Anais Ceisg 2023
Anais Ceisg 2023
Anais Ceisg 2023
CADERNO DE ANAIS
Brasília
2023
1
Coordenação Geral e Científica
Kleber Aparecido da Silva – Universidade de Brasília/Stanford University
Comissão Organizadora
Kleber Aparecido da Silva – UnB/Stanford
Paula Cobucci – UnB/Gecal
Tamara Angélica Brudna da Rosa – IFFar/UnB/Gecal
IFMG – Campus Ouro Preto – UnB/Gecal
Rosana Helena Nunes – FATEC/UnB/Gecal
Juliana Harumi Chinatti Yamanaka – IFB/UnB/Gecal
Emely Crystina da Silva Viana – SEEDF/UnB/Gecal
Comissão Científica
Coordenadores dos Grupos de Trabalho e Membros do Gecal
2
SUMÁRIO
3
EDUCAÇÃO DE QUALIDADE? O EAD NO ENSINO SUPERIOR ............................... 25
4
ANÁLISE DA EMERGÊNCIA DE CURRÍCULOS HÍBRIDOS A PARTIR DO
IMPACTO DAS PRÁTICAS DO REDE/UFSM .................................................................. 43
6
O PAPEL DO INTERCÂMBIO VIRTUAL NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE
LÍNGUAS ADICIONAIS ....................................................................................................... 79
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POLÍTICAS INSTITUCIONAIS PARA O ENSINO DE LÍNGUAS ADICIONAIS E
PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO: O CONTEXTO DO INSTITUTO
FEDERAL FARROUPILHA
Resumo
No Brasil, órgãos destinados a apoiar as universidades e os institutos federais, como a
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior e o Fórum dos
Assessores de Relações Internacionais, têm fomentado o debate e a promoção de ações
relativas a políticas linguísticas e internacionalização nas instituições de ensino superior.
Nesse cenário, as línguas adicionais têm impacto não somente sobre a internacionalização
em si, como uma forma de integração das dimensões internacional e intercultural, mas
também sobre as identidades e relações entre grupos distintos, com efeitos de
participação e poder entre as instituições e os indivíduos envolvidos (LIMA; MOREIRA,
2022). Desse modo, entendemos que os letramentos acadêmicos, enquanto práticas de
leitura e escrita nas disciplinas (LEA; STREET, 1998), oferecem uma perspectiva
diferenciada para o estudo das práticas do ensino superior, à medida que evidenciam
questões sociais, de identidade, poder, autoria (HILSDON; MALONE; SYSKA, 2019). O
objetivo deste trabalho é apresentar o contexto do Instituto Federal Farroupilha acerca de
suas políticas para o ensino de línguas adicionais e para a internacionalização, sob a
perspectiva dos letramentos acadêmicos (LEA; STREET, 1998; 2006). Para isso, foram
analisados 12 regulamentos institucionais que tratam das línguas adicionais e da
internacionalização da educação superior. Como aporte teórico-metodológico, a pesquisa
também se ancora nos pressupostos da Análise Crítica de Gênero (MOTTA-ROTH,
2008; MOTTA-ROTH; HEBERLE, 2015) e Análise Crítica do Discurso
(FAIRCLOUGH, 1985; 2001). Em síntese, a análise apontou: interesse e/ou necessidade
na regulação de questões relativas às línguas adicionais e à internacionalização; variedade
de atores sociais, sendo a própria instituição que possui maior agência nas ações; ênfase
na internacionalização em si, e não nas línguas adicionais; concepção de
internacionalização como mobilidade/intercâmbio. Espera-se que os resultados deste
estudo possam contribuir para a elaboração e/ou revisão crítica de documentos
institucionais norteadores do ensino de línguas adicionais e da internacionalização.
_________________
1. Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Santa Maria. E-mail:
[email protected]
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LINGUAGEM E SOCIOLINGUÍSTICA
Resumo
A Sociolinguística autônoma e interdisciplinar teve início em meados do século XX,
embora haja linguistas que desenvolviam seus trabalhos de natureza sociolinguística
anteriormente a 1960, entre os quais podemos citar Meillet [1866-1936], Bakhtin [1895-
1975] e os membros do Círculo Linguístico de Praga. “Esses são pensadores que levaram
em conta o contexto sociocultural e a comunidade de fala nas suas pesquisas linguísticas,
ou seja, não dissociavam o material da fala do produtor dessa fala – o falante – pelo
contrário, consideravam relevante examinar as condições em que a fala era produzida”
(BORTONI-RICARDO, 2014, p. 11). A Sociolinguística teve como premissas básicas o
relativismo cultural e a heterogeneidade linguística inerente e sistemática. A
Sociolinguística Educacional é uma das correntes da Sociolinguística e volta-se para o
ensino de Língua Portuguesa em escolas brasileiras, da pré-escola à universidade. Essa
disciplina suscita reflexões críticas a partir de experiências docentes em sala de aula, ao
apresentar a realidade do ensino de Língua Portuguesa e possibilidades metodológicas e
teóricas profícuas para a ruptura de concepções cristalizadas no sistema de ensino público
brasileiro. Contempla ampla discussão sobre linguagem, políticas linguísticas e
educacionais, letramentos, gêneros textuais/discursivos e responde a uma pergunta
básica: “Como empoderar o professor de Língua Portuguesa para ensinar de forma
produtiva e formar cidadãos brasileiros críticos?” (BORTONI-RICARDO; SILVA,
2022). Bortoni-Ricardo (2004; 2021) adota, no tratamento da Sociolinguística
Educacional no Brasil, uma metodologia constituída de quatro contínuos, a saber: a)
contínuo de urbanização; b) contínuo de oralidade e letramento; c) contínuo de
monitoração estilística; e d) contínuo de acesso à Internet.
_________________
1. Professora titular aposentada de Linguística da Universidade de Brasília: Faculdade de Educação. E-mail:
[email protected]
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ITINERÁRIOS FORMATIVOS DO NOVO ENSINO MÉDIO: UMA ANÁLISE
DE DISCURSO CRÍTICA E A OPÇÃO DECOLONIAL
Resumo
Considerando o contexto de Ensino Médio das redes públicas brasileiras, em especial, da
rede pública do Estado de Minas Gerais (MG), este trabalho objetiva analisar, discutir e
problematizar o discurso apresentado na ementa e atividades didáticas (MINAS GERAIS,
2023) propostas pela rede estadual de MG para a disciplina de Práticas Comunicativas e
Criativas, da área de Linguagens, que compõem os Itinerários Formativos da nova
política educacional conhecida como Novo Ensino Médio (NEM). Para isso, a fim de
fundamentar a análise e discussão sobre o assunto, serão utilizados como arcabouços
teóricos alguns dos documentos oficiais que regem o NEM como a Base Nacional
Comum Curricular (BNCC) (BRASIL, 2018) e o Currículo Referência de Minas Gerais
(CRMG) (MINAS GERAIS, 2021), e estudos teóricos sobre a Análise de Discurso
Crítica (ADC), como o modelo tridimensional de Fairclough (2001; 2003), em seus
aspectos acional, representacional e identificacional; isto é, será investigado, na
materialidade linguística, como são: (i) compostos os gêneros dispostos no texto; (ii)
construídas as visões de mundo e representações arroladas; e (iii) configuradas as
identidades no e pelo discurso. Diante deste arcabouço, o trabalho espera propor
reflexões sobre as relações de poder presentes nos documentos oficiais em questão e os
possíveis desafios e impactos da ementa e das atividades didáticas propostas no processo
de ensino e aprendizagem voltado para a área de Linguagens. Por fim, considera-se, neste
trabalho, a reflexão sobre o pensamento decolonial (MIGNOLO, 2008; MALDONADO-
TORRES, 2016; BERNADINO-COSTA; MALDONADO-TORRES; GROSFOGUEL,
2018) como opção para a práxis pedagógica, considerando que se faz cada vez mais
urgente uma atitude epistêmica e decolonial pautada no questionamento para consequente
transformação social.
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1. Doutoranda em Estudos Linguísticos da Universidade Federal de Minas Gerais. E-mail: [email protected]
2. Doutoranda em Estudos Linguísticos da Universidade Federal de Minas Gerais. E-mail: [email protected]
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AS POLÍTICAS LINGUÍSTICAS DE LÍNGUA ESTRANGEIRA EM
PROGRAMAS DE INTERNACIONALIZAÇÃO
NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO
Resumo
Alguns programas que visam a internacionalização são considerados evidências de
políticas linguísticas, e impactam a maneira com que línguas estrangeiras são ensinadas
no ensino superior. O objetivo proposto aqui é analisar as políticas linguísticas de alguns
programas que visam a internacionalização de Instituições Federais de Ensino Superior
(IFES) brasileiras e investigar como “proficiência linguística”, “língua” e
“internacionalização” são compreendidas por esses programas. O corpus é constituído por
editais e resoluções do PrInt e do Idiomas sem Fronteiras (IsF) e textos informativos dos
sites desses programas. A pesquisa é de natureza qualitativa e, para atingir os objetivos
propostos, a metodologia utilizada é a Análise do Discurso (AD) de linha pecheutiana
(PÊCHEUX, 1997; 2009). O trabalho está situado no campo da Linguística Aplicada
(LA) brasileira denominada crítica, transgressiva e inter/trans/indisciplinar (CELANI,
1992; 2000; MOITA LOPES, 2006; SIGNORINI, 2006; PENNYCOOK, 2006). Percebe-
se que há discursos e regularidades enunciativas que apontam para a manutenção de
relações coloniais, contribuindo para o fortalecimento de um imperialismo linguístico da
Língua Inglesa justificativo pelo desenvolvimento tecnológico e pela globalização.
Mesmo com a circulação de dizeres que sugerem a construção colaborativa de
conhecimento científico entre diferentes instituições, por meio dessas noções de
proficiência, língua, e internacionalização, as políticas linguísticas adotadas por esses
programas reforçam constructos capitalistas e coloniais que auxiliam a manutenção da
hegemonia de países do hemisfério Norte.
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1. Doutoranda em Estudos Linguísticos do Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos da Universidade
Federal de Uberlândia (PPGEL-UFU). E-mail: [email protected]
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ESTRATÉGIAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM EM UMA AULA EMI:
ANÁLISE DE MOVIMENTOS RETÓRICOS
Resumo
O presente trabalho é parte de uma dissertação de mestrado em que práticas
comunicativas acadêmicas de uma disciplina EMI foram analisadas. O EMI é uma
modalidade em que o inglês é a língua de mediação do ensino e da aprendizagem de uma
disciplina em instituições de ensino superior de países não anglófonos (DEARDEN,
2016; DAFOUZ, 2018). Este trabalho busca identificar estratégias de ensino-
aprendizagem em uma aula EMI por meio da descrição dos movimentos retóricos, aqui
entendidos como unidades discursivas ou retóricas com função comunicativa coerente em
um discurso (SWALES, 2004). Para tanto, um breve levantamento da literatura prévia
sobre movimentos retóricos em aulas de ensino superior foi conduzido. Notou-se que
essas investigações parecem focar em disciplinas acadêmicas regulares ou em disciplinas
de inglês acadêmico. Dado que disciplinas EMI abrangem aspectos desses dois tipos de
disciplina (MARTINEZ; FOGAÇA; FIGUEIREDO, 2020), esses trabalhos contribuem
para este estudo, mas não de maneira exaustiva. A geração de dados parte da observação
de uma aula em uma disciplina EMI de um programa de pós-graduação da UFSM.
Excertos da aula foram categorizados, primeiramente, a partir dos movimentos já
identificados em literatura prévia. Entretanto, durante a análise, novos movimentos
retóricos foram detectados no corpus. Dos três movimentos que foram associados mais
diretamente com a modalidade da disciplina, dois concernem a preocupação com o
entendimento do conteúdo – um da parte dos alunos e outro da parte do professor – e o
terceiro abrange traduções do inglês para o português em aula. Os movimentos retóricos
identificados podem ser relacionados com estratégias que os participantes lançam mão no
processo de ensino e aprendizagem. Em pesquisas futuras, espera-se replicar a presente
metodologia em um corpus maior, a fim de tecer possíveis generalizações sobre os
movimentos retóricos que podem ser associados a estratégias de ensino-aprendizagem no
contexto EMI.
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1. Doutoranda em Letras pela Universidade Federal de Santa Maria. E-mail: [email protected]
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VIVENCIAR O TORNAR-SE PROFESSORA: UM CONVITE À ESCUTA DE
DUAS MULHERES DO CURSO DE LETRAS DA UEG
Resumo
Nesta pesquisa proponho discussões que possibilitem espaços de escuta sobre nossa
trajetória no espaço de formação docente, nossa constituição identitária e nossa relação
com a Universidade que ocorre de forma singular e plural na medida em que os nossos
atravessamentos identitários por ora se encontram e ora divergem. Além disso, procuro
registrar por meio de uma sessão de foto-diálogos nossa experiência durante o processo
de tornar-se professoras. O objetivo deste estudo é, pois, problematizar como a
experiência acadêmica reverbera na (re)construção de nossas identidades
(mulheres/professoras) considerando que as condições vivenciadas na universidade
implicam em nossas permanências no curso. Esta pesquisa está alinhada aos estudos pós-
críticos e, nesse sentido, discute as identidades, alteridades, bem como as implicações das
representações opressoras que são forjadas e reforçadas pelo poder. Quando pensamos
nossas identidades, podemos ressignificar crenças que pressupões que aquelas que atuam
na docência ocupam essa posição pelo dom que lhes foi concedido ao nascerem, por
serem seres que conhecem tudo, ou porque encontraram relações com atributos
socialmente associados às mulheres. Assim, as relações de gênero são repassadas,
apreendidas e criam associações de determinados comportamentos como pertencentes a
cada gênero, distinguindo-os, para assim estabelecerem características específicas sobre
quem somos e como devemos nos portar. Assim, de modo sistematizado, esses ideais
absolutistas visam a regulamentação da atuação sobre o outro e sobre o mundo. Essa
regulamentação é a expressão do poder que está estruturado em dominação, exploração e
conflito entre atores sociais, e se organizam sobre dois grandes eixos: a colonialidade do
poder e a modernidade. Quando refletimos sobre quem somos e nossa relação com os
espaços que nos cercam, compreendemos que somos condicionadas, mas não
determinadas, logo, tornar-se professoras para nós passa a ser uma possibilidade de
(re)invenção de nossas identidades e trajetórias de vida.
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1. Autora Graduada em Letras Português/Inglês pela Universidade Estadual de Goiás. E-mail:
[email protected]
2. Orientadora. Docente no Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Linguagens, Educação e Tecnologias. E-
mail: [email protected]
3. Coorientadora. Mestre em Linguagens, Educação e Tecnologias pelo Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar
em Linguagens, Educação e Tecnologias em Anápolis. E-mail: [email protected]
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AVANÇAR O TRABALHO DE REVITALIZAÇÃO,
CONSTRUINDO O ENSINO BILÍNGUE
Vanderson Lourenço1
Wilmar R. D’Angelis2
Resumo
Em 1997 o segundo dos autores, docente de Linguística da UNICAMP, sentiu-se
desafiado pela queixa do então cacique da Aldeia Nimuendajú, Claudemir Marcolino,
segundo a qual as universidades paulistas não contribuíam com os povos indígenas do
Estado, interessadas apenas em povos amazônicos. No ano seguinte, com a colaboração
da antropóloga Juracilda Veiga e da graduanda em Letras, Consuelo Costa, iniciou-se um
trabalho de apoio às comunidades Nhandewa-Guarani de São Paulo e Norte do Paraná,
para padronização ortográfica e produção de materiais didáticos para ensino da língua
indígena nas suas escolas, uma vez que a transmissão intergeracional estava interrompida
na grande maioria das famílias, em todas as aldeias. Em 2002, um livro de leitura,
produzido pelos falantes indígenas, foi publicado e adotado nas aldeias. Pouco mais de
uma década depois, em 2013, o mesmo linguista e seu grupo de pesquisa (InDIOMAS)
foram chamados a um trabalho de revitalização linguística na Aldeia Nimuendajú, que
levasse à produção de uma Gramática Pedagógica, para uso dos professores da
comunidade. Iniciou-se, então, um rico e longo processo de Oficinas de Revitalização,
contando com vários linguistas, e que produziu, entre outras coisas, uma Gramática
Pedagógica em dois fascículos (2016; 2019), uma obra recuperando uma narrativa
sagrada tradicional cuja transmissão também se interrompera (2016) e um livro de textos,
monolíngue (2019). Sobreveio a pandemia, com a interrupção daquelas ações, e em 2022
um professor, falante do Nhandewa-Guarani, e membro daquela comunidade (o primeiro
dos autores deste trabalho), ingressou no Mestrado em Linguística na UNICAMP. O
desafio que se coloca, para o futuro imediato, é: como desenvolver conhecimento,
coletivamente, sobre formas de ensinar a língua ancestral em ambiente escolar, e como
transformar a escola da Aldeia Nimuendajú em uma verdadeira escola bilíngue, processo
a ser desenvolvido agora sob a liderança de um linguista indígena da comunidade.
_________________
1. Professor bilíngue Nhandewa-Guarani. Mestrando em Linguística (UNICAMP). E-mail: [email protected]
2. Linguista e Indigenista. Professor no Programa de Pós-Graduação em Linguística do Instituto de Estudos da
Linguagem (IEL), UNICAMP. E-mail: [email protected]
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UM OLHAR DECOLONIAL SOBRE O MATERIAL DIDÁTICO
Resumo
Este estudo encontra-se em fase inicial e, portanto, ainda está por vir a geração de dados
definitivos. A intenção é apresentar a proposta desta pesquisa que visa analisar livros
didáticos de ensino de inglês como língua estrangeira e identificar a presença de fatores
colonializantes em seu conteúdo, tanto nos textos como nas imagens. De acordo com
importantes teóricos dos estudos decoloniais e também do letramento crítico, caso o
docente tenha um olhar ingênuo, o livro didático potencialmente servirá como um dos
principais veículos de disseminação das matrizes coloniais de poder, caracterizando-se
como um importante instrumento de perpetuação da subalternização epistemológica,
ontológica e cosmogônica do Sul Global, que foi instaurada no início da modernidade e
permanece nos dias atuais. A partir da observação desses elementos colonializantes, tem-
se como objetivo secundário propor reflexões para que esses discursos possam ser
desconstruídos, promovendo assim um olhar mais crítico na prática de ensino de Língua
Inglesa. Através de uma metodologia de pesquisa documental de natureza qualitativa e de
cunho interpretativista, tais aspectos colonializantes foram localizados e considerados
como possíveis brechas para serem trabalhadas em sala de aula, caso o professor assim
deseje. Tendo como público alvo estudantes do curso de licenciatura em Letras, mais
especificamente os de ensino de Língua Inglesa, este estudo procura oferecer-lhes uma
oportunidade de ter contato com o conceito de decolonialidade para que, caso decidam,
passem a trabalhar o material didático através dessas lentes, fazendo intervenções em sala
de aula com vistas a despertar essa percepção nos seus futuros alunos.
_________________
1. Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade de Minas Gerais. E-mail:
[email protected]
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O GÊNERO LISTICLE NAS AULAS DE LÍNGUA INGLESA: UM RELATO DO
PLANEJAMENTO E DA APLICAÇÃO DE UMA SEQUÊNCIA DIDÁTICA
DURANTE O ESTÁGIO SUPERVISIONADO
Resumo
O presente trabalho tem como objetivo relatar uma experiência de estágio supervisionado
em Língua Inglesa. O planejamento e a aplicação das aulas seguiram a proposta de
habilidades e competências presentes na Base Nacional Comum Curricular (BNCC,
2018) e a base teórica-metodológica para a criação dos planos de aula se deu a partir de
Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004) e a concepção de sequência didática. As atividades
foram planejadas em consonância com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável
(ODS), principalmente o ODS 3: boa saúde e bem-estar. Dessa forma, a temática
abordada foi a amizade, ressaltando a importância de compreender se uma amizade é
saudável ou não, pois ela pode interferir no bem-estar de cada um. O gênero textual que
estruturou as atividades foi o listicle, artigo em formato de lista, muito popular nas redes
atualmente. A sequência didática foi desenvolvida na disciplina de Estágio
Supervisionado em Língua Inglesa e foi pensada com base nas observações e na
sondagem de uma turma de 6º ano de uma escola pública no município de Tapejara, Rio
Grande do Sul, pela discente do 9º nível do Curso de Letras – Português e Inglês da
Universidade de Passo Fundo. Os resultados encontrados foram o crescimento do
interesse dos estudantes pela disciplina de Língua Inglesa na escola que frequentam e,
consequentemente, uma maior motivação da turma para usar a Língua Inglesa em sala de
aula, bem como importantes reflexões em torno da amizade e do bem-estar
proporcionado pela manutenção de boas relações.
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1. Acadêmica do Curso de Letras – Português e Inglês da Universidade de Passo Fundo. E-mail:
[email protected]
2. Docente do Curso de Letras – Português e Inglês da Universidade de Passo Fundo. Mestre em Estudos Linguísticos
pela UFFS e orientadora deste estágio. E-mail: [email protected]
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LITERATURA E FORMAÇÃO DE LEITORES: FORMAÇÃO CONTINUADA
INTERDISCIPLINAR PARA AÇÕES PEDAGÓGICAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA
Taíse Possani1
Fernanda Trein2
Resumo
Este trabalho tem como objetivo discutir acerca do papel dos professores das diferentes
áreas na formação de leitores literários no contexto da educação básica, bem como
apresentar resultados de um estudo e pesquisa realizado com professores de uma rede
municipal de ensino no interior do estado do Rio Grande do Sul, os quais participaram da
formação continuada intitulada Entre a Literatura e a Matemática: uma perspectiva
interdisciplinar para ações pedagógicas na educação básica. A ação de formação foi
desenvolvida com um grupo de professores da educação infantil e séries iniciais e finais
do Ensino Fundamental que atuam nas diferentes áreas do conhecimento. Em uma
perspectiva interdisciplinar, foram realizados dois encontros de formação continuada, um
tendo maior foco na Literatura e no Letramento Literário e seus métodos e a outra no
ensino da Matemática de modo interdisciplinar e em diálogo com a literatura. Após o
desenvolvimento da formação, passados alguns meses, os professores foram convidados a
participar de uma entrevista, por meio de um questionário online sobre a formação que
tematizou acerca da Literatura e do Letramento Literário, o que permitiu mensurar os
impactos e importância dessa ação em sua ação pedagógica, bem como em sua visão
sobre o papel da leitura e da leitura literária nas diferentes áreas e na formação humana
dos alunos e alunas. Dentre os respondentes, todos apontaram que a formação continuada
envolvendo a temática da Leitura e da Leitura Literária gerou impactos positivos e
alguma mudança em seu fazer pedagógico. Além disso, todos eles consideram que a
formação continuada de professores envolvendo a temática da Leitura e da Leitura
Literária na escola foi importante para contribuir com a sua formação e com a formação
de leitores críticos.
