acinzentada, choque e colapso vascular.

Usos Clínicos
● Limita-se a infecções em que o benefício do fármaco supera o risco de toxicidade - quanto outros
agentes antimicrobianos igualmente eficazes e menos tóxicos estiverem à disposição, deve-se dar
preferência a eles.
● Febre tifóide (Salmonella typhi) - alternativa à cefalosporinas de 3° geração e quinolonas.
● Meningite (H. influenzae, N. meningitidis e S. pneumoniae) - alternativa à β-lactâmicos.
● Infecções por riquétsias - alternativa às tetraciclinas.

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Pneumonia Comunitária

● Pneumonias são doenças inflamatórias agudas de causa infecciosa que acomete os espaços aéreos e
são causadas por vírus, por bactérias ou por fungos.
● A Pneumonia Adquirida na Comunidade (PAC) se refere à doença adquirida fora do ambiente
hospitalar ou de unidades especiais de atenção à saúde ou, ainda, que se manifesta em até 48 horas
da admissão à unidade assistencial.
● O raio x de tórax constitui o método de imagem de escolha na abordagem inicial da PAC - ótima
relação custo-efetividade, baixas doses de radiação e ampla disponibilidade.
● O resultado de dosagem da uréia constitui um forte indicador da gravidade da doença:
➔ Quanto mais grave a pneumonia mais repercussão renal o paciente vai ter.
➔ Uréia acima de 65 mg/dL indica gravidade.

Patógenos mais Comuns


● PAC ambulatorial (leve):
➔ S. pneumoniae, M. pneumoniae, C. pneumoniae, H. influenzae.
➔ Vírus respiratórios.
● Internados (não em UTI):
➔ S. pneumoniae, M. pneumoniae, C. pneumoniae, H. influenzae, Legionella sp.
➔ Vírus respiratórios.
● Internado em UTI (grave):
➔ S. pneumoniae, H. influenzae, Legionella sp, S. aureus.
➔ Bacilos gram-negativos.

Escore de Gravidade da Doença da British Thoracic Society


Escore CURB-65
● Significado da sigla:
➔ C - confusão mental.
➔ U - ureia > 50 mg/dL.
➔ R - frequência respiratória ≥ 30 ciclos/min.
➔ B - pressão arterial sistólica < 90 mmHg ou diastólica ≤ 60 mmHg.
➔ 65 - idade ≥ 65 anos.
● Pontuação do escore:
➔ 0-1 - mortalidade baixa.
- Provável candidato ao tratamento ambulatorial (ex: amoxicilina + clavulanato).
➔ 2 - mortalidade intermediária.
- Considerar tratamento hospitalar.
➔ 3 ou + - mortalidade alta.
- 4-5 - avaliar internação em UTI.
- Tratamento realizado via parenteral (ex: ceftriaxona, vancomicina).

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Tuberculose e Hanseníase

● A espécie causadora de tuberculose mais importante é a Mycobacterium tuberculosis, conhecida,


também, como bacilo de Koch (BK).
● O agente causador da hanseníase é a Mycobacterium leprae.
● Ambos os agentes causadores são classificados como bacilos álcool-ácido resistentes (BAAR).
● As micobactérias - tanto Mycobacterium tuberculosis como Mycobacterium leprae - são
intrinsecamente resistentes a muitos antibióticos.
➔ Possuem parede celular rica em lipídios e em ácido micólico - o que dificulta o acesso de
fármacos ao domínio intracelular.
➔ Abundância em bombas de efluxo na membrana celular - aumenta a resistência.
➔ Patógeno intracelular - dificulta o tratamento.
➔ Evolução lenta - meses ou anos de progressão de sintomas.

Tuberculose
● O M. tuberculosis é transmitido por via aérea, de uma pessoa com tuberculose pulmonar ou laríngea,
que elimina bacilos no ambiente a outra pessoa, por inalação de aerossóis oriundos da tosse, da fala
ou do espirro.
➔ A forma mais comum de tuberculose é a pulmonar - capaz de ser transmitida.
● População vulnerável:
➔ Pessoas vivendo em situação de rua.
➔ Pessoas vivendo com o HIV.
➔ Pessoas privadas de liberdade.
➔ Indígenas.
● Sintomas característicos: tosse persistente seca ou produtiva, febre no final do dia, sudorese noturna
e emagrecimento.

Classificação da Tuberculose Pulmonar


● Primária:
➔ Normalmente ocorre em seguida ao primeiro contato do indivíduo com o bacilo.
➔ Mais comum em crianças.
➔ As manifestações clínicas podem ser insidiosas - paciente irritadiço, com febre baixa, sudorese
noturna e inapetência (falta de apetite).
➔ Nem sempre a tosse está presente.
● Pós- primária ou Secundária:
➔ Pode ocorrer em qualquer idade - mais comum no adolescente e no adulto jovem.
➔ Tem como característica principal a tosse seca ou produtiva.
➔ Em casos de tosse produtiva, a expectoração pode ser purulenta ou mucóide, com ou sem
sangue.

