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Espectroscopia de infravermelho (IR)

Profa. Dra. Claudia Merlini

Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais


Espectroscopia de infravermelho (IR)
Espectroscopia vibracional é relacionada com a detecção de transições entre níveis de
energia em moléculas, resultante de estiramento e vibrações de ligações inter atômicas.

A espectroscopia de infravermelho mede a luz infravermelha que é absorvida por uma substância.
Essa absorção depende do comprimento de onda da luz.

As frequências de vibrações são características de


cada grupo funcional em uma molécula,

A espectroscopia vibracional de IR pode fornecer


informações detalhada da estrutura de um polímero.

Fonte: CAMPBELL; PETHRICK and WHITE, 2000


Espectroscopia de radiação eletromagnética
Luz visível e luz infravermelha são dois tipos de radiação eletromagnética, com diferentes
comprimentos de onda e frequência.

Na espectroscopia de IR o número de onda


(ṽ ) é utilizado para descrever a radiação
eletromagnética.
O número de onda é o inverso do
comprimento de onda (λ):

−1
1
ṽ 𝑐𝑚 =
λ (cm)

N° de onda diretamente proporcional à


energia (maior n° de onda – maior
energia)

Processo envolvido na interação da radiação com a matéria


Fonte: STUART, 1997
Espectroscopia de infravermelho (IR)
A espectroscopia de infravermelho pode ser dividida em três regiões distintas:
IR próximo (NIR): 4000 a 12820 cm-1
IR médio (MIR): 200 a 4000 cm-1
IR longínquo (FIR): 10 a 200 cm-1

Região Comprimento Número de Frequências (v) Uso


de onda (λ), μm onda (ṽ)cm-1 Hz
Próximo 0,78 a 2,5 12800 a 4000 3,8 x1014 a 1,2x1014 Som e vibrações

Médio 2,5 a 50 4000 a 200 (mais 1,2 x1014 a 6,0x1012 A maior parte dos estudos
usada entre 4000 a em IR está situada na região
670) do IR médio, uma vez que
nessa região localizam-se as
frequências vibracionais
fundamentais.

Distante 50 a 1000 200 a 10 6,0 x1012 a 3,0x1011 Vibrações da cadeia de


moléculas grandes

Fonte: HOLLER, SKOOG e CROUCH, 2009


Espectroscopia de infravermelho (IR)
Quando a matéria é exposta a uma radiação (por exemplo, luz infravermelha), a radiação pode ser
absorvida, transmitida, refletida, espalhada ou fotoluminescer.

Matter

Photoluminescence

Incident light beam Absorption Transmission

Reflection
Scattering

Fonte: Bruker Tutorial


Espectroscopia de infravermelho (IR)

Essa absorção excita as Uma molécula absorve


A espectroscopia de IR é baseada
moléculas, levando a apenas frequências
na absorção de luz infravermelha
vibração ou rotação das (energias) selecionadas
pela substância a ser medida.
ligações de radiação infravermelho

A absorção de radiação no infravermelho corresponde a alterações de energia na ordem de 8 a 40 kJ/mol.


A radiação nessa faixa de energia corresponde à faixa que engloba frequências vibracionais de estiramento e
dobramento das ligações.

São absorvidas radiações Energia absorvida,


no IR que equivalem às aumenta a amplitude dos
Processo de absorção
frequências vibracionais da movimentos vibracionais
molécula em questão. das ligações na molécula

Duas moléculas diferentes não deverão apresentar um mesmo comportamento (idêntico) de absorção no
infravermelho.

Fonte: UNIVERSITY OF COLORADO, 2002


Espectroscopia de infravermelho (IR)
O modelo oscilador harmônico é utilizado para descrever a absorção IR:
Se a molécula é estirada ∆𝑟 =
Se as molas são
As moléculas consistem de No equilíbrio, a 𝑥1 + 𝑥2 , assim uma força de
relaxadas, o sistema
massas (m1 e m2) distância entre as recuperação (F) é produzida,
vibrará na posição de
conectadas por uma mola. duas massas é ro. proporcional ao deslocamento (lei
equilíbrio.
de Hooke)

F = -K.y onde k é a constante de força restauradora e y a distância.