_________________
1. Doutoranda no Programa em Educação nas Ciências da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio
Grande do Sul e Mestre em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande – FURG; Professora da Universidade
Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ. E-mail: [email protected]
2. Mestre em Letras pela Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, Professora da Universidade Regional do
Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ; Professora de Língua Portuguesa da rede municipal de Panambi –
RS. E-mail: [email protected]
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DIMENSÕES FORMATIVAS NAS AÇÕES DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA
VOLTADAS AO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA COMO LÍNGUA
ESTRANGEIRA E/OU ADICIONAL
Resumo
Este trabalho tem como objetivo apresentar ações de extensão universitária voltadas para
o ensino de Língua Portuguesa como Língua Estrangeira e/ou Adicional, por meio do
Projeto Acolher: Português como Língua Estrangeira, Adicional e de Acolhimento,
desenvolvido na Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul
(UNIJUÍ) desde março de 2019. Para tanto, visa discutir a dimensão formativa contida
em tais experiências de ensino e aprendizagem de língua portuguesa, não só para os
acadêmicos na Formação Inicial em Letras: Português e Inglês, como também para os
estudantes intercambistas que buscam o Português como Língua Estrangeira e/ou
Adicional e, ainda, para os docentes universitários em formação continuada. Por meio do
relato da experiência vivida na elaboração e fundamentação do projeto, na elaboração de
materiais didáticos autorais e no desenvolvimento das aulas, busca-se contribuir para a
discussão acerca dos processos de ensino e aprendizagem no campo de estudos do Ensino
e Aprendizagem das Línguas Adicionais (EALA). O desenvolvimento do Projeto no
contexto universitário resultou nas experiências de quatro anos de ensino de Português
para alunos intercambistas, em nível de graduação e pós-graduação, bem como dois anos
no ensino de português como língua de Acolhimento, gerando a produção de materiais
didáticos autorais e o aprofundamento teórico e conceitual dos membros do projeto. Por
fim, as ações desenvolvidas permitem refletir e analisar criticamente acerca das noções de
Língua Estrangeira, de Língua Adicional e de Acolhimento e suas implicações nas
abordagens e métodos de ensino de língua portuguesa.
_________________
1. Doutoranda no Programa de Educação nas Ciências da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande
do Sul e Mestre em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande. Coordenadora e professora do Curso de Letras da
Unijuí. E-mail: [email protected]
2. Mestre em Letras pela Universidade Federal de Santa Maria. Professora do Curso de Letras da Unijuí. E-mail:
[email protected]
3. Graduando em Letras: Português e Inglês na Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. E-
mail: [email protected]
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POLÍTICAS LINGUÍSTICAS DE INTERNACIONALIZAÇÃO NA UFPR:
MOVIMENTOS EM EDUCAÇÃO LINGUÍSTICA
Resumo
A presente comunicação tem por objetivo apresentar e analisar as ações realizadas pela
Coordenadoria de Políticas Linguísticas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) no
decorrer de 2022. Dentre elas, destaca-se o acordo de cooperação entre o Departamento
de Línguas Estrangeiras da UFPR (Curitiba – PR) e a Faculdade de Educação, Artes e
Humanidades da Universidade Nacional Timor Lorosa’e – UNTL (Dili – Timor Leste)
firmado durante a pandemia Covid-19. Sob um viés decolonial (WALSH; MIGNOLO,
2018; MENEZES DE SOUZA; DUBOC, 2021), o acordo propõe um diálogo de sul para
sul, ou seja, entre países situados no sul global que compartilham o histórico colonizador
europeu. Como ponto de partida para a construção desse diálogo, houve o convite para
uma visita in loco de uma professora brasileira à universidade timorense em 2022 para
que as atividades previstas no acordo ocorressem. Durante três semanas foram realizadas
ações como: palestras voltadas para a educação linguística (CAVALCANTI, 2006;
MONTE MÓR, 2018), exemplificadas nos projetos de extensão da UFPR, bem como
cursos de extensão com foco na formação discente e na formação docente continuada.
Como resultados da experiência etnográfica plurilíngue, destacam-se: a) a necessidade da
vivência em outros espaços geográficos (ou não) que possibilitem parcerias acadêmicas
mais significativas; b) o entendimento de movimentos de resistência em outras
universidades; e c) o compartilhamento de ações de internacionalização de forma mais
horizontalizadas. Considerando que o referido acordo encontra-se em andamento, pode-
se afirmar que o diálogo entre as duas universidades representa uma ruptura com
convênios tradicionalmente situados no norte global e espera-se que as futuras ações na
área da mobilidade acadêmica tragam benefícios mútuos para ambas instituições.
_________________
1. Doutora em Linguística Aplicada (UNICAMP) e docente de Língua Inglesa no Departamento de Línguas
Estrangeiras Modernas (DELEM) da Universidade Federal do Paraná. E-mail: [email protected]
2. Doutora em Linguística Aplicada (UNICAMP), docente de Língua Inglesa no Setor de Educação Profissional e
Tecnológica (SEPT) e no Programa de Pós-Graduação em Letras (Estudos Linguísticos) na Universidade Federal do
Paraná. E-mail: [email protected]
19
A BNCC E O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA
Resumo
Este trabalho discute a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) no que concerne às
competências para o ensino da Língua Inglesa. Pretende-se dar ênfase aos princípios
norteadores defendidos pelo documento e a relação desses com a prática de sala de aula.
Na prática a língua é legitimada como forma de oportunizar o acesso ao mundo
globalizado oferecendo ao aluno conhecimento necessário para exercer a cidadania. Para
o trabalho escolhemos três dos princípios teóricos retirados do documento da BNCC:
Visão de língua em seu contexto de uso; Função social e política do inglês e Visão
intercultural da linguagem. Entende-se que os eixos da leitura, da escrita e da dimensão
intercultural estão intrinsicamente interligados. A busca por um currículo envolvendo
todos os implicados é necessária, a orientação sobre gestão, o planejamento pedagógico e,
o trabalho em sala de aula deve ser continuadamente atualizado, integrado às diferentes
vozes dos diversos espaços de aprendizagem. É preciso repensar o papel do professor e o
ensino em seus contextos sociais, culturais e políticos. Vale ressaltar a necessidade de
discutir o conceito de colonialidade no ensino de Inglês – de uma concepção da
diferenciação colonial e epistêmica, para a construção do saber que não aja de forma a
manter a hegemonia eurocêntrica como perspectiva superior do conhecimento. Assim,
discute-se aqui a importância de um currículo pautado em uma educação linguística
crítica, oportunizando o exercício da cidadania por meio da leitura de textos do contexto
real de uso da língua, propiciando o engajamento e permitindo a crítica.
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1. Doutorado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
(PUC-SP). Docente na Fatec Votorantim e Sorocaba nas disciplinas de Inglês e de Comunicação e Expressão. Docente
na Universidade Paulista (UNIP) – Campus Sorocaba no curso de Letras Português e Inglês – bacharelado e
licenciatura nas disciplinas de Análise de Discurso Crítica, Semiótica, Semântica e Pragmática e Língua Inglesa. E-
mail: [email protected]
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DECOLONIALIDADE EM FOCO NO CURRÍCULO DE LÍNGUAS
ADICIONAIS (ESPANHOL/INGLÊS) DA ESPSJV-FIOCRUZ
Resumo
Este trabalho visa apresentar o processo de construção de um projeto político pedagógico
comprometido com a luta contracolonial e antirrascista no Curso Técnico de Nível Médio
em Saúde da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio – Fundação Oswaldo Cruz.
Entende-se, portanto, que o processo formativo realizado no âmbito institucional é
convocado a pautar demandas e perspectivas que apontem para a descolonização do saber
e de suas representações (GOMES, 2012; SANTOS, 2015; REIS, 2021). Destaca-se,
particularmente, os desafios e possibilidades colocados para a descolonização do
currículo de Línguas Adicionais (Espanhol/Inglês) com vistas a configurar a aula de
línguas adicionais como espaço formal de explicitação da dominação, da exploração e da
colonização que deram origem a um processo de hierarquização de conhecimentos e
saberes. Assim sendo, este trabalho está comprometido com o reposicionamento do lugar
das LAs como práticas de letramento implicadas não só com a aquisição de determinados
códigos, mas também dos usos sociais que são feitos a partir deles. O combate ao
epistemicídio e ao etnocentrismo no processo de ensino-aprendizagem de LAs promove
implicações para as nossas práticas docentes, tais como: a adoção de uma lente de leitura
racializada; o exercício de leitura e escrita propositivo de uma (re)visão do mundo; a
promoção do Letramento Racial Crítico, entre outras (FERREIRA, 2004; 2006; 2018;
FIGUEIREDO, 2022). Nessa perspectiva, será apresentado um projeto desenvolvido de
forma integrada com turmas de 2º, 3º e 4º anos do Ensino Médio, elaborado a partir de
diferentes gêneros textuais com o propósito de desconstruir estigmas e estereótipos acerca
da nossa latinidade, bem como valorizar falas e visões do sul global (PENNYCOOK;
MAKONI, 2020). Defendemos que as proposições contracoloniais que emergem do chão
da escola devem mirar horizontes mais amplos, a fim de contribuir efetivamente para a
justiça social, racial e cognitiva (MIGNOLO, 2003; REIS, 2021).
_________________
1. Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Letras Neolatinas da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ); professora de Espanhol da Educação Básica (EPSJV-FIOCRUZ e FAETEC-RJ). E-mail:
[email protected]
2. Doutoranda no Programa Interdisciplinar Pós-Graduação em Linguística Aplicada da Universidade Federal do Rio
de Janeiro, professora de educação básica pela SME-RJ e pela EPSJV-FIOCRUZ. E-mail: [email protected]
3. Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, professora de
inglês da Educação Básica (EPSJV-FIOCRUZ e SME Caxias-RJ). E-mail: [email protected]
21
FORMAÇÃO DE LEITORES E ESCOLARIZAÇÃO DA LITERATURA COMO
PRÁTICA HUMANIZADORA E TRANSFORMADORA
Resumo
A leitura é um bem cultural e, espera-se, acessível a todos os estudantes. Entretanto, são
notáveis os desafios de formar leitores, quando se leva em conta a real situação
vivenciada em sala de aula, bem como os entraves que mostram a realidade educacional
brasileira. Nesse sentido, o presente estudo almeja apresentar o letramento racial crítico
literário como caminho possível na formação do leitor. Entendemos o quanto pode ser
frutífero o contexto que, pelas muitas inquietações que habitam o espaço da leitura
relacionando-o a movimentos amplos e incisivos, podem se transformar em ações de
efeito contra o racismo, e mais ainda, como estas podem alterar positivamente, o ciclo do
desenvolvimento social. A premissa de que todos os seres humanos têm direitos e podem
acessar aos bens culturais e usufruir de melhores condições de vida torna-se condição
mínima para o desenvolvimento do potencial humano. Assim, considerar a urgência pela
promoção e a construção das práticas sociais de linguagem e uma pedagogia que busque,
por meio do reconhecimento da diversidade brasileira, a valorização das etnias, raças e
culturas, são ferramentas fortalecedoras para o despertar da consciência crítica, ética e
plural, pois, desconstrói a objetificação do tema em suas mais variadas vertentes. Neste
sentido, entendemos a formação leitora e o exercício dos letramentos em contextos de
sala de aula como ação potente das práticas sociais, tanto na esfera institucionalizada
quanto naquelas adquiridas nos mais variados domínios dos campos da linguagem.
_________________
1. Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Estadual Paulista – UNESP – IBILCE.
Mestra em Letras pela Universidade Estadual do Mato Grosso. E-mail: [email protected]
2. Doutorado em Linguística pela Universidade de Brasília (2019). Pós-Doutorado em Linguística pela Universidade de
Brasília (2022). E-mail: [email protected]
22
AVALIANDO O USO DO ChatGPT COMO TUTOR VIRTUAL NA
APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA
Resumo
Com o avanço da tecnologia no setor educacional estudos têm sido realizados para
investigar as possibilidades de uso de ferramentas tecnológicas para aprimorar a
aprendizagem de línguas estrangeiras. Neste contexto, tecnologias baseadas em
inteligência artificial têm sido cada vez mais exploradas como alternativas promissoras.
Diante disso, esta pesquisa em andamento objetiva avaliar o potencial do ChatGPT como
tutor na aprendizagem de Língua Inglesa. Para tanto, inicialmente foi realizada uma
pesquisa exploratória para coletar informações sobre inteligência artificial (GINSBERG,
1993; RUSSELL; NORVIG, 2013), a ferramenta ChatGPT e sua aplicabilidade em
situações educacionais (SKRABUT, 2023; UNESCO, 2023) e no ensino e aprendizagem
de Língua Inglesa (FRYER; CARPENTER, 2020). Em um segundo momento a pesquisa
contará com a participação de cinco estudantes, de uma mesma turma na disciplina de
Língua Inglesa em um Curso de Letras, que utilizarão a ferramenta como tutor por um
período de dez semanas, correspondendo a um bimestre letivo. O objetivo é verificar a
aceitação por parte dos estudantes em relação ao uso do ChaGPT como tutor virtual, bem
como identificar aspectos positivos e negativos dessa ferramenta no processo de
aprendizagem de Língua Inglesa. Dessa forma, espera-se contribuir para o debate sobre o
uso de tecnologias baseadas em inteligência artificial na educação, fornecer subsídios
para o aprimoramento do ensino de Língua Inglesa e evidenciar a viabilidade da
ferramenta para o ensino de língua estrangeira como complemento às aulas presenciais.
_________________
1. Docente do Curso de Letras Português/Inglês da Universidade Estadual do Paraná, campus de Paranavaí. E-mail:
[email protected]
23
MEMES EM AÇÃO: SEQUÊNCIA DIDÁTICA MULTIMODAL PARA
ESTIMULAR A LEITURA E A ESCRITA
Resumo
O trabalho proposto faz referência à importância da aplicação de uma Sequência Didática
(SD) com memes, um gênero amplamente utilizado na atualidade, como um conjunto de
atividades no campo das Linguagens. Neste sentido, foi realizado um estudo com o
objetivo de contribuir para o desenvolvimento da competência leitora e da produção
textual de alunos do 1º ano do Ensino Médio em uma escola pública do interior do RS.
Para alcançar esse objetivo, a SD adotou uma abordagem crítica e reflexiva, englobando
o uso de recursos tecnológicos e multimodais. A SD foi elaborada a partir de três
Momentos Pedagógicos, que combinam uma variedade de atividades e recursos digitais,
com o objetivo de estimular a prática da leitura e promover a diversidade de produções
dos estudantes do Ensino Médio. Foi utilizada por professores da escola com o objetivo
de obter evidências dos benefícios dessa abordagem pedagógica. Neste contexto, pode-se
observar um aumento significativo da participação dos alunos nas atividades. Esse
incremento pode ser atribuído ao fato de que o gênero dos memes é familiar para os
estudantes, o que contribuiu para um maior engajamento e interesse em relação ao
conteúdo abordado. Além disso, o fato de utilizar variadas ferramentas digitais, de fácil
acesso e compartilhamento, favoreceu o engajamento dos jovens e seu protagonismo,
tornando a leitura e suas produções mais significativas, conforme relatado a partir das
respostas de um questionário respondido pelos próprios estudantes e pelos professores
participantes do estudo. Dessa forma, a SD, se constitui em um recurso adaptável para
outros níveis de ensino, contribui para o processo de desenvolvimento do letramento
digital, numa perspectiva multimodal, incentivando assim a autonomia do jovem e
impulsionando-o à pesquisa, à leitura e a produções de forma colaborativa e dinâmica.
_________________
1. Docente, graduada em Letras Português-Espanhol URI Campus Santiago e Mestranda do Programa de Pós-
Graduação em Ensino Científico e Tecnológico da URI Campus Santo Ângelo, RS. E-mail:
[email protected]
2. Docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Ensino Científico e Tecnológico da URI Campus Santo
Ângelo, RS. E-mail: [email protected]
3. Docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Ensino Científico e Tecnológico da URI Campus Santo
Ângelo, RS. E-mail: [email protected]
24
EDUCAÇÃO DE QUALIDADE? O EAD NO ENSINO SUPERIOR
Resumo
O advento das tecnologias (digitais) de informação e comunicação (T(D)ICs) possibilitou
expansão de novas formas de comunicação, mediadas por muitas linguagens, em
diferentes suportes midiáticos. Com isso, houve mobilização das universidades públicas e
privadas para oferecer cursos de graduação nas mais diferentes áreas, usando esses novos
recursos e ampliando, assim, o número de vagas; apontavam aspectos favoráveis para dar
acesso ao nível superior de ensino a muitos alunos que eram absolutamente excluídos
desse nível educacional. No entanto, um mercado pouco preocupado com qualidade e
formação crítica de alunos, muitas vezes precariza o trabalho docente e a formação dos
estudantes, chancelando uma forma contraditória de inclusão social para os que não têm
acesso à educação de qualidade. Nesse cenário, a democratização do ensino pode dar
espaço para a manipulação puramente mercantilista que esvazia o sentido da educação. O
discurso de democratização do ensino superior vela, em inúmeros casos, um processo de
certificação em massa e não de formação qualificada de novos profissionais. O objetivo
da apresentação é discutir as características de cursos a distância no ensino superior, a
partir das experiências das autoras na área de Letras em diferentes instituições. É
importante a reflexão e discussão sobre tais questões para que sejam identificados
procedimentos típicos de ações de colonialidade (MENEZES DE SOUZA, 2012; 2007;
WALSH; MIGNOLO, 2018; BHABHA, 1994; QUIJANO, 2009), que não buscam a
formação de indivíduos críticos e autônomos, mas, sim, consumidores passivos e
alienados, manipulados por um sistema que faz com que as pessoas tenham uma falsa
sensação de inclusão. De base qualitativa, a pesquisa, em andamento, traz dados de
disciplinas que têm sido oferecidos a distância e os resultados indicam que parâmetros de
qualidade podem ser contemplados, desde que as instituições permitam. O acesso ao
ensino superior deve ser um direito social, não necessariamente mercantilizado e
massificado.
_________________
1. Docente da Universidade Paulista e FATEC de Santana de Parnaíba. E-mail: [email protected]
2. Docente do Departamento de Ciências da Linguagem e Filosofia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
E-mail: [email protected]
25
REPENSANDO A FORMAÇÃO DE PROFESSORES: TPACK E
PENSAMENTO COMPUTACIONAL COMO ELEMENTOS
CONSTITUINTES DA FORMAÇÃO INICIAL
Resumo
Muito mais do que “ferramentas a serem dominadas”, é crucial que as tecnologias de
informação e comunicação sejam consideradas como instrumentos culturais e meios
mediacionais integrantes de práticas sociais e do processo pedagógico, especialmente em
cursos de licenciatura. Além da concepção instrumental e de ferramentas “a serviço” do
professor, é crucial que o olhar decolonial envolvendo o universo cibercultural e
multimidático seja desenvolvido junto a professores em formação para que tenham
elementos que viabilizem uma articulação teórica e metodológica sobre o papel desses
elementos no processo pedagógico e na formação de professores, como investigado no
Grupo de Pesquisa Mongaba: educação, linguagens e tecnologia. Relatamos resultados de
pesquisas realizadas e de outras em andamento envolvendo a sistematização de elementos
teóricos e epistemológicos ligados ao campo das tecnologias educacionais no sentido de
elucidar de que forma pensamento computacional e o framework TPACK parecem
configurar uma revolução e mudança paradigmática na formação de professores,
considerando a interação dos sujeitos com o contexto cibercultural vigente. Para tanto, a
pesquisa envolveu análise de artigos produzidos no Brasil nos últimos cinco anos e
publicados no portal de periódicos da Capes e no software de compartilhamento de
artigos Mendeley. Resultados apontam a necessidade de inserir, ainda na formação
docente, questões relacionadas não apenas “sobre” o uso das tecnologias sob uma
perspectiva instrumental e massificada, mas sim de modo integrado, com profunda base
conceitual e epistemológica envolvendo pensamento computacional e o conhecimento de
professor em perspectiva crítica, transcendendo a lógica mecanicista de preparação para o
mercado de trabalho.
_________________
1. Docente do Programa de Pós-Graduação em Educação nas Ciências e do Curso de Letras da Universidade Regional
do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. E-mail: [email protected]
2. Docente do Programa de Pós-Graduação em Ensino Científico Tecnológico e do Curso de Ciência da Computação
da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões. E-mail: [email protected]
3. Docente do Programa de Pós-Graduação em Educação nas Ciências da Universidade Regional do Noroeste do
Estado do Rio Grande do Sul. E-mail: [email protected]
26
“ESCOLAS INTELIGENTES”: EXPLORANDO POSSIBILIDADES DE
INOVAÇÃO NO PROCESSO PEDAGÓGICO EM CONTEXTO HÍBRIDO
Resumo
O contexto (pós)pandêmico contribuiu para que as tecnologias passassem de
coadjuvantes a protagonistas no processo educacional nacional e os papeis dos sujeitos
envolvidos tomassem ainda mais protagonismo. Com o objetivo de estreitar o diálogo
entre universidade e escola, desenvolvemos um projeto de formação continuada junto a
docentes de educação básica na região noroeste do Estado do Rio Grande do Sul que
buscasse desconstruir mitos acerca do papel unicamente instrumental e da visão colonial
e massificada das TIC para fins educacionais. Considerando o hibridismo como
concepção pedagógica e não apenas modalidade de ensino, o projeto, que configurou
ainda uma pesquisa-ação participativa, buscou desenvolver movimentos disruptivos junto
às escolas envolvidas por meio do desenvolvimento de objetos de aprendizagem por parte
dos participantes. Resultados sugerem desconstrução e ressignificação acerca do papel
das TIC como instrumentos culturais, ferramentas cognitivas e meios mediacionais que
constituem práticas sociais e pedagógicas, e do professor como agente transformador,
independentemente da modalidade de ensino, a partir do entrelaçamento de seu
conhecimento de conteúdo, tecnológico e pedagógico (TPACK). Há ainda variações de
entendimento em meio a diferentes áreas do conhecimento quanto à integração
tecnológica e consciência de sua prática, com impacto em pesquisas, propostas
curriculares e políticas públicas no âmbito da formação inicial e continuada de
professores.