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➔ Paciente apresenta febre vespertina - sem calafrios e que não costuma ultrapassar os 38,5°C -,
sudorese noturna e anorexia.
● Miliar:
➔ Complicação possível da forma primária ou da pós-primária.
➔ Refere-se a um aspecto radiológico pulmonar específico - granulomas.
➔ Forma mais grave da doença - mais comum em pacientes imunocomprometidos, como pessoas
infectadas com HIV em fase avançada de imunossupressão.

Diagnóstico Bacteriológico
● Baciloscopia direta - pesquisa do bacilo álcool-ácido resistente pelo método de Ziehl-Nielsen.
➔ A baciloscopia do escarro executada corretamente permite detectar de 60% a 80% dos casos de
tuberculose pulmonar em adultos.

Tratamento
● Esquema padronizado e que compreende duas fases:
➔ Fase intensiva (de ataque) - reduzir rapidamente a população bacilar e eliminar bacilos com
resistência natural a algum medicamento.
➔ Fase de manutenção - eliminar bacilos latentes ou persistentes e reduzir a possibilidade de
recidiva da doença.
● O esquema é composto por quatro fármacos na primeira fase e dois na segunda fase - indicado para
casos novos de tuberculose ou retratamento em adultos e em adolescentes (≥ 10 anos).
● Fase intensiva - uso de Rifampicina, Isoniazida, Pirazinamida e Etambutol (RHZE) por 2 meses.
● Fase de manutenção - uso de Rifampicina e de Isoniazida (RH) por 4 meses.

Hanseníase
● Acredita-se que a porta de entrada do M. leprae no organismo seja o nariz e a boca, e que a via
hematogênica seja o provável mecanismo de disseminação do bacilo.
● A transmissão ocorre pelo contato prolongado e frequente, pessoa a pessoa, por meio de gotículas de
saliva de doentes não tratados.
● É uma doença dermatoneurológica - afeta primariamente pele e nervos periféricos.
● Gera neuropatias em vários graus e em circunstâncias mais graves e, caso não tratada precocemente,
pode levar a incapacidades físicas, perda de funcionalidades de partes do corpo, perda de membros e
até cegueira.
● O diagnóstico ocorre por meio da avaliação clínica minuciosa.
● Sinais da hanseníase:
➔ Lesões e/ou áreas da pele com alterações de sensibilidade térmica, dolorosa e tátil - via aferente.
➔ Espessamento do nervo periférico (se torna mais inflamado) - associado a alterações sensitivas,
motoras e autonômicas.
➔ Perda de força na musculatura da face e das extremidades - comprometimento motor.
➔ Presença de bacilos M. leprae, confirmada na baciloscopia de esfregaço intradérmico (BAAR) ou
na biópsia de pele.

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Classificação Operacional
● Hanseníase Paucibacilar:
➔ Presença de 1 a 5 lesões cutâneas.
➔ Sem presença demonstrada de bacilos álcool-ácido resistentes na baciloscopia ou no exame
histopatológico.
● Hanseníase Multibacilar:
➔ Presença de mais de 5 lesões de pele.
➔ Envolvimento dos nervos.
➔ Presença de bacilos no esfregaço ou na biópsia de pele - independentemente do número de
lesões cutâneas.

Tratamento
● Poliquimioterapia única da hanseníase (PQTU) - associação de Rifampicina, Dapsona e
Clofazimina.
● Os números de casos de resistência do M. leprae aos medicamentos desse esquema são considerados
baixos.
● Hanseníase Paucibacilar - PQTU por 6 meses com dose mensal supervisionada e
doses diárias auto administradas.
● Hanseníase Multibacilar - PQTU por 12 meses com dose mensal supervisionada e
doses diárias auto administradas.

Fármacos Antimicobacterianos
● As combinações de dois ou mais fármacos são necessárias para que se evite o surgimento de
resistência durante o curso da terapia.
● A resposta das infecções por micobactérias à quimioterapia é lenta - o tratamento deve ser
administrado durante meses a anos.

Rifampicina (R)
● Fármaco utilizado por via oral.
● Mecanismo de ação:
➔ Inibe a síntese de RNA bacteriano ao se ligar a RNA-polimerase dependente de DNA - a
RNA-polimerase humana não se liga à rifampicina e não é inibida por ela.
➔ Penetra rapidamente na maioria dos tecidos e nas células fagocíticas.
➔ Pode matar organismos pouco acessíveis a muitos outros fármacos - como os intracelulares e
aqueles encontrados em abscessos e nas cavidades pulmonares.
● É eficaz contra micobactérias (podendo ser utilizada no tratamento da tuberculose e da hanseníase),
contra bactérias gram positivas e gram negativas.
➔ Amplo espectro.
➔ Utilizada para eliminar o estado de portador meningocócico - ex: pessoa em contato com
paciente com meningite meningocócica.

