13 - Contribuição Dizimal

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CONTRIBUIÇÃO DIZIMAL
Levítico 27.30-34

É verdade que há igrejas que supervalorizam a parte material, pregando


exageradamente sobre contribuição financeira?

É verdade que há igrejas que impedem pessoas de se tornarem membros, se não


forem dizimistas?

É verdade que há igrejas que nunca prestam contas de modo transparente aos fiéis,
sobre suas arrecadações?

Questões como estas e tantas outras podem ser levantadas, mostrando que há muitos
equívocos sendo praticados nesta área da contribuição, o que comprova um
distanciamento dos ensinos escriturísticos. Escândalos são notórios por quase toda
parte, denegrindo, assim, a imagem da igreja de Cristo.

No capítulo 27 de Levítico, há uma lista repetitiva de leis que já foram citadas em


outros lugares desse livro. Essas leis foram dadas por Deus a Moisés, para servirem
de instruções ao povo, e não como um código penal.

Aqui estão várias prescrições referentes às ofertas, as quais eram entregues


motivadas por gratidão a Deus por bênçãos recebidas e pela libertação dos males
temidos. Segundo o comentarista R. N. Champlin, "este capítulo funciona
definitivamente como uma espécie de apêndice do livro, e não como uma conclusão
propriamente dita. Um dos principais assuntos deste capítulo 27 é aquele acerca dos
votos, incluindo aqueles pertinentes aos dízimos para o santuário".

Existiam, basicamente, três tipos de contribuição dizimai que eram praticados naquele
tempo, num contexto de uma economia agrícola:

• Dízimos para o sacerdócio - Desse era tirado um dízimo para o sumo sacerdote.
Era uma espécie de dízimo dos dízimos (Nm 18.21-24).

• Dízimo para as festividades religiosas - Eram utilizados nas celebrações litúrgicas


do povo de Deus (Dt 12.11-28).

• Dízimo para os pobres - Eram destinados para socorrer os necessitados,


cumprindo, assim, a função social (Dt 14. 22-29; 26.12-15).

Na realidade, as leis estabelecidas neste período bíblico eram bem rígidas. Porém, na
visão NeoTestamentária , a Igreja de Cristo possui a lei como aio, ou seja, como meio
de conduzir os fiéis até Cristo. Agora, já não há mais esse legalismo sufocante, pois
em Cristo há liberdade e alegria (Gl 3.24,25).

Nesta linha de pensamento, foi Paulo quem disse: "Cada um contribua segundo tiver
proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade, porque Deus ama a quem
dá com alegria" (II Co 9.7). Não podemos deixar de afirmar que a contribuição na
igreja é um momento de alegria, de celebração festiva e de muita adoração.

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1 - CONTRIBUIÇÃO DIZIMAL E A ATITUDE DE FIDELIDADE A


DEUS
Na maioria das vezes em que este assunto da contribuição dizimai é considerado,
pensa-se logo em algo apenas da Lei, algo exortativo e de uma cobrança fortíssima de
Deus e da própria igreja.

Mas, não é esse o ensino do texto bíblico. Na prática, essa consagração de bens
mostrava como o povo era fiel a Deus em todos os seus dias de vida aqui na terra,
como um reflexo de sua santidade ao Senhor. Era um forte apelo ã fidelidade e não à
legalidade.

Deus não precisa de bens materiais para sobreviver. Todas as dízimas da terra, dos
cereais, dos frutos, do gado e dos rebanhos mencionadas no texto, constituíam-se,
apenas, em manifestações concretas de fidelidade a Deus. Deus é o dono e o doador
de todas as coisas.

Esse é um princípio básico da mordomia dos bens materiais (SI 24.1; Ag 2.8). Deus
deseja ver em seu povo fidelidade na entrega, ou seja, na devolução daquilo que lhe
pertence, pois o dízimo é santo ao Senhor (Lv 27.30).

Quando Jesus falou sobre o dízimo, sua preocupação maior era com uma vida santa,
consagrada, justa, cheia de fé e de misericórdia, do que propriamente com o valor da
entrega. Ele percebeu e condenou a hipocrisia dos escribas e fariseus, Pois, na
realidade, faltava-lhes fidelidade ao Senhor e ao próximo (Mt 23.23; Lc 11-42).

Jesus quer, portanto, ensinar que o dízimo não justifica nenhuma injustiça, e nem nos
autoriza a sermos exploradores de nosso semelhante. Muito pelo confio, torna-nos
mais fiéis e justos para com Deus e com o nosso próximo, lutando, assim, contra
qualquer tipo de opressão e injustiça.

