Terceira Idade

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L

Parte integrante do

LONGEVIDADE
CIA GUIA DA FARMÁCIA
PE
ES

ANO XXVI | Nº 322 | SETEMBRO DE 2019

R E V I S T A D I R I G I D A A O S P R O F I S S I O N A I S D E S A Ú D E

ECONOMIA DA
LONGEVIDADE
Os idosos já somam mais de 52 milhões de
pessoas com potencial de consumo total
estimado em R$ 1,6 trilhão no Brasil. Eles
se traduzem em uma oportunidade que deve
ser aproveitada urgentemente, tanto pela
indústria quanto pelo varejo farmacêutico

ATUAÇÃO
O público sênior ainda carece
de produtos específicos
para suas necessidades e
pouco se vê representado
em propagandas, anúncios
ou campanhas de vendas

BELEZA
O autocuidado na
maturidade começa por
volta dos 55 anos de
idade, quando as pessoas
ainda estão muito ativas
e querendo permanecer
assim por muitos anos

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ED
I TO
RIA
L

DIRETORIA
EXPEDIENTE

Gustavo Godoy, Marcial Guimarães e Vinícius Dall’Ovo O FUTURO DO


ENVELHECIMENTO
DIRETORA DE CONTEÚDO
Lígia Favoretto ([email protected])

2019
ASSISTENTE DE REDAÇÃO
Victoria Nascimento

EDITOR DE ARTE
Junior B. Santos
Envelhecer não é nenhuma novidade, mas falar sobre envelhecimento, sim. Mais do 3
DEPARTAMENTO COMERCIAL que isso: é necessário e urgente. A população envelhece numa velocidade muito maior
EXECUTIVAS DE CONTAS

SETEMBRO
Jucélia Rezende ([email protected]) e do que a sociedade se prepara para lidar com esse fato. O idoso de hoje em nada se as-
Luciana Bataglia ([email protected])
semelha ao de dez, 20 atrás, e também não se sente representado com produtos e servi-
ASSISTENTE COMERCIAL ços para sua faixa etária.
Mariana Batista Pereira Há 50 anos, as pessoas morriam em torno dos 60 anos de idade, mas hoje em dia, a
DEPARTAMENTO DE ASSINATURAS
partir dos 60 é que a vida começa. Com os progressos da ciência, da medicina e da nutri-
Morgana Rodrigues ção, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ganhamos três
meses de expectativa de vida a cada ano que passa. Agora, a grande pergunta é saber
COORDENADOR DE CIRCULAÇÃO
Cláudio Ricieri como queremos aproveitar esse tempo, pois para valer a pena, longevidade tem de rimar
com qualidade de vida.
MARKETING E PROJETOS
Luciana Bandeira Dessa forma, preparamos o Especial Longevidade, com o objetivo de propor uma re-
ASSISTENTES DE MARKETING E PROJETOS flexão de como indústria e varejo devem se aperfeiçoar para atender uma população que
Leonardo Grecco e Noemy Rodrigues
está chegando, no mínimo, aos 80 anos de idade. O que inclui fatores como prevenção,
PROJETO GRÁFICO
orientação, nutrição, exercícios físicos, inclusão, entre outros.
Junior B. Santos Os idosos já somam mais de 52 milhões de pessoas e daqui uma década, serão mais 17
milhões. Ativos e consumistas. Sim, o público sênior nunca consumiu tanto.
COLABORADORES DA EDIÇÃO Contrariando o senso comum de que o envelhecimento populacional é um peso econô-
Textos Tatiana Ferrador
Revisão Maria Elisa Guedes mico, surge uma nova economia, denominada economia da longevidade. Com potencial
IMPRESSÃO AR Fernandez
de consumo total estimado em US$ 15 trilhões, os consumidores sêniores se traduzem em
uma oportunidade global. Os brasileiros acima de 50 anos de idade têm consumo anual
em torno de R$ 1,6 trilhão. Representam, atualmente, 24% da população, mas já concen-
> www.guiadafarmacia.com.br
tram 42% do consumo de bens e serviços no País.
Suplemento Especial Longevidade
é uma publicação anual da Contento. Você não vai perder esta oportunidade, vai?
Rua Leonardo Nunes, 198, Vila Clementino
São Paulo (SP), CEP 04039-010
Tel.: (11) 5082 2200.
E-mail: [email protected] Boa leitura!
Os artigos publicados e assinados não refletem
necessariamente a opinião da editora.
O conteúdo dos anúncios é de responsabilidade
única e exclusiva das empresas anunciantes. Lígia Favoretto
Diretora de Conteúdo
R IO

SU

12
06
LONGEVIDADE

4
06 • PESQUISA
A pesquisa O Brasil 60+ mapeia necessidades e
desejos de pessoas acima de 60 anos de idade e
apresenta oportunidades de negócios para atender a
22
esse público
ESPECIAL

12 • CONJUNTURA
A população com 60 anos de idade ou mais aumenta
cerca de 3% por ano. Globalmente, esse contingente
está crescendo mais rápido que todos os grupos etários
mais jovens. Trata-se de uma irreversível mudança no
cenário demográfico que pede mudanças de atitudes,
políticas e práticas em todos os níveis para satisfazer as

24
potencialidades do envelhecimento no século 21

16 • ATUAÇÃO
Mais ativos e ainda no mercado de trabalho, muitos
idosos procuram produtos e serviços em busca
da melhor qualidade de vida, satisfação pessoal e
bem-estar. A dinâmica de lançamentos de linhas
de produtos voltados à terceira idade cresce e
deve acompanhar mudanças no atendimento

E MAIS
20 • Nutrição
24 • Autocuidado
28 • Beleza
32 • Pele
INDICADO PARA ANSIEDADE,
INSÔNIA E IRRITABILIDADE 1

2017
5

SETEMBRO
27 MAR 2019 - ANÚNCIO CALMAN 2019

Associação Passiflora incarnata L.


que promove Crataegus rhipidophylla Gand.
um leve efeito
calmante2 Salix alba L.

CONTRAINDICAÇÃO: HIPERSENSIBILIDADE A QUAISQUER COMPONENTES DA FÓRMULA. INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA: O USO CONCOMITANTE A


OUTROS MEDICAMENTOS COM AÇÃO SEDATIVA DEVE SER FEITO SOMENTE SOB SUPERVISÃO MÉDICA.1,2
Calman® - Passiflora incarnata L., Crataegus rhipidophylla Gand., Salix alba L. INDICAÇÃO: Ansiedade leve a moderada, insônia e irritabilidade. M.S. 1.3764.0173. Calman® é um produto registrado, promovido e comercializado por
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Calman_SOL_BU_PAC_002 - Calman_CP_BU_PAC_002.
ATENÇÃO DIABÉTICOS: A APRESENTAÇÃO LÍQUIDA CONTÉM AÇÚCAR. CALMAN® É UM MEDICAMENTO. DURANTE SEU USO NÃO DIRIJA VEÍCULOS
OU OPERE MÁQUINAS POIS SUA AGILIDADE E ATENÇÃO PODEM ESTAR PREJUDICADAS.
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UM NOVO
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OLHAR
PESQUISA O BRASIL 60+ MAPEIA
NECESSIDADES E DESEJOS DE PESSOAS
ACIMA DE 60 ANOS DE IDADE E
APRESENTA OPORTUNIDADES DE
NEGÓCIOS PARA ATENDER A ESSE PÚBLICO
LONGEVIDADE

TEXTOS TATIANA FERRADOR

D
e acordo com projeções do
Instituto Brasileiro de Geo-
6 grafia e Estatística (IBGE), a
população idosa, em que se
ESPECIAL

enquadram pessoas acima de 60


anos de idade, era de 28 mi-
lhões de pessoas em 2018,
ou 13,5% do total da po-
pulação. Em dez anos,
esse número chegará
a 38,5 milhões (17,4%
do total de habitan-
tes). E mais: até 2042,
quando a expectativa
será de 232,5 milhões de
habitantes, 57 milhões se-
rão de idosos, ou seja, 24,5%
do volume total. Antes de 2050, os
idosos já serão um grupo maior do
que a parcela da população com idade
entre 40 e 59 anos de idade.
É preciso falar sobre envelhecimen-
to. Sobre suas nuances, seus detalhes,
cenários e suas possibilidades. Mas é
preciso, inicialmente, deixar de lado
preconceitos que impedem de ver
a realidade tal como se apresenta, e
não como foi apregoada por décadas
e décadas, de que o envelhecimento
é sinônimo de declínio, de finitude e de possibili- ças, trabalho e aposentadoria; as tecnologias e a
dades limitadas. comunicação; a necessidade de se adaptar e se
Para desmistificar a velhice no Brasil, a Vitamina recapacitar para o mundo atual e o que está por vir
Pesquisas, juntamente com a SeniorLab Mercado & foram abordados com detalhes que permitem uma
Consumo 60+ e Aging2.0 SP realizaram a pesquisa visão mais assertiva acerca das ações necessárias
nacional O BRASIL 60+ Um Estudo sobre (In)Visibi- que sociedade, indústria, mercado de trabalho e
lidade Social e de Mercado, em todas as regiões do saúde precisam adotar para lidar com esse público.
País, dez capitais, com mais de duas mil entrevistas, Para o estudo, a faixa etária escolhida foi de pessoas
centenas de participantes em grupos focais, vivên- entre 60 e 75 anos, das classes sociais predominan-
cias que testemunharam o dia a dia na intimidade temente B e C, seguida de A. Dessas pessoas, 40,3%
dos seus lares e de imersões com especialistas que possuem ensino superior completo ou incompleto e
colaboraram no desdobramento e entendimento 20,4% com ensino médio completo ou incompleto;
das curiosas descobertas. 77,3% não estão em um relacionamento sério (a saber,
“Foi possível desenhar um mapa único sobre neces- namorado ou companheiro), enquanto 22,7% estão.
sidades e desejos que vai muito além de um trabalho Ao tratar o “idadismo”, termo vindo do “ageism ”,
sobre consumo e oferece uma atenção especial para que significa uma atitude preconceituosa e discri-
a representatividade deste segmento, em um mundo minatória com base na idade, sobretudo em relação
em que a pressa torna pessoas invisíveis”, explica o fun- a pessoas mais velhas, a pesquisa indicou que por
dador da SeniorLab Mercado & Consumo 60+, Martin conta da idade, 62,8% se considera velho demais

2019
Henkel, e um dos idealizadores da pesquisa. para algumas coisas; 48,2% diz que já percebeu
alguém tentando passá-lo para trás ou dar um gol-
EM PAUTA pe; 43,7% diz que já foi chamado de velho e 32%
Temas como “idadismo”; aspectos e desejos de já percebeu alguém impaciente ao lidar com ele. 7
consumo; o design, embalagens e suas dificuldades; É comum, atualmente, a dúvida sobre como se