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● Farmacocinética:
➔ Bem absorvida após administração oral - distribui-se amplamente nos tecidos e é excretada,
principalmente, pela bile no fígado.
➔ A Rifampicina é indutor enzimático - aumenta a taxa de metabolização de outros fármacos (ex:
anticoagulantes, anticonvulsivantes, anticoncepcionais e etc).
➔ Pode aumentar a metabolização de um fármaco inibindo sua ação no organismo.

Isoniazida (H)
● Pró fármaco - após ativada, interage com alvos específicos comprometendo a síntese de ácido
micólico.
● Ativa apenas contra micobactérias - bastante ativo contra os bacilos da tuberculose.
● Farmacocinética:
➔ Absorvido de imediato a partir do trato gastrointestinal - difunde-se rapidamente para todos os
líquidos e tecidos orgânicos.
➔ O metabolismo depende da acetilação pela N-acetiltransferase hepática.
➔ Os metabólitos e uma pequena quantidade do fármaco inalterado são excretados na urina.
● Pode ocasionar hepatite medicamentosa - principal efeito tóxico.

Pirazinamida (Z)
● É inativa em pH neutro, mas em pH de 5,5 inibe os bacilos da tuberculose.
● Exerce sua atividade contra as micobactérias que residem no ambiente ácido dos lisossomos ao ser
captada por macrófagos.
● Utilizada apenas no tratamento da tuberculose - age na membrana da micobactéria (interrompendo
o metabolismo da membrana celular e prejudicando a função de transporte).
● Bem absorvida no trato gastrointestinal com ampla distribuição nos tecidos orgânicos.
● Efeitos colaterais:
➔ Hepatotoxicidade.
➔ Náuseas e vômitos.
➔ Febre medicamentosa.
➔ Hiperuricemia - pode piorar crises de gota em pacientes que já apresentam o problema.

Etambutol (E)
● Inibe a arabinosil transferase III - prejudica a síntese da parede celular.
● Possui atividade contra uma ampla variedade de micobactérias.
➔ Pode ser utilizado para o tratamento de tuberculose, do complexo Mycobacterium avium
disseminada e da infecção por M. kansasii.
● Farmacocinética:
➔ Boa biodisponibilidade por via oral.
➔ Cerca de 80% do fármaco não é metabolizado e é excretado por via renal.
● Efeitos adversos:
➔ Redução da acuidade visual (1% dos casos).
➔ Erupção cutânea (0,5% dos casos).

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➔ Febre causada pelo fármaco (0,3% dos casos).

Dapsona
● Agente de amplo espectro - efeitos antibacterianos, anti protozoários e antifúngicos.
● Mecanismo de ação:
➔ Dapsona é um análogo do PABA - inibe a síntese de folato.
● Absorção completa por via oral.
● Seu principal uso terapêutico é na hanseníase.
➔ Pode ser utilizado, também, contra Pneumocystis jiroveci e na terapia do penfigóide e da
dermatite herpetiforme, por apresentar efeito anti-inflamatório.

Clofazimina
● Corante de fenazina com atividade antimicrobiana e anti-inflamatória.
● Farmacocinética:
➔ Biodisponibilidade de 45 a 60% - administração por via oral.
➔ Bem absorvido quando ingerido junto com o alimento - absorção prejudicada (diminui 30%) se
ingerido com antiácido, pois o fármaco necessita de pH ácido para ser absorvido.
- Efeito duplicado se ingerido com alimentos que apresentem alto teor de gordura.
➔ Penetra em vários tecidos - causando uma coloração negro-avermelhada na pele e nas secreções
corporais.
- A coloração da pele pode levar um longo tempo para se resolver.
● Efeitos adversos:
➔ Problemas gastrointestinais (em 40 - 50% dos pacientes).

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Farmacologia Antifúngica

● Os fungos causam infecções oportunistas.


● Aumento da incidência de infecções fúngicas:
➔ Uso abusivo de antibióticos de amplo espectro - erradicam populações bacterianas não
patogênicas.
➔ Disseminação da AIDS.
➔ Uso de imunossupressores e de agentes quimioterápicos no câncer.
● Infecções sistêmicas - Anfotericina B e Azóis (Cetoconazol, Fluconazol, Miconazol e Itraconazol).
● Infecções tópicas - Nistatina e Azóis (Cetoconazol, Fluconazol, Miconazol e Itraconazol).

