Metrologia
Metrologia
Metrologia
Industrial
Fundamentos da Confirmao Metrolgica
5
a
Edio
Marco Antnio Ribeiro
Metrologia
Industrial
Fundamentos da Confirmao Metrolgica
5
a
Edio
Marco Antnio Ribeiro
Quem pensa claramente e domina a fundo aquilo de que fala, exprime-se claramente e
de modo compreensvel. Quem se exprime de modo obscuro e pretensioso mostra logo que
no entende muito bem o assunto em questo ou ento, que tem razo para evitar falar
claramente (Rosa Luxemburg)
1993, 1994 e 1995, 1996 e 1999, Tek Treinamento & Consultoria Ltda
Salvador, Inverno 1999
Prefcio
No use adjetivos, use nmeros!
A maioria das pessoas ainda pensa que Metrologia se refere apenas Dimenso e Comprimento e trata de
paqumetros, micrmetros, clibres e similares. Este preconceito deve ser eliminado, pois Metrologia a Cincia
da Medio e se refere medio de qualquer grandeza fsica. A importncia da Metrologia evidente, pois ela
uma ferramenta absolutamente essencial para a garantia da qualidade de qualquer produto ou servio de
engenharia.
O presente trabalho foi escrito como suporte de um curso ministrado a engenheiros e tcnicos ligados, de
algum modo, medio de alguma grandeza fsica. Ele enfoca os aspectos tcnicos, fsicos e matemticos da
medio da grandeza fsica.
Inicialmente, apresentado o Sistema Internacional de Unidades (SI), com sua histria, caractersticas e
as regras para a escrita correta de nomes, smbolos, prefixos e mltiplos das unidades das grandezas fsicas.
Os Algarismos Significativos so conceituados e tratados, para que sejam usados e entendidos corretamente.
So vistos os conceitos bsicos da Estatstica da Medio para tratar corretamente os erros aleatrios,
conceituando mdias, desvios, distribuies e intervalos de confiana da medio.
As Quantidades Medidas so definidas e classificadas sob diferentes enfoques e so apresentados os
conceitos, unidades, formas e padres das sete quantidades de base, das duas suplementares e das principais
derivadas, nas reas da fsica, qumica, eletrnica e instrumentao.
A seguir so vistas os Instrumentos de Medio, onde so apresentados os diferentes mtodos de
medio, as aplicaes da medio na indstria e os diferentes tipos de instrumentos usados nas medies. O
desempenho do instrumento analisado e so apresentadas as especificaes tpicas e os parmetros da
preciso e da exatido. Os erros aleatrios, sistemticos e grosseiros da medio so conceituados e
apresentados os meios para eliminar, diminuir ou administrar tais erros, considerando sua fonte de origem.
Finalmente, analisada a Confirmao Metrolgica da medio, onde so definidos os conceitos de
calibrao e ajuste, os diferentes tipos de padres, as abrangncias das normas e a situao dos laboratrios
nacionais (INMETRO) e internacionais.
So apresentados como Apndices: o Vocabulrio de Metrologia (A), o exemplo tpico de um
procedimento para Calibrao de Malhas de Instrumentos de Processo (B), comentrios sobre as Normas
ISO 9000 (C) e a relao dos Laboratrios da Rede Brasileira de Calibrao (D) publicada em MAI 97, pela
CQ Qualidade, Editora Banas.
O autor ficar mais feliz, se ao fim da leitura do presente trabalho, as pessoas passarem a usar mais
nmeros que adjetivos.
O trabalho est continuamente sendo revisto, quando so melhorados os desenhos, editadas figuras
melhores, atribudos os crditos a todas as fotografias usadas.
Sugestes e crticas destrutivas so benvidas, no endereo do autor: Rua Carmen Miranda 52, A 903, CEP
41820-230, Fone (0xx71) 452-3195 e Fax (0xx71) 452-3058, Mvel(071) 9989-9531 e no e-mail:
[email protected]
Marco Antnio Ribeiro
Salvador, BA, Inverno de 1999
Autor
Marco Antnio Ribeiro nasceu em Arax, MG, no dia 27 de maio de 1943, s 7:00 horas A.M..
Formou-se pelo Instituto Tecnolgico de Aeronutica (ITA), em Engenharia Eletrnica, em 1969.
Foi professor de Matemtica, no Instituto de Matemtica da Universidade Federal da Bahia (UFBA)
(1974-1975), professor de Eletrnica na Escola Politcnica da UFBA (1976-1977), professor de
Instrumentao e Controle de Processo no Centro de Educao Tecnolgica da Bahia (CENTEC)
(1978-1985) e professor convidado de Instrumentao e Controle de Processo nos cursos da
Petrobrs (desde 1978).
Foi gerente regional Norte Nordeste da Foxboro (1973-1986). J fez vrios cursos de
especializao em instrumentao e controle na Foxboro Co., em Foxboro, MA, Houston
(TX) e na Foxboro Argentina, Buenos Aires.
Possui dezenas de artigos publicados em revistas nacionais e anais de congressos e seminrios;
ganhador do 2
o
prmio Bristol-Babcock, no Congresso do IBP, Salvador, BA, 1979.
Desde agosto de 1987 diretor da Tek Treinamento & Consultoria Ltda, firma dedicada
instrumentao, controle de processo, medio de vazo, aplicao de instrumentos eltricos em
reas classificadas, Implantao de normas ISO 9000 e integrao de sistemas digitais.
Suas caractersticas metrolgicas so:
altura: (1,70 01) m;
peso correspondente massa de (70 2) kg;
cor dos olhos: castanhos (cor subjetiva, no do arco ris)., cor dos cabelos (sobreviventes):
originalmente negros, se tornando brancos;
tamanho do p: 40 (aplicvel no Brasil, adimensional).
Gosta de xadrez, corrida, fotografia, msica de Beethoven, leitura, trabalho, curtir os filhos e a vida.
Corre, todos os dias, cerca de (10 2) km e joga xadrez relmpago todos os fins de semana.
provavelmente o melhor jogador de xadrez entre os corredores e o melhor corredor entre os jogadores
de xadrez (o que no nenhuma vantagem e nem interessa Metrologia).
Bblia e Metrologia
Levtico, 19
35: No faais nada contra a equidade, nem no juzo, nem na regra, nem no
peso, nem na medida.
36: Seja justa a balana e justos os pesos; seja justo o alqueire e justa a medida
Deuteronmio, 25, Pesos e medidas justas
13. No ters na tua bolsa pesos diferentes, um grande e outro pequeno.
14. No ters na tua casa duas efas, uma grande e outra pequena.
15. Ters peso inteiro e justo, ters efa inteira e justa; para que se prolonguem os
teus dias na terra que o Senhor teu Deus te d.
16. Porque abominvel ao Senhor teu Deus todo aquele que faz tais coisas, todo
aquele que prtica a injustia.
Ezequiel, 45
10. Tereis balanas justas, efa justa e bato justo.
11. A efa e o bato sero duma mesma medida, de maneira que o bato contenha a
dcima parte do hmer e a efa a dcima parte do hmer; o hmer ser a medida
padro.
Ams, 8,
5. Quando passar a lua nova, para vendermos o gro? E o sabado, para expormos
o trigo, diminuindo a medida, e aumentando o preo, e procedendo dolsamente com
balanas enganadoras...
Miqueias, 6,
11. Justificarei ao que tem balanas falsas e uma bolsa cheia de pesos enganosos?
i
Contedo
1. Sistema Internacional (SI)
Objetivos de Ensino 1
1. Sistema de Unidades 1
1.1. Unidades 1
1.2. Histria 1
1.3. Sistema Internacional (SI) 3
1.4. Poltica IEEE e SI 4
2. Mltiplos e Submltiplos 6
Prefixo 6
Smbolo 6
Fator de 10
6
3. Estilo e Escrita do SI 6
3.1. Introduo 6
3.2. Maisculas ou Minsculas 7
3.3. Pontuao 8
3.4. Plural 9
3.5. Agrupamento dos Dgitos 9
3.6. Espaamentos 10
3.7. ndices
11
3.8. Unidades Compostas 11
3.9. Uso de Prefixo 12
3.10. ngulo e Temperatura 13
3.11. Modificadores de Smbolos 13
4. Algarismos Significativos 14
4.1. Introduo 14
4.2. Conceito 14
4.3. Algarismo e zero 14
4.4. Notao cientfica 15
4.5. Algarismo e medio 16
4.6. Algarismo e o Display 18
4.7. Algarismo e Calibrao 19
4.8. Algarismo e a Tolerncia 19
4.9. Algarismo e Converso 20
4.10. Computao matemtica 21
4.11. Algarismos e resultados 25
2. Estatstica da Medio
1. Estatstica Inferencial 1
1.1. Introduo 1
1.2. Conceito 1
1.3. Variabilidade da Quantidade 3
2. Populao e Amostra 4
3. Tratamento Grfico 5
3.1. Distribuio de Freqncia 5
3.2. Histograma 7
3.3. Significado metrolgico 7
4. Mdias 8
4.1. Mdia Aritmtica 9
4.2. Raiz da Soma dos Quadrados10
5. Desvios 10
5.1. Disperso ou Variabilidade 10
5.2. Faixa (Range) 11
5.3. Desvio do Valor Mdio 11
5.4. Desvio Mdio Absoluto 12
5.5. Desvio da Populao 12
5.6. Desvio Padro da Amostra 12
5.7. Frmulas Simplificadas 13
5.8. Desvios 13
5.9. Operaes matemticas 14
5.10.Coeficiente de variao 14
5.11. Desvio Padro Das Mdias 14
5.12. Varincia 15
6. Distribuies dos dados 16
6.1. Introduo 16
6.2. Parmetros da Distribuio 16
6.3. Tipos de distribuies 17
6.4. Distribuio normal 17
7. Intervalos Estatsticos 21
8. Conformidade das Medies 24
8.1. Introduo 24
8.2. Teste Q 24
8.3. Teste do 2 (qui quadrado) 25
8.4. Teste de Chauvenet 27
8.5. Outros Testes 27
3. Quantidades Medidas
Metrologia Industrial
ii
Objetivos de Ensino 1
1. Quantidade Fsica 1
1.1. Conceito 1
1.2. Valor da quantidade 1
1.3. Classificao 2
1.4. Faixa das Variveis 5
1.5. Funo Matemtica 6
2. Quantidades de Base do SI 8
2.1. Comprimento 9
2.2. Massa 12
2.3. Tempo 14
2.4. Temperatura 17
2.5. Corrente Eltrica 28
2.6. Quantidade de Matria 28
2.7. Intensidade Luminosa 29
2.8. Quantidades Suplementares 30
3. Quantidades Derivadas 31
3.1. rea 31
3.2. Volume 31
3.3. Fora 32
3.4. Trabalho, Energia e Momento32
3.5. Potncia 33
3.6. Freqncia 33
3.7. Tenso 35
3.8. Carga Eltrica 38
3.9. Resistncia Eltrica 39
3.10. Condutncia Eltrica 40
3.11. Capacitncia Eltrica 40
3.12. Indutncia Eltrica 41
3.13. Presso 41
3.14. Vazo 46
3.15. Nvel 52
3.16. Densidade Absoluta 53
3.17. Viscosidade 53
4. Instrumentos de Medio
Objetivos de Ensino 1
1. Medio 2
1.1. Metrologia 2
1.2. Resultado da Medio 2
1.3. Aplicaes da Medio 3
1.4. Tipos de Medio 4
2. Instrumentos da Medio 6
2.1. Manual e Automtico 6
2.2. Contato e No-Contato 7
2.3. Alimentao 8
2.4. Analgico e Digital 8
2.5. Instrumento Microprocessado12
3. Sistema de Medio 15
3.1. Conceito 15
3.2. Sensor
16
3.3. Condicionador do Sinal 19
3.4. Apresentao do Sinal 23
4. Desempenho do Instrumento
4.1. Introduo 27
4.2. Caractersticas 27
4.3. Exatido 28
4.4. Preciso 29
4.5. Parmetros da Preciso 31
4.6. Especificao da Preciso 36
4.7. Rangeabilidade 37
4.8. Preciso Necessria 39
4.9. Padro e instrumento 40
4.10. Projeto,e Inspeo 44
5. Erros da Medio 46
5.1. Introduo 46
5.2. Tipos de Erros 46
5.3. Erro Absoluto e Relativo 47
5.4. Erro Dinmico e Esttico 47
5.5. Erro Grosseiro 48
5.6. Erro Sistemtico 49
5.7. Erro Aleatrio 55
5.8. Erro Resultante Final 56
6. Incerteza na Medio 58
6.1. Conceito 58
6.2. Princpios Gerais 59
6.3. Fontes de Incerteza 60
6.4. Estimativa das Incertezas 61
6.4. Incerteza Padro 61
6.5. Incerteza Padro Combinada61
6.6. Incerteza Expandida 61
Metrologia Industrial
iii
5 Incerteza na Medio
1. Malha de Medio 1
1.1. Sensor
1
1.2. Condicionador de Sinal 1
1.3. Instrumento de display 2
1.4. Controlador 2
1.5. Elemento final de controle 3
2. Incerteza dos instrumentos 3
2.1. Incerteza % V.M. 3
2.2. Incerteza % F.E. 3
3. Clculo da Incerteza na Malha4
3.1. Coleta de dados 4
3.2. Cadastro de Componentes 4
3.3. Lista de Componentes 6
F-100-200 8
4. Malha de Presso 9
4.1. Indicao local de presso 9
4.2. Malha de presso com PT + PI 9
P-681-106 10
5. Malha de Temperatura 11
5.1. Introduo 11
5.2. Bimetal 11
5.3. Enchimento termal 11
5.4. Medio com termopar 12
5.5. Medio com RTD 15
5.6. Indicao selecionvel 16
5.7. Instalao do sensor 16
5.8. Malha de temperatura com
termopar e fio de extenso 20
5.9. Malha de temperatura com
transmissor a termopar 20
5.10. Malha de temperatura com
termopar, fios de extenso, transmissor,
conversor e registrador 21
5.11. Malha de temperatura com
resistncia detectora de temperatura 21
T-542-01 22
6. Malha de Vazo 23
6.1. Introduo 23
6.2. Malha com gerador de ?P 23
6.3. Malha com turbina 27
6.4. Malha com tubo Coriolis 27
6.5. Malha com tubo magntico 28
6.6. Malha com deslocamento positivo
6.7. Malha com rotmetro 29
6.8. Malha com vortex 30
6.9. Malha ultra-snica 30
6.10. Malha de medio termal 31
6.11. Malha compensada com placa32
6.12. Incertezas das malhas 47
6.13. Algoritmos da placa 48
7. Anlise de Gases 52
7.1. Sistema de Medio 52
7.2. Incertezas do Sistema 53
7.3. Gs e mistura padro
53
8. Limite Inferior de Explosividade (LIE)
54
8.1. Sistema de deteco 54
8.2. Principio de funcionamento 54
8.3. Incerteza final da malha 55
6. Confirmao Metrolgica
Objetivos de Ensino 1
1. Confirmao Metrolgica 1
1.1. Conceito 1
1.2. Necessidade da confirmao 1
1.3. Terminologia 2
1.4. Calibrao e Ajuste 2
1.5. Tipos de calibrao 4
1.6. Erros de calibrao 7
1.7. Calibrao da Malha 7
1.8. Parmetros da Calibrao 9
3. Padres 16
3.1. Padres fsicos e de receita 16
3.1. Rastreabilidade 17
4. Normas e Especificaes 21
4.1. Norma 21
4.2. Especificaes 21
4.3. Hierarquia 21
4.4. Tipos de Normas 22
4.5. Abrangncia das Normas 22
4.6. Relao Comprador-Vendedor22
4.7. Organizaes de Normas 22
4.8. INMETRO 23
Apndice A: Glossrio de Metrologia
Apndice B: Procedimento de
calibrao (tpico)
Apndice C: Norma ISO 9000 (1994)
Apndice D: Rede Brasileira de
Calibrao
Referncias Bibliogrficas
1.1
1
Sistema Internacional (SI)
Objetivos de Ensino
1. Relatar como apareceram as unidades e se desenvolveu o sistema mtrico, que se
tornou o Sistema Internacional de Unidades.
2. Apresentar as unidades, smbolos, prefixos e modificadores das quantidades fsicas.
3. Recomendar as regras de formatao e escrita correta das quantidades, unidades e
smbolos do Sistema Internacional.
4. Mostrar a converso de unidades, atravs da anlise dimensional.
5. Conceituar valor exato e aproximado atravs de algarismos significativos.
6. Mostrar as regras de arredondamento, soma, subtrao, multiplicao e diviso de
algarismos significativos.
7. Apresenta o formato da notao cientfica dos nmeros.
8. Discutir os mtodos apropriados para fazer os clculos e apresentar o resultado de modo
conveniente e entendido para todos os ramos da engenharia.
1. Sistema de Unidades
1.1. Unidades
Unidade uma quantidade
precisamente estabelecida, em termos da
qual outras quantidades da mesma
natureza podem ser estabelecidas. Para
cada dimenso h uma ou mais
quantidades de referncia para descrever
quantitativamente as propriedades fsicas
de algum objeto ou material. Por exemplo,
a dimenso de comprimento pode ser
medida em unidades de kilmetro, metro,
centmetro, p ou a distncia entre o nariz
e a ponta do dedo de uma pessoa. A
dimenso do tempo pode ser medida em
unidades segundos, minutos, horas, dias,
meses, anos.
1.2. Histria
Bblia
A preocupao de se ter um nico
sistema de unidades est na Bblia, onde
se tem vrias passagens, como: ter dois
pesos e duas medidas abominvel para
o Senhor (Provrbios, 20, 10). A Bblia
tambm tinha preocupaes metrolgicas:
No faais nada contra a equidade, nem
no juzo, nem na regra, nem no peso, nem
na medida. Seja justa a balana e justos
os pesos; seja justo o alqueire e justa a
medida (Levtico, 19, 35-36)
Sistema Internacional
1.2
Antigidade
As antigas civilizaes j tinham
percebido a necessidade de criao de
unidades para a troca de mercadorias. Os
padres de peso datam de 7000 A.C. e os
padres de comprimento datam de 3000
A.C. Os babilnicos e os romanos j
haviam estabelecido padres e nomes
para unidades. Originalmente, os padres
e unidades eram escolhidos por
convenincia prtica e se baseavam em
medidas do corpo humano. Depois,
verificou-se que era prefervel desenvolver
padres baseados em fenmenos naturais
reprodutveis em vez de padres baseados
no corpo humano.
Como existe um grande nmero de
dimenses, necessrio um sistema de
unidades para se ter medies confiveis e
reprodutveis e para uma boa comunicao
entre todos os envolvidos com as
medies. O desenvolvimento tecnolgico
em transportes e comunicaes e o
aumento do comrcio globalizado tem
mostrado a necessidade de uma
linguagem comum de medio, um
sistema capaz de medir qualquer
quantidade fsica com unidades que
tenham definio clara e precisa e uma
relao lgica com as outras unidades.
Sistema ingls
O sistema ingls, tambm chamado de
imperial, usado na Inglaterra, Estados
Unidos e Canad, mas mesmo nestes
pases h muitas diferenas em seus
detalhes. O insuspeito cientista ingls
William Thompson, Baro Kelvin (1824-
1907), dizia que o Sistema Imperial Ingls
de unidades era absurdo, ridculo,
demorado e destruidor de crebro. De fato,
a maioria das unidades se baseava em
medidas do corpo humano, geralmente do
corpo do rei de planto. Por exemplo, a
jarda (yard) era a distncia do nariz ao
polegar com o brao estendido do rei
ingls Henry I (circa 1100).
O sistema ingls no coerente e h
vrios mltiplos entre a maioria das
unidades. Por exemplo, para o
comprimento tem-se
12 polegadas para um p
3 ps para uma jarda
1760 jardas para uma milha.
Algumas pessoas tem a idia errada
que o sistema mtrico atual, o SI, seja uma
criao recente e intencional para
confrontar a tecnologia americana. Ele
apareceu antes de os Estados Unidos se
tornarem uma potncia tecnolgica. A
tecnologia americana pode realmente ser
melhorada pela coerncia do SI. Em 1975,
nos Estados Unidos, foi decretado o Ato de
Converso Mtrica, dando indstria
americana a oportunidade de se mudar
voluntariamente para o sistema SI. Nos
Estados Unidos ainda h uma resistncia
para mudar as unidades, principalmente
pelos segmentos da indstria que so
estritamente domsticos e pelo pblico em
geral. Isto natural, pois a mudana altera
um modo de vida consagrado e requer
uma reeducao e aprendizado de novos
termos.
Sistema Decimal
A idia de um sistema decimal de
unidades foi concebida pelo ingls Simon
Stevin (1548-1620). Em 1671, o padre
francs Gabriel Mouton, definiu uma
proposta para um sistema decimal,
baseando-se em medidas da Terra, em
vez de medidas relacionadas com
dimenses humanas.
As unidades decimais foram tambm
consideradas no primeiros dias da
Academia Francesa de Cincias, fundada
em 1666. O que tornou o sistema mtrico
uma realidade foi a aceitao social e
poltica da Revoluo Francesa. Em seu
entusiasmo para romper as tradies
europias existentes, os lderes da
Revoluo acreditaram que at o sistema
de medio deveria ser mudado porque o
existente fora criado pela monarquia. Uma
comisso de cientistas franceses foi
formada para estabelecer um novo sistema
de medio baseado em normas absolutas
e constantes encontradas no universo
fsico. Tayllerand props um sistema
decimal internacional de pesos e medidas
a tous de temps, a tous les peuples.
Embora este trabalho tenha iniciado nesta
poca, a finalizao da comisso foi muito
demorada e difcil.
Sistema Internacional
1.3
Sistema CGS
O primeiro sistema mtrico oficial,
chamado de centmetro-grama-segundo
(CGS), foi proposto em 1795 e adotado na
Frana em 1799. Em 1840 o governo
francs, em resposta a uma falta do
entusiasmo pblico para o uso voluntrio
do sistema, tornou obrigatrio o sistema
CGC. Outros pases do mundo tambm
adotaram oficialmente o sistema CGS. Em
1866, no incio de seu desenvolvimento
tecnolgico, os Estados Unidos
promulgaram um ato tornando legal o
sistema mtrico.
Em 1873 a Associao Britnica do
Avano da Cincia recomendou o uso do
sistema CGS e desde ento ele foi
aplicado em todas as reas da cincia. Por
causa do uso crescente do sistema mtrico
atravs da Europa, o governo francs
convidou vrias naes para uma
conferncia internacional para discutir um
novo prottipo do metro e um nmero de
padres idnticos para as naes
participantes.
Em 1875, o Tratado do Metro definiu os
padres mtricos para o comprimento e
peso e estabeleceu procedimentos
permanentes para melhorar e adotar o
sistema mtrico. Este tratado foi assinado
por 20 pases, inclusive o Brasil.
Foi constituda a organizao
internacional Conference Generale des
Poids et Mesures (CGPM), para fornecer
uma base razovel de unidades de
medio precisa e universal. Esta
organizao consiste do Comit
International des Poids et Mesures (CIPM)
que fornece a base tcnica e que possui o
laboratrio de trabalho Bureau
International des Poids et Mesures (BIPM).
A CGPM constituda pelos delegados de
todos os estados membros da Conveno
do Metro e se rene de seis em seis anos
para:
1. garantir a propagao e
aperfeioamento do SI,
2. sancionar os resultados de novas
determinaes metrolgicas
fundamentais
3. adotar decises que se relacionem
com a organizao e
desenvolvimento do BIPM.
Sistema MKSA
Depois do Tratado do Metro, tornou-se
necessrio definir claramente os
significados e as unidades de massa, peso
e fora. Em 1901, a 3
a
CGPM declara que
o kilograma uma unidade de massa e o
termo peso denota uma quantidade de
fora. A deciso de definir o kilograma (e
grama) de um modo diferente do que foi
definido no sistema CGS requer um novo
sistema, MKS, baseado no metro-
kilograma-segundo.
Em 1935, a Comisso Internacional de
Eletrotcnica (IEC) incorpora uma quarta
unidade base de corrente, o ampre. Com
esta adio, o sistema ficou conhecido
como MKSA (ou Giorgi).
1.3. Sistema Internacional (SI)
Em 1960, a 11
a
CGPM deu
formalmente o nome de Systeme
International d'Unites, simbolizado como SI
(Sistema Internacional) e o estabeleceu
como padro universal de unidades de
medio. SI um smbolo e no a
abreviatura de Sistema Internacional e por
isso errado escrever S.I., com pontos.
O SI um sistema de unidades com as
seguintes caractersticas desejveis:
Coerente
Ser coerente significa que o produto ou
o quociente de quaisquer duas unidades
a unidade da quantidade resultante. Por
exemplo, o produto da fora de 1 N pelo
comprimento de 1 m 1 J de trabalho.
Decimal,
No sistema decimal, todos os fatores
envolvidos na converso e criao de
unidades so somente potncias de 10. No
SI, as nicas excees se referem s
unidades de tempo baseadas no
calendrio, onde se tem
1 dia 24 horas
1 hora 60 minutos
1 minuto 60 segundos
Sistema Internacional
1.4
nico,
No sistema, h somente uma unidade
para cada tipo de quantidade fsica,
independente se ela mecnica, eltrica,
qumica, ou termal. Joule unidade de
energia eltrica, mecnica, calorfica ou
qumica.
Poucas Unidades de base
As sete unidades de base so
separadas e independentes entre si, por
definio e realizao.
Unidades com tamanhos razoveis,
Os tamanhos das unidades evitam a
complicao do uso de prefixos de
mltiplos e submltiplos.
