Mordent e 2024
Mordent e 2024
Mordent e 2024
35
Editorial
Bem-vindos de volta caros leitores,
Boas leituras!!!
4
MORDENTE | 2023/4
Índice
Mensagem da Presidente
Associação Nacional de Estudantes de Medicina Dentária
Pág. 5
ÁREA DE
Pág. 12
XXXIIII RAMDEC
Instituto de Ortodontia MEDICINA
Reforma Curricular, um incómodo ou uma oportunidade? DENTÁRIA
A Finalista
Pág. 18
A Caloira
TRADIÇÃO Erasmus 2.1
Erasmus 2.2
Pág. 25
Alda Neves
A Doutora - Sónia Fangaia
Bruno Sousa
PROVA ORAL
A Doutora - Diana Sequeira
Recreativo-Cultural
NEMD/AAC Saúde Pública e Intervenção Cívica
Relações Externas
Recreativo-Desportivo
ACADEMIA
6
MORDENTE | 2023/4
Mensagem da Presidente
Isabel Dantas
Presidente da Direção do NEMD/AAC
3. Formação do Estudante
Relembrados de que um dos pilares do Para aqueles que assumirem este projeto, peço
Associativismo estudantil é a Formação e que o façam com determinação, amor pelo que
sabendo que a luta por uma mudança do plano fazem, e com o espírito crítico e de sacrifício que
de estudos já vem de longe, dizer que não para esta casa exige, mas que nunca deixará de
pertencer à comissão para a reformulação, nunca acolher-vos.
nos passou pela cabeça. Muitas arestas estão por
alisar, mas os primeiros passos foram dados e Saudações Académicas,
finalmente conseguimos perspetivar um final
para este problema. Vamo-nos deixar de blocos e
de divisões e unificar. Isabel Dantas
Associação Nacional de
Estudantes de Medicina Dentária
Inês Isabel Pereira
Presidente da Direção da ANEMD
Renato Daniel
Presidente da Direção da AAC
Academica Start-UC
Deste modo, planeamos uma mesa redonda,
contando com a presença do Doutor Orlando
Monteiro da Silva, como presidente da Sociedade de
Inês Morgado Profissionais Liberais e ex-Bastonário da Ordem dos
Embaixadora da Academica Start UC Médicos Dentistas, Doutor Francisco Delille, como
diretor clínico da Clínica Delille, e o Doutor David
Neves, como jovem recém-licenciado. Creio que foi
Ser Embaixadora da Académica Start UC, pelo uma experiência enriquecedora para todos os
NEMD/AAC, é um dos maiores desafios que aceitei ao presentes, abrindo os nossos horizontes e, pela
longo do meu percurso académico. Fazer parte deste perspetiva positiva do Doutor Francisco Delille,
projeto que honra o empreendorismo e a inovação saímos com mais esperança de que um jovem
fez-me olhar para a Medicina Dentária com outros Médico Dentista pode ter um futuro brilhante à sua
olhos, fez-me não só querer ser melhor Médica espera.
Dentista para os meus doentes, mas também poder Contámos também com a presença da Professora
entregar-lhes um serviço inovador e que esteja à Doutora Inês Francisco, que veio falar do passo a
altura das expectativas de um doente do século XXI. passo para abrirmos uma clínica. Esta palestra
permitiu-nos perceber o que está por trás da
abertura de uma clínica, que legislações temos de
seguir, que burocracias são necessárias, entre outras
coisas. Para alguns, esta palestra alimentou o
bichinho de abrirem uma clínica, para outros
afugentou-o (há gostos para tudo!).
Instituto de Ortodontia
Prof. Doutor Francisco do Vale
Coordenador da Área de Medicina Dentária e Diretor do Instituto de Ortodontia da FMUC
“REFORMA CURRICULAR, UM
INCÓMODO OU UMA OPORTUNIDADE?”
Tínhamos, então, as propostas dos docentes, dos
estudantes e, por fim, do avaliador externo.
Eunice Carrilho
Infelizmente, de então até agora, nada mais se
Professora Catedrática da FMUC
passou.
