Relatorio Estagio NC Govate - 075658

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INSTITUTO SUPERIOR DE GESTÃO E EMPREENDEDORISMO – GWAZA

MUTHINI

Curso: Ciências de Nutrição

Tema: Relatório do Estágio Integrado de Nutrição Clínica.

Estudante:
Rufina Govate

Supervisora:
Dra. Crimilde Ribeiro

Maputo, Março de 2023


Lista de abreviaturas
 ATPU- Alimento Terapêutico Pronto para o Uso;
 DAG- Desnutrição Aguda Grave;
 DAM- Desnutrição Aguda Moderada;
 F100- Leite Terapêutico usado na fase de transição e estabilização;
 F75- Leite Terapêutico usado na fase de estabilização;
 HGM- Hospital Geral da Machava;
 HIV- Vírus de Imunodeficiência Humana;
 HTA- Hipertensão Arterial;
 IMC- Índice de Massa Corporal;
 ISGEGM- Instituto Superior de Gestão e Empreendedorismo -Gwaza Muthini;
 PB- Perímetro Branquial;
 UAN – Unidade de Alimentação e Nutrição;
 US- Unidade sanitária.

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Índice
1. Introdução...........................................................................................................................5

2. Objectivos...........................................................................................................................6

2.1. Objectivo geral............................................................................................................6

2.2. Objectivos específicos.................................................................................................6

3. Metodologia........................................................................................................................6

4. Local, Carga Horária...........................................................................................................7

5. Breve Historial....................................................................................................................7

6. Descrição física...................................................................................................................8

7. Referencial teórico..............................................................................................................9

7.1. Avaliação do Estado Nutricional.................................................................................9

7.2. Índice de Massa Corporal............................................................................................9

7.3. Classificação..............................................................................................................10

7.4. Perímetro branquial...................................................................................................10

7.5. Classificação..............................................................................................................10

7.6. Mal nutrição...............................................................................................................11

7.6.1. Tipos de mal nutrição.........................................................................................11

7.7. Desequilíbrios nutricionais........................................................................................12

7.8. Educação nutricional.................................................................................................12

7.9. Terapia nutricional.....................................................................................................13

8. Actividades realizadas no campo do estágio....................................................................13

8.1. Tratamento da Desnutrição no internamento............................................................13

8.1.1. Avaliação do estado nutricional.........................................................................13

8.1.2. Tratamento.........................................................................................................14

8.1.3. Suplementos nutricionais...................................................................................14

8.1.4. Introdução de alimentos sólidos.........................................................................15

8.1.5. Orientação, supervisão, distribuição e avaliação da adequação das dietas........16

3
8.1.6. Alta hospitalar....................................................................................................16

8.2. Tratamento da desnutrição no ambulatório (consultas externas)..............................17

8.2.1. Educação nutricional nas doenças crónicas.......................................................17

9. Limitações e sucessos.......................................................................................................19

Sucessos................................................................................................................................19

10. Considerações finais......................................................................................................20

11. Referências bibliográficas.............................................................................................21

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1. Introdução
O relatório é referente ao estágio integral de Nutrição clínica que decorreu desde o dia 05 de
Dezembro de 2022 até o dia 02 de Fevereiro de 2023 no Distrito de Matola Hospital Geral da
Machava. Visando colocar o estudante em contacto directo com questões teórico-práticas,
com a finalidade de desenvolver habilidades e adquirir experiência, e ao mesmo tempo,
comprovar conhecimentos, habilidades e atitudes.

A nutrição clínica é a área da nutrição responsável pelo tratamento de diversas enfermidades


que afectam as pessoas, a nutrição clínica é aplicada aos pacientes por meio de um plano
focado na alimentação adequada. Essa área também actua no combate e na prevenção do
surgimento de doenças e, de forma terapêutica, no controle das doenças crónicas.
O atendimento em nutrição clínica, seja em nível ambulatórias, seja no hospitalar, é feito pelo
profissional nutricionista (Silva et al, 2012).

Manter uma boa saúde e ter um corpo resistente a doenças se dá por meio de uma
alimentação adequada e com todos os nutrientes necessários. Dentro do ambiente hospitalar,
a nutrição clínica actua no gerenciamento e balanço energético de todos os pacientes. É ela
que garante que todos recebam as quantidades necessárias de proteínas, vitaminas, minerais,
lipídios e glicose. Essa ingestão acontece por meio da alimentação hospitalar, esta, quando é
de alta qualidade, atende às necessidades nutricionais da maioria dos pacientes do hospital
(Silva et al, 2012).