Completo
O SI completo e pode se expandir
indefinidamente, incluindo nomes e
smbolos de unidades de base e derivadas
e prefixos necessrios.
Simples e preciso,
O SI simples, de modo que cientistas,
engenheiros e leigos podem us-lo e ter
noo das ordens de grandeza envolvidas.
No possui ambigidade entre nomes de
grandezas e de unidades.
No degradvel
O SI no se degrade, de modo que as
mesmas unidades so usadas ontem, hoje
e amanh.
Universal
Os smbolos e nomes de unidades
formam um nico conjunto bsico de
padres conhecidos, aceitos e usados no
mundo inteiro.
Concluso
O SI oferece vrias vantagens nas
reas de comrcio, relaes
internacionais, ensino e trabalhos
acadmicos e pesquisas cientficas.
Atualmente, mais de 90% da populao do
mundo vive em pases que usam
correntemente ou esto em vias de mudar
para o SI. Os Estados Unidos, Inglaterra,
Austrlia, Nova Zelndia, frica do Sul
adotaram legalmente o SI. Tambm o
Japo e a China esto atualizando seus
sistemas de medidas para se conformar
com o SI.
A utilizao do SI recomendada pelo
BIPM, ISO, OIML, CEI e por muitas outras
organizaes ligadas normalizao,
metrologia e instrumentao.
uma obrigao de todo tcnico
entender, respeitar e usar o SI
corretamente.
1.4. Poltica IEEE e SI
A poltica (Policy 9.20) adotada pelo
IEEE (Institute of Electrical and Electronics
Engineers). A poltica de transio para as
unidades SI comeou em 01 JAN 96,
estgio 1, que requer que todas as normas
novas e revises submetidas para
aprovao devem ter unidades SI.
No estgio 2, a partir de 01 JAN 98, d-
se preferencia s SI. A poltica no aprova
a alternativa de se colocar a unidade SI
seguida pela unidade no SI em
parntesis, pois isto torna mais difcil a
leitura do texto. recomendvel usar
notas de rodap ou tabelas de converso.
No estgio 3, para ocorrer aps 01 JAN
2000, prope-se que todas as normas
novas e revistas devem usar
obrigatoriamente unidades SI. AS
unidades no SI s podem aparecer em
notas de rodap ou em anexos
informativos.
Foram notadas trs excees:
1. Tamanhos comerciais, como sries de
bitola de fios AWG e conexes
baseadas em polegadas, no precisam
ser transformados em termos SI.
2. Soquetes e plugs
3. Quando houver conflitos com normas
ou prticas de indstria existentes,
deve haver uma avaliao individual e
aprovado temporariamente pelo IEEE.
A implementao do plano no requer
que os produtos j existentes, com
parmetros em unidades no SI, sejam
substitudos por produtos com parmetros
em unidades SI.
Sistema Internacional
1.5
Tab. 1. Decises da Conferncia Geral de Pesos e Medidas
1
a
CGPM (1889)
Estabeleceu padres fsicos para kilograma e metro (*).
3
a
CGPM (1901)
Diferencia kilograma massa do kilograma forca. Define litro como o volume ocupado por 1 kg de
gua com densidade mxima. Estabelece a acelerao normal da gravidade como g = 9,806 65
m/s
2
.
7
a
CGPM (1927)
Define com maiores detalhes o metro fsico (*). Define unidades fotomtricas de vela nova e
lumen novo (*).
9
a
CGPM (1948)
Define unidade de forca no MKS, joule e watt. Define ampre, volt, ohm, coulomb, farad, henry e
weber. Diferencia o ponto trplice do ponto de gelo da gua (0,01
o
C). Estabelece a unidade de calor
como joule. Escolhe grau Celsius entre grau centgrado, centesimal e Celsius. Padroniza a grafia dos
smbolos de unidades e nmeros.
10
a
CGPM (1954)
Define o ponto trplice da gua como igual a 273,15 K. Define atmosfera normal como 101,325
N/m
2
.
Define seis unidades de base (metro, kilograma, segundo, grau Kelvin*, ampre e candela.
11
a
CGPM (1960)
Estabelece o Sistema Internacional de Unidades, SI. Redefine o metro baseando-se no
comprimento de onda da radiao do Kr-86. Define segundo como 1/31 556 925,974 7 do ano
trpico para 0 janeiro 1900*. Estabelece 1 L = 1,000 028 dm
3
. Introduz as unidades suplementares:
radiano e esterradiano.
12
a
CGPM (1964)
Prope mudana no segundo. Recomenda uso de unidades SI para volume e abole o litro para
aplicaes de alta preciso. Abole curie (Ci) como unidade de atividade dos radionucldeos.
Acrescenta os prefixos femto (10
-15
) e atto (10
-18
).
13
a
CGPM (1968)
Define segundo como durao de 9 192 631 770 perodos da radiao de
133
Ce*. Muda a unidade
de temperatura termodinmica de grau kelvin (
o
K) para kelvin (K). Define candela (*). Aumenta o
nmero de unidades derivadas. Revoga e suprime o micron e vela nova.
14
a
CGPM (1971)
Adota pascal (Pa) como unidade SI de presso, siemens (S) de condutncia eltrica. Define mol
como unidade de quantidade de matria.
15
a
CGPM (1975)
Recomenda o tempo universal coordenado. Recomenda o valor da velocidade da luz no vcuo
como c = 299 792 458 m/s. Adota becquerel (Bq) para atividade ionizante e gray (Gy) para dose
absorvida. Introduz os prefixos peta (10
15
) e exa (10
18
)
16
a
CGPM (1979)
Redefine candela como intensidade luminosa e revoga vela nova. Adota sievert (Sv) como
unidade SI de equivalente de dose. Aceita os smbolos l e L para litro.
17
a
CGPM (1983)
Redefine o metro em relao velocidade da luz no vcuo
* - Deciso a ser revista, revogada, modificada ou completada posteriormente.
1.6
2. Mltiplos e Submltiplos
Como h unidades muito pequenas e
muito grandes, elas devem ser
modificadas por prefixos fatores de 10. Por
exemplo, a distncia entre So Paulo e Rio
de Janeiro expressa em metros de 4 x
10
9
metros. A espessura da folha deste
livro cerca de 1 x 10
-7
metros. Para evitar
estes nmeros muito grandes e muito
pequenos, compreensveis apenas para os
cientistas, usam-se prefixos decimais s
unidades SI. Assim, a distncia entre So
Paulo e Rio se torna 400 kilmetros (400
km) e a espessura da folha de papel, 0,1
milmetros (0,1 mm).
Os prefixos para as unidades SI so
usados para formar mltiplos e
submltiplos decimais das unidades SI.
Deve-se usar apenas um prefixo de cada
vez. O smbolo do prefixo deve ser
combinado diretamente com o smbolo da
unidade.
Tab. 2 - Mltiplos e Submltiplos
Prefixo Smbolo Fator de 10
yotta Y +24
zetta Z +21
exa E +18
peta P +15
tera T +12
giga G + 9
mega** M +6
kilo** k + 3
hecto* H +2
deca* da +1
deci* d -1
centi* c -2
mili** m -3
micro** -6
nano n -9
pico p -12
femto f -15
atto a -18
zepto z -21
yocto y -24
Observaes
* Exceto para o uso no tcnico de centmetro e em
medidas especiais de rea e volume, devem-se evitar estes
prefixos.
** Estes prefixos devem ser os preferidos, por terem
potncias mltiplas de 3
3. Estilo e Escrita do SI
3.1. Introduo
O SI uma linguagem internacional da
medio. O SI uma verso moderna do
sistema mtrico estabelecido por acordo
internacional. Ele fornece um sistema de
referncia lgica e interligado para todas
as medies na cincia, indstria e
comrcio. Para ser usado sem
ambigidade por todos os envolvidos, ele
deve ter regras simples e claras de escrita.
Parece que o SI exageradamente
rigoroso e possui muitas regras
relacionadas com a sintaxe e a escrita dos
smbolos, quantidades e nmeros. Esta
impresso falsa, aps uma anlise. Para
realizar o potencial e benefcios do SI,
essencial evitar a falta de ateno na
escrita e no uso dos smbolos
recomendados.
Os principais pontos que devem ser
lembrados so:
1. O SI usa somente um smbolo para
qualquer unidade e somente uma
unidade tolerada para qualquer
quantidade, usando-se poucos
nomes.
2. O SI um sistema universal e os
smbolos so usados exatamente da
mesma forma em todas as lnguas,
de modo anlogo aos smbolos para
os elementos e compostos qumicos.
3. Para o sucesso do SI deve-se evitar
a tentao de introduzir novas
mudanas ou inventar smbolos. Os
smbolos escolhidos foram aceitos
internacionalmente, depois de muita
discusso e pesquisa.
Sero apresentadas aqui as regras
bsicas para se escrever as unidades SI,
definindo-se o tipo de letras, pontuao,
separao silbica, agrupamento e
seleo dos prefixos, uso de espaos,
vrgulas, pontos ou hfen em smbolos
compostos. Somente respeitando-se estes
princpios se garante o sucesso do SI e se
obtm um conjunto eficiente e simples de
unidades.
No Brasil, estas recomendaes esto
contidas na Resoluo 12 (1988) do
Conselho Nacional de Metrologia,
Normalizao e Qualidade Industrial.
Sistema Internacional
1.7
3.2. Maisculas ou Minsculas
Nomes de Unidades
Os nomes das unidades SI, incluindo os
prefixos, devem ser em letras minsculas
quando escritos por extenso, exceto
quando no incio da frase. Os nomes das
unidades com nomes de gente devem ser
tratados como nomes comuns e tambm
escritos em letra minscula. Quando o
nome da unidade fizer parte de um ttulo,
escrever o nome das unidades SI do
mesmo formato que o resto do ttulo.
Exemplos:
A corrente de um ampre.
A freqncia de 60 hertz.
A presso de 15,2 kilopascals.
Temperatura
No termo grau Celsius, grau
considerado o nome da unidade e Celsius
o modificador da unidade. O grau
sempre escrito em letra minscula, mas
Celsius em maiscula. O nome de unidade
de temperatura no SI o kelvin, escrito em
letra minscula. Mas quando se refere
escala, escreve-se escala Kelvin. Antes de
1967, se falava grau Kelvin, hoje, o correto
kelvin. Exemplos:
A temperatura da sala de 25 graus
Celsius.
A temperatura do objeto de 303
kelvin.
A escala Kelvin defasada da Celsius
de 273,15 graus
Smbolos
Smbolo a forma curta dos nomes das
unidades SI e dos prefixos. incorreto
cham-lo de abreviao ou acrstico. O
smbolo invarivel, no tendo plural,
modificador, ndice ou ponto.
Deve-se manter a diferena clara entre
os smbolos das grandezas, das unidades
e dos prefixos. Os smbolos das grandezas
fundamentais so em letra maiscula. Os
smbolos das unidades e dos prefixos
podem ser de letras maisculas e
minsculas. A importncia do uso preciso
de letras minsculas e maisculas
mostrada nos seguintes exemplos:
G para giga; g para grama
K para kelvin, k para kilo
N para newton; n para nano
T para tera; t para tonelada e T para a
grandeza tempo.
S para siemens, s para segundo
M para mega e M para a grandeza
massa
P para peta e Pa para pascal e p para
pico
L para a grandeza comprimento e L
para a unidade litro.
m para mili e m para metro
H para henry e Hz para hertz
W para watt e Wb para weber
Os smbolos so preferidos quando as
unidades so usadas com nmeros, como
nos valores de medies. No se deve
misturar ou combinar partes escritas por
extenso com partes expressas por
smbolo.
Letra romana para smbolos
Quase todos os smbolos SI so
escritos em letras romanas. As duas
nicas excees so as letras gregas (mi
) para micro (10
-6
) e (mega) para ohm,
unidade de resistncia.
Nomes dos smbolos em letra
minscula
Smbolos de unidades com nomes de
pessoas tem a primeira letra maiscula. Os
outros smbolos so escritos com letras
minsculas, exceto o smbolo do litro que
pode ser escrito tambm com letra
maiscula (L), para no ser confundido
com o nmero 1. Exemplos:
A corrente de 5 A.
O comprimento da corda de 6,0 m.
O volume de 2 L.
Smbolos com duas letras
H smbolos com duas letras, onde
somente a primeira letra deve ser escrita
como maiscula e a segunda deve ser
minscula. Exemplos:
Hz smbolo de hertz, H smbolo de
henry.
Wb smbolo de weber, W smbolo
de watt.
Pa smbolo de pascal, P prefixo peta
(10
15
)
Uso do smbolo e do nome
Deve-se usar os smbolos somente
quando escrevendo o valor da medio ou
quando o nome da unidade muito
Sistema Internacional
1.8
complexo. Nos outros casos, usar o nome
da unidade. No misturar smbolos e
nomes de unidades por extenso.
Exemplo correto: O comprimento foi
medido em metros; a medida foi de 6,1 m.
Exemplo incorreto: O comprimento foi
medido em m; a medida foi de 6,1 metros.
Smbolos em ttulos
Os smbolos de unidades no devem
ser usados em letra maiscula, como em
ttulo. Quando for necessrio, deve-se usar
o nome da unidade por extenso, em vez de
seu smbolo.
Correto: ENCONTRADO PEIXE DE 200
KILOGRAMAS
Incorreto: ENCONTRADO PEIXE DE
200 KG
Smbolo e incio de frase
No se deve comear uma frase com
um smbolo, pois impossvel conciliar a
regra de se comear uma frase com
maiscula e de escrever o smbolo em
minscula.
Exemplo correto: Grama a unidade
comum de pequenas massas.
Exemplo incorreto: g a unidade de
pequenas massas.
Prefixos
Todos os nomes de prefixos de
unidades SI so em letras minsculas
quando escritos por extenso em uma
sentena. A primeira letra do prefixo
escrita em maiscula apenas quando no
incio de uma frase ou parte de um ttulo.
No caso das unidades de massa,
excepcionalmente o prefixo aplicado
grama e no ao kilograma, que j possui o
prefixo kilo. Assim, se tem miligrama (mg)
e no microkilograma (kg); a tonelada
corresponde a megagrama (Mg) e no a
kilokilograma (kkg).
Aplica-se somente um prefixo ao nome
da unidade. O prefixo e a unidade so
escritos juntos, sem espao ou hfen entre
eles.
Os prefixos so invariveis.
Exemplo correto: O comprimento de
110 km
Exemplos incorretos:
O comprimento da estrada de 110km.
O comprimento da estrada de 110
kms.
O comprimento da estrada de 110-
km.
O comprimento da estrada de 110 k
m.
O comprimento da estrada de 110
Km.
3.3. Pontuao
Ponto
No se usa o ponto depois do smbolo
das unidades, exceto no fim da sentena.
Pode-se usar um ponto ou hfen para
indicar o produto de dois smbolos, porm,
no se usa o ponto para indicar o produto
de dois nomes.
Exemplos corretos (incorretos):
O cabo de 10 m tinha uma massa de 20
kg.
(O cabo de 10 m. tinha uma massa de
20 kg..)
A unidade de momentum o newton
metro
(A unidade de momentum o newton.
metro)
A unidade de momentum o produto
N.m
A unidade de momentum o produto N-
m
Marcador decimal
No Brasil, usa-se a vrgula como um
marcador decimal e o ponto como
separador de grupos de 3 algarismos, em
condies onde no se quer deixar a
possibilidade de preenchimento indevido.
Quando o nmero menor que um,
escreve-se um zero antes da vrgula. Nos
Estados Unidos, usa-se o ponto como
marcador decimal e a virgula como
separador de algarismos.
Exemplo (Brasil)
A expresso meio metro se escreve
0,5 m.
O valor do cheque de R$2.345.367,00
Exemplo (Estados Unidos)
A expresso meio metro se escreve:
0.5 m.
O valor do cheque de
US$2,345,367.00
Sistema Internacional
1.9
3.4. Plural
Nomes das unidades com plural
Quando escrito por extenso, o nome da
unidade mtrica admite plural,
adicionando-se um s, for
1. palavra simples. Por exemplo:
ampres, candelas, joules, kelvins,
kilogramas, volts.
2. palavra composta em que o
elemento complementar do nome
no ligado por hfen. Por exemplo:
metros quadrados, metros cbicos,
unidades astronmicas, milhas
martimas.
3. termo composto por multiplicao,
em que os componentes so
independentes entre si. Por exemplo:
ampres-horas, newtons-metros,
watts-horas, pascals-segundos.
Valores entre +1 e -1 so sempre
singulares. O nome de uma unidade s
passa ao plural a partir de dois (inclusive).
A medio do valor zero fornece um
ponto de descontinuidade no que as
pessoas escrevem e dizem. Deve-se usar
a forma singular da unidade para o valor
zero. Por exemplo, 0
o
C e 0 V so
reconhecidamente singulares, porm, so
lidos como plurais, ou seja, zero graus
Celsius e zero volts. O correto zero grau
Celsius e zero volt.
Exemplos:
1 metro 23 metros
0,1 kilograma 1,5 kilograma
34 kilogramas 1 hertz
60 hertz 1,99 joule
8 x 10
-4
metro 4,8 metros por
segundo
Nomes das unidades sem plural
Certos nomes de unidades SI no
possuem plural por terminarem com s, x ou
z. Exemplos: lux, hertz e siemens.
Certas partes dos nomes de unidades
compostas no se modificam no plural por:
1. corresponderem ao denominador de
unidades obtidas por diviso. Por
exemplo, kilmetros por hora, lumens
por watt, watts por esterradiano.
2. serem elementos complementares
de nomes de unidades e ligados a
eles por hfen ou preposio. Por
exemplo, anos-luz, eltron-volts,
kilogramas-fora.
Smbolos
Os smbolos das unidades SI no tem
plural.
Exemplos:
2,6 m 1 m
0,8 m -30
o
C
0
o
C 100
o
C
3.5. Agrupamento dos Dgitos
Numerais
Todos os nmeros so constitudos de
dgitos individuais, entre 0 e 9. Os nmeros
so separados em grupos de trs dgitos,
em cada lado do marcador decimal
(vrgula).
No se deve usar vrgula ou ponto para
separar os grupos de trs dgitos.
Deve-se deixar um espao entre os
grupos em vez do ponto ou vrgula, para
evitar a confuso com os diferentes pases
onde o ponto ou vrgula usado como
marcador decimal.
No deixar espao entre os dgitos e o
marcador decimal. Um nmero deve ser
tratado do mesmo modo em ambos os
lados do marcador decimal.
Exemplos:
Correto Incorreto
23 567 23.567
567 890 098 567.890.098
34,567 891 34,567.891
345 678,236 89 345.678,236.89
345 678,236 89 345 678,23 689
Nmeros de quatro dgitos
Os nmeros de quatro dgitos so
considerados de modo especial e diferente
dos outros. No texto, todos os nmeros
com quatro ou menos dgitos antes ou
depois da vrgula podem ser escritos sem
espao.
Exemplos:
1239 1993
1,2349 2345,09
1234,5678 1 234,567 8
Tabelas
As tabelas devem ser preenchidas com
nmeros puros ou adimensionais. As suas
respectivas unidades devem ser colocadas
no cabealho das tabelas. Por exemplo,
Sistema Internacional
1.10
uma tabela tpica de dados relacionados
com algumas propriedades do vapor pode
ser escrita como:
Tab.3. Variao da temperatura e volume
especfico com a presso para a gua pura
Presso,
P
kPa
Temperatura, T
K
Volume, V
m
3
/kg
50,0 354,35 3,240 1
60,0 358,95 2,731 7
70,0 362,96 2,364 7
80,0 366,51 2,086 9
Normalmente, em tabelas ou listagens,
todos os nmeros usam agrupamentos de
trs dgitos e espaos. Adotando este
formato, se diminui a probabilidade de
erros.
Assim, a primeira linha da tabela
significa
presso P = 50,0 kPa
temperatura T = 354,35 K
volume especfico V = 3,240 1 m
3
/kg
Grficos
Os nmeros colocados nos eixos do
grficos (abcissa e ordenada) so puros ou
adimensionais. As unidades e smbolos
das quantidades correspondentes so
colocadas nos eixos, uma nica vez.
O grfico da tabela anterior fica assim
Fig. 1. Variao da temperatura e volume com a
presso
Nmeros especiais
H certos nmeros que possuem regras
de agrupamento especificas. Nmeros
envolvendo nmeros de pea, documento,
telefone e dinheiro, que no devem ser
alterados, devem ser escritos na forma
original. Vrgulas, espaos, barras,
parntesis e outros smbolos aplicveis
podem ser usados para preencher os
espaos e evitar fraudes.
Exemplos:
R$ 21.621,90 dinheiro (real)
16HHC-656/9978 nmero de pea
610.569.958-15 CPF
(071) 359-3195 telefone
3.6. Espaamentos
Mltiplos e submltiplos
No se usa espao ou hfen entre o
prefixo e o nome da unidade ou entre o
prefixo e o smbolo da unidade. Por
exemplo,
kiloampre, kA
milivolt, mV
megawatt, MW
Valor da medio da unidade
A medio expressa por um valor
numrico, uma unidade, sua incerteza e os
limites de probabilidade. O valor
expresso por um nmero e a unidade pode
ser escrita pelo nome ou pelo smbolo.
Deve-se deixar um espao entre o nmero
e o smbolo ou nome da unidade. Os
smbolos de grau, minuto e segundo so
escritos sem espao entre os nmeros e
os smbolos. Exemplos:
670 kHz 670 kilohertz
20 mm 10 N
36
36
o
C
Modificador da unidade
Quando uma quantidade usada como
adjetivo, pode-se usar um hfen entre o
valor numrico e o smbolo ou nome. No
se deve usar hfen com o smbolo de
ngulo (
o
) ou grau Celsius (
o
C). Exemplos:
Pacote de 5-kg.
Filme de 35-mm.
Temperatura de 36
o
C
Produtos, quocientes e por
Deve-se evitar confuso, principalmente
em nmeros e unidades compostos
envolvendo produto (.) e diviso (/) e por .
O bom senso e a clareza devem
prevalecer no uso de hfens nos
modificadores.
Smbolos algbricos
Sistema Internacional
1.11
Deve-se deixar um espao de cada lado
dos sinais de multiplicao, diviso, soma
e subtrao e igualdade. Isto no se aplica
aos smbolos compostos que usam os
sinais travesso (/) e ponto (.).
No se deve usar nomes de unidades
por extenso em equaes algbricas e
aritmticas; usam-se os smbolos.
Exemplos:
4 km + 2 km = 6 km
6N x 8 m = 48 N.m
26 N : 3 m
2
= 8,67 Pa
100 W : (10 m x 2 K) = 5 W/(m.K)
10 kg/m
3
x 0,7 m
3
= 7 kg
15 kW.h
3.7. ndices
Smbolos
So usados ndices numricos (
2
e
3
)
para indicar quadrados e cbicos. No se
deve usar abreviaes como qu., cu, c.
Quando se escrevem smbolos para
unidades mtricas com expoentes, como
metro quadrado, centmetro cbico, um por
segundo, escrever o ndice imediatamente
aps o smbolo.
Exemplos:
10 metros quadrados = 10 m
2
14 centmetros cbicos = 14 cm
3
1 por segundo = s
-1
Nomes de unidades
Quando se escrevem unidades
compostas, aparecem certos fatores com
quadrado e cbico. Quando aplicvel,
deve-se usar parntesis ou smbolos
exclusivos para evitar ambigidade e
confuso.
Por exemplo, para kilograma metro
quadrado por segundo quadrado, o
smbolo correto kg.m
2
/s
2
. Seria incorreto
interpretar como (kg.m)
2
/s
2
ou (kg.m
2
/s)
2
3.8. Unidades Compostas
As unidades compostas so derivadas
como quocientes ou produtos de outras
unidades SI.
As regras a serem seguidas so as
seguintes:
1. No se deve misturar nomes
extensos e smbolos de unidades.
No usar o travesso (/) como
substituto de por, quando
escrevendo os nomes por extenso.
Por exemplo, o correto kilmetro
por hora ou km/h. No usar
kilmetro/hora ou km por hora.
2. Deve-se usar somente um por em
qualquer combinao de nomes de
unidades mtricas. A palavra por
denota a diviso matemtica. No se
usa por para significar por unidade
ou por cada (alm do cacfato). Por
exemplo, a medio de corrente de
vazamento, dada em microampres
por 1 kilovolt da voltagem entre
fases, deveria ser escrita em
microampres por cada kilovolt da
voltagem entre fases. No SI, 1
mA/kV igual a 1 nanosiemens (nS).
Outro exemplo, usa-se metro por
segundo quadrado e no metro por
segundo por segundo.
3. os prefixos podem coexistir num
smbolo composto por multiplicao
ou diviso. Por exemplo, kN.cm,
k.mA, kV/mm, M, kV/ms,
mW/cm
2
.
4. os smbolos de mesma unidade
podem coexistir em um smbolo
composto por diviso. Por exemplo,
kWh/h, .mm
2
/m.
5. No se misturam unidades SI e no-
SI. Por exemplo, usar kg/m
3
e no
kg/ft
3
.
6. Para eliminar o problema de qual
unidade e mltiplo deve-se expressar
uma quantidade de relao como
percentagem, frao decimal ou
relao de escala. Como exemplos,
a inclinao de 10 m por 100 m pode
ser expressa como 10%, 0.10 ou
1:10 e a tenso mecnica de 100
m/m pode ser convertida para 0,01
%.