Mas o trabalho não foi dado como perdido. Esses
Dirijo estas breves palavras, sobre este assunto atual preciosos contributos foram tidos em consideração
e premente, apenas aos estudantes do Mestrado pela Coordenação do MIMD na elaboração da
Integrado em Medicina Dentária da Faculdade de proposta de um novo plano de estudos. Constatou-se
Medicina de Coimbra. que todos tinham na base das suas considerações, a
O ensino da medicina dentária não assenta em necessidade de reestruturação do plano de estudos
conteúdos estáticos, é dinâmico e em constante para melhor servir a aquisição das competências
evolução, não só a nível das ciências fundamentais necessárias pelos estudantes. A revisão das ciências
onde os conhecimentos científicos têm sofrido fundamentais, nomeadamente, a carga letiva e os
atualizações contínuas fruto da investigação, como seus conteúdos; a semestralização dos anos
também, a nível clínico fruto do desenvolvimento curriculares; e a implementação de uma verdadeira
tecnológico e científico. A título de exemplo, veja-se o clínica integrada, com a gestão rigorosa das horas
foco atual na medicina personalizada e os benefícios clínicas. Estas sugestões foram transversais a todas
da inteligência artificial no diagnóstico e tratamento as entidades e intervenientes referidos acima, com
dos doentes. excepção da OMD que apenas dita o perfil do médico
Mas nem tudo são conteúdos científicos, não dentista.
podemos descurar as novas metodologias de ensino A introdução de conteúdos de Suporte Básico de Vida
e avaliação que urge implementar. Como pode, (SBV) e a introdução de unidades curriculares
então, um curso do âmbito das Ciências Médicas não opcionais foi sugerida pela A3ES, pela ANEMD e pelos
ser alvo de uma reforma durante 17 anos? estudantes e docentes da FMUC na resposta aos
A estrutura curricular e o plano de estudos do questionários. O reforço da carga horária para os
Mestrado Integrado em Medicina Dentária (MIMD) projetos de investigação foi também uma sugestão
não sofreu qualquer reforma desde a sua adequação, de todas as entidades e intervenientes referidos, bem
publicada em Diário da República a 9 de Outubro de como, pelo avaliador externo. A introdução de
2007. valências definidas no perfil do médico dentista e do
Ao longo dos últimos 10 anos, estudantes e âmbito de algumas competências setoriais
docentes, várias entidades externas, como a Agência reivindicadas foi sugerido pela OMD e pela A3ES.
de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior A3ES, Nos questionários efetuados a estudantes
têm reportado a necessidade de alterar o plano de (atualizados anualmente com novos questionários) e
estudos do MIMD. A Ordem dos Médicos Dentistas docentes do MIMD, foram assinaladas unidades
(OMD), com a colaboração das várias unidades curriculares sub e sobre dimensionadas. Uma
orgânicas de medicina dentária, elaborou comparação com os curricula das restantes seis
recentemente o perfil do médico dentista. A Instituições Portuguesas de Ensino em Medicina
Associação Nacional de Estudantes de Medicina Dentária ajuda a perceber a necessidade de
Dentária (ANEMD) desenvolveu, igualmente, uma mudança.
proposta de reforma dos curricula dos Mestrados É igualmente importante, uma vez que não é, por
Integrados em Medicina Dentária, colhendo as agora, possível aumentar uma ano curricular tão
diversas sensibilidades dos estudantes das sete necessário ao ensino, tendo em conta os novos
Instituições Portuguesas de Ensino Superior. desafios científicos e tecnológicos, otimizar a carga
Num passado, não muito recente, foi elaborado um letiva diária dos estudantes.
projeto de reforma curricular que evoluiu até um Uma reforma implica mudança, trabalho, atualização
estádio quase final - avaliação por um avaliador e desenvolvimento das competências docentes
externo. Foi convidado o Professor Doutor Mariano (abandonar a zona de conforto), mas acima de tudo:
Sanz (Universidade Complutense de Madrid, cedências em prol do ensino e em prol dos novos
Espanha), uma sumidade internacional no que toca profissionais que, desejamos sejam os melhores!
ao ensino europeu da medicina dentária que Estamos agora em condições de responder à questão
elaborou um documento com sugestões pertinentes inicial – reforma curricular, seguramente, uma
e exequíveis. oportunidade!