_________________
1. Docente do Programa de Pós-Graduação em Educação nas Ciências e do Curso de Letras da Universidade Regional
do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. E-mail: [email protected]
2. Bolsista de Iniciação Científica e Acadêmico do Curso de Psicologia da Universidade Regional do Noroeste do
Estado do Rio Grande do Sul. E-mail: [email protected]
27
PERSPECTIVAS DE ESFUERZOS COLABORATIVOS HACIA LA
DOCUMENTACIÓN Y REVITALIZACIÓN DE LAS LENGUAS
GUARANÍ (TUPÍ-GUARANÍ), AYOREO (ZAMUCO) Y
MAKA (MATAGUAYA) DEL PARAGUAY
Resumen
Las iniciativas de investigación y documentación de lenguas indígenas en el Paraguay ha
sido desde la perspectiva de nativos no hablantes principalmente, y/o de extranjeros
residiendo en el territorio o investigadores foráneos y/o misioneros que han trabajado su
campo en comunidades. Los recursos son muy limitados y la capacitación aun mas en
cuanto a este ámbito que a la par inhibe las iniciativas propias desde comunidades
indígenas. El enfoque de las instituciones de educación superior no ha sido el
fortalecimiento de las lenguas indigenas ni la preparación a los hablantes nativos para el
reto. Desde el área educativo indígena oficial se carece de todo lo anteriormente
mencionado y aun existe una deuda grave en cuanto a la presencia de las culturas y
lenguas indígenas en los materiales didácticos, y a la par, cabe mencionar, que el sistema
burocrático instalado desgasta mas en los requisitos administrativos y aun se encuentra en
pobre alcance a la mayoría de las comunidades del país. Ante esta realidad
sociolingüística, se han emprendido esfuerzos colaborativos con el afán de encaminar una
construcción de conocimientos sobre la lengua con los hablantes que potencie hacia
materiales útiles tanto para la descripción así como la revitalización de lenguas en
peligro, como lo son los casos de ejemplos a ser expuestos en este trabajo. El punto de
esta ponencia es exponer los avances y los retrocesos de esta experiencia hasta este punto
y compartir las perspectivas desde los hablantes involucrados con este método con un
enfoque desconstructivo en relación a las posiciones históricas de poder, decolonial y
participativo.
_________________
1. Docente indígena Maká en Ita Paso, Itapúa, Paraguay. E-mail: [email protected]
2. Estudioso de la lengua ayorea y con experiencia en la docencia indígena em diferentes escuelas del Alto Paraguay,
Boquerón, Paraguay
3. Docente investigadora de lenguas indígenas de la Universidad Nacional de Itapúa (UNI)
28
A NEGAÇÃO EM KAINGANG: PERSPECTIVAS ESTRUTURAIS E TEÓRICAS
Resumo
O presente artigo tem como tema a negação da língua Kaingang, falada na Terra Indígena
Apucaraninha, no estado do Paraná. Funda-se a partir de um levantamento bibliográfico
teóricos do Funcionalismo, Givón e Payne, com base em seus estudos sobre a negação,
em que abordam diferentes exemplos de partículas negativas, negações existentes em
diversas orações. O trabalho visa estudar a negação e todas as partículas negativas da
língua Kaingang que ainda não foram pesquisadas, já que não existem trabalhos que
tratam deste tema em específico e cooperar, com isso, com as pesquisas sobre línguas
indígenas no Brasil, com o objetivo de, a partir desses estudos, contribuir para a
elaboração de uma Gramática Pedagógica da língua Kaingang, que está sendo
desenvolvida no projeto “Gramática, Bilinguismo e Multietnia” da Universidade Estadual
de Londrina, com a intenção de auxiliar o professor indígena em suas aulas e também
contribuir para a formação dos alunos indígenas que não possuem um material adequado
para seus estudos em sala de aula. Após o levantamento bibliográfico, realizamos uma
pesquisa de campo in loco, na Terra Indígena Apucaraninha, onde a coleta de dados foi
produzida por meio de algumas situações reais do cotidiano dos moradores falantes da
língua Kaingang, com os registros de diferentes diálogos, também foram colhidos
exemplos de negação da obra Brilhos na Floresta, de Noêmia Ishiwaka, em que retrata
uma história baseada em fatos reais, que se passa na floresta Amazônica. Podemos
observar, por meio dos dados que foram recolhidos, que a língua Kaingang apresenta
vários tipos de negações: negação em verbos de sentido negativo, negação com vó,
negação com tũ, tũm, tũg, nejé e etc. Sabemos que essa gramática é muito relevante, pois
a língua Kaingang não apresenta materiais suficientes para os estudos e a intenção é
pesquisar as negações existentes para colaborar com a língua.
_________________
1. Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Londrina. E-
mail: [email protected]
29
PRÁTICAS DE LETRAMENTOS EM UMA AULA DE LÍNGUA INGLESA
NO COLÉGIO DE APLICAÇÃO – UFRR: CONSTRUINDO
CONHECIMENTOS NO INGLÊS
Resumo
Este trabalho apresenta como foi desenvolvida uma atividade tomando como base as
teorias sobre Letramentos (ROJO, 2009; KALANTZIS; COPE; PINHEIRO, 2015; 2020;
OLIVEIRA, 2022) com alunos do primeiro ano do ensino médio no Colégio de
Aplicação da Universidade Federal de Roraima – Cap/UFRR, no segundo semestre de
2022. A atividade foi realizada com 48 alunos, porém, apresento as imagens de apenas
uma atividade para exemplificar. O resumo é resultado dos estudos realizados no Grupo
de Estudos Avançados da Linguagem – GECAL/UnB e da disciplina Letramento como
prática social ofertada pelo Programa de Pós-graduação em Linguística da UnB.
Primeiramente, ele traz reflexões de como os professores podem desenvolver atividades
na disciplina de Língua Inglesa, ou qualquer outra língua estrangeira, com alunos de
escola pública, que, muitas vezes, possuem recursos reduzidos, sem deixar de lado as
competências presentes na Base Nacional Comum Curricular – BNCC (BRASIL, 2017),
estimulando também a criatividade dos alunos para a elaboração de textos, assim como
escolhendo o suporte de como o texto emerge, para isso, utilizando materiais recicláveis.
Por fim, verificar como podemos trazer as teorias aprendidas na Pós-graduação para o
contexto escolar é imperativo, assim, espera-se que a atividade apresentada neste trabalho
provoque reflexões acerca do ensino nas escolas e na formação de professores.
_________________
1. Graduado em Letras Português/Inglês pela Universidade Federal de Roraima – UFRR; Especialista em ensino de
Língua Inglesa pela Universidade Estadual do Ceará – UECE; Mestre em Letras pela UFRR; Doutorando em
Linguística – UnB; e membro do Grupo de Estudos Críticos e Avançados em Linguagem da Universidade de Brasília –
GECAL/UnB
2. Licenciado em Língua Inglesa pela Universidade Federal de Ouro Preto; Mestre em Linguística Aplicada pela
Universidade de Campinas; Doutor em Estudos Linguísticos pela Universidade Estadual Paulista. Realizou pós-
doutoramento no Instituto de Estudos da Linguagem na UNICAMP, no Instituto de Linguística Aplicada e Estudos da
Linguagem na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; em Linguística na Universidade Federal de Santa
Catarina e em Linguística Aplicada na Pennsylvania State University. Coordenador do GECAL/UnB
30
VIDAS NEGRAS REALMENTE IMPORTAM NO
BRASIL? OUVINDO SUAS VOZES
Débora Scuira1
Resumo
O distanciamento social durante a pandemia da Covid-19, agravou ainda mais a situação
das pessoas que vivem nas comunidades em vulnerabilidade social. Tais reflexões nos faz
questionar: “Vidas negras realmente importam no Brasil?” e se importam, o que a
Universidade tem feito para acolher essas mulheres? Sendo assim, percebe-se a
necessidade de ouvir suas vozes. Desse modo, o presente projeto tem como objetivo geral
analisar criticamente as narrativas das mulheres negras que são estudantes do Ensino
Médio da escola Oziel Lopes, situada na cidade de Campinas – SP/Brasil. Pretende-se
destacar os desafios na aprendizagem da Língua Inglesa e seus contextos. Para isso,
nossas reflexões se baseiam na Linguística Aplicada Crítica Engajada, ressaltando a
perspectiva das Praxiologias da LAC e não somente teorias linguísticas, conforme de
Silva, Makoni e Antia (2021), na postura crítica diante dos fatos e discursos presentes na
sociedade assegurado por Rajagopalan (2003), na defesa em trabalhar pelos menos
favorecidos, e ter uma pré-disposição de ouvir essas vozes conforme Silva e Jordão
(2021). A presente pesquisa é uma investigação qualitativa de cunho etnográfico pois
trata-se dos discursos das mulheres negras em uma comunidade pobre e violenta, sendo
desumano quantificar os dados e resultados, mas compassivo interpretá-los, para assim
encaminhá-los para futuras avaliações sobre os investimentos em políticas públicas para
famílias negras no Brasil.
_________________
1. Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada da Universidade do Sudoeste da Bahia. E-mail:
[email protected]
31
A INFRAESTRUTURA DISCURSIVA DE PRODUÇÕES
ESCRITAS EM SITUAÇÃO DE VESTIBULAR
Resumo
Este trabalho, situado no Interacionismo Sociodiscursivo (ISD), tematiza a produção de
textos dissertativo-argumentativos num processo seletivo vestibular de uma universidade
pública federal localizada no Centro-Oeste brasileiro. Como objetivo, vamos analisar
produções escritas para cursos de alta concorrência no que se refere ao nível
organizacional do gênero, isto é, em relação aos tipos de discurso, e compará-los aos
tipos discursivos produzidos por estudantes em produções escritas elaboradas para cursos
de baixa concorrência no Processo Seletivo Vestibular da referida instituição. Por tipos
discursivos, comprem-se quatro formas discursivas, quais sejam: discurso teórico;
discurso interativo; relato interativo; e o discurso narrativo. O gênero dissertativo-
argumentativo, muito solicitado em exames de larga escala como o ENEM, tem por
objetivo analisar e interpretar dados reais por meio de conceitos abstratos. Podemos dizer,
dessa forma, que seu objetivo é fazer o destinatário crer e mudar de opinião a respeito de
uma determinada temática, de natureza atual e polêmica. A respeito dos aspectos
metodológicos, a pesquisa é qualitativa e de caráter documental. Enquadra-se no
paradigma qualitativo uma vez que só é possível observar o mundo que nos cerca via
práticas sociais e pela compreensão de seus sujeitos. O caráter documental da pesquisa se
justifica pelo fato de as produções escritas (fonte primária) estarem situadas numa
situação específica de produção, a do vestibular, e que não passaram ainda por processos
analíticos de pesquisa. A hipótese de partida é a de que, em textos produzidos para cursos
de alta concorrência, predominam os discursos teórico e interativo, e, em textos
produzidos para cursos de baixa concorrência, haveria uma descaracterização do gênero
escolar dissertativo-argumentativo como pertencente ao agrupamento do argumentar.
_________________
1. Doutor em Linguística e Língua Portuguesa. E-mail: [email protected]
2. Doutor em Linguística e Língua Portuguesa. E-mail: [email protected]
32
A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO A PARTIR DE UMA
SEQUÊNCIA DIDÁTICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA EM CLASSE DE
ALFABETIZAÇÃO NO CONTEXTO DO ENSINO REMOTO
Resumo
Esta pesquisa teve como objetivo apresentar propostas educativas a partir de uma
Sequência Didática (SD) para ensino de Língua Portuguesa (DOLZ; SCHNEULLY,
2004) organizada considerando o gênero textual: cantigas infantis. A SD foi desenvolvida
a partir de recursos e linguagens multimodais (ROJO, 2008; KALANTZIS; COPE;
PINHEIRO, 2020; RIBEIRO, 2021) próprios das TDIC, utilizando as diferentes
linguagens e possibilidades do uso da tecnologia nos contextos de ensino remoto, com
vistas ao avanço dos educandos quanto à apropriação do sistema de escrita alfabética
(SOARES, 2021; MORAIS, 2019), considerando os quatro eixos relativos à linguagem –
leitura, produção textual, oralidade e análise linguística. A pesquisa foi desenvolvida em
uma turma de 1º ano do Ensino Fundamental, em uma escola pública localizada na
Região Administrativa Cruzeiro Velho – Distrito Federal, Brasil, em uma escola da
Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEEDF), tendo como enfoque
conceitual e metodológico a pesquisa de natureza qualitativa a partir da pesquisa
participante (GIL, 2017), partindo da perspectiva do professor pesquisador (BORTONI-
RICARDO, 2008). Os resultados da pesquisa indicam que as propostas educativas
realizadas durante o ensino remoto, descritas neste estudo e demais propostas realizadas,
foram pautadas nos multiletramentos a partir de espaços e recursos de comunicação
multimodal, por meio das quais foi possível observar que os educandos demonstraram
avanço quanto à apropriação do sistema de escrita alfabética.
_________________
1. Mestranda em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação – Mestrado Profissional da Universidade de
Brasília (UnB). Docente na Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEEDF) como professora do Ensino
Fundamental, anos iniciais. Pesquisadora do Grupo de Estudos Críticos e Avançados em Linguagens (GECAL/UnB),
certificado e aprovado pelo CNPq. E-mail: [email protected]
33
SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA CRIANÇAS MIGRANTES NA EDUCAÇÃO
BÁSICA: UMA VISÃO DE ACOLHIMENTO INCLUSIVO
Resumo
O trabalho exposto tem como objetivo apresentar uma proposta de elaboração de
sequências didáticas para crianças migrantes e refugiadas regularmente matriculadas na
educação básica, com foco no Ensino Fundamental I, com uma visão de ensino
acolhedora e inclusiva, retomando uma perspectiva de educação ao entorno e do
acolhimento em línguas. Essas sequências foram elaboradas no âmbito do projeto “PLAc-
inho”, cujo objetivo é pensar ações de ensino de português como língua de acolhimento
em contexto escolar. As sequências foram confeccionadas por estudantes e estagiários do
curso de Letras, após intenso debate sobre temas como migração, linguagem, ensino,
sequência didática e BNCC. O objetivo do projeto é refletir sobre a inclusão de crianças
migrantes em salas de aulas regulares para a concomitante aprendizagem através e por
uma língua que acolhe e inclui. As sequências foram pensadas especificamente para
crianças falantes de espanhol, em diferentes áreas do conhecimento, tendo como diretriz
as habilidades preconizadas na BNCC; e traz como perspectiva teórica o acolhimento em
línguas, que inclui todos os estudantes. O material produzido foi projetado para orientar
docentes que tem classes multiculturais e utiliza-se de estratégias como a da
intercompreensão para um ensino que acolha e de fato integre essas crianças.
_________________
1. Docente da área de Letras e Linguística e do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Estudos Latino-
Americanos da Universidade Federal da Integração Latino-Americana. E-mail: [email protected]
2. Estudante de Letras Espanhol e Português como Línguas Estrangeiras na Universidade Federal da Integração Latino-
Americana. E-mail: [email protected]
34
A CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NOS PRIMEIROS ANOS DO ENSINO
FUNDAMENTAL COMO EXPERIÊNCIA PEDAGÓGICA
Resumo
Este artigo teve como objetivo compreender a contação de histórias nos primeiros anos
do ensino fundamental como uma experiência pedagógica. No que diz respeito à
metodologia, o trabalho foi desenvolvido a partir da pesquisa bibliográfica e a pesquisa-
ação. O artigo está estruturado em cinco partes, sendo elas: (i) a introdução, (ii) a revisão
bibliográfica a respeito do tema, (iii) o relatório do projeto: Amor pelos contos, fábulas e
livros infantis, realizado em uma escola pública do Distrito Federal, (iv) as observações e
resultados do projeto, onde encontram-se os resultados da pesquisa, descritos de modo a
dialogar com a revisão bibliográfica e (v) as considerações finais. Este estudo evidenciou
que a contação de histórias, em sala de aula, traz possibilidades significativas, pois é
capaz de promover estímulos que auxiliam as crianças a compreenderem seus
sentimentos, desperta o interesse nos livros e gera momentos de identificação
sociocultural.
_________________
1. E-mail: [email protected]
35
UMA SEREIA NEGRA? LETRAMENTO RACIAL
CRÍTICO NAS REDES SOCIAIS
Resumo
A popularização de debates e questões raciais em redes sociais possibilita novas reflexões
sobre o letramento racial crítico. Exemplo disso são as mobilizações de internautas sobre
a escalação da atriz e cantora afro-americana Halle Bailey para interpretar a personagem
Ariel, protagonista do filme A Pequena Sereia (The Little Mermaid). Com o objetivo de
averiguar possíveis indícios de letramentos raciais críticos subjacentes às práticas de
linguagem de usuários do Twitter, desenvolvemos esta pesquisa de abordagem
qualitativa. O estudo está teoricamente fundamentado por trabalhos interligados ao
campo da Linguística Aplicada Indisciplinar que abrangem conceitos como letramento(s),
letramento racial crítico, racismo estrutural e cibercultura. Em termos metodológicos, é
um trabalho analítico de tweets (favoráveis ou contrários) à escalação de Bailey para o
papel de Ariel. O primeiro procedimento metodológico adotado foi a busca/seleção de
dados, que considerou como primeiro critério de inclusão a data de publicação do trailer
do filme: 9 de setembro de 2022. O segundo procedimento adotado foi a pesquisa no
Twitter por publicações com as palavras-chave “pequena sereia”, “trailer filme pequena
sereia” e “Live action pequena sereia”. Resultados da pesquisa indicam que parte dos
internautas desfavoráveis à escolha da atriz mobilizam-se com base no que acreditam ser
a versão mais “fiel” da personagem (versão da Disney), sem que isso esteja totalmente
dissociado de postagens conservadoras e potencialmente racistas/machistas. Em
contrapartida, tais publicações tendem a ser rebatidas com (1) uso de memes e ironias; (2)
o (ciber)ativismo direto (principalmente de influenciadores negros) e a “racialização do
debate”; e (3) publicações sobre empoderamento e representatividade (principalmente de
crianças), que indicam práticas coletivas de letramento racial crítico.
_________________
1. Graduanda em Letras Português da Universidade Federal de Roraima. E-mail: [email protected]
2. Docente no Mestrado em Letras da Universidade Federal de Roraima. E-mail: [email protected]
36
CURADORIA DIGITAL DE PROFESSORES DE PORTUGUÊS LÍNGUA
ADICIONAL: ENTRE TECNOLOGIAS E LETRAMENTOS CRÍTICOS
Resumo
Embora o conceito de “curadoria digital” seja recente, docentes lançam mão de práticas
curatoriais há anos no que tange à produção de materiais de ensino. Haja vista o cenário
pós-pandemia de COVID-19, que amplificou na educação o uso de tecnologias digitais
para a produção de materiais didáticos, o objetivo deste trabalho é analisar as práticas de
curadoria digital efetivada por professores de Português Língua Adicional (PLA) em Boa
Vista, Roraima. Parte-se do seguinte pressuposto: práticas curatoriais na atualidade
caracterizam uma forma potente de fomentar letramentos críticos, ou seja, a partir da
busca, seleção e adaptação de materiais para o ensino de línguas na web, o docente pode
vincular materiais e atividades de ensino de línguas à perspectiva de ensino crítico. O
referencial teórico da pesquisa é composto por trabalhos recentes de Linguística Aplicada
Crítica, que abordam o ensino de PLA no viés dos letramentos críticos, a pedagogia
crítica e a curadoria digital na educação linguística contemporânea. Foi realizada uma
pesquisa qualitativa com entrevistas semiestruturadas realizadas com 5 professores de
PLA (3 formados e 2 em formação) vinculados à Universidade Federal de Roraima
(UFRR). As perguntas realizadas tinham como foco as possíveis práticas curatoriais
realizadas pelos docentes na preparação de suas aulas e de seus materiais de ensino de
línguas. Os docentes tinham menos de 30 anos no momento da entrevista. Resultados da
pesquisa indicam que: 1) professores realizam curadoria preliminar, sendo rara a
curadoria consolidada; 2) há mais indícios de letramentos digitais que de letramentos
críticos subjacentes à curadoria digital; e 3) é necessário maior fomento à curadoria para
produção de materiais na perspectiva do ensino crítico de línguas.
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1. Graduanda em Letras Português e Espanhol da Universidade Federal de Roraima. E-mail:
[email protected]
2. Docente no Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Roraima. E-mail:
[email protected]
37
INFLUENCERS SURDOS E/OU TILS NO BRASIL: UM OLHAR CRÍTICO À
LUZ DA LINGUÍSTICA APLICADA INDISCIPLINAR
Resumo
Este trabalho considera a atual cibercultura e o uso de novas formas de produção e
compartilhamento de conteúdo digital para pensar o papel do surdo e do profissional
Tradutor e Intérprete de Língua de Sinais (TILS) não só na educação contemporânea de
surdos, mas na sociedade de forma ampla. O objetivo do trabalho é apresentar uma
análise de “influencers” surdos e TILS em sites de redes sociais como YouTube e o
Instagram, considerando o potencial de engajamento que eles podem alcançar e o impacto
de seus conteúdos em crenças, opiniões e perspectivas de ouvintes quanto à Língua
Brasileira de Sinais (Libras) e a comunidade surda. Este trabalho está teoricamente
alicerçado na seara da Linguística Aplicada Indisciplinar, essencialmente crítica e
transgressiva, contemplando debates sobre (1) cibercultura e letramentos digitais na
atualidade; (2) comunidade surda; e (3) (co)produção de conteúdos digitais em rede. Em
termos metodológicos, a pesquisa é de abordagem qualitativa, realizada a partir de dois
procedimentos metodológicos principais: entrevistas semiestruturadas realizadas com
TILS (formados e/ou em formação) e análises de comentários de vídeos e canais de
surdos “influencers” no YouTube e no Instagram. Os TILS participantes voluntários do
estudo são de Boa Vista, Roraima (RR). As análises dos comentários em vídeos foram
realizadas nos meses de abril e maio de 2023. Resultados preliminares deste estudo em
andamento indicam que tradutores e intérpretes consideram utilizar plataformas online e
redes sociais para, futuramente, realizar trabalhos semelhantes aos de “influencers”, e que
alguns TILS e surdos YouTubers estão conseguindo notoriedade no ciberespaço a partir
de conteúdos digitais que são, ao mesmo tempo, didáticos para ouvintes e politicamente
engajados.
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1. Graduando em Letras Libras. E-mail: [email protected]
2. Docente no Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Roraima. E-mail:
[email protected]
38
IA GENERATIVA: IMPLICAÇÕES E APLICAÇÕES PARA A EDUCAÇÃO
Resumo
O lançamento do ChatGPT em novembro de 2022 causou pânico em alguns educadores,
ao mesmo tempo em que despertou entusiasmo qualificado em outros. Sob o termo
abrangente “IA Generativa”, o ChatGPT é um exemplo de uma variedade de tecnologias
para a entrega de texto, imagem e outros meios digitalizados gerados por computador.
Este trabalho examina as implicações para a educação de uma tecnologia de IA
generativa específica, os chatbots que respondem a partir de grandes modelos de
linguagem (C-LLM). Ele relata a aplicação de um C-LLM para revisão e avaliação de
trabalhos complexos de estudantes. Esta pesquisa foi realizada entre janeiro e maio de
2023, por um grupo de 12 pesquisadores, vinculados ao Laboratório de Aprendizagem
Ciber-social dirigido pelos professores Dr. Bill Cope e Dra. Mary Kalantzis na
Universidade de Illinois. Minha apresentação terá como enfoque meu envolvimento com
a pesquisa, enquanto revisor da etapa pré-publicação dos trabalhos dos estudantes,
momento em que coletei as reflexões em que comparavam as revisões de IA com as
revisões humanas. Como discussão, o trabalho explora os limites e as possibilidades da
IA generativa na educação.