Anfotericina B
● Molécula pouco solúvel - não é bem absorvida por via oral.
● Não atravessa a barreira hematoencefálica.
● Mecanismo de ação - depende da sua capacidade de ligar ergosterol à membrana de fungos sensíveis.
➔ Forma poros que aumentam a permeabilidade da membrana e permitem a fuga de moléculas de
íons citosólicos.
➔ Forma agregados que sequestram o ergosterol das bicamadas lipídicas, como uma esponja,
resultando em morte de células fúngicas.
● Formulações disponíveis para uso apenas EV:
➔ Anfotericina B desoxicolato.
➔ Anfotericina B complexo lipídico.
➔ Anfotericina B dispersão coloidal.
➔ Anfotericina B lipossomal.
● Uso clínico:
➔ Infecções fúngicas sistêmicas - utilizado em ambiente hospitalar.
➔ Amplo espectro - Candida spp., Cryptococcus neoformans, Blastomyces dermatitidis,
Histoplasma capsulatum, Sporothrix schenckii, Coccidioides spp. e Aspergillus spp.
➔ Atividade limitada contra protozoários (ex: Leishmania braziliensis).
➔ Não apresenta nenhuma atividade antibacteriana.
● Efeitos adversos:
➔ Relacionados à infusão:
- Febre e calafrio - ocorre devido à indução de uma resposta imune inata (mais proeminente
com a dispersão coloidal).
- Taquipneia, estridor respiratório ou hipotensão.
- Broncoespasmo franco e anafilaxia - acontece raramente.
➔ Cumulativos:
- Lesão renal - azotemia (acúmulo de compostos de nitrogênio - uréia e creatinina - no sangue)
e perda de K+ e de Mg+2.

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Nistatina
● Mesmo mecanismo de ação da anfotericina B - ligação ao ergosterol.
● Uso tópico - não consegue ser absorvido no trato gastrintestinal.
● É ativa contra a maior parte das espécies de Candida e bastante utilizada para monilíase (sapinho) e
para candidíase vaginal.

Azóis
● Mecanismo de ação:
➔ Redução da síntese de ergosterol - pelas enzimas microssomais CYP fúngicas.
➔ Acúmulo de precursores do ergosterol que comprometem o funcionamento de sistemas
enzimáticos da membrana.
➔ Podem aumentar diretamente a permeabilidade da membrana em concentrações elevadas -
aplicação tópica.
➔ Imidazóis - pouco seletivos (inibem CYP fúngica e hepática).
➔ Triazóis - mais seletivo para CYP fúngica.
● Espectro de ação:
➔ Amplo espectro - considerando a classe como um todo.
➔ Ativa contra Cryptococcus neoformans, Candida spp., Blastomyces dermatitidis, Histoplasma
capsulatum, Sporothrix schenckii, Coccidioides spp., Aspergillus spp e Pseudallescheria boydii.

Imidazóis
● Cetoconazol - uso oral e tópico.
➔ Inibição das enzimas CYP hepáticas.
● Miconazol - uso tópico.
➔ Uso em infecções fúngicas de pele e de mucosas e em candidíase vulvovaginal.

Triazóis
● Mais seletivos para as CYP fúngicas quando comparados aos imidazóis.
● Itraconazol - uso oral e tópico.
➔ Por via oral, é melhor absorvido se ingerido em estado alimentado - absorção favorecida pelo pH
gástrico baixo.
● Fluconazol - uso oral e parenteral.
➔ Melhor absorção gastrointestinal comparado aos demais.
➔ Atravessa a barreira hematoencefálica - tratamento de meningite por coccidioide.

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Anti-helmínticos e Anti Protozoários

H elmintos
● Nematódeos:
➔ Ascaris lumbricoides - ascaridíase.
➔ Ancylostoma spp. - larva migrans cutânea e visceral.
➔ Trichuris trichiura - tricuríase.
➔ Strongyloides stercoralis - estrongiloidíase.
● Trematódeos:
➔ Schistosoma spp. - esquistossomose.
● Cestódeos:
➔ Taenia spp. - teníase.

Benzimidazóis
● Usados para tratar infecções intestinais por nematódeos e cestódeos.
● Fármacos utilizados: Albendazol e Mebendazol.
● Mecanismo de ação:
➔ Inibição da polimerização dos microtúbulos por se ligar a beta-tubulina - compromete a
estrutura.
➔ Inibe funções mitocondriais.
● Farmacocinéticas:
➔ Baixa biodisponibilidade por via oral - no caso do Albendazol, essa biodisponibilidade aumenta
se ingerido junto com alimentos gordurosos.
➔ Sofrem biotransformação hepática.
➔ Excretados, principalmente, através das fezes e muito pouco pela urina.
● Usos clínicos:
➔ Mebendazol:
- Tratamento de ancilostomose, ascaridíase e tricuríase.
- Esquema posológico: 100 mg duas vezes ao dia, durante três dias consecutivos.
➔ Albendazol:
- Tratamento de infecções gastrointestinais causadas por nematódeos - inclusive Ascaris
lumbricoides, Trichuris trichiura e ancilóstomos.
- Posologia em casos de ascaridíase: 400 mg por dia (adultos).
- Fármaco preferido para tratar hidatidose cística causada por Echinococcus granulosus.
- Empregada no tratamento de neurocisticercose causada pelas formas larvais da Taenia
solium - posologia: 400 mg duas vezes ao dia durante 8 a 30 dias (adultos).
● Efeitos adversos:
➔ O Tiabendazol possui mais efeitos adversos.
➔ Efeitos gastrointestinais leves.

