A Ilusao de Servir 2

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Alcino Rodrigues Mutemba


Amina da Graça Macumbe
Chudy Cossa
Sónia Segola
Milena Isabel da Cruz

SERVIÇO SOCIAL: A ILUSÃO DE SERVIR

Licenciatura em SERVIÇO SOCIAL E ACÇÃO HUMANITÁRIA

UNIVERSIDADE PEDAGÓGICA DE MAPUTO


Maputo

2024
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Sumário
Introdução .............................................................................................................................................. 2
Serviço social: a ilusão de servir......................................................................................................... 3
Capitalismo Industrial e Polarização Social ................................................................................. 3
Ascensão do capitalismo e manifestações operárias ............................................................... 5
A marcha do proletariado e a contramarcha da burguesia: o surgimento do Serviço
Social ....................................................................................................................................................... 7
A origem do Serviço Social ............................................................................................................. 11
Desfecho .............................................................................................................................................. 13
Bibliografia............................................................................................................................................... 14
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Introdução
Neste presente trabalho, abordaremos sobre o surgimento do serviço social como profissão. Antes
do seu surgimento houve uma grande importância do capitalismo, porque foi através dele que se
teve a necessidade da criação do serviço social como profissão. Essa decisão foi por causa das
desigualdades sociais, existentes entre as classes operárias e a classe dominante.

“A consciência, portanto, é desde o início um produto


social e continuará sendo, enquanto existirem homens.”

(Marx e Engels)
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Serviço social: a ilusão de servir


Capitalismo Industrial e Polarização Social
Para melhor compreensão do surgimento do capitalismo, Dobb fala-nos da existência de três
vertentes que tentam explicar o seu surgimento.

A primeira vertente é proposta pelo economista alemão Werner Sombart (1863-1941). Sua ideia
parte do idealismo, que considera o capitalismo, como forma econômica, a criação do espírito
capitalista, que por sua vez constitui uma síntese de espírito empreendedor e racional. Para ele o
capitalismo tem reinado sempre atitudes econômicas diferentes e que é esse espírito que tem
criado a forma que lhe corresponde e com isso, uma organização econômica.

A segunda vertente é da Escola Histórica Alemã, também chamada Escola Clássica Alemã, é
acentuado o caráter de sistema comercial do capitalismo, situando-o como uma forma de
organização de produção que se move entre o mercado e o lucro. Karl Bücher e Gustav Von
Schmölier, partidários da escola histórica, deixam claro que o capitalismo é um sistema de
atividade econômica dominado por um certo tipo de motivo, que é o lucro.

A terceira vertente, fundada sob o pensamento de Karl Marx, amplia de modo considerável a
questão, pois parte de novos pressupostos. Karl Marx diz que o capital é uma relação social e o
capitalismo é um determinado modo de produção, marcado não apenas pela troca monetária, mas
essencialmente pelo domínio do processo de produção capital. Graças ao Karl Marx o capitalismo
ganha um novo sentido, tanto na natureza técnica da produção- que por ele chamado de estágio de
desenvolvimento das forças produtivas, como na maneira pela qual se definia a propriedade dos
meios de produção. Como consequência, surge a existência de uma nova estrutura social.

É difícil dizer com previsão quando surgiu o capitalismo, mas podemos notar que nos séculos XIV
e XV, com o desenvolvimento do capitalismo mercantil, as relações de produção no campo são
invadidas pela variável comercial, as trocas se tornaram cada vez mais complexas, por isso passam
a ter como objetivo a acumulação de riqueza e o lucro. A separação entre os camponeses e a terra,
entre o produtor e os meios de produção, vai infiltrando-se sorrateiramente, fazendo-se
acompanhar de seu habitual corolário, a divisão social do trabalho. Iniciando-se com uma primeira
rutura entre fiação e tecelagem, tornando-se a cada momento mais complexo, determinando novas
e crescentes divisões.
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O intenso desenvolvimento do capitalismo, em sua fase mercantil, se faz acompanhar da criação


de força de trabalho assalariada que é destituída de meios de produção em toda a Europa. A
trajetória do trabalhador seguiu uma rota oposta à da burguesia, pois, à medida que ela foi
determinando seu alojamento dos meios de produção de atividades artesanais, o trabalho foi sendo
compelido a se submeter ao trabalho assalariado, indispensável para prover sua subsistência
familiar.