TRADIÇÃO
19
MORDENTE | 2023/4
A Finalista
O tempo perdido era irrecuperável, por isso
Beatriz Tomé agarrámos vorazmente o que nos restou. Praxámos,
Finalista do MIMD 19/24 tivemos uma primeira Queima atípica em outubro
mas que sublimou tudo o que já sabíamos sentir por
Em 2019 fomos arrancados do colo da mãe, do esta cidade mágica, fomos a aulas, faltámos a muitas
conforto de casa. Como verdadeiros bebés, sozinhos outras, estudámos (estritamente quando necessário),
numa cidade para muitos completamente nova, e panicámos com exames aos quais podíamos ir a
fomos obrigados a aprender tudo de novo. Vivemos recurso (o que é um luxo, como bem sabem).
(enquanto pudemos) a beleza de termos tudo pela No segundo ano, e mesmo no terceiro, não
frente, e o sentimento constante, avassalador, e feliz, valorizamos a passagem do tempo. Sabemos que
de fazermos tudo pela primeira vez, de podermos tudo é efêmero, ouvimos falar e cantar sobre a
errar e vencer no mesmo instante. Vimos Coimbra Saudade, mas por mais que tentemos, não
passar de uma idealização, de uma tela em branco, antevemos a rapidez vertiginosa com que nos
para uma pintura surrealista de cores vibrantes como aproximamos do fim. Contudo, apercebemo-nos
tudo o que experienciávamos: o conforto da capa de desde logo que nos encontramos num limbo
uma madrinha, a familiaridade do Departamento, o constante entre querer viver mais, devorar cada
companheirismo dos amigos que ainda há dias eram momento… e um saudosismo do que já passou.
perfeitos desconhecidos, a singularidade de cada Num piscar de olhos estamos em mais uma queima e
calçada, na praxe vangloriada, e nas horas matutinas, somos licenciados, temos um grelo, já somos avós de
percorrida. praxe, já perdemos a conta aos caloiros, já usamos
Já de quarentena, em casa, tudo aquilo que tínhamos menos o traje. Estamos quase 24h no pré-clínico, até
avidez de viver, foi-nos vedado. Talhámos dentes por já damos um jeito com as brocas, e passamos o
Zoom (mais algum estudante da UC levou um bloco terrível terceiro, com os famosos 12 exames, entre
de cera rosa para casa na quarentena?), jogámos muito receio, drama, e entreajuda. Sabem qual foi o
houseparty, fartámo-nos de jogar houseparty, e entre sítio sempre mais animado e frequentado antes de
aulas, chamadas para descomprimir, e até uma um dia de exame? O nosso grupo de turma.
serenata à frente de um ecrã, fomos uma bonita No 4º ano saltamos para a clínica! Do nada
representação do espírito de manada. Ainda que crescemos, tomamos consciência de que
longe uns dos outros, ainda que de traje por estrear, efetivamente já não somos apenas uns caloiros
ainda que sem perspectivas ou certezas acerca do perdidos na novidade, mas ainda trazemos muito de
futuro, vivemos Coimbra à nossa maneira – ser caloiro em nós – na voz tremida a marcar os
porquanto estivéssemos fisicamente longe dela, já primeiros pacientes, no pedido desesperado de ajuda
lhe pertencíamos. Foram tempos bastante a um colega de 5º, que já tem consigo um ano de
desafiantes por todo o contexto vivido, mas que nos experiência; na vontade de ainda assim querer viver
mostraram a solidez do que nos tinha sido incutido tudo intensamente e conjugar uma vida noturna com
desde o dia em que entrámos no curso e, por outro consultas marcadas às 8h30; no entusiasmo de
lado, nos fizeram valorizar ainda mais a efemeridade sermos fitados, de embarcarmos na aventura de
da nossa vida académica. construir o nosso Onla(y)Fans.