SETEMBRO
as percepções do que é a beleza madura; finan- referir à pessoa mais velha. Apenas 18% dos entre-

PÚBLICO SÊNIOR VS. SOCIEDADE: NUANCES

Como você se percebe pela idade que tem versus como a sociedade percebe as pessoas 60+?
100%
Autoimagem Imagem sociedade

75%
A percepção de
admiração cai em 7,5
pp quando avaliam a
sociedade A percepção de perda
50% de valor aumenta em
42,5% 40,3% 37,8% 7,3 pp quando avaliam a
30,3% sociedade
25%
13,2% 15,5% 13,8%
6,5%
0%
Alguém comum Alguém digno de Alguém importante, mas que já Alguém que já perdeu
ser admirado pela passoi o momento de maior im- parte do seu valor pela
experiência de vida portância ou reconhecimento idade que possui

Fonte: pesquisa nacional O BRASIL 60+ Um Estudo sobre (In)Visibilidade Social e de Mercado
I SA
S QU
PE

CINCO INSIGHTS DA PESQUISA O BRASIL 60+

1. Necessidade do engajamento de todos os países com ações voltadas para o envelhecimento saudável da população.
2. Criação de ambientes “amigos dos idosos” nas cidades.
3. Enquadramento dos sistemas de saúde para atender às necessidades dos mais velhos é urgente e essencial.
4. Desenvolvimento de serviços de cuidados de longo prazo, como centros comunitários e instituições.
5. Aperfeiçoamento de medição e do monitoramento de dados que reflitam a realidade do perfil sênior no Brasil e suas
infinitas possibilidades de ganhos para ambos: público e economia.

vistados considera o termo “idoso” adequado para agradar exclusivamente ao outro. Muitos de-
LONGEVIDADE

para a tratativa. Em contrapartida, 30% prefere finem como “um passaporte para a liberdade”, seja
ser chamado de “maturidade ativa”, 11% de “maior ela de ações ou opiniões. Muitos disseram que, com
idade”, 8% de “60+” e apenas 3% de “envelhes- o tempo, aprenderam a dizer “não” para pessoas e
cente”. E contrariando a ideia de muitos, que situações que os faziam infelizes.
acham que o público sênior se incomoda com Ainda que sejam a minoria, apenas com 5,1%, a
a idade que possui, a pesquisa identificou que transição de idade representa um novo ciclo, cheio
8 51% percebem sua idade como qualquer outra e de expectativas. Desse grupo, fazem parte aqueles
31% percebem que 60 anos ou mais significa um que consideram a “melhor idade” estar com 60 anos
ESPECIAL

momento de liberdade. Em ambos os cenários, ou mais. Esse grupo acredita que as experiências
fica claro o desejo de ser apenas uma pessoa obtidas até o momento foram importantes para
comum e de, sobretudo, fazer apenas o que, de prepará-los para o futuro.
fato, desejam fazer, sem imposições. Com maiores dificuldades em aceitar a nova
idade, os “resistentes” são os mais saudosistas e
DETERMINAÇÃO DO PÚBLICO-ALVO remetem sempre à juventude para citar os bons
Entre os perfis de comportamento, há qua- momentos de suas vidas. Aceitar as transformações
tro predominantes na pesquisa: os indiferentes que o tempo trouxe é um desafio que deve ser
(51,1%), os livres (30,8%), os entusiastas (5,1%) acompanhado de perto por parentes e amigos, pois
e os resistentes (13%). tal resistência em aceitar a nova condição pode
No primeiro grupo, da maioria, dos “indiferen- desencadear sintomas de depressão.
tes”, estar com 60 anos de idade ou mais pouco
importa. O que vale para eles é sentir-se bem e AUTOESTIMA E BEM-ESTAR
jovens para realizar atividades que sempre fizeram. Para 73% dos entrevistados, o sentimento predo-
Poucos percebem a passagem da idade, mas valo- minante é de se sentir mais jovem do que sua idade
rizam os benefícios que ela trouxe, como usar filas real; 42% mencionam uma boa disposição; e 13%
prioritárias e vagas especiais no estacionamento. acham que estão vivendo a melhor fase de suas vidas.
Nas classes A e B, essa percepção é mais presen- E quando o assunto é autoestima, a grata
te, enquanto na C, em que há menos acesso à surpresa da pesquisa é que 59% se sentem mais
assistência de saúde, maior carga de trabalho e bonitos nessa fase e 30% fazem uso de produtos
menos recursos, há uma variação neste cenário. específicos para suas novas necessidades, como
Liberdade! É esse o sentimento que o grupo “anti-idade” ou “antienvelhecimento”, sendo em
dos “livres” possui ao chegar aos 60 anos de ida- sua maioria mulheres nesse grupo.
de. Nessa fase, para eles, não há mais a necessida- Aos olhos da sociedade, o cenário muda um
de de dizer “sim” para tudo, de aceitar condições pouco e a percepção de admiração apresenta um
decréscimo de 7,5 pontos percentuais ante a sua pação e o zelo, consideram que os filhos exageram
autopercepção. Note que 42,5% se vê como uma nesse aspecto com o excesso de cautela e controle,
pessoa comum com 60 anos de idade ou mais, uma vez que se consideram aptos a zelarem por si
e a para a sociedade, esse número também não próprios por seu estado de saúde e lucidez geral.
apresenta grandes variações, com 40,3%. No en- O índice de idosos que moram com seus côn-
tanto, 37,8% do público sênior se vê como alguém juges é equilibrado quando comparado aos que
digno de admiração pela experiência de vida, mas a moram com seus filhos (35% ante 30,7%). Apenas
percepção da sociedade nesse quesito é de 30,3%, 10,7% moram sozinhos, 8,6% com seus netos, 4,4%
daí a variação mencionada acima. com companheiro, 2,8% com irmãos, apenas 2,3%
Quando questionados sobre a importância do pú- com genros ou noras e 6% com outras pessoas.
blico sênior, 15,5% da sociedade acredita que já passou Dos entrevistados, 85% possuem moradia própria,
o momento de maior importância ou reconhecimento, ainda que a dividam com outros familiares. Apenas
enquanto apenas 13,2% concordam com essa máxima. 15% moram na casa de algum familiar. Pelo menos
Outra variação considerável de perda de valor 46% desse público possui um animal de estimação.
em pontos percentuais – 7,3% – acontece quando Donos da própria vida, como mencionaram na
questionados sobre seu valor, 13,8% da socieda- pesquisa, 81,6% dos entrevistados não dependem do
de acredita que nesse público está alguém que já auxílio financeiro de outras pessoas para se mante-
perdeu parte do seu valor pela idade que possui, rem e têm entre seus principais gastos a alimentação

2019
percepção esta compartilhada por apenas 6,5% (24,3%) e a ida a restaurantes (16,2%), seguido por
dos idosos. Ainda assim, 75,2% do público sênior planos de saúde (16,6%). Na sequência, estão despe-
não sente os efeitos da solidão. sas com a manutenção da casa (água, luz, etc.), com
17,6%, sendo que os homens acabam gastando mais 9
NAS COMPRAS do que as mulheres (21% a 16,9%). Mulheres gastam

SETEMBRO
O mercado de consumo precisa enxergar me- mais com remédios (7,4%) do que os homens (3,5%).
lhor o público sênior, que representará grande parte Em torno de 48% dos aposentados não possuem
de seus clientes nos próximos anos. É preciso prepa- qualquer outro tipo de remuneração ou atividade,
rar e adequar o ponto de venda (PDV ) para receber enquanto 33% ainda exercem outro tipo de ativida-
esse público, de modo que sua visita seja recorrente de para complementar a renda; 11% trabalha e ainda
e não um motivo de estresse para quem a realiza. não se aposentaram e 4% não trabalham e não têm
De um lado, a indústria precisa rever seus produtos remuneração. Desse total analisado, alguns continuam
e rotulagem, e de outro, os PDVs precisam adequar em atividade pelo fato de a renda ter diminuído com
sua comunicação visual, disposição de produtos e a aposentadoria, e outros que não precisam trabalhar,
ações promocionais para atrair 60+ em suas lojas. mas querem, para se sentirem mais ativos e produtivos.
Para 45% dos entrevistados, é difícil enxergar e Durante a semana, 42% a passam em casa e
ler os rótulos dos produtos; 45,7% não entendem 37,6% intercalam sua permanência entre rua e casa;
as informações contidas nas embalagens; e 33% 20,4% passam a semana na rua, em alguma atividade,
possuem dificuldades em acessar produtos nas seja ela profissional ou apenas de entretenimento.
prateleiras por estarem muito altos ou muito baixos. As viagens seguidas de igrejas e cultos religiosos
Os supermercados costumam ser bastante vi- lideram as atividades realizadas pelo público sênior
sitados pelo público sênior, segundo a pesquisa, (15,5% e 15,4%, respectivamente). Idas a restauran-
32,9% vai pelo menos uma vez por semana, 26,9%, tes correspondem a 14%, praças e parques, 9,5%,
de duas a três vezes, e 16,7%, uma vez ao mês, cinema, 7,8%. Demais atividades também foram
14,1% vai quase todos os dias. citadas, como: teatro (7,7%), grupo religioso (7,3%),
grupo de convivência (6,3%), barzinho (6,1%), traba-
RENDA X GASTOS lho voluntário (4,2%), bailes e shows (3,9%), turma
Um item descrito pela grande maioria dos entre- de jogos (1,7%) e casas de jogos (0,5%).
vistados e que chama a atenção é sobre a hipervi- “Apenas 7,8% dos entrevistados não realizam
gilância dos filhos. Ainda que entendam a preocu- nenhuma das atividades citadas, enquanto a ida a
I SA
S QU
PE

PERFIL AMOSTRA

SEXO IDADE
100%

A faixa etária para o estudo foi escolhida por


75% conveniência e as segmentações definidas a
partir de estudos prévios que indicam que as
51,7% condições de saúde e autonomia tendem a ser
47,3% maiores em idosos mais jovens (60 a 65 anos)
50%
42,3%
33,7%
24%
25%

0%
LONGEVIDADE

CLASSE SOCIAL O resultado demonstra que a maioria das pessoas


100% 60+ entrevistados possui ensino superior, completo
ou incompleto (40,3%). Já 20,4% da população
estudada possui ensino médio completo ou
incompleto. A escolaridade aumenta conforme o
75%
nível social.
10
50% 49,3% ESCOLARIDADE
41,1%
ESPECIAL

Analfabeto 0,6%
25%
9,5% Ensino fundamental 13,9%

0%
Ensino médio 20,4%

Optou-se por escolher as classes sociais A, B e C 40,3%


Ensino superior
e a distribuição da amostra reflete a realidade do
Brasil, onde temosa grande massa da população
concentrada na classe C. Pós-graduação 17%
Foi utilizado o Critério Brasil para classificação social.
0% 25% 50% 75% 100%