Depois de algum tempo na cidade, começaram a surgir as fábricas. Fruto das novas invenções e
do avanço da técnica, como sua crescente demanda de trabalho.

Notamos que, com o avanço das técnicas, os donos do capital, com a proteção da legislação Tudor,
recrutavam mão-de-obra (camponeses) sob compulsão e denunciavam as autoridades, todos
aqueles que se recusassem ao trabalho independentemente das suas condições ou exiguidade do
salário legal.

A Lei do assentamento, de 1563, impedia os camponeses/ trabalhadores de se mudar de aldeias


sem a permissão do senhor local, e a Lei dos Pobres, de 1597, os privava e retirava o direito de
cidadania econômica daqueles que fossem atendidos pelo sistema de assistência pública

No período que vai do século XVIII ao XIX desenvolveu-se o capitalismo concorrencial. Em sua
fase mercantil e industrial, a articulação de tais circunstâncias e fluxos cria condições muito
favoráveis ao crescimento de uma sociedade capitalista. No século XVII, além de ter obrigado
algumas unidades fabris de produção, testemunhou a criação de importantes invenções, que por
certo prenunciam um futuro já próximo. Foi também neste cenário histórico que a Revolução
Inglesa aconteceu, entre 1640 e 1660, abrindo caminho para uma nova política econômica e social,
libertando a indústria das concessões para a livre expansão do capitalismo.
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Ascensão do capitalismo e manifestações operárias


Durante quase todo século XVII foi marcante o domínio do capital sobre o trabalho. Os
trabalhadores não estavam organizados enquanto classes, configurando ainda uma força de
trabalho bastante heterogênea, cujos interesses comuns não superaram o horizonte do ofício ou da
função.

No final do século XVII, é predominantemente na primeira metade do século XIX, com a


revolução industrial na Europa, em especial na Inglaterra. Já em fase de plena execução e
maturidade, o mercado de trabalho encontrava-se também em um momento de expansão,
demandando um grande número de braços operários. A base de pirâmide demográfica da classe
havia-se ampliado consideravelmente ao longo do século XVIII, não só pelo crescimento natural
da população mas também pela proletarização de pequenos produtores e artesãos. A taxa de
natalidade, durante a primeira metade do século XIX, mantinha-se em altas, enquanto a de
mortalidade, que começava a decrescer ao final do século XVIII, conservava-se em nível mais
baixo. Assim, enquanto os capitalistas expandiram seu capital, os trabalhadores expandiram a
população, reproduzindo-se em escala

As transformações trazidas pela revolução industrial não ficam, portanto, circunscritas aos limites
da produção industrial. Era a sociedade como um todo que ganhava uma nova ordem social,
polarizando-se cada vez mais rapidamente em duas grandes classes - a burguesia e o proletariado,
cujas vidas se desenrolaram sob o signo da contradição e do antagonismo.

Essa grande fratura de sociedade se expressava através das múltiplas fragmentações que lhe são
características, a divisão da sociedade em classes, a social do trabalho, a desigual distribuição das
atividades e do produto das mesmas, características estas que se acentuam marcantemente à
medida que o capitalismo se consolidava.

