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A cerveja (do gaulês, através do latim servisia[1]) é uma bebida produzida a


partir da fermentação de cereais, principalmente a cevada maltada. Acredita-se
que tenha sido uma das primeiras bebidas alcoólicas que foram criadas
pelo ser humano.[2][3][4][5][6] Atualmente, é a terceira bebida mais popular
do mundo, logo depois da água e do café. É a bebida alcoólica mais consumida
no mundo atualmente.[7]
História
Ver também : Cerveja no mundo e História do consumo de bebidas
alcoólicas
Historicamente, a cerveja já era conhecida pelos
antigos sumérios, egípcios, mesopotâmios e iberos, remontando, pelo menos,
a 6 000 a.C.[8] A agricultura surgiu na Mesopotâmia em um período entre a
revolução do Neolítico e a Idade dos Metais. A mais antiga lei que regulamenta
a produção e a venda de cerveja é a Estela de Hamurabi, que data de 1 760
a.C. Nela, se condena à morte quem não respeita os critérios de produção de
cerveja indicados. Incluía várias leis de comercialização, fabricação
e consumo da cerveja, relacionando direitos e deveres dos clientes
das tabernas.[9] O Código de Hamurabi também estabelecia uma ração diária
de cerveja para o povo da Babilônia: 2 litros para os trabalhadores, 3 para os
funcionários públicos e 5 para os administradores e o sumo sacerdote. O
código também impunha punições severas para os taberneiros que tentassem
enganar os seus clientes.[10]

A Estela de Hamurabi, onde estão escritas as leis


mais antigas sobre a cerveja, no Museu do Louvre, em Paris
A notícia mais antiga que se tem da cerveja vem de 2 600 a 2 350 a.C. Desta
época, arqueólogos encontraram menção no Hino a Ninkasi, a deusa da
cerveja, de que os sumérios já produziam a bebida. Já na Babilônia dá-se
conta da existência de diferentes tipos de cerveja, originadas de diversas
combinações de plantas e aromas, e o uso de diferentes quantidades de mel.
Mesopotâmios estavam bebendo cerveja de vasos individuais há 3.500 anos. [11]
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Posteriormente, no antigo Egito, a cerveja, segundo o escritor grego Ateneu de


Náucrates (século III), teria sido inventada para ajudar a quem não tinha como
pagar o vinho. Inscrições em hieróglifos e obras artísticas testemunham o gosto
deste povo pelo henket ou zythum, apreciado por todas as camadas sociais.
Até um dos faraós, Ramessés III (r. 1184–1153 a.C.), passou a ser conhecido
como "faraó-cervejeiro" após doar, aos sacerdotes do Templo de Amon, 466
308 ânforas ou aproximadamente um milhão de litros de cerveja provenientes
de suas cervejarias.
Praticamente qualquer açúcar ou alimento que contenha amido pode,
naturalmente, sofrer fermentação alcoólica. Assim, bebidas semelhantes à
cerveja foram inventadas de forma independente em diversas sociedades em
redor do mundo. Na Mesopotâmia, a mais antiga evidência referente à cerveja
está numa tabua sumeriana com cerca de 6000 anos de idade na qual se veem
pessoas tomando uma bebida através de juncos de uma tigela comunitária. A
cerveja também é mencionada na Epopeia de Gilgamesh. Um poema
sumeriano de 3900 anos homenageando a deusa dos cervejeiros, Ninkasi,
contém a mais antiga receita que sobreviveu, descrevendo a produção de
cerveja de cevada utilizando pão.
A cerveja teve alguma importância na vida dos primeiros romanos, mas,
durante a República Romana, o vinho destronou a cerveja como a bebida
alcoólica preferida, passando esta a ser considerada uma bebida própria
de bárbaros. Tácito, em seus dias, escreveu depreciativamente acerca da
cerveja preparada pelos povos germânicos.
Na Idade Média, vários mosteiros fabricavam cerveja, empregando
diversas ervas para aromatizá-la,
como mírica, rosmarino, louro, sálvia, gengibre e o lúpulo, este utilizado até
hoje e introduzido no processo de fabricação da cerveja entre os anos 700 e
800. O uso de lúpulo para dar o gosto amargo da cerveja e para preservá-la é
atribuída aos monges do Mosteiro de San Gallo, na Suíça.[12] Houve um tempo
em que o papel da levedura na fermentação era desconhecido. Na Era
Viquingue, cada família tinha sua própria vara de cerveja que eles usavam para
agitar a bebida durante a produção. Estas varas de cerveja eram consideradas
herança de família, porque era o uso da vara que garantia que a cerveja daria
certo. Hoje em dia, sabe-se que estas varas continham uma cultura
bacteriana de levedura. A Reinheitsgebot ("Lei da Pureza da Cerveja" Alemã
de 1516) — definia os únicos materiais permitidos para fabricação de cerveja
como sendo malte, lúpulo e água. Com a descoberta do fermento e de sua
função no final da década de 1860 por Louis Pasteur, a lei teve que ser
alterada. [13]
A maior parte das cervejas, até tempos relativamente recentes, eram do tipo
que agora chamamos de Ales. As Lagers foram descobertas por acidente
no século XVI, quando a cerveja era estocada em frias cavernas por longos
períodos; desde então, elas ultrapassaram largamente as cervejas tipo ale em
volume. O lúpulo é cultivado na França desde o século IX. O mais antigo
escrito remanescente a registrar o uso do lúpulo na cerveja data de 1067
pela abadessa Hildegarda de Bingen: "Se alguém pretender fazer cerveja
da aveia, deve prepará-la com lúpulo." No século XV, na Inglaterra, a
fermentação sem lúpulo podia dar origem a uma bebida tipo ale — o uso do
lúpulo torná-la-ia uma cerveja. A cerveja com lúpulo era importada para a
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Inglaterra (a partir dos Países Baixos) desde cerca de 1400, em Winchester. O