O sinal negativo significa que a força é o oposto do sentido do deslocamento (tende a restaurar a força original)

Modelo mecânico de vibração de uma molécula diatômica Três picos de absorção para diferentes constante de força.

Fonte: Bruker Tutorial


Espectroscopia de infravermelho (IR)
Nem todas as ligações em uma molécula são capazes de absorver energia no IR, mesmo que a
frequência da radiação seja exatamente igual à do movimento vibracional.

Apenas ligações que apresentam variação nas distâncias ou ângulo de ligação produzindo variações no seu
momento dipolo durante o movimento rotacional ou vibracional, são capazes de absorver radiação no IR.

Apenas nessas circunstâncias o campo elétrico alternado da radiação pode


interagir com a molécula e causar variações na amplitude de seus movimentos.

Ligações simétricas como as do H2 , Cl2, O2 não absorvem radiação, pois as vibrações não são acompanhadas de
mudanças no momento dipolo.

Exemplos de moléculas monoatômicas (molécula com o mesmo tipo de átomo)


Exceção: C-C

Fonte: Bruker Tutorial; UNIVERSITY OF COLORADO, 2002


Transformada de Fourier (FT)
Desde o desenvolvimento do primeiro espectrômetro no início do século 20, verifica-se
mudanças em termos de tecnologia.

1ª. Geração de Prisma como elemento


Tipo dispersivos
espectrômetro dispersivo

Advento dos espectrômetros


Com um interferômetro
1960 que utilizam transformada de
Michelson
Fourier

Instrumentos interferométricos fornecem sinal com melhor resolução, permitindo a análise


quantitativa, que antes era apenas qualitativa

Fonte: PAVIA, 215


Espectroscopia de infravermelho (IR)
A luz infravermelha é A luz é direcionada ao A luz passa através do O sinal medido pelo
emitida por um fonte interferômetro, que compartimento da amostra (e detector é chamado
(SiC) modula a luz. também pela amostra) de interferograma.

Layout geral do FTIR


Fonte: Bruker Tutorial
Espectroscopia de infravermelho (IR)

Fonte: Bruker Tutorial


Interferômetro Michelson
O interferômetro é o coração do espectrômetro Quando percorre a distância L, a
de FTIR. A luz colimada da fonte de IR luz refletida bate no espelho fixo
Espelho fixo colide com o separador de feixe, 1, onde é então refletida e bate
M1 que transmite 50% da luz e no separador de feixe,
reflete a outra parte percorrendo um comprimento de
Espelho móvel 2L.
M2
L
x Fonte
A parte transmitida do feixe é
A luz retorna dos dois espelhos e
direcionada ao espelho móvel
é recombinada no separador de
L + x (M2). Como o espelho move-se a
feixe, havendo uma diferença no
uma distância ∆x, o caminho total
caminho percorrido de 2∆x.
será 2(L+∆x).

x=0 Separador de feixe

O feixe combinado passa pela


amostra, sendo que a amostra
O feixe combinado contendo
absorve de forma simultânea
esses padrões de interferência dá
todos os comprimentos de ondas
Detector origem ao interferograma
(frequências) normalmente
encontrado em seu espectro IR.
Interferômetro Michelson

Fonte: Bruker Tutorial; UNIVERSITY OF COLORADO, 2002


Transformada de Fourier (FT)
Interferograma: é um sinal complexo, cujo padrão em forma de ondas contém todas as
frequências que formam o espectro infravermelho.

Uma operação matemática, conhecida como transformada de Fourier (FT)


É essencialmente um gráfico de
pode separar as frequências e, absorções individuais contidas no
intensidade versus tempo
interferograma.