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1. E-mail: [email protected]
39
DESCOLONIZAR O DIGITAL: UMA ANÁLISE DE MOVIMENTOS
POSSÍVEIS NA EDUCAÇÃO SUPERIOR
Resumo
Esta pesquisa de doutorado, em andamento, visa a investigar as dinâmicas de cursos de
graduação e pós-graduação que aconteceram na modalidade online no período da
pandemia de Covid-19 em 2020/2021, bem como a estrutura dos ambientes virtuais e a
metodologia empregada. Os meios digitais podem oferecer possibilidades ou affordances
que viabilizem e fomentem (ou não) uma prática dialógica, contextualizada e
colaborativa, em consonância com a proposta dos letramentos e alinhada à perspectiva
freireana através da emancipação e da conscientização. A análise destas práticas
considera a Internet como espaço principal das interações de aprendizagem, considerando
o conceito de colonialismo digital como prática vigente e emergente na Internet da
atualidade. A pesquisa tem natureza qualitativa, de caráter etnográfico (ou netnográfico),
e conta com dados gerados através das ações de estudantes e professores,
majoritariamente obtidos via recursos tecnológicos e ambientes virtuais. A partir destes
dados e reflexões, propõem-se caminhos para uma educação digital decolonial, a partir
das teorizações relacionadas às pedagogias decoloniais, com uma análise dos cursos e
programas de aprendizagem em três camadas. A estrutura de análise proposta se inspira
no conceito de variáveis didáticas da gestão de uma sala de aula e constitui-se em: uma
primeira camada relacionada à estrutura tecnológica que sustenta a prática (espaço); a
segunda, relacionada aos materiais escolhidos, criados e produzidos por esta prática,
além das metodologias e administração dos tempos presenciais e virtuais
(Saber/Materiais/Conteúdo e Tempo); e a terceira camada está voltada às relações e
interações que se estabelecem nessa prática ou o(s) tipo(s) de interação que o estudante
estabelece com o saber e com o professor, e como o virtual favorece as interações. Os
resultados parciais apresentam caminhos possíveis para a decolonialidade digital e a
pesquisa propõe um framework de análise de práticas a partir do corpo teórico abordado.
_________________
1. Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade de São Paulo. E-mail: [email protected]
40
PORTUGUÊS PARA INDÍGENAS: EXERCENDO A CIDADANIA
Resumo
O uso de tecnologias digitais como mediadoras no ensino de línguas, dentro da
perspectiva crítica de aprendizagem, tornou-se ainda mais iminente frente a necessidade
de atender a demanda que requer o desenvolvimento de habilidades linguísticas para uma
formação integral. O estudo aqui apresentado faz parte de um relato de experiência das
aulas do curso de língua portuguesa ministradas como língua adicional para alunos da
etnia Xavante na Escola Técnica Estadual de Barra do Garças – MT. Como aporte teórico
revisou-se estudos de Kenski (2006), Leffa (2016), Heemann (2013), Ferraz (2009),
Gomes (2016), Pennycook (1996). No intento de promover uma formação integral a
propostas das aulas foram norteadas pela realização de atividades com o uso de
Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) diversas, não só para
atendimento do currículo do curso, mas também como uma forma de o estudante poder
relacionar o conhecimento adquirido em sala de aula com a prática cotidiana, ademais, é
impossível falar em promoção cidadã sem promover a inclusão digital. Diante do
exposto, espera-se, desse modo, contribuir, em alguma medida, para o ensino de línguas
dos educandos, bem como sua melhor inserção nos espaços em que estes estudantes
desejam, ou precisam, estar.
_________________
1. Mestra pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Goiás. Docente da Secretaria de
Estado de Ciências, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso. E-mail: [email protected]
2. Especialista pela Universidade Federal de Mato Grosso. Técnica Administrativa Educacional – Perfil Pedagoga da
Secretaria de Estado de Ciências, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso. E-mail: [email protected]
41
ENTRE MÁQUINAS E LEITORES-CIBORGUE: DOS
CHATBOTS AO LETRAMENTO LITERÁRIO
Resumo
Este trabalho investiga a adequação do conceito de letramento literário para compreender
os novos modos de construção de sentido em textos literários, especialmente com o
surgimento e popularização das tecnologias de Inteligência Artificial (IA). Nesse sentido,
busca, em um primeiro momento, mapear as ações práticas e teóricas do uso de
tecnologias de IA no ensino de literatura. Em seguida, identificar as possibilidades e
limitações do conceito de letramento literário, em especial no contexto da construção de
sentido com o uso de tecnologias de IA. Por fim, visa propor atividades para o ensino de
literatura com o uso de tecnologias de IA, levando em consideração, para tanto, uma
concepção atualizada de letramento literário. Para atingir tais objetivos, do ponto de vista
metodológico, trabalha com uma cartografia, incluindo narrativas docentes, levantamento
de bibliografia em repositórios, análise do portal de projetos da UFSM e busca por
materiais pedagógicos em plataformas como o ELO. Além disso, utiliza-se de um
enfoque prospectivo, colocando em pauta possibilidades de atividades que estabeleçam
uma relação entre ensino de literatura e tecnologias de IA. A pesquisa, embora em estágio
inicial, aponta que a discussão sobre o uso de tecnologias de IA no ensino de literatura
ainda é incipiente. No entanto, evidencia-se a importância de explorar essa temática,
considerando os avanços tecnológicos e suas limitações e potenciais contribuições para a
construção de sentido em textos literários, aprofundando o diálogo entre os campos da
literatura e da tecnologia, com ênfase em sistemas de inteligência artificial.
_________________
1. Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Tecnologias Educacionais em Rede da Universidade Federal de Santa
Maria. E-mail: [email protected]
2. Doutor em Letras pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL).
Professor Substituto da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). E-mail: [email protected]
42
ANÁLISE DA EMERGÊNCIA DE CURRÍCULOS HÍBRIDOS A PARTIR DO
IMPACTO DAS PRÁTICAS DO REDE/UFSM
Ariani Oliveira1
Gabriel Eduardo Gonçalves2
Vanessa Ribas Fialho3
Resumo
Em março de 2020, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) suspendeu as
atividades presenciais e adotou o Regime de Exercícios Domiciliares Especiais
(REDE/UFSM) para os cursos de graduação e pós-graduação, como medida de
distanciamento físico frente ao avanço da Covid-19. Nesse contexto, surgiu o Curso de
Organização e Planejamento de Aulas Remotas, oferecido aos docentes da UFSM, com o
objetivo de capacitar os professores para o planejamento e organização de aulas remotas,
utilizando atividades e ferramentas que promovam a interação e interatividade no
Ambiente Virtual de Ensino e Aprendizagem (AVEA). Este trabalho tem como objetivo
geral analisar a adoção dessas práticas educacionais baseadas em tecnologia como parte
da formação continuada dos professores do ensino superior e como elas têm influenciado
mudanças educacionais e curriculares. Os objetivos específicos incluem a análise das
ferramentas utilizadas/propostas pelos participantes do curso para as aulas no sistema
REDE/UFSM, a reflexão sobre as justificativas dos professores para a escolha das
ferramentas digitais e a compreensão do cenário atual e sua relação com as práticas
pedagógicas adotadas durante a pandemia, por meio de uma abordagem qualitativa. De
modo a complementar as informações e a compreender o cenário atual e de que forma
este reflete as ações pedagógicas usadas na pandemia, enviamos um questionário aos
cursistas que realizaram a atividade 3 do curso, por intermédio do Google Forms. Nosso
interesse é o de compreender de que forma essas práticas estão promovendo mudanças
tanto na educação quanto nos currículos dos cursos presenciais da UFSM. Os resultados
revelam que os docentes estão investindo em sua formação continuada e se adaptando às
transformações nas salas de aula devido à transição para o ensino remoto emergencial.
No entanto, observa-se que a implementação de currículos híbridos ainda é incipiente e
requer uma análise mais aprofundada por parte da instituição.
_________________
1. Graduada em História pela PUCRS e atualmente, graduanda em Letras Português e Literatura UAB/UFSM. E-mail:
[email protected]
2. Graduando em Letras pela Universidade Federal de Santa Maria. E-mail: [email protected]
3. Professora Associada da Universidade Federal de Santa Maria. E-mail: [email protected]
43
O USO DE TECNOLOGIAS DIGITAIS POR PROFESSORES DE LÍNGUAS
EM FORMAÇÃO: REFLEXÕES SOBRE PRÁTICAS
DE ESTUDO MEDIADAS POR TDICS
Resumo
A pandemia de Covid-19 gerou uma série de mudanças e desafios nas relações sociais,
fazendo com que diferentes âmbitos de nossa sociedade precisassem se adequar à nova
realidade. Repentinamente, as tecnologias digitais tornaram-se recursos imprescindíveis
para a manutenção de setores primordiais, principalmente no que concerne ao campo
educacional (JUNIOR; SILVA; PAIVA, 2022). Embora o uso de plataformas e
ferramentas digitais tenha se tornado familiar para alguns docentes somente no período
pandêmico, para grande parte dos estudantes o contato com recursos tecnológicos já era
rotineiro. A despeito de pesquisas darem indícios de que há poucos componentes
curriculares nos cursos de Letras que tratam sobre tecnologias digitais (QUADRADO;
VETROMILLE-CASTRO, 2022; SILVA, 2013), observa-se que, nesta geração, “nossos
alunos se encontram rodeados pelas novas tecnologias e fazem uso constante delas”
(FERRAZ; NOGAROL, 2016). Pesquisas apontam que o uso crítico da tecnologia nos
estudos é passível de incentivar a aprendizagem autônoma, tornando o ensino e
aprendizagem de línguas mais eficaz e pautado na criticidade (ROJO, 2012; MONTE
MOR, 2008; FERRAZ; NOGAROL, 2016). Ademais, grandes partes dos estudos focam
no uso das TDICs no âmbito escolar. No entanto a prática de estudo pode ocorrer em
outros ambientes, como por exemplo, no trajeto casa-universidade (STOCKWELL; LIU,
2015). Neste sentido, surge a pergunta que motiva este estudo: os professores de línguas
em formação inicial utilizam tecnologias digitais enquanto ferramentas de estudo?
Partindo desse questionamento, este trabalho tem como objetivo analisar: I) quais
recursos digitais os estudantes das licenciaturas em Letras utilizam em suas práticas de
estudos, caso façam esse uso; II) por quais motivos os utilizam; e III) em quais ambientes
eles realizam as práticas de estudos. Logo, esta pesquisa espera dar subsídios para o
desenvolvimento de estudos que tratem do uso das TDICs nas práticas de estudo,
sobretudo durante a formação de professores de línguas.
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1. Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Pelotas. E-mail:
[email protected]
2. Docente no Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Pelotas. E-mail:
[email protected]
44
PERSPECTIVAS SOBRE IDEOLOGIAS LINGUÍSTICAS NA POLÍTICA DE
ENSINO DE PLA DA REDE FEDERAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL,
CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA
Resumo
O objetivo deste trabalho é investigar as ideologias linguísticas subjacentes às seções de
“Apresentação”, de “Objetivos” e de “Etapas de Implementação” do documento de
diretrizes para a política de educação linguística em Português como Língua Adicional da
Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (RFEPCT), instituidor
do programa “PLA em Rede”, curso de português para estrangeiros da RFEPCT. Para
compreender o conceito de políticas linguísticas, adotam-se as visões de Calvet (2007) e
de Lagares (2018), para quem políticas linguísticas são o conjunto de decisões macro
sobre as relações entre língua e sociedade e um conjunto de escolhas conscientes sobre as
relações entre a(s) língua(s) e a vida social. Além disso, mobiliza-se a visão de Diniz
(2020), para quem as políticas linguísticas devem ser, também, localizadas, o que,
igualmente, fornece aos indivíduos agência em contextos específicos. Ademais, recorre-
se à visão de Blommaert (2014) sobre as ideologias linguísticas, que podem ser
percebidas como “as suposições tácitas que, como uma espécie de ‘cimento social’,
transformam grupos de pessoas em comunidades” e “estão no domínio de um sistema de
perspectivas sobre línguas” (MILROY, 2011; BLOMMAERT, 2014; LAGARES, 2018).
Por fim, mobiliza-se a noção de internacionalização, como a integração de dimensões
globais, interculturais e internacionais ao ensino, à pesquisa e à extensão, conforme
discutida por Knight (2003). Para examinar as ideologias linguísticas no referido
documento, utilizam-se procedimentos de análise documental e de Análise de Discurso
documental (WORTHAM; REYES, 2015) e o conceito de indexicalidade, tal como
proposto por Blommaert e Maly (2014). Os resultados preliminares sugerem que, nas três
seções analisadas, a visão de língua está vinculada à inclusão social, por meio de uma
perspectiva de acolhimento e de uma proposta crítica e localizada envolvendo a formação
continuada de estudantes e de servidores da Rede, outrossim, sistematicamente, alinhada
ao seu processo de internacionalização.
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1. Doutorando em Linguística da Universidade Federal de Juiz de Fora. E-mail: [email protected]
2. Docente no Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Federal de Juiz de Fora. E-mail:
[email protected]
45
INTERNACIONALIZAÇÃO NO IFFAR: DESAFIOS E PERSPECTIVAS
Resumo
A internacionalização no ensino básico, técnico e tecnológico nos Institutos Federais
(IFs) é uma forma de promover o intercâmbio de conhecimentos e experiências entre
pessoas de diferentes nacionalidades, de modo a ampliar o horizonte de reflexão e de
atuação da comunidade acadêmica, bem como proporcionar uma formação integral
abrangente e conectada ao mundo globalizado. Esta troca pode acontecer ao participar de
programas de mobilidade acadêmica ou de ações de internacionalização em casa, que
promovam uma educação global. Devido aos cortes orçamentários sofridos nos últimos
anos, especialmente dentro do contexto pandêmico, a internacionalização tem tido pouco
investimento e nos forçou a olhar para o que podemos fazer in locus, pois não há
possibilidades de mobilidade acadêmica custeadas pela instituição. Nesse sentido, a
Assessoria de Relações Internacionais do Instituto Federal Farroupilha (IFFar) tem
investido suas forças no desenvolvimento de ações internas e com a utilização de pouco
ou nenhum orçamento específico, como auxiliar no encaminhamento de estágios e
mobilidades pagas pelo próprio estudante ou financiadas por instituições externas. Além
disso, uma das principais ações tem sido reestruturar e fortalecer os Núcleos de Ações
Internacionais nos campi com a promoção de ações com estrangeiros, imigrantes,
intercambistas, servidores ou estudantes que tiveram alguma experiência no exterior e
especialmente com aulas nos centros de línguas pelos próprios docentes da instituição.
Em termos documentais, o IFFar possui uma política de internacionalização
regulamentada desde o ano de 2018, bem como alguns outros documentos que norteiam
suas ações, como regulamento dos Núcleos de Ações Internacionais e alguns documentos
tangenciais como regulamentos dos estágios, de mobilidade acadêmica, de afastamentos e
licenças, e o Plano de Desenvolvimento Institucional. Porém, esses documentos carecem
de revisão e atualização para contemplar as especificidades da instituição. Nesse sentido,
estamos formando diferentes grupos de trabalho para realizar essa atualizações e
adequações. No segundo semestre de 2023 focaremos nossa atenção para a criação da
Política Linguística da instituição, a partir da colaboração de servidores que estão em
formação em instituições parceiras. Também voltaremos nosso olhar para a participação
da internacionalização em pautas em foco na instituição, como a Agenda 2030 e ODSs.
_________________
1. Doutora em Letras pela UFSM; Assessora de Relações Internacionais e Docente EBTT – IFFar. E-mail:
[email protected]
2. Bacharel em Letras/Português, Graduando em Letras/Espanhol pela UFSM e Estagiário da Assessoria de Relações
Internacionais – IFFar. E-mail: [email protected]
46
PORTUGUÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA (PLE) COMO AÇÃO
ESTRATÉGICA NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS DA UFMT
Resumo
Neste trabalho apresentaremos reflexões sobre a abordagem estratégica do Português
como Língua Estrangeira (PLE) atribuída pela Secretaria de Relações Internacionais, da
Universidade Federal de Mato Grosso (SECRI/UFMT), como um elemento de promoção
da internacionalização universitária, no âmbito de parcerias bilaterais ou em rede. No
Brasil, o ensino de PLE é oferecido em diferentes instituições, tanto públicas quanto
privadas, e conta com o apoio de órgãos como o Ministério da Educação, por meio do
Portal do Professor de Português Língua Estrangeira/Língua Não Materna (PPPLE), por
exemplo, contribuindo para a promoção da língua e da cultura brasileira. A
internacionalização universitária, inclusive na UFMT, perpassa situações de trocas
culturais e de oportunidades inter e multiculturais, tanto para discentes quanto para
servidores públicos, potencializando a formação de profissionais mais qualificados e
aptos ao mundo do trabalho globalizado (BENNETT, 2017). Com base nesse contexto, a
SECRI/UFMT tem conduzido projetos, em parceria internacional bilateral ou rede, nos
quais o PLE tem sido o elemento central para a promoção da internacionalização
universitária. A abordagem adotada baseia-se na seleção de instituições parceiras-chave,
interessadas em aprofundar a cooperação internacional, sobretudo na pesquisa com a
UFMT. Feita esta seleção, a SECRI oferta o curso de PLE a docentes e estudantes,
recebendo em troca cursos dos idiomas falados nos países das instituições parceiras. Para
além do desenvolvimento linguístico, o objetivo dessa abordagem é possibilitar a
interação entre as comunidades acadêmicas nacional e estrangeira, facilitando a
operacionalização da parceria internacional, a partir da redução das barreiras linguísticas
possibilitadas pelo curso de PLE, recebido pela instituição parceira, em intercâmbio com
os cursos de idiomas estrangeiros, recebidos pela UFMT. Projetos dessa natureza foram
desenvolvidos em conexão com a Língua Espanhola e o Mandarim.
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1. Docente do Departamento de Zootecnia e Secretário de Relações Internacionais da Universidade Federal de Mato
Grosso. E-mail: [email protected]
2. Docente no Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem e Coordenadora de Línguas Aplicadas à
Internacionalização da Universidade Federal de Mato Grosso. E-mail: [email protected]
47
O CINECLUBE COMO INSTRUMENTO NA FORMAÇÃO ENGAJADA DE
PROFESSORES SOB A LUZ DA PEDAGOGIA DECOLONIAL
Resumo
Em meio ao avanço de normatizações curriculares neoliberais e o controle sobre a prática
dos professores, o projeto cineclube de educadores é, para os docentes, lugar de
resistência. Os encontros cineclubistas teve início em julho de 2019. Em 2020, devido à
pandemia da doença COVID-19, as orientações do distanciamento social, foi planejado a
continuação do cineclube e o encontro no formato on-line pelo aplicativo de vídeo
conferência ZOOM.US, sugerido pela pesquisadora foi adotado pelos participantes. Nesse
contexto, este trabalho apresenta uma breve contextualização sobre a constituição do
cineclube de educadores da região Noroeste da cidade de São Paulo, sua adaptação para o
meio virtual e sua consolidação como espaço formativo. Para tanto, temos como objetivo
central investigar se a argumentação no cineclube permite a mobilização e/ou construção
de patrimônios vivenciais e construção da formação engajada de professores. Os estudos
estão baseados nos conceitos centrais da Teoria da Atividade Sócio-Histórico Cultural e
da formação engajada debatidos no Grupo de Pesquisa Linguagem em Atividade no
Contexto Escolar e, elucidados por meio do debate do conceito de patrimônio vivencial
de Liberali e Megale, decolonialidade em Walsh e engajamento de Freire. A metodologia
está organizada por meio da Pesquisa Crítica de Colaboração, em que pesquisador e
participantes agem juntos em busca da transformação da realidade e, na construção de
novos modos de agir, sentir e pensar. Os dados foram coletados e produzidos por meio de
gravações, em áudio e vídeo dos encontros virtuais e notas de campo da pesquisadora. O
material foi descrito, analisado e interpretado com base em uma perspectiva enunciativo-
linguístico-discursivas por meio da análise argumentativa. A pesquisa está em fase da
discussão dos dados coletados e os resultados, ainda que preliminares, apontam para as
vivências do cineclube como experiências formativas, estruturada na forma de
conhecimento organizadas por meio da linguagem.
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1. Doutoranda em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem e Mestre em Educação pela Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (PUC-SP), coordenadora pedagógica da educação fundamental na prefeitura de São Paulo. E-
mail: [email protected]
48
PHOTOVOICE: CONHECENDO HISTÓRIAS LOCAIS POR
MEIO DA LINGUAGEM VISUAL
Resumo
Este trabalho relata uma experiência desenvolvida por meio de projeto interdisciplinar,
durante o ano de 2021, numa Instituição Federal de Educação Profissional Técnica de
Nível Médio, no interior da região Centro-Oeste, Brasil, cujo objetivo foi levantar e
discutir, sob a ótica de adolescentes, os problemas socioambientais locais que
impactavam/impactam a tríade eu-outro-meio ambiente, no contexto pandêmico. O
projeto atendeu aproximadamente setenta adolescentes e envolveu as áreas de Língua
Portuguesa, Literatura, Geografia, Sociologia, Filosofia, Biologia, Enfermagem,
Psicologia e Tecnologia buscando desenvolver/expandir a consciência crítica dos
participantes acerca da importância do cuidado tridimensional e seu impacto no bem-estar
da coletividade. Para estruturar as atividades desenvolvidas, adotou-se a Teoria da
Aprendizagem Baseadas em Projetos (BIE, 2008; BENDER, 2014) e a Pedagogia
Psicodramática (ROMAÑA, 1987; 2012; 2019). Para o levantamento das problemáticas
socioambientais foi utilizada a técnica photovoice (WANG; BURRIS, 1997), a partir da
qual os adolescentes fotografaram situações cotidianas, norteados pela seguinte questão:
Quais problemáticas socioambientais presentes em vossas realidades afetam o eu, o
outro e o meio ambiente? As fotografias registradas serviram de base para a produção de
histórias em quadrinhos, vídeos e paródias. Para análise dos resultados, adotamos a
Pedagogia dos Multiletramentos (COPE; KALANTZIS; PINHEIRO, 2020), analisando
os resultados de acordo com os quatro processos de conhecimento propostos, a saber:
experienciar o novo; conceitualizar com teoria; aplicar criativamente; analisar
criticamente. Como resultado, verifica-se que a prática contribuiu para a tomada de
consciência dos adolescentes quanto à realidade em que vivem, bem como para a
construção/expansão de uma visão crítica acerca de questões socioambientais presentes
na vida cotidiana, funcionando também como importante espaço de diálogos e trocas para
o grupo de participantes que estava isolado socialmente por imposição da situação
pandêmica.
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1. Doutoranda em Estudos de Linguagens – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – PPGEL/UFMS. Docente do
Ensino Básico, Técnico e Tecnológico, área Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, no Instituto Federal de Mato
Grosso do Sul. E-mail: [email protected]
49
GREVE DE 2012: O RENASCIMENTO DA FORÇA SINDICAL
SOB A ÓTICA DA RETÓRICA DA GUERRA CULTURAL
Resumo
O presente trabalho visa contribuir para o ensino de leitura literária, a partir de uma
perspectiva cultural que reconheça as particularidades das identidades da obra e do leitor.