Fonte: pesquisa nacional O BRASIL 60+ Um Estudo sobre (In)Visibilidade Social e de Mercado

cultos cresce gradativamente a partir dos 66 anos menos uma atividade física; 45% optam pela ca-
de idade”, explica Henkel. “As mulheres são as que minhada e 11,4% pela musculação. A regularidade
mais participam de atividades culturais”, diz. das atividades cresce conforme a classe social, ou
seja, a classe A é que mais se exercita, com 74,7%.
EM PLENO MOVIMENTO Em contrapartida, quando se fala em ativida-
Mente sã, corpo são, já diz o ditado popular. E de educativa, a grande maioria (39,1%), não realiza
pelos números levantados na pesquisa, essa é uma nada neste sentido: apenas 6,5% fazem um curso de
realidade para 70% dos sêniores, que realizam pelo idiomas ou aulas de dança (5,8%). Outras atividades
COMO SE SENTEM

42% 73% 13%


concorda que Acham que
mencionam ter se sente mais estão vivendo
boa disposição jovem do que uma fase ruim
sua idade real da vida

2019
Fonte: pesquisa nacional O BRASIL 60+ Um Estudo sobre (In)Visibilidade Social e de Mercado

11

SETEMBRO
mencionadas foram cursos de informática (5,5%), BRECHAS IMPORTANTES
aulas de arte e pintura (4,5%) e de culinária (4,2%). São muitas as oportunidades de negócios que
E quando o assunto é tecnologia, engana-se quem o público sênior oferece para todos os segmentos
imagina um sênior com aqueles celulares antigos, de da economia, em especial para o canal farma, que
poucos recursos. A pesquisa apontou que 85% utili- precisa ser estudado e corretamente explorado. A
zam a internet e 68% possuem smartphones para uso começar pela visibilidade, pois eles querem acesso
próprio; 27% participam de grupos de WhatsApp, 32% a tudo o que há de novo em beleza e saúde, mas
possuem tablets, 25%, computadores e 26% acessam desejam ser vistos e respeitados em suas necessi-
sites de notícias e conteúdo. E o mais curioso: 17% já dades e expectativas, com produtos pensados e
realizam suas compras pela internet. desenvolvidos para sua idade. E mais: querem ter
O grupo de pesquisas chegou a algumas con- a liberdade de escolhas, poderem contar com um
clusões importantes que precisam ser consideradas sortimento adequado e não apenas uma oferta
pela sociedade e economia, de forma abrangente. limitada, enquanto os demais perfis de consumo
A primeira delas é de que o envelhecimento está contam com tamanha variedade que até confun-
longe de ser apenas um problema previdenciário, dem as escolhas.
pois também são escassas as iniciativas públicas Almejam, ainda, que a indústria farmacêutica
ou privadas que visam ao planejamento para um pense em sua saúde e não em sua doença, reali-
envelhecimento saudável. zando ações e investindo em produtos e pesquisas
Além disso, as iniciativas em saúde ainda são, que visem à longevidade. E por quererem tanto
predominantemente, direcionadas ao tratamento isso, que pensem em como estimular a energia
de doenças e não na prevenção e no planejamento. vital e a autonomia, com suplementos, vitaminas e
E mais: a cultura é preconceituosa com pessoas de programas de saúde e bem-estar para que a idade
mais idade e não há produtos e serviços desenha- seja apenas um número e não um limitador do que
dos para as necessidades desse público. é ou não possível realizar.
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ENVELHECIMENTO DA
LONGEVIDADE

12
POPULAÇÃO BRASILEIRA
ATÉ 2047, O BRASIL ATINGIRÁ SEU PICO POPULACIONAL, COM 233 MILHÕES DE HABITANTES. O
ESPECIAL

PAÍS ENVELHECEU RAPIDAMENTE E NÃO HOUVE UM TEMPO DE PREPARO, TAMPOUCO A ATENÇÃO


NECESSÁRIA POR PARTE DA INDÚSTRIA E DO VAREJO PARA ATENDER A ESSA NOVA DEMANDA

U
m levantamento recente divulgado pela Orga- Entre os anos de 2007 e 2050, a proporção de pessoas
nização das Nações Unidas (ONU) aponta um com 60 anos de idade ou mais deve duplicar e seu número
mundo de idosos para as próximas gerações. A atual deve mais que triplicar, alcançando dois bilhões em
longevidade assume índices inéditos, ou seja, 2050. Na maioria dos países, o número de pessoas acima
as pessoas estão vivendo mais, em contrapartida, as taxas dos 80 anos de idade deve quadruplicar para quase 400
de natalidade seguem em queda. Ou seja, a cada ano, milhões até lá. Até 2100, deverá aumentar para 909 milhões,
diminui a base da pirâmide e aumenta o número absoluto quase sete vezes seu valor em 2017.
e a proporção de idosos na população. Até 2047, o Brasil atingirá seu pico populacional, com
A população com 60 anos de idade ou mais aumenta 233 milhões de habitantes, iniciando uma fase de decresci-
cerca de 3% por ano. Globalmente, esse contingente está mento no restante do século. Mas a quantidade de idosos
crescendo mais rápido que todos os grupos etários mais vai continuar crescendo até 2075, quando atingirá o pico
jovens. Atualmente, a Europa tem a maior porcentagem de 82 milhões de idosos de 60 anos de idade ou mais.
de indivíduos com 60 anos de idade ou mais (25%). Trata- Segundo as projeções da ONU [que são muito parecidas
-se de uma irreversível mudança no cenário demográfico com as projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e
que pede mudanças de atitudes, políticas e práticas em Estatística (IBGE)], o número de idosos no Brasil será em
todos os níveis para satisfazer as enormes potencialidades torno de 75 milhões em 2100.
do envelhecimento no século 21. Como explica a especialista no Mercado da Longevi-
A França levou 141 anos para dobrar a população de ido- dade e diretora da Mercado Sênior, Juliana Acquarone, o
sos. No Brasil, isso vai acontecer em apenas 25 anos, segundo envelhecimento é o maior desafio global da atualidade.
as estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS). “O Brasil envelheceu rapidamente e não houve um tempo
PIRÂMIDE POPULACIONAL BRASILEIRA

100+ 0,0% 0,0%


Masculina 0,0% 0,0% Feminina
95-99
90-94 0,1% 0,1%
0,2% 0,3%
85-89
80-84 0,4% 0,6%

75-79 0,7% 0,9%

70-74 1,0% 1,3%

65-69 1,5% 1,8%


60-64 2,0% 2,3%
55-59 2,6% 2,9%
50-54 2,8% 3,1%
45-49 3,1% 3,3%
40-44 3,6% 3,7%
35-39 4,1% 4,1%
30-34 4,1% 4,1%
25-29 3,9% 3,8%
20-24 4,1% 4,0%
15-19 4,2% 4,0%

2019
10-14 3,7% 3,6%
Brasil - 2019
5-9 3,6% 3,4% População: 214.457.810
0-4
10% 8%
3,5%
6% 4% 2% 0% 2%
3,4%
4% 6% 8% 10%
13
Comparando-se os dois info-

SETEMBRO
Fonte: https://www.populationpyramid.net/pt/brasil/2019 gráficos, é possível notar uma
mudança radical no perfil po-
pulacional brasileiro ocasiona-
PIRÂMIDE ETÁRIA BRASILEIRA (2050) da pela redução da natalidade
ao longo do tempo, o que
se soma à igual redução das
75-79
taxas de mortalidade.
70-74
O Brasil está passando por um
65-69
processo de envelhecimen-
60-64
to populacional, o que, em
55-59
médio e longo prazo, poderá
50-54
ser bastante problemático,
45-49
pois isso contribuirá para uma
40-44
redução proporcional da
35-39
População Economicamente
30-34
Ativa (PEA), que corresponde
25-29
ao número de pessoas aptas
20-24
a exercer algum trabalho. Ao
15-19
mesmo tempo, os gastos
10-14
sociais, sobretudo com a Previ-
5-9
dência Social, elevar-se-ão, em
0-4
um problema semelhante ao
Masculina Feminina que é vivido atualmente em
alguns países europeus.
Fonte: https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/piramide-etaria-populacao-brasileira.htm
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O NÚMERO ABSOLUTO DE IDOSOS VAI DOBRAR NAS PRÓXIMAS DUAS DÉCADAS

Tsunami grisalho: número absoluto e relativo de idosos (60 anos e mais)


Brasil: 1950-2100
37,7%
90.000 2075 45
82 milhões 39,4%
80.000 40
75 milhões
70.000 35
Número de idosos (em mil)

60.000 30
50.000 25
14%
40.000 2020 20
29,8 milhões
30.000 15
20.000 10
4,9%
LONGEVIDADE

10.000 5
2,6 milhões
0 0
2000

2040

2060

2080

2090
2050
2030
1960

1990

2020
1980

2070

2100
1950

2010
1970

Número absoluto idosos % dos idosos


14
Fonte: Wolrd Population Prospects: The 2017 Revision https://population.un.org/wpp/
ESPECIAL

POPULAÇÃO DEPENDENTE PARA CADA 100 PESSOAS EM IDADE ATIVA

População ativa População dependente

100

80

Fim do bônus
60 demográfico

40

20

0
4 0 50 60 70 980 990 000 010 18 20 30 40 50 60
19 19 19 19 1 1 2 2 20 20 20 20 20 20

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)


de preparo, tampouco a atenção necessária por parte da
indústria e do varejo para atender a essa nova demanda”,
diz. “As oportunidades nesse cenário são claras, urgentes QUANDO A PESSOA PODE SER
e reais”, complementa. CONSIDERADA IDOSA NO BRASIL?

POSSIBILIDADES REAIS • O Estatuto do Idoso, como é conhecida a


Há hoje, no Brasil, pelo menos 52 milhões de brasi-
Lei 10.741/03, completou 16 anos em outubro de 2018.
leiros com mais de 50 anos de idade, o que representa
No Brasil, é considerado idoso aquele com idade igual
uma concentração de poder de compra estimada em
ou superior a 60 anos.
R$ 1,8 trilhão, sendo que o mercado global é estimado
em US$ 15 trilhões. Até 2028, haverá um acréscimo de
• Essa lei regula os principais direitos dos idosos, os
30% nesse índice, ou seja, 17 milhões idosos. deveres da sociedade, da família e do Poder Público.
Essa fatia da população corresponde a 42% do poten- • Entre os benefícios e preferências garantidos por lei,
cial de consumo, sendo que 63% deles são provedores estão a gratuidade no transporte público, meia-en-
financeiros. E mais: 40% dos gastos com bens de consumo trada em cinemas e teatros, atendimento prioritário,
são feitos por domicílios chefiados por pessoas mais velhas vagas exclusivas, isenção do Imposto Predial e Terri-
do que por pessoas mais jovens. torial Urbano (IPTU), pensão alimentícia, prioridade
Os números falam por si e deixam um alerta: o processo em processos judiciais.
de envelhecimento é uma tendência irreversível, perante a • Em 12 de julho de 2017, o então presidente Michel
qual os governos e a indústria de beleza, saúde e consumo Temer sancionou a Lei 13.466 que alterou o Estatu-
de modo geral deveriam adotar medidas práticas para to do Idoso e estabeleceu prioridade especial para

2019
atender a esse perfil de público. pessoas maiores de 80 anos de idade. Segundo a
A necessidade de produtos inovadores, adaptados a alteração, os maiores de 80 anos de idade sempre
um mercado crescente de adultos idosos com necessida- terão suas necessidades atendidas com preferência
des de atendimento, é um nicho de oportunidade para em relação aos demais idosos.
15
todos os segmentos da indústria.

