Bilionários Nazistas

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 5

15/05/2023, 11:10 Leia Isso

VALOR ECONÔMICO

As 5 famílias alemãs que


financiaram a ascensão de
Hitler e continuam no
mercado
14 MAIO 2023 | 4min de leitura

CONTRASTE

https://leiaisso.net/fw5y2/ 1/5
15/05/2023, 11:10 Leia Isso

O jornalista holandês David de Jong é neto de judeus que tiveram negócios expropriados ou foram presos pela
Gestapo — Foto: Joachim Gern/Divulgação

Marcas icônicas da indústria automotiva, como BMW e Porsche; do setor


financeiro, como Deutsche Bank; e da área de alimentação, como
Dr.Oetker, que batiza chás e aveias, lucraram e se expandiram graças ao
regime nazista. Quem garante, baseado em documentos da época e
pesquisas historiográficas, é o jornalista holandês David de Jong, ex-
repórter da agência de notícias Bloomberg, em seu livro de estreia,
“Bilionários nazistas - A tenebrosa história das dinastias mais ricas da
Alemanha”.

Segundo ele, os principais executivos ou as famílias fundadoras de


empresas citadas na obra não só financiaram a ascensão do Partido
Nazista, como se aproveitaram de mão de obra escrava, cooptada em
campos de concentração, e tomaram ou compraram, a preço de banana,
negócios comandados por empresários judeus.

O título centra fogo nos patriarcas de cinco famílias alemãs que, por
meio de herdeiros ou de executivos de carreira, continuam no mercado
corporativo. Inclui os Quandt, do clã que iniciou a BMW; os Von Fick,
financistas que cofundaram a seguradora Allianz; os Porsche-Piëch, que
controlam a Volkswagen e a Porsche; e os Oetker, donos de impérios de
alimentos, cervejas e hotéis de luxo. “Detalho as histórias do Terceiro
Reich e o ajuste de contas dessas dinastias empresariais que continuam a
ter influência hoje”, explica o autor, no livro.

Um dos exemplos vivos da narrativa de Jong é a executiva Susanne


Klatten, listada pela “Forbes” neste ano como a mulher mais rica da
Alemanha, com patrimônio de US$ 25,2 bilhões. Ela foi nomeada para o
conselho da BMW em 1997 e detém participação de 19,2% na montadora.

Klatten é neta de um dos patriarcas citados na obra. Günther Quandt


(1881-1954) era casado com Magda Goebbels (1901-1945), do núcleo
íntimo de Adolf Hitler (1889-1945), antes de ela se tornar mulher de

https://leiaisso.net/fw5y2/ 2/5
15/05/2023, 11:10 Leia Isso

Joseph Goebbels (1897-1945), ministro da propaganda na Alemanha


nazista entre 1933 e 1945.

Os laços de corporações alemãs com as atrocidades que levaram ao


Holocausto não é novidade, principalmente na Alemanha. Volta e meia,
programas das TVs do país abordam o assunto - o documentário “The
Silence of the Quandts” (“O silêncio dos Quandts”, de Eric Friedler e
Barbara Siebert, 2007) pode ser visto no YouTube.

O que o livro traz de impactante aparece em três pilares que sustentam a


pesquisa de Jong: a forma como as organizações realizam tentativas de
reparação histórica sobre os crimes cometidos na Segunda Guerra
Mundial; a participação de parte da comunidade judaica no
abrandamento dos julgamentos dos envolvidos e os ecos nazistas que se
ouvem hoje, na política europeia.

O movimento de reparação, segundo o autor, graduado em ciência


política e mestre em história, segue um protocolo adotado por parte das
firmas que tiveram alguma participação nos planos de Hitler. Na prática,
elas contratam um historiador para investigar suas atividades no
passado e, anos depois, divulgam um estudo em sites institucionais ou
de fundações sociais ligadas às famílias fundadoras. Um dossiê
encomendado pelos Quandt, por exemplo, foi publicado em 2011.

Uma década antes, em 2000, a fundação Memória, Responsabilidade e o


Futuro (EVZ, na sigla em alemão) foi criada em Berlim pelo governo e
companhias alemãs para pagar indenizações aos sobreviventes de
campos de trabalhos forçados. Entre 2001 e 2006, conforme o
levantamento de Jong, a entidade entregou US$ 5,8 bilhões a 1,6 milhão
de pessoas - a maior soma individual atingiu US$ 10 mil.

https://leiaisso.net/fw5y2/ 3/5
15/05/2023, 11:10 Leia Isso

A segunda linha de investigação do historiador - que é neto de judeus


que tiveram negócios expropriados ou foram presos pela Gestapo, a
polícia secreta nazista - avança no povo judaico. A maioria dos
“magnatas do Terceiro Reich” se safou da justiça apenas com uma
advertência e parte dessa “indulgência” aconteceu, segundo ele, por
causa de declarações da comunidade que inocentavam os agressores, por
medo ou tentativa de compor o que foi destruído no conflito. No fim dos
anos 1940, a defesa de um acusado chegou a levar 445 “persilscheine” -
nome dado a esses “certificados de idoneidade” - à análise das cortes.

Apesar de o livro perder força ao se debruçar nos detalhes dos


julgamentos de nazistas, chama atenção, nas páginas finais, para o
futuro. O escritor, que mora em Israel, destaca a participação de altos
executivos e companhias com histórico nazista no suporte financeiro a
partidos políticos de extrema direita da Alemanha, como o AfD
(Alternativa para a Alemanha, da sigla em alemão), dono de um discurso
islamofóbico, antissemita e anti-imigrante.

O AfD completou dez anos em 2023 e não tem do que reclamar. Além de
estar no parlamento alemão, conquistou assentos em 15 das 16 câmaras
estaduais do país, com a preferência de 13% do eleitorado. Como
costuma dizer Meyer Offerman, personagem do ator Al Pacino em
“Hunters”, série da Amazon Prime Video sobre um grupo que caça

https://leiaisso.net/fw5y2/ 4/5
15/05/2023, 11:10 Leia Isso

nazistas escondidos nos Estados Unidos nos anos 1970, “as guerras só
acabam para os mortos”.

Bilionários nazistasDavid de Jong Trad. Otacílio Nunes Objetiva, 400


pág., R$ 104,90

COMPARTILHE:     

https://leiaisso.net/fw5y2/ COPIAR

Ler outra URL

LeiaIsso.net é um serviço grátis que permite a


leitura de conteúdos da internet sem
distrações. A remoção de PayWall, Banners e
demais recursos dos sites é feita para
proporcionar uma boa experiência ao leitor.

https://leiaisso.net/fw5y2/ 5/5

Você também pode gostar