7. Deve-se usar somente smbolos
aceitos das unidades SI. Por
exemplo, o smbolo correto para
kilmetro por hora km/h. No usar
k.p.h., kph ou KPH.
8. No se usa mais de uma barra (/) em
qualquer combinao de smbolos, a
no ser que haja parntesis
separando as barras. Como
exemplos, escrever m/s
2
e no
m/s/s; escrever W/(m.K) ou (W/m)/K
e no (W/m/K.
Sistema Internacional
1.12
9. Para a maioria dos nomes derivados
como um produto, na escrita do
nome por extenso, usa-se um
espao ou um hfen para indicar a
relao, mas nunca se usa um ponto
(.). Algumas unidades compostas
podem ser escritas como uma nica
palavra, sem espao ou hfen. Por
exemplo, a unidade de momento
pode ser escrita como newton metro
ou newton-metro e nunca
newton.metro. Tambm, correto
escrever watt hora, watt-hora ou
watthora, mas incorreto watt.hora.
10. Para smbolos derivados de
produtos, usa-se um ponto (.) entre
cada smbolo individual. No usar o
ponto (.) como smbolo de
multiplicao em equaes e
clculos. Exemplos:
N.m (newton metro)
Pa.s (pascal segundo)
kW.h ou kWh (kilowatthora)
Use 7,6 x 6,1 cosa e no
7,6.6,1.cosa
11.
Deve-se ter cuidado para escrever
unidades compostas envolvendo
potncias. Os modificadores
quadrado e cbico devem ser
colocados aps o nome da unidade a
qual eles se aplicam. Para potncias
maiores que trs, usar somente
smbolos. Deve-se usar smbolos
sempre que a expresso envolvida
for complexa.
Por exemplo, kg/m
2 ,
N/m
2
12. Para representaes complicadas
com smbolos, usar parntesis para
simplificar e esclarecer. Por exemplo,
m.kg/(s
3
.A)
3.9. Uso de Prefixo
1. Deve-se usar os prefixos com 10
elevado a potncia mltipla de 3 (10
-
3
, 10
-6
, 10
3
, 10
6
). Deve-se usar a
notao cientfica para simplificar os
casos de tabelas ou equaes com
valores numricos com vrios dgitos
antes do marcador decimal e para
eliminar a ambigidade da
quantidade de dgitos significativos.
Por exemplo, usam-se:
mm (milmetro) para desenhos.
kPa (kilopascal) para presso
Mpa (megapascal) para tenso
mecnica
kg/m
3
(kilograma por metro cbico)
para densidade absoluta.
2. Quando conveniente escolhem-se
prefixos resultando em valores
numricos entre 0,1 e 1000, porm,
sem violar as recomendaes
anteriores.
3. Em clculos tcnicos deve-se tomar
muito cuidado com os valores
numricos dos dados usados. Para
evitar erros nos clculos, os prefixos
devem ser convertidos em potncias
de 10 (exceto o kilograma, que
uma unidade bsica da massa).
Exemplos:
5 MJ = 5 x 10
6
J
4 Mg = 4 x 10
3
kg
3 Mm = 3 x 10
6
m
4. Devem ser evitados prefixos no
denominador (exceto kg). Exemplos:
Escrever kJ/s e no J/ms
Escrever kJ/kg e no J/g
Escrever MJ/kg e no kJ/g
5. No se misturam de prefixos, a no
ser que a diferena em tamanho seja
extrema ou uma norma tcnica o
requeira. Exemplos:
Correto: A ferramenta tem 44 mm de
largura e 1500 mm de
comprimento.
Incorreto: A ferramenta tem 44 mm
de largura e 1,5 m de
comprimento.
6. No se usam unidades mltiplas ou
prefixos mltiplos. Por exemplo, Usa-
se 15,26 m e no 15 m 260 mm; usa-
se miligrama (mg) e no
microkilograma (kg)
7. No usar um prefixo sem a unidade.
Usar kilograma e no kilo
Usar megohm e no megs
Sistema Internacional
1.13
3.10. ngulo e Temperatura
1. Os smbolos de grau (
o
) e grau
Celsius (
o
C) devem ser usados
quando se escreve uma medio.
Quando se descreve a escala de
medio e no uma medio, deve-
se usar o nome por
extenso.Exemplos:
Os ngulos devem ser medidos em
graus e no em radianos.
O ngulo de inclinao 27
o
.
2. No se deve deixar espao entre
o
e
C, devendo se escrever
o
C e no
o
C.
3. A maioria das temperaturas dada
na escala Celsius; a escala Kelvin
usada somente em aplicaes
cientficas. Exemplo:
A temperatura normal do corpo
humano 36
o
C.
4. Quando se tem uma srie de valores
de temperatura ou uma faixa de
temperatura, usar o smbolo de
medio somente aps o ltimo
valor. Exemplos:
A temperatura em Salvador varia de
18 a 39
o
C.
As leituras do termmetro so: 100,
150 e 200
o
C.
5. tecnicamente correto usar prefixos
SI com os nomes e smbolos, como
grau Celsius (
o
C), kelvin (K) e grau
angular (
o
). Porm, prefervel evitar
esta prtica, pois os nomes
resultantes so confusos e difceis de
serem reconhecidos. prefervel
ajustar o coeficiente numrico para
no usar o prefixo.
6. Um mtodo simples para comparar
altas temperaturas Celsius com
temperaturas Farenheit que o valor
Celsius aproximadamente a
metade da temperatura Farenheit. O
erro percentual nesta aproximao
relativamente pequeno para valores
Farenheit acima de 250. Para valores
menores, subtrair 30 antes de dividir
por 2; isto fornece uma preciso
razovel at valores Farenheit de -
40.
3.11. Modificadores de Smbolos
As principais recomendaes
relacionadas com os modificadores de
smbolos so:
1. No se pode usar modificadores dos
smbolos SI. Quando necessrio o
uso de modificadores das unidades,
ele deve ser separado do smbolo ou
ento escrito por extenso. Por
exemplo, no se usam Acc ou Aca,
para diferenciar a corrente contnua
da alternada. O correto escrever 10
A cc ou 10 A ca, com o modificador
separado do smbolo. Como o
modificador no SI, pode ser
escrito de modo arbitrrio, como cc.,
c.c., dc ou corrente contnua.
2. Nas unidades inglesas, comum
usar sufixos ou modificadores nos
smbolos e abreviaes para dar
uma informao adicional. Por
exemplo, usam-se psia e psig para
indicar respectivamente, presso
absoluta e manomtrica. Psia
significa pound square inch absolute
e psig significa pound square inch
gauge. No sistema SI, incorreto
colocar sufixos para identificar a
medio. Exemplos:
Usar presso manomtrica de 13
kPa ou 13 kPa (manomtrica) e
no 13 kPaG ou 13 kPag.
Usar presso absoluta de 13 kPa ou
13 kPa (absoluta) e no 13 kPaA
ou
13 kPaa.
3. Sempre deixar espao aps o
smbolo da unidade SI e qualquer
informao adicional. Exemplo:
Usar 110 V c.a. ou 110 V (ca) e no
110 V CA ou 110 V ca, para
voltagem de corrente alternada.
4. A potncia e a energia so medidas
em uma unidade SI determinada e
no h necessidade de identificar a
fonte da quantidade, desde que 100
watts igual a 100 watts,
independente da potncia ser
eltrica, mecnica ou trmica.
Exemplos:
Usar MW e no MWe (potncia
eltrica ou megawatt eltrico).
Usar kJ e no kJt (kilojoule termal).
Sistema Internacional
1.14
4. Algarismos Significativos
4.1. Introduo
O mundo da Metrologia quantitativo e
depende de nmeros, dados e clculos.
Atualmente, os clculos so feitos com
calculadoras eletrnicas e computadores,
que executam desde operaes simples
de aritmtica at operaes que um
engenheiro nunca seria capaz de fazer
manualmente. Os microcomputadores se
tornam uma parte dominante da
tecnologia, no apenas para os
engenheiros mas para toda sociedade. As
calculadoras e computadores podem
apresentar os resultados com muitos
algarismos, porm o resultado final deve
ter o nmero de algarismos significativos
de acordo com os dados envolvidos.
Quando se executam clculos de
engenharia e apresentam-se os dados,
deve-se ter em mente que os nmeros
sendo usados tem somente um valor
limitado de preciso e exatido. Quando se
apresenta o resultado de um clculo de
engenharia, geralmente se copiam 8 ou
mais dgitos do display de uma
calculadora. Fazendo isso, deduz-se que o
resultado exato at 8 dgitos, um tipo de
exatido que raramente possvel na
prtica da engenharia. O nmero de
dgitos que podem ser apresentados
usualmente muito menos que 8, por que
ele depende de problemas particulares e
envolve outros conceitos de algarismos
significativos, preciso, tolerncia,
resoluo e converso.
4.2. Conceito
Dgito qualquer um dos numerais
arbicos 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9.
Algarismo ou dgito significativo em um
nmero o dgito que pode ser
considerado confivel como um resultado
de medies ou clculos. O algarismo
significativo correto expressa o resultado
de uma medio de forma consistente com
a preciso medida. O nmero de
algarismos significativos em um resultado
indica o nmero de dgitos que pode ser
usado com confiana. Os algarismos
significativos so todos aqueles
necessrios na notao cientfica.
Qualquer dgito, entre 1 e 9 e todo zero
que no anteceda o primeiro dgito no
zero e alguns que no sucedam o ltimo
dgito no zero um algarismo
significativo. O status do zero ambguo,
por que o zero tambm usado para
indicar a magnitude do nmero.
Por exemplo, no h dificuldade em
determinar a quantidade de algarismos
significativos dos seguintes nmeros:
708 3 algarismos significativos
54,9 3 algarismos significativos
3,6 2 algarismos significativos
8,04 3 algarismos significativos
980,9 4 algarismos significativos
0,830 06 5 algarismos significativos
Em um nmero, o dgito menos
significativo o mais direita, dgito mais
significativo o mais esquerda. Por
exemplo, no nmero 2345, 2 o dgito
mais significativo e 5 o menos
significativo.
Para qualquer nmero associado
medio de uma grandeza, os algarismos
significativos devem indicar a qualidade da
medio ou computao sendo
apresentada. Os dados de engenharia e os
resultados de sua computao devem ser
apresentados com um nmero correto de
algarismos significativos, para evitar de dar
uma impresso errada de sua exatido. A
quantidade de algarismos significativos
est associado preciso, exatido e ao
mtodo de obteno destes dados e
resultados.
4.3. Algarismo Significativo e o Zero
O zero nem sempre algarismo
significativo, quando includo em um
nmero, pois ele pode ser usado como
parte significativa da medio ou pode ser
usado somente para posicionar o ponto
decimal.
Por exemplo, no nmero 804,301 os
dois zeros so significativos pois esto
intercalados entre outros dgitos.
Porm, no nmero 0,0007, os zeros so
necessrios para posicionar a vrgula e dar
a ordem de grandeza do nmero e por isso
pode ser ou no significativo. Porm, se o
nmero 0,0007 for a indicao de um
instrumento digital, ele possui quatro
algarismos significativos.
Sistema Internacional
1.15
Tambm no nmero 20 000 os zeros
so necessrios para dar a ordem de
grandeza do nmero e por isso nada se
pode dizer acerca de ser ou no ser
significativo. Assim o status do zero nos
nmeros 20 000 e 0,007 ambguo e mais
informao necessria para dizer se o
zero significativo ou no. Quando no h
informao adicional, se diz que 0,0007 e
20 000 possuem apenas 1 algarismo
significativo.
No nmero 2,700, os zeros no so
necessrios para definir a magnitude deste
nmero mas so usados propositadamente
para indicar que so significativos e por
isso 2,700 possui quatro dgitos
significativos..
4.4. Notao cientfica
Para eliminar ou diminuir as
ambigidades associadas posio do
zero, o nmero deve ser escrito na
notao cientfica, com um nmero entre 1
e 10 seguido pela potncia de 10
conveniente. Usar a quantidade de
algarismos significativos vlidos no nmero
entre 1 e 10, cortando os zeros no fim dos
inteiros quando no forem significativos ou
mantendo os zeros no fim dos inteiros,
quando forem significativos. Deste modo,
se o nmero 20 000 for escrito na notao
cientfica como 2,000 0 x 10
3
, ele ter 5
dgitos significativos. De modo anlogo,
20 000 = 2 x 10
3
1 dgito significativo
20 000 = 2,0 x 10
3
2 dgitos significativos
20 000 = 2,00 x 10
3
3 dgitos significativos
20 000 = 2,000 x10
3
4 dgitos significativos
A ambigidade do zero em nmeros
decimais tambm desaparece, quando se
escreve os nmeros na notao cientfica.
Os zeros direita, em nmeros decimais
s devem ser escritos quando forem
garantidamente significativos. Por
exemplo, 0,567 000 possui 6 algarismos
significativos, pois se os trs zeros foram
escritos porque eles so significativos.
Assim, o nmero decimal 0,007 pode
ser escrito de diferentes modos, para
expressar diferentes dgitos significativos:
7 x 10
-3
1 dgito significativo
7,0 x 10
-3
2 dgitos significativos
7,000 x 10
-3
4 dgitos significativos
7,000 00 x 10
-3
6 dgitos significativos
A notao cientfica serve tambm para
se escrever os nmeros extremos (muito
grandes ou muito pequenos) de uma forma
mais conveniente Por exemplo, seja a
multiplicao dos nmeros:
1 230 000 000 x 0,000 000 000 051 = 0,063
mais conveniente usar a notao
cientfica:
(1,23 x 10
9
) x (5,1 x 10
-11
) = 6,3 x 10
-2
Na multiplicao acima, o resultado final
arredondado para dois algarismos
significativos, que o menor nmero de
algarismos das parcelas usadas no
clculo.
A multiplicao dos nmeros com
potncia de 10 feita somando-se
algebricamente os expoentes.
Na notao cientfica, os nmeros so
escritos em uma forma padro, como o
produto de um nmero entre 1 e 10 e uma
potncia conveniente de 10.
Por exemplo, os nmeros acima podem
ser escritos como:
10 000 000 = 1,00 x 10
7
(3 dgitos significativos)
0,000 000 12 = 1,2 x 10
-7
(2 dgitos
significativos).
Pode-se visualizar o expoente de 10 da
notao cientfica como um deslocador do
ponto decimal. Por exemplo, o expoente
+7 significa mover o ponto decimal sete
casas para a direita; o expoente -7
significa mover o ponto decimal sete casas
para a esquerda.
Para fazer manualmente os clculos de
nmeros escritos na notao cientfica, as
vezes, conveniente coloc-los em forma
no convencional com o objetivo de fazer
contas de somar ou subtrair. Estas formas
so obtidas simplesmente ajustando
simultaneamente a posio do ponto
decimal e os expoentes, a fim de se obter
os mesmos expoentes de 10. Nesta
operao, perde-se o conceito de
algarismos significativos.
Sistema Internacional
1.16
Por exemplo:
1,2 x 10
-4
+ 4,1 x 10
-5
+ 0,3 x 10
-3
=
1,2 x 10
-4
+ 0,41 x 10
-4
+ 3,0 x 10
-4
=
(1,2 + 0,41 + 3,0) x 10
-4
= 4,6 x 10
-4
Deve-se evitar escrever expresses
como
M = 1800 g, a no ser que se tenha o erro
absoluto mximo de 1 g. Rigorosamente,
1800 g significa (1800 1) g.
Quando no se tem esta preciso e
quando h suspeita do segundo dgito
decimal ser incorreto, deve-se escrever
M = (1,8 0,1) x 10
3
g
Se o quarto dgito decimal o duvidoso,
ento, o correto escrever
M = (1,800 0,001) x 10
3
g
4.5. Algarismo Significativo e a Medio
Todos os nmeros associados
medio de uma grandeza fsica devem ter
os algarismos significativos
correspondentes preciso do instrumento
de medio. Observar as trs indicaes
analgicas apresentadas na Fig.2.
O voltmetro analgico (a) indica uma
voltagem de 1,45 V. O ltimo algarismo, 5,
duvidoso e foi arbitrariamente escolhido.
Algum poderia ler 1,49 e a leitura estaria
igualmente correta. Os algarismos
confiveis so apenas o 1 e o 4; o ltimo
estimado e duvidoso. O voltmetro com
uma escala com esta graduao pode dar,
no mximo, trs algarismos significativos.
errado dizer que a indicao de 1,450
ou 1,4500, pois est se superestimando a
preciso do instrumento. Do mesmo modo,
impreciso dizer que a indicao de 1,4
pois agora est se subestimando a
preciso do indicador e no usando toda
sua capacidade. Na medio 1,45, o dgito
4 garantido e no nmero 1,4 o dgito 4
duvidoso. Para que o dgito 4 seja
garantido necessrio que haja qualquer
outro algarismo duvidoso depois dele.
Fig. 2 - Vrias escalas de indicao
Na Fig. 2 (b) tem-se a medio de uma
espessura por uma escala graduada.
possvel se ler 0,26, pois a espessura cai
exatamente no terceiro trao depois de 0,2
e a medio possui apenas dois
algarismos significativos. Se pudesse
perceber o ponteiro entre o terceiro e o
quarto trao, a medio poderia ser 0,265
e a medio teria trs algarismos
significativos.
Na Fig. 2(c), a indicao 48,6 ou 48,5
ou qualquer outro dgito extrapolado entre
0 e 9.
As medies da Fig. 2(a) e 1(c)
possuem trs algarismos significativos e o
terceiro dgito de cada medio
duvidoso. A medio da Fig. 2(b) possui
apenas dois algarismos significativos. Para
se ter medies mais precisas, com um
maior nmero de algarismos significativos,
deve-se ter novo medidor com uma escala
maior e com maior nmero de divises.
Na Fig. 3, tem-se duas escalas de
mesmo comprimento, porm, a segunda
escala possui maior nmero de divises.
Para medir o mesmo comprimento, a
primeira escala indicar 6,2 onde o dgito 2
Sistema Internacional
1.17
o duvidoso, pois escolhido
arbitrariamente, pois est entre 6 e 7,
muito prximo de 6. A leitura de 6,3 estaria
igualmente correta. A leitura da segunda
escala ser 6,20 pois a leitura cai entre as
divises 2 e 3, tambm muito prximo de
2. Tambm poderia ser lido 6,21 ou 6,22,
que seria igualmente aceitvel.
Fig. 3. Escalas de mesmo tamanho mas com
diferentes divises entre os dgitos.
Em paqumetros e micrmetros,
medidores de pequenas dimenses,
clssico se usar a escala vernier, para
melhorar a preciso da medida. A escala
vernier uma segunda escala que se
move em relao principal. A segunda
escala dividida em unidades um pouco
menores que as unidades da principal. Por
exemplo, observar a escala da Fig. 3, que
possui duas partes: a unidade principal e a
unidade decimal so lidas na escala
superior e a unidade centesimal lida na
escala inferior. Para fazer a medio da
distncia X, primeiro se l as unidades
esquerda da linha de indicao da rgua,
que so 4,4. Depois a leitura continua no
centsimo, que a linha da escala inferior
que se alinha perfeitamente com a linha da
escala principal. Neste exemplo, elas se
alinham na 6a linha, de modo que elas
indicam 0,06 e a medio final de X 4,46.
Na expresso da medio, o valor
sempre aproximado e deve ser escrito de
modo que todos os dgitos decimais,
exceto o ltimo, sejam exatos. O erro
admissvel para o ltimo dgito decimal no
deve exceder a 1.
Por exemplo, uma resistncia eltrica
de 1,35 diferente de uma resistncia
de 1,3500 . Com a resistncia eltrica de
R = 1,35 , tem-se erro de 0,01 , ou
seja, 1,34 < R < 1,36 .
Para a outra resistncia de R = 1,3500
a preciso de 0,0001 , ou seja,
1,3499 < R < 1,3501
Se o resultado de um clculo R =
1,358 e o terceiro dgito depois da
vrgula decimal incorreto, deve-se
escrever R = 1,36 .
A distncia X determinada onde o comprimento toca
a escala superior (4,4) mais o nmero da unidade na
escala inferior que se alinha com a linha da escala principal
(a 6a linha) que fornece a medio do centsimo (0,06).
Assim, a distncia X 4,46 unidades.
Fig. 4. Escala principal e escala vernier
Devem ser seguidas regras para
apresentar e aplicar os dados de
engenharia na medio e nos clculos
correspondentes. As vezes, os
engenheiros e tcnicos no esto
preocupados com os algarismos
significativos. Outras vezes, as regras no
se aplicam. Por exemplo, quando se diz
que 1 p = 0,3048 metro ou 1 libra = 0,454
kilograma, o dgito 1 usado sozinho. O
mesmo se aplica quando se usam
nmeros inteiros em equaes algbricas.
Por exemplo, o raio de um circuito a
metade do dimetro e se escreve: r = d/2.
Na equao, no necessrio escrever
que r = d/2,0000, pois se entende que o 2
um nmero inteiro exato.
Outra confuso que se faz na
equivalncia se refere ao nmero de
algarismos significativos. Obviamente, 1
km equivale a 1.000 metros porm h
diferenas prticas. Por exemplo, o
odmetro do carro, com 5 dgitos pode
indicar 89.423 km rodados, porm isso no
significa 89.423 000 metros, pois ele
deveria ter 8 dgitos. Se o odmetro
tivesse 6 dgitos, com medio de 100
metros, ele indicaria 89 423,6 km.
Sistema Internacional
1.18
Por exemplo, as corridas de atletismo
de rua tem distncias de 10 km, 15 km e
21 km. As corridas de pista so de 100 m,
800 m, 5000 m e 10 000 m. Quem corre 10
km numa corrida de rua correu
aproximadamente 10 000 metros. A
distncia foi medida por carro, por bicicleta
com hodmetro calibrado ou por outros
meios, porm, no possvel dizer que a
distncia exatamente de 10.000 m.
Porm, quem corre 10 000 metros em uma
pista olmpica de 400 metros, deve ter
corrido exatamente 10 000 metros. A
distncia desta pista foi medida com uma
fita mtrica, graduada em centmetros.
Poucas maratonas no mundo so
reconhecidas e certificadas como de 42
195 km, pois a medio desta distncia
complicada e cara.
4.6. Algarismo Significativo e o Display
Independente da tecnologia ou da
funo, um instrumento pode ter display
analgico ou digital.
O indicador analgico mede uma
varivel que varia continuamente e
apresenta o valor medido atravs da
posio do ponteiro em uma escala.
Quanto maior a escala e maior o nmero
de divises da escala, melhor a preciso
do instrumento e maior quantidade de
algarismos significativos do resultado da
medio.
O indicador digital apresenta o valor
medido atravs de nmeros ou dgitos.
Quanto maior a quantidade de dgitos,
melhor a preciso do instrumento. O
indicador digital conta dgitos ou pulsos.
Quando o indicador digital apresenta o
valor de uma grandeza analgica,
internamente h uma converso analgico-
digital e finalmente, uma contagem dos
pulsos correspondentes.
Atualmente, a eletrnica pode contar
pulsos sem erros. Porm, no se pode
dizer que o indicador digital no apresenta
erros, pois possvel haver erros na
gerao dos pulsos. Ou seja, a preciso do
instrumento eletrnico digital est
relacionada com a qualidade dos circuitos
que convertem os sinais analgicos em
pulsos ou na gerao dos pulsos.
Tambm os indicadores digitais
possuem uma preciso limitada. Neste
caso, direto o entendimento da
quantidade de algarismos significativos.
Nos displays digitais, o ltimo dgito o
tambm duvidoso. Na prtica, o dgito
que est continuamente variando.
Um indicador digital com quatro dgitos
pode indicar de 0,001 at 9999. Neste
caso, os zeros so significativos e servem
para mostrar que possvel se medir com
at quatro algarismos significativos. O
indicador com 4 dgitos possui 4 dgitos
significativos.
Fig. 5. Instrumento digital com 6
1/2
dgitos
(Yokogawa)
Em eletrnica digital, possvel se ter
indicadores com 4 dgitos. O meio dgito
est associado com a percentagem de
sobrefaixa de indicao e somente assume
os valores 0 ou 1. O indicador com 4
dgitos pode indicar, no mximo, 19 999,
que aproximadamente 100% de 9999 (20
000/10 000). Os quatro dgitos variam de 0
a 9; o meio dgito s pode assumir os
valores 0 ou 1.
Embora exista uma correlao entre o
nmero de dgitos e a preciso da
medio, tambm deve existir uma
consistncia entre a preciso da malha e o
indicador digital do display. Por exemplo,
na medio de temperatura com termopar,
onde a preciso da medio inclui a
preciso do sensor, dos fios de extenso,
da junta de compensao e do display.
Como as incertezas combinadas do
sensor, dos fios e da junta de
compensao so da ordem de unidades
de grau Celsius, no faz nenhum sentido
ter um display que indique, por exemplo,
dcimo ou centsimo de grau Celsius. Por
exemplo, na medio de temperatura com
Sistema Internacional
1.19
termopar tipo J, onde a preciso resultante
do sensor, fios e junta de compensao
da ordem de 5
o
C, na faixa de 0 a 100
o
C,
o display digital basta ter 2 , para indicar,
por exemplo, 101 oC. No faz sentido ter
um display indicando 98,2 ou 100,4
o
C pois
a incerteza total da malha da ordem de
5
o
C. O mesmo raciocnio vale para um
display analgico, com escala e ponteiro.
