História Da Psicologia
História Da Psicologia
História Da Psicologia
Há milhares de anos atrás, desde que o homem se percebeu como um ser pensante,
inserido em um complexo que chamou de Natureza, ele vem buscando respostas para
suas dúvidas e fatos que comprovem e expliquem a origem, as causas e as
transformações do mundo.
Com o passar do tempo a Mitologia parecia não satisfazer mais, pois notava-se
insuficientemente eficaz para a quantidade cada vez maior de questões, e no início do
século VI antes de Cristo, nasce a Filosofia, que significa “Amizade pelo Saber” e define
uma forma característica de pensar (pensamento racional). Com ela vários filósofos se
destacaram cada um com sua forma particular de pensar e de procurar a sabedoria.
Alguns dos fatos históricos que facilitaram o surgimento da Filosofia na Grécia foram
às viagens marítimas (descobertas de novos mundos), as invenções do calendário
(abstrato do tempo), a invenção da moeda (forma de troca), o surgimento da vida
urbana (ambiente para propagação), a invenção da escrita alfabética (registro abstrato
de ideias), a invenção da política (Ética da Polis), que introduziu três fatores decisivos:
as leis, o surgimento de um espaço público e a estimulação de um pensamento
coletivo, onde as ideias eram transmitidas em forma de discurso público. Através da
Filosofia grega, que foi instituída no Ocidente, foi-nos possível conhecer as bases e os
princípios fundamentais de conceitos que conhecemos como razão, racionalidade,
ética, política, técnica, arte, física, pedagogia, cirurgia, cronologia e, principalmente o
conceito de ciência. Entre os vários filósofos gregos que contribuíram com suas ideias,
temos:
- Pitágoras (séc. V a.C) – para ele, a completa sabedoria pertencia somente aos deuses,
mas era possível apreciá-la, amá-la e com isso, obtê-la. Dizia que a natureza é formada
por um sistema de relações ou de proporções matemáticas, de tal modo que essas
combinações aparecem aos nossos órgãos dos sentidos sob forma de qualidades
dualísticas.
- Parménides (544 – 450 a.C) – segundo ele, para chegarmos à verdade não podemos
confiar nos dados empíricos, temos que recorrer à razão. Nada pode mudar, só existe
o ser imutável, eterno e único, em oposição ao não ser. Temos de ignorar os sentidos e
examinar as coisas com a força do pensamento. O que está fora do ser não é o ser, é
nada, o ser é um.
Estes e muitos outros filósofos, que não são chamados de pré-socráticos, contribuíram
para o encerrar de uma visão mítica e religiosa que se tinha até então da natureza e a
partir daí foi adotada uma forma científica e racional de pensar. Sócrates é
considerado um “divisor de águas” na Filosofia.
Sócrates (470 – 399 a.C), a sua biografia é contada por Platão em várias das suas obras,
pois Sócrates, conforme dizem era analfabeto.
Usando um método próprio, chamado de “maiêutica” (trazer à Luz – fazer parir), que
partia de perguntas feitas às pessoas, ele fazia com que elas “parissem as suas próprias
ideias” sobre as coisas.
Comparava a sua técnica filosófica, a qual acreditava que ajudava a existência humana
à aperfeiçoar seu espírito, com a atividade da sua mãe, que era parteira. Para Sócrates
as etapas do saber são quatro: Ignorar a sua própria ignorância; Conhecer a sua
ignorância; Ignorar o seu saber e conhecer o seu saber. Teve vários seguidores, causou
muita irritação por suas “ideias pervertidas” e por um júri de cinquenta pessoas, foi
condenado à morte por envenenamento bebendo a Cicuta.
Poderia ter fugido da prisão, ter pedido clemência ou ainda ter saído de Atenas, mas
simplesmente não quis, tornando-se assim o primeiro mártir da Filosofia. Após
Sócrates, temos alguns filósofos cujas ideias são de extrema importância para que a
Psicologia se destacasse.
Por exemplo, Platão, Aristóteles e outros filósofos gregos preocupavam-se com muitos
dos problemas que hoje cabe aos psicólogos tentarem explicar, como a: memória, a
aprendizagem, a percepção, a motivação, os sonhos e principalmente o
comportamento anormal.
- Aristóteles (384 – 322 a.C) – Foi criado com um grupo de médicos amigos de seu pai.
Aos dezoito anos foi para Atenas, entrou para a Academia, onde se tornou discípulo de
Platão. Defendeu alguns princípios platônicos nos seus escritos durante esse período
na Academia, mas a sua inteligência e disciplina extraordinária fez com que ele fosse
um dos primeiros e maiores críticos da teoria platônica das ideias, principalmente na
Metafísica.
