A Crise Da Ética Na Sociedade Brasileira
A Crise Da Ética Na Sociedade Brasileira
A Crise Da Ética Na Sociedade Brasileira
RESUMO
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Palavras-chave: ética, ensino, direito, público e político.
ABSTRATCT
People disrespect both ethical rules as the standards set by the state, as if it were mere
"advice". This article attempts to seek a logical definition of the problems that is facing
ethics, contextualizing them, since the time of the emergence of ethics, which is in Old
Age, until the times nebulous representing the current globalized society. This search
also lists some deviations that occurred in the history of people, such as the shutdown of
ethics and politics, that even if it detects a problem in the work "The Prince" by Niccolo
Machiavelli, where the author makes a playbook as teaching gain power and keep it.
Therefore, there must be a break from politics to ethics, creating their own ethics for the
state. Modern society, terribly just inheriting these teachings, and why it is currently
delivered to the called "eat ethical." This work is not intended to be moralistic, only the
intention is to offer society a reflection. To become aware of the same crisis of lack of
principles on which this ruling. If nothing is done, the situation could worsen further, and
there where we stop nobody knows. Which is known to reverse this situation, the
company should take action quickly and effectively, always observing the constitutional
rights, trying to make a correlation between ethics and social justice.
1. CONSIDERAÇÕES
A ética pode ser compreendida como uma ciência da conduta humana, perante o
ser, e seus semelhantes. Concebendo como sua virtude a pratica do bem, que resulta
na felicidade dos seres.
O ser humano desde o seu surgimento, sempre foi cercado por preceitos e
valores, sendo que por esses requisitos se julgava o caráter, ou até a vida de um
homem. Conforme afirma Cláudio Souto:
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Todo indivíduo normal tem uma ideia, certa ou errada,
daquilo que deve ser feito. Em toda sociedade
encontramos uma área de conduta que se situa na
categoria do que deve ser. E para o cumprimento das
várias condutas pertencentes a esta categoria, existe um
1
conhecimento, ou seja uma ideia de como se deve fazer .
E nessa trajetória terrena a ética assumiu a feição de ser uma apreciação das
normas da conduta humana. Consequentemente ela se tornou mais importante do que
a moral, pois enquanto esta caracteriza as regras que o homem deve seguir numa
sociedade, a ética é mais abrangente, ela fornece juízos de valores, que julgam o
comportamento humano sobre as regras sociais. Nesta mesma linha, o professor Adolfo
Sanchez Vazquez define a ética como "a teoria que pretende explicar a natureza,
fundamentos e condições da moral, relacionando-a com necessidades sociais dos
homens"2.
Por isso, é possível verificar que pela adoção do sentimento ético, busca-se a
prática do bem e repulsa ao mal, visualizando a simpatia ou o menosprezo da boa ou
má conduta de outrem. Essa repulsa pelo mal comportamento reflete-se por uma
censura de conduta, por ter sido violado a ordem que ela considerava boa ou aceitável
pelo meio social.
1
SOUTO, Cláudio et Solange. Sociologia do Direito. São Paulo: LTC/USP, 1981.
2
VAZQUEZ, Adolfo S. Ética. Trad. João Dell’Anna, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1993, p. 15.
3
Cf. LIMA, Máriton Silva. O Direito, a ética e a sua história. Disponível na internet: www.jus.com.br –
16/05/2008.
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Em Karl Marx é possível notar uma análise social da ética, ou seja, uma
concepção da conduta humana e de suas regras, em que se busca defini-la através de
um estudo do materialismo dialético, das relações econômicas e do que é gerado pela
riqueza da burguesia4.
Através de seus ideais pregados numa época em que o Estado era interligado com
a igreja, esse autor ficou conhecido como o fundador da ciência política moderna, pela
maneira inovadora em que escreveu sobre o Estado e o governo como realmente são.
Para ele, os princípios cristãos impregnados naquela época eram inúteis e prejudiciais
para o desenvolvimento Estatal. Em sua obra “O Príncipe”, escrita de 1513 a 1516,
buscou ilustrar a política renascentista de constituição de um Estado forte e soberano,
com a superação da ideia de descentralização do poder. Neste ponto, a ética em
Maquiavel se contrapõe a ética cristã, pois enquanto esta se busca basear os atos
estatais em uma legitimidade de uma lei divina, para Maquiavel a finalidade das ações
dos governantes passa a ser a manutenção do poder e o equilibrio estatal5.
Neste ponto que sobrevem as críticas doutrinárias, pois com essa justificativa, o
Estado poderia praticar todo tipo de violência em face dos seus cidadãos ou contra
outros Estados com a finalidade de assegurar sua soberania.
Por isso é possível verificar que as ideias de Maquiavel foram bem aceitas a priori,
uma vez que se buscava a conservação do poder e a estabilidade estatal. Com o
passar do tempo, tais ideias foram sendo questionadas, passando a ser consideradas
expressão da hipocrisia política, advindo daí o sentido pejorativo do termo como o
maquiavelismo.
4
Cf. LIMA, Máriton Silva. O Direito, a ética e a sua história...
5
ESCOREL, Lauro. Introdução ao pensamento político de Maquiavel. Brasília: Editora Universidade
de Brasília, 1979, p. 93/101
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No Brasil, é difícil de se afirmar que existiu uma postura ética estável. Detecta-se
que desde o descobrimento das terras brasileiras, pelos portugueses em 1500, o
território brasileiro foi sempre utilizado para exploração financeira, passando assim uma
figura do enriquecimento desmedido em detrimento das regras sociais.