Nesse sentido, o trabalho pretende ampliar o ensino de literatura na escola, aliando-o à
multimodalidade, elaborando uma prática que incorpore os preceitos do letramento
digital. A presente pesquisa é destina aos/as estudantes das séries finais do ensino
fundamental e tem como corpus o capítulo A luta, de Os sertões, para uma abordagem de
leitura cultural e estética, tendo como proposta central, a de construir uma proposta de
leitura literária que configure em um instrumento que permita a leitura do texto literário,
contemplando a multimodalidade, presente na perspectiva dos multiletramentos de
Roxane Rojo (2012) e o letramento digital de Freitas (2010). A pesquisa será
desenvolvida, mesclando a narrativa de Euclides da Cunha com o HQ, imagens e opções
de vídeo sobre a obra. A análise do texto literário será feita com base no modelo cultural
de leitura de Carlos Gomes (2012) que privilegia a formação de um leitor crítico e suas
heranças culturais, e de leitura subjetiva de Annie Rouxel (2013) que trata da importância
da experiência estética na formação do leitor. O trabalho traz em sua composição oficinas
literárias que estão divididas em três etapas: memórias que têm como objetivo discutir
quais memórias os alunos têm acerca da Guerra de Canudos; multiletramentos que
pretende apresentar outras possibilidades de trabalhar com a narrativa de Os sertões;
modelo cultural de leitura que faz uma releitura das representações da Guerra de
Canudos, a partir da intersecção entre o estético e o político e promove uma leitura crítica
do que levou e manteve o combate em Canudos.
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1. E-mail: [email protected]
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EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA: REFLEXÕES SOBRE A REPRESENTAÇÃO DO
NEGRO NO LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUA PORTUGUESA
Resumo
Este estudo apresenta uma análise das representações de sujeitos negros nos livros
didáticos utilizados na rede pública de ensino com o intuito de criar um contraste entre o
livro de Língua Portuguesa oferecido no triênio PNLD 2017-2019 e o livro distribuído no
PNLD 2018. Embora seja um objeto que vem sendo alvo de grande debate a respeito de
sua importância e permanência num mundo cada vez mais digital e dependente da
tecnologia, é sabido que o livro didático permanece tendo destaque na construção não
somente dos planos de aulas de professores, mas também das abordagens utilizadas pelos
mesmos. Dessa forma, objetiva-se perceber, por meio de uma comparação dos corpora
selecionados para observação e análise, como as abordagens trazidas nesses instrumentos
pedagógicos têm ou não servido como meios de potencializar reflexões a respeito de
como o racismo tem sido enxergado e propagado pelos meios de produção do material
didático, distribuído para escolas públicas. Em vista disso, abrem-se os seguintes
questionamentos: quais imagens ou textos literários têm sido privilegiados? Quais têm
sido marginalizados? A lei 10.639/03, após dez anos de sancionada, tem sido cumprida
nos materiais didáticos propostos pelos poderes públicos? Para responder as referidas
inquietações o estudo aqui proposto tem caráter bibliográfico, de cunho qualitativo, tendo
como caminho metodológico a leitura de teóricos que possibilitam lançar luz nas
reflexões a respeito do racismo estrutural; observação e análise dos livros didáticos e
posterior desenvolvimento de reflexões críticas.
_________________
1. Mestrando no Programa de Pós-graduação Em Crítica Cultural da Universidade do Estado da Bahia (Pós-
Crítica/UNEB), Campus II, Alagoinhas, Bahia, dentro da Linha de Pesquisa Letramento, Identidade e Formação de
Educadores. Bolsista Capes. E-mail: [email protected]
2. Professora Doutora da Universidade do Estado da Bahia, membro permanente do Programa de Pós-Graduação em
Crítica Cultural, Líder do Grupo de pesquisa GEREL. Pós-doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da
UFS na área de Estudos Literários, Linha de concentração Literatura e Recepção. E-mail: [email protected]
51
DESAFIOS, IMPLICAÇÕES E REFLEXÕES SOBRE
AS PRÁTICAS DOCENTES LEITORAS
Resumo
Este trabalho objetiva apresentar um estudo sobre o documento da Base Nacional
Comum Curricular (BNCC) em relação à Língua Portuguesa no Ensino Médio e
implicações que reverberam às questões étnico-raciais. Escolheu-se para análise a
competência específica 2. A metodologia é de caráter bibliográfico e fundamenta-se em
estudos de Paulo Freire (1987; 1992; 1994; 1997) e Nunes (2019), além do documento do
Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (BRASIL, 2007), para melhor
compreender a BNCC, ao considerar questões étnico-raciais e a importância para uma
educação mais igualitária e solidária. A proposta é a de abordar uma revisão da literatura
à luz de obras de Freire (1987; 1992; 1994; 1997) e verificar em que medida o
pensamento freireano pode contribuir para uma proposta de intervenção, que privilegia o
acesso à educação como direito humano, ao considerar uma educação linguística crítica
antirracista à aprendizagem de Língua Portuguesa, a partir de uma análise do documento
da BNCC no item “Linguagem e suas Tecnologias no Ensino Médio: competências
específicas e habilidades”. Assim, discute-se, nesta comunicação oral, a importância de
um currículo que verse a educação linguística crítica antirracista, que promova o
exercício pleno da cidadania através das aprendizagens em Língua Portuguesa.
_________________
1. Pós-doutora em Linguística (Fatec Sorocaba). E:mail: [email protected]
2. Pós-doutora em Linguística (UNB – UNEMAT). E:mail: [email protected]
52
LETRAMENTO CRÍTICO DE IDOSOS EM AMBIENTE DE
VULNERABILIDADE SOCIAL NO CONTEXTO
AMAZÔNICO MATO-GROSSENSE
Resumo
Os estudos a respeito do Letramento Crítico (LC) na sua grande maioria voltam-se para
as instituições de ensino, especialmente, as escolas. Entretanto, esse trabalho procurou
olhar outros espaços sociais, de acolhimento de pessoas em situação vulneráveis,
especificamente, os CRAS em tempo de pandemia. É um recorte de dissertação de
mestrado em letras, na Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), campus
universitário de Sinop. O artigo analisou como as mobilizações do letramento crítico são
promovidas, no contexto do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), Norte
mato-grossense Amazônico, e de que forma promovem o desenvolvimento da
consciência crítica das pessoas em situação de vulnerabilidade, em especial os grupos de
idosos. A metodologia utilizada foi pesquisa qualitativa de caráter etnográfico. O estudo
fundamentou-se na perspectiva teórica do LC sob abordagem da Linguística Aplica
Crítica (LAC). Os dados apontaram que a criticidade nos grupos de idosos se constituem
em processos de conversas informais cujas as frases de reflexão são curtas e rápidas.
Entretanto, as categorias de analises demonstraram que essa teoria exige, portanto,
comportamento ativo no e com o mundo.
_________________
1. Mestre em Letras pelo Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGLetras), na Universidade do Estado de Mato
Grosso (2022), Graduado em Pedagogia pela Universidade do Estado de Mato Grosso (2020) e Graduado em Teologia
pela Faculdade Teológica Batista Equatorial (2011). Docente efetivo na rede municipal da cidade Vera, MT. E-mail:
[email protected]
2. Doutorado em Linguística pela Universidade de Brasília (2019). Mestre em Linguística (2014) pela Universidade do
Estado de Mato Grosso (Cáceres/MT). Docente Colaboradora da Universidade do Estado de Mato Grosso (Campus de
Sinop/MT) – Programa de Pós-Graduação Strictu Sensu em Letras (PPGLETRAS)
53
O SUJEITO INDETERMINADO SOB A ÓTICA DA SOCIOLINGUÍSTICA
EDUCACIONAL: UMA PROPOSTA DE SEQUÊNCIA DIDÁTICA
Resumo
Esta pesquisa discute o ensino de gramática no contexto escolar, mais precisamente, o
estatuto do sujeito indeterminado no Português Brasileiro. A fundamentação teórica
baseia-se na Sociolinguística Educacional, especialmente em Bortoni-Ricardo (2004),
Antunes (2007), Faraco (2015), além de gramáticos contemporâneos, como Castilho
(2020) e Azeredo (2021). O objetivo geral é problematizar as discussões sobre o sujeito
indeterminado no Ensino Médio, com foco na aprendizagem, observando a variação
linguística e as implicações do ensino de língua materna em sala de aula. Para tanto, serão
propostas atividades que desenvolvam o senso crítico, a fim de demonstrar quais são as
variantes de indeterminação do sujeito existentes no Português Brasileiro e como o estilo
(LABOV, 1972) influencia seu uso (MARCHUSCHI, 2009). Logo, foram extraídas
ocorrências de sujeito indeterminado de um corpus constituído por gêneros textuais
diversos, desde aqueles em que predomina a oralidade informal até aqueles
caracterizados pela escrita formal. Com base nesses dados, foi formulada e aplicada uma
sequência didática para uma turma de 3º ano do Ensino Médio, em uma escola pública da
cidade de Itapaci – GO, a cerca de 222 km da capital Goiânia, com o intuito de auxiliar a
formulação e a identificação de casos de sujeito indeterminado que não têm sido
registrados por algumas gramáticas normativas, nem pelos livros didáticos, tais como:
sujeito expresso por referenciação genérica (você ou eles – não especificado); sujeito
elíptico com o verbo na 3ª pessoa do plural; 3ª pessoa do plural (alguns verbos
específicos – roubar, comunicação verbal, cognição); sintagmas nominais como a gente,
muita gente, todo mundo, entre outros. Entendemos que o conhecimento crítico
promoverá impacto sociolinguístico e cultural, envolvendo o alunado em uma interação
profícua com os pares em diversos níveis comunicacionais, além de abranger o
conhecimento sobre a variação linguística.
_________________
1. Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Língua, Literatura e Interculturalidade da Universidade Estadual de
Goiás/Campus Cora Coralina – POSLLI/UEG. E-mail: [email protected]
2. Docente do Programa de Pós-Graduação em Língua, Literatura e Interculturalidade (POSLLI) e do Curso de Letras.
E-mail: [email protected]
54
CHATGPT: PERSPECTIVAS, DESAFIOS E REFLEXÕES SOBRE AS
INTERFACES TECNOLÓGICAS E O ENSINO DE LÍNGUA
Cátia Martins1
Resumo
Este trabalho considera refletir acerca das perspectivas, os desafios e as reflexões
advindas do uso de novas tecnologias digitais, em especial o ChatGTP, no ensino de
língua. Objetiva-se ampliar o diálogo à luz da educação linguística, e analisar a eficácia
dessas novas interações tecnológicas para a mediação interacional dos estudantes de
Língua. As práticas investigativas desenvolvidas a partir dos recursos tecnológicos do
ChatGTP em sala de aula, suscitaram algumas reflexões quanto ao emprego de novas
tecnologias com Inteligência Artificial nos contextos de ensino de língua: a) A
compreensão dos professores quanto ao uso de recursos tecnológicos (IA-ChatGPT) no
ensino e língua pode impactar criativa e criticamente as práticas de ensino e os processos
de avaliação? b) Os professores de língua têm se adaptado às novas tecnologias (IA-
ChatGPT) no ensino, mediante as especificidades dos contextos de ensino-aprendizagem
em constante mudança? Em consonância com as demandas contemporâneas de interação
social, as práticas investigativas foram realizadas em contexto multilingue e multicultural
de aprendizagem de língua portuguesa, na modalidade online-síncrona, via Zoom. As
práticas desenvolvidas no ChatGPT, contemplaram conteúdos de língua, literatura, arte,
cultura, entretenimento e informação, considerando as dimensões socioculturais dos
processos interacionais (BRONCKART, 2008; VYGOTSKY, 2007), a relação entre as
perspectivas dos multiletramentos (MARCUSCHI, 2011; ROJO, 2013) e do
multiculturalismo e dos componentes culturais na educação linguística (ALMEIDA;
BAVENDIEK; BIASINI, 2020; HALL, 2014). Tais práticas investigativas
proporcionaram atividades de ensino, pesquisa, análise, síntese e registro da língua,
relacionadas aos diversos temas discutidos pelos interactantes. Em certa medida, as
experiências com os recursos tecnológicos (IA-ChatGPT) contribuíram para a dimensão
criativa do ensino, assim como, para a percepção crítica e o entendimento das limitações
destes recursos tecnológicos. Quanto à análise da eficácia das ferramentas tecnológicas,
levou-se em consideração os contextos socioeconômicos multifacetados, o planejamento
das atividades, a adequação aos ambientes de mediação e os impactos da tecnologia na
estrutura de avaliação.
_________________
1. Pós-doutora em Políticas Linguísticas em Contexto de Diáspora Lusófona (UnB – BR/UofT-CA), Doutora em
Linguística pelo Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade de Brasília – UnB (PPGL/LIP).
Professora de Língua Portuguesa na Universidade York, Toronto, Canadá e docente do Camões, Instituto de
Colaboração e da Língua. E-mail: [email protected]
55
CHATGPT E ENSINO DE LÍNGUA INGLESA: CRIAÇÃO DE PLANO DE
AULA SOB A ÓTICA DA ABORDAGEM COMUNICATIVA
Resumo
O presente trabalho teve como objetivo analisar um plano de aula para ensino de inglês
como língua adicional, criado por meio da interação de professores com o ChatGPT –
modelo de linguagem desenvolvido através de Inteligência Artificial (IA). A função
primária do ChatGPT e de modelos similares é auxiliar na interação entre humanos e
computadores de uma forma mais natural e intuitiva, permitindo que os usuários realizem
perguntas, obtenham respostas e gerem texto em linguagem natural de maneira mais
eficiente e conveniente. Para o desenvolvimento do estudo, foi observado não somente o
produto, ou seja, o plano entregue pela ferramenta, mas também o processo interativo
entre humano e IA. Foram analisadas versões do plano de aula à luz de princípios do
ensino comunicativo de línguas. Além disso, foi feita uma análise de como a ferramenta
contempla as competências que integram a competência comunicativa nas ações que
compõem o plano, tendo como base o referencial de Marianne Celce-Murcia (2007). A
partir disso, mediante a experimentação realizada, foi alcançada a hipótese de que o
ChatGPT possui uma abordagem mais estruturalista, ou seja, com enfoque no conteúdo
de forma metalinguística. Todavia, se a ele for pedido, é possível que se atinja uma
abordagem comunicativa de forma satisfatória através de algumas solicitações advindas
do usuário. Sendo assim, embora a inteligência artificial produza o plano de ensino, é o
utilizador do modelo de linguagem e suas interações com a ferramenta que comandam o
resultado final a ser conquistado.
_________________
1. Graduanda em Letras da Universidade Federal de Pelotas. E-mail: [email protected]
2. Docente no Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Pelotas. E-mail:
[email protected]
3. Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Pelotas. E-mail:
[email protected]
56
EXPLORANDO O POTENCIAL DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NA
CRIAÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS PARA O ENSINO DE
LÍNGUA INGLESA: VANTAGENS, DESAFIOS E
OPORTUNIDADES DE APRENDIZAGEM
Resumo
O uso de tecnologias digitais está cada vez mais presente no contexto educacional, e
recentemente, as ferramentas de Inteligência Artificial (IA) ganharam destaque nas
grandes mídias e suas possibilidades educacionais estão sendo exploradas. Tais recursos
viabilizam, por exemplo, a avaliação do desempenho dos estudantes em uma determinada
atividade, bem como a criação de materiais personalizados e adaptados à realidade de
uma turma ou discente específico. O presente trabalho tem como objetivo, então, refletir
sobre o papel da Inteligência Artificial na produção de materiais didáticos para aulas de
Língua Inglesa e suas eventuais vantagens e desvantagens. Sites como o famoso
ChatGPT, Murf.ai e Fotor foram utilizados para a elaboração de atividades customizadas
para alunos da primeira fase do Ensino Fundamental, como também para os do Ensino
Médio. Dentre tais exercícios, foram desenvolvidos textos sobre temas específicos e
tempo verbais ou estruturas gramaticais contemplados no livro didático, quizzes e
questões de interpretação textual, imagens personalizadas e áudios para o
desenvolvimento da habilidade de compreensão oral. A variedade de atividades
supracitadas expõe o discente a diferentes sotaques, a assuntos distintos, enriquecendo,
deste modo, seu processo de aprendizagem e aprimorando sua performance linguística.
Ademais, ao trabalhar com materiais produzidos utilizando tais recursos tecnológicos, o
professor oferece aos seus alunos conteúdos mais atualizados, que vão de encontro com
seus interesses, possibilitando uma aprendizagem mais significativa e engajadora. Apesar
da grande maioria dos recursos de IA que encontramos na internet não ser gratuita,
limitando, assim, as possibilidades do docente, observamos que o uso consciente,
planejado e crítico de tais ferramentas, podem contribuir para um ensino que coloca as
necessidades e os interesses dos alunos no centro, beneficiando todos envolvidos no
processo de ensino e aprendizagem.
_________________
1. Mestrando no Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu do CEPAE/UFG. E-mail: [email protected]
2. Docente no Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu do CEPAE/UFG. E-mail: [email protected]
57
READING YOURSELF AND OTHERS: A AULA DE INGLÊS E O
FORTALECIMENTO DA AGÊNCIA DO ALUNO COMO CIDADÃO
Resumo
Este trabalho pretende investigar como se deu o processo de educação linguística crítica
dos participantes e da própria pesquisadora durante uma disciplina eletiva ministrada, em
Língua Inglesa, para o ensino médio de um colégio localizado no estado de Goiás. Tal
disciplina, intitulada “Reading yourself and others: a aula de inglês como
desenvolvimento da consciência crítica”, compõe o itinerário formativo da área de
Linguagens e suas Tecnologias e é oferecida a estudantes de 15 a 18 anos de idade que
estão cursando o ensino médio. A disciplina busca desenvolver a consciência crítica
social dos estudantes por meio do trabalho com textos jornalísticos, obras de arte, obras
literárias, canções e campanhas publicitárias em Língua Inglesa. Logo, este estudo trata-
se de uma pesquisa-ação, em que tanto os participantes, quanto a pesquisadora estão
envolvidos de modo colaborativo. No que se refere aos resultados, espera-se que este
trabalho sintetize algumas das principais ações realizadas com o grupo durante as aulas
na disciplina, demonstrando como a educação linguística crítica pode ser uma via
fundamental para a formação de cidadãos críticos e reflexivos no contexto social atual.
Para tanto, este trabalho baseia-se em teóricos da educação linguística crítica, como
Alastair Pennycook e Luiz Moita-Lopes, e da pedagogia engajada, como bell hooks e
Paulo Freire.
_________________
1. Docente de Língua Inglesa no Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação (CEPAE – UFG) e docente no
Programa de Pós-Graduação em Ensino na Educação Básica (PPGEEB – CEPAE – UFG). E-mail:
[email protected]
58
A PRÁXIS POÉTICA-DRAMATÚRGICA DE MARCELO DOLABELA:
FRACASSO PARA PRINCIPIANTES, A DÚVIDA
ARTÍSTICA DA LINGUAGEM
Resumo
Análise discursiva do texto poético-dramatúrgico Fracasso para Principiantes – o
movimento da vida cotidiana, de Marcelo Dolabela, através das teorias de Michel
Foucault em A Ordem do Discurso e Mikhail Bakhtin em Marxismo e Filosofia da
Linguagem. A peça em questão retrata os delírios de um general fracassado e subverte a
ordem da história, à maneira de Walter Benjamin em suas Teses sobre o conceito de
história, repensando fatos, personagens e conceitos através das perdas e derrotas da
humanidade, revisando o próprio ser humano e o conceito de nação no nosso país. Nesta
peça, Dolabela busca a realização da linguagem como existência, ação e luta, construindo
o caminho da crítica via práxis poética, ocupando as várias formas da palavra como
potencialização da dúvida frente aos saberes hegemônicos. O experimento linguístico na
arte pode traduzir a profunda insatisfação do artista frente ao poder hegemônico, em suas
mais distintas esferas? Um texto de teatro pode reunir distintas falas da sociedade numa
única personagem – ou na impersonagem, segundo Jean-Pierre Sarrazac, na Poética do
Drama Moderno? O discurso, contaminado por significados vários, não é apenas o
caminho da dominação, mas o objeto mesmo de tal luta, de acordo com Foucault, em A
ordem do discurso. Como expor o controle, a exclusão e a hierarquização do discurso
para grupos fora da academia tendo a arte como expressão? Segundo Bakthin, em
Marxismo e Filosofia da Linguagem, o signo e a enunciação possuem uma natureza
social, sendo a linguagem diretamente ligada à consciência e, em uma instância anterior,
determinada pela ideologia. Como discutir a linguagem para discutir, também, a
ideologia por trás desta através da poesia e do teatro? Multiartista, Dolabela (1957-2020)
atuou na cena marginal de Belo Horizonte. Com mais de 60 livros, teve a auto publicação
como discurso político e estética por toda a vida.
_________________
1. Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagens do CEFET-MG. E-mail:
[email protected]
2. Docente no Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagens do CEFET-MG. E-mail:
[email protected]
59
REPERTÓRIOS MULTILÍNGUES E MULTILETRADOS NAS AULAS DE
LÍNGUA PORTUGUESA NO ENSINO FUNDAMENTAL II
Julia Juliotti1
Thayse Figueira Guimarães2
Resumo
Esta comunicação apresenta dados de uma pesquisa de ação que está em andamento em
uma escola pública do Brasil, cujo objetivo é investigar o contexto de uma sala de aula
multilíngue para levantamento de hipóteses e a construção coletiva de ações pedagógicas
pela perspectiva da translinguagem. Partimos de um entendimento da transliguagem em
um contexto que o sujeito bi/multilíngue faz uso, não de dois sistemas interdependentes e
transitórios, mas sim de um sistema semiótico que integra vários recursos gramaticais às
suas próprias práticas sociais de leitura e escrita (VOGEL; CARCÍA, 2017), entendemos
repertório enquanto um fenômeno vivido, dinâmico e materializado em interação e
discurso (BLOMMAERT, 2010; BUSH, 2017), e assumimos o (pluri)multiliguismo pelas
lentes decolonial, biográficas e etnográfica (MIGNOLO, 2003). Por meio desse enquadre
teórico, analisamos e investigamos os repertórios semióticos de alunos nas interações
com colegas e professoras e também em uma atividade com retrato linguístico.
Metodologicamente, os dados foram gerados por análise multimodal, envolvendo estudos
dos registros escritos, desenhados e relatados. As análises mostram como alguns
estudantes performam no letramento escolar com suas práticas translinguajeiras. Os
discursos e eventos linguísticos que foram observados apontam para necessidade de a
comunidade escolar expandir o espaço social para sujeitos trans/multilíngues nos
ambientes de ensino de língua portuguesa, permitindo a compreensão do repertório
linguístico completo de tais sujeitos e propiciando ações positivas de ensino e
aprendizagem, onde estes se sintam seguros acerca de suas perspectivas internas de
linguagem.