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➔ Utilização de doses terapêuticas: anorexia, náuseas, vômitos e tontura.
➔ Uso prolongado: disfunção hepática - evidenciado por níveis altos das transaminases séricas.
- Pode haver icterícia.

Ivermectina
● Mecanismo de ação:
➔ Helmintos e artrópodes (piolho e sarna) sofrem imobilização - paralisia tônica da musculatura
(causada por ativação de canais de Cl- regulado por ligante).
➔ Potencializa uma neurotransmissão inibitória.
● Espectro e Uso clínico:
➔ Utilizado para um amplo espectro de infecções causadas por nematódeos parasitas e artrópodes.
➔ Oncocercose - causada pela Onchocerca volvulus, é uma filária que cresce no humor vítreo.
➔ Strongyloides stercoralis e Toxocara sp. (larva migrans visceral), filarioses, pediculose (piolho)
e escabiose (sarna).
● Farmacocinética:
➔ O pico dos níveis plasmáticos são alcançados dentro de 4 a 5 horas depois da administração oral.
➔ A meia vida é de, aproximadamente, 57 horas.
➔ Liga-se amplamente às proteínas plasmáticas (93%) e é extensivamente metabolizada pela
CYP3A4 do fígado.
● Efeitos adversos:
➔ Sintomas decorrentes, provavelmente, da destruição maciça de parasitas - febre, cefaléia,
tontura, prurido, edema cutâneo, adenopatias (aumento do volume dos gânglios linfáticos) e
hipotensão.

Praziquantel
● Mecanismo de ação:
➔ Aumenta a permeabilidade ao Ca+2 - resultando em paralisia, expulsão e morte do parasita.
➔ Ativo contra nematódeos, cestódeos e trematódeos - ex: Schistosoma spp. e Fasciola hepática.
● Usos clínicos:
➔ Todas as formas de esquistossomose - fármaco de primeira escolha.
➔ Teníase.
➔ Hymenolepis nana (tênia anã).
● Farmacocinética:
➔ Rapidamente absorvido por administração oral.
➔ Liga-se amplamente às proteínas plasmáticas.
➔ Sofre metabolização hepática.
● Efeitos adversos:
➔ Náuseas, vômitos, tontura, dor abdominal, cefaléia e urticária.
➔ Pode haver aumento da pressão intracraniana e edema cerebral no tratamento da
neurocisticercose - decorrente da resposta inflamatória desencadeada.

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Protozoários
● Malária - Plasmodium spp.
● Amebíase - Entamoeba histolytica.
● Giardíase - Giardia intestinalis.
● Toxoplasmose - Toxoplasma gondii.
● Tripanossomíase - T. cruzi.
● Leishmaniose - Leishmania spp.

Malária
● Os esquemas posológicos variam a depender:
➔ Espécie de plasmódio infectante.
➔ Idade do paciente.
➔ Exposição anterior à infecção (primeira infecção ou recorrência).
➔ Condições associadas - ex: gravidez.
➔ Gravidade da doença
● Alguns fármacos utilizados: Cloroquina, Primaquina, Artemeter e Lumefantrina.
● Casos recorrentes, atualmente, utiliza-se Artesunato e Mefloquina.
● Gestantes só podem fazer uso de Cloroquina.

Leishmaniose
● Tratamento a base de antimoniais pentavalente (Sb5+):
➔ Estibogluconato de sódio - Pentostan ®.
➔ Antimoniato de meglumina - Glucantime ®.
- Contraindicado em casos de doença renal, hepática ou cardíaca.
● A Anfotericina B lipossomal tem se mostrado eficaz contra formas resistentes.
● Efeitos adversos do Glucantime:
➔ Sintomas gastrointestinais - ex: náusea e vômito.
➔ Aumento das transaminases.
➔ Nefrotoxicidade.
➔ Alterações de ECG - ex: prolongamento do intervalo QT.

Nitroimidazólicos
● Mecanismo de ação:
➔ O grupamento nitro é quimicamente reduzido nas bactérias anaeróbias e nos protozoários
sensíveis.
➔ Os produtos de redução reativos são os responsáveis pela atividade antimicrobiana.
● Metronidazol:
➔ Disponível para administração via oral, endovenosa, intravaginal e tópica.
➔ Urina pode ficar cor vermelho-acastanhada - presença de pigmentos não identificados,
derivados do fármaco.

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➔ Efeito colateral:
- Cefaleia, náuseas, boca seca e gosto metálico na boca.
- Pode apresentar, também, vômitos, diarréia e desconforto abdominal.
● Usos clínicos:
➔ Secnidazol:
- Amebíase - capaz de matar as formas em cisto, mas não os trofozoítos.
- Giardíase.
➔ Metronidazol:
- Tricomoníase.