Fortalecida em seu poder, por ser a detentora do capital dos meios de produção, a burguesia unia-
se na busca da consolidação da ordem burguesa, regime capitalista, seu interesse pelo proletariado
era inteiramente esvaziado de qualquer sentido humano, pois aos seus olhos o operário era apenas
e tão-somente força de trabalho, uma mercadoria como qualquer outra. Da qual necessitava para
expandir seu capital. Assim, ao longo da primeira metade do século XIX, o capitalismo avançou
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em sua marcha expansionista, instaurando economicamente um processo de contínua


desvalorização do ser humano. A valorização do mundo das coisas correspondeu a desvalorização
do mundo do homem.

O brilho fulgurante do processo capitalista da Europa Ocidental ao longo do quartel de século que
vai de 1850 a 1875, que enchia de entusiasmo os donos do capital, ocultava uma dura realidade:
seu crescimento fizera á custa de exploração de classes trabalhadoras, cujo processo de
pauperização caminhava com a mesma intensidade em que se dera a concentração da riqueza de
mãos da burguesia. Porém, “ a natureza não produz , de um lado, possuidores das próprias forças
de trabalho.

Há registros históricos muito antigos e fidedignos que evidenciam que o processo é a recusa ao
massacre de acumulação primitiva. Manifestando-se de diferentes formas e expressando os vários
patamares do processo organizativo da classe trabalhadora, o protesto dos operários pode ser
tratado desde as décadas iniciais do século XIX, em especial na Inglaterra, onde o proletariado já
era um segmento estável da população, a essa altura. Não causalmente, a Inglaterra foi o berço do
anônimo.

As primeiras formas de oposição dos trabalhadores a essa dura realidade expressaram-se na


resistência, dirigindo-se não diretamente ao opressor, ao explorador, mas Simão instrumento da
exploração, ao símbolo da opressão: a máquina. Introduzida crescentemente na produção
industrial, a máquina alterava de forma irreversível, o processo social de trabalho, exigindo do
trabalhador longas e penosas jornadas, através das quais o capitalista procurava auferir os lucros
máximos de seu investimento. Por não demandar um grande aprendizado anterior e nem dispêndio
de forças físicas especiais, a indústria capitalista trouxe para fábrica mulheres, jovens e crianças,
o que implicava graves repercussões para a personalidade desses jovens trabalhadores e para a
estrutura de sua família.
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A marcha do proletariado e a contramarcha da burguesia: o surgimento do


Serviço Social
Para periodizar a história é preciso uma vasta diversidade de critérios e de uma ampla
heterogeneidade de posicionamentos, tanto que essa atividade se mostrou sempre muito complexa.
Os vários historiadores que tentam periodizar os diferentes estágios e momentos de transição da
história da humanidade parecem nunca chegar a um consenso. Tomando por referência o modo
pelo qual a produção material é realizada, a conceção materialista vai procurar desvendar em cada
modo de produção a historia que lhe é inerente e as suas contradições internas, tendo em conta que
este é determinante na organização politica e no quadro institucional da sociedade. É muito
importante compreender estas contradições, porque é o seu amadurecimento que produz os
diferentes fluxos históricos, as maiores transformações na estrutura da sociedade e a passagem de
um modo de produção para outro.

O capitalismo é um modo de produção profundamente antagónico e pleno de contradições, que


desde o início de sua fase industrial fez grandes mudanças na história da sociedade e nas relações
entre os humanos. Os efeitos do capitalismo começaram a atuar a fundo no contexto social na
primeira metade do século XIX, com os impactos da Revolução Industrial.

Marx e Engels (1981: 30) afirmam que a luta de classes é a principal chave heurística para a
compreensão da história. “A história de toda a sociedade humana até nossos dias é uma história de
luta de classes. Homens livres e escravos, patrícios e plebeus, senhores e servos, mestres e
aprendizes, em uma palavra: opressores e oprimidos, frente a frente sempre, empenhados em uma
luta ininterrupta, velada algumas vezes, em outras francas e aberta, em uma luta que conduz em
cada etapa à transformação revolucionária de toda a sociedade ou ao extermínio das classes em
luta”.

