Aula 01

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O que é Orçamento Público?

O Orçamento público é o instrumento de gestão de maior relevância e


provavelmente o mais antigo da administração pública. É um instrumento que
os governos usam para organizar os seus recursos financeiros. Partindo da
intenção inicial de controle, o orçamento público tem evoluído e vem
incorporando novas instrumentalidades.

No Brasil, o orçamento reveste-se de diversas formalidades legais. Sua


existência está prevista constitucionalmente, materializada anualmente numa lei
específica que “estima a receita e fixa despesa” para um determinado exercício.
Por causa dessa característica, as despesas só poderão ser realizadas se forem
previstas ou incorporadas ao orçamento.
Funções do Orçamento
Nos dias de hoje, podemos reconhecer o orçamento público como um
instrumento que apresenta múltiplas funções.
A mais clássica delas, a função controle político, teve início nos primórdios
dos Estados Nacionais. Além da clássica função de controle político, o
orçamento apresenta outras funções mais contemporâneas, do ponto de
vista administrativo, gerencial, contábil e financeiro.

No Brasil, a função incorporada mais recentemente foi a função de


planejamento, que está ligada à Módulo 1Introdução 6 técnica de
orçamento por programas. De acordo com essa ideia, o orçamento deve
espelhar as políticas públicas, propiciando sua análise pela finalidade dos
gastos.
PRINCIPIO DA UNIDADE

O orçamento deve ser uno, ou seja, deve existir apenas um orçamento


para dado exercício financeiro e para determinado ente, contendo todas
as receitas e despesas. Apresentando-se de modo integrado, e não
segmentado, permite obter um retrato geral das finanças públicas, qual
seja, a estimativa das receitas e a fixação das despesas para cada exercício
financeiro. Assim, permite-se ao Legislativo e à sociedade uma visão geral
e um controle direto das operações financeiras de responsabilidade da
administração pública.
TOTALIDADE
Coube à doutrina tratar dar nova conceituação ao princípio da unidade de forma que
abrangesse novas situações.

O princípio da totalidade possibilita a coexistência de vários orçamentos autônomos,


mas que podem ser vistos de forma consolidada, permitindo-se assim uma visão ao
mesmo tempo segregada e geral das finanças públicas.

A Constituição de 1988 trouxe melhor entendimento para a questão ao precisar a


composição do orçamento anual (Orçamento da União) será integrado pelas
seguintes partes: a) orçamento fiscal; b) orçamento da seguridade social; e, c)
orçamento de investimentos das estatais.
UNIVERSALIDADE
Princípio pelo qual o orçamento deve conter todas as receitas e todas as despesas do Estado .
O § 5º do art. 165 da CF determina que a lei orçamentária anual compreenderá:

I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da
administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;

II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente,


detenha a maioria do capital social com direito a voto;

III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela


vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e
mantidos pelo Poder Público.
A adoção desse princípio possibilita:
a) conhecer a priori todas as receitas e despesas do governo e dar prévia
autorização para respectiva arrecadação e realização;

b) impedir ao Executivo a realização de qualquer operação de receita e de


despesa sem prévia autorização Legislativa;

c) conhecer o exato volume global das despesas projetadas pelo governo, a fim
de autorizar a cobrança de tributos estritamente necessários para atendê-las;

d) garantir que todos os órgãos e unidades da administração pública estejam


contemplados no orçamento.
A universalidade do orçamento alia-se ao princípio da unidade.
Anualidade ou Periodicidade
O orçamento deve ser elaborado e autorizado para um determinado período de
tempo, chamado exercício financeiro, e que corresponde ao civil.
A exceção se dá nos créditos especiais e extraordinário autorizados nos últimos
quatro meses do exercício, que podem ser reabertos nos limites de seus saldos, no ano
seguinte, incorporando-se ao orçamento do exercício subsequente.

O exercício financeiro é o período de tempo ao qual se referem a previsão das


receitas e a fixação das despesas registradas na LOA. O § 5º do art. 165 da CF 88
refere-se à existência de uma lei orçamentária anual. Conforme o art. 2º e 34 da Lei nº
4.320, de 1964, o orçamento é anual e o exercício financeiro coincidirá com o ano civil
(1º de janeiro a 31 de dezembro).
Pureza ou Exclusividade Orçamentária
O princípio da pureza ou exclusividade, previsto no § 8º do art. 165 da CF, estabelece que a
LOA não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa. São
ressalvados a autorização para abertura de créditos suplementares e a contratação de
operações de crédito, ainda que por Antecipação de Receitas Orçamentárias - ARO, nos
termos da lei.

Ademais, nos termos do art. 64, parágrafo único, I, "d", da Constituição, é vedada a edição de
medidas provisórias para matérias orçamentárias, quais sejam, planos plurianuais, diretrizes
orçamentárias, orçamento e créditos adicionais, ressalvados os créditos extraordinários
previstos no art. 167, § 3º.