Tendo em vista que nem todos os pacientes ingerem toda as refeições que lhes são servidas,
uma maior deterioração do estado nutricional deles pode ocorrer por conta de uma ingestão
dietética insuficiente. Por esse motivo, o papel do nutricionista actuando dentro da nutrição
clínica é fundamental para a rotina hospitalar e a manutenção da saúde de seus pacientes.

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2. Objectivos
2.1. Objectivo geral
 Capacitar o estudante estagiário para prestar o atendimento clínico sob o ponto de
vista dietético individual e prover aconselhamento alimentar e nutricional a todo
paciente que necessitar.

2.2. Objectivos específicos


 Diagnosticar o paciente através da avaliação do estado nutricional a nível individual;
 Realizar anamnese alimentar no paciente;
 Prestar assistência nutricional individual, com base nos dados clínicos, bioquímicos,
antropométricos e alimentares;
 Prescrever a terapia nutricional, com base no diagnóstico e estado de saúde,
adequando-a à evolução do estado nutricional do indivíduo;
 Orientar o aconselhamento alimentar e nutricional individualizado e colectivo
(sempre que necessário).

3. Metodologia
Para a realização das actividades do estágio, recorreu-se a distribuição de estudantes 1 por
cada enfermaria, os mesmos usaram a seguinte metodologia: recolha de dados, a observação
directa, pesquisa bibliográfica que culminou na compilação da informação individual para
elaboração do presente relatório.

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4. Local, Carga Horária
O estágio iniciou no dia 05 de Dezembro do ano em curso, no Hospital Geral da Machava,
especificamente nas enfermarias (internamento) e consultas externas de nutrição
(ambulatório) sendo que as actividades foram realizadas cinco vezes por semana com carga
horária de 8horas de tempo sendo das 7:00h as 15:00h.

5. Breve Historial

Hospital Geral da Machava foi criado em 1986 destinado ao tratamento de TB, é um Hospital
de nível secundário, tem capacidade de 260 camas.

Devido a reabilitação da Enfermaria IV e a transformação da pediatria num centro de


excelência pediátrica, encontra se com 230 camas operacionais.

O Hospital Geral da Machava é um Hospital de referência a nível Nacional no tratamento de


Tuberculose no internamento, localizado no bairro de Infulene, Av. Eduardo Mondlane nº
3888, possui um bloco central constituído por 6 pisos, onde funcionam os seguintes sectores,
respectivamente:

 Enfermarias de Tisiologia;
 Enfermaria de Pediatria;
 Laboratório de Referência da província;
 Radiologia;
 Farmácia;
 Abordagem Familiar;
 Consulta dos Trabalhadores e seus Familiares;
 Consulta de Quimioterapia para Sarcoma de Kaposi;
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 Consulta de Psicologia Clínica;
 Consulta de Fisioterapia;
 Consulta de Oftalmologia;
 Consulta de Psiquiatria;
 E Serviço de Transfusão de Sangue.

6. Descrição física

1º Bolco (6 pisos) 2º Bloco (2 pisos) Blocos anexos


Laboratório Núcleo de P. Obras
Radiologia Lavandaria
1º Piso
Administração Consulta Aprovisionamento
Direcção 1º Estatística
Externa
Tisiologia Sala de Reuniões
2º Enfermaria II Nutrição
3º Enfermaria III Morgue
4º Enfermaria IV Casa Mortuária
2º Pediatria Quimioterapia
Oftalmologia
5º Enfermaria V Fisioterapia

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HOSPITAL GERAL DA MACHAVA
ORGANOGRAMA
Director Geral

Direcção Clínica UGEA Direcção Administrativa


Colectivo da Direcção

Depósito de Medicamentos Recursos Humanos


Dep. Enfermagem laboratório Radiologia Secretaria Cozinha Planificação Contabilidade Património Aprovisionamento

Farmácia Pública Depósito de Géneros


Pediatria Jardinagem Lavandaria

Fisioterapia Oftalmologia
Transporte

Enfermaria I Arquivo Armazém 1


Estatística
Nutrição
Guarita

Enfermaria II Armazém 2

Recepção
Enfermaria III Armazém 3

Enfermaria IV

Enfermaria V

Morgue

Consultas Externas

7. Referencial teórico
7.1. Avaliação do Estado Nutricional
Segundo Christakis (1973), a Avaliação do Estado Nutricional é a “condição de saúde de um
indivíduo, influenciada pelo consumo e utilização de nutrientes, identificada pela correlação
de informações obtidas de estudos físicos, bioquímicos, clínicos e dietéticos”. A definição de
Avaliação do Estado Nutricional pela “American Dietetic Council” é uma abordagem
completa realizada pelo nutricionista para determinar o estado nutricional utilizando histórico
médico, social, nutricional, exame físico, medidas antropométricas e dados bioquímicos.