O próprio momento histórico em que tal programa foi redigido e divulgado, final de 1847, início
e desenrolar de 1848, testemunhou uma série de lutas “francas e abertas” através das quais, com
impulsiva combatividade, os trabalhadores reagiam contra o avanço da barbárie capitalista.

Marx dava o nome de “segredo da acumulação primitiva” à drástica rutura entre o camponês e a
terra. Esta permitiu que os donos do capital tivessem atendido as suas demandas de força de
trabalho. A necessidade de braços operários deveu-se à marcha expansionista da Revolução
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Industrial e da industrialização capitalista. Era preciso promover a mobilidade de mão-de-obra,


aumentando o número de trabalhadores que saiam da aldeia para a cidade, sendo uma atividade
indispensável nessa fase de acumulação primitiva do capital e de constituição do mercado de
trabalho.

Parte-se do princípio de que o trabalhador precisava estar livre de circular pelo mercado, pois era
o portador da força de trabalho; o mesmo tinha que ser transformado em “trabalhador livre”, caso
até aquele momento ele tivesse que se submeter a severas punições se não seguisse o disposto na
legislação e se fosse preso ao feudo. Para que tal acontecesse, a burguesia precisava convencer o
Estado burgues a revogar dois atos combinados (cujas suas origens remontam aos séculos XIV e
XVI), que foram prolongados durante o período apos a pandemia da Peste Negra (que varreu a
Europa), que havia escassez de mão-de-obra.

A Lei dos Pobres afirmava que todos que fossem atendidos pelo sistema de assistência pública
vivessem em locais a eles destinados, chamadas Casa de Correção, porque a pobreza era
considerada geneticamente um sério problema de carater. Eram obrigados a realizar todo o tipo de
trabalho, independentemente do salario, porque a mesma implicava a destituição da cidadania
económica. Visto que estes não tinham domínio nenhum sob as próprias vidas, em momentos
paroxísticos, eram forçados a suprir transitoriamente a escassez de mão-de-obra. Revelando o
carater utilitarista de sua relação com o trabalhador, os donos do capital vão pressionar o Estado a
revogar aqueles dispositivos que impediam a expansão de seu capital, porém mantendo inalterados
aqueles que o beneficiavam. As primeiras alterações legislativas do início do século XIX eram, na
verdade, medidas de proteção ao capital e aos seus possuidores. A revogação da Lei do
Assentamento e as alterações introduzidas concomitantemente no Estatuto dos Residentes estavam
diretamente relacionadas com a necessidade de mobilidade de mão-de-obra. O campo de
investimento do capital era definido essencialmente pela oferta de trabalho e pela reserva de mão-
de-obra disponível, o que dava a entender que havia um grande número de trabalhadores à
disposição da expansão do capital. A liberdade de trabalho e a liberdade religiosa eram estratégias
para fortalecer o tráfico mercantil que caracteriza o modo de produção capitalista.

Marx (1982) afirma que “O movimento da sociedade, que é o seu próprio movimento, toma para
eles a forma de um movimento das coisas, a cujo controle se submetem, ao invés de controlá-lo”.
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Os mecanismos usuais dos quais a burguesia se apoiava para consolidar o seu poder de classe e
fortalecer a malha alienante que envolvia a sociedade por ela engendrada foram:

 Separar o trabalhador dos meios de produção;


 Levar o trabalhador à alienação de sua própria força de trabalho;
 Exercer um rigoroso controlo sobre seus movimentos (seja no interior da fabrica, que no
contexto social mais amplo);
 Entre outros;

De acordo com os interesses burgueses, as novas formas de prática social e suas estratégias
operacionais tinham de constituir mecanismos que dessem uma aura de legitimidade à ordem
social burguesa, tornando-a inquestionável e aceitável pelo proletariado. O maior objetivo da
burguesia era o domínio de classe, que era o seu projeto hegemónico.