SETEMBRO
Como alerta Juliana, quanto mais idade, mais importân-
cia. “Pessoas mais velhas deveriam ser o target das indústrias
de autocuidado, é preciso mudar a linha de pensamento e de muitas com 20. Outras pessoas experimentam declínios
aceitar que a longevidade é a maior conquista das últimas significativos nas capacidades físicas e mentais em idades
décadas e precisamos pensar em alternativas para o au- muito mais jovens. Por essa razão, é preciso que a sociedade
tocuidado como uma regra e não uma exceção”, explica. esteja preparada para lidar com diferentes perfis de idosos,
“Temos, hoje, mais pessoas de 60 anos de idade do que o que inclui atendimento especializado, oportunidades
crianças de quatro anos de idade no País”, pontua. de trabalho, programas sociais, produtos desenvolvidos
Para a enfermeira e professora do mestrado em geron- especialmente para este público, entre outras ações. So-
tologia da Universidade Católica de Brasília (UCB), Maria Liz ciedade e indústria precisam olhar com novos olhos para
Cunha de Oliveira, o Brasil precisa se preparar para ser um esse vigente e predominante público.
país de idosos. "A sociedade não é complacente e o idoso As pessoas mais velhas são frequentemente conside-
não se vê como idoso", indica. Para ela, há algumas ações radas frágeis ou dependentes, além de um fardo para a
imediatas que precisam ser estudadas, como a adequação sociedade. A saúde pública e a sociedade como um todo
dos espaços públicos; o papel da família e do planejamento precisam abordar essas e outras questões, que podem
nas próximas décadas; formas de driblar a depressão e o levar à discriminação, afetar a forma como as políticas são
isolamento na velhice; a reinserção do idoso no mercado desenvolvidas e as oportunidades que as pessoas idosas
de trabalho; as diferenças entre a velhice de homens e têm de experimentar um envelhecimento saudável.
mulheres; e, sobretudo, como envelhecer bem. Além disso, é preciso considerar o fator globalização.
Os desenvolvimentos tecnológicos (como, por exemplo, o
DESAFIOS IMPORTANTES domínio dos transportes e das comunicações), a urbaniza-
É preciso entender o envelhecimento, sobretudo, como ção, a migração e a alteração das normas de gênero estão
algo diverso e sem verdades absolutas. Não há um “estereó- influenciando direta e indiretamente as vidas das pessoas
tipo” de uma pessoa idosa. Algumas pessoas com 80 anos idosas. Tudo precisa ser considerado para que as melhores
de idade têm capacidades físicas e mentais semelhantes a soluções sejam adotadas em prol da qualidade da velhice.
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ATENDIMENTO AO
LONGEVIDADE

16
PÚBLICO SÊNIOR
ESPECIAL

COMO AS EMPRESAS DEVEM SE POSICIONAR E GARANTIR A


EXCELÊNCIA DE PRODUTOS E SERVIÇOS PARA IDOSOS

C
om o envelhecimento da população, novas ne- Por outro lado, a baixa taxa de morbidade e o au-
cessidades e possibilidades surgem em todos mento da longevidade acarretam alterações também na
os segmentos da economia. Mais ativos e ain- estrutura das políticas sociais e públicas, que demandam
da no mercado de trabalho, muitos procuram por novas formulações de programas que visem à me-
produtos e serviços em busca da melhor qualidade de lhoria dos serviços essenciais e ao pleno acesso à saúde.
vida, satisfação pessoal e bem-estar. De acordo com a especialista no Mercado da Longe-
A dinâmica de lançamentos de linhas de produtos vidade e diretora da Mercado Sênior, Juliana Acquarone,
voltados à terceira idade cresce, mas ainda não na mes- a revolução da longevidade está transformando profun-
ma proporção que o aumento deste público. Na área damente os mercados de atuação das empresas.
de cuidados pessoais e de beleza, muitos cosméticos “Indústria, varejo e serviços voltados ao consumidor
atendem a necessidades específicas com formulações precisam definir e implementar estratégias específicas
adequadas para retardar o envelhecimento da pele e voltadas ao público sênior que, apesar de compor a
do cabelo, as embalagens são de fácil identificação e faixa demográfica de maior crescimento e poder de
manuseio. Com os medicamentos, muitos já possuem compra na atualidade, ainda ocupa espaço marginal
formulações que diminuem efeitos colaterais (já que nas estratégias de marketing. É um desafio para empre-
a prática da polifarmácia é comum entre idosos), as sas tradicionais no mercado de consumo que se veem
bulas são maiores para facilitar a leitura, as embalagens induzidas a repensarem seus modelos de negócios e a
menores e mais fáceis de abrir, etc. construção de suas propostas de valor”, diz.
Há, ainda, um preconceito contra a velhice, pois o “Muitas criam estratégias como se fossem um bloco
Brasil é considerado um país de cultura jovem forte, monolítico, encaixotando-os como se fosse tudo ‘idoso’
onde a juventude é vista como fator de valorização ou ‘terceira idade’. Na realidade, estamos falando de um
social. “Diferentemente, por exemplo, de algumas cul- público bastante heterogêneo, refletindo não apenas as
turas orientais, pouco associamos o envelhecimento a discrepâncias sociais típicas de um país desigual como
um processo de ganho de status; ao contrário, à idade o Brasil, mas também aquelas próprias da trajetória de
avançada associa-se inadequação, incapacidade de cada indivíduo”, ressalta Correa Lima.
aprendizado, inabilidade tecnológica e tantos outros “Mais uma vez, é preciso que as empresas se per-
estereótipos tão arraigados culturalmente que não nos mitam adotar uma perspectiva mais ampla e desafiar
damos conta em nosso cotidiano”, explica a executiva. a percepção equivocada de que a relação dos mais
De acordo com Juliana, esse fator se torna ainda velhos com produtos de consumo está restrita a fraldas
mais complexo porque, se tudo correr bem, todos geriátricas, fixador de dentaduras, planos de saúde e
serão velhos um dia. "Sendo assim, encarar o próprio pacotes de viagens”, lembra Juliana.
preconceito é ainda mais difícil, já que não se trata Segundo informa a executiva, no setor de bens de
somente do preconceito contra o outro, o diferente, consumo não duráveis, por exemplo, os chamados ni-
mas de um processo universal e inevitável, ainda que o nhos vazios, ou lares compostos apenas por indivíduos
sonho da vida eterna venha, desde sempre, inspirando acima de 55 anos de idade apresentam comportamento
a mente humana e, atualmente, constituindo a razão bastante distinto dos demais arranjos familiares: gastam
de ser de empresas na área da biotecnologia”, pondera. até 42% mais com produtos, como alimentos, bebidas

2019
Como explica o médico geriatra Dr. Renato Bandeira e higiene. Vão ao supermercado e às farmácias com
de Melo, há um processo de transição social muito mais frequência, em alguns casos, diariamente, o que
claro em que muitos idosos, mesmo aqueles em idade implica em uma demanda maior por serviços e por
mais avançada, depois dos 80 anos, trabalham, têm atendimento especializado, já que a sociabilização passa 17
vida social ativa, saem com grupos de amigos. E mais: muitas vezes a ser um dos mobilizadores da frequência

SETEMBRO
uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao de visitas ao varejo.
Crédito (SPC) Brasil aponta que o poder de consumo A partir dessas perspectivas, torna-se possível
da população de 50 anos de idade ou mais no Brasil entender que a formação e o amadurecimento do
equivale a R$ 1,6 trilhão por ano. mercado da longevidade no Brasil não ocorrem de
“Isso é mais que o Produto Interno Bruto (PIB) de forma orgânica. Apesar do irreversível crescimento da
muitos países. Se fôssemos formar um país indepen- demanda por produtos e serviços orientados ao pú-
dente apenas com os brasileiros acima dos 50 anos blico sênior, seu atendimento por parte das empresas
de idade, seria o 16º maior país do mundo”, compara requer planejamento e visão estratégica. O fenômeno
o diretor presidente da Mind Comunicação e Mind ocorre de forma acelerada – somos o país que enve-
Pesquisas, Alexandre Correa Lima. lhece mais rapidamente no mundo – e, portanto, exige
uma mudança de abordagem e a adoção de mudanças
POSSIBILIDADES CLARAS significativas nas práticas de marketing das empresas,
Ativos e consumistas. Sim, o público sênior nunca como detalha Juliana a seguir.
consumiu tanto produtos de Higiene Pessoal, Perfu-
maria e Cosméticos (HPC), suplementos vitamínicos e A CONSTRUÇÃO DOS PILARES ESTRATÉGICOS
correlatos em prol de seu bem-estar. Em contrapartida, DE MARKETING
ainda carece de produtos específicos para suas neces- a) Muitos tons de cinza: o primeiro processo a ser rede-
sidades e pouco se vê representado em propagandas, senhado é o de segmentação ou targetting. Como visto
anúncios ou campanhas de vendas. Ou seja, mesmo anteriormente, a idade cronológica perde importância na
com tantos nichos a serem explorados, as empresas determinação de estilos de vida, preferências e atitudes
seguem perdendo oportunidades de cativar esse pú- no cenário contemporâneo. Quando se trata do público
blico relevante economicamente. sênior, esse fator se intensifica, e a idade passa a ser um
E o que é pior: muitas delas, quando tentam se fator muito pouco relevante para a formação das escolhas
comunicar com esses consumidores, comentem graves de consumo e tomada de decisão de compra. Isso porque
equívocos, na maioria das vezes, pela falta de empatia. o curso da vida e as experiências vividas são um longo pro-
à O
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MELHORANDO A EXPERIÊNCIA NO PDV

