Reunir
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REUNIR:
Revista de Administração,
Ciências Contábeis e
Sustentabilidade
www.reunir.revistas.ufcg.edu.br
ARTIGO ORIGINAL
PALAVRAS-CHAVE
Resumo: A popularização recente do termo desenvolvimento sustentável acabou por
ocasionar modismos na sua utilização, diluindo o rigor científico em suas abordagens e
valorizando elementos de senso comum em um universo de definições. De forma
semelhante, essa difusão também se deu com o termo sustentabilidade, expressão
comumente relacionada com o fenômeno do desenvolvimento sustentável e que, às vezes,
aparece como seu sinônimo. Neste contexto, este ensaio se propõe a discutir alguns dos
principais conceitos de desenvolvimento sustentável e sustentabilidade, tendo em vista
uma caracterização de ambos os fenômenos, dos conceitos e definições mais abrangentes
(macro países) para os menos abrangentes (micro organizações). Considera-se ao fim que,
longe de ser um ponto negativo, essa ambiguidade ou multiplicidade de visões vem a
atestar características de dinamismo, heterogeneidade e contingencialidade para o
fenômeno do desenvolvimento sustentável. De forma semelhante, o fenômeno da
sustentabilidade também reflete uma multidimensionalidade própria, sendo considerada
ora atributo necessário para os padrões de desenvolvimento sustentável, ora uma
característica dos seus processos e práticas, ou mesmo uma propriedade de ecossistemas
e sociedades humanas, desenvolvida dentro do contexto das organizações.
KEYWORDS Abstract: The recent popularization of the term sustainable development eventually lead
Sustainable fads in use, diluting the scientific rigor in their approach and valuing common sense
development. elements in a definition of the universe. Similarly, this diffusion was also given to the term
Sustainability. sustainability, commonly associated with the expression of sustainable development
Theoretical essay. phenomenon that sometimes appears as its synonym. In this context, this paper aims to
discuss some of the key concepts of sustainable development and sustainability, with a
view to characterizing both phenomena of broader concepts and definitions (macro
country) to less comprehensive (micro organizations). It is considered the end that, far
from being a negative, this ambiguity and multiplicity of visions come to attest dynamic
characteristics, heterogeneity and contingentiality for sustainable development
1
Submetido em 26/04/2018. Aceito em 12/06/2020. Publicado em 30.09.2020. Responsável Universidade Federal de Campina Grande/UACC/PROFIAP/CCJS/UFCG
2
Doutor em Administração pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Professor na Universidade Federal do Ceará (UFC). E-mail: [email protected], ORCID:
http://orcid.org/0000-0002-3570-8864
3
Doutora em Administração pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Professora do Instituto Superior Miguel Torga. E-mail: [email protected], ORCID:
https://orcid.org/0000-0002-2331-9335
REUNIR: Revista de Administração, Ciências Contábeis e Sustentabilidade, 10(2), 2020, 14-26
ISSN: 2236-3667, DOI 10.18696/reunir.v10i3.771
phenomenon. Similarly, the sustainability phenomenon also reflects its own
multidimensionality, being considered now attribute required by the standards of
sustainable development, sometimes a feature of its processes and practices, or even a
property of ecosystems and human societies developed within the context of organizations .
pesquisas e melhorias (Morgan, 1999), considerados a partir define desenvolvimento sustentável como um processo de
da geração presente (Schiefelbein, 1992). aumento dessas liberdades, a qual se referem às
Por fim, Vucetich e Nelson (2010) consideram oportunidades que os indivíduos têm de ter o estilo de vida
definições semelhantes as da WCED (1987) cheias de que desejam. É uma definição semelhante a do próprio Sen
expressões carregadas de juízos de valor, como as (2009), que conceitua o desenvolvimento sustentável como
necessidades humanas, por exemplo. Consequentemente, o “preservação, e sempre que possível expansão, das
entendimento acerca do desenvolvimento sustentável tende liberdades substantivas e capacidades das pessoas de hoje,
a variar desde uma exploração de recursos exagerada, tendo ‘sem comprometer a capacidade das gerações futuras’ de ter
como limite a manutenção das capacidades futuras do semelhante – ou mais – liberdade” (Sen, 2009, pp. 151-152).