Nitazoxanida
● Antiparasitário oral de amplo espectro - capaz de tratar infecções mistas por parasitas intestinais
(helmintos e protozoários).
➔ Atividade contra giardíase e E. histolytica.
➔ Ativo, também, contra H. nana, A. lumbricoides, T. trichiura e Enterobius vermicularis.
● Mecanismo de ação:
➔ Interfere na reação de transferência de elétrons dependente da enzima
piruvato-ferredoxina-oxidoredutase - essencial ao metabolismo anaeróbico.
● Farmacocinética:
➔ Rapidamente hidrolisada a seu metabólito ativo, a tizoxanida.
➔ Liga-se amplamente às proteínas plasmáticas.
➔ Excretado na urina, na bile e nas fezes.
● Efeitos adversos:
➔ Pode ser observada uma coloração esverdeada na urina.

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Antivirais e Antirretrovirais

Vírus
● Vírus de DNA:
➔ Família herpesviridae - causador de catapora, herpes-zóster, herpes oral e vaginal.
● Vírus de RNA:
➔ Picornavírus - causador de meningite, poliomielite, resfriados e hepatite A.
➔ Ortomixovírus - causador da influenza.
➔ Coronavírus - causador de resfriado e de síndrome de desconforto respiratório agudo.
➔ Retrovírus - causador do HIV.
● Replicação do vírus:
➔ Fixação e entrada do vírus na célula do hospedeiro.
➔ Penetração.
➔ Desencapsulamento do ácido nucléico viral.
➔ Síntese de proteínas precoces - ex: polimerase.
➔ Integração ao genoma da célula.
➔ Síntese e processamento de proteínas virais tardias.
➔ Acondicionamento e montagem de partículas virais.
➔ Liberação do vírus.

OBS: Nenhum fármaco consegue eliminar o vírus circulante, apenas elimina na fase de replicação viral
(intracelular) - quem combate o vírus circulante é o sistema imune.

Família Herpesviridae
● Herpes vírus simplex 1 (HSV-1) - causa doenças na boca, na face ou no esôfago.
● Herpes vírus simplex 2 (HSV-2) - provoca infecções na genitália, no reto e na pele.
● Vírus varicela-zoster (VZV) - causa varicela (catapora) em crianças, adolescentes e adultos jovens e
herpes-zóster (cobreiro) em adultos.
● Vírus Epstein-Barr (EBV) ou Herpes vírus humano 4 (HHV-4) - causador da mononucleose
infecciosa (transmitida através da saliva).
● Citomegalovírus (CMV) - disseminada em órgãos específicos.
➔ Ocorre, principalmente, na presença de imunossupressão avançada.
➔ Pode provocar retinite, colite, esofagite, doença do SNC e pneumonite.

Vírus Influenza
● Vírus da influenza A e B - responsáveis por epidemias sazonais.
➔ O vírus da influenza A é responsável pelas pandemias que ocorrem de tempos em tempos.
➔ Disponibilidade de vacina pelo SUS para esses tipos de vírus.

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● Vírus da influenza C - responsável por infecções respiratórias brandas.
● Proteína hemaglutinina (H) - promove fixação na célula do hospedeiro.
● Neuraminidase (N) - cliva os resíduos de ácido siálico, permitindo a liberação do vírus de células
infectadas.

Antivirais - Anti-herpesvírus
Aciclovir
● Agente anti-herpesvírus análogo de guanina, que se acumula nas células normais e é convertido em
metabólito ativo naquelas infectadas (necessita de enzimas específicas do vírus para que isso
aconteça).
● Mecanismo de ação:
➔ Inibe a síntese de DNA viral pela competição com a desoxi-GTP.
➔ Incorporação ao DNA viral - provoca a interrupção do alongamento da cadeia nucleotídica.
● Usos clínicos: HSV-1, HSV-2 e VZV.
● Disponível em apresentações para uso oral, tópico e endovenoso.
➔ Baixa biodisponibilidade por via oral - boa distribuição (atravessa a barreira hematoencefálica).
● Efeitos adversos:
➔ Náuseas, diarréia e cefaléia.
➔ Pode ocorrer sensação de queimação pelo uso tópico.

Ganciclovir
● Potente inibidor do citomegalovírus.
➔ Infecção que ocorre, principalmente, em casos de imunossupressão avançada - pode
desencadear retinite, colite, esofagite, doença do SNC e pneumonite.
● Análogo à guanosina - presença de um grupo hidroximetil na cadeia acíclica.
● Mecanismo de ação:
➔ Fosforilado com ajuda de enzimas virais - se acumula 10 vezes mais em células infectadas pelo
CMV do que em células não infectadas.
➔ Inibe a síntese de DNA viral por competição com a desoxi-GTP.
➔ Incorporação ao DNA viral - provoca a interrupção do alongamento da cadeia nucleotídica.
● Usos clínicos: HSV-1, HSV-2, VZV e, principalmente, CMV (tanto na profilaxia quanto no
tratamento).
● Geralmente é utilizado por via endovenosa - por apresentar baixa biodisponibilidade via oral.
➔ O Valganciclovir tem melhor biodisponibilidade via oral.
● Efeitos adversos:
➔ Mielossupressão - anemia, trombocitopenia e neutropenia (15 - 40% dos pacientes).