Os consumidores sêniores pouco se assemelham aos idosos de tempos atrás. Ativos, buscam uma vida com mais qualidade,
previnem doenças e cuidam da saúde e da beleza. Por esses fatores, representam grandes oportunidades de negócios.
O ponto de venda (PDV), em especial, a farmácia, deve estar preparado para atender o consumidor da maturidade de modo
que ele se sinta acolhido, com seus anseios e necessidades supridas. É nela, afinal, que encontram seus medicamentos,
vitaminas e uma infinidade de produtos e serviços que podem proporcionar a eles o que procuram: sortimento, novidades,
ofertas e Atenção Farmacêutica.
Por isso, toda atenção, cuidado e estratégia para atender àqueles que fazem a diferença dentro do PDV são fundamentais
para o aumento do tíquete médio. Afinal, o poder de compra dos idosos é grande devido aos produtos de uso contínuo
que utilizam; são ótimos propagadores (propaganda boca a boca) e, claro, porque ajudam a equilibrar o faturamento da
farmácia, já que costumam visitá-la semanalmente. Assim, fique atento às dicas abaixo:

• Voz audível: sempre atender com voz em bom tom, checando se está sendo claro.
• Conversar: investir tempo no atendimento, muitos estão ansiosos por uma conversa e não precisam apenas de dispensadores.
• Interpretar: explicar tudo ao idoso, o porquê da receita, como tomar, e outras ações importantes para o atendimento.
LONGEVIDADE

• Ser rápido: sabe-se das limitações de muitos idosos. Por isso, concentrar-se em oferecer um atendimento ágil.
• Serviços de entrega: mostrar ao consumidor que existe o serviço de entrega em residência.
• Entender o comportamento: lembrar-se de que os clientes idosos são fiéis a marcas, cores da caixa e que é importante
manter esta fidelidade.
• Buscar a fidelização: o desconto deve ser valorizado, como vantagens maiores com cartão fidelidade. Falar que ele terá
descontos maiores se comprar sempre na respectiva farmácia. Lembrar-se de que, pelo motivo de não pagar passagem de
18 ônibus, ele cruza a cidade para adquirir o menor preço. E o medicamento é impactante no orçamento.
• Sortimento: possuir um mix variado de produtos – desde medicamentos a itens de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cos-
ESPECIAL

méticos (HPC) – e apresentar sempre as novidades.

Fonte: farmacêutico e consultor da Desenvolva Consultoria e Treinamento, Marcelo Cristian

cesso de individuação. Assim, quanto mais velhos, mais na busca por grupos homogêneos entre si e distintos
únicos. Talvez em alguns casos, seja possível encontrar dos demais em seus motivadores e hábitos de con-
um denominador comum nas influências e nos hábitos sumo, quando se tratam dos mais velhos. Algumas
de consumo de jovens pertencentes ao mesmo grupo delas são individuais, como a condição fisiológica e
coetário, classe social e gênero, por exemplo. Entre os cognitiva (independentes, dependentes ou frágeis),
mais velhos, a granularidade de necessidades, estilos a familiaridade com serviços de informação digital
e preferências é muito maior. (migrantes, entusiastas ou avessos), e idade não cro-
Apesar disso, é bastante comum observar de- nológica (idades psicológica e social).
nominações como “50+” ou “60+” para os consu- Outras variáveis refletem a relação dos indivíduos
midores sêniores. Ao considerar que a definição com núcleos sociais, como família e amigos, por exem-
do público-alvo é a primeira etapa de um planeja- plo. O papel econômico exercido na família (provedor,
mento de marketing bem-sucedido, a criticidade independente ou dependente) e a atitude social (intros-
deste processo fica evidente. Para definir um ou pecção ou maior sociabilidade), por exemplo, são fatores
mais segmentos de mercado como target entre os determinantes nas influências e no comportamento de
consumidores sêniores, as empresas devem lançar consumo. Sendo assim, as empresas que pretendem
mão de métodos mais sofisticados de segmentação. orientar-se ao atendimento do mercado sênior devem,
Há um conjunto importante de variáveis já vali- inicialmente, definir um modelo de segmentação ba-
dadas como mais assertivas que a idade cronológica seado em estilos de vida e não em idade cronológica.
b) Inovação inclusiva: o conceito de design universal acesso à rede, e 1/3 dos indivíduos acima de 60 anos
surgiu após a Segunda Guerra Mundial, quando um de idade também.
grande número de veteranos retornou ao seu cotidiano Essa taxa quadruplicou nos últimos cinco anos e
apresentando necessidades especiais. Em países como continuará crescendo exponencialmente, à medida
a Alemanha e os Estados Unidos, ficou evidente que que a população envelhece e carrega consigo os no-
as cidades, seus espaços públicos, transportes, lojas e vos hábitos de consumo de mídia adquiridos com a
residências não eram acessíveis a todos. Nesse con- revolução digital. Nesse contexto, uma grande quanti-
texto, o design universal foi criado como um conjunto dade de conteúdo é não só consumida, mas também
de princípios que permitem que produtos, serviços e produzida por sêniores pela rede.
ambientes sejam acessíveis ao maior número de pessoas No universo on-line, surgem blogs, páginas e
possível, independente das suas habilidades individuais. grupos temáticos nas redes sociais e influenciadores
Quando se trata do processo de inovação e desen- digitais que arrebanham milhares de seguidores, mas
volvimento de novos produtos em marketing para o estão totalmente invisíveis às marcas.
público sênior, esses princípios são totalmente aplicáveis. d) Ativação age-friendly: tanto quanto nas demais,
A primeira decisão estratégica no processo de ino- na prática de ativação, é indispensável adaptar-se
vação é se a empresa terá linhas de produtos ou servi- à nova realidade: seja no varejo físico ou digital, a
ços desenvolvidos exclusivamente ao público sênior, se ambientação das lojas precisa ser mais amigável ao
fará adaptações no portfólio para incluir este público comprador sênior.
em seus mercados-alvo ou se fará apenas adaptações Mudanças simples como a altura das prateleiras de
em seu posicionamento e tática de comunicação. um supermercado ou o nível de contraste e tamanho
A partir daí, uma série de processos pode ser ado- da fonte em uma loja virtual fazem enorme diferença

2019
tada, como, por exemplo, a cocriação de soluções a na experiência de compra e, por consequência, nos
partir do olhar dos próprios consumidores – o chamado resultados alcançados pelas empresas que pretendem
design empático. Adotar esse conceito no processo de incluir entre seus clientes o grupo populacional de
desenvolvimento de novos produtos e inovação não maior crescimento e poder de compra da atualidade. 19
implica em criar processos e custos novos, mas, sim, Nas indústrias, o desenho das embalagens e a ges-

SETEMBRO
em adaptar a perspectiva de mapeamento de neces- tão de portfólio de produtos constituem áreas-chave
sidades frente às mudanças no padrão demográfico na oferta de uma experiência de consumo inclusiva.
e de consumo da população de usuários potenciais. Embalagens que podem ser abertas sem grande es-
c) (Un)branded content: a comunicação com o público forço físico, com conteúdos legíveis e quantidades de
sênior constitui uma das práticas mais desafiadoras produto adequadas ao transporte e armazenamento
do marketing diante do cenário da longevidade. Isso fáceis determinam a escolha desses consumidores, tão
porque, para uma comunicação bem-sucedida e mobi- valiosos quanto negligenciados.
lizadora, entender a linguagem, os valores, o repertório Adaptações, como a inclusão de pequenas lupas
cultural, as referências estéticas e as aspirações subje- nas gôndolas para facilitar a leitura das embalagens e
tivas é tão importante para os mais velhos como para etiquetas de preço, também estão se tornando comuns
qualquer outro público. Porém, esse entendimento em lojas físicas nos países em que o mercado sênior já
parece bastante distante do dia a dia das equipes de está mais desenvolvido.
planejamento e criação das agências. e) Oportunidade de ouro disfarçada de prata: o atendimento
Modelos estereotipados, com uso inadequado de às novas demandas da longevidade e o desenvolvimento
humor e infantilização – práticas comuns na publicida- do mercado sênior no Brasil requerem a sensibilização de
de brasileira quando retrata os mais velhos –, afastam empresários e gestores para um tema de grande rele-
os consumidores da proposta das marcas e provocam vância social, e constituem uma oportunidade iminente
sensação de invisibilidade, relatada pelos mesmos de de geração de novos negócios, provavelmente uma das
forma recorrente quando avaliam sua presença na mídia. poucas de tal amplitude em um momento tão crítico para
Outro erro comum ao planejar comunicação para o mercado de consumo no Brasil.
os mais velhos está relacionado ao consumo de mídia. É preciso, entretanto, coragem para desafiar as
O uso da internet e o acesso às redes sociais digitais já próprias percepções sobre o envelhecimento, capa-
são bastante frequentes entre os consumidores mais cidade analítica para lidar com o tema com a devida
velhos, principalmente os de maior poder aquisitivo; complexidade, decisão e disciplina para adaptar os
60% dos brasileiros entre 45 e 59 anos de idade têm processos de planejamento estratégico e marketing.
à O
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O PAPEL DA
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NUTRIÇÃO
CLÍNICA PARA
IDOSOS
LONGEVIDADE

20
ESPECIAL

Durante a velhice, os problemas relacionados


UMA DIETA SAUDÁVEL, COM NUTRIENTES E a fatores nutricionais aumentam e o risco de des-
SUPLEMENTAÇÃO ADEQUADA, MELHORA A nutrição ocorre com mais frequências pelas mais
variadas razões, tais como a redução da ingestão
QUALIDADE DE VIDA E A LONGEVIDADE
de alimentos, fatores psicossociais associados à
anorexia, problemas de mastigação e deglutição,
alterações fisiológicas na função gastrointestinal,

J
á dizia Hipócrates: “Que seu remédio seja seu polifarmácia, depressão, entre outros.
alimento e que seu alimento seja seu remé- “Considerando o ponto de vista fisiológico, o idoso
dio". A máxima do filósofo, considerado o pai tem uma redução de diversas propriedades do orga-
da Medicina e um dos primeiros a defender nismo. Além de alterações na dentição, que dificultam
a correta utilização de alimentos no tratamento a mastigação; e de locomoção, um obstáculo para a
e prevenção de doenças, nunca esteve tão atual, busca de alimento; as funções digestiva, absortiva,
principalmente quando a alimentação em questão gástrica e intestinal estão reduzidas”, explica o médico
é a do público sênior. e diretor do GANEP – Grupo de Nutrição Humana e
ressaltando as propriedades organolépticas dos
alimentos, como cor, odor, sabor, textura, tempe-
ratura adequada para servir, etc.
Há, portanto, uma perigosa tendência de a pes-
soa idosa adicionar mais açúcar, sal e outros con-
dimentos para temperar os alimentos até alcançar
um sabor que agrade ao paladar, o que pode acabar
representando um abuso na quantidade. Evitar o
uso desses alimentos à mesa é uma dica para inibir
o consumo de sal e de açúcar.
Na terceira idade, os idosos devem estar atentos
aos excessos e às carências na hora de se alimentarem.
Pães e massas, por serem mais atraentes ao paladar,
precisam ser consumidos com parcimônia, assim como
as sopas, que embora mais fáceis de ingerir e preparar,
devem estar sempre acompanhadas de frutas, verduras,
legumes e proteína, esta última, encontrada em carnes,
principalmente, como explica o Dr. Waitzberg.
“Em caso de dificuldade de mastigação, o leite,

2019
ainda que o de soja em caso de intolerância à lactose;
bem como peixes ou ovo, são ótimas fontes. No caso
dos legumes, para facilitar, devem estar bem cozidos
e macios. Quanto às frutas e aos vegetais, podem ser 21
ingeridos sob a forma de sucos”, conclui o médico.