4.7. Algarismo Significativo e
Calibrao
Todos os instrumentos devem ser
calibrados ou rastreados contra um
padro. Mesmo os instrumentos de
medio, mesmo os instrumentos padro
de referncia devem ser periodicamente
aferidos e calibrados. Por exemplo, na
instrumentao, tem-se os instrumentos de
medio e controle, que so montados
permanentemente no processo. Antes da
instalao, eles foram calibrados. Quando
previsto pelo plano de manuteno
preventiva ou quando solicitado pela
operao, estes instrumentos so aferidos
e recalibrados. Para se fazer esta
calibrao, devem ser usados tambm
instrumentos de medio, como
voltmetros, ampermetros, manmetros,
termmetros, dcadas de resistncia,
fontes de alimentao. Estes instrumentos,
geralmente portteis, tambm devem ser
calibrados por outros da oficina. Os
instrumentos da oficina devem ser
calibrados por outros de laboratrios do
fabricante ou laboratrios nacionais. E
assim, sobe-se na escada de calibrao.
fundamental entender que a preciso
do padro de referncia deve ser melhor
que a do instrumento sob calibrao.
Quanto melhor? A resposta um
compromisso entre custo e preciso.
Como recomendao, a preciso do
padro deve ser entre quatro a dez (NIST)
ou trs a dez (INMETRO) vezes melhor
que a preciso do instrumento sob
calibrao. Abaixo de trs ou quatro, a
incerteza do padro da ordem do
instrumento sob calibrao e deve ser
somada incerteza dele. Acima de dez, os
instrumentos comeam a ficar caro demais
e no se justifica tal rigor.
Assim, para calibrar um instrumento
com preciso de 1%, deve-se usar um
padro com preciso entre 0,3% a 0,1%.
Quando se usa um padro de 1% para
calibrar um instrumento de medio com
preciso de 1%, o erro do instrumento de
medio passa para 2%, por que
1% + 1% = 2% ou (0,01 + 0,01 = 0,02)
Quando se usa um padro de 0,1%
para calibrar um instrumento de medio
com preciso de 1%, o erro do instrumento
de medio permanece em 1%, porque 1%
+ 0,1% = 1% (1+ 0,1 = 1).
Alm da preciso do padro de
referncia, tambm importante definir a
incerteza do procedimento de calibrao,
para que ele seja confivel.
4.8. Algarismo Significativo e a
Tolerncia
O nmero de dgitos decimais
colocados direita da vrgula decimal
indica o mximo erro absoluto. O nmero
total de dgitos decimais corretos, que no
incluem os zeros esquerda do primeiro
dgito significativo, indica o mximo erro
relativo. Quanto maior o nmero de
algarismos significativos, menor o erro
relativo.
A preciso pretendida de um valor deve
se relacionar com o nmero de algarismos
significativos mostrados. A preciso mais
ou menos a metade do ltimo dgito
significativo retido. Por exemplo, o nmero
2,14 pode ter sido arredondado de
qualquer nmero entre 2,135 e 2,145. Se
arredondado ou no, uma quantidade deve
sempre ser expressa com a notao da
preciso em mente. Por exemplo, 2,14
polegadas implica uma preciso de 0,005
polegada, desde que o ltimo algarismo
significativo 0,01.
Pode haver dois problemas:
1. Quantidades podem ser expressas
em dgitos que no pretendem ser
significativos. A dimenso 1,1875"
pode realmente ser muito precisa, no
caso do quarto dgito depois da
vrgula ser significativo ou ela pode
ser uma converso decimal de uma
dimenso como 1 3/16, no caso em
Sistema Internacional
1.20
que a dimenso dada com excesso
de algarismos significativos.
2. Quantidades podem ser expressas
omitindo-se os zeros significativos. A
dimenso de 2" pode significar cerca
de 2" ou pode significar uma
expresso muito precisa, que deveria
ser escrita como 2,000". No ltimo
caso, enquanto os zeros
acrescentados no so significativos
no estabelecimento do valor, elas
so muito significativos em expressar
a preciso adequada conferida.
Portanto, necessrio determinar uma
preciso implicada aproximada antes do
arredondamento. Isto pode ser feito pelo
conhecimento das circunstncias ou pela
informao da preciso do equipamento de
medio.
Se a preciso da medio conhecida,
isto fornecer um menor limite de preciso
da dimenso e alguns casos, pode ser a
nica base para estabelecer a preciso. A
preciso final nunca pode ser melhor que a
preciso da medio.
A tolerncia em uma dimenso d uma
boa indicao da preciso indicada,
embora a preciso, deva ser sempre
menor que a tolerncia. Uma dimenso de
1,635 0,003" possui preciso de
0,0005", total 0,001" . Uma dimenso
4,625 0,125" est escrita incorretamente,
provavelmente por causa da decimalizao
das fraes. O correto seria 4,62 0,12,
com uma preciso indicada de 0,005
(preciso total de 0,01)
Uma regra til para determinar a
preciso indicada a partir do valor da
tolerncia assumir a preciso igual a um
dcimo da tolerncia. Como a preciso
indicada do valor convertido no deve ser
melhor do que a do original, a tolerncia
total deve ser dividida por 10 e convertida
e o nmero de algarismos significativos
retido.
4.9. Algarismo Significativo e
Converso
Uma medio de varivel consiste de
um valor numrico e de uma unidade. A
unidade da medio pode ser uma de
vrios sistemas. Na converso de um
sistema para outro, o estabelecimento do
nmero correto de algarismos significativos
nem sempre entendido ou feito
adequadamente. A reteno de um
nmero excessivo de algarismos
significativos resulta em valores artificiais
indicando uma preciso inexistente e
exagerada. O corte de muitos algarismos
significativos resulta na perda da preciso
necessria. Todas as converses devem
ser manipuladas logicamente,
considerando-se cuidadosamente a
preciso pretendida da quantidade original.
A preciso indicada usualmente
determinada pela tolerncia especifica ou
por algum conhecimento da quantidade
original. O passo inicial na converso
determinar a preciso necessria,
garantindo que no nem exagerada e
nem sacrificada. A determinao do
nmero de algarismos significativos a ser
retido difcil, a no ser que sejam
observados alguns procedimentos
corretos.
A literatura tcnica apresenta tabelas
contendo fatores de converso com at 7
dgitos.
A converso de quantidades de
unidades entre sistemas de medio
envolve a determinao cuidadosa do
nmero de dgitos a serem retidos depois
da converso feita. Converter 1 quarto de
leo para 0,046 352 9 litros de leo
ridculo, por que a preciso pretendida do
valor no garante a reteno de tantos
dgitos. Todas as converses para serem
feitas logicamente, devem depender da
preciso estabelecida da quantidade
original insinuada pela tolerncia especifica
ou pela natureza da quantidade sendo
medida. O primeiro passo aps o clculo
da converso estabelecer o grau da
preciso.
O procedimento correto da converso
multiplicar a quantidade especificada pelo
fator de converso exatamente como dado
e depois arredondar o resultado para o
nmero apropriado de algarismos
significativos direita da vrgula decimal ou
para o nmero inteiro realstico de acordo
com o grau de preciso implicado no
quantidade original.
Por exemplo, seja um comprimento de
75 ft, onde a converso mtrica 22,86 m.
Se o comprimento em ps arredondado
para o valor mais prximo dentro de 5 ft,
ento razovel aproximar o valor mtrico
Sistema Internacional
1.21
prximo de 0,1 m, obtendo-se 22,9 m. Se o
arredondamento dos 75 ft foi feito para o
valor inteiro mais prximo, ento o valor
mtrico correto seria de 23 m. Enfim, a
converso de 75 ft para 22,86 m
exagerada e incorreta; o recomendvel
dizer que 75 ft eqivalem a 23 m.
Outro exemplo envolve a converso da
presso atmosfrica padro, do valor
nominal de 14,7 psi para 101,325 kPa.
Como o valor envolvido da presso o
nominal, ele poderia ser expresso com
mais algarismos significativos, como
14,693 psi, onde o valor mtrico
correspondente seria 101,325, com trs
dgitos depois da vrgula decimal. Porm,
quando se estabelece o valor nominal de
14,7 o valor correspondente mtrico
coerente de 101,3, com apenas um
dgito depois da vrgula.
4.10. Computao matemtica
Na realizao das operaes
aritmticas, cada nmero no clculo
fornecido com um determinado nmero de
algarismos significativos e o resultado final
deve ser expresso com um nmero correto
de algarismos significativos. Quando se
fazem as operaes aritmticas, deve-se
seguir as seguintes recomendaes.
1. Fazer a computao de modo que
haja um nmero excessivo de
dgitos.
2. Arredonde o nmero correto de
algarismos significativos. Para
arredondar, aumente o ltimo
nmero retido de 1, se o primeiro
nmero descartado for maior que 5.
Se o dgito descartado for igual a 5, o
ltimo dgito retido deve ser
aumentado de 1 somente se for
mpar. Se o dgito descartado for
menor que 5, o ltimo dgito retido
permanece inalterado.
3. Para multiplicao e diviso,
arredonde de modo que o nmero de
algarismos significativos no resultado
seja igual ao menor nmero de
algarismos significativos contidos nas
parcelas da operao.
4. Para adio e subtrao, arredonde
de modo que o dgito menos
significativo (da direita) do resultado
corresponda ao algarismo mais
significativo duvidoso contido na
adio ou na subtrao.
5. Para combinaes de operaes
aritmticas, fazer primeiro as
multiplicaes e divises, arredondar
quando necessrio e depois fazer a
somas e subtraes. Se as somas e
subtraes esto envolvidas para
posterior multiplicao e diviso,
faze-las, arredondar e depois
multiplicar e dividir.
6. Em clculos mais complexos, como
soluo de equaes algbricas
simultneas, quando for necessrio
obter resultados intermedirios com
algarismos significativos extras,
garantir que os resultados finais
sejam razoavelmente exatos, usando
o bom senso e deixando de lado as
regras acima.
7. Quando executar os clculos com
calculadora eletrnica ou
microcomputador, tambm ter bom
senso e no seguir as regras
rigorosamente. No necessrio
interromper a computao em cada
estgio para estabelecer o nmero
de algarismos significativos. Porm,
depois de completar a computao,
considerar a preciso global e
arredondar os resultados
corretamente.
8. Em qualquer operao, o resultado
final deve ter uma quantidade de
algarismos significativos igual
quantidade da parcela envolvida com
menor nmero de significativos.
Exemplos de arredondamento para trs
algarismos significativos:
1,8765 1,88
8,455 8,46
6,965 6,96
10,580 10,6
Soma e Subtrao
Quando se expressam as quantidades
de massa como M = 323,1 g e m = 5,722
g
significa que as balanas onde foram
pesadas as massas tem classes de
preciso muito diferentes. A balana que
pesou a massa m cem vezes mais
precisa que a balana de M. A preciso da
Sistema Internacional
1.22
balana de M 0,1 g; a preciso da
balana de m de 0,001 g.
Somando-se os valores de (m + M)
obtm-se o valor correto de 328,8 g. O
valor 328,822 g incorreto pois a preciso
do resultado no pode ser melhor que a
preciso da pior balana. Para se obter
este resultado, considerou-se a massa M =
323,100, inventando-se por conta prpria
dois zeros. Em vez de se inventar zeros
arbitrrios, desprezam-se os dgitos
conhecidos da medio de m;
arredondando 5,722 para 5,7.
O valor correto de 328,8 pode ser obtido
atravs de dois caminhos diferentes:
1. arredondando-se os dados
M = 323,1 g
m = 5,7 g
---------------
M + m = 328,8 g
2. arredondando-se o resultado final
M = 323,1 g
m = 5,722 g
---------------
M + m = 328,822 g = 328,8 g
Deste modo, o nmero de algarismos
significativos da soma igual ao nmero
da parcela com o menor nmero de
algarismos significativos.
Quando h vrias parcelas sendo
somadas, o erro pode ser maior se as
parcelas forem arredondadas antes da
soma. Recomenda-se usar a regra do
dgito decimal de reserva, quando os
clculos so feitos com um dgito extra e o
arredondamento feito somente no final
da soma.
Exemplo 1
Seja a soma:
132,7 + 1,274 + 0,063321 + 20,96 + 46,1521
Com qualquer mtodo, o resultado final
deve ter apenas um algarismo depois da
vrgula, pois a parcela 132,7 tem apenas
um algarismo depois da vrgula.
Se todas as parcelas forem
arredondadas antes da soma, se obtm
132,7 + 1,3 + 0,1 + 21,0 + 46,2 =
201,3
Usando-se a regra do dgito reserva,
tem-se
132,7 + 1,27 + 0,06 + 20,96 + 46,15 =
201,14
Fazendo-se o arredondamento no final,
tem-se 201,14 = 201,1.
Exemplo 2
Achar a soma das razes quadradas dos
seguintes nmeros, com preciso de 0,01
N + + + 5 6 7 8
Usando-se a regra do dgito decimal
reserva, tomam-se os dados com preciso
de 0,001.
2,236 + 2,449 + 2,646 + 2,828 = 10,159
Arredondando-se no final, tem-se 10,16.
Sem a regra do dgito decimal reserva
seria 10,17 (verificar).
Quando o nmero de parcelas muito
grande (centenas ou milhares),
recomenda-se usar dois dgitos decimais
reservas. Quando se somam vrias
parcelas com o mesmo nmero de
algarismos depois da vrgula decimal,
deve-se considerar que o mximo erro
absoluto da soma maior do que das
parcelas. Por isso, prudente arredondar
para um dgito a menos.
Exemplo 3
Determinar a soma
1,38 +8,71 + 4,48 + 11,96 + 7,33 =
33,86
Porm, o resultado mais conveniente
33,9, com trs algarismos significativos,
que o menor nmero de significativos
das parcelas.
O mximo erro absoluto de uma soma
ou diferena igual soma dos erros
mximos absolutos das parcelas. Por
exemplo, tendo-se duas quantidades com
precises de 0,1 lgico entender que a
soma ou diferena destas quantidades so
determinadas com preciso de 0,2, por
que, na pior situao, os erros se somam.
Quando h muitas parcelas, improvvel
Sistema Internacional
1.23
que todos os erros se somem. Nestes
casos, usam-se mtodos de probabilidade
para estimar o erro da soma. Um critrio
arredondar, desprezando-se o ltimo
algarismo significativo. Ou seja, quando
todas as parcelas tiverem n algarismos
significativos, dar o resultado com (n-1)
algarismos significativos.
As regras da subtrao so
essencialmente as mesmas da soma.
Deve-se tomar cuidado quando se
subtraem dois nmeros muito prximos,
pois isso provoca um grande aumento do
erro relativo.
Exemplo 4
(327,48 0,01) - (326,91 0,01) = (0,57 0,02)
O erro relativo de cada parcela vale
aproximadamente 0,01/300 = 0,003%.
O erro relativo do resultado vale cerca
de (0,02/0,57) = 3,5%, que mais de 1000
vezes maior que o erro relativo das
parcelas.
Quanto mais esquerda, mais
significativo o dgito. O dgito na coluna
dos dcimos mais significativo que o
dgito na coluna dos centsimos. O dgito
na coluna das centenas mais significativo
que o dgito na coluna das dezenas .
O resultado da soma ou subtrao no
pode ter mais algarismos significativos ou
dgitos depois da vrgula do que a parcela
com menor nmero de algarismos
significativos.
Multiplicao e Diviso
Quando se multiplicam ou dividem dois
nmeros com diferentes quantidades de
dgitos corretos depois da vrgula decimal,
o nmero correto de dgitos decimais do
resultado deve ser igual ao menor dos
nmeros de dgitos decimais nos fatores.
Exemplo 5
Achar a rea S do retngulo com
a = 5,2 m
b = 43,1 m
incorreto dizer que a rea S = 224,12
m
2
. Na realidade,
a est entre 5,1 e 5,3
b est entre 43,0 e 43,2
Assim, a rea S est contida entre
219,3 cm
2
(5,1 x 43,0)
228,96 cm
2
(5,3 x 43,2)
Assim, os dgitos depois do segundo
algarismo significativo so duvidosos e a
resposta correta para a rea :
S = 2,2 x 10
2
cm
2
O nmero de dgitos decimais corretos
e o mximo erro relativo indicam
qualidades semelhantes ligadas com o
grau de preciso relativa. A multiplicao
ou diviso de nmeros aproximados
provocam a adio dos erros relativos
mximos correspondentes.
No exemplo do clculo da rea do
retngulo, o erro relativo de a (5,1) muito
maior que o de b ( 43,1) e por isso o erro
relativo da rea S aproximadamente
igual ao de a. S tem a mesma quantidade
de algarismos significativos que a; ambos
tem dois algarismos.
Se os fatores do produto so dados
com quantidades diferentes de algarismos
decimais corretos, deve-se arredondar os
nmeros antes da multiplicao, deixando
um algarismo decimal reserva, que
descartado no arredondamento do
resultado final. quando h mais que 4
fatores com igual nmero de dgitos
decimais corretos (n), o resultado deve ter
(n-1) dgitos decimais corretos.
Exemplo 6
Calcular o calor gerado por uma
corrente eltrica I percorrendo uma
resistncia R durante o tempo t, atravs de
Q = 0,24 I
2
R t
Como a constante (0,24) tem dois
dgitos decimais corretos, o resultado final
s poder ter dois dgitos depois da
vrgula. Assim, no se justifica
praticamente tomar valores de I, R e t com
mais de trs dgitos decimais corretos (o
terceiro dgito j o decimal reserva a ser
descartado no final).
As constantes no afetam o nmero de
dgitos decimais corretos no produto ou
Sistema Internacional
1.24
diviso. Por exemplo, o permetro do
crculo com raio r, dado pela expresso L =
2 r, o valor de 2 exato e pode ser
escrito como 2,0 ou 2,000 ou como se
quiser. A preciso dos clculos depende
apenas da quantidade de dgitos decimais
da medio do raio r. O nmero tambm
conhecido e a quantidade de
significativos pode ser tomada
arbitrariamente.
Exemplo 7
Calcular
D = 11,3
2
x 5,4 + 0,381 x 9,1 + 7,43 x 21,1
para estimar o valor das parcelas,
calculam-se estas parcelas com o
arredondamento correto.
Como 5,4 possui apenas dois
algarismos significativos, tomam-se as
parcelas com trs algarismos (com um
dgito decimal reserva) e arredonda-se o
resultado final para dois algarismos
significativos.
11,3
2
= 127,7 x 5,4 = 690
0,381 x 9,1 = 3,47 = 3
7,43 x 21,1 = 157
Resultado final = 850
Resultado correto: 8,5 x 10
2
O clculo com dgitos desnecessrios
intil e pode induzir a erros, pois podem
dar a iluso de uma preciso maior que a
realmente existe.
Todos os graus de preciso devem ser
coerentes entre si e em cada estgio dos
clculos. Nenhum dos graus de preciso
deve ser muito menor ou maior do que o
correto.
Exemplo 8
Seja
x = 215
y = 3,1
Calcular:
x + y x - y x.y
x/y y/x
determinando:
1. resultado calculado
2. limite superior calculado
3. limite inferior calculado
4. resultado final correto
Tab. 4. Resultados
Operao Resultado Limite sup Limite inf Resultado
x + y 218,1 219,2 217,0 218
x - y 211,9 213,0 210,8 212
x.y 666,5 691,2 642,0 6,7x10
2
x/y 69,3548 72,0000 66,8750 69
y/x 0,01442 0,01495 0,01389 0,014
A quantidade x = 215 definida por trs
algarismos significativos de modo que o
dgito 5 o menos significativo e duvidoso.
Como ele incorreto por 1, ento o limite
superior 216 e o inferior 214.
A quantidade y = 3,1 tem dois
algarismos significativos e tem incerteza
de 0,1, variando entre 3,2 e 3,3. Os
limites superiores mostrados na tabela so
a soma dos limites inferiores de x e y. No
resultado final, se deve considerar s um
dgito duvidoso, e quando possvel, com
apenas dois dgitos significativos.
Exemplo 9
Determinar a rea de um quadrado com
lado de (10 1) metro.
A rea nominal do quadrado igual a
100, que o produto de 10 x 10. Porm, a
incerteza de 1 metro em cada lado do
quadrado multiplicada pelo outro lado, de
modo que a incerteza total da rea do
quadrado de 21 metros! Chega-se a
este resultado multiplicando-se 10 1 por
10 1:
10 1
10 1
_____
100 10
10 1
_________
100 20 1
portanto
100 21
ou mais rigorosamente
(100 -19 + 21) m
2
.
Outro modo de se chegar a este
resultado considerar que cada lado de 10
1 metro varia de 9 a 11 metros e por isso
as reas finais variam de um mnimo de 81
(9 x 9) e um mximo de 121 (11 x 11) e
Sistema Internacional
1.25
como a rea nominal de 100, o valor com
a tolerncia de 100 - 19 (81) +21 (121).
Este exemplo interessante pois
anlogo ao clculo da incerteza de uma
grandeza que depende de duas outras
grandezas. A incerteza da grandeza
resultante igual derivada parcial da
grandeza principal em relao a uma
grandeza vezes a incerteza desta
grandeza mais a derivada parcial da
grandeza principal em relao a outra
grandeza vezes a incerteza desta outra
grandeza. Ou seja, em matemtica,
quando
z = f(x, y)
com
x = x x
y = y y
a incerteza z igual a
y
f
x
x
f
y z
4.11. Algarismos e resultados
Devem ser estabelecidas algumas
regras para determinar as incertezas para
que todas informaes contidas na
expresso sejam entendidas
universalmente e de modo consistente
entre quem escreve e quem l.
Como a quantidade x uma estimativa
de uma incerteza, obviamente ela no
deve ser estabelecida com preciso
excessiva. Por exemplo, estupidez
expressar o resultado da medio da
acelerao da gravidade g como
g
medida
= 9,82 0,0312 956 m/s
2
A expresso correta seria
g
medida
= 9,82 0,03 m/s
2
Regra para expressar incertezas:
Incertezas industriais devem ser quase
sempre arredondadas para um nico
algarismo significativo.
Uma conseqncia prtica desta regra
que muitos clculos de erros podem ser
feitos mentalmente, sem uso de
calculadora ou mesmo de lpis e papel.
Esta regra tem somente uma exceo
importante. Se o primeiro algarismo na
incerteza x 1, ento recomendvel se
manter dois algarismos significativos em
x. Por exemplo, se um clculo resulta em
uma incerteza final de
x = 0,14, um arredondamento para x =
0,1 uma reduo proporcional muito
grande de modo que razovel reter dois
algarismos significativos para expressar x
= 0,14. O mesmo argumento poderia ser
usado se o primeiro nmero for 2, porm a
reduo no to grande (metade da
reduo se o algarismo fosse 1).
Assim que a incerteza na medio
estimada, os algarismos significativos do
valor medido devem ser considerados.
Uma expresso como
velocidade medida = 6 051,78 30 m/s
certamente bem ridcula. A incerteza de
30 significa que o dgito 5 pode ser
realmente to pequeno quanto 2 ou to
grande quanto 8. Claramente, os dgitos 1,
7 e 8 que vem depois do 5 no tem
nenhum significado prtico. Assim, a
expresso correta seria
velocidade medida = 6050 30 m/s
Regra para expressar resultados
O ltimo algarismo significativo
em qualquer expresso do
resultado deve ser usualmente
da mesma ordem de grandeza
(mesma posio decimal) que
a incerteza.
Por exemplo, para uma expresso de
resultado 78,43 com uma incerteza de 0,04
seria arredondada para
78,43 0,04
Se a incerteza fosse de 0,4 ento ficaria
78,4 0,4
Se a incerteza fosse de 4, a expresso
ficaria
78 4
Sistema Internacional
1.26
Finalmente, se a incerteza fosse de 40,
seria
80 40
Para reduzir incertezas causadas pelo
arredondamento, quaisquer nmeros
usados nos clculos intermedirios devem
normalmente reter, no mnimo, um
algarismo a mais do que o finalmente
justificado. No final dos clculos, faz o
ltimo arredondamento para eliminar o
algarismo extra insignificante.
A incerteza em qualquer quantidade
medida tem a mesma dimenso que a
quantidade medida em si. Assim,
escrevendo as unidades (m/s
2
, g/cm
3
, A, V,
o
C ) aps o resultado e a incerteza mais
claro e mais econmico.
Exemplo
densidade medida = 8,23 0,05 g/cm
3
ou
densidade medida = (8,23 0,05) g/cm
3
Quando se usa a notao cientfica, com nmeros
associados a potncias de 10, tambm mais
simples e claro colocar o resultado e a incerteza na
mesma forma.
Por exemplo:
corrente medida = (2,54 0,02) x 10
-6
A
mais fcil de ler e interpretar do que na
forma:
corrente medida = 2,54 x 10
-6
2 x 10
-8
A
1
Diz-se que a mdia a somatria dos
valores de x, comeando de i igual a 1 e
terminando em n dividido por n. a
letra grega Sigma.
comum denotar a mdia como x
(diz-se x barra), porm este smbolo
difcil de se obter em datilografia e por
isso tambm se usa x
m
.
Quando se tem uma populao com o
nmero muito grande de dados (n tende
para infinito), o smbolo da mdia
expresso como:
x
n
i
i
n
1
com n
Atravs do conceito dos mnimos
quadrados do erro pode-se demonstrar
matematicamente que a mdia aritmtica
a melhor estimativa do valor verdadeiro
de um dado conjunto de medies.
O instrumentista deve sempre fazer
de duas a cinco replicaes de uma
medio. Os resultados individuais de um
conjunto de medies so raramente os
mesmos e usa-se a mdia ou o melhor
valor para o conjunto. O valor mdio
central sempre mais confivel do que
qualquer resultado individual. A variao
nos dados deve fornecer uma medida da
incerteza associada com o resultado
Faixa dos valores medidos,
P
e
r
c
e
n
t
a
g
e
m
d
o
s
v
a
l
o
r
e
s
Estatstica da Medio
2.10
central. A mdia serve como o valor
central para um conjunto de medies
replicadas.