O processo matemático de transformada de Fourier deve ser realizado para extrair as frequências individuais que
foram absorvidas e desenhar o gráfico que reconhecemos como um típico espectro de infravermelho.

Fonte: UNIVERSITY OF COLORADO, 2002


Espectro de transmissão
Transformada
Para calcular o espectro de transmissão, deve-se: de Fourier

0.10 0.20 0.30 0.40


Intensidade do sinal
Sinal detectado
• Medir um interferograma sem amostra no caminho
ótico do IR. Esse resultado servirá de referência
(single-channel reference spectrum R()).
Retardo ótico 4,000 3,500 3,000 2,500 2,000 1,500 1,000 500
Número de onda, cm-1

0.10 0.20 0.30 0.40


Intensidade do sinal
• Um segundo interferograma é medido com a

Sinal detectado
amostra no caminho ótico (single-channel sample
spectrum S())
Retardo ótico 4,000 3,500 3,000 2,500 2,000 1,500 1,000 500
Número de onda, cm-1

Divisão

100
• O espectro final de transmissão T() é obtido pela 0.10 0.20 0.30 0.40

Transmitância [%]
80
Intensidade do sinal

divisão do espectro da amostra pelo espectro da

60
referência:

40 20
T() = S()/R() 4,000 3,500 3,000 2,500 2,000 1,500 1,000 500 4,000 3,500 3,000 2,500 2,000 1,500 1,000 500
Número de onda, cm-1
Número de onda, cm-1

Fonte: Bruker Tutorial


Modo Transmissão
Na técnica clássica de Infravermelho, a amostra é colocada no caminho do feixe de luz no
espectrômetro.
A luz Infravermelha é transmitida pela amostra, e é analisada em relação a luz incidente.

Se o objetivo é avaliação quantitativa, o espectro é calculado em


absorbância definida pela Lei de Lambert-Beer

A =  . d. c= -log (I/Io)

A: Absorção máxima em um dado comprimento de onda.


: Coeficiente de absorção molar (absorção a um dado comprimento de onda)
d: Caminho percorrido pelo feixe
c: Concentração da amostra
Io: Intensidade da radiação incidente
I: Intensidade transmitida
A intensidade de uma banda no espectro de absorção é diretamente
proporcional a concentração da substância na amostra.
Modo Transmissão
O modo de transmissão é o modo mais utilizado pois é a configuração básica da maioria
dos espectrômetros de IR, permitindo a obtenção de espectros com alta resolução.

Este método exige uma espessura de amostra apropriada (até 20 μm), para evitar a saturação de bandas ou
surgimento de bandas de intensidade muito fraca.

Fatores a ser considerados na


preparação da amostra:
• concentração,
• espessura,
• homogeneidade,
• tamanho das partículas

Exemplo de equipamento de FTIR e acessório para acoplar a amostra

Fonte: Bruker Tutorial


Modo de Transmissão - Preparação das amostras
As amostras poliméricas para análise de FTIR podem ser preparados por diferentes métodos:

1) Sem preparação de Filmes finos (<20) μm podem ser utilizados para obtenção dos espectros de IR
amostras (ex. Filmes)

2) Dissolver a amostra Deve-se selecionar o solvente apropriado para cada tipo de polímero. Após a dissolução, deposita-se a
em um solvente amostra em uma placa e faz-se a evaporação do solvente.

3) Prensagem a quente O polímero é aquecido sob compressão a uma temperatura acima da qual ele flui.