SETEMBRO
Como explica a nutricionista responsável pela
área de Nutrição e Dietética do Residencial Santa
Cruz, Rose Campos, o envelhecimento se dá de
maneira diferente de um indivíduo para o outro,
de acordo com seu estilo de vida e de alimentação
ao longo da sua existência.
“No entanto, de forma geral, as principais neces-
sidades percebidas estão relacionadas à perda de
massa muscular (sarcopenia); osteoporose; cons-
tipação intestinal; e desidratação”, diz.
professor associado da Faculdade de Medicina da A perda de massa muscular está relacionada
Universidade de São Paulo (FMUSP), Departamento com uma menor atividade física ligada ao enve-
de Gastroenterologia, Dr. Dan Linetzky Waitzberg. lhecimento; já problemas buco dentários, como a
Para o especialista, a questão financeira exerce perda de dentes ou problemas nas gengivas, con-
grande influência em tais condições, impedindo o tribuem para a mudança na escolha dos alimentos.
acesso de muitos idosos a uma alimentação mais “Muitos reduzem o consumo de carne, de frutas
completa, com os nutrientes necessários para a e de legumes, mais difíceis de mastigar e deglutir,
manutenção da saúde. dando preferência a alimentos mais macios e doces”,
pontua. Também consomem menos proteínas e vita-
UM BOM PRATO mina B12 que o necessário, o que abre precedentes
Como o passar dos anos, algumas pessoas apre- para problemas nutricionais severos.
sentam algumas perdas sensoriais, como paladar Entre os minerais e vitaminas que não podem
e olfato, por exemplo, o que induz a um menor faltar na dieta das pessoas a partir dos 60 anos de
interesse na alimentação. Um desafio nesse sen- idade, marco do início da velhice, estão o cálcio e
tido é tornar esses pratos atraentes e desejados, a vitamina D para manter a saúde dos ossos.
à O
T RIÇ
NU Suplemento de cálcio,
vitamina D, vitamina B6
e B12, Fólico, vitamina E,
vitamina C e Zinco

SUGESTÃO DE PIRÂMIDE ALIMENTAR PARA O IDOSO

Entenda o gráfico: a base maior Gorduras, óleos e


significa o que deve estar doces: consumir
presente em mais quantidade com moderação
na alimentação para idosos. Leite, iogurte e grupo de Carne, ave, peixe,
queijos:
Conforme sobe, as quantidades grãos, ovos e grupo de
2 a 3 porções castanhas:
vão diminuindo, e no alto, o
2 a 3 porções
que menos deve ser oferecido Grupo dos
ao idoso. A correta alimentação vegetais: 3 a 5 Grupo das
porções frutas: 2 a 4
para o idoso deve ser assim:
porções
Pães, cereais
• BASE DA PIRÂMIDE: fortificádos,
muita água. arroz e grupo
das massas:
LONGEVIDADE

• NÍVEL 2: 6 a 11 porções
pães, cereais, arroz e massas.
Água: 8
• NÍVEL 3: Água: 8 copos
copos
ou mais
frutas e vegetais. ou mais
• NÍVEL 4:
Pirâmide alimentar recomendada a idosos
leites, queijos e carnes.
22 • NÍVEL 5: = Fibra (deve estar presente)
gorduras, óleos e doces – evitar. = Gordura (naturalmente presente e adicionada)
ESPECIAL

= Açúcares (acrescentados)
Fonte: idosos.com.br = Provável necessidade para suplementação

A vitamina D é uma molécula lipossolúvel Outro fator relevante para a boa nutrição diz
necessária para que o organismo absorva corre- respeito à hidratação e à satisfatória ingestão de
tamente o cálcio presente na dieta e também é água e líquidos, que pode vir na alimentação em
sintetizada em nosso organismo quando toma- forma de caldos, sucos e outras preparações.
mos banho de sol; e ambos podem ser encontra- “Para os idosos, de maneira geral, a hidratação não
dos em leite e derivados, verduras verde-escuras, é muito bem aceita e, por esta razão, todas as pessoas
sardinha, atum, gema de ovo, etc. envolvidas no cuidado direto ou indireto dessa popu-
As fibras também são importantes aliadas lação deve estar atenta a essa necessidade, pois o des-
para a saúde do idoso. Uma das consequências cuido na ingestão de líquidos pode causar problemas
conhecidas do envelhecimento é a redução sérios para a saúde, uma vez que as reservas de água
da motilidade intestinal, o que faz com que as corporal são menores nesses indivíduos”, conclui Rose.
pessoas mais velhas estejam mais propensas A desnutrição, o sobrepeso e a obesidade estão
à constipação. associados com um risco aumentado de morbidade
“Elas são nutrientes capazes de ajudar na re- e mortalidade em idosos. Nessas situações, são maio-
gularização do funcionamento do intestino. Além res as incidências de infecção, quedas e fraturas, de
disso, há estudos que relacionam uma dieta rica internação e até mesmo o agravamento de doenças.
em fibras à redução de risco de doenças cardíacas, A suplementação nutricional oral é um recurso
ao controle de peso e à redução de risco de dia- existente que auxilia na recuperação de situações
betes, fibras estas presentes nas frutas, legumes específicas, porém, como alerta a nutricionista, sua
e verduras”, explica a nutricionista. administração deve ser criteriosa.
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O PARADIGMA DA
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SAÚDE POR MEIOS DOS


CUIDADOS PESSOAIS
PESSOAS ESTÃO VIVENDO CADA VEZ MAIS E PROCURAM MEIOS DE AUMENTAR A
LONGEVIDADE CUIDANDO DE SUA SAÚDE E SEU BEM-ESTAR, MAS A SOCIEDADE AINDA
ESTIGMATIZA A CONDIÇÃO DA VELHICE COMO ALGO LIMITADOR

O
LONGEVIDADE

lhar para si, observar e escolher ações em prol


de sua saúde e bem-estar. Eis o princípio funda-
mental do autocuidado: a pessoa como centro
de qualquer mudança em sua vida e na sua saúde.
A definição do conceito de autocuidado vem de 1983,
mas a Organização Mundial da Saúde (OMS) atualizou-a
24 no Dia Mundial da Saúde, em 2013, como a capacidade
de indivíduos, famílias e comunidades para promover a
ESPECIAL

saúde, prevenir as doenças, manter-se saudável e cooperar


com a doença e incapacidades com ou sem o apoio do
prestador de cuidados de saúde.
A velhice é uma condição inevitável, a qual todos estão
sujeitos e, apesar de ser um processo de maturação bioló-
gica e natural no curso de vida, há muitos preconceitos em
como lidar com tal condição. A crença de que envelhecer,
ou viver a velhice possui relação direta com o adoecimento
estimula os sentimentos de medo, bem como práticas que
podem antecipar a vivência de perdas, já que sem neces-
sidade, familiares e cuidadores em geral podem interferir
na autonomia do idoso, o que consequentemente desen-
cadeará um processo de dependência da pessoa idosa.
Há muitas variáveis que atuam e interferem no processo
de envelhecimento e em como viver a velhice, mas em
todas elas há um denominador comum: o cuidado das
pessoas com o idoso e o autocuidado, que é a forma como
ele cuida de si próprio.
Na medicina preventiva, o termo autocuidado, tam-
bém conhecido em inglês como “self-care”, busca tornar o
paciente consciente e mais participativo na gestão de sua
saúde, ou seja, mais atuante e responsável por si mesmo.
Vale lembrar que não significa estar sempre bem, mas sim
estar pronto a entender a si mesmo e buscar soluções,
quando elas se fizerem necessárias.
Inicialmente, é preciso compreender que autocuidado e autoes-
tima são termos inseparáveis, que andam lado a lado, pois o autocui-
dado ajuda a melhorar a autoestima. E quando seu foco é direcionado
à saúde, ajuda a estar atento e não ignorar sinais de que algo pode
estar errado, adotando meios de prevenção de patologias.

POR ONDE COMEÇAR


Uma forma de autocuidado é a revisão de estilo de vida. Por
exemplo, se a prática de exercícios físicos é sempre procrastinada,
é preciso dar o chamado “pontapé inicial” e mudar a postura. Antes
de mais nada, o acompanhamento de um médico com orientações
indicadas para suas necessidades é de grande valia.
“Quando descuidamos de nós mesmos, os reflexos aparecem em
algum momento e eles podem ser os mais diversos e nem sempre
tão claros que permitam uma associação imediata”, explica a psicóloga
capacitadora do Projeto Cuidados Solidários do Governo do Estado
de São Paulo, Alessandra Martins.
O fisioterapeuta e autor do trabalho “Autocuidado: Teorias e Práticas
do Bom Envelhecer”, que conquistou o 1º lugar no Prêmio de Inovação
na Gestão Pública do Estado do Espírito Santo (INOVES), Fernando
Márcio Araújo Dutra, explica o autocuidado como o recurso que a

2019
pessoa utiliza para atender às próprias necessidades. “Desde tomar
banho sozinho, vestir-se, alimentar-se, tomar seus remédios, adminis-
trar suas economias, se locomover, se comunicar, se divertir, praticar
atividades físicas, entre outras atividades comuns da sua vida diária”, diz. 25
Ele defende que a melhor forma de conscientização quanto à

SETEMBRO
importância do autocuidado ainda é a informação. “Essa é a melhor
terapia que existe”, brinca. É preciso que o idoso tenha o entendi-
mento das fases do corpo e suas alterações fisiológicas decorrentes
do envelhecer e a capacidade de ter atitudes curativas e preventivas
para o bem viver.
Para o especialista, vivemos um momento que podemos chamar
de: “O paradoxo da Medicina atual’’, pois observa-se um enorme avanço
da medicina no mundo, porém, as pessoas continuam a adoecer.
“Acredito que isto ainda se dá por conta do modelo assistencial e
curativo da medicina convencional que ainda vivenciamos na prática.
Precisamos de um modelo inovador que venha focar na prevenção,
na promoção da saúde e na mudança do estilo de vida por meio da
informação, a fim de empoderar a pessoa idosa para o autocuidado”,
afirma. “Para isso, é preciso proporcionar conhecimento suficiente
para capacitá-la a se cuidar, dando autonomia para que decida o que
é melhor para a sua vida, identificando e corrigindo os fatores de risco
que desencadeiam as doenças e os agravos à sua saúde, visando,
dessa forma, melhorar a sua qualidade de vida”, conclui.
Entre as medidas que devem ser adotadas pelo público sênior
quanto ao autocuidado, estão questões como ter uma higiene pessoal
e nutrição adequadas, praticar atividades físicas, visitar regularmente
um médico de confiança para um panorama de suas condições de
saúde, recorrer a fontes seguras em busca de tratamentos e, sobre-
tudo, o autoconhecimento, que é fundamental para diferenciar um
problema cotidiano, como um resfriado, de algo mais sério.
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PATOLOGIAS COMUNS

Ainda que a população idosa no País tenha mais cuidado e acesso à informação e, com isto, esteja mais focada em buscar alternativas para
viver mais e melhor, algumas doenças costumam ser prevalentes em pessoas com mais de 60 anos de idade, como hipertensão e diabetes
que, juntas, constituem os principais fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, como infarto e Acidente Vascular
Cerebral (AVC). Essas, assim com outras mais comuns, também merecem a atenção por parte do farmacêutico, que deve orientar o paciente
idoso sobre administração e benefícios para a manutenção da saúde.