20
MORDENTE | 2023/4
Por todo o tempo que inevitavelmente passamos na Os amigos desde o dia 1, com quem partilhamos
clínica, é neste ano que ela se torna verdadeiramente dores de crescimento, choro, muitos, muitos
“casa”. Temos a nossa mesa favorita para almoçar, momentos de alegria, conquistas. Que se tornaram
naquela sala exígua mas animada, que recordarei família, uma extensão de nós, e sem os quais já não
com carinho; conhecemos cada cantinho da clínica, imaginamos viver. Os colegas, companheiros do bom
dos melhores sofás, aos sítios onde há fichas; já e do mau, mãos sempre prontas a ajudar. Os
conhecemos melhor as falhas mecânicas da nossa professores, os que nos acompanharam só no final,
Box que o Senhor Hermínio, e já decorámos que o os que nos conheceram em caloiros, os que foram
contra-ângulo é sem luz. O nosso binómio é a nossa sempre uma inspiração, os que nos aterrorizaram,
melhor companhia e amparo, a garantia de que por aqueles que nos disseram as palavras ou deram os
mais difícil que seja, a dificuldade será partilhada, e ensinamentos, académicos, e tantas vezes pessoais,
nos cacifos comentamos alegremente as nossas lutas que nunca esqueceremos. As funcionárias, as
diárias, procurando consolo nas adversidades e sorridentes prontas a ajudar, as preocupadas
sucessos mútuos. Dito o último “Até setembro”, finda connosco quase como mães, as que nos ralham, as
a última época de exames, a maldita brisa do adeus que nos acarinham, as que vão ao fim do mundo por
já nos beija o rosto. aquele material ou aquele número de processo que
E por fim, Finalistas, somos o produto de 4 anos precisamos mesmo.
passados de experiências, de vida académica, de A minha cartola repousa em casa, aguardando o dia
memórias dos quais somos registos vivos. Somos os do Cortejo. Vou recolhendo nas fitas palavras de
mais velhos na clínica. Já não temos as nossas carinho que levarei para sempre. Enquanto planeio
madrinhas e padrinhos, e muitos dos nomes que milimetricamente a queima que se aproxima, estou
recordamos das nossas histórias, são figuras assoberbada como, de repente, chegámos ao fim.
distantes que pertencem a um tempo do qual só nós Perplexa com a passagem do tempo, olho em
temos memória e saudades. As consultas já não nos perspectiva, pensando que vivi tudo o que pude, que
provocam a ansiedade outrora sentida, e se ainda não o faria de outra maneira, e que só assim Coimbra
temos tanto para aprender, também é a nós que já se deve viver. Não saberei deixar melhor conselho.
nos procuram para ajudar. Procuramos aproveitar Talvez passemos por um rasganço, porque temos
tudo ao máximo: cada almoço, cada consulta, cada que nos despir das memórias daquilo que vivemos:
saída, cada pausa, cada conversa com os professores, não só para sentirmos verdadeiramente a partida,
cada praxe, cada pequena celebração, pois sabemos mas para darmos lugar a uma nova pele, a uma nova
que ao virar da esquina, ao passar de mais uma folha pessoa.
da agenda, se aproxima o adeus. De novo somos arrancados da (Casa) mãe.
Quase todos os dias, e sem sabermos, tropeçamos Choramos, como sinal de vida, e de quem já tanto
casualmente numa “última vez”: última vez que viveu. Deixamos o conforto daquilo que conhecemos
vamos a um sítio onde fomos tantas vezes, última vez para encararmos o novo e desconhecido, onde a
que fazemos algo, ou que vemos alguém – haja marca indelével de quem nos formou nos
coração que aguente andar em permanente acompanhará para sempre.
despedida. Teremos sempre a nossa Coimbra, esses 5 loucos
Toda a gente nos avisa, mas ninguém nos prepara anos 2019-2024.
para deixar Coimbra. As suas ruas pitorescas, o céu
caracteristicamente recortado pela Cabra, os lugares A nós, Finalistas de Medicina Dentária da Faculdade
desconhecidos que passaram a ser pontos num de Medicina da Universidade de Coimbra, 2019-2024,
mapa de memórias. Para deixar a vida de estudante. um grande FRA!