ecossistema, até uma exploração mínima dos recursos Destacando elementos da dimensão social, Fischer e
naturais, apenas para manter um nível básico de qualidade Amekudzi (2011, p. 39, definem o desenvolvimento
de vida. sustentável como “um processo que fornece uma aceitável
Na exploração desses conceitos de desenvolvimento ou melhorada qualidade de vida para indivíduos e
sustentável, Beder (1994) faz uma distinção do seu comunidades enquanto preserva os ativos que permitem essa
significado entre ecologistas e não-ecologistas. Para os condição de continuidade”. Os objetivos do desenvolvimento
primeiros, desenvolvimento sustentável se refere à sustentável, neste sentido, voltam-se para a elevação da
manutenção da integridade do meio ambiente em uma qualidade de vida dos indivíduos juntamente com a
relação harmoniosa entre seres humanos e a natureza. Já preservação do meio ambiente. Definição semelhante é
para os não-ecologistas, sua menção remete à sustentação apresentada por Gladwin et al. (1995), que consideram o
do modo de produção econômico sem que haja um desenvolvimento sustentável como um processo de
esgotamento do fornecimento de matérias-primas. Mais realização do desenvolvimento humano com características
recentemente, Marconatto et al. (2013) também discutem de inclusão, conectividade, equidade, prudência e
essa oposição entre os dois grupos, caracterizando-os como segurança:
biocêntrico e antropocêntrico, respectivamente. Inclusão implica desenvolvimento humano ao longo do
Em suma, pode-se apontar que a distinção entre essas tempo e do espaço. Conectividade implica adotar a
perspectivas remete a diferentes visões acerca da utilização interdependência ecológica, social e econômica. Equidade
sugere justiça intergeracional, intrageracional e
dos recursos, os quais, segundo Peyrache-Gadeau (2007),
interespécies. Prudência conota deveres de cuidado e
devem ter as suas formas de exploração compatíveis com prevenção: tecnológica, científica e politicamente.
suas necessidades de renovação, em uma dinâmica Segurança exige proteção contra ameaças crônicas e
econômica de longo prazo, diferente da prevista pela teoria rupturas prejudiciais (Gladwin et al., 1995, p. 878).
econômica clássica. Morris (2002) expõe essa problemática A inclusão também é um dos princípios globais do
da utilização dos recursos a partir de duas perspectivas desenvolvimento sustentável apresentados por Newell
contrastantes acerca da responsabilidade com a pobreza, (2002), sendo considerada a partir da concepção de
degradação ambiental e quaisquer outros problemas ao redor mecanismos de participação de diferentes grupos sociais no
do mundo: a primeira, que põe sobre os países desenvolvidos processo de tomada de decisão sobre a questão sustentável,
essa responsabilidade, considerando seus padrões de dividindo a responsabilidade concentrada nos governos
consumo de recursos e emissão de resíduos; e a segunda, que nacionais. Juntamente com outros dois princípios, a
põe a responsabilidade sobre os países em desenvolvimento, coerência, que se refere às respostas políticas geradas pelas
mais especificamente nas falhas políticas de seus governos. diferentes instituições, e a subsidiariedade, relacionada ao
Ainda no que se refere à questão dos recursos, Farrell apoio dessas instituições, a concepção de medidas para
e Hart (1998) definem desenvolvimento sustentável a partir promoção do desenvolvimento sustentável no contexto
de duas visões: a visão dos limites críticos, que tem como global seria mais eficaz.
foco a preservação dos recursos naturais insubstituíveis e A partir de uma perspectiva mais local, reconhecida
essenciais para o bem-estar das pessoas a partir do respeito como as raízes dos problemas ambientais globais (Dasgupta
aos limites que eles impõem sobre a humanidade e seu modo et al., 2000), Berke e Conroy (2000) definem o fenômeno do
de vida; e a visão dos objetivos concorrentes, que visa a desenvolvimento sustentável como um processo dinâmico,
harmonização das dimensões econômica, ambiental e social no qual as comunidades buscam antecipar e satisfazer as
do desenvolvimento sustentável, indo além dos recursos necessidades das gerações atuais e futuras, tendo em vista a
naturais e explorando problemas relacionados à saúde, perpetuação e equilíbrio dos sistemas sociais, econômicos e
educação, liberdade política, etc. Em comum a ambas as ecológicos locais, com ações que integram preocupações
visões está a preocupação com a equidade, seja dentro ou globais. Nas palavras de Southey (2001, p. 483): “O futuro
entre gerações. Como destacado por Howarth e Norgaard sucesso e credibilidade do movimento internacional para o
(1992, p. 473): “Equidade intergeracional se manifesta na desenvolvimento sustentável depende da articulação e
forma como reconhecemos os direitos das gerações futuras e aprovação de um conjunto de estratégias focadas
assumimos responsabilidades com os nossos descendentes, localmente”.