Moer a amostra em pó (<2μm) usando almofariz e bastão de ágata e preparar uma suspensão em óleo
4) Suspensão em Nujol mineral (Nujol) (1 a 2 gotas de óleo)
O Nujol apresenta bandas de absorção na região acima de 1400 cm-1, por isso recomenda-se para estudos
de absorção abaixo desse valor.
5) Compactação da Para amostras sólidas triturar a amostra em partículas finas e compactar o pó para obter uma pastilha fina
amostra e uniforme

6) Pastilha com KBr. Moer a amostra em pó usando almofariz de ágata e misturar com pó transparente ao IR (KBr, etc),
compactar para obter uma pastilha fina (concentração de polímero 1%).
KBr é higroscópico e absorve água, por isso convém mantê-lo seco em ambiente livre de umidade

7) Colocar a amostra A amostra (normalmente líquida) é colocada entre duas placas (NaCl, KBr etc.), a amostra é pressionada e
entre suportes forma-se um filme.

Fonte: Canevarolo, 2004; Bruker Tutorial


Refletância Total Atenuada (ATR)
ATR é uma técnica de IR por reflexão em que o feixe IR é direcionado através de um elemento de
reflexão interno (IRE) com um alto índice de refração.

O elemento principal do acessório de ATR é o cristal que deve:


• Ser transparente à radiação.
• Apresentar alto índice de refração na faixa do IR.

Esquema ótico de um acessório ATR típico

Fonte: Canevarolo, 2004


Refletância Total Atenuada (ATR)
Amostra

Cristal ATR
Detector IR fonte

O feixe ao atingir a superfície do cristal em contato


A onda sofre o fenômeno de
O feixe de IR incidente no cristal a com a amostra, penetra a uma pequena
reflexão total, devido alto índice
um dado ângulo, atinge a profundidade na superfície da amostra. Caso a
de refração do cristal em relação
superfície da amostra amostra absorva parte da radiação, esta fração será
ao meio (amostra ou ar)
detectada.

A onda que penetra na amostra e O feixe propaga-se ao longo do


sofre atenuação é denominada cristal até sair na extremidade
onda evanescente. oposta

Fonte: Canevarolo, 2004; Bruker Tutorial


Refletância Total Atenuada (ATR)
Define-se como a profundidade de penetração (dp) a extensão de penetração da onda na amostra.

1 Amostra
dp 
2 nc (sen 2  nsc2 ) n2
Índice de refração
n1 > n2
Onde:
n1 
 : número de ondas
Ƞc : índice de refração do cristal
Ɵ: ângulo de incidência Cristal ATR
Ƞsc: razão entre o índice de refração da amostra e do cristal

O valor de dp típico é aproximadamente 0,1 a 5 μm, porém dependerá dos fatores acima.

A amostra deve ter um índice de refração mais baixo que o IRE para alcançar a reflexão interna total.

Fonte: Canevarolo, 2004; Bruker Tutorial


Refletância Total Atenuada (ATR)
Amostra:
Essa técnica é muito prática, rápida, não destrói a amostra e dispensa preparação prévia;
Amostra pode estar na forma de:

Filmes/placas Líquido Pó Dado o fenômeno, o contato físico entre


a amostra e o cristal é de fundamental
importância.

Pastilhas Pastas

Para filmes, deve ser utilizado um dispositivo que permita aplicar


pressão sobre a amostra, a fim de melhorar o contato físico, e assim, a
qualidade do espectro.

Fonte: Canevarolo, 2004; Bruker Tutorial


Refletância Total Atenuada (ATR)
Cristal: depende da faixa do espectro, índice de refração e dureza.

Material Spectral range Refraction index Hardness***

ZnSe 20,000 - 500 cm-1 n = 2.4 130

ZnS 50,000 - 770 cm-1 n = 2.3 250

Ge 5,000 - 550 cm-1 n = 4.0 780

Si 8,333 - 33 cm-1 n = 3.4 1,150

Diamond 50,000 - 2,500 cm-1 n = 2.4 9,000


1,600 - 0 cm-1
KRS-5* 17,000 - 250 cm-1 n = 2.4 40

AMTIR** 11,000 - 725 cm-1 n = 2.5 170

*: KRS-5: TlI/TlBr
**: AMTIR: Ge33As12Se55 glass

Deve apresentar uma superfície limpa e sem ranhuras.