7.2. Índice de Massa Corporal


Índice de Massa Corporal O IMC (índice de Massa corporal) serve para avaliar o peso do
indivíduo em relação a sua altura (IMC= P/h2), e assim indicar se está dentro do peso ideal,
acima ou abaixo do peso desejado (OMS, 2013).

Para quem não estiver dentro do peso ideal deve adequar a sua alimentação e fazer exercícios
para conseguir atingir o peso mais indicado para sua altura e idade.

Quando se está a abaixo do peso ideal deve-se aumentar o consumo de alimentos ricos em
nutrientes para que o corpo tenha o necessário para se proteger de doenças. Já quem está

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acima do peso ideal deve consumir menos calorias e fazer algum tipo de actividade física
para eliminar os estoques de gordura que aumentam o risco de doenças cardíacas.

7.3. Classificação
Segundo a OMS (organização Mundial da Saúde) o IMC classifica se nos seguintes
parâmetros:

 <18,5 Magreza;
 18,5 – 24,5 Saudável (Eutrofia);
 25 – 29,9 Excesso de peso;
 30 – 34,9 Obesidade I;
 35 – 39,9 Obesidade Grau II;
 > 40 Obesidade Grau III (OMS, 2013).
É de extrema importância estar dentro do peso ideal porque o peso certo está intimamente
ligado ao estado de saúde do indivíduo. Ter um acúmulo de gordura no corpo e importante
para que haja reservas de energia para quando a pessoa ficar doente ter tempo de se
recuperar. No entanto, o excesso de gordura se acumula no fígado, na cintura e também
dentro das artérias dificultando a passagem do sangue, e isso aumenta o risco de doenças
cardíacas. Estar dentro do peso ideal é importante para aumentar a qualidade de vida (OMS,
2013).

7.4. Perímetro branquial


É a medida recomendada para avaliações rápidas do estado nutricional dos indivíduos
quando não e possível a utilização das medidas do peso e altura. No entanto esta medida
limita a obtenção de um diagnóstico mais global (OMS, 2013).

O perímetro branquial pode ser utilizado como uma medida alternativa para inferir o estado
nutricional. É sugerida a utilização deste método como alternativo, principalmente quando
não se pode tirar o peso e altura dos pacientes (OMS, 2013).

7.5. Classificação
 0-20 Desnutrição Aguda Grave (DAG);
 21-23 Desnutrição Aguda Moderada (DAM);
 24-27 Normal (Estrófico);
 >28 Sobrepeso.

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7.6. Mal nutrição
É uma condição em que a dieta não fornece nutrientes adequados para o crescimento e
manutenção, ou quando não se é capaz de utilizar adequadamente os alimentos consumidos
por motivo de doença. A mal nutrição engloba tanto a subnutrição (baixo peso e altura,
deficiência de nutrientes, geralmente em relação à idade e condição biológica) como a
sobrenutrição (sobrepeso e obesidade). A malnutrição pode ser crónica, stunting, medida pela
relação altura para idade, resultado de uma deficiência de nutrientes da mãe na gravidez e das
crianças e da mãe, na lactação, por um período não inferior a um mês e nos primeiros dois
anos de vida; ou pode ser aguda (sazonal ou transitória), wasting, medida pela relação de
peso para a idade de uma criança na fase de crescimento até aos cinco anos, em qualquer
período, geralmente associado a recente privação de alimentos ou doenças (Martins I et al.,
2007).

7.6.1. Tipos de mal nutrição


Desnutrição

É uma condição em que ocorrem problemas de saúde como resultado de uma dieta com
consumo insuficiente ou excessivo de nutrientes. A desnutrição pode ter origem em
desequilíbrios de calorias, proteínas, hidratos de carbono ou sais minerais (Martins et al.,
2007).