“Racionalizar a assistência nessa fase final da primeira metade do século XIX, quando a Europa
era uma vasta república burguesa, apos as derrotas dos trabalhadores, significava transforma-la
em um instrumento auxiliar do processo de consolidação do modo de produção capitalista, em
uma ilusão necessária à eterna reprodução das relações capitalistas de produção.”

Duas eram as grandes tendências produzidas pelos economistas da época, sob influência dos
economistas clássicos, especialmente Adam Smith e Ricardo, que podiam constituir referências
básicas para orientar os posicionamentos da burguesia, quanto às formas de enfrentamento da
“questão social”: a Escola Humanitária e a Filantrópica.

Marx (1969:99) afirma:

“A Escola Humanitária é a que lastima o lado mau das relações de produção atuais. Para
tranquilidade de sua consciência, esforça-se para amenizar o mais possível os contrastes reais;
deplora sinceramente as penúrias do proletariado e a desenfreada concorrência entre os burgueses;
aconselha os operários a serem sóbrios, trabalharem bem e terem poucos filhos; recomenda aos
burgueses que moderem seu furor na esfera da produção.

A Escola Filantrópica é a escola humanitária aperfeiçoada. Nega a necessidade dos


antagonismos; quer converter todos os homens em burgueses e aplicar a teoria, desde que esta se
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diferencie da pratica e não contenha antagonismos. É evidente que na teoria é fácil abstrações das
contradições que se encontram a cada momento na realidade. Essa teoria equivaleria, então, à
realidade idealizada. Em consequência, os filantropos querem conservar as categorias que
expressam as relações burguesas, porém sem o antagonismo que constitui a essência dessas
categorias e que é inseparável delas.”

Ideando-se mais claramente com o ideário da Escola Filantrópica. Uma vez que seu objetivo não
era produzir nenhuma alteração substancial na ordem social, mas apenas mantê-la sob seu rigoroso
controlo, afastando os antagonismos que a desestabilizavam, a burguesia encaminhou seus
esforços de racionalização da assistência por essa direção, unindo-se nessa tarefa aos seus
históricos aliados: a Igreja e o Estado.

Na Inglaterra, nessa época, nas décadas iniciais da segunda metade do século XIX, especialmente
durante os anos de 1850-1860, em face de suas circunstâncias históricas e sociais, marcadas por
uma verdadeira explosão da pobreza, membros da alta burguesia, ligados à Igreja Evangélica,
incentivados pelas autoridades locais, se haviam unido em grupo com o objetivo de estudar a
reforma do sistema de assistência pública inglês.

Ocultando suas reais intenções em um abstrato discurso humanitário, baseado na igualdade e na


harmonia entre as classes, a prática social burguesa procurava gerara ilusão de que havia, por parte
da sociedade, um real interesse pelas condições de vida da família operaria, por seu salario, por
suas condições de habitação, saúde, educação. Assim, atendendo às determinações da burguesia,
colocando-se a seu serviço, os reformistas, eles próprios membros da classe burguesia,
proporcionaram todas as condições para que a prática social fosse plasmada de acordo com seus
interesses de classe, fazendo da face da prática social a face da burguesia, que era, na verdade, a
face dominante da sociedade europeia durante toda a primeira metade do século XIX. Porém, o
capitalismo, cumprindo suas leis imanentes, e contendo em seu interior, a sua própria negatividade,
caminhava para uma das suas crises cíclicas, cujas primeiras manifestações, durante a década de
1860, pronunciavam sua intensidade. A retração do comércio e da indústria, o aumento dos salários
reais, o declínio das oportunidades de investimento, a expansão do exército proletário,
ultrapassando a demanda de trabalho, a generalização da pobreza, o desemprego e a fome eram os
reveladores indicativos de que o movimento gestacional da Grande Depressão estava em curso.
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A origem do Serviço Social


A origem do Serviço Social como profissão tem a marca profunda do capitalismo e do conjunto
de variáveis que a ele estão subjacentes- alienação, contradição, antagonismo- pois foi neste vasto
caudal que o Serviço Social foi engendrado e desenvolvido.