_________________
1. Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Federal da Grande Dourados. E-mail:
[email protected]
2. Docente no Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade de Brasília. E-mail:
[email protected]
60
ARTICULAÇÕES TEÓRICO-METODOLÓGICAS EM PESQUISAS
ACADÊMICAS SOBRE INTERNACIONALIZAÇÃO E DECOLONIALIDADE
Resumo
Nosso trabalho tem o objetivo de analisar como pesquisas acadêmicas tematizam, em seu
quadro teórico-metodológico, a relação entre a internacionalização das Instituições de
Ensino Superior (IES) e as discussões provenientes de teorias sobre a decolonialidade. A
partir das reflexões teóricas dos estudos em LA Indisciplinar, que postulam diálogos
inter/transdisciplinares e uma noção de linguagem como prática social, situada e
permeada por relações de poder, desenvolvemos uma pesquisa de natureza qualitativa e
interpretativista, em que selecionamos quatro artigos publicados no Brasil dentre os anos
de 2018 a 2021, a fim de compreender como estudiosos/as têm discutido e
problematizado as relações entre a internacionalização e a decolonialidade. Em nossas
análises, delineamos quatro subtemas, expressos em enunciados que acenam para
regularidades de sentido no corpus, a saber: i) a internacionalização como exigência
global crescente para o Ensino Superior; ii) a internacionalização como conceito fluido e
em construção; iii) a internacionalização como movimento predominantemente colonial;
e iv) a decolonialidade como alternativa para se pensar uma internacionalização outra. A
partir desse levantamento, compreende-se que o diálogo entre os estudos sobre
internacionalização e os estudos decoloniais podem contribuir para que sejam repensados
os caminhos trilhados nas IES, tendo em vista que discutem a necessidade de: um debate
mais aprofundado em relação ao imperativo da internacionalização; valorizar as culturas
locais dos países envolvidos nesses processos; questionar os conhecimentos que são
legitimados e que são apagados no meio acadêmico; problematizar os atravessamentos
gerados pelos rankings internacionais e fomentar a pluralidade linguística, de forma que a
internacionalização das IES possa ocorrer a partir de modelos menos hegemônicos e mais
plurais.
_________________
1. Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos da Universidade Federal de Uberlândia. E-
mail: [email protected]
2. Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos da Universidade Federal de Uberlândia. E-mail:
[email protected]
61
ENTRE A PELE E A CASCA DURA: UMA LEITURA DA GRAPHIC NOVEL
“JEREMIAS – PELE” A PARTIR DOS LETRAMENTOS ANTIRRACISTAS
Resumo
A escola tem desempenhado um papel chave na manutenção do racismo na sociedade, na
produção do fracasso escolar e no silenciamento de vozes negras na escola, a partir da
negação de suas identidades o que travando esses sujeitos dentro do que Souza (1983)
define como mito negro. No presente trabalho busco compreender como esse
silenciamento ocorre na escola e quais são os impactos das relações de poder na
identidade negra no espaço escolar a partir de uma leitura da Graphic Novel Jeremias –
Pele (CALÇA; COSTA, 2018), recorrendo ao trabalho de Neusa Santos Souza (1983) e
transitando por uma compreensão da minha realidade enquanto homem negro e a minha
construção de identidade docente desde os tempos em que fui estudante até o presente
momento, enquanto professor de línguas em formação. Caminhando em uma abordagem
metodológica pós-crítica influenciado pelas leituras de St Pierre (2014), meu trabalho se
dividiu em três etapas, primeiro estabelecendo meu lócus de enunciação, e em seguida a
expansão de perspectiva provocada pela leitura de “Jeremias – Pele” e da obra de Souza
(1983), culminando em reflexões acerca das construções de sentido fomentadas pelos
conhecimentos construídos no Letramento Visual Crítico dos elementos que compõem a
Graphic Novel. Das reflexões produzidas no percurso de produção do presente trabalho,
buscando entender os silenciamentos provocados pelo racismo na escola encontrei na
decolonialidade um espaço de reflexão e agência em torno da minha prática docente para
buscar o rompimento dos silenciamentos, através da resistência que tensiona relações de
poder.
_________________
1. Mestrando no Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Educação, Linguagens e Tecnologias da Universidade
Estadual de Goiás. E-mail: [email protected]
62
(DES)ENCONTRANDO O CORAÇÃO EM MEIO AOS OSSOS:
SENTIPENSAMENTOS SOBRE A INSERÇÃO PROFISSIONAL DE
PROFESSORES/AS DE LÍNGUAS
Resumo
A temática deste estudo se refere à entrada de professores/as de línguas na carreira
profissional tendo como foco as emoções nesse processo, e para adentrar no quesito das
emoções será utilizado a perspectiva do corazonar e do sentipensar. Nesse sentido, o
objetivo aqui traçado é o de apresentar uma pesquisa em andamento que tem o intuito de
problematizar como egressos/as do curso de Letras Português/Inglês de uma universidade
pública do estado de Goiás sentipensam seu processo de inserção profissional. Esses/as
egressos/as são o “coração” do estudo, em que dão um pulsar de vida enquanto fluem
sentipensamentos para aquilo que antes era rígido, fazendo referência aos “ossos”. Essa
união dos “ossos” com o “coração” traz a ideia do corpo como um todo, em que razão e
emoção, corpo e mente, não se dissociam, sendo uma perspectiva que as epistemologias
do norte apresentam resistência. Diante do contexto discorrido, a metodologia se baseia
no esforço de horizontes metodológicos outros, partindo do qualitativo-interpretativista,
mas não parando nele. A pesquisa a ser apresentada se baseia em entrevistas-narrativas
realizadas com egressos/as de 2017 a 2021 do curso dos de Letras Português/Inglês.
Mesmo com a pesquisa em andamento, alguns pontos já foram ressaltados nesse pulsar
de sentipensares: a) A desconstrução da ideia do período específico de inserção
profissional; b) A importância do apoio da equipe gestora da instituição de ensino para
os/as professores/as que estão iniciando a carreia profissional; e c) A falta de espaço que
os/as professores/as têm tido de falar sobre o que sentipensam no ambiente de trabalho.
Contudo, é preciso romper com a ideia que o/a professor/a só deposita saberes, pois se
torna uma prática de opressão ao eu-docente, desconsiderando sua inteireza, pois além da
razão o corpo em sala de aula é também emoção, e entre elas não há separação.
_________________
1. Mestranda no Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Educação, Linguagem e Tecnologias. E-mail:
[email protected]
63
ENTRELACES DA INTERNACIONALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO
BÁSICA, BNCC E LÍNGUA INGLESA
Resumo
Desenvolvida à luz da Linguística Aplicada Crítica (PENNYCOOK, 2001), esta pesquisa,
bibliográfica, documental e de campo, apresenta algumas reflexões sobre a BNCC
(BRASIL, 2018) e suas convergências com o macroprojeto de internacionalização da
educação básica, considerando os construtos balizadores no documento para o ensino de
inglês, principalmente o Inglês como Língua Franca (ILF) (JORDAO, 2014; DUBOC,
2019; DUBOC; SIQUEIRA, 2020). Utilizou-se, para coleta de dados, entrevistas
semiestruturadas e gravadas com dois professores de inglês de um Instituto Federal de
educação do nordeste brasileiro, a fim de tentar identificar, interrogar e interromper
(MENEZES DE SOUZA; MARTINEZ; FIGUEIREDO; 2019) possíveis práticas
educativas excludentes. Os docentes foram convidados a responder três perguntas
relacionadas ao tema da pesquisa e a relatar uma breve sequência didática com base na
ideia de ILF. Resultados apontaram que, embora os docentes colaboradores já tenham
algum conhecimento prévio sobre língua franca, eles encontram dificuldades em articular
as complexidades políticas, históricas e socioeconômicas apresentadas no documento-
base ao ensino de línguas crítico e emancipatório. Tais docentes percebem alguns
avanços recentes relacionados aos materiais didáticos e ao desenvolvimento de um
ambiente educacional mais voltado à consciência intercultural, à valorização da Língua
Inglesa e ao processo de internacionalização da educação básica. Contudo, muitas vezes,
o ensino de Língua Inglesa ainda reproduz práticas colonizadoras em sala de aula.
_________________
1. Professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Educação do Maranhão (IFMA). Bolsista da Fundação de
Amparo à Pesquisa do Maranhão (FAPEMA). Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Linguística da
Universidade de Brasília (PPGL-UnB). São Luís – MA. E-mail: [email protected]
2. Professor Associado da Universidade de Brasília (UnB). Pesquisador convidado da Stanford University, nos Estados
Unidos. Brasília – DF. E-mail: [email protected]
64
MULTILETRAMENTOS, INTERAÇÕES TECNOLINGUAGEIRAS E A
DIALÉTICA DA OPRESSÃO E DO ATIVISMO
Resumo
Este trabalho tem como objetivo discutir de que modo as interações tecnolinguageiras
materializam a dialética da opressão e do ativismo, categoria teórico-metodológica
cunhada por Patrícia Hill Collins, em Pensamento Feminista Negro (2019). Tal categoria
nomeia a tensão entre a opressão sofrida e o ativismo exercido. Pretende-se, assim,
analisar uma situação de interação tecnolinguageira (PAVEAU, 2021) que ocorre a partir
de uma notícia sobre o racismo institucional sofrido pela passageira de uma companhia
aérea. A análise permite observar o caráter interseccional da opressão (COLLINS;
BILGE, 2021), uma vez que diferentes marcadores podem ser identificados, como raça,
gênero e classe social, ademais, para além da opressão, a mesma situação de interação
aponta para discursos de resistência e ativismo. Nesse sentido, a discussão aqui
empreendida ratifica a natureza multimodal e multicultural dos Multiletramentos, uma
vez que a significação é construída a partir da mobilização de diferentes recursos
semióticos, evidenciando a dinamicidade na construção de sentidos e a complexidade
cultural em uma situação de interação em contexto digital (PAVEAU; COSTA;
BARONAS, 2021).
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1. Docente da Universidade Federal do Acre. E-mail: bruna.carolini@ufac
65
A LÍNGUA OUTRA QUE (NOS) PERTENCE
Resumo
As identidades modernas, a partir de uma institucionalização monolíngue, voltam-se
constantemente a políticas impositivas derivadas de processos colonizadores pautados em
dizimações de raças e etnias, as quais acontece(ra)m, historicamente, por meio de
genocídios físicos e culturais. Sob essa perspectiva, as línguas nacionais surgiram em
cumplicidade com o Estado (MIGNOLO, 2020) e foram um dos instrumentos utilizados
para regular os seres considerados desprovidos de humanidade (GROSFOGUEL, 2016) –
corpos colonizados. Dessa forma, a associação entre uma língua e um território foi um
dos pontos essenciais para a execução das invasões dos países colonizados. Desse ponto
de vista, a unificação territorial condizia com uma unificação linguística bem como
religiosa. Partindo de orientações decoloniais, reflexões feministas e epistemologias
indígenas, focalizando saberes construídos por pensamentos outros (WALSH, 2007), o
presente trabalho questiona os limites supostamente bem definidos entre língua materna e
estrangeira endossando posicionamentos contra-hegemônicos que encontram na
polissemia vias de significação. Para tanto, propomos uma torção na possibilidade de
pensar (sobre) as línguas que constituem nosso repertório linguístico, visionando propor a
noção de língua(s) outra(s), língua(s) esta(s) que acontece(m) na/pela heterogeneidade
constitutiva de sujeitos repletos de contradições que se manifestam inclusive – e
sobretudo – pela/na linguagem. Ao pensarmos em língua(s) outra(s), filiamo-nos a
modos de ver o mundo não centrais e descentralizados, optando por reconhecer os
processos históricos de apagamentos, de sofrimento e de atrocidades – que se atualizam
com a perpetuação das colonialidades do poder, do saber e do ser – sem, contudo, deixar
de evidenciar o papel que línguas minoritarizadas desempenha(ra)m ao resistir, insistir e
persistir para a construção de identidades. Assim, entendemos que as formas de existir e
de vir a ser no mundo, sempre perpassadas pela linguagem, são possíveis não apenas em
uma única língua, mas em línguas, atuando disruptivamente para a criação de espaços de
pertencimentos em língua(s) outra(s).
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1. Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada da Universidade Estadual de Campinas. E-
mail: [email protected]
66
(RE)CONHECENDO POVOS E CULTURAS INDÍGENAS
NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA
Resumo
Este trabalho problematiza uma proposta de percurso didático (SABOTA, 2017)
implementada durante as aulas do componente curricular de língua portuguesa na turma
do 5º ano do Ensino Fundamental II, em uma escola da rede pública de ensino, situada no
município de Pirenópolis – GO. A proposta foi desenvolvida entre os meses de março,
abril e maio, o que incluiu o debate sobre o decreto de homologação de seis territórios
indígenas e a celebração dos dias dos povos indígenas, em 19 de abril. Fatidicamente, à
época da comemoração, o Brasil estava vivenciando uma série de ameaças e massacres
em unidades de ensino em todo o país. Uma onda de violência e medo se espalhou pelas
escolas e, inspirados na história de luta e resistência dos povos originários, construímos
nossos paraquedas coloridos (KRENAK, 2019) para visualizar conflitos e desenlaces à
vista dessa data tão importante. Em consonância com a perspectiva decolonial
(QUIJANO, 2005; MIGNOLO, 2017; WALSH, 2018), buscamos por meio desse
percurso didático ampliar o (re)conhecimento dos repertórios culturais e linguísticos dos
estudantes, promovendo práticas de letramentos (STREET, 2014; KLEIMAN, 2014) que
envolveram a leitura de livros literários de autoria indígena, contação de histórias,
produções textuais, exibição e produção de vídeos e confecção de cartazes. Neste cenário,
os saberes ancestrais foram trazidos à baila como potencial contra hegemônico das
formas de ver, viver e imaginar o mundo e a linguagem. Acreditamos que essa
experiência tenha possibilitado a construção de sentidos outros a respeito dos povos e das
culturas indígenas e contribuiu significativamente com o ensino crítico de língua
portuguesa no contexto em que foi realizado estudo.
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1. Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem da Universidade Federal do Mato Grosso. E-
mail: [email protected]
2. Docente no Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem da Universidade Federal do Mato Grosso. E-
mail: [email protected]
67
PROGRAMA BILÍNGUE PORTUGUÊS INGLÊS NO ENSINO
PRIVADO: UM BRAÇO DA COLONIALIDADE?
Resumo
O ensino de Língua Inglesa nas redes privadas no Brasil tem recebido uma nova
nomenclatura em exigência à demanda de mercado: os “programas bilíngues”. Com o
objetivo de entender de onde vem a voz que prescreve os currículos dos programas, a
quem ele interessa e, principalmente, de que forma ele se compromete ou não com a
colonialidade que se instaura no ensino da Língua Inglesa, esta pesquisa se valeu da
análise crítica das Diretrizes Nacionais para a Educação Bilíngue no Brasil (parecer
CNE/CEB nº 2/2020, de 09 de julho de 2020), das propostas feitas por cinco editoras que
oferecem o programa bilíngue em seus materiais didáticos e em seus sites oficiais, assim
como de três empresas educacionais que oferecem soluções terceirizadas para a
modalidade. Além disso, através de uma abordagem qualitativa, foram ouvidas, por meio
de um grupo focal, seis professoras de seis estados diferentes que ensinam em escolas que
oferecem um programa bilíngue, para compreender o que elas entendiam como programa
bilíngue. Quanto à premissa da colonialidade da língua, governabilidade dos sujeitos e
conceitos fundantes sobre educação bilíngue, nos valemos da pesquisa bibliográfica
pautada por teóricos que discutem tais temas. Os resultados das análises quanto à
legislação apontam para a acentuação das desigualdades sociais, uma vez que a Diretriz
atende somente às demandas de escolas privadas. Quanto às empresas e editoras, as
soluções apresentadas apontam um encapsulamento curricular que visa atender à urgente
demanda de mercado, uma vez que a sequência curricular é apontada por elas. Quanto às
docentes, a indefinição quanto ao fazer docente se acentuou nas respostas dadas. Sendo
um produto do mercado para o mercado, a colonialidade tem passagem livre nestes
programas, servindo fortemente para a reprodução social hegemônica colonial.
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1. Doutoranda em Estudos da Linguagem pelo CEFET MG. Docente de Língua Inglesa na educação básica. E-mail:
[email protected]
68
O MEME, AS TDICs E A COLABORAÇÃO NO ENSINO
DE LÍNGUA INGLESA BASEADO EM TAREFA
Resumo
Com o crescente avanço das Tecnologias Digitais, as quais estão presentes em nossas
rotinas de maneira ubíqua, a Língua Inglesa tem sido amplamente requisitada em
inúmeras práticas sociais conectadas à internet. Dessa forma, o ensino-aprendizagem de
inglês como língua adicional tornou-se imprescindível, inclusive sendo amparado pelas
Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDICs), bem como pelos Estudos
de Letramentos (KALANTZIS; COPE; PINHEIRO, 2020). O objetivo, portanto, deste
trabalho, é apresentar resultados parciais de um projeto de doutorado em andamento, com
foco em um recorte de parte de um workshop, intitulado Collaborative Memes Workshop,
elaborado e desenvolvido no âmbito da Educação de Jovens e Adultos integrada à
Educação Profissional e Tecnológica (EJA/EPT), por meio de um projeto de ensino. O
workshop foi construído com base nos conceitos de colaboração e mediação (LANTOLF;
THORNE, 2006; LANTOLF et al., 2015; FIGUEIREDO, 2019) desenvolvidos em
estudos da Teoria Sociocultural (VYGOTSKY, 1978; LANTOLF, 2000). A abordagem
do estudo é qualitativa, pois busca interpretar, através de um estudo de caso, o
desenvolvimento dos letramentos dos estudantes ao desempenharem, colaborativamente e
por meio das TDICs, tarefas de leitura e produção do gênero meme em ambiente digital.
A opção pelo termo “tarefa” (ELLIS, 2018; ELLIS; SHINTANI, 2014) é uma escolha a
qual indica que a avaliação é observada a partir do propósito comunicativo alcançado
(com foco no sentido, onde há um resultado comunicativo claramente definido) e não,
necessariamente, da acurácia da resposta. Por meio de TDICs, como o Ambiente Virtual
de Aprendizagem (AVA) Moodle, WhatsApp, Google Meet, Google tradutor, Grammarly,
Oxford Learner’s Dictionaries, Meme Generator ZomboDroid dentre outras, os
participantes foram instigados a ler, compreender e produzir memes em Língua Inglesa,
de forma autônoma, buscando desenvolver uma atitude crítica e ética quanto à produção e
ao compartilhamento de conteúdo na rede.
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1. Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada da Universidade do Vale do Rio dos Sinos
(UNISINOS). Professora de Línguas Inglesa e Portuguesa e Literatura do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia Sul-rio-grandense (IFSUL). E-mail: [email protected]
69
LACS EM PROGRAMAS DE FORMAÇÃO DOCENTE PARA O EMI
Resumo
O Inglês como Meio de Instrução (EMI) é um tema em expansão que tange questões de
internacionalização, política de línguas, educação em línguas adicionais e formação
docente, inclusive na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Neste trabalho,
apresento uma análise de três programas de curso de formação docente para o EMI na
Educação Superior baseada nos Letramentos Acadêmicos (LAcs). EMI é entendido aqui
como o emprego de inglês na mediação do ensino e da aprendizagem de conteúdos
disciplinares em instituições onde o inglês não é língua materna da maioria das pessoas.
Os LAcs configuram um modelo de pesquisa e ensino de práticas comunicativas em
contextos disciplinares específicos e consideram as questões de poder, de autoridade e de
identidades que as transpassam. A partir da leitura de textos fundantes dos LAcs e
discussão no grupo de pesquisa, uma lista de itens léxico-gramaticais para orientar a
análise foi organizada de acordo com proximidade com os modelos habilidade de
estudos, socialização acadêmica e LAcs. O corpus foi coletado na web e é composto por
três programas de cursos oferecidos internacionalmente. A análise sugere que os
programas parecem indicar maior proximidade ao modelo de socialização acadêmica,
cujo interesse está no fornecimento de meios para que as pessoas desenvolvam alguns
letramentos como forma de se aculturarem aos discursos e gêneros da academia, os quais
dariam acesso à cultura acadêmica de forma ampla, sem focar em aspectos disciplinares
mais específicos nem nas relações e tensões de poder dentro de uma instituição. Tais
resultados são relevantes para a compreensão do grupo sobre alguns aspectos de
formação docente para o EMI e para o desenvolvimento de proposta de formação docente
local a partir de uma visão crítica de letramento em língua adicional.
_________________
1. Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Santa Maria. E-mail:
[email protected]
70
EXPERIÊNCIAS DE INTERNACIONALIZAÇÃO EM CASA NO CURSO DE
LETRAS UPF: CURRICULARIZAÇÃO DA PESQUISA E DA EXTENSÃO
Luciane Sturm1
Jancileidi Hübner2
Cleo Pletsch3
Resumo
No contexto pós-pandêmico, a partir da concepção de internacionalização abrangente, as
disciplinas do curso de Letras, da Universidade de Passo Fundo (UPF) vêm ampliando
projetos de Internacionalização em Casa (IeC), com ações voltadas à Internacionalização
do Currículo (IC), dimensão fundamental para a IeC. O intuito é promover o
desenvolvimento das competências internacionais e interculturais, bem como a ampliação
do pensamento crítico e da compreensão/visão de mundo dos acadêmicos. Assim, o
objetivo deste trabalho é discutir esses projetos que envolvem ensino, pesquisa e
extensão, cujos propósitos específicos visam a qualificação da formação de professores
de Língua Inglesa para a cidadania global. Os projetos estão alinhados aos ODSs, com
ênfase na perspectiva plurilíngue e vinculados às disciplinas de Língua Inglesa,
linguística aplicada, práticas de ensino e estágio, como propostas de curricularização da
pesquisa e da extensão no curso; são eles: Uma noite pelo mundo: diversidade cultural na
UPF; Knowing our students, knowing ourselves – Future teachers (KOSKO); Ensino de
português como língua adicional e de acolhimento; Democratização da iniciação
científica no curso de Letras: ensino e aprendizagem de Língua Inglesa. Os dados gerados
pelas narrativas e avaliações dos participantes evidenciam resultados positivos
importantes para a formação inicial dos futuros professores, em geral. A IeC conectada à
IC pode contribuir para ampliar as competências, preparando profissional, social e
emocionalmente, os estudantes para o seu desempenho num contexto internacional,
plurilíngue e multicultural.