Fonte: Bruker Tutorial


Comparando espectros de ATR e transmissão
A técnica de ATR é um método sensível à superfície, devido a sua baixa profundidade de
penetração (faixa de micrometros)
3 espectros de um filme:
Film in transmission
0.5

- Lado superior (ATR)


Film bottom side - ATR
- Lado inferior (ATR)
Film top side - ATR
0.4

- Transmissão

• Camada do lado superior e inferior


0.3
Absorbância

apresentam composição diferentes.


• Espectro de Transmissão apresenta as
0.2

bandas relacionadas às três camadas.


0.1

ATR - Habilidade de analisar apenas a


superfície

4,000 3,500 3,000 2,500 2,000 1,500 1,000 500


Número de Onda (cm-1)

Fonte: Bruker Tutorial


Interpretação dos espectros
Um espectro de infravermelho é uma representação gráfica de intensidade e posições relativas de todas
as absorções, bandas ou picos, na região do infravermelho.

Plástico bolha (PE)


Não existem regras rígidas para a interpretação dos
1,0
espectros de infravermelho.
0,9
Transmitância (%)

0,8 Como o tratamento rigoroso das vibrações é pouco prático,


0,7 costuma-se também comparar os espectros obtidos com

0,6
outros espectros.

0,5

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000


Características a serem avaliadas:
Número de onda (cm-1) • Posição característica da banda
• Forma
Gráfico de intensidade de absorbância/transmitância
versus número de onda • Intensidade

Fonte: PAVIA et al., 2015


Interpretação dos espectros
As absorções de cada tipo de ligação (N-H; C-H; O-H; C-X; C=O; C-O; C-C; C=C, C≡C; C≡N, são em geral
encontradas em apenas em certas regiões (faixa de absorção) do IR.

Regiões aproximadas em que vários tipos comuns de ligações absorvem (apenas vibrações de
estiramento)

Fonte: PAVIA et al., 2015


Interpretação dos espectros
A absorção N-H normalmente tem uma ou duas bandas de absorção finas de menor
intensidade, enquanto O-H geram picos de absorção largos.

Bandas largas: resultantes de excitação simultânea de vibrações e rotações.

Fonte: PAVIA et al., 2015


Modos de vibração
Existem um grande número de vibrações possíveis. As mais comuns são:
• Deformação axial (stretching) ou estiramentos: variações contínua na distância interatômica ao longo de um eixo
Estiramento simétrico Estiramento assimétrico

• Deformação angular (bending) ou Dobramento: variações no ângulo entre duas ligações


Angular simétrica no plano (tesoura) Angular assimétrica no plano (balanço)

Angular simétrica fora do plano (torção) Angular assimétrica fora do plano (abano)
Modos de vibração
• Vibrações de estiramento assimétrico ocorrem em frequência mais altas (maior n° de onda) do que vibrações de
estiramento simétrico.
• Vibrações de estiramento ocorrem em frequência maiores do que dobramento (devido ao menor valor de constante
de força).
estiramento assimétrico estiramento simétrico Dobramento

Aumento do número de onda

(tesoura) (abano)

(balanço) (torção)

Fonte: PAVIA et al., 2015


Interpretação dos espectros

Fonte: PAVIA et al., 2015


Interpretação dos espectros
Grupos funcionais presentes:
Polipropileno (PP) C-C
C-H
1,00
C-H3
1250
0,95 Bandas
813
994 2953 cm-1 : C-H Estiramento assimétrico
Trasmitância (%)

1166
0,90 968 842 2926 cm-1; C-H Estiramento assimétrico
2856 cm-1; C-H Estiramento simétrico
0,85 1450 cm-1; C-H Dobramento no plano
2856
1250 cm-1: C-H Dobramento fora do plano
1450
0,80 1376 cm-1; C-H3 Dobramento
1166 cm-1; C-O ou C-C
0,75 2953 994 cm-1; CH dobramento no plano (balanço)
1376
968 cm-1; CH3 dobramento no plano (balanço),
0,70
2926 C-C estiramento
842 cm-1; CH2 dobramento no plano
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000

Número de Onda (cm-1)


Interpretação dos espectros
Em geral, ligações tripas são mais fortes do que duplas ou simples (entre os mesmos átomos) e têm frequências de
vibrações mais altas

O estiramento C-H ocorre em aproximadamente 3000 cm-1. Com o aumento da massa do átomo ligado ao carbono, a
frequência diminui.