A mdia de dados aleatrios no
mais aleatria mas determinstica. Por
exemplo, a mdia das somas dos pontos
obtidos pelo lanamento de dois dados
um nmero determinado igual a 7.
O valor mdio tem as seguintes
propriedades matemticas prticas e
teis metrologia:
1. a mdia a melhor estimativa
para um conjunto de medies
disponveis.
2. a mdia tem a mesma dimenso
das medies e fica entre os
valores mnimo e mximo das
medies.
3. quando se multiplica uma varivel
aleatria por uma constante, sua
mdia ser multiplicada pela
mesma constante.
4. a mdia da soma de duas
variveis aleatrias a soma de
suas mdias.
5. se uma constante somada
varivel aleatria, a mesma
constante somada ao seu valor
mdio.
6. a mdia do produto de duas
variveis aleatrias independentes
igual ao produto de seus valores
mdios.
7. mesmo que a distribuio dos
valores seja simtrica, a
distribuio da rea no
simtrica, pois, se 5 est no meio
de 0 e 10, mas 5
2
no est no
meio de 0
2
e 10
2
.
Exemplo
As medies do valor de um resistor
do:
52,3 51,7
53,4 53,1
80,0
O valor mdio destas medies,
desprezando o valor de 80,0 que
grosseiro, vale 52,6 .
R
m
+ + +
52 3 517 53 4 531
4
52 6
, , , ,
,
4.2. Mdia da Raiz da Soma dos
Quadrados
Quando se tem dados com sinais
positivos e negativos e as suas
influncias se somam, no se pode tirar
a mdia aritmtica pois a soma algbrica
dos dados cancelam seus valores. Por
isso, inventou-se a mdia Raiz quadrada
da Soma dos Quadrados (RSQ), que
dada pela expresso:
X x x x
RSQ n
+ + + ( ... )
1
2
2
2 2
Em metrologia, esta relao
matemtica (algoritmo) a mais usada
para determinar o erro final resultante de
vrios erros componentes aleatrios e
independentes entre si.
Em estatstica, o desvio padro ()
calculado atravs de uma relao que
tambm envolve a raiz quadrada da
soma dos quadrados dos desvios de
cada medio (d
i
). Tem-se
+ + + ( ... ) d d d
n
n 1
2
2
2 2
5. Desvios
Como ocorre com as mdias, h
tambm vrios tipos de desvios, embora
o mais usado para medida da preciso
seja o desvio padro.
5.1. Disperso ou Variabilidade
A medida do ponto central isolado no
d uma descrio adequada dos dados
experimentais. Deve-se considerar
tambm a variabilidade ou espalhamento
dos dados. Por exemplo, se algum tem
os ps na geladeira e a cabea no forno,
pode-se dizer que a mdia da
temperatura boa, mas a sensao ser
horrvel, por causa da grande faixa de
espalhamento entre as duas
temperaturas.
Por isso foram desenvolvidos outros
parmetros importantes de dados
experimentais associados ao grau de
espalhamento do conjunto de dados,
como faixa, desvio mdio, varincia,
Estatstica da Medio
2.11
desvio padro, coeficiente de variao,
desvio padro ajustado.
5.2. Faixa (Range)
A faixa ou espalhamento de um
conjunto de dados a diferena entre o
maior e o menor valor do conjunto. A
faixa o modo mais simples para
representar a disperso dos dados. As
desvantagens associadas com a faixa
como medida da disperso so:
1. ela se baseia somente na disperso
dos valores extremos,
2. ela deixa de fornecer informao
acerca do ajuntamento ou disperso dos
valores observados dentro dos dois
valores extremos.
Mesmo assim, ela empregada para
se ter uma idia aproximada da extenso
dos valores espalhados dos dados
disponveis. Ela fundamental nas cartas
para o controle estatstico dos dados.
Por exemplo, para um conjunto de
medies de um comprimento, em mm,
194, 195, 196, 198, 201, 203
o espalhamento igual a 203 - 194 = 9
mm.
O desvio padro para conjuntos com
pequeno nmero de dados (N) pode ser
rapidamente estimado multiplicando-se a
faixa por um fator k (Tab. 8).
No conjunto anterior, o desvio padro
estimado pelo fator k da tabela (N = 6)
igual a 9 x 0,38 = 3,5. O desvio padro
calculo de modo convencional igual a
3,6.
Tab. 8. Fatores para estimar desvio padro da
faixa
N k
2 0,89
3 0,59
4 0,49
5 0,43
6 0,39
7 0,37
8 0,35
9 0,34
10 0,32
5.3. Desvio do Valor Mdio
O desvio a diferena entre cada
medida e a mdia aritmtica. O desvio do
valor mdio indica o afastamento de
cada medio do valor mdio. O valor do
desvio pode ser positivo ou negativo. Os
desvios das medidas x
1
, x
2
, ... x
n
da
mdia aritmtica x
m
so:
d
1
= x
1
- x
m
d
2
= x
2
- x
m
...
d
n
= x
n
- x
m
Teoricamente, a soma algbrica de
todos os desvios de um conjunto de
medidas em relao ao seu valor mdio
zero. Na prtica, nem sempre ele
zero, por causa dos arredondamentos de
cada desvio.
Para as medies da resistncia
acima,
R
i
R
m
d
i
52,3 52,6 -0,3
51,7 52,6 -0,9
53,4 52,6 +0,8
53,1 52,6 +0,5
onde
R
i
o valor de cada resistncia
R
m
o valor mdio das resistncias
d
i
o desvio de cada resistncia
A soma dos desvios no deu zero pois
h um erro de arredondamento, pois a
mdia de 52,63 aproximado para 52.6.
5.4. Desvio Mdio Absoluto
O grau de espalhamento em torno do
valor mdio a variao ou disperso
dos dados. Uma medida esta variao
o desvio mdio. O desvio mdio pode
fornecer a preciso da medio. Se h
um grande desvio mdio, uma
indicao que os dados tomados variam
largamente e a medio no muito
precisa.
O desvio mdio a soma dos valores
absolutos dos desvios individuais,
dividido pelo nmero de medies. Se
fosse tomada a soma algbrica,
respeitando os sinais, e no havendo
Estatstica da Medio
2.12
erros de arredondamento, a soma seria
zero.
O desvio mdio absoluto dado por:
[ ] [ ] [ ]
n
x ... x x
D
n 2 1
+ + +
Exemplo
De novo, a resistncia acima
R
i
R
m
d
i
52,3 52,6 -0,3
51,7 52,6 -0,9
53,4 52,6 +0,8
53,1 52,6 +0,5
O desvio mdio absoluto calculado
tomando-se os d
i
em valor absoluto
(positivo)
D
+ + +
0 3 0 9 0 8 0 5
4
0 67 0 7
, , , ,
, ,
Para distribuies simtricas de
freqncia, h uma relao emprica
entre o desvio mdio e o desvio padro
como:
desvio mdio =
4
5
(desvio padro)
5.5. Desvio Padro da Populao
O desvio mdio de um conjunto de
medies somente um outro mtodo
para determinar a disperso do conjunto
de leituras. O desvio mdio no
matematicamente conveniente para
manipular as propriedades estatsticas
pois sua soma geralmente se anula e por
isso o desvio padro mais adequado e
til para expressar a disperso dos
dados.
O desvio padro de uma populao,
, calculado raiz quadrada da mdia
dos quadrados dos desvios individuais.
Tem-se
( ) x
n
i
2
onde
(x
i
- ) o desvio da mdia da i
a
medio.
n o nmero de dados da populao
total.
O desvio padro pode expressar a
preciso do instrumento que fornece o
conjunto de medies. Quando o desvio
padro () pequeno, a curva da
probabilidade das amplitudes estreita e
o valor de pico grande e as medies
so feitas por um instrumento muito
preciso. Quando o desvio padro ()
grande, a curva da probabilidade das
amplitudes larga e o valor de pico
pequeno e as medies so feitas por
um instrumento pouco preciso. Em
qualquer caso, a rea sob a curva igual
a 1, pois a soma das probabilidades
igual a 1.
5.6. Desvio Padro da Amostra
O desvio padro da amostra com
pequeno nmero de dados (n 20 ou
para alguns, n < 30) ou desvio padro
ajustado dado por:
) 1 n (
) x x (
s
n
1 i
2
i
Usa-se o denominador (n - 1) por que
agora se tem (n - 1) variveis aleatrias e
a n
a
determinada.
O desvio padro usado para medir a
disperso dos dados sobre de uma
lacuna que sua polarizao quando o
nmero de dados pequeno. Por
exemplo, quando se tem somente uma
medida, o valor do desvio se reduz a
zero. Isto implica que a medio no tem
disperso e como conseqncia, no
tem nenhum erro. Obviamente este
resultado altamente polarizado, quando
se toma somente uma medio nos
clculos. Quando se tomam duas ou
mais medies, a polarizao no
paramento diminui progressivamente at
se tornar desprezvel para n grande.
Assim, o valor do desvio padro
ajustado para dar uma estimativa no
polarizada da preciso. Isto conseguido
dividindo-se a soma dos quadrados dos
desvios por (n - 1) em vez de n. Diz-se
que (n-1) o nmero de grau de
liberdade e n o nmero total de
Estatstica da Medio
2.13
observaes. O nmero de graus de
liberdade se refere ao nmero de dados
independentes gerados de um dado
conjunto e usados na computao.
Um conjunto com duas medies tem
somente uma entrada til com relao a
estimativa da disperso em torno da
mdia da populao, por que o conjunto
deve fornecer informao acerca da
disperso e acerca da mdia. Assim,
uma amostra de dois dados fornece s
uma observao independente com
relao disperso. Para uma amostra
de 10 dados, pode-se ter 10 desvios.
Porm, somente 9 so independentes,
por que o ltimo pode ser deduzido do
fato que a soma dos desvios igual a
zero. Assim, um conjunto de n dados
fornece
(n - 1) observaes independentes com
relao ao desvio padro da populao.
De um modo mais geral ainda, tem-se (n
- m) graus de liberdade em um conjunto
com n dados e m constantes.
Na populao, quando m
desconhecido, duas quantidades podem
ser calculadas de um conjunto cm n
dados replicados, x e s. Um grau de
liberdade usado para calcular x ,
porque, retendo os sinais dos desvios, a
soma dos desvios individuais deve ser
zero. Assim, computados (n - 1) desvios,
o ltimo desvio (n
o
) fica conhecido. Como
conseqncia, somente
(n - 1) desvios fornecem medida
independente da preciso do conjunto de
medies. Em pequenas amostras (n <
20), quando se usa n em vez de
(n - 1) para calcular s, obtm-se um valor
menor do que o verdadeiro.
O desvio padro das medies da
resistncia de 0,8 . Como ainda ser
visto, o valor da resistncia deve estar
entre o valor mdio e uma tolerncia de
n desvios padro. O n est relacionado
com o nvel de probabilidade associado.
Assim, o valor da resistncia de 51,6
0,8 (1s) , com 68% de probabilidade ou
51,6 1,6 (2s) com 95% de
probabilidade.
5.7. Frmulas Simplificadas
s vezes, mais cmodo e rpido
calcular os desvios padro da populao
e da amostra com frmulas que
envolvem somente a computao de x
i
2
,
x
i
2
e x
i
. Estas frmulas so:
( )
( ) / x x n
n
i i
2
2
( )
s
x x n
n
i i
2
2
2
1
( ) /
5.8. Desvios da populao e da
amostra
Como o desvio padro da populao
envolve n e o desvio padro da amostra
envolve (n - 1), obtm-se facilmente a
relao entre os dois desvios, como
s
n
n
1
onde o fator
n
n 1
conhecido como
fator de correo de Bessel.
Quando n aumenta, o fator de Bessel
se aproxima de 1, e o s se iguala a . Na
prtica, para n 20, pode-se considerar
s igual a . O desvio padro da amostra
tambm chamado de desvio padro
ajustado.
5.9. Desvio padro de operaes
matemticas
Para uma soma ou diferena, o desvio
padro absoluto da operao a raiz
quadrada da soma dos quadrados dos
desvios padres absolutos individuais
dos nmeros envolvidos na soma ou
subtrao. Ou seja, na computao de
y a s b s c s
a b c
+ ( ) ( ) ( )
o desvio padro do resultado dado
por:
s s s s
y a b c
+ +
2 2 2
Estatstica da Medio
2.14
Para a multiplicao e diviso, o
desvio padro relativa da operao a
raiz quadrada da soma dos quadrados
dos desvios padro relativos dos
nmeros envolvidos na multiplicao e
diviso. Ou seja, na computao de
y
a b
c
o desvio padro relativo a y vale
s
y
s
a
s
b
s
c
y
a b c
j
(
,
\
,
(
+
j
(
,
\
,
(
+
j
(
,
\
,
(
2 2 2
5.10.Coeficiente de variao
Define-se como desvio padro relativo
a diviso do desvio padro absoluto pela
mdia do conjunto de dados. O desvio
padro relativo geralmente expresso
em ppm (parte por mil), multiplicando-se
esta relao por 1000 ppm ou em
percentagem, multiplicando-se a relao
por 100%. O coeficiente de variao (CV)
definido como o desvio padro relativo
multiplicado por 100%:
Como o valor mdio est no
denominador, no de pode usar o
coeficiente de variao quando o valor
mdio se aproxima de zero.
CV (%) =
desvio padro
valor mdio
100%
CV
n
De um modo anlogo, tem-se para uma
n amostras com N dados (N 20),
s
s
n
O desvio padro das mdias uma
melhor estimativa da incerteza interna e
chamado tambm de erro padro
interno.
Pode-se notar que a distribuio
normal das medies de uma amostra
tem menor preciso que a
correspondente distribuio normal da
amostra das mdias da populao. A
distribuio normal das mdias tem um
formato mais estreito e um pico maior
que a distribuio normal de uma
amostra.
Estatstica da Medio
2.15
Fig. 4. Desvio padro das mdias
Deve-se ter o cuidado para no
confundir os nmeros envolvidos.
possvel ter um conjunto com N dados
(base de clculo do desvio padro do
universo),
( ) x
N
i
i
N
2
1
dos quais se tira uma amostra com k
dados (base de clculo do desvio padro
da amostra)
s
x x
k
i
i
k
( )
( )
2
1
1
e se tira a mdia de um n conjuntos de
dados (base de clculo para o desvio
padro das n mdias).
s
s
n
5.12. Varincia
A varincia (V) simplesmente o
quadrado do desvio padro (s
2
). A
varincia tambm mostra a disperso
das medies aleatrias em torno do
valor mdio.
A unidade da varincia o quadrado
da unidade das quantidades medidas.
A varincia (s
2
) definida para
populao muito grande (essencialmente
infinita) de medies replicadas de x.
Tem-se
2
2
1
( ) x x
n
i
i
n
para grandes populaes (n > 20) e onde
n o grau de liberdade da populao.
Tem-se, para pequenas populaes (n <
20)
s
x x
n
i
i
n
2
2
1
1
( )
( )
Enquanto a unidade do desvio padro
a mesma dos dados, a varincia tem a
unidade dos dados ao quadrado. Mesmo
com esta desvantagem, a varincia
possui as seguintes vantagens:
1. ela aditiva,
2. ela no tem os problemas
associados com os sinais
algbricos dos erros,
3. ela emprega todos os valores dos
dados e sensvel a qualquer
variao no valor de qualquer
dado,
4. ela independente do ponto
central ou do valor mdio, por que
ela usa os desvios em relao ao
valor mdio,
5. seu clculo relativamente mais
simples.
Estatstica da Medio
2.16
Exemplo
Sejam os dados obtidos de uma anlise:
Tab. 9. Dados da anlise qumica
x
i
ppm Fe
x x
i
( ) x x
i
2
x
1
19,4 0,38 0,1444
x
2
19,5 0,28 0,0784
x
3
19,6 0,18 0,0324
x
4
19,8 0,02 0,0004
x
5
20,1 0,32 0,1024
x
6
20,3 0,52 0,2704
Efetuando-se os clculos, chega-se a
x
i
= 118,7
( ) x x
i
2
= 0,6284
Mdia
x = 118,7/6 = 19,78 ppm Fe
Desvio padro
s =
i
x
Varincia
s
2
= 0,35
2
= 0,13 (ppm Fe)
2
Desvio padro relativo
x
i
= ppt 18 9 , 17 1000
78 , 19
354 , 0
Coeficiente de variao
x
i
=
0 354
19 78
100% 179 18%
,
,
, ,
Erro absoluto
Assumindo que o valor verdadeiro da
amostra seja de 10,00 ppm Fe:
19,78 - 20,00 = 0,011 ppm Fe
Erro relativo
% 100
00 , 20
00 , 20 78 , 19
= -1,1%
6. Distribuies dos dados
6.1. Introduo
A determinao de probabilidades
associadas com eventos complexos pode
ser simplificada com a construo de
modelos matemticos que descrevam a
situao associada com um evento
particular especfico. Estes modelos so
a distribuio da probabilidade ou funo
probabilidade. A distribuio da
probabilidade pode ser calculada a partir
de dados de amostra retirada da
populao e tambm teoricamente.
Por causa de suas caractersticas, a
distribuio da probabilidade est
relacionada com as distribuies de
freqncia. Porm, na distribuio de
freqncia, as freqncias so nmeros
observados de eventos ocorridos e na
distribuio da probabilidade, a
freqncia derivada da probabilidade
de eventos que podem ocorrer.
6.2. Parmetros da Distribuio
A distribuio das freqncias mostra
os dados em formas e formatos comuns.
Os nmeros tem uma tendncia de se
agrupar e mostrar padres semelhantes.
Estes padres podem ser identificados,
medidos e analisados. Na anlise dos
dados de uma distribuio de
freqncias h quatro parmetros
importantes: tendncia central,
disperso, assimetria e kurtosis
Tendncia central
A tendncia central a caracterstica
que localiza o meio da distribuio. A
tendncia central natural a mdia dos
pontos. As curvas podem ter diferentes
simetrias e disperses, mas a mesma
tendncia central. Tambm, pode-se ter
curvas com a mesma simetria e mesma
disperso, mas com diferente tendncia
central.
Disperso
Disperso a caracterstica que indica
o grau de espalhamento dos dados. A
disperso tambm chamada de
variao.
Assimetria (Skewness)
Skewness a caracterstica que
indica o grau de distoro em uma curva
simtrica ou o grau de assimetria. Uma
curva simtrica possui os lados direito e
esquerdo da lei de centro iguais. Os dois
lados de uma curva simtrica so
imagens espelhadas de cada lado. Uma
curva se distorce para a direita quando a
Estatstica da Medio
2.17
maioria dos valores esto agrupados no
lado direito da distribuio.
Curtose (Kurtosis)
A curtose (kurtosis) a caracterstica
que descreve o pico em uma distribuio.
uma medida relativa para comparar o
pico de duas distribuies. Uma maior
curtose significa um pico maior de
freqncia relativa, no maior quantidade
de dados.
H trs classes de curtose: platicrtica
(curva plana e esparramada),
leptocrtica (curva com pico estreito e
alto) e mesocrtica (intermediria entre
as duas outras).
6.3. Tipos de distribuies
H trs distribuies de probabilidade
usadas:
1. binomial
2. retangular
3. normal.
Distribuio Binomial
A distribuio binomial se refere a
variveis discretas e se aplica,
principalmente, contagem de eventos,
onde as duas sadas possveis podem
ser sucesso ou falha, pea normal ou
defeituosa.
Sendo
n o nmero de tentativas,
p a probabilidade de sucesso em cada
tentativa,
q a probabilidade de falha em cada
tentativa,
P(x) a probabilidade de se obter x
sucessos,
P x C p q
x
n x n x
( ) ( )( )
onde
)! x n ( ! x
! n
C
n
x
C
x
n
a combinao de n elementos
tomados x vezes
n! o fatorial de n, n! = n.(n-1)(n-
2)...3.2.1
Para evitar os enfadonhos clculos,
principalmente quando n for grande,
pode-se usar tabelas disponveis na
literatura tcnica, onde se determina P(x)
a partir de n, x.
Distribuio Retangular
Na distribuio retangular os valores
possveis so igualmente provveis. Uma
varivel aleatria que assume cada um
dos n valores, x
1
, x
2
, ...,x
n
com igual
probabilidade de 1/n.
Em metrologia, os erros sistemticos
possuem distribuio retangular de
probabilidade. Para qualquer valor da
medio, ele constante.
Fig. 5. Distribuio retangular
6.4. Distribuio normal ou de Gauss
Conceito
A distribuio normal uma
distribuio contnua de probabilidade,
fundamental para a inferncia estatstica
e anlise de dados. Sua importncia vem
dos seguintes fatos:
1. muitos fenmenos fsicos e muitos
conjuntos de dados seguem uma
distribuio normal. Por exemplo,
as distribuies de freqncia de
alturas, pesos, leituras de
instrumentos, desvios em torno de
valores estabelecidos seguem a
distribuio normal.
2. pode-se mostrar que vrias
estatsticas de amostras (como a
mdia) seguem a distribuio
normal, mesmo que a populao
de onde foram tiradas as amostras
no seja normal.
3. mesmo a distribuio binomial
tende para a distribuio normal,
quando o nmero de dados
aumenta muito. E os clculos
relacionados com a distribuio
binomial so muito mais complexos
que os empregados pela
distribuio normal.
1/A
A
Estatstica da Medio
2.18
4. a distribuio normal possui
propriedades matemticas precisas
e idnticas para todas as
distribuies normais.
Fig. 6. Distribuio normal ou de
Gauss
Relao matemtica
Quando se tem uma varivel continua,
a funo distribuio normal ou funo
de Gauss tem a seguinte expresso
matemtica, envolvendo os nmeros
naturais 2, e exponencial de e:
]
]
]
]
,
,
,
(
,
\
,
(
j
2
x
2
1
exp
2
1
) x ( F
A expresso matemtica para uma
amostra pequena, tem-se:
F x
s
x x
s
( ) exp
j
(
,
\
,
(
,
,
,
]
]
]
]
1
2
1
2
2
Quando a varivel for discreta, pode-
se construir a curva a partir dos dados.
No eixo x, colocam-se os valores dos
dados divididos em classes e no eixo y, o
nmero de vezes que aparecem os
dados. Quando o nmero de dados
muito grande (tendendo para infinito) e
sujeito somente s variaes aleatrias,
os dados produzidos caem dentro da
curva de distribuio normal. Os erros
aleatrios de uma medio formam uma
distribuio normal por que eles resultam
da superposio mtua de uma grande
quantidade de pequenos erros
independentes que no podem ser
considerados separadamente.
Caractersticas
O formato de uma curva de
distribuio de probabilidade normal
simtrico e como um sino. A curva de
distribuio deve ter as seguintes
caractersticas:
1. simtrica em relao mdia,
indicando que os erros negativos
de determinado valor so
igualmente freqentes quanto os
positivos,.
2. formato mostrando que ocorreram
muitos desvios pequenos e poucos
desvios grandes,
3. valor de pico mximo igual ao valor
verdadeiro (exata) ou distante (no
exata).
4. pontos de inflexo da curva so
x x
5. por causa da simetria da curva, a
mediana igual mdia e como a
mdia ocorre no pico da densidade
de probabilidade, ele tambm
representa a moda. Tem-se mdia
= moda = mediana.
6. o eixo x uma assntota da curva.
7. quando normalizada, a rea total
sob a curva igual a 1 englobando
100% dos eventos.
8. para o mesmo valor mdio, a
distribuio tem um pico estreito
para pequenos valores do desvio
padro e larga para grandes
valores do desvio padro. Como a
rea sempre igual a 1, quando o
formato for mais estreito, o pico
maior.
9. a equao do valor mximo da
densidade de probabilidade vale:
p x
max
( )
,
1
2
0 399
10. a probabilidade que o valor mdio
x fique entre um intervalo de x
1
e x
2
a
rea debaixo da curva distribuio neste
intervalo.
Aplicaes
Pode-se determinar a probabilidade
de as medies replicadas carem dentro
de determinada faixa em torno da mdia.
Esta probabilidade serve como medida
da confiabilidade da medio em relao
Estatstica da Medio
2.19
aos erros aleatrios. Os limites de
confiana servem para definir a faixa do
erro aleatrio da medio.
Para estabelecer se os erros
aleatrios ou desvios se aproximam da
distribuio de Gauss, so feitos testes
de homogeneidade. Estes testes
fornecem meios para
1. detectar se as diferenas entre os
conjuntos de medies so devidas
a uma razo real (sistemtica) ou
aleatria,
2. detectar uma chance em um
caracterstica de distribuio,
3. avaliar as diferentes medies,
distinguindo as mais e menos
confiveis,
4. distinguir os erros dependentes e
correlatos.
rea Sob a Curva de Erro Normal
A rea total sob a curva de
distribuio normal 1, entre os limites -
e + pois todos os resultados caem
dentro dela. Independente de sua
largura, tem-se 68,3% da rea sob a
curva do erro normal fica dentro de um
desvio padro () a partir da mdia. Ou
seja, 68,3% dos dados que formam a
populao ficam dentro destes limites.
Do mesmo modo, 95,5% de todos os
dados caem dentro dos limites de 2 da
mdia e 99,7% caem dentro de 3.
Tab. 10 Limites para grandes populaes
Limites Percentagem Probabilidade
0,67
50,0 0,500
1,00
68,3 0,683
1,29
80,0 0,800
1,64
90,0 0,900
1,96
95,0 0,950
2,00
95,4 0,954
2,58
99,0 0,990
3,00
99,7 0,997
Por causa destas relaes de rea, o
desvio padro de uma populao de
dados um ferramenta til de previso.