As diferentes formas de desnutrição que podem aparecer isoladas ou em combinação


incluem:

 Desnutrição aguda, que é caracterizada por um rápida deterioração do estado


nutricional durante um curto período de tempo e/ou edema bilateral. Existem
diferentes níveis de gravidade de desnutrição aguda: desnutrição aguda moderada
(DAM) e desnutrição aguda grave (DAG);
 Desnutrição crónica, que é caracterizada por falta de crescimento em crianças
menores de 5 anos, e que se desenvolve durante um longo período de tempo. A
nutrição inadequada sobre longos períodos de tempo, incluindo má nutrição durante a
gravidez, praticas inadequadas de alimentação infantil, e/ou infecções repetidas,
podem levar à baixa estatura para idade em crianças, com impactos físicos e
cognitivos que na maioria deles são considerados irreversíveis;
 Deficiência de micronutrientes, que é causada por uma falta de ingestão, absorção, ou
a utilização de uma ou mais vitaminas ou minerais, e que incluem mais comummente

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as deficiências de ferro, zinco vitamina A, iodo, e das vitaminas do complexo B (Silva
et al., 2012).

Obesidade

A obesidade é o acúmulo de gordura no corpo causado quase sempre por um consumo


excessivo de calorias na alimentação, superior ao valor usada pelo organismo para sua
manutenção e realização das actividades do dia-a-dia. Ou seja: a obesidade acontece quando a
ingestão alimentar é maior que o gasto energético correspondente (Martins et al., 2007).

7.7. Desequilíbrios nutricionais


Desnutrição pode surgir porque as pessoas não conseguem obter ou preparar alimentos,
porque apresentam algum distúrbio que dificulta a ingestão ou absorção de alimentos ou
porque possuem uma necessidade de calorias excessivamente alta.

Taxas de mobilidade e mortalidade elevadas e podem traduzir-se em:

 Tuberculose;
 HIV;
 Diabetes tipo 2;
 Hiperlipidemias;
 Carcinomas;
 Doenças de pele;
 Patologias do aparelho digestivo (…).

7.8. Educação nutricional


A educação nutricional refere-se a um conjunto de estratégias, acompanhas de suporte
ambiental, voltadas para a promoção da cultura e da valorização da alimentação, respeitando,
mas também contribuindo para a alteração voluntária de crenças, valores, atitudes,
representações, práticas, comportamentos e relações sociais que são estabelecidos em torno
da alimentação, com intuito de alcançar a saúde e o bem-estar (Maria 2004).

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7.9. Terapia nutricional
A terapia nutricional é a reunião de métodos terapêuticos utilizados para manter ou recuperar
o estado nutricional do paciente. Ela tem capacidade de agir em pessoas com trauma,
infecções, doenças em geral ou que acabaram de passar por um procedimento cirúrgico.

Seu principal objectivo é melhorar a situação nutricional do indivíduo, cuidando e evitando


sua nutrição precária. Ela mantém os níveis de proteína no plasma sanguíneo e alimenta o
tecido corporal, de modo a impedir a deficiência dos macro e micronutrientes.

Componentes do Programa de Reabilitação Nutricional

 Envolvimento comunitário;
 Tratamento da Desnutrição no Internamento (TDI);
 Tratamento da Desnutrição no Ambulatório (TDA);
 Educação nutricional e demonstrações culinárias.

8. Actividades realizadas no campo do estágio


Ao início das actividades fomos apresentados aos responsáveis pelas enfermarias, aos
médicos e enfermeiros chefes de cada enfermaria, onde fomos instruídos das actividades que
iríamos desempenhar. No internamento fomos divididos em 4 enfermarias, onde cada
estudante seria responsável por 1 enfermaria e para melhor experiência no que concerne ao
entendimento dos casos que o hospital nos apresentara, realizamos rotatividades nas
enfermarias e nas consultas externas, no ambulatório.