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Foscarnet (Foscavir ®)
● Mecanismo de ação:
➔ Análogo do pirofosfato (inibe todos os herpesvírus) - elemento importante na síntese de ácidos
nucléicos.
➔ Inibe a síntese de ácidos nucléicos ao interagir, diretamente, com a DNA polimerase do herpes
vírus.
➔ Bloqueia o sítio de ligação do pirofosfato nessa enzima.
➔ Exerce efeito inibitório 100 vezes maior contra a DNA polimerase dos herpesvírus do que contra
a DNA polimerase celular.
● Disponível apenas em formulação endovenosa.
➔ Apresenta baixa biodisponibilidade via oral, além de ocorrer intolerância gastrointestinal
quando utilizado por essa via.
● Atravessa a barreira hematoencefálica - alcança, aproximadamente, 43 a 67% das concentrações
séricas no líquido cerebrospinal.
● Uso clínico - uso mais pontual e limitado:
➔ Infecções por CMV - sinergismo: ganciclovir + foscarnet.
➔ Herpes e varicela zóster resistentes à terapêutica habitual.
● Efeitos adversos - nefrotoxicidade e desbalanço hidroeletrolítico.

Antivirais - Anti-influenza
Oseltamivir (Tamiflu ®)
● Mecanismo de ação:
➔ Análogo ao ácido siálico - capaz de inibir a neuraminidase e, dessa forma, interferir na liberação
da linhagem de vírus influenza das células infectadas.
● Apresenta atividade contra os vírus influenza A e B.
● Pró-fármaco administrado pela via oral e ativado por enzimas hepáticas.
● Sofre extensa excreção renal.
● Efeitos adversos - náuseas, vômitos e cefaléia.

Antirretrovirais
Inibidores Nucleotídicos e Nucleosídicos da Transcriptase Reversa (ITRNs)
● Mecanismo de ação:
➔ Análogos nucleotídicos ou nucleosídicos bloqueiam a transcrição reversa ao
produzirem elos que interrompem esse processo.
● Fármacos:
➔ Zidovudina - análogo da timidina (não é mais utilizado).
- Pode ter como efeito adverso: náusea, cefaléia, insônia, mielossupressão
(leucopenia) e lipoatrofia (perda de gordura em áreas do corpo).
➔ Lamivudina - análogo da citidina.
➔ Abacavir - análogo da guanosina.

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➔ Tenofovir.
- Pode apresentar como efeito adverso náuseas e diarréia.

Inibidores Não Nucleosídicos da Transcriptase Reversa (ITRNNs)


● Mecanismo de ação:
➔ Inibem a transcriptase reversa por se ligar ao sítio alostérico (não competitivo).
➔ Levam ao bloqueio direto da ação enzimática e multiplicação do vírus - alteração da
configuração tridimensional da enzima.
● Fármaco: Efavirenz.
➔ Pode ter como efeito adverso: alterações do SNC (ex: tontura e cefaléia) e exantemas.

Inibidores de Integrase (INI)


● Mecanismo de ação:
➔ Ligam-se à integrase - enzima essencial para a replicação viral.
➔ Interferem na integração do DNA do HIV ao cromossomo da célula hospedeira.
● Fármacos bem melhor tolerados em comparação às demais classes.
● Fármacos: Dolutegravir e Raltegravir.

Inibidores da Protease (IP)


● Mecanismo de ação:
➔ Inibição da protease do HIV - responsável pela construção de partículas virais.
➔ Impedem o processamento das proteínas virais em conformações funcionais - resultam na
produção de partículas virais imaturas e não infecciosas.
● Fármacos: Lopinavir/Ritonavir.
➔ Pode ter como efeito adverso: diarréia, dor abdominal e lipoatrofia (perda de gordura em áreas
do corpo).

Manejo da Infecção por HIV


Esquema Inicial
● Junção de dois ITRN + um ITRNN, INI ou IP:
➔ Tenofovir - possui como alternativa o Abacavir.
➔ Lamivudina.
➔ Dolutegravir.

Esquema Inicial Alternativo


● Junção de dois ITRN + um ITRNN, INI ou IP:
➔ Tenofovir.
➔ Lamivudina.
➔ Efavirenz.

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● Utilizado em:
➔ Gestantes.
➔ Pessoas com coinfecção de tuberculose sem critérios de gravidade:
- Linfócitos T CD4 abaixo de 100 células/mm³.
- Presença de outra infecção oportunista.
- Necessidade de internação hospitalar.
- Tuberculose disseminada.