Por exemplo, pode-se dizer h uma
probabilidade de 68,3% que a incerteza
de qualquer medio isolada no seja
maior que 1. Do mesmo modo, a
chance de 95,5% que o erro seja
menor que 2.
Fig. 7. Limites da distribuio
Distribuio Normal, Preciso e
Exatido
A anlise do formato da curva de
distribuio normal das medies pode
mostrar a distino entre exatido e
preciso. As medies de um
instrumento muito preciso, quando
pilotadas, do uma curva de distribuio
estreita e com o pico grande. As
medies de um instrumento pouco
preciso do uma curva de distribuio
larga e com o pico pequeno. Quando a
largura aumenta, o valor do pico deve
diminuir, porque a rea sob a curva
igual a 1.
As medies muito exatas de um
instrumento, quando pilotadas, do uma
curva de distribuio com o valor mdio
prximo do melhor valor estimado. Ou
seja, a soma dos quadrados dos desvios
dos dados de seus valores estimados
mnimo (princpio dos mnimos
quadrados). Quando as medies so
pouco exatas, a sua curva de distribuio
tem o valor mdio distante do melhor
Estatstica da Medio
2.20
valor estimado. Ou seja, a soma dos
quadrados dos desvios dos dados de
seus valores estimados maior que o
mnimo.
Deste modo possvel ter quatro
combinaes de boa, ruim, preciso e
exatido.
As medies so muito exatas e o
instrumento muito preciso quando a
curva estreita, o pico elevado e o
valor mdio igual (ou prximo) do valor
verdadeiro.
No preciso e no exato No preciso e
exato
Fig.8. - Exatido
As medies so pouco exatas e o
instrumento muito preciso quando a
curva estreita, o pico elevado e o
valor mdio distante do valor
verdadeiro.
As medies so muito exatas e o
instrumento pouco preciso quando a
curva larga, o pico baixo e o valor
mdio igual (ou prximo) do valor
verdadeiro.
As medies so pouco exatas e o
instrumento pouco preciso quando a
curva larga, o pico baixo e o valor
mdio distante do valor verdadeiro.
Preciso e no exato Preciso e exato
Fig.9. Preciso
Distribuio Normal e Erro Provvel
Se um conjunto aleatrio de erros em
torno de um valor mdio examinado,
acha-se que sua freqncia de
ocorrncia relativa ao seu tamanho
descrita por uma curva conhecida como
a curva de Gauss ou a curva do sino.
Gauss foi o primeiro a descobrir a
relao expressa por esta curva. Ela
mostra que a ocorrncia de pequenas
desvios aleatrios da mdia so muito
mais provveis que grandes desvios. Ela
tambm mostra que estes grandes
desvios so muito improvveis.
O desvio padro de uma distribuio
normal
1. mede o espalhamento da medio
em uma dada entrada
2. tem a mesma unidade da medio
3. a raiz quadrada da mdia da
soma dos quadrados dos desvios
de todas as medies possveis da
mdia aritmtica verdadeira.
A curva tambm indica que os erros
aleatrios so igualmente provveis
serem positivos e negativos. Quando se
usa o desvio padro para medir o erro,
pode-se usar a curva para determinar
qual a probabilidade de um erro ser
maior ou menor que um certo valor
para cada observao.
Pode-se calcular o erro provvel
quando se tem apenas uma medio.
Como o erro aleatrio pode ser positivo
ou negativo, um erro maior que 0,675
provvel em 50% das observaes.
Assim, o erro provvel de uma medio
e = 0,675
Assim, uma medio possui trs
partes:
1. um valor indicado
2. uma margem de incerteza ou erro
ou tolerncia, que o intervalo de
confiana, expresso em n, onde n
uma constante e o desvio padro
3. uma probabilidade, que a
indicao da confiana que se tem
quanto ao erro real estar dentro da
margem de incerteza escolhida; p. ex.,
99,73% quando se escolhe a margem de
3.
desvio
desvio
desvio
Estatstica da Medio
2.21
Distribuio Normal Padro
Existe uma infinidade de curvas e
funes distribuio normal, diferentes
de acordo com o valor da mdia central
() e do desvio padro (). O desvio
padro para a populao que produz a
curva mais larga e com menor pico (B)
o dobro do desvio padro da curva mais
estreita com o pico maior (A). O eixo dos
x das curvas em afastamento da mdia
em unidades de medio (x - ).
Plotando as mesmas curvas, porm
usando como abcissa o desvio da mdia
em mltiplos de desvio padro [(x-)/]
obtm-se uma curva idntica para os
dois conjuntos de dados.
Qualquer distribuio normal pode ser
transformada em uma forma padro
(standard). Para fazer isso, a varivel x
expressa como o desvio de sua mdia
e dividida por seu desvio padro , ou
seja, muda-se a varivel x para outra
varivel z dada por:
z
x
Para uma amostra da populao, tem-se
z
x x
s
A varivel z o desvio da mdia dado
em unidades de desvio padro. Assim,
quando
(x - ) = , z igual a um desvio
padro;
Quando (x - ) = 2, z igual a dois
desvios padro.
Quando se tem uma particular
destruio normal de uma varivel
aleatria x, com uma dada mdia () e
desvio padro (), achar a probabilidade
de x cair dentro de um determinado
intervalo equivalente a encontrar a rea
debaixo da curva limitada pelo intervalo.
Porm, pode-se achar diretamente esta
rea das tabelas de distribuio normal
padro.
A curva da distribuio normal padro
apresenta as seguintes propriedades:
1. A mdia ocorre no ponto central de
mxima freqncia e vale zero ( = 0).
2. O desvio padro igual a 1 ( = 1).
2. H uma distribuio simtrica de
desvios positivos e negativos em torno
da mdia.
3. H uma diminuio exponencial na
freqncia quando o valor dos desvios
aumenta, de modo que pequenas
incertezas so observadas muito mais
freqentemente que as incertezas
grandes.
A estatstica z normalizada e sua
expresso matemtica vale
(
(
,
\
,
,
(
j
2
2
z
e
2
2
) z ( F
7. Intervalos Estatsticos
O valor exato da mdia de uma
populao de dados, , nunca pode ser
determinado exatamente por que tal
determinao requer um nmero infinito
de medies. O que se faz tirar uma
amostra significativa da populao, com
n dados (n > 20) e achar a mdia
aritmtica dos dados desta amostra, .
Na prtica, usa-se uma amostra com (n <
20) e tem-se a mdia x . Nesta situao,
a teoria estatstica permite estabelecer
limites em torno da mdia da amostra, x ,
e garantir que a mdia da populao, ,
caia dentro destes limites com um dado
grau de probabilidade. Estes limites so
chamados de limites de confiana e o
intervalo que eles definem conhecido
como o intervalo de confiana. Estes
limites so determinados multiplicando-
se o desvio padro disponvel (da
populao ou da amostra) por um fator
de cobertura, f, que est associado com
um grau de probabilidade, P%. Os limites
de confiana definem um intervalo em
torno da mdia da amostra que
provavelmente contem a mdia da
populao total.
7.1. Intervalo com n grande (n > 20)
Quando se tem n > 20, a mdia das
medies e o desvio padro . A
medio pode ser reportada como:
x f (P%)
onde
Estatstica da Medio
2.22
x o valor da medio
x o valor mdio das n medies
f o fator de cobertura associado a
P%
o desvio padro da populao
P% a probabilidade
Pode-se dizer, com uma probabilidade
de acerto de P% que a medio x se
encontra entre os limites:
- f < x < + f
Por exemplo, para uma probabilidade
de 95%, o fator de cobertura 2. Isto
significa que quando se tem uma
medio com n replicaes, (n > 20) com
desvio padro e mdia , ento a
medio x pode ser reportada como
x 2 (95%)
ou
- 2 < x < + 2 (95%)
7.2. Intervalo com n pequeno (n < 20)
Quando a amostra tem um nmero
pequeno de dados, n < 20, a mdia se
torna x , o desvio padro se torna s,
torna-se s. As equaes passam para
x x fs (P%)
ou
x - fs < x < x + fs
Para o exemplo de probabilidade de
95%, para a amostra (n 20) com mdia
x , a medio pode ser reportada como
x x s 2 (95%)
x - 2s < x < x + 2s
(95%)
7.3. Intervalo com n muito pequeno (n
< 10)
Populaes com n muito grande (n >
20) requerem muito tempo para a
computao de seus parmetros e h
uma grande probabilidade de enganos
nos clculos. mais pratico e rpido
trabalhar com populaes com nmero
pequeno de dados (n < 10), por exemplo
5 medies. Foram desenvolvidos
mtodos cientficos para tornar mnimos
os erros quando se manipulam amostras
com pequeno nmero de dados.
Neste caso, o desvio padro aumenta,
pois ele inversamente proporcional a n,
e tambm a incerteza aumenta. Agora, o
fator de cobertura dado pelo t do
Student, que
x x ts
ou
x - ts < x < x + ts (P%)
t obtido de uma tabela que relaciona o
seu valor, a probabilidade associada e o
nmero de medies replicadas.
O parmetro estatstico t chamado
de t do Student, por que Student foi o
pseudnimo usado por W. S. Gosset,
quando ele escreveu o artigo clssico, t,
que apareceu na revista Biometrika,
1908, Vol. 6, Nr. 1. Gosset era
empregado da Guinness Brewery e sua
funo era analisar estatisticamente os
resultados da anlise de seus produtos.
Com o resultado de seu trabalho, ele
descobriu o famoso tratamento
estatstico de pequenos conjuntos de
dados. Para evitar problemas com
segredos profissionais, Gosset publicou
o papel sob o pseudnimo Student.
A distribuio t-Student tem formato
semelhante ao da distribuio normal,
exceto que mais achatada e se espalha
mais progressivamente para valores
pequenos de n. O teste t permite
descobrir se toda a variabilidade em um
conjunto de medies replicadas por ser
atribuda ao erro aleatrio.
Os valores de t caem muito
rapidamente no incio e depois caem
lentamente. Aumentar o nmero de
replicaes da medio custa tempo e
nem sempre o ganho significativo. O
nmero compromisso sugere trs a
quatro replicaes
Estatstica da Medio
2.23
Tab. 12. Tabela Resumida de t
t
50
t
90
t
95
t
99
1 1,00 6,31 12,71 63,66
2 0,82 2,92 4,30 9,92
3 0,76 2,35 3,18 5,84
4 0,74 2,13 2,78 4,60
5 0,73 2,02 2,57 4,03
6 0,72 1,94 2,45 3,71
7 0,71 1,90 2,36 3,50
8 0,71 1,86 2,31 3,36
9 0,70 1,83 2,26 3,25
10 0,70 1,81 2,23 3,17
15 0,69 1,75 2,13 2,95
20 0,69 1,72 2,09 2,84
30 0,68 1,70 2,04 2,75
60 0,68 1,67 2,00 2,66
0,68 1,64 1,96 2,58
= (n-1), grau de liberdade
= (1 - intervalo de confiana)
onde
t
P
o coeficiente de confiana, obtido
de tabelas, a partir do grau de liberdade
() e da probabilidade (P%).
O grau de liberdade () dado por n-
1, onde n o nmero de dados da
amostra e a probabilidade (P).
Por exemplo, para 5 replicaes (grau
de liberdade 4), probabilidade de 95%, t
vale 2,78 (Tab. 12) e se tem
2,78 s < x < 2,78 s
7.4. Intervalo para vrias amostras
Quando se tem n conjuntos de
amostras com N dados (N 20), ento
se obtm o desvio padro das mdias
( s
x
) e o fator de cobertura pode ser
menor, porque o desvio padro das
mdias das amostras mais confivel
que o desvio de apenas uma amostra.
Neste caso, divide-se o fator de
cobertura, f, por n . Por exemplo, para
probabilidade de P%, tem-se:
x f
s
n
x x f
s
n
x x
< < + (P%)
Quando o nmero de dados de cada
amostra pequeno, o fator de cobertura
se torna o t
P
do Student e tem-se:
x x t
s
n
P
(P%)
Exemplo
Para o conjunto de medies abaixo,
determinar:
1. mdia
2. desvio padro estimado
3. desvio padro relativo percentual
4. como os dados devem ser
relatados para um nvel de 99% de
confiana?
Tab. 13. Resultados
Medies Media Desvio
46,25 46,32 -0,07
46,40 46,32 +0,08
46,36 46,32 +0,04
46,28 46,32 -0,04
Respostas
1. Mdia
4
28 , 46 36 , 46 40 , 46 25 , 46
x
+ + +
2. Desvio padro estimado
s = 0,0695
3. Coeficiente de variao
% 15 , 0 % 100
32 , 46
0695 , 0
CV
4. Probabilidade de 99%, tem-se
= 0,01
Grau de liberdade (4-1) = 3
Da tabela, tem-se
t = 5,84
Ento o melhor valor da mdia
20 , 0 32 , 46
4
0695 , 0 4 , 5
32 , 46
Estatstica da Medio
2.24
8. Conformidade das Medies
8.1. Introduo
Mesmo com mtodos vlidos,
instrumentos calibrados e procedimentos
cuidadosos, ainda h erros aleatrios e
longe da mdia. No so sistemticos
nem aleatrios, mas grosseiros. Um
dado com erro grosseiro marginal
(outlier). Quando se encontra um erro
marginal, deve-se:
1. retira-lo do conjunto de dados
2. identifica-lo
3. dar razes para sua rejeio ou
reteno, p. ex., por um teste Q.
Quando um conjunto de dados
contem um resultado marginal que difere
excessivamente da mdia, a deciso que
deve ser tomada rejeitar ou reter o
dado. A escolha do critrio para rejeitar
um resultado suspeito tem seus perigos.
Se estabelece uma norma rigorosa que
torna a rejeio difcil, corre-se o risco de
reter resultados que so esprios e tem
um efeito indevido na mdia. Se
estabelecem limites indulgentes na
preciso e torna fcil a rejeio,
provavelmente se jogar fora medies
que certamente pertencem ao conjunto,
introduzindo um erro sistemtico aos
dados. Infelizmente, no existe uma
regra para definir a reteno ou rejeio
do dado.
Fig. 10. Pontos suspeitos ou outliers
8.2. Teste Q
No teste Q, o valor absoluto (sem
considerar o sinal) da diferena entre o
resultado questionvel e seu vizinho mais
prximo dividido pela largura de
espalhamento do conjunto inteiro d a
quantidade Qexp
Q
x x
w
q n
exp
Se Qexp > Qcrit, rejeite o dado
questionvel.
Se Qexp < Qcrit, retenha o dado
questionvel.
8.3. Teste do
2
(qui quadrado)
O teste de
2
(l-se qui quadrado)
usado para verificar se um fenmeno
observado se comporta como um modelo
esperado ou terico. Por exemplo, ele
pode ser usado para comparar o
desempenho de mquinas ou outros
itens. A vida til de lmpadas,
localizaes da linha de centro de furos
em placas, localizaes de tiros de
artilharia e misses de bombardeio
seguem a distribuio
2.
Quando se obtm um conjunto de
medies, assume-se que as medies
so uma amostra de alguma distribuio
conhecida, por exemplo, a normal. Para
comparar as diferentes partes da
distribuio observada, subdividem-se os
dados em um nmero de n classes e
determina-se a freqncia observada em
cada classe. Depois, estima-se a
freqncia esperada de cada classe,
assumindo que a distribuio est de
conformidade com a distribuio original,
por exemplo, a normal, atravs dos
seguintes passos:
1. calcule o valor mdio e o desvio
padro,
2. para cada intervalo da classe,
assuma uma varivel normal padro z
h
e
z
l
para os limites superior e inferior,
respectivamente,
3. da tabela da distribuio normal,
determine as probabilidades da funo
entre (0 e z
h
) e (0 e z
l
).Os valores
dependem se tomado apenas um lado
ou os dois lados da curva.
Estatstica da Medio
2.25
4. a soma dos valores acima d a
probabilidade no dado intervalo, se o
limite superior estiver entre (0 e +) e o
limite inferior estiver entre (0 e -) e vice-
versa. A diferena dos valores acima d
a probabilidade se os dois limites cairem
ou entre (0 e +) ou (0 e -),
5. multiplique a probabilidade da
distribuio em um dado intervalo de
classe pelo nmero total de observaes
para obter a freqncia esperada de
ocorrncias da varivel neste intervalo,
6. como a soma das freqncias
esperadas em todas as classes no
necessariamente igual ao numero total
de observaes, pois os
arredondamentos devidos interpolao
na tabela das probabilidades provocam
pequenas diferenas, usa-se um fator de
correo para fazer a soma das
freqncias esperadas igual ao nmero
de observaes.
7. a partir das freqncias esperadas
em vrias classes, determina-se o
parmetro
2
pela equao
(n-m)
2
( ) f f
f
e o
ei i
n
1 1
2
1
onde
n o nmero de valores que so
somados para produzir o valor de
2
m o nmero de constantes usadas
no clculo das freqncias esperadas
(n - m) o grau de liberdade, com
ndice .
f
e1
, f
e2
, ...f
en
so as n freqncias
esperadas,
f
o1
, f
o2
, ...f
on
so as n freqncias
observadas
Pode tambm se falar de uma
distribuio
2
, definida como:
( )
O E
E
i i
i
,
,
]
]
]
]
2
onde
O
i
a freqncia da ocorrncia
observada no i
o
intervalo de classe
E
i
a freqncia da ocorrncia
esperada no i
o
intervalo de classe ,
baseada em uma hiptese ou
distribuio.
O objetivo determinar se as
freqncias observadas e esperadas
esto prximas o suficiente para se
concluir se elas so provenientes de
mesma distribuio de probabilidade.
O numerador da expresso de
2
representa os quadrados dos desvios
entre as freqncias esperadas e
observadas nas n classes e sempre
positivo. Estes valores so normalizados
em cada classe, dividindo-os pela
respectiva freqncia esperada de cada
classe.
A mesma ordem de desvio nas
freqncias esperadas e observadas
causa relativamente maior contribuio
no parmetro
2
nas extremidades da
curva dos dados normalmente
distribudos, em comparao com os
valores prximos do valor mdio da
curva. Isto explicado pelo fato de os
valores relativamente grandes das
freqncias esperadas prximas do valor
mdio dos dados estarem no
denominador de
2
.
Para evitar que as contribuies
anormalmente grandes no parmetro 2
quando as freqncias esperadas forem
pequenas, deve-se reagrupar as vrias
classes, de modo que a freqncia
esperada em cada classe no seja
menor que 5.
Se a distribuio da amostra est de
conformidade com a distribuio terica
assumida, deve-se ter
2
= 0
.
Quanto
maior o valor de
2
, maior a
discordncia entre a distribuio
esperada e os valores observados.
Quanto maior o valor de
2
, menor a
probabilidade que a distribuio
observada satisfaa a distribuio
observada. Deste modo, o parmetro
2
muito til na anlise estatstica dos
dados, para avaliar a validade dos dados.
Para a aplicao do teste do
2
,
1. determine o valor de
2
para os
dados disponveis
2. determine os valores dos graus de
liberdade F que igual a (n - m),
3. determine a probabilidade de a
medio real estar de conformidade com
Estatstica da Medio
2.26
a distribuio esperada a partir das
tabelas de
2
ou do diagrama
2
- F.
Exemplo
Os coeficientes de atrito entre o vidro
e a madeira foram medidos no
laboratrio com uma tcnica livre de
erros sistemticos. Os dados obtidos
so:
Tab. 14 - Coeficientes e freqncia
Coeficiente Freqncia observada
0,44-0,46 3
0,46-0,48 10
0,48-0,50 12
0,50-0,52 16
0,52-0,54 10
0,54-0,56 6
0,56-0,58 3
Determinar se os valores dos
coeficientes de atrito seguem a
distribuio normal ou no. Os valores do
teste
2
at o nvel de 10%.
Soluo
1. Determinao do valor mdio e do
desvio padro:
x = 0,51
s = 0,03062
2. Usando a tabela da Distribuio
Normal, determinam-se as
probabilidades entre os intervalos das
diferentes classes.
Tab. 15 - Tabela de freqncias
# Classe f
oi
z
l
z
h
P(z
l
) P(z
h
) P( z) f
ei
1 0,44-0,46 3 -2,178 -1,525 0,485 0,4364 0,0489 2,99
2 0,46-0,48 10 -1,525 -0,872 0,436 0,3084 0,1280 7,83
3 0,48-0,50 12 -0,872 -0,219 0,308 0,0864 0,2217 13,57
4 0,50-0,52 16 -0,219 0,434 0,086 0,1678 0,2545 15,57
5 0,52-0,54 10 0,434 1,088 0,167 0,3617 0,1939 11,87
6 0,54-0,56 6 1,088 1,741 0,361 0,4592 0,0975 5,97
7 0,56-0,58 3 1,741 2,394 0,459 0,4952 0,0360 2,20
Na tabela acima, as freqncias
esperadas da primeira e ltima classe
so menores que 5 e por isso elas
devem ser combinadas com as classes
adjacentes para faz-las maiores que 5 e
obtm os seguintes clculos:
Tab. 16 - Freqncias
# f
oi
f
ei
f
oi
-f
ei
(f
oi
-f
ei
)
2
/f
ei
1 13 10,82 2,18 0,439
2 12 13,57 -1,57 0,182
3 16 15,57 0,43 0,012
4 10 11,87 -1,87 0,295
5 9 8,17 8,83 0,084
Total: 1,012
Obtm-se
2
= 1,012
O nmero de grau de liberdade F (n-
m).
No problema, o nmero de termos que
so somados para dar
2
n = 5. O
nmero m igual ao nmero de
quantidades obtidas das observaes
que so usadas no clculos das
freqncias esperadas. No problema, m
= 3, porque h trs quantidades: nmero
total de observaes, o valor mdio e o
desvio padro dos dados que so usados
no clculo das freqncias esperadas,
ento F = 5 - 3 = 2
Para 2 graus de liberdade, o valor de
2
ao nvel de 10% de probabilidade do
2
, da tabela, tem-se 4,605. Como o valor
de
2
= 1,012 no muito grande e
como a probabilidade P(
2
) = 0,62
(obtida da curva onde
2
=1,012 e F = 2)
est entre 0,1 e 0,9, resulta que os dados
devem ser aceitos ou que os dados
esto conforme a distribuio normal.
8.4. Teste de Chauvenet
O teste de Chauvenet estabelece que
uma leitura pode ser rejeitada se a
probabilidade de se obter um desvio
particular da mdia menor que 1/2n,
onde n o nmero de observaes. A
tabela d o valor do desvio do ponto para
mdia que deve ser excedido para
rejeitar este ponto. Assim que todos os
pontos esprios so rejeitados, calcula-
se uma nova mdia e um novo desvio
padro para a amostra.
2
est abaixo do limite inferior
prescrito, ento o resultado
significante e os dados da amostra
so considerados inteiramente
diferentes da distribuio
assumida. Neste caso, o parmetro
2
muito grande.
3. Se o valor de
2
muito pequeno e
prximo de zero, ento a
probabilidade pode exceder o limite
superior de 0,9. Embora isso seja
difcil de se encontrar, na prtica,
quando ocorrer, os dados so
considerados suspeitosamente
bons.
8.7. No-Conformidades
As recomendaes para o tratamento
de um pequeno conjunto de resultados
que contem um valor suspeito so:
1. Reexaminar cuidadosamente todos
os dados relacionados com o
outlier para ver se um erro
grosseiro afetou seu valor.
2. Se possvel, estimar a preciso que
pode ser razoavelmente esperada
para estar seguro que o resultado
suspeito realmente questionvel.
3. Repetir a anlise, se for possvel. A
concordncia ou discordncia entre
o dado novo e o original suspeito
serve para manter ou rejeitar o
dado suspeito.
4. Se no se tem nenhum dado
adicional, aplicar o teste Q ao
conjunto existente para ver se o
resultado duvidoso deve ser retido
ou rejeitado em base estatstica.
5. Se o teste estatstico indicar a
reteno, considerar a mediana no
lugar da mdia do conjunto. A
mediana tem a grande virtude de
permitir a incluso de todos os
dados em um conjunto sem
influncia indevida de um valor
suspeito.
3.1
3
Quantidades Medidas
Objetivos de Ensino
1. Conceituar as quantidades fsicas quanto a energia e propriedades: intensivas ou
extensivas, variveis ou constantes, continuas ou discretas, mecnicas ou eltricas,
dependentes ou independentes.
2. Apresentar os conceitos e notao da funo e da correlao. Mostrar a funo linear.
3. Listar as sete quantidades fsicas de base e as duas complementares, mostrando
seus conceitos, unidades e padres.
4. Listar as quantidades fsicas derivadas mais comumente encontrada na Engenharia,
de natureza mecnica, eltrica, qumica e de instrumentao, mostrando seus
conceitos, unidades, padres e realizao fsica.
1. Quantidade Fsica
1.1. Conceito
Quantidade qualquer coisa que possa ser
expressa por um valor numrico e uma unidade de
engenharia. Como exemplos,
1. massa uma quantidade fsica
expressa em kilogramas;
2. velocidade uma quantidade fsica
expressa em metros por segundo e
3. densidade relativa uma quantidade
fsica adimensional.
O crculo no uma quantidade fsica,
pois caracterizado por uma certa forma
geomtrica que no pode ser expressa
por nmeros. O crculo uma figura
geomtrica. Porem, a sua rea uma
quantidade fsica que pode ser expressa
por um valor numrico (p. ex., , 5) e uma
unidade (p. ex., metro quadrado).