demonstrando a nossa atenção para aqueles que nos Glass (2002) ressalta a atuação dos governos locais
sucedem”. Assim, cada geração não deve exceder a como elemento-chave para o desenvolvimento sustentável,
utilização dos estoques de determinados recursos tendo em pois são unidades de planejamento e controle da utilização
vista a sua manutenção ou regeneração (Klepper & Stähler, de recursos, resíduos, energia, solo, etc., e Grimes et al.
1998). (2006) apontam para sua importância na construção de uma
Fundamentando-se na abordagem do desenvolvimento rede de apoio para aplicação dos princípios globais por
como liberdade, proposta por Sen (1999), Crabtree (2012) agentes locais. Como afirmado por Olsson (2009, p. 128): “Na
prática, os governos nacionais dependem de atores locais na o meio ambiente; e pensamento para o futuro. O consenso
tentativa de implementar o desenvolvimento sustentável”. maior na interpretação dessas definições, segundo Sneddon
Do mesmo modo, Southey (2001) assevera que, para o (2000), centra-se na manutenção dos serviços ambientais,
desenvolvimento sustentável, quaisquer ações aplicadas como os recursos naturais, em um nível que não comprometa
localmente devem carregar as seguintes características: as necessidades do presente e nem o seu acesso por parte
apoiar formas mais sustentáveis de desenvolvimento; das gerações futuras.
trabalhar dentro de um quadro integrado; incorporar os Conformemente, Caldari (2004) resume as principais
princípios-chave da metodologia da Agenda 21 (parcerias, características das definições de desenvolvimento
participação, transparência, abordagem sistêmica, sustentável em torno dos elementos de pobreza, preservação
preocupação com o futuro, prestação de contas, equidade, dos recursos naturais, desenvolvimento consciente e
justiça e limites ecológicos); ser monitoradas e colocadas à qualidade de vida. Nas palavras da autora, são apresentados
disposição do público; poder ser replicadas a nível mundial; os seguintes tópicos:
adicionar benefícios cumulativos ao ambiente global, (1) A urgência em resolver o problema da pobreza. (2) A
enquanto apoia esforços de desenvolvimento sustentável necessidade de preservar os recursos naturais e a
locais. consciência de que o homem tenha ido demasiado longe
na exploração da natureza. (3) A consciência de que
Além disso, os Objetivos de Desenvolvimento
cidades mais modernas se tornaram inabitáveis e a
Sustentável (ODS), propostos pela ONU em 2014, também se necessidade de transformá-las em algo mais “sustentável”
configuram como direcionadores importantes das ações de para os seres humanos. (4) A percepção de que, para se
desenvolvimento. São 17 objetivos e 169 metas que tornar sustentável, o desenvolvimento deve afetar tanto
estabelecem uma agenda para o desenvolvimento aspectos econômicos, políticos, institucionais e culturais
sustentável de todas as nações, englobando crescimento da vida humana. (5) A ideia de que o bem-estar humano
econômico, inclusão social e proteção ambiental (Stafford- não pode ser avaliado apenas em “quantidade de bens”,
Smith, 2017). Contudo, mesmo que tenham sido mas tem de ser considerado em termos de qualidade de
vida (Caldari, 2004, p. 525).
desenvolvidos pensando na comunidade internacional, tais
Considera-se, portanto, essa relação nos conceitos e
objetivos podem ser considerados no nível local a partir das
definições de desenvolvimento sustentável acerca do que
diferentes prioridades de cada região em termos de
deve ser sustentado e do que deve ser desenvolvido. Não
desenvolvimento, de modo que possam ser colocadas ênfases
significa dizer que há um equilíbrio entre esses extremos; ao
diferentes nos vários objetivos e metas, dependendo de suas
contrário, definições distintas podem ressaltar diferentes
circunstâncias (Le Blanc, 2015).