8.1. Tratamento da Desnutrição no internamento


8.1.1. Avaliação do estado nutricional
No tratamento da desnutrição no internamento (TDI) realizei as seguintes actividades:

1. Avaliação do estado nutricional nos pacientes, usando os exames antropométricos


(para pacientes com boa locomoção motora realizei a aferição da estatura e peso,
cruzando os dois dados para o cálculo do IMC e para os acamados usei o PB),
realizou também os exames físicos, observando a presença de edemas bilaterais,
distinção abdominal, hidratação da pele, coloração dos olhos e outros aspectos físicos
devido a presença de uma patologia;

Nas manhas recolhia toda a informação importante para a avaliação do estado nutricional nos
pacientes, realizando os exames antropométricos e físicos, observando os processos clínicos

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fornecidos pelos médicos com intuito de observar a história clínica dos pacientes, e
conversando com os pacientes eram possível obter alguns dados relacionados aos problemas
gastrointestinais que eles enfrentavam, como a presença da diarreia e vómitos entre outros.
Posteriormente, usando todos os dados obtidos e fazendo o cruzamentos dos mesmos, era
possível chegar ao resultado final, o estado nutricional dos pacientes, e para os pacientes que
apresentavam alteração no estado nutricional era feita a prescrição dos suplementos e dieta
para cada caso.

A reavaliação do estado nutricional era realizada semanalmente e registado os dados


antropométricos e outros achados, para o acompanhamento da evolução do estado
nutricional. Frisar que todos os dados recolhidos eram de origem nutricional, a presença de
um dado que não seja de origem nutricional era descartado, sendo tratado por profissionais de
outras áreas.

8.1.2. Tratamento
Umas das principais preocupações era a correcção do desequilibro nutricional que os
pacientes apresentavam, e nos pacientes em caso, não encontrei nenhum que apresentava
desequilíbrio nutricional devido à má ingestão dos alimentos apenas, era sempre devido a
uma patologia e as patologias que mais destacavam-se era a Tuberculose e o HIV, presente
em quase a maioria dos pacientes nas enfermarias e outras patologias como a Diabetes,
Anemia, candidíase oral e esofágica entre outras.

Cada patologia mencionada anteriormente tem a sua própria prescrição dietética, e como
havia dito no início, umas das principais preocupações era a correcção dos desequilíbrios
nutricionais, pois sabemos que a desnutrição ocasiona a falência dos órgãos.

8.1.3. Suplementos nutricionais


Seguindo as orientações do PRN foi possível realizar a prescrição dos seguintes suplementos:

1. ATPU;
2. F75;
3. F100.

E existiam critérios para a admissão dos suplementos nos pacientes, segundo o PRN e foram
esse critério que usei para administração dos mesmos que são:

1. ATPU

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Todos os grupos etários com DAG sem complicações médicas e sem edemas bilaterais.

2. F75

Todos os grupos etários com DAG com complicações médicas como:

 Perda ou diminuição do nível de consciência;


 Fraqueza extrema (paciente não se mantém de pé);
 Edema da Realimentação (bilateral).

3. F100

Todos os grupos etários com DAG com complicações médicas como:

 Paciente sem capacidade para engolir.

No geral o número de tomas quanto aos leites terapêuticos no hospital eram duas, 10 e 15
horas, podendo ser mais, dependendo do quadro do paciente, seguindo as orientações do PRN
quanto as quantidades, sendo ajustado de acordo com a situação do paciente. O leite era
suspenso após a ausência das complicações médicas, como os edemas, e apetite melhorado
para o caso do F75, e após a estabilização dos pacientes e gradualmente introduzido o F100.

Quanto ao ATPU, também era administrado no mesmo horário, 10 e 15 horas, 1 saqueta


cada, dependendo do quadro do paciente, e o critério para a gradual introdução do ATPU era
a tolerância ao F100.

8.1.4. Introdução de alimentos sólidos


Quando o edema tiver desaparecido completamente, o apetite restaurado, e o paciente
clinicamente bem, era introduzido gradualmente os alimentos sólidos disponíveis no hospital,
e os pacientes era incentivados a consumir tais alimentos. Contávamos também com a
participação da família, que traziam papas e sopas, sendo supervisionados.

Quanto a dieta hipercalórica, as refeições eram enriquecidas por gorduras e óleos saudáveis,
pós na situação em encontravam-se os pacientes precisavam dessa deita para o ganho de peso
e dieta hiperpróteicapara a recuperação da massa muscular, dieta hipossódica para
pacientes que apresentavam hipertensão arterial e dieta hipoglicídicapra pacientes com
diabete.

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De salientar que toda prescrição feita era com base nos achados clínicos e exames
bioquímicos fornecidos pelos médicos, a conclusão das dietas foi obtida com base na
informação detalhada da situação dos pacientes. Cada caso é um caso, e as dietas eram
realizadas de forma individualizada, sendo também a consistência delas de acordo com a
situação de cada paciente, embora casos em que as dietas teriam que ser medicadas tenham
sido raras durante o tempo em que lá estive.