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1. Professora do curso de Letras e Programa de Pós-Graduação da Universidade de Passo Fundo, doutora em
Linguística Aplicada pela UFRGS. E-mail: [email protected]
2. Professora do Curso de Letras da Universidade de Passo Fundo, mestre em Estudos Linguísticos. E-mail:
[email protected]
3. Professora do Curso de Letras da Universidade de Passo Fundo, mestre em Letras. E-mail: [email protected]
71
(RE)APRENDENDO A ENSINAR: A EXPERIÊNCIA DE ELABORAR UM
MINICURSO DE PLAC PARA IMIGRANTES DE PASSO FUNDO
Resumo
A língua, muito além de uma ferramenta para comunicação, afeta a relação do sujeito
consigo mesmo, sua autoimagem e autoestima, bem como é imprescindível para a
construção de laços socioculturais entre o falante e sua comunidade, e para a inserção no
mercado de trabalho de forma digna. Para refugiados, tais conexões são interrompidas
abruptamente e surge a necessidade de uma rápida aquisição de uma nova língua,
necessidade que abre caminho ao ensino de Português como Língua de Acolhimento
(PLAc). O PLAc refere-se ao processo de ensino-aprendizagem da Língua Portuguesa
para imigrantes em situação de migração forçada – refugiados – e, por conta disso,
constitui-se como uma especialidade transdisciplinar que implica um contínuo diálogo
entre diversas esferas do conhecimento, como, por exemplo, a História, Ciências Políticas
e Sociais, Geografia, etc. (LOPEZ; DINIZ, 2018; MIRANDA; LOPEZ, 2019). De tal
modo, este trabalho tem como objetivo relatar a experiência da elaboração de um
minicurso de PLAc, como projeto de extensão, para refugiados e imigrantes por
acadêmicos do curso de Letras na Universidade de Passo Fundo (UPF). Tal proposta
surgiu como uma construção coletiva durante o desenvolvimento da disciplina de Tópicos
em Linguística Aplicada, resultando em uma práxis embasada pelo referencial teórico
sobre PLAc. As aulas do minicurso, que possibilitaram uma prática docente significativa
aos finalistas do curso de Letras, bem como uma ação comunitária no contexto de
imigrantes e refugiados de Passo Fundo e região, foram ministradas em maio e junho de
2023, totalizando 12h. Com o auxílio da professora, essas horas, divididas em cinco
aulas, foram planejadas e ministradas pelos acadêmicos para 17 imigrantes. Nesta
apresentação, abordaremos o processo de construção, os objetivos, expectativas e
resultados do minicurso.
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1. Graduando no Curso de Letras da Universidade de Passo Fundo (UPF). Bolsista de Iniciação Científica (CNPq). E-
mail: [email protected]
2. Graduando no Curso de Letras da Universidade de Passo Fundo (UPF). E-mail: [email protected]
3. Docente no Curso de Letras da Universidade de Passo Fundo (UPF). E-mail: [email protected]
72
BOOK SWAPPING: UMA EXPERIÊNCIA DIALÓGICA NA
SALA DE AULA DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
Resumo
Este trabalho objetiva apresentar uma experiência didática em Língua Inglesa realizada
com alunos do 2º ano do ensino médio de uma escola pública da cidade de Goiânia,
Goiás. Trata-se de uma proposta didática em que os alunos tiveram que escolher um livro
literário de sua preferência para participar de um evento de troca de livros (book
swapping) com os colegas de sala. Os livros foram embalados por eles e, para chamar a
atenção dos participantes do evento, cada aluno selecionou palavras-chave em inglês que
pudessem descrever a obra e ilustraram a embalagem. Foi dada a oportunidade para cada
aluno apresentar oralmente a obra que levaram, os livros foram dispostos em um espaço
para que cada um pudesse escolher algum de seu interesse, e após a troca e de terem lido
o livro, foi solicitado aos alunos que se reunissem em duplas e redigissem uma resenha
crítica. A experiência didática está ancorada no conceito de dialogia concebido por
Bakhtin (1997) e na aprendizagem colaborativa tal como proposta por Swain (1995) e
Figueiredo (2001; 2018). Os alunos demonstraram interesse e engajamento nas atividades
solicitadas. Além de possibilitar um aperfeiçoamento linguístico-discursivo, a experiência
didática aqui descrita favoreceu o incentivo à leitura e a troca de experiências entre os
aprendizes.
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1. Docente no Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação (CEPAE-UFG). E-mail: [email protected]
73
OS ODSs NA AULA DE INGLÊS PARA O
DESENVOLVIMENTO DA CIDADANIA GLOBAL
Lauren Bertoglio1
Luciane Sturm2
Resumo
As complexidades que envolvem o ensino das línguas adicionais no ambiente de ensino
regular despertam interesse crescente e se constituem como campo fértil para pesquisa,
em especial, com relação à Língua Inglesa (LI), evidenciando desafios aos professores.
Em paralelo, os debates sobre Cidadania Global (CG) e o protagonismo dos jovens no
mundo globalizado estão cada vez mais iminentes. Diante desse cenário, o estudo teve
início no Grupo Democratização da Iniciação Científica no Curso de Letras – Ensino e
Aprendizagem de Língua Inglesa, em 2021, envolvendo, também, as disciplinas de
Prática de Ensino e Estágio. Esta comunicação tem como propósito apresentar e discutir
uma Sequência Didática (SD) que foi construída para o oferecimento de um workshop,
levando-se em conta a necessidade de propostas de ensino de inglês engajadas nas
demandas sociais contemporâneas. A SD foi construída à luz do Interacionismo
Sociodiscursivo (ISD), considerando-se o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 16 –
Paz, Justiça e Instituições Eficazes, e o uso de gêneros autênticos como a letra de música
e citação. O ISD defende o ensino e aprendizagem contextualizados, onde a SD se
constitui como uma ferramenta para a ampliação das Capacidades de Linguagem (CL),
para a atuação social plena e consciente. Dessa forma, essa proposta articula práticas de
linguagem que favorecem o papel do cidadão global e o exercício tangível de uso da
língua com uma finalidade específica. Apesar de não ser um estudo conclusivo, a SD foi
validada em uma turma de 8º, com evidências consistentes de que as demandas sociais
podem e devem estar presentes na sala de aula de LI, ampliando o sentimento de
pertencimento cidadão dos estudantes, promovendo o desenvolvimento do pensamento
crítico e suas competências socioemocionais, bem como, as CL, enquanto se aprende o
novo idioma.
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1. Estudante do Curso de Letras da Universidade de Passo Fundo (UPF), professora de Inglês em Tapejara/RS. E-mail:
[email protected]
2. Orientadora do estudo. Professora do Curso de Letras e Programa de Pós-graduação em Letras (UPF)
74
AS REPRESENTAÇÕES DE LÍNGUA EM DOCUMENTOS OFICIAIS
EDUCACIONAIS NO ÂMBITO NACIONAL: UMA ANÁLISE INICIAL
Resumo
A adoção de currículos e programas bilíngues representa um fenômeno crescente no
contexto escolar nacional. Nesse sentido, amplia-se a demanda e a oferta de línguas
adicionais, principalmente a Língua Inglesa, nos mais diferentes contextos educacionais
no Brasil. Dessa forma, esse trabalho tem como objetivo apresentar uma análise inicial
das representações linguísticas e das concepções de ensino e aprendizagem que subsidiam
alguns dos documentos oficiais que embasam o ensino de línguas adicionais em nível
nacional. Para tanto, levamos em consideração contribuições de Rajagopalan (2005),
Montemor (2013), Makoni e Pennycook (2012) e Paiva (2003) no que diz respeito ao
papel da Língua Inglesa como língua mundial diante da diversidade e da globalização
presentes no cenário atual. Nessa mesma direção, concordamos com Makoni e
Pennycook (2012, p. 439) quando estes afirmam que é nossa tarefa, como linguistas
aplicadas, difundir o entendimento acerca do multilinguismo inerente às práticas sociais
contemporâneas a fim de superar a abordagem monolíngue de origem Eurocêntrica.
Ademais, acreditamos, como afirma Paiva (2003, p. 53) que as línguas “servem de
mediadoras para ações políticas e comerciais” e como tais, podem ser utilizadas para
embasar ideologias monoglóssicas ou heteroglóssicas. Com o intuito de analisar os
documentos norteadores educacionais e nacionais, utilizamos uma abordagem de
pesquisa qualitativa interpretativista (CRESWELL, 1994; KLEIMAN; DE GRANDE,
2015) no sentido de posicionar a Linguística Aplicada “na tradição de pesquisa crítica,
que não procura apenas descrever e explicar, mas também se posicionar em relação ao
fato examinado e, ainda, oferecer encaminhamentos e soluções para os problemas
estudados” (KLEIMAN; DE GRANDE, 2015, p. 19). Como resultados prévios, foi
possível concluir que, na maioria dos documentos analisados, a Língua Inglesa é
representada como a única língua adicional mencionada, o que sugere uma perspectiva
monoglóssica da linguagem.
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1. Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Santa Maria. E-mail:
[email protected]
2. Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Santa Maria. E-mail:
[email protected]
75
REPERTÓRIOS LINGUÍSTICOS E IDEOLOGIAS DE
LINGUAGEM EM UMA TURMA DE PFOL
Resumo
Este trabalho investiga como se dá a mobilização dos repertórios por estudantes de
Português para Falantes de Outras Línguas (PFOL). O trabalho é uma etnografia da
linguagem (GARCEZ; SCHULZ, 2015; MATTOS, 2011) e os participantes da pesquisa
são migrantes de diferentes nacionalidades inscritos em uma turma de Português para
Falantes de Outras Línguas (PFOL) ofertada pelo Centro de Línguas Estrangeiras
Modernas, Celem, da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, em um colégio
público de Maringá. A pesquisa está situada na área da Linguística Aplicada no Brasil e o
enquadramento epistemológico é o da Sociolinguística Crítica, que discute como língua e
linguagem estão associadas com economia política (HELLER, 2010; HELLER;
DUCHÊNE, 2012; GARCEZ; JUNG, 2021). O foco são as ideologias da linguagem que
são coproduzidas e/ou negociadas por falantes a partir de seu repertório linguístico
(BLOMMAERT; BACKUS, 2013) e dos valores e crenças que associam aos usos da
linguagem em práticas situadas. Os métodos utilizados no trabalho de campo foram
observação participante, vinhetas narrativas e entrevistas semiestruturadas. Como
resultados, verifica-se que os estudantes mobilizam recursos de seus repertórios
linguísticos, como figuras, Google tradutor, dicionário, aspectos culturais e música, não
apenas para compreenderem o contexto em que se encontram, mas também com o
propósito de entenderem e se fazerem entendidos nas aulas, além disso o uso de
translinguagem (LUCENA; NASCIMENTO, 2016; GARCÍA; SYLVAN, 2011) é
recorrente em sala. Os dados mostraram ainda que os alunos não só possuem repertórios
diversificados, mas também reconhecem que as línguas têm valores diferentes em cada
contexto. Por fim, verifica-se que os estudantes coconstroem ideologias de linguagem
ligadas à padronização linguística, quando buscam a aprendizagem e a certificação do
curso e as tensionam quando trazem sua diversidade linguística para marcar questões de
pertencimento e negociar identidades.
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1. Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade de Estadual de Maringá. E-mail:
[email protected]
2. Docente no Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade de Estadual de Maringá. E-mail:
[email protected]
76
ESTÁGIO DE ENSINO DE PORTUGUÊS NA POLÔNIA E A
INTERNACIONALIZAÇÃO DO PROFISSIONAL DE LETRAS
Resumo
A Língua Portuguesa (LP) tem ganhado espaço no cenário mundial, considerando que
pessoas em diferentes países se interessam em estudar a variante brasileira e conhecer
nossa cultura. Nesse cenário favorável à diversidade linguística e à comunicação global,
em um mundo cada vez mais conectado, o ensino Português como Língua Adicional
(PLA) é mais uma possibilidade para o graduado em Letras. Nesse contexto, este trabalho
tem como objetivo apresentar o relato de uma experiência de estágio curricular não
obrigatório de PLA, no exterior, de duas estudantes de graduação, do Curso de Letras
Português/Inglês, da Universidade de Passo Fundo (UPF). Esse estágio, que contribuiu
para o processo de internacionalização do currículo de Letras, foi realizado nos meses de
outubro e novembro de 2022, no curso de Estudos Portugueses/Estudos de Português
Brasileiro, na Universidade Maria Curie Sklodowska (UMCS), em Lublin, Polônia, a
partir de acordo de cooperação entre a UPF e a UMCS. Com o aporte teórico da
Linguística Aplicada – ensino e aprendizagem de língua adicional, o estágio teve como
temática: “Língua, literatura, cultura e arte popular: o Brasil e suas faces”, com o
propósito de trabalhar os usos e particularidades da variante brasileira, visando
proporcionar aos estudantes da UMCS, a interação com diferentes gêneros de textos
autênticos, a partir de temáticas culturais do estado do Rio Grande do Sul e do Brasil.
Nesta apresentação, tratamos o percurso de todo o trabalho realizado, desde o
planejamento prévio, ainda no Brasil, bem como o período de observação de aulas, as
conversas com os professores poloneses, o planejamento específico das aulas a partir das
demandas estabelecidas bem como os desafios e os resultados desta experiência.
Destacamos, ainda, a importância de um estágio desta natureza, como elemento
enriquecedor e fundamental para a qualificação da formação intercultural de professores
da área de Letras.
_________________
1. Estudante de Letras da Universidade de Passo Fundo. Bolsista voluntária de Iniciação Científica
2. Estudante de Letras da Universidade de Passo Fundo. Bolsista de Iniciação Científica – CNPq. E-mail:
[email protected]
3. Professora e pesquisadora do Curso de Letras Português/Inglês da Universidade de Passo Fundo. Doutora em
Linguística Aplicada pela UFRGS. Orientadora deste estágio. E-mail: [email protected]
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O INGLÊS COMO LÍNGUA FRANCA (ILF) NO CONTEXTO DE ENSINO E
APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS E ALGUMAS IMPLICAÇÕES
EM RELAÇÃO À FORMAÇÃO DO PROFESSOR
Resumo
Este trabalho apresenta uma discussão sobre o significado do Inglês como Língua Franca
(ILF) no contexto de ensino e aprendizagem de línguas e as implicações em relação à
formação do professor. À luz da linguística aplicada, o estudo, de natureza qualitativa,
caracterizado como bibliográfico e documental, problematiza os conceitos de língua
franca e Global English, buscando a compreensão sobre a propagação da língua a nível
mundial, a partir da teoria dos três círculos de Braj Kachru e o surgimento dos World
Englishes. Além disso, investigou-se o ensino de ILF e a relação com a formação do
profissional de Letras, discutindo o mito do falante nativo (the myth of the native
speaker). Com isso, questiona-se o estigma de que, ao falar a Língua Inglesa, o indivíduo
deve ter como meta atingir a pronúncia exata de um nativo americano ou britânico, por
exemplo, considerados falantes do “inglês puro”. O estudo evidencia a necessidade de um
olhar voltado à multiculturalidade e à descentralização do sotaque americano e britânico
no ensino e no aprendizado de inglês nas escolas em geral. Nesse sentido, cabe considerar
que os usuários de inglês na atualidade podem interagir com a pluralidade de falantes de
inglês em todo o mundo, por meio de diferentes plataformas digitais, além de
presencialmente. Com isso, o professor fica desafiado a promover propostas ou modelos
de ensino mais inclusivos e diversificados, levando à sala de aula as variantes de inglês
usadas em diferentes regiões do globo.
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1. Estudante do Curso de Letras da Universidade de Passo Fundo (UPF), professora de Inglês em Guaporé/RS. E-mail:
[email protected]
2. Orientadora do estudo. Professora do Curso de Letras e Programa de Pós-graduação em Letras (UPF)
78
O PAPEL DO INTERCÂMBIO VIRTUAL NA FORMAÇÃO
DE PROFESSORES DE LÍNGUAS ADICIONAIS
Resumo
Diante do momento educacional brasileiro em que os parâmetros nacionais para a
internacionalização das escolas ocupam cada vez mais um lugar de reflexão e
visibilidade, conhecimentos internacionais e interculturais tomam maior espaço na
formação dos futuros professores de língua adicional. Sabendo do papel deste
profissional da educação como agente na formação dos estudantes para o exercício da
cidadania global, o objetivo deste trabalho é relatar uma experiência de intercâmbio
virtual entre uma turma de futuros professores de Língua Inglesa da Universidade de
Passo Fundo e uma turma de futuros professores da Universidade Marista de
Poughkeepsie nos Estados Unidos. O projeto, desenvolvido na disciplina de Prática de
Compreensão e Produção Oral em Língua Inglesa, contou com quatro fases, nas quais os
estudantes puderam refletir sobre o que é ser professor nos dias atuais, sobre as diferenças
entre os sistemas educacionais de ambos os países e, principalmente, sobre o uso do
inglês por nativos e não nativos ao redor do mundo na perspectiva voltada à educação e à
cidadania, sempre respeitando e valorizando as variações e sotaques. Diante do exposto,
vivenciar essa troca entre turmas de dois contextos tão diferentes, mas com objetivos em
comum, oportunizou aos futuros professores brasileiros e americanos momentos em que
puderam ampliar seus conhecimentos de mundo e utilizar a Língua Inglesa em um
contexto de interações reais repleto de significação. Esta rica vivência proporcionada pela
universidade, democratiza o acesso a interações internacionais e é de suma importância
para a formação de novos professores de línguas adicionais que, partindo desta
experiência, podem vir a ser agentes da internacionalização das escolas no posterior
exercício da docência.
_________________
1. Graduanda em Letras Português/Inglês da Universidade de Passo Fundo. E-mail: [email protected];
[email protected]
2. Graduanda em Letras Português/Inglês da Universidade de Passo Fundo. E-mail: [email protected]
3. Professora do Curso de Letras Português/Inglês da Universidade de Passo Fundo. Mestre em Estudos Linguísticos
pela UFFS. Coordenadora deste projeto. E-mail: [email protected]; [email protected]
79
A FORMAÇÃO DECOLONIAL E ANTIRRACISTA DE DOCENTES DE LA EM
PAISAGENS PLURAIS: UMA REFLEXÃO SOBRE A NECESSIDADE
URGENTE DE UMA PRÁXIS RELEVANTE PARA O SUL GLOBAL
Resumo
Nesta comunicação oral, duas professoras-pesquisadoras negras refletem sobre suas
práxis em contextos plurais e sobre a urgência de seguirem difundindo a importância da
formação de mais docentes de língua adicional engajados com a decolonialidade e o
antirracismo, a fim de se desenvolver um fazer educacional que alcance uma grande e
profunda transformação social. Fazer este pautado na ideia de que sem justiça cognitiva
global não há justiça social global (SANTOS, 2007). Rumo a essa tão sonhada justiça
cognitiva e social – que só é possível por meio da adoção de práticas decoloniais –,
experiências vividas em distintas paisagens educativas por essas duas docentes
(CLANDININ; CONNELLY, 2011) são compartilhadas objetivando fomentar discussões
sobre os múltiplos cenários onde se dá a Educação Plurilíngue que, a partir de um olhar
epistemológico voltado para o Sul Global, reconhece e valoriza os diversos repertórios
linguísticos e culturais presentes nas salas de aula. Do mesmo modo, é feito um convite
ao aprofundamento na reflexão sobre discriminações raciais estruturais e para que se
assuma a responsabilidade pela transformação do estado das coisas (RIBEIRO, 2019).
Por fim, as professoras-pesquisadoras compreendem como imprescindível observar-se a
práxis e comprometer-se com a formação de (mais) docentes de língua adicional que se
engajem em ações críticas e emancipatórias, que visem promover uma educação
decolonial, antirracista e, sobretudo, emancipatória.
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1. Docente de Língua Inglesa na SME-RJ. Mestra no Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro. E-mail: [email protected]
2. Professora particular de inglês. Mestra no Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade do Estado do
Rio de Janeiro. E-mail: [email protected]
80
AS AÇÕES PEDAGÓGICAS EM LA PARA POTENCIALIZAR O SER
PLURILÍNGUE NAS PERIFERIAS INVISÍVEIS DO RIO DE JANEIRO
Resumo
Amparado no olhar de uma educação pública decolonial e plurilíngue, este trabalho
reflete a conexão entre a teoria crítico-reflexiva e a experiência docente das autoras em
algumas escolas públicas nas periferias da cidade do Rio de Janeiro, ao longo dos últimos
anos de atuação no Programa de Escolas Vocacionadas Bilíngues pela Secretaria
Municipal de Educação (SME-RJ), onde as tentativas de potencializar o acesso a
diferentes línguas por sujeitos em grande vulnerabilidade social, principalmente, em
territórios conflagrados, ainda é visto como uma afronta para os olhares nos espaços
privilegiados, revelando assim as principais dificuldades e limitações para ampliação da
mobilidade sociocultural. Com o advento da pandemia de Covid-19, as questões mais
urgentes das necessidades mínimas para o bem-estar humano impactaram diretamente na
construção dessa roupagem por justiça social dentro do processo de ensino e aprendizado
de línguas adicionais. Logo, resgatar a identidade desses sujeitos por meio de suas
vivências, protagonismo e historicidade impulsiona a ampliação das discussões,
desconstruções e o fomento para grandes avanços em pesquisas nesse ramo (SANTOS,
2022; PENNYCOOK; MAKONI, 2020; MEGALE, 2019; 2021; entre outros). Com isso,
busca-se apresentar possibilidades de ações pedagógicas em Língua Adicional (LA), que
potencializem o ser plurilíngue a se desvencilhar dessa sombra latente da invisibilidade,
no anseio por políticas públicas e políticas linguísticas efetivas, na tentativa constante de
diminuir cada vez mais o abismo entre exclusão e inclusão social.
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1. Docente de Língua Inglesa na SME-RJ. Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade
do Estado do Rio de Janeiro. E-mail: [email protected]
2. Docente de Língua Inglesa na SME-RJ. Mestra no Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro. E-mail: [email protected]
81
REPENSANDO A AULA DE LÍNGUA ADICIONAL:
PERSPECTIVA INTERCULTURAL CRÍTICA
Resumo
A dimensão cultural relacionada a língua tem sido tema de discussão nas pesquisas em
Linguística Aplicada que, reconhecendo sua importância no processo de ensino-
aprendizagem de línguas adicionais, tem buscado analisar seu espaço e abordagem na
sala de aula. Na contemporaneidade, com o crescimento da interação entre sujeitos de
diferentes culturas à nível local, regional e global, as diferenças e igualdades entre os
sistemas culturais são frequentemente postas em evidência, e as representações sociais
adquirem caráter mais dinâmico, evidenciando a necessidade de desenvolvimento de uma
interação mais dialógica entre os indivíduos de diferentes realidades. No contexto da aula
de línguas, a proposta intercultural configura-se como uma abordagem que possibilita
maior abertura para a valorização das diferenças e igualdades socioculturais. Assim, a
presente pesquisa tem por objetivo investigar o papel da abordagem intercultural no
processo de ensino-aprendizagem de língua adicional, no contexto da sala de aula de
língua francesa, na Educação Básica, em uma escola pública na cidade do Rio de Janeiro,
como possibilidade de promover uma formação crítica de respeito à pluralidade. A base
teórica fundamenta-se nos estudos que tratam da abordagem intercultural no ensino e
aprendizagem (ABDALLAH-PRETCEILLE, 1996; 2005; KRAMSCH, 2009; CANDAU,
2012; 2016), nos estudos sobre língua e cultura (DOURADO; POSHAR, 2010), assim
como nos conceitos sociolinguísticos de língua (BAGNO, 2007; CALVET, 1993) e
representação (MOSCOVICI, 2002; PEREIRA; COSTA, 2012). Este trabalho se
caracteriza como uma pesquisa ação participante (BRANDÃO, 1981), (THIOLLENT,
2011), de base qualitativa interpretativista (BORTONI-RICARDO, 2008), na qual
utilizam-se questionários, diários de pesquisa e entrevistas como instrumentos de
levantamento de dados. Espera-se que os resultados deste estudo possibilitem
compreender em que medida a abordagem intercultural pode contribuir para uma
formação crítica, reflexiva e de valorização da pluralidade. Pretende-se ainda que ele
contribua com a formação de professores, auxiliando a repensar a abordagem cultural e
social na aula de línguas.