21
MORDENTE | 2023/4
A Caloira
Ema Taveira
Aluna do 1º Ano do MIMD
Erasmus
Clarisse Dias
Aluna de Erasmus do 4º Ano
Quais foram os principais desafios que tiveste? Uma das metas de fazer erasmus é aproveitar
Existem diversas formas e técnicas para conduzir para viajar. Tiveste essa oportunidade?
procedimentos e tratamentos na área da Medicina Certamente, durante os seis meses que passei em
Dentária. Aprender a executar esses procedimentos Portugal, explorei uma variedade de destinos, tanto
de forma diferente da qual estava habituada foi dentro do território nacional quanto em países
desafiador, principalmente porque até mesmo nos vizinhos. Tive a oportunidade de conhecer cidades
termos utilizados para descrever os instrumentais há como Lisboa, Porto, Aveiro, Nazaré e Figueira da Foz.
diferenças. Além disso, a saudade de casa também se Além disso, aproveitei para realizar viagens à França,
apresenta como um desafio, mas é um desafio que Espanha, Itália e Reino Unido.
vale a pena enfrentar.
Erasmus
Os estudantes de Erasmus juntam-se ao paralelo
internacional para os momentos teóricos e durante a
Bianca Gomes
prática clínica somos emparelhados com um
Aluna de Erasmus do 4º Ano estudante checo que nos ajuda na questão da
barreira linguística. Conseguimos por vezes ter
Este ano estive de Erasmus em Praga e vivi um pacientes internacionais que falam inglês ou até
sonho que já tinha há muito. Desde o primeiro mesmo português. Gosto do facto de que temos
ano que procurei saber sobre o programa e foi bastante liberdade para gerir o nosso horário uma
crescendo o meu interesse em ver a medicina vez que há sempre professores para todas as áreas
dentária fora da nossa bolha. Apesar de todo o na clínica.
processo burocrático e da falta de um plano
curricular que facilite as equivalências, decidi
fazer o meu 4º ano em Erasmus. Quando vi que
surgiu a possibilidade de ir para a Charles
University, não hesitei em candidatar-me por
oferecer os estudos em inglês, pelo seu prestígio
(costumo dizer que é a Universidade de Coimbra
da República Checa) e pela sua excelente
localização. Praga fica no coração da europa,
sendo muito acessível viajar para os países
vizinhos, o que só por si já me convenceu. Não
fui com expectativas concretas por não conhecer
a cidade, deixei-me surpreender e, mesmo no
fim do Erasmus, Praga continua a deixar-me um
brilho no olhar. Para além da sua incrível beleza, Tive experiências de aprendizagem muito boas não
oferece-nos infinitas possibilidades por isso quis só pelos excelentes professores que nos
desfrutar disso ao máximo, seja indo a uma acompanham como pelas condições que a clínica
opera ou experimentando um novo desporto, oferece. Os alunos de medicina dentária em Praga
como bouldering (muito popular entre os têm muito mais contacto com o ambiente hospitalar,
checos). o que me deu a oportunidade de assistir a diversas
cirurgias em bloco operatório bem como a consultas
das áreas da dermatologia, oncologia e
otorrinolaringologia. Considero que a minha
experiência académica me alargou os horizontes
porque pude aprender outras técnicas e perspetivas
clínicas. De facto, penso que foi um ótimo ano para
ter esta experiência porque reconheço a importância
do conhecimento teórico e prático que adquiri no 3º
ano, fundamental para tratar pacientes com uma
correta abordagem clínica.
Os meus dias na universidade passaram por Neste Erasmus tive a possibilidade de viajar para
estar na clinica das 8h às 14h e, por vezes, alguns países como Alemanha, Áustria, Eslovénia,
alguma aula teórica à tarde. Antes das consultas Eslováquia, Dinamarca, Polónia, Roménia e Tunísia. A
temos apresentação e discussão de casos verdade é que a maioria destes destinos ficam a
clínicos, que é uma ótima oportunidade para apenas algumas horas de autocarro de distância ou
aprender e despertar o cérebro. existem bilhetes de avião a preços muito acessíveis.
24
MORDENTE | 2023/4
Está quase?