A hibridização também afeta a constante de força, sendo que ligações mais fortes sp >sp2>sp3 , apresentam maiores
frequências de vibrações.

3100 cm-1
Fonte: PAVIA et al., 2015
Tabela de correlação simplificada

Intensidade:
s - forte
m – média
w- fraca

Tabelas de correlação servem apenas como guias, deve-


se tomar cuidado quanto a sobreposição de grupos e as
variações em função do estado físico da amostra (se
está em pastilha, solução, etc)

Fonte: PAVIA et al., 2015


Aplicação do IR para caracterização de polímeros
Ao analisar um espectro de um polímero:

1) Busque a estrutura química do mesmo.

2) Identifique os grupos funcionais presentes.

3) Determine no espectro a presença/ausência dos principais grupos funcionais do polímero.

4) Os picos de C=O, O-H, N-H, C=C, CΞC, C ΞN e NO2, são mais evidentes.

5) Busque na literatura espectros do mesmo compostos para comparação.

6) Avalie pequenas variações no aspecto, posição e distribuição das bandas, especialmente na região
entre 1200 a 600 cm-1 (impressão digital), pois pequenas mudanças na estrutura podem causar
alterações nessa região.
Aplicação do IR para caracterização de polímeros
Aplicação do IR para caracterização de polímeros
Bandas de vibração mais comuns encontradas em polímeros

Fonte: CAMPBELL; PETHRICK and WHITE, 2000


Aplicação do IR para caracterização de polímeros
O IR pode ser utilizado para análise quali e quantitativa, bem como análise da composição
química de polímeros:

- Grupos funcionais das cadeias


- Analisar distinções em polímeros resultantes de ramificações das cadeias
- Mecanismos de reação, como vulcanização, polimerização e degradação
- Transformações químicas como oxidação e hidrólise
- Avaliar polimorfismo
- Avaliar a presença de água
- Avaliar o revestimento/modificação superficial
- Avaliar a presença de solvente residual
- Interação química em compósitos poliméricos e blendas
Avaliação de ramificação em polímeros

Monômero de etileno e
molécula de PE

PEAD PEBD

Tipo de cadeia Linear Ramificada


Densidade (g.cm3) 0,95 - 0,96 0,92 – 0,93
Tm (°C) 135 110
Tg (°C) -90 -110
Cristalinidade (%) 85 -95 40-60
Polimerização polimerização iônica com catalisadores via polimerização de
organometálicos como os Ziegler-Natta radical livre
ou catalisadores metalocenicos

Fonte: BHAT, 2016


37
Avaliação de ramificação em polímeros
Em geral, a quantidade de ramificação pode ser inferida através de quantidade de grupos metila (CH3)
na cadeia (banda observada em 1378 cm-1).
PEBD
Quanto maior for a quantidade de
CH3, maior será o número de
ramificações.

A quantificação de ramificações
requer prévia calibração e
deconvolução dos sinais
sobrepostos.
PEAD

Fonte: KOENING, 1999


Avaliação de ramificação em polímeros

Polietileno de alta densidade


(PEAD ou HDPE)-
ausência da banda em 1378 cm-1.

Fonte: GULMINE et al., 2001


Transformações químicas em polímeros - Oxidação
A natureza química da estrutura de um polímero pode mudar em decorrência de oxidação, redução,
hidrólise, etc.

Durante a oxidação, grupos polares como acetona, ácidos carboxílicos e éster são criados na superfície de
um polímero.