elementos, a serem sustentados ou desenvolvidos. Além
Também ressaltando essa perspectiva local do
disso, o horizonte temporal das definições também
desenvolvimento sustentável, Juceviciene (2010) coloca uma
expressam uma dimensão ampla, que varia desde a geração
ênfase interdisciplinar sobre o funcionamento de uma
presente, em que quase tudo é sustentável, até um horizonte
região, cidade, seus habitantes ou comunidades. Para tanto,
temporal infinito, em que nada é sustentável.
Dale e Newman (2009) o definem como um processo de
reconciliação de três imperativos: ecológico, relativo à
capacidade global de manter a biodiversidade; social, que Sobre a sustentabilidade
visa assegurar os sistemas de governo e valores sob os quais
as pessoas podem viver; e econômico, que se refere ao Sustentabilidade é um termo que tem sua origem em
atendimento das necessidades básicas dos indivíduos em referência a recursos renováveis, sendo adotado
todo o mundo. posteriormente por movimentos ambientais como um
Além disso, Pachauri (2001) aponta outros elementos atributo desejado por quaisquer padrões de desenvolvimento
da economia, como capital físico, força de trabalho, energia, sustentável (Lélé, 1991). Neste ponto, a relação entre
recursos naturais e tecnologia, que devem ser trabalhados desenvolvimento sustentável e sustentabilidade é tratada,
em conjunto para a real satisfação das necessidades. Neste principalmente, de duas formas: o desenvolvimento
sentido, as empresas são apontadas como tendo um papel sustentável é visto como o caminho para se alcançar a
fundamental na implementação das estratégias de sustentabilidade; ou a sustentabilidade é processo para se
desenvolvimento sustentável: “Em contraste com a anti- atingir o desenvolvimento sustentável (Sartori et al., 2014).
indústria, o anti-lucro, e a orientação anti-crescimento do Dentro da primeira visão, que vê a sustentabilidade
ambientalismo rudimentar, tornou-se cada vez mais claro como o objetivo final, Faucheux, Muir e O'Connor (1997) a
que as empresas devem desempenhar um papel central na definem como um crescente estado de bem-estar social
realização dos objetivos de estratégias de desenvolvimento mantido ao longo do tempo. Krautkraemer e Batina (1999)
sustentável” (Elkington, 1994, p. 91). consideram que seu conceito remete à possibilidade das
De maneira geral, Farrell e Hart (1998) destacam três gerações futuras terem ou não o mesmo nível de bem estar
ideias principais que são comuns às definições de da geração atual, o qual é referente ao nível de saúde dessas
desenvolvimento sustentável: os recursos naturais são finitos gerações. Já Dylan (2012) define sustentabilidade como a
e limitados; as dimensões econômica, ambiental e social capacidade de existência das espécies ao longo do tempo.
devem respeitar esses limites; e existe uma necessidade de Tais definições remetem à visão de longo prazo, na qual se
equidade dentro e entre gerações. Newby (1999) aponta fundamenta a sustentabilidade (Fiorino, 2010).
