Ficha 4 - Textos Modernistas
Ficha 4 - Textos Modernistas
Ficha 4 - Textos Modernistas
MODERNISMO BRASILEIRO
Moça Linda Bem Tratada – Mário de Andrade Erro de português – Oswald de Andrade (1927)
(1922) Quando o português chegou
Moça linda bem tratada, Debaixo de uma bruta chuva
Três séculos de família, Vestiu o índio
Burra como uma porta: Que pena!
Um amor. Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
Grã-fino do despudor, O português.
Esporte, ignorância e sexo,
Burro como uma porta: Pronominais – Oswald de Andrade (1925)
Um coió. Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Mulher gordaça, filó, Do professor e do aluno
De ouro por todos os poros E do mulato sabido
Burra como uma porta: Mas o bom negro e o bom branco
Paciência... Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Plutocrata sem consciência, Deixa disso camarada
Nada porta, terremoto Me dá um cigarro.
Que a porta de pobre arromba: ___________________________________________
Uma bomba.
___________________________________________ Mãos Dadas – Carlos Drummond de Andrade
(1940)
Poética – Manuel Bandeira (1922) Não serei o poeta de um mundo caduco.
Estou farto do lirismo comedido Também não cantarei o mundo futuro.
Do lirismo bem comportado Estou preso à vida e olho meus companheiros
Do lirismo funcionário público com livro de ponto Estão taciturnos, mas nutrem grandes esperanças.
espediente protocolo e manifestações de apreço ao sr. Entre eles, considere a enorme realidade.
diretor. O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no Não serei o cantor de uma mulher, de uma história.
dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo. não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista na
janela.
Abaixo os puristas. não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida.
Todas as palavras sobretudo os barbarismos não fugirei para ilhas nem serei raptado por serafins.
universais O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os
Todas as construções sobretudo as sintaxes de homens presentes,
exceção a vida presente.
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
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Estou farto do lirismo namorador
Político Canto de regresso à pátria – Oswald de Andrade (1925)
Minha terra tem palmares
Raquítico Onde gorjeia o mar
Sifilítico Os passarinhos daqui
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora Não cantam como os de lá
de si mesmo. Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
De resto não é lirismo Minha terra tem mais ouro
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do Minha terra tem mais terra
amante exemplar com cem modelos de cartas e as Ouro terra amor e rosas
diferentes maneiras de agradar & agraves mulheres, Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
etc. Sem que volte para lá
Não permita Deus que eu morra
Quero antes o lirismo dos loucos Sem que volte pra São Paulo
O lirismo dos bêbados Sem que veja a Rua 15
O lirismo difícil e pungente dos bêbados E o progresso de São Paulo.
O lirismo dos clowns de Shakespeare.