Em 334 a.C regressou a Atenas, onde fundou sua própria escola, o Liceu. O seu estilo
sempre foi predominantemente científico, mas muitos dos seus livros perderam-se por
causa de constarem do Índice de Livros Proibidos da Igreja Católica. Pode-se dizer que
foi ele quem realizou um importante e decisivo trabalho de revisão e elaboração da
história dos pré-socráticos. Aristóteles argumenta que é a razão que controla os nossos
atos e nela há um raciocínio a partir dos dados dos sentidos; contudo, para ele a
relação sujeito-objeto era direta. O mundo é dividido entre orgânico e inorgânico,
sendo o orgânico que encerra em si a capacidade de transformação. Assim, ele
concorda com Platão que punha a essência do homem na alma. A função do homem é
a atividade da sua alma, que segue ou implica um princípio racional, daí sua famosa
afirmação “O homem é um ser racional”. Podemos dizer que a ciência ocidental
efetivamente começou com Aristóteles. Ele convenceu-se de que a infinita variedade
da vida podia ser disposta numa série contínua e que existe uma “escada” da natureza,
que evolui dos organismos mais simples para os mais elevados. Mesmo assim, a sua
Fisiologia (ciência dos fenômenos físicos) era precária, pois acreditava em coisas como,
por exemplo: que o cérebro é um órgão para resfriar o sangue; que o corpo do homem
é mais completo do que o da mulher; na reprodução a mulher é passiva e recebe,
enquanto o homem é ativo e semeia. Sendo assim, as características seriam
predominantemente do pai. Até o século XVII os filósofos estudavam a natureza
humana mediante a especulação, a intuição e a generalização, pois baseavam-se na
sua pouca experiência. Até este período, o homem olhava para o passado a fim de
obter as suas respostas. Somente aplicavam instrumentos e métodos científicos que já
se tinham mostrado eficazes nas ciências físicas e biológicas.
Contudo, ocorreu uma transformação substancial nos seus estudos, fazendo assim um
estudo essencialmente científico, apoiado em observações e experimentações
cuidadosamente controladas para estudar a mente humana, fazendo com que a
Psicologia alcançasse uma identidade que a distinguisse das suas raízes filosóficas.
Com os avanços da Física e das novas tecnologias, os métodos e as descobertas da
ciência cresciam vertiginosamente, fazendo surgir maravilhosas e extravagantes
formas de divertimento nos jardins reais da Europa. Através da água, que fluindo
através de tubulações subterrâneas, colocavam-se em funcionamento figuras
mecânicas que realizavam movimentos variados. Esses divertimentos aristocráticos
refletiam e reforçavam o espanto do homem diante do milagre das máquinas.
Desenvolveu-se e aperfeiçoou-se todos os tipos de máquinas para a ciência, indústria e
entretenimento, como relógios mecânicos bastante preciosos, bombas, alavancas,
roldanas, guindastes e outros, tudo isto criado para servir ao homem. Parecia não
haver limites de criação e usos para essas máquinas. A idéia básica originou-se da
Física (ou “filosofia natural” como era conhecida) das obras de Galileu, que implantou
a idéia de que o universo era formado de partículas de matéria (átomos) em
movimento, portanto, estaria sujeito a leis de medição, cálculo e passível de previsão.
A observação e a experimentação, seguidos pela medição eram marcas distintas da
ciência e começou a ficar evidente que todos os fenômenos poderiam ser descritos e
definidos por um número, ou seja, eram quantificáveis. Essa necessidade de medição
era vital para o estudo do universo como máquina e fez surgir diversos aparelhos de
medição como termômetros, réguas, barômetros, relógios de pêndulo e etc. A relação
deste fato, quase deu aproximadamente 200 anos antes do estabelecimento da
Psicologia como ciência é direta e conveniente, pois isso deu sentido à uma forma que
uma nova Psicologia, que estava a ser germinada, teria que adotar, pois se todo
universo era agora como uma máquina, ordenado, previsível, observável, mensurável,
por que é que o homem não pode ser visto sob a mesma luz?. Dito por outras palavras,
os mesmos eficazes métodos experimentais e quantitativos, utilizados para revelar os
segredos do universo físico, podiam ser aplicados na exploração e previsão dos
processos e condutas humanas.
Quando o empirismo se tornou dominante, surgiu uma nova desconfiança sobre todo
o conhecimento até então obtido, dos conceitos e da visão que se tinha das coisas, dos
dogmas filosóficos e teológicos do passado, aos quais a ciência estava presa. Vários
homens contribuíram na elaboração de questões, tão importantes para a mudança.
Dentre eles um destacou-se por contribuir diretamente para a história da Psicologia
Moderna, libertando-nos dos dogmas teológicos e tradicionais rígidos que dominaram
desde a época aristotélica.
Esse grande homem, que simboliza a transição da Renascença para o período moderno
da ciência e que representa os primórdios da Psicologia Moderna foi René Descartes.