como princípios presentes nas definições de Contudo, semelhante ao discutido acerca da utilização
desenvolvimento sustentável: qualidade de vida, relacionada do termo desenvolvimento sustentável, também o termo
a aspectos econômicos, ambientais e sociais; justiça e sustentabilidade é utilizado em uma diversidade de
equidade; participação e parcerias; cuidado e respeito com abordagens, não tendo uma definição universal, significando
coisas diferentes para pessoas diferentes (Funk, 2003; Paton, Ressaltando uma perspectiva globalizada para o
2008; Wimberley, 2010; Daizy et al., 2013). Como afirmado fenômeno da sustentabilidade, Kissinger e Rees (2009)
por Edwards (2012, p. 21): defendem sua característica interregional, que faz com que
Sustentabilidade é um desafio para o mundo pensar e a sustentabilidade de qualquer lugar esteja direta ou
tomar decisões em contextos cada vez mais amplos. Ela indiretamente ligada a sustentabilidade de outro lugar. Para
nos desafia a pensar globalmente e não apenas a pensar tanto, os critérios destacados que caracterizam a
em como a vida individual pode ser melhor ou como a vida
sustentabilidade de uma região são, conforme Rogers e Ryan
de uma particular cultura, sociedade ou nação pode ser
melhorada, mas como toda a vida humana pode ser (2001): utilizar a capacidade da natureza de prover as
melhorada sem prejudicar a vida de outros no processo. necessidades humanas, sem prejudicar seu funcionamento
Além disso, a sustentabilidade nos desafia não só a pensar ao longo do tempo; garantir o bem-estar de seus membros,
em todo o mundo, mas também ao longo do tempo, para oferecendo e incentivando a tolerância, criatividade,
que as decisões tomadas para melhorar as nossas vidas participação e segurança; capacitar as pessoas com
hoje não tenham um custo para as pessoas no futuro. responsabilidade compartilhada, igualdade de oportunidades
Desse modo, Bonnett (1999) critica a sua utilização em e acesso à experiência e conhecimento, com a capacidade
discussões de cunho ambiental como um termo de significado de influenciar as decisões que lhes dizem respeito; ter
evidente, que apenas reflete o desejo de preservar algo em empresas, indústrias e instituições que são ambientalmente
seu equilíbrio natural ou, conforme King (2008), de saudáveis, financeiramente viáveis e socialmente
minimizar danos ambientais. Neste sentido, desprezam-se responsáveis, e investem na comunidade local. Além disso, a
visões divergentes da sustentabilidade, que podem estar sustentabilidade remete a mudanças no estilo de vida do
relacionadas apenas com o crescimento econômico, com o mundo desenvolvido, de forma que sejam observadas ações
equilíbrio da natureza e do ecossistema, com um tipo de de responsabilidade e cooperação entre o mundo
cultura ou ainda com uma expressão das necessidades desenvolvido e o mundo em desenvolvimento (Glass, 2002),
humanas: “Cada um dá claramente um significado diferente superando as limitações impostas por suas características de
para a ‘sustentabilidade’ e diferentes conjuntos de complexidade e incerteza (Mueller, 2008).
implicações políticas, e não há razão a priori para supor que Dentro do contexto organizacional, porém, é onde a
eles precisam ser compatíveis entre si. [...] Mas nem tudo sustentabilidade têm ganho seu destaque mais expressivo
pode ser sustentado” (Bonnett, 1999, p. 314-315). (Shrivastava, 1995; Sarkis & Sroufe, 2004; Young, 2007;
Em vista da sua correta utilização, Gomis et al. (2011) Gomis et al., 2011), sendo vista sob diversas formas: pode
defendem a necessidade de uma análise em termos de ser uma prioridade desde o início, estando incorporada na
pressupostos éticos, em uma perspectiva de orientação de declaração de missão da empresa; pode surgir como um
condutas em que a sustentabilidade é parte integrante das aspecto desejado a partir de outros objetivos e projetos;
ações do ser humano no mundo, sendo definida como uma pode ganhar importância por causa da mudança de
forma moral de agir em que os indivíduos buscam evitar regulamentos ou padrões da indústria; pode ser vista como
efeitos nocivos sobre as dimensões econômica, ambiental e uma nova fonte de vantagem competitiva; e, por fim, pode
social, construindo uma relação harmoniosa entre essas resultar de uma crise imprevista que tem como alvo a
dimensões e, consequentemente, conquistando uma vida empresa como um poluidor ou opressor social (Porter &
próspera. De forma semelhante, McMichael et al. (2003) a Derry, 2012).