Muitas noes que antes eram consideradas
somente sob o aspecto qualitativo foram
recentemente transferidas para a classe de
quantidade, como eficincia, informao e
probabilidade.
1.2. Valor da quantidade
O valor uma caracterstica da
quantidade que pode ser definida
quantitativamente. O valor tambm
chamado de dimenso, amplitude,
tamanho. Para descrever satisfatoriamente
uma quantidade para um determinado
objetivo, os valores de interesse devem ser
identificados e representados
numericamente. Cada valor medido e
expresso em unidades. A unidade tem um
tamanho relativo e subdivises que so
diferentes entre os diversos sistemas de
medio.
Pode-se somar ou subtrair somente
quantidades de mesma dimenso e
unidade, sendo a unidade do resultado
igual unidade das parcelas. Pode-se
multiplicar ou dividir quantidades de
quaisquer dimenses e a dimenso do
resultado o produto ou diviso das
parcelas envolvidas.
Quantidades Medidas
3.2
possvel se ter quantidades
adimensionais ou sem dimenso.
Geralmente so definidas como a diviso
ou relao de duas quantidades com
mesma dimenso; o resultado sem
dimenso ou adimensional. Uma
quantidade adimensional caracterizada
completamente por seu valor numrico.
Exemplo de quantidade adimensional a
densidade relativa, definida como a diviso
da densidade de um fluido pela densidade
da gua (lquidos) ou do ar (gases). Em
instrumentao h vrios nmeros
adimensionais teis como nmero de
Reynolds, Mach, Weber, Froude. O valor
numrico da quantidade, associado
unidade tambm adimensional. Por
exemplo, no comprimento 10 metros (10
m), 10 um nmero adimensional e
metros a unidade de comprimento
usada, cujo smbolo m.
1.3. Classificao das Quantidades
As quantidades possuem caractersticas
comuns que permitem agrup-las em
diferentes classes, sob diferentes
aspectos.
Quanto aos valores assumidos, as
quantidades podem ser variveis ou
constantes, contnuas ou discretas.
Sob o ponto de vista termodinmico, as
variveis podem ser intensivas ou
extensivas. Em outras palavras, elas
podem ser variveis de quantidade ou de
qualidade.
Com relao ao fluxo de energia
manipulada, as variveis podem ser
pervariveis ou transvariveis.
Sob o ponto de vista de funo, as
variveis podem ser independentes ou
dependentes.
Obviamente, estas classificaes se
superpem; por exemplo, a temperatura
uma quantidade varivel contnua de
energia intensiva, transvarivel; a corrente
eltrica uma varivel continua de
quantidade, extensiva e pervarivel.
Para se medir corretamente uma
quantidade fundamental conhecer todas
as suas caractersticas. A colocao e a
ligao incorretas do medidor podem
provocar grandes erros de medio e at
danificar perigosamente o medidor.
Na elaborao de listas de quantidades
do processo que impactam a qualidade do
produto final tambm necessrio o
conhecimento total das caractersticas da
quantidade.
Energia e Propriedade
As variveis de quantidade e de taxa de
variao se relacionam diretamente com
as massas e os volumes dos materiais
armazenados ou transferidos no processo.
As variveis extensivas independem das
propriedades das substncias. Elas
determinam a eficincia e a operao em
si do processo. As variveis de quantidade
incluem volume, energia, vazo, nvel,
peso e velocidade de maquinas de
processamento.
As variveis de energia se relacionam
com a energia contida no fluido ou no
equipamento do processo. Elas podem
determinar indiretamente as propriedades
finais do produto e podem estar
relacionadas com a qualidade do produto.
Elas deixam de ser importantes assim que
os produtos so feitos. Elas independem
da quantidade do produto e por isso so
intensivas. As variveis de energia
incluem temperatura e presso.
As variveis das propriedades das
substncias so especificas e
caractersticas das substncias. Todas as
grandezas especificas so intensivas. Por
definio, o valor especifico o valor da
varivel por unidade de massa. Por
exemplo, energia especifica, calor
especifico e peso especifico. As principais
variveis de propriedade so: a densidade,
viscosidade, pH, condutividade eltrica ou
trmica, calor especifico, umidade absoluta
ou relativa, contedo de gua, composio
qumica, explosividade, inflamabilidade,
cor, opacidade e turbidez.
Extensivas e Intensivas
O valor da varivel extensiva depende
da quantidade da substncia. Quanto
maior a quantidade da substncia, maior
o valor da varivel extensiva. Exemplos de
variveis extensivas: peso, massa, volume,
rea, energia.
O valor da varivel intensiva independe
da quantidade da substncia. Em um
sistema com volume finito, os valores
intensivos podem variar de ponto a ponto.
Quantidades Medidas
3.3
Sob o ponto de vista termodinmico, as
variveis de energia e das propriedades
das substncias so intensivas, porque
independem da quantidade da substncia.
Exemplos de variveis intensivas: presso,
temperatura, viscosidade, densidade e
tenso superficial.
Pervariveis e Transvariveis
Uma pervarivel ou varivel atravs
(through) aquela que percorre o
elemento de um lado a outro. Uma
pervrivel pode ser medida ou
especificada em um ponto no espao.
Exemplos: fora, momento, corrente
eltrica e carga eltrica.
Uma transvarivel ou varivel entre dois
pontos (across) aquela que existe entre
dois pontos do elemento. Para medir ou
especificar uma transvarivel so
necessrios dois pontos no espao,
usualmente um ponto a referncia.
Exemplos: deslocamento, velocidade,
temperatura e voltagem.
Todos os objetos em um sistema
dinmico envolvem uma relao medida ou
definida entre uma transvarivel e uma
pervarivel. Por exemplo, o capacitor,
resistor e indutor eltricos podem ser
definidos em termos da relao entre a
transvarivel voltagem e a pervarivel
corrente.
Variveis e Constantes
A varivel de processo uma grandeza
que altera seu valor em funo de outras
variveis, sob observao ao longo de um
tempo. Constante ou varivel constante
aquela cujos valores permanecem
inalterados durante o tempo de
observao e dentro de certos limites de
preciso.
Por exemplo, seja um tanque cheio de
gua. A presso que a coluna de gua
exerce em diferentes pontos verticais
varivel e depende da altura. Porem, ao
mesmo tempo, a densidade da gua pode
ser considerada constante, com um
determinado grau de preciso, em
qualquer ponto do tanque. Diz-se, ento,
que a presso da gua uma quantidade
varivel em funo da altura liquida e a
densidade da gua uma quantidade
constante em funo da altura liquida e do
tempo.
Pode-se considerar incoerente chamar
uma constante de varivel. Porem, uma
quantidade constante um caso especial
de uma quantidade varivel. A constante
a varivel que assume somente um valor
fixo durante todo o tempo. Como, na
prtica sempre h uma variabilidade
natural em qualquer grandeza, deve-se
estabelecer os limites de tolerncia, dentro
dos quais a grandeza se mantm
constante.
Em instrumentao, raramente se mede
continuamente uma constante. Como ela
constante, basta medi-la uma nica vez e
considerar este valor em clculos ou
compensaes. Por exemplo, a diferena
de altura do elemento sensor e do
instrumento receptor influi na presso
exercida pela coluna lquida do tubo
capilar. Esta altura definida pelo projeto,
mantida na instalao e considerada na
calibrao. Ela no medida
continuamente, porem, quando h
alterao de montagem, o novo valor da
altura considerado na calibrao do
instrumento.
O objetivo do controle de processo o
de manter constante uma varivel ou
deix-la variar dentro de certos limites.
Parmetro uma quantidade constante
em cada etapa da experincia, mas que
assume valores diferentes em outras
etapas. Deve-se escolher os parmetros
mais significativos entre as vrias
caractersticas do processo. Por exemplo,
quando se faz uma experincia para
estudar o comportamento da presso de
lquidos em um tanque, usando-se lquidos
com densidades diferentes entre si, a
densidade, constante para cada liquido e
diferente entre os lquidos, chamada de
parmetro.
Contnuas e Discretas
Varivel contnua aquela que assume
todos os infinitos valores numricos entre
os seus valores mnimo e mximo. Na
natureza, a maioria absoluta das variveis
continua; a natureza no d saltos. Uma
varivel contnua medida. Exemplo de
uma varivel contnua: a temperatura de
um processo que varia continuamente
entre 80 e 125
o
C.
Varivel discreta aquela que assume
somente certos valores separados. Na
Quantidades Medidas
3.4
prtica, as variveis discretas esto
associadas a eventos ou condies. Uma
varivel discreta contada. Por exemplo,
uma chave s pode estar ligada ou
desligada. O nmero de peas fabricadas
um exemplo de varivel discreta.
Mecnicas e Eltricas
As quantidades mecnicas so as
derivadas do comprimento, massa, tempo
e temperatura. So exemplos de
quantidades mecnicas:
1. rea e volume que dependem
apenas do comprimento.
2. velocidade e acelerao que
envolvem comprimento e tempo.
3. fora, energia e potncia que
envolvem massa, comprimento e
tempo
4. freqncia que depende apenas do
tempo.
A produo contnua de eletricidade se
tornou realidade com a inveno da pilha
por Volta, em 1800. A anlise dos circuitos
eltricos comeou em 1827, quando
George Simon Ohm descobriu a relao
entre voltagem, corrente e resistncia.
Nesta poca as unidades destas
grandezas ainda no eram estabelecidas.
Os valores de corrente eram medidos com
um arranjo de agulha compasso e bobina.
Os valores da tenso eltrica eram
estabelecidos em termos de potencial de
uma pilha voltaica especfica. Os valores
de resistncia eram estabelecidos em
termos da resistncia de um comprimento
particular de fio de ferro com um dimetro
especfico.
Era evidente a necessidade de um
sistema universal de unidades no campo
eltrico, relacionadas com as unidades
mecnicas j estabelecidas, como
comprimento massa e tempo. Em 1832,
Karl Friedrich Gauss mediu a intensidade
do campo magntico da terra em termos
de comprimento, massa e tempo. Em
1849, Wilhelm Kohlraush mediu a
resistncia em termos destas unidades.
Wilhelm Weber, em 1851, introduziu um
sistema completo de unidades eltricas
baseado em unidades mecnicas. Estes
princpios de Weber formam a base do
sistema atual de medies eltricas. Em
1861, a Associao Britnica para o
Avano da Cincia introduziu o ohm
padro, baseado no fio de liga platina-
prata.
As unidades eltricas SI derivadas
podem ser definidas em funo de
quantidades mecnicas.
O volt (V), unidade de diferena de
potencial e fora eletromotriz, a diferena
de potencial entre dois pontos de um fio
condutor percorrido por uma corrente
constante de 1 A, quando a potncia
dissipada entre estes pontos igual a 1 W.
O ohm (), unidade de resistncia
eltrica, a resistncia eltrica entre dois
pontos de um condutor quando uma
diferena de potencial constante de 1 V
aplicada a estes pontos produz no
condutor uma corrente de 1 A, o condutor
no sendo fonte de qualquer fora
eletromotriz.
O coulomb (C), unidade de quantidade
de eletricidade, a quantidade de
eletricidade transportada em 1 s por uma
corrente de 1 A.
O farad (F), unidade de capacitncia,
a capacitncia entre as placas do capacitor
onde aparece uma diferena de potencial
de 1 V quando carregado por uma
quantidade de eletricidade de 1 C.
O henry (H), unidade de indutncia
eltrica, a indutncia de um circuito
fechado em que uma fora eletromotriz de
1 V produzida quando a corrente eltrica
varia uniformemente taxa de 1 A/s.
O weber (Wb), unidade de fluxo
magntico, o fluxo que, ligando um
circuito de uma volta produz nele uma
fora eletromotriz de 1 V se for reduzido a
zero em uma taxa uniforme de 1 s.
O tesla (T) a densidade de fluxo de 1
Wb/m
2
.
As principais variveis envolvidas na
indstria de processo so quatro:
temperatura (grandeza de base), presso
(mecnica), vazo volumtrica ou mssica
(mecnica) e nvel (mecnica). Em menor
freqncia, so tambm medidas a
densidade (mecnica), viscosidade
(mecnica) e composio (qumica).
Porem, na instrumentao, so
manipulados os sinais pneumtico (20 a
100 kPa) e eletrnico (4 a 20 mA cc). Por
causa da instrumentao eletrnica, as
quantidades eltricas como voltagem,
resistncia, capacitncia e indutncia se
Quantidades Medidas
3.5
tornaram muito importantes, pois elas
esto ligadas naturalmente aos
instrumentos eletrnicos de medio e
controle de processo e de teste e
calibrao destes instrumentos.
1.4. Faixa das Variveis
Faixa e Largura de Faixa
Os limites mnimo e mximo definem a
faixa (range) de operao do sistema. A
faixa de operao da entrada definido
como estendendo de x
min
at x
max
. Esta
faixa define sua largura de faixa de entrada
(span), expressa como a diferena entre
os limites da faixa
r
i
= x
max
- x
min
De modo anlogo, a faixa de operao
da sada especificada de y
mix
para y
max
. A
largura de faixa da sada ou fundo de
escala de operao expressa como:
r
o
= y
max
- y
min
Por exemplo, a faixa de temperatura de
um ambiente pode ser de 15 a 30
o
C. A
largura de faixa vale 15
o
C; (30 - 15
o
C =
15
o
C). A faixa de temperatura de -15 a 30
o
C tem largura de faixa de 45
o
C; [30 - (-
15)
o
C = 45
o
C].
A faixa de medio sempre vai de 0 a
100%, porem o 0% pode ser igual ou
diferente de zero. A terminologia das faixas
a seguinte:
0 a 100
o
C - faixa normal
10 a 100
o
C - faixa com zero suprimido
-10 a 100
o
C - faixa com zero elevado
O conceito de faixa com zero elevado
ou suprimido particularmente importante
na calibrao de transmissores de nvel.
Limites de Faixa
importante evitar extrapolao alm
da faixa da calibrao conhecida durante a
medio pois o comportamento do sistema
de medio no registrado nesta regio.
A faixa de calibrao deve ser
cuidadosamente escolhida e deve ser
consistente com a faixa de operao do
sistema de medio.
Na prtica, uma varivel pode ter limites
de operao normal e limites de operao
anormal. Os limites de operao normal
so aqueles assumidos pela varivel
quando no h problemas no controle
automtico do processo. Quando h falhas
no controle automtico e estes limites so
atingidos, geralmente existem alarmes que
chamam a ateno do operador para
assumir o controle manual do processo. O
operador deve levar os valores da varivel
novamente para dentro dos limites de
operao normal, atuando manualmente
nos instrumentos e equipamentos do
processo. Quando, por motivos de falha
em algum equipamento ou instrumento da
malha de controle automtico, a varivel
continua se afastando dos limites de
operao normal, geralmente so
estabelecidos outros limites de
desligamento (trip ou shut down). Quando
a varivel atinge os valores de
desligamento, todo o processo
desligado, para proteger o operador ou os
equipamentos envolvidos.
H variveis que podem assumir
valores negativos e positivos, em funo
do processo e da unidade usada. Por
exemplo, a presso manomtrica pode ter
valores positivos e negativos (vcuo).
Porem, a presso absoluta s pode
assumir valores positivos. A temperatura
na escala Celsius pode assumir valores
negativos ou positivos; porem, a
temperatura absoluta ou termodinmica s
pode assumir valores positivos, em kelvin.
Faixa e Desempenho do Instrumento
Em Metrologia, importante se
conhecer a faixa calibrada do instrumento
e o seu ponto de trabalho, pois
tipicamente, a preciso do instrumento
expressa ou em percentagem do fundo de
escala ou em percentagem do valor
medido.
O instrumento com erro de zero e de
largura de faixa possui preciso expressa
em percentagem do fundo de escala. Por
exemplo, a medio de vazo com placa
de orifcio tem incerteza expressa em
percentagem da vazo mxima medida ou
do fundo de escala.
Instrumento com erro devido apenas
largura de faixa possui preciso expressa
em percentagem do valor medido. Por
exemplo, transmissor inteligente de
Quantidades Medidas
3.6
presso diferencial, turbina medidora de
vazo.
1.5. Funo Matemtica
Conceito
A funo uma regra ou lei de acordo
com a qual os valores da varivel
independente correspondem aos valores
da varivel dependente. A funo a lei de
correspondncia entre os valores das
variveis. A funo uma relao causal.
Podem existir regras para determinar o
valor da varivel dependente para cada
valor do argumento sem relao
matemtica conhecida. Por exemplo, a
temperatura ambiente varia ao longo de
um dia ou de um ano, de modo aleatrio e
imprevisvel.
As variveis podem ser independentes
ou dependentes de outras variveis. As
variveis independentes podem se alterar
arbitrariamente e so tambm chamadas
de argumentos. Variveis dependentes
tem valores determinados pelos valores de
outras variveis independentes e so
tambm chamadas de funes.
Por exemplo, a rea do crculo S
S = r
2
r a varivel independente ou
argumento
S a varivel dependente ou funo.
As funes podem depender de um
nico argumento (rea do crculo em
funo do raio) ou de dois ou mais
argumentos. Por exemplo, a presso de
gs com massa constante, p
p = RT/V
depende da temperatura (T) e do volume
do gs (V) e R uma constante fsica.
Notao
Quando y funo genrica de x, tem-
se:
y = f(x)
onde x pode assumir certos valores
particulares.
Quando a funo conhecida, pode-se
ter:
y = ax + b (linear)
onde a e b so parmetros constantes
arbitrrios.
Uma funo matemtica pode ser
representada por:
1. frmula analtica
2. tabela de valores
3. grfico.
Domnio ou definio da funo a
totalidade dos valores que a varivel
independente pode assumir.
A funo pode ser contnua ou discreta.
A funo continua quando a variao
gradual do argumento resulta em variao
gradual da funo, sem pulos. A funo
discreta quando ela possui pontos de
descontinuidade. A funo pode ser
peridica, quando se repete em intervalos
definidos. A funo pode ser constante,
quando assume um nico valor. A funo
pode assumir valores mltiplos e ser
sempre crescente ou decrescente.
Funo Linear
Na prtica, a funo linear muito
interessante e comum. A forma geral de
uma funo linear :
y = ax + b
onde
y a funo
x o argumento
a e b so parmetros constantes.
A representao grfica de uma funo
linear uma linha reta, onde
a a inclinao da reta
b o ponto onde a reta corta o eixo y
-b/a o ponto onde a reta corta o eixo x
A linearidade um dos parmetros da
preciso do instrumento. Ser linear
conveniente pois,
1. dois pontos (ou um ponto e uma
inclinao) so suficientes para
determinar uma reta e como
conseqncia, bastaria calibrar dois
nicos pontos de uma reta de
calibrao,
2. fcil se fazer interpolao e
extrapolao de pontos.
Quando se tem uma relao no-linear
comum e conveniente lineariz-la,
atravs da funo matemtica inversa. Por
Quantidades Medidas
3.7
exemplo, na medio da vazo com placa
de orifcio, onde a presso diferencial
gerada pela placa proporcional ao
quadrado da vazo que se quer medir,
usa-se o extrator de raiz quadrada para
tornar linear a relao entre a presso
diferencial e a vazo.
O incremento de uma funo linear
diretamente proporcional ao incremento do
argumento:
y = k x
Esta propriedade do incremento a
base da interpolao linear. Suponha que
se conheam os valores de uma funo y
= f(x) para
x = x
o
e x = (x
o
+ h):
f(x
o
) = y
o
(fx
o
+ h) = y
1
mas os valores para a funo y para x
entre x
0
e (x
0
+ h) sejam
desconhecidos. A funo pode ser
substituda por um segmento de reta que
1. assuma mesmos valores para x
0
e
(x
0
+ h)
2. substitua a funo por uma linha reta
entre x
0
e (x
0
+ h)
y y
y y
h
x x
o
o
o
+
1
( )
Tal substituio possvel e vlida no
caso da funo f(x) diferir levemente da
funo linear no intervalo entre x
o
e (x
o
+
h). A interpolao usada, na prtica, em
tabelas com pequenos intervalos e quando
os sucessivos valores da funo diferem
levemente entre si. A extrapolao linear
se processa de modo semelhante.
Correlao
Correlao a relao entre duas
variveis aleatrias que no funo
determinstica. Por exemplo, a relao
entre o peso e a altura das pessoas uma
correlao. O peso no depende
unicamente da altura da pessoa. Se o
peso fosse funo apenas da altura, todas
as pessoas mais altas seriam mais
pesadas que as mais baixas. Mas, na
realidade, pessoas de mesma altura tem
pesos diferentes e pessoas com alturas
diferentes podem ter pesos iguais. Mesmo
com tantas excees, h uma correlao
entre a altura e o peso das pessoas, e de
um modo geral, as pessoas mais altas
pesam mais que as pessoas mais baixas.
Outro exemplo, a correlao entre o
ato de fumar e a durao da vida das
pessoas. Quando se diz que o fumo reduz
a durao da vida de uma pessoa, tambm
h um correlao ou dependncia
correlativa, porque, embora haja muitas
excees, experimentalmente se verifica
que a vida mdia dos no fumantes
maior do que a dos fumantes, quando se
considera a distribuio da probabilidade
da durao da vida.
Define-se como coeficiente de
correlao a medida da interdependncia
entre duas variveis. O coeficiente varia
continuamente entre +1 e -1, passando
pelo valor zero intermedirio. Quando o
coeficiente zero, no h correlao entre
as duas variveis e elas so totalmente
independentes. O coeficiente de
correlao +1 indica uma correlao
positiva perfeita, quando uma varivel
linear e diretamente proporcional a outra;
quando uma aumenta a outra tambm
aumenta. O coeficiente de correlao -1
indica uma correlao negativa perfeita,
onde uma varivel inversamente
proporcional a outra; quando uma aumenta
a outra diminui linearmente.
Deve-se distinguir claramente entre a
relao determinstica (funo
matemtica), onde no h exceo alguma
e a dependncia correlativa (correlao),
onde h muitas excees que contradizem
a relao, mas que no afetam a validade
geral da inferncia de probabilidade.
2. Quantidades de Base do SI
As unidades SI so divididas em trs
classes:
1. unidades de base
2. unidades suplementares
3. unidades derivadas
As sete grandezas de base possuem os
seguintes nomes (unidades), dimenso:
1. comprimento (metro), L
2. massa (kilograma), M
3. tempo (segundo), T
4. temperatura (kelvin),
5. corrente eltrica (ampere), I
6. quantidade de matria (mol), N
7. intensidade luminosa (candela), J.
Quantidades Medidas
3.8
As grandezas de base eram
anteriormente chamadas de grandezas
fundamentais. As sete unidades base
foram selecionadas pela CGPM ao longo
do tempo e para atender as necessidades
dos cientistas em suas reas de trabalho.
As primeiras quantidades definidas eram
de natureza mecnica. Depois se definiu a
grandeza eltrica (corrente), a
termodinmica (temperatura), luminosa
(intensidade luminosa) e a qumica
(quantidade de matria).
H trs quantidades totalmente
independentes: massa, comprimento,
tempo. Somente a massa tem um padro
material. Hoje, pesquisa-se para se reduzir
as unidades a duas independentes: massa
e tempo. As unidades de base so bem
definidas e independentes
dimensionalmente.
As duas unidades suplementares foram
adicionadas na 11
a
CGPM (1960).
1. ngulo plano (radiano)
2. ngulo slido (esterradiano).
Como a CGPM deixou de cham-las de
base ou derivadas, elas so consideradas
suplementares. Foram levantadas
questes acerca da razo destas unidades
no serem adotadas como de base. Por
analogia, elas poderiam ser consideradas
como de base.
Tab. 1 - Grandezas e Unidades de Base SI
Quantidade Fsica Unidade Smbolo
Comprimento metro m
Massa kilograma kg
Tempo segundo s
Temperatura kelvin K
Corrente eltrica ampere A
Intensidade luminosa candela cd
Quantidade de substncia mol mol
Em 1980, a CIPM decidiu, para manter
a coerncia interna do SI, considerar as
unidades radiano e esterradiano como
unidades derivadas sem dimenso.
As unidades derivadas so aquelas
formadas pelas relaes algbricas entre
as unidades de base, suplementares e
outras derivadas.
A classificao das unidades SI em trs
classes arbitrria e no realmente
importante para usar e entender o sistema.
As trs classes de unidades formam um
sistema de medio coerente, pois o
produto ou quociente de qualquer
quantidade com mltiplas unidades a
unidade da quantidade resultante.
2.1. Comprimento
Introduo
O comprimento uma grandeza de
base cujo smbolo L. Na prtica, o
comprimento vem em outros parmetros,
como variao relativa (m/m), rea (m
2
),
volume (m
3
), ngulo (m/m), velocidade
(ms
-1
) e acelerao (ms
-2
).
A medio de comprimento pode ser de
valor absoluto e relativo. A medio do
comprimento absoluto requer um padro
definido; para medir comprimento relativo o
padro no fundamental. diferente
medir o comprimento de uma estrutura em
termos absolutos e medir a variao da
estrutura provocada por uma tenso
mecnica.
Experimentalmente se percebe que o
espao pode ser descrito em termos de
trs parmetros de comprimento (x, y, z).
Trs coordenadas so suficientes para
descrever a posio de um ponto no
espao. Restringindo-se o grau de
liberdade mecnica, define-se a posio.
Para medir a posio ao longo de uma reta
definida, basta um comprimento. Para
plotar a posio em um plano definido so
necessrios dois sensores. Estes
conceitos so muito importantes em
robtica, pois um rob um controlador de
posio.