• OSTEOPOROSE
Como tratar a osteoporose? • HIPERTENSÃO
Sem controle, ela pode trazer riscos de Quais riscos dos picos de pressão?
fraturas de colo de fêmur e de coluna. Por Sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e infarto. Mas
isso, é indicada a reposição de cálcio e o uso há várias classes de medicamentos que podem atuar
de outras medicações com atuação direta- como anti-hipertensivos, entre eles, os inibidores da ECA
LONGEVIDADE

mente no osso que devem ser prescritas pelo e betabloqueadores. Lembrando que devem ser receita-
médico especialista. Alertar os pacientes que dos pelo médico de confiança.
alguns anti-hipertensivos podem levar alguns Pode-se realizar um acompanha-
dias para manutenção e equilíbrio dos mento de tratamento medi-
efeitos terapêuticos. Por isso, nunca camentoso e monitorização
se deve deixar de tomá-los. do paciente com hipertensão
26
arterial por meio da aferição de
pressão arterial.
ESPECIAL

• INCONTINÊNCIA URINÁRIA
Não consigo mais controlar a urina, o que devo fazer?
A incontinência também pode aumentar o risco de queda e isolamen-
to social e muitos pacientes deixam de sair e praticar suas atividades
pelo receio de escape urinário. Mas há várias frentes de tratamento
para contornar o problema, como a fisioterapia e os medicamentos
(como antibióticos), mas a causa deve sempre ser considerada, pois
pode ser de ordem emocional ou fisiológica.
Pode-se realizar um acompanhamento de tratamento medicamen-
toso e psicossocial, oferecendo novidades em produtos correlatos.

Fonte: Hospital Israelita Albert Einstein


• ALZHEIMER • DOENÇA PULMONAR
Quais os principais indícios do aparecimento do Alzheimer? OBSTRUTIVA CRÔNICA (DPOC)
Há um declínio mais acelerado das condições do paciente, Cansaço e faltar de ar podem estar ligados a
que pode apresentar problemas na cognição (dificuldade doenças pulmonares?
de pensar, confusão mental, delírios), no comportamento Sim, como é o caso da Doença Pulmonar Obstrutiva
(agitação, agressão, inquietação), no humor (apatia, raiva, Crônica (DPOC), caracterizada pela falta de ar e muito
solidão), além de problemas físicos, como incontinência cansaço, além de sua evolução ser a infecção pulmo-
urinária e incapacidade de coordenar movimentos nar. No entanto, somente o médico poderá avaliar e
musculares. Infelizmente, não há ver se o quadro clínico é este mesmo. Há várias formas
medicamentos que mudem o de controle, com corticoides, broncodilatadores e
desfecho da doença, mas que betabloqueadores, entre outros.
podem reduzir a velocidade de Pode-se realizar um acompanhamento de tratamento
progressão. Para esses casos, são medicamentoso e incentivar a adoção de hábitos
usados os anticolinesterásicos saudáveis para controle da patologia.

2019
e antipsicóticos.
O farmacêutico pode incentivar
a adoção de hábitos alimenta-
res saudáveis, como estimular 27
a prática de atividades físicas ou

SETEMBRO
leitura, algo que dê satisfação e
que exercite a mente.

• DIABETES
Por que preciso controlar o diabetes?
Porque além do infarto e do Acidente Vascular Cerebral (AVC), há
riscos de amputações por lesões de membros. Alguns pacientes
podem evoluir para uma doença renal, com necessidade de diálise
ou transplante do órgão, além de apresentar retinopatia diabética
(complicação por excesso de açúcar no sangue), entre outras. O
tratamento pode ser feito com antidiabéticos orais (comomet-
formina) e/ou insulinas injetáveis.
O farmacêutico pode atuar, de forma ativa, com atendimento
direcionado para a prevenção, a detecção precoce, o acompa-
nhamento de tratamento medicamentoso e a monitorização do
paciente diabético por meio da medição da glicemia.
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SEMPRE
JOVENS
PÚBLICO SÊNIOR BUSCA JOVIALIDADE E
APOSTA NAS NOVIDADES DA INDÚSTRIA PARA
MINIMIZAR OS SINAIS DE ENVELHECIMENTO

C
omo não é possível frear o relógio biológico, a so-
lução é buscar alternativas da indústria de Higiene,
LONGEVIDADE

Perfumaria e Cosméticos (HPC) para minimizar os


sinais de envelhecimento.
Embora a oferta de produtos e serviços visando ao
público sênior tenha crescido, vemos que ainda há um
grande espaço para desenvolvimento, principalmente na
forma de se comunicar com esse público.
28 De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS),
as pessoas são consideradas idosas a partir dos 60 anos
ESPECIAL

de idade nos países emergentes, e dos 65 anos de idade


em países desenvolvidos, mas no Brasil vemos que o foco
em autocuidado na maturidade começa antes dessa faixa
etária, por volta dos 55 anos de idade.
“Isso porque as referências, os limites relacionados à
idade estão deixando de existir, e aos 55, 60 anos de idade as
pessoas ainda estão muito ativas e querendo permanecer
assim por muitos anos, fazendo com que o envolvimento
com autocuidado preventivo e a busca por produtos ade- tempo já oferece diferenciais no atendimento a esse pú-
quados acabem tendo início mais cedo”, explica a diretora blico, como gerenciamento das receitas, atendimento
da Reds – Research Designed for Strategy, Karina Milaré. especializado nas necessidades dos sêniores, serviços de
A executiva explica que há dois comportamentos lembretes para administração dos medicamentos, en-
predominantes da indústria em relação ao público sênior. tre outras coisas, já vemos redes brasileiras oferecendo
“O primeiro, é a ausência de comunicação, de interação. atendimento personalizado, acessibilidade, atenção na
Nesse caso, a indústria até tem produtos disponíveis e que disposição dos produtos nas gôndolas, garantia de esto-
o atende, mas opta por não se comunicar com ele, com que de medicamentos para doenças crônicas, além de
medo de ‘envelhecer’ sua marca; e o segundo, faz uso de itens específicos para a o público maduro, como vitaminas,
uma comunicação estereotipada, tratando as necessidades cremes e até maquiagem.
específicas desse público como se fossem ‘patologias’ . Na Para Karina, os sêniores têm buscado cada vez menos
verdade, esse público quer ser incluído, e não destacado, a “juventude”, mas, sim, a “jovialidade”, que está atrelada
alijado da comunicação geral das marcas”, pontua. muito mais à saudabilidade do que à estética propriamen-
Cada vez mais, o público sênior busca produtos e ser- te dita. “Não significa que a estética não seja importante,
viços não necessariamente segmentados para sua idade, apenas que não estão dispostos a buscá-la sacrificando
mas que incluam suas necessidades na oferta regular das o que consideram mais importante: saúde, bem-estar e
empresas. “Algo como a proposta de produtos e serviços qualidade de vida”, alerta.
‘ageless’, para todas as idades”, exemplifica a executiva. “Além disso, vale reforçar que a naturalidade, a baixa
É notório o crescimento na oferta de marcas e produtos toxidade dos produtos cosméticos são uma demanda do

2019
para saúde, Higiene & Beleza (H&B) para esse público, já público em geral, incluindo o maduro”, conclui a executiva.
que a indústria está mirando o potencial de consumo e a Já a diretora da Lattans, Bruna Lattanze, destaca que
maior fidelidade que ele tem com as marcas. Em estudo entre os maiores desafios, está a adequação dos produtos
realizado pela Reds em 2017, no qual foram entrevistadas de beleza a ponto em que se sintam bem com sua aparên- 29
400 mulheres acima de 55 anos de idade, foi identificado cia física, à vontade e felizes com a aparência que o tempo

SETEMBRO
que 80% delas usam produtos cosméticos e 56% delas e a maturidade dão. “A tendência é de que o mercado
usam maquiagem regularmente. Aliados ao crescimento invista cada vez em itens que acompanhem o bem-estar
da população sênior e às projeções de envelhecimento da do sênior, trazendo a ele a satisfação por utilizar um pro-
população em geral, estes dados mostram o tamanho do duto que foi pensado exclusivamente em atender às suas
potencial desse público. necessidades. Com a maior longevidade da população, se
torna cada vez mais relevante que a indústria compreenda
EXIGÊNCIAS DO PÚBLICO SÊNIOR as necessidades destes consumidores, e que os pontos
Este é um contingente que preza mais pela qualidade de venda (PDVs) invistam no melhor atendimento a eles,
e eficácia dos produtos do que pelo preço, mesmo em realizando uma venda consultiva, apresentando produtos
um cenário de crise. Na pesquisa da Reds, este foi o pú- que lhes deem uma maior efetividade no uso e, principal-
blico que realizou menos cortes no orçamento devido à mente, uma maior praticidade”, complementa o diretor da
crise e menos ainda no setor de H&B, no qual apenas 4% Sanfarma, Luciano Biagi.
mencionou a necessidade de diminuição no orçamento.
Além disso, são mais racionais e menos impulsivos em DEMANDAS ESPECÍFICAS
suas atividades de consumo, sendo mais fiéis às marcas As mudanças no comportamento dos indivíduos im-
que usam, que atendem aos seus padrões de qualidade. plicam alterações nos hábitos de compra, o que leva as
Em relação a produtos para saúde e beleza, buscam como indústrias a gerar soluções.
resultado muito mais itens que lhes tragam uma aparência Como explica a dermatologista da Clínica Dr. André
saudável, vivaz do que itens que prometem uma aparência Braz no Rio de Janeiro (RJ), Dra. Lais Leonor, são vários os
jovem, que não se alinha às suas expectativas de naturali- aspectos que indicam envelhecimento da pele com o
zação da maturidade. passar dos anos, como o aparecimento de linhas, manchas,
As grandes redes de farmácia no geral têm demons- perda de contorno, ar de cansaço. “Todas essas alterações
trado bastante empenho em oferecer produtos, serviços e acontecem em maior ou menor grau, dependendo de
relacionamento que atendam às demandas desse público. fatores como: genética, tom da pele e cuidados com a pele
A exemplo da rede americana Wallgreens, que há muito ao longo do tempo”, pontua. “Na derme, o envelhecimento
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PREVENIR AINDA É A MELHOR SOLUÇÃO!