definem como uma transformação dos modos de vida da Dada a sua importância, Hockerts (1999) a define como
população tendo em vista a maximização das chances de que qualquer estado do negócio em que as necessidades dos
as condições ambientais e sociais possam promover a stakeholders são atendidas sem comprometer sua
segurança humana, o bem-estar e a saúde humana capacidade de atendê-las no futuro, considerando o seu
indefinidamente. Deste modo, infere-se que a desempenho econômico, social e ambiental. Para tanto, a
sustentabilidade é uma propriedade emergente da interação organização deve implementar princípios, políticas e
e das organizações humanas, fazendo com que soluções práticas que incluam as relações dos stakeholders,
sustentáveis surjam de um processo interativo por meio do principalmente os locais, a partir do ponto de vista da
qual os principais atores de desenvolvimento levam adiante viabilidade dos ecossistemas a longo prazo (Marshall &
ações coordenadas (Rydin & Holman, 2004). Brown, 2003), sendo o seu posicionamento junto aos
Norton e Toman (1997) apresentam a sustentabilidade stakeholders crucial para a sua sustentabilidade (Peloza et
sob duas perspectivas distintas: a dos economistas e a dos al., 2012). Assim, as empresas sustentáveis são aquelas cujas
ecologistas. Para o primeiro grupo, sustentabilidade se características e ações têm como objetivo a construção de
refere à capacidade de manter um fluxo de produção e um futuro desejável para todos os seus stakeholders, em um
consumo, alterando as atividades econômicas diante da estado de equilíbrio entre homens e natureza (Funk, 2003,
escassez de recursos naturais, enquanto para o segundo p. 66):
grupo, sustentabilidade se refere a uma propriedade do Para os investidores, um estado futuro desejável
ecossistema, relativa à sua resiliência em se manter mesmo certamente inclui o crescimento sustentado da receita no
diante de graves danos. Essa abordagem dualista é criticada longo prazo. Para o mercado de talentos iria incluir a
por Paton (2008), que considera que a sustentabilidade é diversidade da força de trabalho. Os reguladores e a
mais do que um fenômeno puramente econômico ou comunidade em geral valorizam a gestão ambiental e
responsabilidade social. Os consumidores procuram
ecológico, por mais que tais aspectos sejam
produtos e serviços úteis, confiáveis e eficientes em
demasiadamente enfatizados, abrangendo também objetivos termos de preços. Do ponto de vista dos empregados da
sócio-políticos mais amplos e valores éticos e culturais, em própria empresa, um estado futuro desejável inclui a
uma perspectiva multidimensional (Porter & Derry, 2012). manutenção da vitalidade e rentabilidade, bem como a
gestão do risco, promovendo a inovação. As empresas que interpretações, determinando quais as mais aplicáveis
administram e respondem ativamente a uma ampla gama dentro de determinados contextos espaciais e temporais
de indicadores de sustentabilidade são mais capazes de (Sneddon, 2000).
criar valor para todos esses públicos a longo prazo.
Este movimento de preocupação com os stakeholders
no âmbito da sustentabilidade é nomeado por Garvare e Críticas e contextações sobre
Johansson (2010) de gestão dos stakeholders para a desenvolvimento sustentável e
sustentabilidade organizacional, a qual se diferencia do sustentabilidade
desenvolvimento sustentável global pelo horizonte de tempo
— o desenvolvimento sustentável global envolve um período Diante dessa diversidade de referências feitas aos
de tempo medido em séculos enquanto as empresas tendem termos desenvolvimento sustentável e sustentabilidade,
a se concentrar mais em atividades de futuro imediato — e torna-se necessário traçar alguns limites para a sua
interesses de agentes envolvidos — o desenvolvimento utilização. Daly (2004), por exemplo, questiona a alusão
sustentável global envolve os interesses das gerações futuras feita ao desenvolvimento sustentável como um sinônimo de
e do ambiente natural, enquanto a sustentabilidade crescimento sustentável, deixando claro as diferenças entre
organizacional tende a envolver apenas os stakeholders. os significados de crescimento e desenvolvimento:
Desse modo, esta abordagem condiz com a segunda visão da Crescer significa “aumentar naturalmente em tamanho
relação entre o desenvolvimento sustentável e a pela adição de material através de assimilação ou
acréscimo”. Desenvolver-se significa “expandir ou realizar
sustentabilidade, destacada por Sartori et al. (2014), em que
os potenciais de; trazer gradualmente a um estado mais
o desenvolvimento sustentável global será alcançado se a
completo, maior ou melhor”. Quando algo cresce fica
sustentabilidade organizacional for promovida, garantindo às maior. Quando algo se desenvolve torna-se diferente. O
partes interessadas o atendimento de suas necessidades ecossistema terrestre desenvolve-se (evolui) mas não
atuais e futuras. cresce. Seu subsistema, a economia, deve finalmente
Em contrapartida, Lozano (2012) destaca a parar de crescer mas pode continuar a se desenvolver. O
possibilidade da gestão organizacional sustentável se voltar termo desenvolvimento sustentável, portanto, faz sentido
também para os horizontes temporais de longo prazo, para a economia mas apenas se entendido como
desenvolvimento sem crescimento – a melhoria qualitativa
contribuindo para o equilíbrio das dimensões econômica,
de uma base econômica física que é mantida num estado
social e ambiental tanto no presente quanto no futuro,
estacionário pelo transumo de matéria-energia que está
principalmente através dos sistemas organizacionais como, dentro das capacidades regenerativas e assimilativas do
por exemplo, operações e produção, gestão estratégica e ecossistema. Atualmente, o termo desenvolvimento
marketing, em uma perspectiva que vai do nível individual, sustentável é usado como um sinônimo para o oxímoro
passando pelos grupos, até envolver toda a organização. crescimento sustentável. Ele precisa ser salvo dessa
Porter e Derry (2012), porém, ressaltam as dificuldades das perdição (Daly, 2004, p. 198, grifos do autor).
