9224-Texto Do Artigo-29170-1-10-20210607
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Engenharia Ambiental
RESUMO
A Área de Proteção Ambiental de Santa Rita – APA (Lei nº 9.985/2000, Art.15º) está
inserida em três munícios do estado de Alagoas: Maceió, Marechal Deodoro e Co-
queiro Seco. O objetivo deste artigo é apontar os contrastes desses respectivos Planos
e a falta de sincronia no uso do espaço geográfico, fato que vem dificultando as ações
dos gestores ambientais responsáveis. Objetivam-se ainda neste artigo detectar as
principais ameaças à APA, bem como apontar potencialidades no zoneamento terri-
torial do Plano de Manejo da mesma, visto que esses instrumentos buscam assegurar
a efetividade do direito ao meio ambiente sadio, devendo ser conjugados de maneira
que um não sobreponha ao outro, tendo como foco principal a defesa das áreas am-
bientalmente protegidas. A partir das análises feitas sobre as definições e asaplicabi-
lidades dos planos, foi possível observar a divergência entre as zonas propostas, fato
que dificulta a gestão da região com relação ao uso e ocupação.
PALAVRAS-CHAVE
ABSTRACT
KEYWORDS
1 INTRODUÇÃO
2 METODOLOGIA
3 CARACTERIZAÇÃO DA APA
A Área de Proteção Ambiental (APA) de Santa Rita (SR) foi criada pela Lei Estadu-
al n° 4.607 de 19 de dezembro de 1984 e regulamentada pelo Decreto Conselho Es-
tadual de Meio Ambiente (CEPRAM) nº 6.274 de 5 de junho de 1985, com a finalidade
de “[...] preservar as características dos ambientes naturais e ordenar a ocupação e uso
do solo naquela área” (ALAGOAS, 1985).
Inserida nos municípios de Coqueiro Seco, Marechal Deodoro e Maceió a APA
de Santa Rita possui uma área total de 10.230 hectares, sendo 68,84% abarcados pelo
município de Marechal Deodoro, cidade pertencente à região metropolitana da capi-
tal Maceió (IMA, 2015, p. 27). Nesse território há a presença dos mais diversos biomas
como manguezais, restingas e uma fitofisionomia predominantemente (93% da Uni-
dade de conservação, excluindo cursos d’agua) formada por floresta ombrófila aberta
(INSTITUTO..., on-line), além de uma grande biodiversidade marinha e lagunar, por
meio do Complexo Estuarino Lagunar Mundaú-Manguaba (CELMM).
Importante salientar ainda que a APA-SR e a APA Marituba do Peixe são as úni-
cas Unidades de Conservação do Estado de Alagoas que possuem Plano de Manejo.
O objetivo do Plano da APA-SR, segundo o próprio documento, é:
Dentre as três cidades que permeiam a APA, Maceió e Marechal Deodoro são
respectivamente, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010),
o primeiro e o terceiro município alagoano em produto interno bruto (PIB), onde, o
turismo é uma das forças motrizes do setor de serviços de ambos os municípios. O
turismo nesses municípios, como na maior parte das cidades da mesorregião da Zona
da Mata alagoana, se dá principalmente pelas belas praias e pela gastronomia típica.
Dentre as principais iguarias da região de Santa Rita encontra-se o Sururu (Mytella-
charruana) um molusco Bivalva endêmico da região lagunar de Mundaú que atrai
turistas o ano todo por seu sabor exótico.
Segundo Lima (2015), a variedade de biomas, ecossistemas aquáticos, vege-
tação, paisagens e biodiversidade permite a região da APA de Santa Rita o desen-
volvimento de pesca, turismo, lazer e produção de alimentos. Consequentemente, a
criação de uma grande quantidade de empregos, diretos ou indiretos, que beneficiam
a população e movimentam a economia local.
Além disso, segundo Bruijnzeel (1990) e Calder (1998 apud BACELLAR, 2005), a
grande capacidade evapotranspirativa da vegetação aumentaria a umidade atmos-
férica e, consequentemente, as precipitações locais. Ou seja, além do benefício da
evapotranspiração oceânica ao qual a região da APA de Santa Rita é permeada, as
manutenções dos biomas florestais na APA garantem segurança hídrica à região. Se-
gurança essa que é fundamental para a manutenção, por exemplo, da monocultura
de cana de açúcar, principal commodities do setor agrícola do Município de Marechal.
Todos esses benefícios e serviços ambientais só são possíveis pela presença
preservada dos biomas e ecossistemas terrestres e aquáticos na região da APA. Res-
trições ambientais são essenciais para a preservação do manguezal, habitat do sururu
e de caranguejos, responsáveis não apenas pela fonte de renda local, mas também
O Estado de Alagoas desde o princípio é uma região bastante visada pelos gran-
des empreendedores por ser uma área de solo fértil para a agricultura e por estar lo-
calizada em uma extensão repleta de belezas naturais, fato que gerou intensa procura
por espaço para empreender, principalmente no setor sucroalcooleiro. Assim, algu-
mas das dinâmicas de uso e ocupação do solo permeiam até hoje, gerando diversos
desafios para a região como a especulação imobiliária, a grilagem de terras e os in-
cêndios criminosos em áreas de desejável concessão e ocupação.
Para exemplificar os problemas ambientais supracitados pode-se elencar al-
guns fatos ocorridos na região da APA, como as intensas queimadas provocadas na
maioria das vezes pelos próprios moradores da região, a fim de retirar os carangue-
jos do seu habitat natural para caça e posterior comercialização. O monitoramento
de queimadas realizado pelo IMA/AL no mês de novembro de 2019, registrou 4
(quatro) relatórios de queimadas, e em todos eles havia registros do fogo da região
da APA-SR. Além disso, na ida a campo com o intuito de levantamento de informa-
ções para a elaboração deste trabalho, foram observadas evidências dessas queima-
das, a exemplo das Figuras 1 e 2.
Fonte: Autores.
Na região lagunar os desafios não são menores, pois entre essas áreas passam
linhas de transmissão, tubulações de oleodutos, gasodutos e no entorno do Polo
Cloroquímico de Alagoas (PCA) passam tubulações de etenoduto, que são uma
ameaça para essa região por se configurarem em atividades de risco de alto impac-
to ambiental (IMA, 2015, p. 6).
Esse trecho de área fica localizado próximo a um estuarino lagunar, mais pre-
cisamente nas coordenadas 9°44’19.81”S de Latitude e 35°49’40.40”O de Longitude.
A definição de ZCAT no Plano de Manejo é:
7 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos
I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação da Natureza e dá outras providências. Brasília, DF, jul. 2000. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9985.htm. Acesso em: 4 fev 2020.
DIEGUES, A. C. S. O mito moderno da natureza intocada. 6. ed. São Paulo: Aderaldo &
Rothschild Editores Ltda., 2008. Disponível em: http://nupaub.fflch.usp.br/sites/nupaub.
fflch.usp.br/files/O%20mito%20moderno.compressed.pdf. Acesso em: 4 fev. 2020.
SEMARH. APA de Santa Rita e RESEC Saco da Pedra. Disponível em: http://www.
semarh.al.gov.br/unidades-de-conservacao/apa-de-santa-rita-e-resec-saco-da-
pedra/apa-de-santa-rita-e-resec-saco-da-pedra. Acesso em: 13 set. 2018.