A lei orçamentária deverá conter apenas matéria orçamentária ou financeira. Ou seja, dela deve
ser excluído qualquer dispositivo estranho à estimativa de receita e à fixação de despesa. O
objetivo deste princípio é evitar a presença das chamadas "caudas e rabilongos" (matéria
estranha à lei orçamentária).
Quais são as quatro etapas do ciclo orçamentário?

Inicialmente, precisamos compreender o que é ciclo orçamentário, conceito,


etapas e a sua importância na Administração Pública. O ciclo orçamento,
em seu conceito básico, trata-se do processo utilizado para elaborar, aprovar,
executar e avaliar o orçamento público.

No dia a dia da gestão pública, o ciclo orçamentário é fundamental para


planejar as ações e executar os orçamentos da gestão pública e seus recursos
financeiros.
Dessa forma, compreendemos que o ciclo orçamentário é composto por
fases e etapas que devem ser cumpridas pela gestão pública para que sejam
processadas as atividades típicas do orçamento público.
Fases do ciclo orçamentário
O ciclo orçamentário é composto basicamente por quatro fases:

1.Elaboração e planejamento da proposta orçamentária;

2.Apreciação legislativa – discussão, estudo e aprovação da Lei de Orçamento;

3.Execução orçamentária e financeira e acompanhamento;

4.Controle e avaliação.

Vejamos a seguir com detalhes todas as fases que compõem o ciclo


orçamentário, características e particularidades de cada uma delas.
1. Elaboração e planejamento da proposta orçamentária

Conforme o artigo 165 da Constituição Federal, as leis orçamentárias são de


iniciativa do Poder Executivo, ou seja, da União, dos Estados, dos Municípios e
do Distrito Federal.Vejamos o presente artigo:

Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:


I – o plano plurianual;
II – as diretrizes orçamentárias;
III – os orçamentos anuais.
Por conseguinte, no artigo 84, também da CF, prevê a competência privativa da
União sobre as diretrizes orçamentárias, atribuindo exclusivamente ao
Presidente da República, sendo ela indelegável:
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
[…]

XXIII – enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias
e as propostas de orçamento previstos nesta Constituição […]

Ademais, vale mencionar que, apesar do Poder Executivo ser o responsável por encaminhar a
proposta orçamentária ao Poder Legislativo, os demais poderes (Legislativo, Judiciário e Ministério
Público) possuem autonomia para criar a sua própria proposta e enviar ao Poder Executivo, que
consolida e direciona ao Legislativo.

Com isso, compreendemos que, nessa primeira etapa de elaboração, são estimadas as receitas e
fixadas as despesas, apresentando de forma padronizada e discriminada cada uma delas.

Com a previsão da receita, estimamos os recursos que se pretende arrecadar no exercício, e que
servirá de limite para a fixação das despesas.
2. Apreciação legislativa – Discussão, estudo e aprovação da Lei de Orçamento

A segunda etapa do ciclo orçamentário inicia-se na apreciação legislativa, em que o Poder


legislativo avalia o projeto por uma comissão que trará considerações e emendas e
encaminhará para a sanção do chefe do executivo para publicação no Diário Oficial.

Nessa fase do ciclo orçamentário, deve-se ter atenção ao prazo previsto na Constituição
Federal para análise e aprovação.

No âmbito federal, encontramos a previsão dos prazos para envio do instrumento


orçamentário ao Legislativo pelo Executivo, art. 35 da CF:

I – o projeto do plano plurianual, para vigência até o final do primeiro exercício financeiro do mandato
presidencial subsequente, será encaminhado até quatro meses antes do encerramento do primeiro
exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa;
II – o projeto de lei de diretrizes orçamentárias será encaminhado até oito meses e
meio antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o
encerramento do primeiro período da sessão legislativa;

III – o projeto de lei orçamentária da União será encaminhado até quatro meses
antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o
encerramento da sessão legislativa.

Os referidos prazos mencionados nos dispositivos constitucionais não são


determinantes para os Estados e Municípios, em que cada ente possui
autonomia em determinar os seus prazos através das suas Constituições
Estaduais e Leis Orgânicas Municipais, respectivamente.
3. Execução orçamentária e financeira e acompanhamento

Na fase do ciclo orçamentário da execução, ocorre a arrecadação da receita e a


realização da despesa que será processada durante todo o período do exercício
financeiro.

Nessa etapa do ciclo orçamentário, vale chamar a atenção que todo o


procedimento deve estar de acordo com a Lei de Diretrizes Orçamentárias
(LDO) e com lastro no Plano Plurianual (PPA).

Ademais, o Poder Executivo irá estabelecer a programação financeira e o


cronograma de execução mensal de desembolso e as metas de arrecadação em
busca do equilíbrio entre a receita arrecadada e a despesa executada na gestão
pública.

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