8.1.5. Orientação, supervisão, distribuição e avaliação da adequação das dietas


Foi possível notar a enorme importância da supervisão das dietas desde a distribuição até a
ingestão pelos pacientes, evitando troca das dietas, ou a mesmo a não distribuição das
mesmas, por essa razão o nutricionista deve coordenar com os profissionais responsáveis pela
cocção e distribuição das dietas, não basta apenas prescrever as dietas e não supervisionar
elas, como consequência, não será possível observar a evolução dos pacientes, pós umas das
vantagens da supervisão é poder prescrever uma nova dieta caso a antiga não esteja a ser
aceite pelo paciente devido a uma complicação, sendo assim possível readequar a dieta
segundo as necessidades do paciente.

Após a prescrição dietética feita aos pacientes fazia-se o levantamento do número total dos
que iam se beneficiar dos suplementos nutricionais, depois fazia - se o levantamento no
armazém para uma posterior distribuição nas enfermarias. E para pacientes com alguma
restrição na dieta era feito a supervisão directa durante a distribuição das refeições. E durante
distribuição dos suplementos e das refeições era feita a avaliação da apetite e a aceitação da
dieta através da conversa com os pacientes e em alguns casos foi necessário a alteração da
dieta.

8.1.6. Alta hospitalar


Após a melhoria e o desaparecimento das complicações médicas e a recuperação plena do
apetite, os pacientes recebiam a alta médica que era passada pelo médico e alta nutricional
que era passada pelo estagiário e de seguida passadas as guias de transferências para o
seguimento do paciente para as consultas externas de nutrição. Antes de serem passadas as
guias de transferência, consultava-se a data de controlo aos médicos para que a mesma data
fosse escolhida para o paciente fazer a consulta externa, e por fim oferecia – se ao paciente
uma quantidade suficiente de ATPU para ser usado até a data da primeira consulta externa.

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8.2. Tratamento da desnutrição no ambulatório (consultas externas)
Em primeiro eram avaliados todos pacientes que vinham a consulta, para pacientes que já
vinham anteriormente eram dados seguimento no preenchimento do livro de registo. Após o
seu diagnóstico era dado suplemento que pudesse ajudar na reabilitação ou evolução no
tratamento da patologia que o acometia. Para pacientes que vinham pela primeira chegavam e
apresentavam uma guia de transferência para consulta de nutrição para prosseguir com seu
tratamento em ambulatório, eram escritos no livro de registo desde sua identificação, NID,
residência, contacto familiar e por fim seu acompanhante ou próprio paciente devia assinar
após a recepção do suplemento. O contacto familiar ou residência são requisitos importantes
para em caso de desistência se fazer o possível rastreio para trazer o paciente a continuar com
o tratamento. A marcação da consulta seguinte normalmente deve ser mensal, mais para
casos de pacientes que tenham DAG são marcadas para voltar dentro de 15 dias, equivalente
a duas semanas.

O tratamento no ambulatório e dirigido a todas faixas etárias que apresentam DAM e DAG
sem complicações médicas, com apetite e sem edemas bilaterais e os suplementos oferecidos
no TDA são: CSB, ASPU e ATPU, porém, o suplemento disponível no hospital até o dia que
lá estive era o ATPU.

Boa parte dos pacientes que faziam o TDA e apresentavam DAM e DAG mostravam
melhorias significativas, dando a perceber que acatavam todas as recomendações dadas pelos
profissionais de nutrição, e após 7 visitas efectuadas e com melhoria no estado nutricional, o
ATPU era suspenso, porem as visitas continuavam até o IMC e DP dos pacientes estivessem
completamente normais, sem riscos de recaídas para uma possível desnutrição novamente. E
alguns infelizmente apresentavam um estado estacionário, deixando-nos preocupados em
questão do seu estado nutricional, e a conclusão que tínhamos no momento era que a
administração ou ingestão dos suplementos ou alimentos não era realizada devidamente,
porém, poderiam existir também outros factores que não eram do nosso conhecimento.

8.2.1. Educação nutricional nas doenças crónicas


Foi possível realizar o tratamento nutricional através da educação nutricional e
acompanhamento de doentes que apresentavam as seguintes patologias:

 Hipertensão arterial;
 Obesidade;
 Diabete.