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1. Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. E-mail:
[email protected]
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O STANCE TRANSLÍNGUE DE PROFESSORES: CONSTRUÇÃO
COLABORATIVA DE APRENDIZAGENS EM UM CENÁRIO
ESCOLAR MIGRATÓRIO NO SUL DO BRASIL
Anamaria Welp1
Eliane Pereira da Silveira2
Resumo
Em um mundo de crescente diversidade, a educação linguística deve transcender as
abordagens tradicionais de educação e contribuir para a formação de cidadãos engajados
em uma sociedade mais equitativa. Nesse cenário, a teoria da translinguagem emerge
como uma perspectiva diferenciada acerca da educação linguística, sobretudo para
comunidades marginalizadas linguisticamente, uma vez que coloca os estudantes e seus
repertórios no centro do processo de aprendizagem. Ao fomentar a conscientização da
identidade bilíngue e promover a união entre língua e conteúdo sem fronteiras
curriculares, a translinguagem busca promover a justiça social, enquanto oferece uma
abordagem crítica à educação linguística. O presente trabalho relata uma investigação do
stance translíngue de professores de diferentes componentes curriculares em um encontro
de formação colaborativa na Escola das Pontes, uma escola localizada em Porto Alegre,
RS, e frequentada por estudantes locais, imigrantes e refugiados, predominantemente
originários do Haiti e da Venezuela. O objetivo do encontro foi criar um espaço de escuta
no qual os professores pudessem relatar vivências cotidianas, práticas e desafios na
escola. Consoante à pesquisa crítico-colaborativa na formação docente, a geração de
dados incluiu observação participante, notas de campo e gravação de áudio e vídeo. Os
dados foram transcritos, codificados e submetidos à análise de conteúdo. Os resultados
apontam que os professores aderem à perspectiva translíngue, uma vez que relatam
utilizar os repertórios dos estudantes para trabalhar língua e conteúdo, investindo na
educação integral dos sujeitos através da valorização de suas formas de conhecimento e
celebrando a diversidade cultural e linguística em sala de aula para promover
aprendizagens significativas. Os relatos dos professores evidenciam que a aprendizagem
em suas salas de aula não é hierarquizada, pois docentes e estudantes aprendem uns com
os outros a partir do que cada um traz para a interação.
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1. E-mail: [email protected]
2. E-mail: [email protected]
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TEMPOS DE APRENDIZAGEM NA FORMAÇÃO DE
PROFESSORES DE LÍNGUAS
Resumo
Este trabalho tem por objetivo investigar de que maneira um grupo de estudantes do
curso de Letras de uma universidade pública, que está desenvolvendo seus estágios nos
semestres de retomada de aulas presenciais em um contexto pós pandemia, significa, por
meio de suas performances narrativas, a sua experiência de tornar-se professor/a de
línguas. A hipótese que conduz a pesquisa se baseia na ideia de que diante de tantas
dificuldades enfrentadas pelos/as universitários/as, é necessário ouvir suas narrativas de
dor, a fim de desenvolver estratégias de formação que coadunem com as possíveis
identidades docentes que vão emergir permeadas por esse contexto. A metodologia
empregada está centrada na análise de narrativas, metodologia de pesquisa qualitativa que
parte do princípio de que narrar não é apenas uma forma de se obter informações sobre
quem se é; narrar é um evento social construído na interação, constitutivo de nossas vidas
cotidianas e que nos permite perscrutar aspectos da constituição do eu na vida social. As
análises são conduzidas sob o pano de fundo da decolonialidade, no sentido de tentar
escapar à lógica de saberes produzidos no Norte global, sob um viés colonial, capitalista e
patriarcal. Foram analisadas narrativas escritas de cinco estudantes, todos/as no último
semestre de estágio de Língua Portuguesa. Levando em conta um cenário de evasão no
retorno presencial, as reflexões aqui conduzidas se debruçam sobre as dificuldades
enfrentadas pelos/as universitários/as e os motivos que os/as fizeram não desistir do
curso. A partir disso, discute-se a necessidade de se pensar práticas pedagógicas
alicerçadas em outros tempos de aprendizagem, tempos esses que fujam do imperativo
colonial, capitalista e neoliberal, calcado na eficácia e no produtivismo. Longe de tentar
propor soluções, busca-se aqui, como conclusão, um debate sobre a formação de
professores guiada por uma concepção mais artesanal do tempo e da constituição da
docência.
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1. E-mail: [email protected]
84
PROJETO CEALD: UMA PROPOSTA DE EQUIDADE NA FORMAÇÃO DE
PROFESSORE(A)S DE LÍNGUAS CRÍTICO-REFLEXIVO(A)S
Resumo
Esta palestra tem como objetivo apresentar o projeto de pesquisa e extensão CEALD –
Colaboração, Estratégias de Aprendizagem e Letramento Digital. Tanto o projeto de
pesquisa iniciado em 2013, como o de extensão iniciado em 2018 têm como objetivo
principal diminuir os índices de repetência e de evasão nos níveis iniciais do curso de
Letras. Por conta de os alunos virem de realidades muito distintas, alguns acabam tendo
mais chances de serem bem-sucedidos do que outros no curso universitário. Os dois
projetos andam juntos, uma vez que as ações extensionistas (eventos, cursos, oficinas,
palestras etc.) são as atividades intervencionistas do projeto de pesquisa. Busca-se não só
o aprimoramento linguístico, mas também uma formação inicial e/ou continuada de
professores de línguas mais crítico-reflexiva. Trata-se de uma pesquisa-ação participante
na área da Linguística Aplicada Crítica, em que não temos pesquisadores e pesquisados,
pois todos os participantes das ações desenvolvidas são convidados a refletir sobre o
processo de ensino e aprendizagem e de sua prática docente (quando já atuam como
professores) e a proporem mudanças, quando são consideradas necessárias. Além dos
questionários de avaliação das ações extensionistas, usamos como técnicas da pesquisa,
entrevistas narrativas, fóruns de discussão e vídeos preparados pelos estagiários e
monitores para a Semana de Graduação e Extensão da UERJ. O impacto social do projeto
CEALD tem crescido cada vez mais, principalmente durante a pandemia de Covid-19,
que intensificou outro tipo de desigualdade: a exclusão digital. Durante a pandemia, o
projeto contribuiu para o letramento digital de graduandos e professores, inclusive os
universitários. O embasamento teórico do estudo inclui questões sobre estratégias de
aprendizagem, multiletramentos, cibercultura, decolonidade e formação crítico-reflexiva
de professores de línguas.
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1. Diretora e Professora Associada do Instituto de Letras da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ);
Docente no Programa de Pós-Graduação em Letras da UERJ. E-mail: [email protected]
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(RE)CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS SOBRE A TRANSLINGUAGEM POR
UM COLETIVO DE PROFESSORAS DE LÍNGUA
INGLESA DO ESTADO DE GOIÁS
Dllubia Santclair1
Kleber Aparecido da Silva2
Resumo
A formação continuada de professores de línguas é uma das pautas centrais nas pesquisas
desenvolvidas no campo da Linguística Aplicada Crítica (LAC). Esta apresentação se
envolve em uma postura decolonial (REZENDE et al., 2020) com o objetivo de
estabelecer um diálogo sobre um contexto local situado de formação continuada de
professoras de Língua Inglesa do estado de Goiás, o GEPLIGO, a partir das lentes da
translinguagem. Busco identificar como as professoras (re)constroem sentidos sobre o
entendimento do que poderiam ser as práticas translíngues e suas implicações para a
agência docente. Argumento em favor da compreensão de que a translinguagem pode
favorecer a justiça social e cognitiva, tendo em vista a possibilidade de o reconhecimento
e a valorização de repertórios individuais mobilizados para produzir sentidos em
ambiente de educação linguística (CANAGARAJAH, 2013; 2017; MAKALELA, 2015;
2021) e, consequentemente, nas práticas sociais cotidianas. Essa reflexão parte de
questionamentos relacionados à visão do Brasil como um país monolíngue, onde se fala
apenas a língua portuguesa (CAVALCANTI, 2013; FINARDI, 2017) e à invenção de
línguas nomeadas simbolicamente representantes de um estado-nação. Também parte da
percepção de que as práticas linguísticas englobam outros elementos, sensoriais e
espaciais, por exemplo, além do uso intercambiável de uma língua e outra. O material
empírico é gerado e analisado, de uma perspectiva qualitativa e interpretativista, por meio
da transcrição de um dos encontros virtuais do Grupo de Estudos de Professoras de
Língua Inglesa do Estado de Goiás, a qual faz parte da minha pesquisa de doutorado no
Programa de Pós-Graduação em Linguística (PPGL) da Universidade de Brasília (UnB).
Os resultados mostram que as agentes da pesquisa ressignificam a visão de que a
translinguagem se referia apenas a alternância entre línguas e indicam a necessidade de
considerar essa perspectiva em cursos de formação inicial e continuada de professores de
línguas.
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1. Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade de Brasília. E-mail:
[email protected]
2. Docente no Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade de Brasília. E-mail:
[email protected]
86
A PRONÚNCIA DO SUFIXO -ÃO EM AULAS DE PORTUGUÊS BRASILEIRO
COM MIGRANTES HISPANOFALANTES: O MITO DO FALANTE NATIVO
Resumo
As narrativas migratórias têm se tornado um campo de estudo relevante para
compreender as experiências de migração e os desafios enfrentados pelos migrantes no
processo da educação linguística. No contexto brasileiro, a presença de migrantes
hispanofalantes tem crescido significativamente. Este estudo se concentra na agência,
identidades e emoções presentes nas narrativas migratórias no e do sul global em um
curso comunitário de português no sul do Brasil. O objetivo geral deste estudo, em
andamento, é investigar como os migrantes hispanofalantes agem no processo da
educação linguística do português brasileiro. Esta investigação utiliza uma abordagem
qualitativa, com geração de dados por meio de entrevistas semiestruturadas com
migrantes hispanofalantes participantes do curso comunitário de português brasileiro,
além das observações em sala de aula e o registro de notas no diário das professoras
voluntárias. Para esta apresentação, as observações e anotações das professoras foram
analisadas por meio da análise de conteúdo, buscando identificar padrões de agência,
identidades e emoções relacionadas às práticas linguísticas dos cursistas. Até o momento,
os resultados preliminares indicam que os migrantes hispanofalantes se sentem
desafiados com a pronúncia de alguns sons do português brasileiro, como o sufixo -ão,
inexistente na língua espanhola. Muitas vezes, a ideia de um falante nativo (COOK,
1999; CANAGARAJAH, 2013; MOITA LOPES, 2014) é associada a um padrão
inatingível de fluência e pronúncias perfeitas, criando um estereótipo inalcançável para os
aprendentes de uma nova língua. Os cursistas acreditam que experimentarão um
sentimento de pertencimento caso consigam pronunciar as palavras com o sufixo -ão
“como os brasileiros”, evidenciando assim a questão do falante nativo. Esta pesquisa
destaca a importância da agência, identidades e emoções nas narrativas migratórias
hispanofalantes.
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1. E-mail: [email protected]
2. E-mail: [email protected]
87
ANÁLISE DE CRENÇAS SOBRE EDUCAÇÃO LINGUÍSTICA NO CONTEXTO
BRASILEIRO: CONHECER E COMPREENDER PARA DECOLONIZAR
Resumo
A partir de práticas educacionais em aulas de Língua Inglesa no contexto de uma escola
pública do Rio de Janeiro, percebeu-se que as crenças sobre ensino e aprendizagem de
línguas adicionais (CEALA) dos alunos e professores influenciam de forma intensa o
processo de educação linguística. Entendendo que as crenças são dialógicas e refletem e
refratam os discursos em circulação na sociedade (ROCHA, 2010), objetivou-se fazer um
levantamento das crenças mais comuns no cenário brasileiro a fim de compreender como
se desenvolvem as CEALA discentes e docentes no referido contexto. Através de uma
abordagem qualitativo-interpretativista, foi feita uma pesquisa bibliográfica que enumera
e analisa mais de 70 estudos brasileiros que investigaram contextualmente as CEALA de
seus participantes. Os resultados apontam que tais crenças têm intensa correlação com os
pressupostos teóricos de duas abordagens de ensino de línguas que foram introduzidas no
Brasil no século XX: Método Direto e Abordagem Audiolingual (LEFFA, 1988).
Considerando que tais abordagens têm suas origens em países da Europa e nos Estados
Unidos e levando em conta toda a geopolítica global e histórico colonialista e imperialista
dessas nações, pôde-se concluir que tais métodos ajudaram a disseminar e a reforçar
ideias coloniais nas mentes dos aprendizes brasileiros, especialmente no que tange ao
papel supostamente superior do falante nativo e sua cultura. Dessa maneira, o ensino de
línguas no Brasil frequentemente atua como mais um instrumento para reforçar as
colonialidades do poder (QUIJANO, 2005), do saber e do ser (MALDONADO-
TORRES, 2007). Acredita-se que o conhecimento das CEALA mais comuns no país (e
subsequente reflexão e análise sobre elas) pode ajudar os sujeitos envolvidos na educação
brasileira a repensar os objetivos e resultados almejados na educação linguística nacional,
sem perder de vista nossa identidade e sem ignorar nosso passado colonial e nosso
presente colonialista.
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1. Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e docente no
Colégio Pedro II. E-mail: [email protected]
88
ACOLHENDO O DISSENSO EM UMA EXPERIÊNCIA TRANSDISCIPLINAR
Resumo
Esta apresentação retoma experiências vivenciadas pelas autoras durante a Next
Generation Global Studies Winter School, uma iniciativa organizada pela Universidade
de Padova (Itália), Universidade de São Paulo (Brasil) e Universidade de Leiden (Países
Baixos), para discutir questões relacionadas à democracia, globalização, comunicação e
linguagem, ocorrida entre fevereiro e abril de 2021. Neste evento, a despeito de sua
natureza crítica e transdisciplinar, percebeu-se um forte desejo por consenso, quando as
participantes de diferentes áreas (in)conscientemente buscavam a todo momento
encontrar similaridades e convergências, reduzindo as diferenças ali presentes tanto em
termos de identidade quanto de filiação ontoepistemológica. Além disso, apesar de o
evento se propor enquanto transdisciplinar, as participantes mostraram-se relutantes para
desafiar os limites de suas respectivas disciplinas. Através de suas posições como
linguistas aplicadas e de seu engajamento com perspectivas decoloniais
(GROSFOGUEL, 2016; MIGNOLO; WALSH, 2018; MENEZES DE SOUZA, 2019), as
autoras desta apresentação refletem sobre a noção de conflito e problematizam a busca
por um ideal moderno/colonial de consenso que parece persistir, inclusive em sua área de
atuação. Para tanto, dentro de um paradigma interpretativista e qualitativo de pesquisa,
trazem narrativas que exemplificam as contradições vividas durante o evento
supramencionado. Autoras como Candau (2016), Maturana (2002), Menezes de Souza e
Duboc (2021), Pennycook (2017), Sousa Santos (2018) e Walsh (2010) fundamentam sua
análise. A partir da discussão proposta, observou-se que o predomínio dos ideais
modernos/coloniais de consenso e de conhecimento dificultou sobremaneira o
engajamento pleno das pesquisadoras no sentido de transdisciplinaridade aventada pela
linguística aplicada crítica no Brasil. Ao final, as autoras enfatizam os conceitos de
tradução intercultural e interculturalidade crítica como formas potentes para acolher a
diferença, a complexidade e a contradição presentes em interações e debates que se
almejam outros.
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1. Professora adjunta no curso de Letras – Licenciatura em Língua Inglesa da Universidade Federal de Ouro Preto. E-
mail: [email protected]
2. Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Paraná. E-mail:
[email protected]
3. Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Paraná. E-mail:
[email protected]
89
ANÁLISE INTERDISCURSIVA DE ENUNCIADOS DE DAMARES ALVES
SOBRE “IDEOLOGIA DE GÊNERO”: UM ESTUDO
CRÍTICO E DECOLONIAL DO DISCURSO
Resumo
O mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro foi marcado por uma intensa agenda política
pautada no discurso de defesa dos valores éticos e morais da família tradicional, em que o
combate a uma suposta “Ideologia de gênero” no ambiente escolar foi o cerne de diversos
pronunciamentos e políticas públicas realizadas em sua gestão. Posto isso, o presente
trabalho apresenta uma discussão sobre enunciados proferidos por Damares Alves
quando ela foi ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos no governo
Bolsonaro. Apesar de não atuar no Ministério da Educação, Damares sempre destacou a
pauta educacional em seus pronunciamentos e buscou ferramentas institucionais para
combater a “ideologia de gênero” e a “doutrinação ideológica” nas instituições escolares.
Os dados analisados são de uma fala de Damares durante um seminário sobre suicídio,
automutilação e violência contra a mulher na Assembleia Legislativa de Santa Catarina
(Alesc), em Florianópolis, Santa Catarina, em agosto de 2019. A metodologia utilizada é
a Análise Crítica do Discurso, a partir da categoria Interdiscursividade do significado
representacional do discurso (FAIRCLOUGH, 2003), tendo como base os pressupostos
sobre ACD e decolonialidade (RESENDE, 2019; SILVA, 2020). Os estudos Queer darão
suporte teórico às análises, por meio de discussões realizadas sobre gênero e sexualidade
realizada por autores como Miskolci (2012), Junqueira (2018) e Bento (2019). Os
resultados apontam que, apesar de tentar não vincular a “ideologia de gênero” às
diversidades sexuais, Damares reforça o discurso de demonização dos estudos de gênero
e sexuais realizados, principalmente, por militantes LGBTQIA+, contribuindo para a
instalação de um pânico moral a partir dos seus enunciados.
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1. Doutor em Estudos de Linguagem pela Universidade Federal de Mato Grosso. E-mail:
[email protected]
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A DEPENDÊNCIA CIENTÍFICA PERPETUADA NAS DISCIPLINAS DE
INTRODUÇÃO À PESQUISA/METODOLOGIA DE PESQUISA
Pollyana Woida1
Bárbara Cristina Gallardo2
Odete Burgeile3
Resumo
Esta pesquisa bibliográfica e documental visa trazer à discussão as disciplinas de
Introdução à Pesquisa Científica e/ou Metodologia da Pesquisa Científica nos cursos de
graduação em Letras e Pedagogia em uma universidade pública da região Norte do
Brasil. Como pressuposto, a produção e circulação de conhecimento voltada à realidade
nacional é etapa imprescindível para romper com a dependência e o subdesenvolvimento
que caracteriza o país. A universidade selecionada já é analisada em uma pesquisa mais
ampla, onde se constata a redução dessas disciplinas fundamentais a tutoriais de
formatação de trabalhos e normas técnicas, em detrimento do exercício da liberdade de
pesquisa e raciocínio científico crítico e inovador. Não há atenção a problemáticas que
permeiam o fazer científico e cujo silenciamento colabora para a manutenção da
dependência: invisibilização da produção científica, línguas de ciência,
internacionalização do ensino superior, rankings internacionais, índices/indexadores,
agências de fomento, financiamento, impacto social, qualidade x quantidade, a política
científica do Estado brasileiro e o papel de cada curso. Essa ausência é indicativo do
encastelamento em que, de forma geral, vive a universidade brasileira, com áreas que não
se comunicam, impedindo avanços práticos, e externamente, com liberdade de temáticas
de pesquisa em desconexão com a realidade de um país subdesenvolvido e dependente,
sem que se concentre em soluções para problemas críticos enfrentados pela população
pagadora de impostos e que financia a universidade pública. Não se observa distinção
entre ementas nas graduações em Letras e Pedagogia, analisadas sob a perspectiva crítica,
tendo por base a teoria marxista da dependência latino-americana e contribuições de
Políticas Linguísticas, área em que algumas discussões das problemáticas citadas vem
avançando. Considera-se que tais disciplinas não preparam os estudantes para uma visão
crítica sobre a política científica brasileira, voltada a interesses estrangeiros, marcando o
caráter profundo da dependência política, econômica, cultural e científica do país.
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1. Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade do Estado de Mato Grosso, bolsista Capes-DS.
E-mail: [email protected]
2. Docente/orientadora na Graduação em Letras, campus Tangará da Serra, e no Programa de Pós-Graduação em Linguística
da Universidade do Estado de Mato Grosso. E-mail: [email protected]
3. Orientadora no Programa de Pós-Graduação Mestrado Acadêmico em Letras da Universidade Federal de Rondônia. E-mail:
[email protected]
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ESPANHOL ACESSÍVEL, TEORIA CRIP E ESTUDOS SOBRE A
DEFICIÊNCIA: POSSÍVEIS CAMINHOS PARA
DECOLONIZAR O ENSINO DE LÍNGUAS
Resumo
Apresenta-se um relato sobre o ensino da língua espanhola, no Curso de Extensão
Espanhol acessível: línguas estrangeiras em todos os sentidos. Oferta-se o espanhol em
atendimentos de estimulação visual – juntamente com profissionais da fisioterapia,
terapia ocupacional e fonoaudiologia – a crianças que necessitam da estimulação visual.
O Curso relaciona-se à Pesquisa Letramentos, Discursos e Ensino de Línguas em
Atendimentos de Estimulação Visual, que objetiva compreender os letramentos de
crianças que frequentam a estimulação visual, ao entrarem em contato com a língua
espanhola. Fundamenta a prática do Curso, as interfaces entre o campo da Linguística
Aplicada (HENNER; ROBINSON, 2021; BATTACHARYA et al., 2022), os Estudos
sobre Deficiência (MELLO; NUERNBERG, 2012; GESSER; BÖCK; LOPES, 2020) e a
Teoria Crip (GAVÉRIO, 2017; McRUER, 2006). Para o registro dos atendimentos/aulas,
utiliza-se diários de campo, filmagens e fotos. Destaca-se três questões neste Ensino de
Língua Estrangeira integrado a Estimulações Sensório-Cognitivas: a necessidade de
criação/adaptação de materiais didáticos multimodais não centrados na escrita, como por
exemplo, a Comunicação Alternativa; a (re)construção do estabelecido como avaliação da
aprendizagem em língua estrangeira, levando em conta que há participantes do curso, por
exemplo, que não se comunicam por meio da fala verbal; a inquietação com o conceito de
competência linguística, uma vez que o público com o qual se trabalha não está aí
contemplado. Para pensar essas questões, os Estudos sobre Deficiência e a Teoria Crip
trazem implicações significativas à forma como a LA trabalha, até então, conceitos como
competência, avaliação da aprendizagem e habilidades linguísticas. Do desenvolvido até
o momento, defende-se que um ensino de línguas sintonizado a práticas de linguagens
que tenham em seu arcabouço o defendido pela Teoria Crip e os Estudos da Deficiência
viabiliza o “pensar sobre” e o “fazer com” a língua estrangeira, no caminho de uma
Linguística Crip Decolonial (CANAGARAJAH, 2022).
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1. Docente no Curso de Letras da Universidade Federal do Ceará (UFC). E-mail: [email protected]
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