ROSTO - INSATISFAÇÃO DE (29%) CABELO


Hábitos procedimentos que mais fazem

Tintura e
coloração Hidratação
82% 69% 46%

Limpeza de Esfoliação Esfoliação


pele facial facial facial
CORPO
O QUE MAIS PREOCUPAM Gordura Localizada,
ESSAS MULHERES varizes e peles flácida
São as principais Luzes ou reflexo
Linhas de expressão,
1º rugas e flacidez preocupações Preocupações:
1/3 1º Fios Brancos
2º Olheiras, aparência de cansaço
LONGEVIDADE

das mulheres usam


e bolsa sob os olhos
sabonetes íntimos e Queda, ressecamento, frizz e
talco para os pés 2º fios danificados
Fonte: Reds – Research Designed for Strategy

30 se traduz em perda da hidratação, da oleosidade e da o uso de tinturas, esse cuidado deve ser redobrado”, explica
elasticidade, e a cada ano, ela perde a capacidade de a dermatologista.
ESPECIAL

produzir o que deveria para se proteger e se manter Dica: entre os itens que podem ser ofertados no PDV,
íntegra. Por essa razão, nessa fase, recomenda-se o uso além de xampus, condicionadores e máscaras de tratamen-
maior de hidratantes corporais e para o rosto”, afirma. to, estão as colorações e pomadas modeladoras.
“No quesito depilação, por exemplo, o público sênior De acordo com a Nielsen Retail Index, o Brasil é o maior
que mantém esse hábito procura produtos com fór- mercado de creme dental, escova de dente e enxaguante
mulas que respeitem o estado natural da pele: normal- bucal da América Latina e 99% dos lares compram cremes
mente, sensível e propensa a episódios de desidratação, dentais no País. O público sênior está entre os grandes
por exemplo”, explica a coordenadora técnica da Depill responsáveis por esse índice, pois vem se preocupando
Bella, Luana Batista. cada vez mais com os cuidados com dentes e gengivas.
“A integridade da pele e o fácil acesso a soluções para “É possível ter um sorriso saudável durante toda a vida,
necessidades que já tinham antes dessa fase da vida, desde que se pratique uma boa higiene bucal, com esco-
são itens dos quais esse público não abre mão”, finaliza. vação adequada e fio dental usado regularmente”, explica
Dica: entre os itens que podem ser ofertados no a dentista da Clínica Implantsite, Dra. Márcia Cristina Massa.
PDV, além de cremes hidratantes, estão sabonetes hi- “Para os que usam dentaduras ou próteses, os cuidados
poalergênicos e óleos. aumentam”, alerta.
Já quando o assunto é cabelo, é comum que, Dica: entre os itens que podem ser ofertados no PDV,
com o passar dos anos, ele perca o viço e fique com além do creme e das escovas dentais, estão o fio dental, o
uma textura diferente de antes. Como a melanina raspador de língua, enxaguatório, entre outros.
(que é responsável pela cor) também interfere na Para o diretor Comercial da Biowell/FDC Vitaminas, Rodrigo
elasticidade e maciez do fio, o cabelo branco ten- Takemori, os produtos que estão em alta são aqueles que
de a ser mais ressecado do que os coloridos. Além tratam o indivíduo de maneira única e singular, atendendo a
disso, sem esse elemento, ele fica um pouco mais sua individualidade. “Destacam-se aqueles que são produzi-
áspero e rebelde. dos de maneira sustentável, respeitando o meio ambiente e
“Por essa razão, nessa fase, é recomendado um con- que atendam às necessidades específicas, como as variadas
sumo maior de cremes para hidratar os fios, e se houver apresentadas pelo público sênior”, conclui.
SETEMBRO 2019
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CUIDADOS
ESSENCIAIS
A PELE DO IDOSO FICA MAIS SENSÍVEL
À MEDIDA QUE O TEMPO PASSA E,
CONSEQUENTEMENTE, OS PROCESSOS
DE CICATRIZAÇÃO, MAIS DEMORADOS
LONGEVIDADE

C
om o passar dos anos, é natural que o organismo
passe por mudanças. Durante o processo de enve-
32 lhecimento, a pele sofre uma série de alterações e
vai perdendo a elasticidade e o colágeno. O sebo,
ESPECIAL

substância rica em lipídios e responsável por lubrificar e


impermeabilizar a pele, produzido pelas glândulas sebá-
ceas, tem sua produção reduzida com a idade, assim como
as glândulas sudoríparas. Consequentemente, os vasos
sanguíneos também ficam fragilizados, prejudicando a
imunidade e favorecendo o risco de infecções.
Segundo a dermatologista especialista pela Sociedade
Brasileira de Dermatologia (SBD), Dra. Daniela Neves, na der-
me, o envelhecimento se traduz em perda da hidratação,
da oleosidade e da elasticidade. “A pele perde, a cada ano,
a capacidade de produzir o que deveria para se proteger
e se manter íntegra e, por esta razão que a desidratação,
o ressecamento e a diminuição das fibras elásticas e de
colágeno acontecem inexoravelmente”, diz.
Diante dessa condição, é muito comum o apareci-
mento de feridas, de microlesões na pele do idoso, que
são a porta de entrada para bactérias, fungos e vírus. Ou
seja, uma pele ressecada pode facilmente ser o caminho
para as infecções cutâneas, como angiomas ou manchas
vermelhas, quistos sebáceos, erupções cutâneas, ecze-
mas, manchas, bolhas, urticária, comichão, nódulos, que
são alguns exemplos de manifestações a que os idosos
se encontram suscetíveis.
Entre os tipos de feridas mais comuns estão as ocasio-
nadas por quedas, pelo atrito de roupas e acessórios, as
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Atualize seu Cadastro

33

SETEMBRO

KOL - Anúncio Kollagenase – MAIO/2019


KOL - Anúncio Kollagenase – MAIO/2019
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deve ser lavada com água e sabão e não deve sofrer pressão
de nenhuma espécie. Já no caso de lesões mais profundas,
PREVENIR AINDA É A MELHOR SOLUÇÃO! o mais indicado é que sejam lavadas com soro fisiológico
0,9%, morno, para que não haja vasoconstrição, e tratadas
Oriente o paciente da farmácia a: com cremes/pomadas ou antibióticos sistêmicos. Lembran-
• Manter a pele sempre hidratada. do sempre que é preciso procurar um médico especialista
• Evitar vários banhos durante o dia, pois a pele para prescrever o melhor tratamento.
pode ficar desidratada. As pomadas também podem ser classificadas de acor-
• Na hora do banho, optar por água morna. do com a sua afinidade com a água. Existem pomadas
• Utilizar sabonetes neutros para higienizar a pele. hidrofóbicas ou lipofílicas, aquelas que normalmente não
• Fazer do protetor solar um aliado na proteção absorvem ou que só podem absorver pequenas quantida-
da pele e o utilizar diariamente. des de água, como as que possuem vaselina, parafina, óleos
• Evitar posições que coloquem demasiada pres- vegetais ou materiais graxos de origem animal e ceras em
são nas saliências ósseas do corpo, de forma a sua composição; e também as pomadas que absorvem
água, em que são incorporadas substâncias emulsificantes
evitar o aparecimento de úlceras de pressão.
LONGEVIDADE

do tipo água em óleo como lanolina, àlcoois de lanolina,


• Fazer massagens para ativar a circulação sanguínea.
ésteres de sorbitano, monoglicérideos e álcoois graxos. Há
• Ter um médico de confiança que oriente sobre
também, as pomadas hidrofílicas ou hidrófilas, nas quais
os produtos e medicamentos mais indicados para
os excipientes são miscíveis à água, podendo, inclusive,
prevenir e tratar lesões na pele.
conter determinadas quantidades de água. Já as pomadas
oftálmicas são aplicadas nas conjuntivas.
34 Em idosos, o uso de pomadas é mais frequente em
pacientes acamados ou com pouco mobilidade, pelo
ESPECIAL

provenientes de doenças de pele, as causadas por alergias surgimento de escaras ou úlceras de pressão pelo corpo,
e as que ocorrem em decorrência de úlceras de pressão e também para o tratamento de assaduras ou lesões na
(mais comuns em pacientes acamados, que ficam por pele das dobras do corpo e das nádegas, provocadas pela
longos tempos na mesma posição). umidade e pelo calor ou pelo contato com fezes e urina.
O tipo de pomada mais indicado para cada situação, as-
PROTEÇÃO NECESSÁRIA sim como a frequência de uso devem ser orientados pelo
Levando-se em consideração a lentidão e a dificuldade médico que acompanha o idoso.
de cicatrização de feridas, é preciso que alguns cuidados A cicatrização é um processo complexo que compreen-
sejam tomados, como manter a pele bem hidratada e pro- de várias fases. Após a fase inflamatória inicial, segue-se
curar a orientação de um dermatologista para a indicação uma de proliferação das células com o objetivo de formar
de cremes mais específicos para a pele idosa. uma “crosta”. Posteriormente, ocorre a fase de remodela-
Estar atento a quedas e batidas é importante, uma vez mento da pele.
que a cicatrização de feridas na pele idosa pode variar e Vale lembrar que uma nutrição equilibrada ajuda nos
necessitar de atenção especial, dependendo de sua inten- processos de cicatrização. A ingestão de proteínas, por
sidade e dano causado. exemplo, é essencial, já que elas contribuem para a cons-
As massagens também são recomendadas, pois elas trução de novos tecidos do corpo humano, no combate
ativam a circulação sanguínea, o que ajuda a cicatrização e a infecções e na reparação tecidual.
evita que as feridas apareçam. “Uma pele limpa, hidratada e “Além da proteína, outros nutrientes como arginina,
bem cuidada com produtos e medicamentos corretos cria vitamina C, E, selênio e zinco desempenham papéis im-
uma barreira para o aparecimento ou extensão de feridas”, portantes no processo de cicatrização”, explica a nutricio-
lembra a dermatologista. nista da FDC, Caroline de Aquino Guerreiro. Assim como
a adequada ingestão de alimentos e líquidos, a prática de
TRATAMENTO E CURA atividades físicas também é importante para aumentar a
Os cuidados variam, dependendo da extensão da feri- energia, já que o corpo aumenta a demanda para apoiar
da, segundo a dermatologista. Quando pequena e aberta, o processo de cicatrização.
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Referências: 1. Relatório de estudo: Maresis AR. Teste de dispensação de produto, de pressão de jato. Patrocinador: FARMOQUIMICA S.A Data on file,
Chemyunion Química Ltda, 2015. 2. Monografia do produto Maresis

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