organizações atuais em lidar com todo o seu fluxo de De forma semelhante, López et al. (2011) destacam a
atividades e agentes atuantes no sistema, mesmo em um contradição dos termos desenvolvimento e sustentável,
horizonte de curto prazo. sendo que o primeiro remete à ideia de criação e evolução,
Sendo assim, na prática, a sustentabilidade enquanto o último alude às características de manutenção e
organizacional envolve a gestão dos recursos ambientais conservação. Em complemento, Spittles (2004) questiona se
demandados para a realização de suas atividades, bem como é possível mesclar práticas ecológicas e socialmente
os produtos e resíduos frutos desse processo (Koliopoulos; sustentáveis com o desenvolvimento racionalista e
Koliopoulou, 2007). Todavia, essa gestão dos recursos econômico, já que eles são vistos como contraditórios entre
ambientais não é a única demanda da sustentabilidade si. Stenzel (2012) discute essa contradição a partir da
organizacional, que deve ir além do atendimento às parábola norte-americana da águia e do condor, na qual a
regulações ambientais (Porter & Derry, 2012). águia seria o desenvolvimento, representado pelo
Hart (2005), por exemplo, destaca ações de racionalismo e materialismo, e o condor representa a
sustentabilidade empresarial voltadas para a organização e sustentabilidade, manifestada no respeito ao meio
para a sociedade, em uma perspectiva de curto e longo ambiente. Nas palavras de Rosemarin (1990, p. 1):
prazo. Dentre essas iniciativas de sustentabilidade As duas palavras, sustentável e desenvolvimento, são
contraditórias em sentido estrito. Sustentável implica os
empresarial, percebe-se a presença de ações que vão além
elementos de renovação a longo prazo, manutenção,
da simples gestão de recursos naturais, mas que são voltadas
reciclagem, exploração mínima de matérias-primas e
para o aumento da transparência e da responsabilidade da gestão das necessidades das pessoas em uma base
empresa e para o empoderamento da base da pirâmide. coletiva. Desenvolvimento pode ser interpretado de
Assim, são observados elementos apontados por Elkington muitas maneiras diferentes, mas de acordo com a nossa
(1997) em sua teoria dos três pilares da sustentabilidade atual cultura de base industrial, implica planejamento de
(triple bottom line – econômico, social e ambiental), curto prazo, o mínimo de manutenção, resíduos,
destacados pelo autor dentro do contexto das organizações exploração máxima de matérias-primas e ênfase no
indivíduo.
como essenciais na garantia de que as ações realizadas pelas
empresas no presente não limitarão as oportunidades Além disso, há ainda as contradições percebidas nas
econômicas, sociais e ambientais das gerações futuras. O próprias definições de desenvolvimento sustentável, que
desafio, portanto, para pesquisadores, profissionais e podem se referir principalmente à um crescimento
organizações, reside em descobrir respostas inovadoras para permanente, principalmente econômico, de uma sociedade,
os dilemas da sustentabilidade, dentro de suas múltiplas nos moldes de uma visão racionalista de domínio sobre a
natureza, ou ser entendido como progresso físico,
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