Sim, está quase! Eu irei tratar da papelada no fim
deste ano, depois tudo depende do tempo que
demora a burocracia toda, pode ser 1 ano, 1 ano e
meio, vamos ver!
Tema da tese: Tribological study of metal alloys Comentário pessoal: : O dia da defesa da tese é
subject to dental wear sempre precedido por um período de grande
ansiedade e nervosismo, porém e estranhamente,
No âmbito desta tese efetuaram-se três estudos in toda essa ansiedade se desvaneceu momentos antes
vitro: a avaliação das propriedades tribológicas da do início da apresentação. Numa fase pós-pandemia,
liga Ti-6Al-4V; a caracterização da difusão dos iões poder ter audiência e contar com a presença da
alumínio e vanádio e a caracterização da difusão dos minha família, colegas e alguns amigos foi
iões cobalto e cromo. No estudo da avaliação das formidável. Terminei as provas com uma sensação de
propriedades tribológicas, verificámos que o dever cumprido; foi extremamente gratificante
desgaste das amostras Ti-6Al-4V aumenta apresentar e discutir o trabalho elaborado, e do qual
significativamente quando testadas simultaneamente resultaram três artigos científicos. Na sequência da
com amostras de amálgama dentária em presença tese, continuo a desenvolver trabalhos de
de flúor. Devido à comprovada libertação de iões investigação, que possam trazer um contributo
para o meio, resultantes do desgaste e corrosão das proveitoso às componentes clínicas e pedagógicas da
ligas metálicas, com inerentes consequências a nível Medicina Dentária.
local e sistémico, através de um modelo experimental
baseado na técnica de dispersão de Taylor,
realizámos dois estudos envolvendo diferentes iões
metálicos: alumínio e vanádio provenientes das ligas
de titânio-alumínio-vanádio, e cobalto e cromo,
provenientes das ligas de cobalto e cromo. Os
estudos de difusão mútua foram complementados
com outros estudos teóricos e experimentais,
nomeadamente simulações de dinâmica molecular,
no caso do alumínio e espectroscopia UV-Vis para o
cromo e o cobalto. As interações observadas entre os
iões metálicos de alumínio, cromo e cobalto, e o
digluconato de clorexidina sugeriram que este
composto farmacológico pode ser considerado um
agente terapêutico vantajoso, pois pode contribuir
para a redução da concentração desses iões
libertados na cavidade oral.
30
MORDENTE | 2023/4
Porquê Medicina Dentária? Foi a primeira Viveu com os pais durante o percurso
opção? académico?
Não foi a minha primeira opção, assim como não é Sim, como entrei no Porto, vivia lá, portanto fui o
para noventa e poucos por cento dos alunos de menino dos papás. No entanto, isso não me
Medicina Dentária. Ainda assim, quando eu entrei, impediu de nada. Lá em casa seguia-se a ideia
os três primeiros anos eram comuns com os de que sigo hoje com os meus filhos que é “Máxima
Medicina. Tínhamos aulas teóricas e práticas juntos, liberdade, máxima responsabilidade”. Os meus
então ninguém sabia quem era de um curso ou de pais sempre me deram a total liberdade, e como
outro. Isso permitia-nos, no terceiro ano (3/6), fazer retorno, eu dava a máxima responsabilidade.
a transição para Medicina, talvez por meio de um Portanto, a vida académica não foi afetada. Houve
concurso, não me lembro bem. No entanto, quando dias em que cheguei a casa mais tarde do que o
cheguei ao terceiro ano, achei que não fazia sentido meu pai saía para trabalhar e nunca houve
e, para o bem ou para o mal, continuei em problemas em relação a isso!
Medicina Dentária!
“Não me vejo a trabalhar noutra área, sendo que, se
puder separar a Medicina Dentária do consultório da
docência, claramente sou mais feliz a ser docente!”
32
MORDENTE | 2023/4
Alguma história engraçada que gostasse de Dor Orofacial. Foi você que escolheu a área ou
partilhar? a área é que o escolheu?