6
LIMA, Máriton Silva. O Direito, a ética e a sua história. Disponível na internet: www.jus.com.br –
16/05/2008.
7
VAZ, Henrique Cláudio de Lima. Ética e Direito. Org. de Claudia Toledo e Luiz Moreira. São Paulo:
Edições Loyola, 2002, p. 63.
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na estabilidade que ela significa”8. São situações assim que ensinam a população
aplaudir os golpistas, pelo sucesso das gestões públicas, transformado-os em líderes
de uma sociedade adoentada e sem forças próprias para escapar do “coma político”.
Rui Barbosa, magistralmente, já previa no começo do século passado, que chegaria um
momento em que as pessoas :
Grande parte dos estudiosos do assunto defende uma rápida reação, mas as
consequências só surtirão efeito na próxima geração, ou seja, é preciso mudar o
sistema educacional a longo prazo. Mas primeiramente, deve-se analisar quem é o
alunado brasileiro atualmente. Através das estatísticas divulgadas pelo Ministério da
Educação e Cultura (MEC), é possível descobrir o caos que está a educação brasileira;
faculdades de final de semana, universidades de “fachada”, alunos sem o mínimo de
conhecimento.
10
Pranto, Felipe Cardoso de Mello. Educação Jurídica: Uma Busca por Novos Direitos. São Paulo:
Cultural Paulista, 2001. p. 36
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Mesmo nessa desordem que se encontra o ensino jurídico, o acadêmico de direito
tem algumas noções básicas sobre ética, moral e honestidade, onde na teoria todos se
consideram como defensores dos direitos humanos, guardiões dos oprimidos, e a
palavra mais pronunciada na sala de aula é “Justiça”. Infelizmente, muitos dos
formandos, “não passam de ‘pistoleiros contratados’, porta-vozes à venda, esperando o
lance mais alto, à disposição de qualquer um, qualquer ladrão, qualquer fora-da-lei,
com dinheiro suficiente para bancar os honorários”11.
Quando a lei maior dita que "perderá o mandato o Deputado ou Senador, cujo
procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar", isso significa que
o parlamentar infringiu alguma norma ética perante aquela casa legislativa. Isso
demonstra a importância que o Direito reserva, ao menos na teoria, para os ideais
éticos, o que se deve ser implementado na prática.
11
Grisham, John. A Firma, 9º ed. Rio de Janeiro: Rocco. 1994. p.65
12
Cf. DWORKIN, Ronald. O Império do Direito. Trad. De Jefferson Luiz Camargo. São Paulo: Martins
Fontes, 1999, p. 492
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Radbruch defende essa necessidade de vincular preceitos éticos às normas jurídicas,
ao definir o Direito como "a realidade que tem o sentido de se achar ao serviço da idéia
de justiça"13.
Isso denota que cada vez mais o Direito está superando o positivismo jurídico,
abandonando aquela interpretação estritamente técnico-formal, buscando uma
aproximação com os ideais jusnaturalistas, conforme entende Perelman:
Os cidadãos devem também encarar o voto não como um dever, mas sim como
um direito de escolher seu representante, analisando seu perfil e seu histórico, pois
ninguém em sã consciência irá colocar como administrador de usa empresa um
reincidente em crime de furto ou peculato.
Atualmente o direito criou uma série de meios de resgatar o espírito ético no setor
público, como por exemplo o orçamento participativo previsto na Lei de
Responsabilidade Fiscal e Estatuto das cidades, garantindo uma maior transparência
na aplicação dos recursos públicos. O que falta é incutir na cultura popular a utilização
desses meios de maneira eficiente.
É importante que haja uma reflexão sobre os problemas da nação, é preciso haver
uma reação, tal reação, autenticamente sadia, dirigi-se para corrigir os graves e
frequentes desvios que se manifestam no agir das pessoas. Devem ocorrer mudanças
urgentes como, por exemplo, a adaptação do currículo das faculdades de direito a uma
16
Ingenieiros, José. Homem Medíocre. São Paulo: Editora Edicamp, p. 55.
280
nova visão interdisciplinar, para que o advogado não se limite a interpretações somente
legais, mas sim éticas. O escritor Luciano Zajdsznajder deixa bem clara essa ideia
afirmando que:
REFERÊNCIAS BIBLIGRAFICAS
17
Zajdsznajder , Luciano. Ser Ético, Rio de Janeiro: Gryphus, 1999. p. 25
281
ESCOREL, Lauro. Introdução ao pensamento político de Maquiavel. Brasília:
Editora Universidade de Brasília, 1979.
KELSEN, Hans. O que é justiça? Trad. Luís Carlos Borges. São Paulo: Editora Martins
Fontes, 2001.
MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe, 6º ed. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra. 1996.
MELO, Osvaldo Ferreira de. Fundamentos da Política Jurídica. Porto Alegre: Fabris
Editor, 1994.
PERELMAN, Chain. Ética e Direito. Trad. Maria E. Galvão Pereira. São Paulo: Martins
Fontes, 2002.
PRANTO, Felipe Cardoso de Mello. Educação Jurídica: Uma Busca por Novos
Direitos. São Paulo: Cultural Paulista, 2001.
282
TORLONI, Hilário. Estudo de Problemas Brasileiros, 21º ed. São Paulo:Pioneira.
1992.
VAZ, Henrique Cláudio de Lima. Ética e Direito. Org. de Claudia Toledo e Luiz Moreira.
São Paulo: Edições Loyola, 2002.
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