lúpulo passou a ser cultivado na ilha a partir de 1428. A Companhia dos
Fabricantes de Cerveja de Londres foi longe a ponto de especificar que
"nenhum lúpulo, ervas, ou coisa semelhante será colocada dentro de
nenhuma ale ou bebida alcoólica enquanto a ale estiver sendo feita — mas
somente um licor (água), malte e uma levedura". Contudo, por volta do século
XVI, "ale" veio a referir-se a qualquer cerveja forte, e todas as ales e cervejas
continham lúpulo.
No idioma eslavo, a cerveja é chamada piwo (pronuncia-se "pivo"), do
verbo pić (pronuncia-se "pítch"), "beber". Por isso, piwo pode ser traduzido
como "bebida", o que demonstra a importância que lhe é concedida.
O Kalevala, poema épico finlandês coligido na forma escrita no século XIX mas
baseado em tradições orais seculares, contém mais linhas sobre a origem da
fabricação de cerveja do que sobre a origem do homem.
Em 2013, foi desenvolvido pela primeira vez sorvete[14] e ovo de páscoa[15] a
partir de cerveja.[16]
Etimologia
Existem vários pontos de vista:

• Segundo Joan Corominas,[17] cerveja vem do latim cervēsia, que, por


sua vez, toma a palavra do gaulês, uma língua celta. A raiz celta
parece ser um cognato do galês cwrw e do gaélico coirm.
• Duboë-Laurence Philippe e Christian Berger[18] sugerem que
o francês cervoise viria de cerevisia, acrescentando, em seguida,
que esta viria de Ceres, deusa romana da terra e dos cereais.
Esta etimologia pertence a um gênero de etimologia de fantasia. Em
todo caso, é amplamente aceito que "cereal" vem de cerealis, o que
significa "pertencente à deusa Ceres", normalmente representada
com espigas de trigo na mão.
Em todo caso, a raiz comum é facilmente perceptível em suas formas em
português "cerveja", em espanhol cerveza, em catalão cervesa e
em galego cervexa. Em outros idiomas europeus, são usados derivados da
mesma raiz germânica, como a palavra alemã bier, o inglês beer, o
francês bière e o italiano birra. Em inglês, também usa-se a palavra ale,
equivalente a öl, a palavra escandinava para a bebida.
Ingredientes
Os ingredientes básicos da cerveja são: água; uma fonte de amido, tais
como malte de cevada, capaz de ser sacarificado (convertidos em açúcares),
então fermentados (convertido em álcool e dióxido de carbono);
uma levedura de cerveja para produzir a fermentação, e o lúpulo.[19] Uma
mistura de fontes de amido pode ser usada, com uma fonte secundária de
amido, como o milho ou arroz, sendo muitas vezes denominado um adjunto,
especialmente quando utilizado quando o objetivo é obter uma cerveja mais
leve e refrescante. Já a adjunção de outros cereais não malteados como
a aveia e o centeio confere um caráter mais encorpado à cerveja.[20] Fontes de
amido menos utilizadas incluem milheto, sorgo, raiz
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de mandioca na África, tubérculo de batata no Brasil e agave no México, entre


outros. .[21]
Água
As regiões têm água com componentes minerais diferentes. Como resultado,
diferentes regiões foram inicialmente mais adequadas para se fazer certos
tipos de cerveja, dando-lhes um caráter regional. Por exemplo, Dublin tem água
dura adequada para se fazer stouts como a Guinness, enquanto que Plzeň tem
água macia adequada para se fazer uma Bohemian Pilsner como a Pilsner
Urquell. [22] As águas de Burton, na Inglaterra, contêm gipsita, que beneficia a
fabricação de pale ales, a tal ponto que as cervejeiras que produzem Pale
Ales acrescentam gesso na água em um processo conhecido
como burtonização.[23]
Malte de cevada
Ver artigo principal: Malte

Malte: principal ingrediente da cerveja


A fonte de amido em uma cerveja fornece o material fermentável e é um fator
determinante no sabor da cerveja. A fonte de amido mais comum usada na
cerveja é a cevada maltada. A cevada é maltada por imersão em água,
permitindo que ele comece a germinação e em seguida seca-se o grão
parcialmente germinado em um forno.
O grão maltado produz enzimas que convertem o amido nos grãos em
açúcares fermentáveis,[24] diferentes tempos e temperaturas são utilizados para
produzir cores diferentes de malte a partir do mesmo grão. Maltes escuros
produzirão cervejas mais escuras.[25]
Durante a preparação da cerveja, o malte é moído, remove-se
o epicarpo (casca), e o grão é dividido em pedaços. Estas cascas permanecem
com o grão durante a brassagem e atuam como um filtro natural durante a
lavagem dos grãos, quando o mosto é separado do material insolúvel do grão.
Outros grãos maltados e não maltados (incluindo o milho, arroz, trigo, aveia,
e centeio, e menos frequentemente, sorgo) podem ser utilizados. Nos últimos
anos, alguns poucos fabricantes têm produzido cerveja sem glúten, feita com
sorgo e sem malte de cevada, para aqueles que não podem consumir glúten
provenientes de grãos como trigo, centeio, cevada e etc.[26]

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