OH

Grupo éster- COO

C=O

Espectro de FTIR do (a) polipropileno (PP) puro e (b) PP oxidado

Fonte: Nafchi et al., 2015


Cura em polímeros termofixos
O grau de conversão da cura de um termofixo pode ser estudados por FTIR.

Grau de conversão da epóxi αIR:

Onde:
A915,0 e A 1182,0 as áreas do pico da epóxi para resina não curada
A915,t e A 1182,t as áreas do pico da epóxi parcialmente curada após certo
período de tempo.
Espectros da (a) resina epóxi curada e (b) epóxi após 3 dias

Bandas em 915 e 1182 cm-1 são atribuídas as vibrações dos grupos C–O do
anel da DGEBA

Estrutura química da resina epóxi éter diglicidílico do bisfenol A (DGEBA)


Extensão do grau de conversão após 120 horas

Fonte: Nikolic et al., 2010


Cura em polímeros termofixos
Esta análise é importante para detectar os grupos funcionais do PU e avaliar as diferenças entre os
grupos funcionais em função do tempo e com várias razões [NCO/OH].

Redução do pico atribuído N=C=O livre


em 2270 cm-1, com o aumento do tempo.

IR espectro do PU em 1 minuto (azul), 15 minutos (verde) e 30 minutos (lilás)

Fonte: Badri et al., 2010


Avaliar a presença de água em um polímero

Espectro de FTIR da PA 6,6 pura, PA6,6/CoCl2·6H2O com 50% de água e PA 6,6 hidratada

Fonte: You et a., 2017


Análise de diferentes fases cristalinas de um polímero
Alguns polímeros apresentam polimorfismo, isto é, diferentes fases cristalinas, que podem ser
identificadas a partir do FTIR.
PVDF
Exemplo: poli (fluoreto de vinilideno) (PVDF)

770- 603-

Transmitância (u.a.)
Representação esquemática mostrando a estrutura cristalina
1402
do PVDF com (a) fase α apolar e (b) fase β polar. C-F
1073-
1232-

837-

1172
C-C
876
C-F

1700 1600 1500 1400 1300 1200 1100 1000 900 800 700 600
-1
´
Numero de Onda (cm )

Fase α: estrutura conformacional do tipo trans-cis-trans-cis (TCTC) cis, os substituintes estão no mesmo lado da dupla ligação;
trans, os substituintes estão no lado oposto da dupla ligação
Fase β: tem uma conformação tipo zig-zag planar trans (TTTT)

Fonte: Merlini, 2014


Avaliar a presença de solvente residual
Polímeros processados via solução, podem apresentar a presença de solvente residual

Filme de PVDF obtidos via solução/eletrofiação –


Análise da Presença de solvente residual
Estrutura do DMF
PVDF com solvente residual
1673
Transmitância (u.a.)

PVDF

Verifica-se a presença de uma banda


C=O em 1673 cm-1, característica do
solvente DMF, indicando que há
presença de solvente.
975-

795-

614-
1402

765-
1073-

876
837-
1274-
1232-
1172

2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600


-1
´
Numero de Onda (cm )

Fonte: Merlini, 2014


Avaliar o revestimento/modificação superficial

1,6

(a)

1,5
788
Transmitance (a.u.)

1,4
1050
965
1290
1,3 1458
1158
(b) 1030
1540 780
1290
1454
1,2
(c) 1540 1156 908
780

1028
1,1
1800 1600 1400 1200 1000 800 600
-1
Wavenumber (cm )

Espectro de FTIR (a) fibra de silica (FSA), (b) polipirrol puro


( PPy) and (c) Fibra de silica revestida com PPy

Espectro da Fibra de silica revestida com PPy com bandas sobrepostas de ambos os componentes,
especialmente aquelas relacionadas ao PPy, indicando o efetivo revestimento.

