Votorantim Avança No Modelo de Uma Gestora de Negócios

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Empresas - B4 Quinta-feira, 06/04/2023 05h02

Votorantim avança no modelo


de uma gestora de negócios
Conglomerado: Grupo sela parcerias em infraestrutura, energia renovável
e em novas plataformas de investimentos, como transição energética,
saúde e tecnologia
Por Ivo Ribeiro — De São Paulo

Disponível em: <https://valor.globo.com/empresas/noticia/2023/04/06/votorantim-avanca-no-


modelo-de-uma-gestora-de-negocios.ghtml>. Acesso em 09/04/2023.

Sergio Malacrida, à esq, e João Schmidt: executivos à frente da transformação do portfólio de


ativos do grupo Votorantim — Foto: Silvia Zamboni/Valor
O grupo Votorantim fez no ano passado vários movimentos dentro da estratégia
traçada de diversificação de portfólio de ativos e de internacionalização. “Está
ocorrendo uma transformação no nosso portfólio de negócios”, diz João Schmidt,
desde 2014 no grupo e há três anos como CEO da holding. Com isso, a Votorantim S.A.
passou a ter investimentos em 11 empresas, no Brasil e exterior.
Votorantim Cimentos, CBA (alumínio), Nexa Resources (zinco), Acerbrag (aço longo, na
Argentina) e Altre (setor imobiliário) são companhias controladas. Como empresas de
controle compartilhado está na Auren (energias renováveis), no banco BV, na Citrosuco,
na CCR (de infraestrutura), na 23S e na Floen, está última criada em março.
O grupo reportou nesta quarta-feira (5) os resultados operacionais e financeiros do ano
passado, com crescimento de 8% na receita líquida ante 2021, alcançando R$ 52,9
bilhões). Porém, o balanço mostrou recuo de 23% na última linha, com lucro líquido
consolidado de R$ 5,46 bilhões.
“O ano foi marcado pelas movimentações de portfólio, com criação de novas portas de
entrada para investimentos”, comenta o CEO da holding, que reúne os negócios da
família Ermírio de Moraes. “A VSA continua associativa, buscando parcerias frutíferas e
plataformas de alto crescimento via participações minoritárias”, diz.
Nos últimos anos, a VSA saiu da produção de celulose e focou em energia renovável,
setor imobiliário e infraestrutura. Saiu ainda do setor de aço longo na Colômbia e Brasil
e estreou em plataformas de negócios de alto impacto e na onda da transição
energética.
O executivo lista as várias operações realizadas em 2022. A criação da Auren Energia
com o fundo CPP Investiments; a entrada no bloco de controle da concessionária de
infraestrutura CCR junto com Itaúsa, as parcerias para investimentos em outros tipos
de negócios - 23S Capital, com o fundo Temasek, e a recente Floen, com o CPP -, além
de aquisições da Votorantim Cimentos na Espanha, parceria do banco BV com o
Bradesco em nova gestora, Evera, plataforma da Citrosuco, e a operação do follow-on
de R$ 904 milhões da CBA.
Sergio Malacrida, diretor financeiro e de RI da holding, informa que todas as empresas
do grupo - controladas e as investidas com resultado por equivalência patrimonial -
fecharam o ano passado com lucro: R$ 1,15 bilhão na Cimentos, R$ 959 milhões na
CBA, R$ 374 milhões na Nexa Resources e R$ 139 milhões da siderúrgica Acerbrag. A
Auren, em que detêm 37% do capital, registrou lucro de R$ 2,7 bilhões (beneficiado
por evento extraordinário de acordo com a União) e o BV reportou ganho de R$ 1,5
bilhão.
Segundo o executivo, caso fossem excluídos dois itens extraordinários, o lucro líquido
consolidado da VSA seria maior que os R$ 5,46 bilhões. Um deles se refere à criação da
Auren (lucro contábil pela avaliação dos ativos) e ganho pela venda da participação
(15%) na ArcelorMittal Fluminense registrado em 2021.
Nos resultados, a companhia sofreu impacto da inflação nos custos, afetando o lucro
antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), principalmente no
quarto trimestre, que registrou recuo de 16% na mesma base de comparação. A VSA
fechou o ano com Ebitda de R$ 10,5 bilhões (menos 9% ante 2021).
Preços em alta de zinco e alumínio, com base nas cotações da LME, a Bolsa de Metais
de Londres, bem como do cimento contribuíram para o aumento de 8% na receita
líquida consolidada. Metade do valor foi gerada no Brasil e metade nas operações do
exterior. No caso do Ebitda, devido à conversão pelo câmbio, o exterior gerou 45%.
Schmidt ressalta que a VSA continua em sua estratégia de aumentar investimentos nos
mercados desenvolvidos, de moedas fortes: dólar e euro. Além dos movimentos da
Cimentos na América do Norte e Espanha, a própria VSA e a Altre estão com escritório
em Nova York, EUA, para prospectar oportunidades de negócios.
Mas sem deixar de lado o Brasil, lembra o executivo. “Somos confiantes em nossa
capacidade de execução e de enfrentar desafios em um mercado volátil”, afirma.
Ele destaca que CBA, Auren, Nexa e VC mantém os planos de crescimento. A Nexa, por
exemplo, acabou, há meio ano, de concluir investimento de mais de US$ 630 milhões
na nova mina de zinco, em Aripuanã (MT).
O grupo encerrou 2022 com situação financeira confortável - alavancagem de 1 vez a
dívida líquida (R$ 10,5 bilhões) na relação com o Ebitda. O programa de investimentos
para 2023 está ligeiramente abaixo, R$ 5,5 bilhões, ao se comparar com a cifra de R$
5,8 bilhões de 2022. O valor envolve as companhias diretamente controladas.
A avaliação é que 2023 será um ano semelhante ao de 2022. Schmidt prevê um
processo de acomodação do novo governo, com aposta e expectativa no plano do
arcabouço fiscal (que substitui o teto de gastos de 2017) e na reforma tributária. “São
dois grandes temas que podem trazer uma melhora ao ambiente de negócios”, afirma.
O executivo evitou comentar a polêmica envolvendo o presidente da República e o
chefe do Banco Central sobre a taxa básica de juros no país, a Selic, que está desde o
ano passado em 13,75%.
Fim

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