Eu acho que a revista não tem páginas suficientes Não, fui eu que escolhi a área!
para minhas histórias (risos). Eu hoje digo muitas Lembro-me perfeitamente de estar no quinto,
vezes que eu era feliz e não sabia. sexto ano e dizer a um amigo que não queria ver
dentes a vida toda! Eu formei-me em 2005 e ano
“Foram os 6 anos mais felizes da minha vida” após ano fui deixando de ver dentes.
Deixando-me disso, a área que me restava era a
Ainda por cima, como dou aulas na faculdade, Dor Orofacial pelo que foi uma escolha quase que
tenho contacto com essa realidade, o que me deixa sem alternativa porque todas as outras
ainda mais saudades. Mas pronto, são tempos que implicavam dentes.
já não voltam e tenho que aceitar isso. No entanto, depois essa área também me
escolheu e apaixonamo-nos mutuamente.
Sente que esses 6 anos o moldaram de alguma
forma? Assim sendo, já só pratica esta área?
Eu não diria “vida académica” porque nós no Porto Dentes já não vejo, faço alguma cirurgia, mas
não damos tanto valor à tradição académica como essencialmente já só é Dor Orofacial. No entanto,
vocês em Coimbra. Esses anos dos 18 aos 23/24 tenho uma equipa que trabalha comigo e esses
claro que moldam, são 6 anos muito intensos que sim, veem dentes.
naturalmente condicionaram a minha forma de ser
e estar de agora. Qual era a área que gostava menos?
Sem qualquer desprimor para a área e com muito
respeito para com quem se dedica a ela, aquela
primeira área que deixei de fazer assim que saí da
faculdade, foi a Endodontia! Resposta óbvia não
é? (risos)
Uma inovação promovida pela comissão organizadora foi Melhor Regente: Bruno Sousa
a instalação de um PhotoBooth, permitindo aos Melhor Equipa: Odontopediatria
convidados capturar instantaneamente algumas
O/A Panicador(a): Ana Corte-Real
recordações em formato físico.
O/A Tranquilo: Rui Seoane
A noite também foi marcada por uma surpresa dos
O/A Assistente: Patrícia Diogo
finalistas: um FLASHMOB, que, sem dúvida, ficará Melhor Funcionária: Alda Neves
gravado na memória de todos os presentes.
Pedagogia
Recreativo-Cultural
Hospital do ursinho
Relações Externas
Beatriz Carneiro
Vogal do Pelouro
O pelouro das Relações Externas, tem como principal
objetivo o estabelecimento de uma relação, entre a
Universidade e aqueles que nos chegam pela
primeira vez, mas também, aqueles que pretendem
partir. Este pelouro, focou-se sempre em facilitar o
caminho daqueles que o estão a explorar pela
primeira vez. Isto foi possível por meio das atividades
realizadas, tanto individuais, como é o caso do
programa de apadrinhamento, MIMD Buddies, onde
os alunos provenientes dos diversos programas de
mobilidade tiveram um acompanhamento
individualizado, ou então através de atividades mais
alargadas como as sessões de acolhimento, onde
fizemos sempre questão de estar presentes.
Recreativo - Desportivo
Palestra “Medicina Dentária no Desporto”
Mariana Dias
Vogal do Pelouro Esta palestra foi realizada em conjunto com
NECDEF/AAC tendo o orador sido o nosso Professor
A prática da medicina dentária pela sua natureza e Doutor Bruno Macedo de Sousa. Foram abordados
condições provoca problemas musculoesqueléticos temas como “O papel da saúde oral no desporto”, “O
que podem ser sentidos mais tarde ou mais cedo na papel do desporto na saúde oral”, “Protetores Bucais”
carreira de um médico dentista. Alertados para este e “Doping no Desporto” tendo sido uma experiencia
facto sabemos que a prática de exercício físico nos enriquecedora tanto para nós, alunos do MIMD como
pode trazer muitos benefícios sobretudo na para os alunos da FCDEFUC.
prevenção destas doenças. Assim, o pelouro
desportivo assume o papel de sensibilizar e tentar
prevenir estas situações.
Dentária Night Runners, Champions league, Voleibol
League e uma palestra sobre Medicina Dentária no
Desporto já mexeram muito com alunos do MIMD,
vamos recordar?