Fonte: Merlini et al., 2012


Interação química em um compósito polimérico
A interação química pode ser avaliada pelo deslocamento de bandas características

H H
PPy N N
965 N+ N
H n
1290 H
1455 1088
1158 876
Transmitância (u.a.)

1540 1030
780 H F
C C
n
H F

PVDF/PPy Interação entre os grupos funcionais –C–F do


PVDF e –N–H do PPy.

Bandas de absorção em 1540 cm-1 e 1455 cm-1


que estão relacionadas ao estiramento vibracional
dos grupos C–C e C–N do anel de pirrol.

1800 1600 1400 1200 1000 800 600 Essas bandas são deslocadas para menores
´
Numero de Onda (cm )
-1
números de ondas, indicando que interação entre
os grupos amina (–NH) do polipirrol com grupos
Espectros de FTIR do (a) PPy e membranas de PVDF/PPy do C-F do PVDF

Utilizar outras técnicas/análises para confirmar a


interação química.

Fonte: Merlini, 2015


Deconvolução
O propósito da deconvolução é aumentar a É usada em uma faixa espectral estreita, onde
resolução espectral. há ocorrência de bandas sobrepostas.

O processo de deconvolução decompõe a banda larga e sobreposta em um conjunto de bandas


individuais, considerando o número de ondas, largura, altura, posição e forma das bandas individuais.

C=O ligada
Absorbância (u.a.)

Deconvolução da bandas de deformação


de C=O do poliuretano:
C=O livre
carbonila livre e ligada

1800 1780 1760 1740 1720 1700 1680 1660 1640


-1
Número de onda (cm )

Fonte: Vargas, 2016


Interação química em um compósito polimérico
Deconvolução - Avaliar se há interação entre a matriz polimérica e a carga em um compósito

Deconvolução da bandas de deformação de C=O do poliuretano e compósito de poliuretano com


montmorilonita/Polipirrol:

PU 95%PU/5%MMT-PPy
• Aumento da razão entre as áreas

C=O ligada
das bandas dos compósitos e
blendas,
Absorbância (u.a.)

Absorbância (u.a.)

C=O livre
• Interação entre os grupos NH e C=O
presentes nos aditivos condutores
e na matriz polimérica,
respectivamente.
1800 1780 1760 1740 1720 1700 1680 1660 1640 1800 1780 1760 1740 1720 1700 1680 1660 1640 1620
-1 -1
Número de onda (cm ) Número de onda (cm )

Amostra C=O livre (P1) (cm-1) C=O Ligada P2 Área C=O livre Área C=O ligada IA2/A1
(cm-1) (A1) (A2)
PU puro 1740 1711 78,64 21,36 0,27
PU/MMt.PPy.DBSA 5% 1740 1711 74,17 25,83 0,35

Fonte: Vargas, 2016


Análise de blendas
O FTIR pode ser utilizado para a analisar natureza e estabelecer o nível de interação molecular de
blendas.

Do ponto de vista do infravermelho, a compatibilidade de uma blenda pode ser avaliada em termos
da presença de uma interação detectável, quando o espectro da blenda é comparado ao espectro dos
dois homopolímeros.

observa-se deslocamento da frequência de


compatíveis bandas específicas e modificações na
intensidade
Blendas
o espectro da blenda é a simples soma dos
imiscíveis
espectros dos homopolímeros puros.

Fonte: KOENING, 1999


Análise de blendas
Infravermelho pode ser utilizado para investigar interações específicas entre dois polímeros – interações
de hidrogênio
1730 cm-1 1705 cm-1
C=O livre C=O ligada ao

Essas bandas podem ser decompostas em dois picos Gaussianos,


com áreas correspondentes à carbonila livre (1730 cm-1) e ligada
(1705 cm-1);

Conforme aumenta-se a fração de PEO, reduz a fração de grupos


C=O ligados, uma vez que os grupo C=O do PMMA compete com
o C-O do PEO para formar ligações de H com o PVPh.

Fonte: KUO e CHANG, 2001


Referências
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