É de suma importância que todos aqueles que consagram seus dízimos e ofertas ao
Senhor, o façam com extrema fidelidade a Deus, pois Deus sabe e vê todas as coisas.
Dízimo não é apenas uma porcentagem (10%); é um compromisso de fidelidade com
Deus.

2 - CONTRIBUIÇÃO DIZIMAL E AS RECOMPENSAS


A entrega das dízimas neste período bíblico era algo praticado com toda a
naturalidade e de modo espontâneo. Em momento algum percebe-se alguém
consagrando algo com o intuito de alcançar benefícios para si próprio.

Ninguém estava interessado em ficar rico a partir da consagração dos dízimos. A


entrega não possuía o caráter de uma barganha com Deus, e nem um meio de se
levar vantagem.

Sabe-se, no entanto, que a consagração dos dízimos possuía, pelo menos, duas
funções importantíssimas, as quais não têm nada a ver com essa ideia errônea de
recompensas materiais e muita prosperidade.

A primeira função era didática, ou seja, de se criar um temor a Deus e ensinar aquilo
que Deus é e faz pelo seu povo. A segunda função era de caráter social, ou seja,
visava suprir as necessidades dos menos favorecidos.

O Rev. Júlio Andrade Ferreira , no livro O Dízimo Cristão, afirma o seguinte: "Esse
método fácil de fazer fortuna, que muitos apregoam, mata o cristianismo.

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O fariseu de uma célebre parábola de Jesus também dava o dízimo de tudo, e nem
por isso escapou da maldição (Lc 18.9-14). Pode-se matar carneiro, jejuar, guardar o
dia do Senhor, orar e ser amaldiçoado (Is 1.58,59).

O dízimo não é um talismã que nos livra de maldição. Se o dízimo, como feitiço, nos
faz ficar ricos, obrigando a Deus a nos dar fartura, será sem dúvida uma desgraça na
vida de muitos".

Quando a Bíblia fala do princípio da semeadura e de que Deus abrirá as janelas dos
céus, ela não está garantido riqueza e prosperidade. Não quer dizer que os nossos
problemas financeiros estarão todos resolvidos. Jesus, certa vez, disse: "Ora, é mais
fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de
Deus" (Lc 18.25).

Mas, aqueles que contribuem com fidelidade, não com o objetivo principal de receber
em troca, serão abençoados: "... para que o Senhor, teu Deus, te abençoe em todas
as obras que as tuas mãos fizerem" (Lv 14.29). Quando há liberalidade, as bênçãos
de Deus são reais (Pv 3. 9,10; 11.24-26).

3 - CONTRIBUIÇÃO DIZIMAL E AS OUTRAS CONTRIBUIÇÕES


De forma alguma pode-se afirmar que a entrega do dízimo seja a única maneira de se
contribuir. Não se pode ter consciência tranquila ou limpa, porque se deu apenas o
dízimo. Os vários tipos de dízimas mencionados no texto básico apontam para uma
contribuição abrangente, que é de tudo aquilo que se ganha.

A contribuição dizimai não é o máximo que se entrega. Em alguns casos, pode ser
considerado até o mínimo. É preciso contribuir além do dízimo, pois Deus concede aos
seus filhos muito mais do que eles merecem. Na igreja, além da contribuição dizimai,
podemos contribuir com ofertas, doações diversas, bem como com o nosso próprio
tempo e com os nossos talentos.

Quando se olha para o Novo Testamento, numa perspectiva não legalista e nem
farisaica, é possível encontrar exemplos de entregas feitas ao Senhor que foram além
dos 10%. Isso só foi possível de praticar porque aqueles genuínos cristãos deram a si
mesmos, primeiro, ao Senhor (I Tm 1.19).

Lembremo-nos da oferta da viúva pobre (Lc 21.1-4 ), da consagração de Maria de


Betânia (Mt 26.6-13), daquilo que Pedro, André, Tiago e João dispuseram para seguir
a Jesus (Mt 4.18-22), da disposição de Zaqueu (Lc 19.1-10), e da liberalidade de
Barnabé (At 4.32-37). Vale a pena, ainda, citar a Igreja da Macedônia, que fora
agraciada pelo Senhor, soube cuidar dos santos e contribuir com total liberalidade (II
Co 8.1-5).

Assim sendo, concluímos com duas afirmativas:

• No exercício da nossa contribuição dizimal, a fidelidade deve ser o principal


parâmetro a ser seguido, sem nenhuma intenção de se receber algo em troca, mas
dando-nos, primeiramente, ao Senhor, e até mesmo além dos 10%.
• O dízimo deve ser uma contribuição espontânea, comunitária, libertadora, alegre,
generosa, pessoal, familiar, consciente, sistemática... não um imposto, uma taxa, uma
dívida, um tributo para aplacar a justiça na consciência.

AUTOR: REV. ANDERSON SATHLER

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