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Protocolo IST ’s

Manejo Integral das Pessoas com IST


● Neisseria gonorrhoeae (Gonorréia) - constatou alta resistência desse patógeno à penicilina, à
tetraciclina e ao ciprofloxacino; emergência de resistência à azitromicina; e total sensibilidade às
cefalosporinas de terceira geração (ceftriaxona, cefixima).
● Etapas do manejo:
➔ Realizar orientação centrada na pessoa e em suas práticas sexuais .
➔ Contribuir para que a pessoa reconheça e minimize o próprio risco de infecção por uma IST.
➔ Oferecer testagem para HIV, sífilis e hepatite B e C.
➔ Oferecer vacinação para hepatite A e B e para HPV (quando indicado).
➔ Informar sobre a possibilidade de realizar Prevenção Combinada para IST/HIV/hepatites virais.
➔ Tratar, acompanhar e orientar a pessoa e seus parceiros sexuais.
➔ Notificar o caso (quando indicado).
● Principais síndromes:
➔ Úlcera urogenital - Chlamydia trachomatis, Haemophilus ducreyi, Vírus do Herpes simplex
(tipo 2), Klebsiella granulomatis e Treponema pallidum.
➔ Corrimento uretral/vaginal - Candida albicans, Chlamydia trachomatis, Neisseria
gonorrhoeae, Trichomonas vaginalis e Mycoplasma genitalium.
➔ Verruga urogenital - Papilomavírus humano (HPV).

Classificação Clínica da Sífilis


● Sífilis primária - úlcera rica em treponema (cancro duro) no local de entrada da bactéria e
linfadenopatia regional.
● Sífilis secundária - presença de erupções na pele e nas mucosas (ocorre um tempo após a cicatrização
do cancro duro), linfadenopatia generalizada e quadros neurológicos, hepáticos e oculares.
● Sífilis latente recente - assintomático e até um ano de infecção.
● Sífilis latente tardia - assintomático e mais de um ano de duração.
● Sífilis terciária - formação de gomas sifilíticas na pele, nas mucosas e nos ossos e acometimento
neurológico e cardiovascular.

Testes Imunobiológicos de Sífilis


● Treponêmicos - detectam anticorpos específicos contra o antígeno T. pallidum (ex: ELISA e teste
rápido - distribuído pelo MS).
➔ Utilizado apenas para diagnóstico.
● Não treponêmico - detectam anticorpos anticardiolipina não específicos para o antígeno T. pallidum.
➔ Utilizado para diagnóstico, monitoramento da resposta ao tratamento e controle de cura.

Tratamento da Sífilis
● O medicamento de escolha é a Benzilpenicilina benzatina.
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➔ Em caso de alergia à penicilina pode ser utilizada a Doxiciclina como alternativa.

Infecções que Causam Corrimento Vaginal e Cervicite


● ISTs que causam corrimento vaginal: tricomoníase, infecção por C. trachomatis e N. gonorrhoeae.
● Infecções endógenas que causam corrimento: candidíase por Candida albicans e bactérias
anaeróbicas, em especial a Gardnerella vaginalis.
● Tratamento:
➔ Gonorréia não complicada - Ceftriaxona IM + Azitromicina VO.
➔ Gonorréia complicada - Ceftriaxona IM ou EV + Azitromicina VO.
➔ Clamídia - Azitromicina VO ou Clindamicina VO.
➔ Candidíase - Miconazol ou Nistatina.
➔ Vaginose bacteriana - Metronidazol VO ou Metronidazol gel vaginal.
➔ Tricomoníase - Metronidazol VO

Infecções que Causam Corrimento Uretral


● Associado a dor uretral, disúria, estrangúria (micção lenta e dolorosa), prurido uretral e eritema de
meato uretral.
● Os agentes etiológicos mais frequentes das uretrites são a Neisseria gonorrhoeae e a Chlamydia
trachomatis.
● Tratamento:
➔ Uretrite sem identificação do agente etiológico - Ceftriaxona IM + Azitromicina VO ou
Ceftriaxona IM + Doxiciclina VO.
➔ Uretrite por gonorréia - Ceftriaxona IM ou Azitromicina VO.
➔ Uretrite por clamídia - Azitromicina VO ou Doxiciclina VO.
➔ Uretrite por tricomoníase - Metronidazol VO ou Clindamicina VO.

Infecções que Causam Úlcera Genital


● Presença de lesões ulcerativas erosivas.
● ISTs que se manifestam com úlceras genitais:
➔ Treponema pallidum - sífilis.
➔ HSV-1 e HSV-2.
➔ Haemophilus ducreyi - cancro mole.
➔ Chlamydia trachomatis - linfogranuloma venéreo.
➔ Klebsiella granulomatis - donovanose.
● Tratamento:
➔ Sífilis - Benzilpenicilina benzatina.
➔ Herpes - Aciclovir VO.
➔ Cancro mole - Azitromicina VO ou Ceftriaxona IM ou Ciprofloxacino VO.
➔ Linfogranuloma venéreo - Doxiciclina VO ou Azitromicina VO.
➔ Donovanose - Azitromicina VO ou Doxiciclina VO ou Ciprofloxacino VO ou
Sulfametoxazol-trimetoprima VO.

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