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Com a ajuda de exames bioquímicos, cálculo do IMC e controlo da pressão arterial foi
possível realizar o acompanhamento nutricional dos pacientes, e as consultas eram realizadas
mensalmente, e era feito o controlo dos dados mencionados anteriormente para o
monitoramento da evolução.

Era avaliado o consumo alimentar dos pacientes através de entrevista, para identificar as
possíveis falhas na alimentação dos pacientes, e em seguida a educação alimentar detalhada,
dado uma lista de alimentos que não deviam consumir, alimentos que não podiam faltar nas
refeições, modo de preparo e algumas recomendações nutricionais, bem como a pratica de
actividades físicas. A maioria dos pacientes apresentavam a associação dessas patologias,
duas, outros a associação de todas as patologias, e alguns uma delas, por essa razão era de
extrema importância uma avaliação criteriosa, bem como o tratamento.

A maioria dos pacientes mostravam melhorias ao tratamento, cumprindo todas as consultas e


seguindo todas as recomendações, o que era satisfatório, e infelizmente alguns o seu estado
era estacionário, alegando, falta de tempo, carga horário devido ao profissão que exerciam e
outros falta de poder económico para obter uma gama variedade de alimentos e para esses
casos era necessária uma reeducação alimentar.

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9. Limitações e
sucessos Limitações

 Falta de equipamentos de protecção individual nos primeiros dias;


 Atraso no réestoque do material de protecção.

Sucessos
 Pôde-se realizar todas as actividades previstas no plano e desta feita atingir os
objectivos pré estabelecidos pela instituição para o estágio;
 Acompanhamento integrado por parte dos supervisores durante a execução das
actividades do estágio;
 Adquiri novas experiências, houve a conciliação da teoria com a prática, aptidão no
atendimento das necessidades requeridas;

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10. Considerações finais
Foi com êxitos que terminei o estágio dentro do tempo previsto, conseguindo passar por
todos sectores e realizar com as actividades, com a colaboração de diversos profissionais do
Hospital e supervisão consegui colocar em pratica todos conhecimentos teóricos aprendidos
durante as aulas, não só, tive a oportunidade de encarar aquela que é a realidade na área de
saúde, principalmente na nossa área, nutrição, vidas humanas foram colocadas sobre minha
responsabilidade, e foi sabendo isso que me empenhei diariamente não apenas para obter o
conhecimento prático, mas sim para salvar aquelas vidas. Dou ênfase na paciência e
acompanhamento que os supervisores tiveram comigo e os colegas, facilitando ainda aquele
que era o objectivo desse estágio, com os conhecimentos da nutrição clínica foi possível
tratar os pacientes que encontrava-se em um estado crítico de saúde, no tratamento da
desnutrição no Ambulatório e no internamento, prescrevendo sua dieta e suplementação, bem
como também a sua aceitabilidade fazendo o devido acompanhamento e foi possível ter um
contacto directo com diversos pacientes dando a eles a educação nutricional. De facto foi
uma experiência que irá me ajudar na vida profissional e quotidiana.

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11. Referências bibliográficas
1. MISAU. (2010). Plano De Acção Multissectorial Para A Redução Da Desnutrição
Crónica Em Moçambique 2011-2014(2020). Maputo.

2. OMS. (2013). Uso de formulações em pó de múltiplos micronutrientes para


fortificação caseira de alimentos consumidos por bebés e crianças de 6 23 meses de
vida. Genebra: Organização Mundial da Saúde.

3. Silva, M. d., & Sampaio, L. R. (2012). Avaliação nutricional: conceitos e importância


para a formação do nutricionista. In L. R. Sampaio, Avaliação Nutricional (p. 18).
Salvador: EDUFBA.

4. Silva, S. M., & Caruso, D. B. (2015). Introdução a Avaliação Nutricional. In L. Rossi,


L. Caruso, & A. P. Galante, Avaliação Nutricional (p. 17). Rio de Janeiro: Brasil.

5. Tadei, J. A., Lang, R. M., Silva, G. L., Toloni, M. H., & Vega, J. B. (2016). Nutrição
em Saúde Publica (2a ed.). (Rbubio, Ed.) Rio de Janeiro.

6. USAID. (2014). Fortificação De Alimentos Básicos Em Moçambique. Maputo: Usaid/


Moçambique.

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