A sua contribuição para a psicologia ficou nestes dois livros e no fato de ter
concordado com Locke acerca de que todo conhecimento provinha da experiência,
mas discordou quanto às qualidades primárias, dizendo só existirem as secundárias,
pois todo conhecimento é ‘produto’ da pessoa que percebe ou experimenta.
Alguns anos depois, esta oposição à idéia de Locke foi chamada de Mentalismo, pois
data total ênfase aos fenômenos mentais.
Tudo que podemos crer é naquilo que percebemos, pois a percepção está dentro de
nós e portanto, é individualmente subjetiva, assim como se eliminarmos a percepção a
qualidade desaparece, não existindo assim substância material de que possamos estar
certos. Outros três filósofos historiadores que contribuíram para a história da
Psicologia foram David Hume (1711-1776), com a obra Tratado Sobre a Natureza
Humana (1739), David Hartley (1705-1757) com sua obra: Observações Sobre o
Homem, Sua Constituição, Seu Dever e Suas Expectativas (1749) e James Mill (1773-
1836) com sua obra: Análise dos Fenômenos da Mente Humana (1829).
HISTÓRIA DA PSICOLOGIA – INFLUÊNCIAS FISIOLÓGICAS
Weber foi um pouco mais além de Helmholtz, realizou pesquisas no campo das
sensações cutâneas e musculares, mas a sua principal contribuição para a Psicologia foi
o seu trabalho designado de “Limiar de Dois Pontos”, que consistiu em determinar a
distância em que dois pontos de estimulação na pele pudessem ser discriminados
como somente um ponto ou dois distintos de estimulação. Weber também realizou
outras pesquisas importantes no que respeita à percepção, e mostrou que há relação
direta entre um estímulo físico e a nossa percepção deste. Fechner era mais ligado a
interesses intelectuais e em 1833, após muitos anos de trabalhos árduos, entrou em
profunda depressão que durou vários anos, perdendo o seu interesse pela vida. Após
uma breve melhora, Fechner percebeu que a quantidade de sensação (mental)
depende da quantidade de estímulo (físico ou material), logo que seria possível
relacionar quantitativamente os mundos mental e material.
Seria necessário, entretanto, que fossem medidos de forma precisa o estímulo físico e
sensação mental. Medir os estímulos físicos era relativamente fácil, mas como medir
se o estímulo estava ou não a ser sentido era uma tarefa que somente o sujeito pode
determinar, através do relato da sensação. Isso foi chamado de Limiar Absoluto de
Sensibilidade. Fechner propôs também o Limiar Diferencial, onde a menor quantidade
de mudança de estímulo produz ainda uma mudança de sensação. O resultado das
pesquisas de Fechner foi chamado de Psicofísica, que significa um relacionamento
entre os mundos mental e material. Através de seus métodos foi possível quebrar uma
barreira imposta no início do século XIX, quando Immanuel Kant insistia que a
Psicologia jamais poderia tornar-se uma ciência, pois seria impossível realizar
experiências com processos psicológicos, que até então eram impossíveis de serem
medidos. Com algumas modificações, os métodos de Fechner na pesquisa dos
problemas psicológicos são utilizadas até hoje, sendo que já na época foram ele que
nortearam todo o trabalho de psicologia experimental de Wilhelm Wund.
Este último deu à psicologia técnicas de medidas precisas e elegantes, fazendo dela
uma ciência. Wundt estabeleceu o seu primeiro laboratório na Universidade de
Leipzig, na Alemanha. Utilizou técnicas usadas pelos fisiologistas e os métodos
experimentais das ciências naturais. Apesar de utilizar o método reducionista,
concordava serem os elementos da consciência entidades estáticas, mas que estes
participavam ativamente no processo de organização do que aos elementos em si. O
método de estudo de Wundt era o da introspecção analítica, cujo conceito ele adaptou
de Sócrates, inovando apenas no uso de um controle experimental preciso no método.
Considerava as sensações e os sentimentos formas elementares da experiência, apesar
de considerar a mente e o corpo sistemas paralelos mas não inter-atuantes, e como a
mente não dependia do corpo, era possível estudá-la eficazmente em si mesma. Nos
primeiros anos do Laboratório de Leipzig, Wundt teve que desvincular o seu trabalho
de um passado não científico, cortando vínculos com a velha filosofia mental; deixou
para esta última, discussões sobre a natureza da alma imortal e o seu relacionamento
com o corpo mortal, o que contribuiu ainda mais para seu trabalho científico e foi
considerado um grande salto. Isto gerou algumas controvérsias, mas outros estudiosos
participaram e se mantiveram unidos em termos de tema e propósito para a psicologia
ser científica e não o “estudo da alma”. Em 1892 uma versão da psicologia de Wundt
foi levada aos Estados Unidos pelo seu aluno E. B. Titchener, que a alterou
consideravelmente, propondo uma nova abordagem que denominou estruturalismo.