O Serviço Social é uma profissão que nasce articulada com um projeto de hegemonia do poder
burgues, gestada sob o manto se uma grande contradição que empregou suas entranhas, pois
produzida pelo capitalismo industrial, nele imersa e com ele identificada “como a criança no selo
materno” (Hegel, 1978), buscou afirma-se historicamente como uma prática humanitária,
sancionada pelo Estado e protegida pela Igreja, como uma mistificada ilusão de servir.

As condições peculiares que determinaram o seu surgimento como fenómeno histórico, social e
como atividade profissional, e em que se produziram seus primeiros modos de aparecer, marcaram
o Serviço Social como uma criação típica do capitalismo, por ele engendrada, desenvolvida e
colocada permanentemente a seu serviço, como uma importante estratégia de controlo social, uma
ilusão necessária para, juntamente com muitas outras ilusões, garantirem a efetividade e a
permanência histórica. O serviço Social já surge com uma identidade atribuída, que expressava
uma síntese das práticas sociais pré-capitalistas e dos mecanismos e estratégias produzidos pela
classe dominante para garantir a marcha expansionista e a definitiva consolidação do sistema
capitalista.

O Serviço Social era um grande instrumento da burguesia, que tratou de imediato de consolidar a
sua identidade atribuída, afastando-o da trama das relações sociais, do espaço social mais amplo
da luta de classes e das contradições que as engendram e são por elas engendradas.

Envolvendo os seus agentes na ilusão de servir e os destinatários de sua prática na ilusão de que
eram servidos, a classe dominante procurava mascarar as reais intenções do sistema capitalista,
impedindo que este se tornasse transparente. Ate mesmo por uma questão de estabilidade interna
e de autopreservação do regime, interessa muto à classe dominante manter obscurecidas as
relações, processos e leis que são inerentes ao capitalismo. Como um regime de exploração e
dominação permanentemente imposto, o capitalismo se nutre deste mascaramento do real. Lukács
afirmava que se ao se deter na análise do regime capitalista e das leis que o regem, “este sistema
de leis não deve somente impor-se aos indivíduos: terá também que não ser nunca suscetível de
um conhecimento integral e adequado, porque o conhecimento integral da totalidade asseguraria
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ao sujeito desse conhecimento uma tal posição de monopólio que tanto bastaria para suprimir a
economia capitalista”.

A burguesia pretendia ocultar a logica capitalista dos trabalhadores, assim como desejava gerar a
ilusão de que o mundo burgues era a estrutura definitiva e o capitalismo, um momento privilegiado
da história, o momento em que “o céu desceu sobre a terra” (Hegel, 1941).
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Desfecho
O serviço social surge como um auxílio para as classes operárias, já que sofriam de mãos tratos
por parte da classe dominante. Ela vem lutar pelos direitos da população (direitos dos oprimidos).
É de salientar que o serviço social como profissão foi uma primeira fase estratégia da classe
dominante para acalmar os operários, já que eles não estavam satisfeitos com os tratamentos que
iam recebendo. Com essa insatisfação eles uniram forças e começaram a fazer manifestações. Que
numa primeira fase eles destruíam as máquinas porque pensavam que eram elas a causa de todos
os seus problemas, mas depois de passar algum tempo eles percebem que as máquinas não eram
culpadas de nada, mas sim os opressores. Numa segunda fase eles já lutavam pelos seus direitos.
Notamos que depois dessas manifestações e de terem conseguido o que queriam eles viram a sua
vida melhorando e o serviço social tornou-se mais importante.
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Bibliografia
MARINELLI, L. Maria. Serviço Social: Identidade e Alienação, 6ª Edição. Brasil, Cortez Editora,
2000.

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