Unidades
A unidade SI de comprimento o
metro, com smbolo m.
A etimologia da palavra metro metron,
grego, que significa medir e este termo foi
usado pela primeira vez em 1670, pelo
padre matemtico Gabriel Mouton (1618-
1694), que definiu 1 metro como 1/10 000
000 da distncia entre o Equador e o Polo
Norte da Terra.
Em 1790, Laplace definiu o metro pelo
mesmo procedimento, porem usou
mltiplos de 10, dividindo o ngulo reto em
100 graus (em vez de 90) e o grau em 100
Quantidades Medidas
3.9
minutos (em vez de 60) e 1000 metros
eram a distncia de 1 minuto deste grau na
superfcie da Terra. Usando o mesmo
procedimento, porem, com o ngulo reto
de 90 graus e o grau com 60 minutos,
1000 metros seriam equivalentes a uma
milha nutica, ou seja, o metro valeria
1,853 184 metros atuais. Posteriormente, o
metro foi definido de modo a ser igual a
1/10 000 000 da distncia do Polo Norte ao
Equador, ao longo do meridiano da terra
passando por Dunquerque, Frana e
Barcelona, Espanha, duas cidades ao nvel
do mar e no paralelo 45
o
. Desse modo, a
circunferncia da terra tem
aproximadamente 40 000 000 m. O metro
atual aproximadamente igual ao wand,
unidade padro de comprimento criada no
Egito em 3500 A.C., para medir a variao
do nvel do Rio Nilo, para fins de coleta de
gua e irrigao.
Na 1
a
CGPM (1889) o metro foi definido
como o padro fsico constitudo de uma
barra de platina (90%) e irdio (10%), que
era considerado o Metro Prottipo
Internacional.
Fig. 2. Corte da barra do Metro Prottipo
Internacional
A 7
a
CGPM (1927) definiu o metro
como a distncia entre dois traos
gravados sobre a barra de platina iridiada,
apoiada sobre dois rolos de, no mnimo, 10
mm de dimetro, situados simetricamente
num mesmo plano horizontal distncia
de 571 mm um do outro, a 0
o
C e
presso atmosfrica normal . Pela
comparao fsica das linhas desta barra
com um prottipo secundrio se consegue
uma exatido dentro de 2 partes em 10
7
A 11
a
CGPM (1960) substituiu o padro
fsico do metro por padro de receita. O
metro foi definido como o comprimento
igual a
1 650 763,73 vezes o comprimento de
onda da radiao de transio entre as
linhas laranja vermelha, nveis 2p
10
e 5d
5
do espetro do tomo de Kr-86, no vcuo.
Esta definio tem problemas, o principal
que este nmero somente conseguido
por extrapolao, pois no possvel
estender uma quantidade exata de ondas
alem de alguns 20 centmetros. Para se
obter o nmero requerido de comprimentos
de onda para um metro, vrias medies
individuais eram feitas por sucesso e
adicionadas. Este procedimento de
medio, por sua natureza, aumenta a
probabilidade de erro. Mas, a despeito
destas limitaes, a exatido est dentro
de 2 partes em 10
8
.
A 17
a
CGPM (1983) redefiniu o metro
como a distncia percorrida pela luz,
durante a frao de 1/299 792 458 de um
segundo, no vcuo. Esta nova definio d
uma exatido 10 vezes melhor que a da
tcnica com Kr-86, cerca de 2 partes em
10
-9
.
Na prtica industrial, raramente se exige
este grau de exatido, porem deve-se ter
uma margem adequada para compensar a
perda de incerteza toda vez que os
padres so transferidos para um aparato
mais conveniente. O valor da velocidade
da luz, c, igual a 299 792 458 ms
-1
o
resultado de padres numricos
escolhidos para o tempo e comprimento.
Assim, o valor da velocidade da luz no
uma constante fundamental. Os padres
de tempo (com incerteza de 10
-14
) so
mais reprodutveis em termos de incerteza
que os de comprimento (incerteza de 10
-
8
), de modo que, se a velocidade da luz
definida como um nmero fixo, ento, em
princpio, o padro tempo servir como um
padro de comprimento, desde que exista
um aparato conveniente para converter
tempo para comprimento atravs da
velocidade da luz.
A realizao do metro recomendada
pela 17
a
CGPM (1983) obtida por um
dos seguintes mtodos:
1. atravs do comprimento L do trajeto
percorrido por uma onda
eletromagntica plana, no vcuo,
durante um intervalo de tempo t (L =
ct) ou
Quantidades Medidas
3.10
2. atravs do comprimento de onda no
vcuo de uma onda eletromagntica
de freqncia f (L = c/f).
A realizao mais prtica do metro
pela medio do comprimento da radiao
630 nm do laser hlio neon estabilizado
por iodo, que d uma preciso de 3 partes
em 10
11
. Os padres secundrios so
calibrados por interferometria, com
preciso de 10
-9
.
As outras unidades de comprimento
usadas incluem o milmetro, centmetro,
kilmetro e micrmetro. Estes mltiplos e
submltiplos servem para selecionar
prefixos que sejam mltiplos de 1000.
O uso do milmetro (mm) comum em
desenhos mecnicos. Os valores
expressos em milmetros devem ser
nmeros inteiros, a no ser que a preciso
requeira dgitos depois da vrgula.
O centmetro usado apenas em
medidas no tcnicas e em produtos de
consumo. Tambm usado em unidades
derivadas, como presso (kgf/cm
2
),
condutividade (S/cm).
Fig. 3. Rgua metlica para medio de
comprimentos com pequena preciso
Fig. 4. Paqumetro para medir pequenas
dimenses
Fig. 5. Micrmetro para medir pequenas dimenses
com maior preciso que o paqumetro
Em grandes distncias, usa-se o
kilmetro, onde no se usam mais que trs
dgitos depois da vrgula. Em pequenas
distncias, como em acabamento
mecnico e fsica, pode-se usar o
micrmetro (m) e o nanometro (nm) para
nmeros mais exatos.
Padres e Calibrao
O padro de comprimento era uma
barra de platina irdio preservada em
Svres, Frana. Atualmente o metro
redefinido em termos de receita.
Na prtica laboratorial, o interfermetro
a laser usado, com incerteza de 10
-8
. O
interfermetro ptico fcil de usar e
preciso, mas muito caro.
Na prtica industrial, a medio de
peas feita atravs de paqumetros e
micrmetros, que so calibrados com
blocos padro (gage block). Os blocos so
de ao dimensionalmente estvel e duro e
formam um conjunto que fornece
dimenses precisas em uma grande faixa
em pequenos degraus. Os blocos so os
padres de comprimento da indstria. As
oficinas mecnicas devem ter conjuntos de
blocos, que devem ser periodicamente
enviados a um laboratrio externo para fins
de calibrao e certificao.
Para comprimentos da ordem de
metros, fitas flexveis so usadas, por
causa do baixo custo e grande facilidade
de manuseio. Elas devem ser calibradas
contra interfermetros a laser, com
incertezas de 10
-6
. Para aplicaes
industriais, fcil calibrar os medidores de
comprimento. O problema mais srio da
calibrao o grande tempo envolvido,
pois o padro deve ser observado por um
perodo longo para garantir que ele seja
estvel durante a calibrao.
Fig. 6. Apalpadores - padro de comprimento
Quantidades Medidas
3.11
Fig. 7. Conjunto de blocos padro
2.2. Massa
Unidade
O kilograma
*
a unidade SI de massa
com smbolo kg.
O kilograma tem as seguintes
caractersticas:
1. nica unidade de base com prefixo
(kilo = mil),
2. nica unidade de base definida por
um artefato (padro fsico),
3. escolhido em 1889 e praticamente
sua definio no sofreu nenhuma
modificao ou reviso.
O kilograma padro prottipo um
cilindro de platina (90%)-irdio (10%)
mantido no Bureau de Pesos e Medidas
em Svres, Frana. O prottipo possui
dimetro e altura iguais a 39 mm. Esta
forma uma aproximao da esfera, que
tem a propriedade de apresentar a menor
razo entre a superfcie e o volume. 63
duplicaes deste cilindro esto
distribudas nos vrios laboratrios
nacionais de normas e servem como
padro de massa para estes pases. A
preciso 1 parte em 10
9
, ou seja, 1 g
em 1 kg. No Brasil, o kilograma padro
est preservado no INMETRO, em Xerm,
RJ.
A unidade SI de massa j foi o grama
(na prtica, o mais usada a grama)
definido como a massa de um centmetro
cbico (cubo com lado igual a 1/100 de
metro) de gua em sua temperatura de
mxima densidade (4
o
C).
*
O correto em portugus escrever quilograma, porm no
presente trabalho ser usada a palavra kilograma. Por coerncia
de grafia, kg no pode ser smbolo de quilograma.
Fig. 8 O kilograma definido em termos da
massa do Kilograma Prottipo Internacional, feito de
liga de platina irdio e guardado em Svres, Frana,
com rplica no Inmetro, em Xerm, RJ, Brasil.
Padres
O padro primrio da unidade de massa
o prottipo internacional do kilograma do
BIPM. A massa de padres secundrios de
1 kg em liga de platina irdio ou em ao
inoxidvel comparada massa do
prottipo por meio de balanas cuja
preciso pode ser da ordem de 10
-8
,
fazendo-se a correo do empuxo do ar.
Como visto, o peso uma fora. Os
objetos so pesados, pela comparao do
peso desconhecido com um peso
conhecido. O equipamento usado para
pesar coisas a balana. A etimologia de
balana latina: bi-lancis ou dois pratos. A
palavra balana ainda usada, mesmo
quando se tem dois pratos para a
pesagem. No lugar do segundo prato,
onde se colocaria o peso conhecido, so
usados mola, pesos calibrados embutidos
ou um servomotor.
H quatro classes de balanas, cada
uma baseada no nmero de intervalos
usados dentro da capacidade da escala.
Por exemplo, se uma balana de
laboratrio tem uma capacidade de 200,00
gramas e ela l dois decimais, ela deve ter
20 000 intervalos na escala. A OIML
(Organization International de Metrologie
Legal) classifica as balanas em 4 classes
(Tab. 2).
Quantidades Medidas
3.12
Tab. 2 - Classificao de Balanas
Classe Nome da Classe Intervalos da escala
I Especial
(Fina)
50 000 < n
a
II Alta exatido
(Preciso)
5 000 <n < 100
000
III Mdia exatido
(Comercial)
500 < n < 10 000
IV
Exatido ordinria
(Grosseira)
100 < n < 1 000
a
n - nmero de intervalos da escala
Balana
A balana um instrumento para a
comparao de massas e pesos. A
balana analtica um instrumento de
pesagem com uma capacidade mxima
que varia de uma grama a alguns
kilogramas com uma preciso mnima de
10
-5
, na capacidade mxima. A balana
mecnica se baseia no princpio da
alavanca de primeira classe (o ponto de
apoio est entre as duas foras). As
balanas mecnicas analticas podem ser
do tipo de braos iguais e do tipo de
substituio. Atualmente, so disponveis
balanas eletrnicas, com detetor de nulo,
malha de realimentao para controlar a
fora de balano e indicao digital com
preciso tpica de 10
-6
. O sensor da
balana o strain-gage.
No uso de balanas de preciso so
requeridos alguns cuidados para minimizar
as incertezas, como:
1. qualquer balana deve ser colocada
em um suporte slido, de mrmore
ou concreto e distante de fontes de
calor, vibrao e corrente de vento,
2. nivelar a balana,
3. no colocar objetos alm da
capacidade nominal da balana,
3. a balana deve ser limpa aps o uso,
4. no usar ou colocar material
corrosivo prximo da balana,
5. o brao de suporte da balana deve
estar sempre engajado. Quando no
em uso, todos os pesos devem ser
voltados para a posio zero e os
pratos colocados na posio suporte,
6. estudar o manual da balana
fornecido pelo fabricante,
7. calibrar periodicamente a balana e
os pesos associados.
Na indstria so usados pesos padro para calibrar
e determinar a exatido das balanas. O peso
padro um objeto com massa conhecida, feito de
material resistente corroso (bronze, ouro, prata,
platina, ao inoxidvel, ligas nobres). Os
laboratrios nacionais estabelecem classes de
pesos, com limites de tolerncia aceitveis e
especificaes para materiais e construo. Por
exemplo, em uma oficina, os pesos de Classe S so
usados para calibrao de rotina e para aferio de
balanas analticas.
Fig. 9. Balana eletrnica analtica. (Toledo)
Massa e Peso (Fora)
Massa uma medida invariante da
quantidade de matria de um objeto. Peso
a fora de atrao entre um objeto e a
Terra e varia com a posio geogrfica. O
peso P de um corpo com massa m, em um
local com acelerao da gravidade g, vale:
P = mg
H confuso entre fora e massa,
principalmente por que j foi usada a
unidade base de kilograma fora para
fora. Atualmente, no SI h uma unidade
base para massa (kilograma) e outra
unidade derivada para fora (newton). O
peso uma fora, resultante da gravidade
da Terra e como tal, sua unidade
tambm o newton. Porm, o peso tambm
expresso como kilograma fora. Por
preguia, expressa-se o peso em unidade
de kilograma, criando a confuso: peso
massa ou fora? O peso uma fora.
A unidade SI de fora o newton, onde:
Quantidades Medidas
3.13
1 N = 1 kg . 1 m/s
2
Outra unidade usada de fora, no-SI,
o kilograma fora, onde:
1 kgf = 1 kg x acelerao da gravidade
Ao nvel do mar, tem-se 1 kgf = 9,806
65 N
O peso descreve como a massa de um
objeto atrada pela Terra. O peso no
constante e varia principalmente com a
altitude do local. A massa constante e
independe do local. Por exemplo, na Terra,
um homem pesa 100 kgf, mas na Lua, ele
pesa somente 17,5 kgf. Sua massa na
Terra e na Lua a mesma e igual a 100
kg.
A balanas mede peso, porm, tem
escala para indicar a massa. Por exemplo,
quando uma balana indica 70 kg, ela
sente o peso correspondente massa de
70 kg e indica 70 kg.
Deve-se evitar o uso da unidade
kilograma fora, pelo menos por quatro
motivos justos:
1. no uma unidade SI
2. perpetua a confuso entre fora,
peso e massa.
3. a unidade possui um prefixo
4. a unidade depende da altitude do
local.
Em resumo, tem-se:
1. A unidade SI para massa o
kilograma, kg
2. A unidade SI para fora o newton
(N). No use kilograma fora.
3. A gravidade no essencial no SI.
4. Deve-se usar e medir a massa,
evitando o uso do peso. Em vez de
dizer: ele pesa, dizer sua massa
igual a.
2.3. Tempo
Introduo
O tempo a varivel mais presente na
vida das pessoas embora seja tambm a
menos entendida. Percebe-se que o tempo
envolvido tem o valor alterado com a
passagem de eventos mas no se tem o
conceito de tempo absoluto. O que pode e
realmente medido a noo de intervalo
de tempo, durao de seqncias e de
eventos. Assim, o tempo definido como o
intervalo entre dois eventos e as medies
deste intervalo so feitas pela comparao
com algum evento reprodutvel. Por
exemplo, o tempo requerido para a Terra
orbitar em torno do sol (um ano) e o tempo
requerido para a Terra rodar em torno de
seu prprio eixo (um dia). O tempo de
efemride baseado nas medies
astronmicas do tempo requerido pela
Terra para orbitar o Sol. O tempo sideral
o tempo de rotao da Terra relacionada
com as estrelas distantes e usado em
astronomia. O tempo solar o tempo da
rotao da Terra com relao ao Sol e
usado na vida diria.
H 4000 anos (intervalo de tempo), os
egpcios mediam o tempo atravs da
sombra de uma vara. Os romanos e
gregos melhoraram o princpio da sombra
com o relgio solar. Algumas sociedades
ainda marcam o tempo com ampulhetas
cheias de areia ou lquidos, gotejamento
de gua e queima de velas. No sculo XV,
na Europa, foi inventado o mecanismo do
relgio. No sculo XVI apareceu o relgio
de bolso. Estes relgios eram puramente
mecnicos e se baseavam em molas,
engrenagens e alavancas. Depois foi
criado o relgio eletrnico, alimentado com
bateria e com um pequeno diapaso que
mantinha uma freqncia natural de 360
Hz ou aproximadamente a freqncia da
nota musical D. Atualmente so usados
relgios eletrnicos com circuitos
integrados e com cristais piezoeltricos
(quartzo) para gerao de freqncias
constantes.
Definies
O tempo uma grandeza atpica, pois
a nica cuja unidade no pode ser
Quantidades Medidas
3.14
colocada lado a lado para aumentar ou
diminuir uma escala.
Qual a durao de um segundo e
como possvel armazenar esta medio?
As tentativas da medio do tempo atravs
do movimento do pndulo se mostraram
inexatas por causa da dificuldade de medir
exatamente as posies do pndulo mvel.
O segundo foi inicialmente definido
como a frao de 1/86 400 do dia solar
mdio (perodo mdio da revoluo da
Terra sobre seu eixo) Como o dia solar
no constante mas varia com a
velocidade de rotao da Terra, cerca de
3 segundos por ano, foi selecionado um
novo padro mais exato e reprodutvel.
A 11
a
CGPM (1960) redefiniu o
segundo baseando-se no ano trpico. Por
esta definio sugerida pela Unio
Astronmica Internacional e para uso
cientfico, o segundo vale
1/31 556 925,974 7 do ano tropical no
tempo de 12 h das efemrides de 0 janeiro
1900. O tempo de efemride uma
medida uniforme do tempo definido pelo
movimento orbital dos planetas. Uma falha
grave desta definio que no se pode
medir um intervalo de tempo pela
comparao direta com o intervalo de
tempo definindo o segundo. A medio
astronmica do tempo resulta em erro
provvel estimado de 10
-9
que muito
grande em comparao com a definio do
segundo.
Fig. 10 O segundo definido no SI como a durao de
9 192 531 770 perodos da radiao correspondente
transio entre os dois hipernveis do Ce-133.
O tomo exibe transies de nvel de
energia hiperfina muito regulares e
possvel contar estes ciclos de energia. A
13
a
CGPM (1967) redefiniu o segundo
como a durao de
9 192 631 770 perodos da radiao
correspondente transio entre os dois
nveis hiperfinos do estado bsico do
tomo de Ce
133
. O segundo realizado por
um relgio de csio, com preciso de 2
partes em 10
11
. Pode-se obter preciso de
1 parte em 10
12
. O relgio atmico no
atrasa ou adianta um segundo em 6 000
anos.
Unidades
A unidade base SI do tempo o
segundo, com o smbolo s.
Alm do segundo, outras unidades continuam sendo
usadas, principalmente os ciclos do calendrio,
como ano, dia e os mltiplos do segundo, como
minuto e hora. Exemplos destes usos so:
velocidade em kilmetro por hora (km/h) e
velocidade rotacional de mquina em rotaes por
minuto (r/min) ou RPM. Os ciclos do calendrio,
como dia, semana, ms e ano, devem ser evitadas
pois h muitas interpretaes diferentes. Quando
usados, os ciclos do calendrio devem ser definidos;
por exemplo, um ms pode ser 1/12 do ano ou 30
dias.
Excepcionalmente, as unidades de
tempo no esto relacionadas em
potncias de 10; tem-se:
60 segundos equivalem a 1 minuto
60 minutos equivalem a 1 hora
24 horas equivalem a 1 dia
A ISO props uma nova seqncia de
dgitos para indicar datas. A nova
seqncia sugerida do tipo YMD (ano,
ms e dia). Por exemplo 27 de maio de
1943 deve ser escrito como 1943-05-27.
Este formato mostra a seqncia lgica
em que os dados devem ser
cronologicamente armazenados.
O tempo do dia tambm pode ser
expresso em quatro dgitos, baseados nas
24 horas do dia. Por exemplo, 12:34 (doze
horas e trinta e quatro minutos). A hora do
dia pode ser expressa em base de 24
horas por dia ou em 12 horas antes do
meio dia e 12 horas depois do meio dia.
o sistema americano AM (anti meridien) e
PM (pos meridien).
Realizao
Diversos laboratrios credenciados
possuem aparelhos para produzir
oscilaes eltricas com a freqncia de
vibrao do tomo de Ce-133. Os padres
de tempo de csio so disponveis
Quantidades Medidas
3.15
comercialmente, com incertezas da ordem
de 10
-13
e 10
-14
.
Os sinais horrios difundidos por ondas
de rdio so dados na escala do Tempo
Universal Coordenado (UTC), cujo
emprego foi recomendado pela 15
a
CGPM
(1975). O UTC difere do Tempo Atmico
Internacional (TAI) de um nmero inteiro
de segundos. A diferena UTC-TAI foi
fixada em -10 s no dia 1
o
janeiro de 1972 e
tornou-se igual a -22 s em 1
o
de janeiro de
1985. Periodicamente h correes no
UTC, preferivelmente em fim de dezembro
ou de junho (solstcios) ou fim de maro
ou de setembro (equincios), de modo que
o UTC permanea prximo do tempo
definido pela rotao da Terra com
aproximao menor que 0,9 s. Os tempos
legais dos pases esto defasados de um
nmero inteiro de horas (fusos horrios) de
acordo com o UTC e a cidade de
Greenwich (Inglaterra) a hora de
referncia.
A exatido da medio do tempo pode
requerer correes da relatividade,
principalmente quando os relgios de
comparao esto distantes.
O TAI definido como a escala de
tempo coordenada estabelecida por um
sinal de referncia geocntrica como a
unidade da escala de segundo do SI, tal
que ela seja realizada pelo geoide em
rotao. Para os relgios fixos em relao
Terra e ao nvel do mar, o segundo do
TAI igual ao segundo realizado
localmente. A 2000 m de altitude ele se
mostra mais longo (+2,2 x 10
-13
s).
Padres
Na indstria, so usados contadores
eletrnicos, que so instrumentos
multitarefas baseados em circuitos digitais
para medir tempo e outras quantidades
correlatas, como freqncia, totalizao,
perodo, relao de perodos, intervalo de
tempo e mdia. O componentes usados
nestes instrumentos incluem um relgio
interno, portas lgicas, comparadores,
escalonadores e contadores.
O relgio interno, que fornece a base de
tempo para o contador eletrnico digital,
o sensor de tempo. O relgio um
oscilador a cristal que gera um trem de
pulsos. O circuito oscilador incorpora um
cristal piezoeltrico (quartzo) para dar
estabilidade ao circuito. O oscilador
acionado na freqncia natural do cristal e
a realimentao do cristal mantm a
freqncia do oscilador igual freqncia
natural durante longos perodos de tempo.
A estabilidade a longo prazo da freqncia
varia em funo da qualidade do oscilador,
de uma parte em 10
5
a uma parte em 10
8
.
A estabilidade a curto prazo, medida em
horas, de uma parte em 10
9
. Pequenas
variaes de freqncia ocorrem devidas
ao envelhecimento do cristal e so da
ordem de 1 a 10 ppm (parte por milho)
por ano.
Um contador eletrnico comercial tpico,
de uso geral, de preo moderado tem uma
resposta de freqncia de 10 MHz e
possui display de 8 dgitos.
Na indstria, se usa tambm o UTC
atravs dos servios telefnicos de Hora
Certa (ramal 130) das concessionrias.
2.4. Temperatura
Conceito
A temperatura uma quantidade
fundamental, conceitualmente diferente na
natureza do comprimento, tempo e massa.
Quando dois corpos de mesmo
comprimento so combinados, tem-se o
comprimento total igual ao dobro do
original. O mesmo vale para dois intervalos
de tempo ou para duas massas. Assim, os
padres de massa, comprimento e tempo
podem ser indefinidamente divididos e
multiplicados para gerar tamanhos
arbitrrios. O comprimento, massa e
tempo so grandezas extensivas. A
temperatura uma grandeza intensiva. A
combinao de dois corpos mesma
temperatura resulta exatamente na mesma
temperatura.
A maioria das grandezas mecnicas,
como massa, comprimento, volume e
peso, pode ser medida diretamente. A
temperatura uma propriedade da energia
e a energia no pode ser medida
diretamente. A temperatura pode ser
medida atravs dos efeitos da energia
calorfica em um corpo. Infelizmente estes
efeitos so diferentes nos diferentes
materiais. Por exemplo, a expanso termal
dos materiais depende do tipo do material.
Porm, possvel obter a mesma
Quantidades Medidas
3.16
temperatura de dois materiais diferentes,
se eles forem calibrados. Esta calibrao
consiste em se tomar dois materiais
diferentes e aquec-los a uma
determinada temperatura, que possa ser
repetida. Coloca-se uma marca em algum
material de referncia que no tenha se
expandido ou contrado. Depois, aquea os
materiais em outra temperatura
determinada e repetvel e coloque uma
nova marca, como antes. Agora, se iguais
divises so feitas entre estes dois pontos,
a leitura da temperatura determinada ao
longo da regio calibrada deve ser igual,
mesmo se as divises reais nos
comprimentos dos materiais sejam
diferentes.
Um aspecto interessante da medio de
temperatura que a calibrao
consistente atravs de diferentes tipos de
fenmenos fsicos. Assim, uma vez se
tenha calibrado dois ou mais pontos
determinados para temperaturas
especficas, os vrios fenmenos fsicos
de expanso, resistncia eltrica, fora
eletromotriz e outras propriedades fsicas
termais, ir dar a mesma leitura da
temperatura.
A lei zero da termodinmica estabelece
que dois corpos tendo a mesma
temperatura devem estar em equilbrio
termal. Quando h comunicao termal
entre eles, no h troca de coordenadas
termodinmicas entre eles. A mesma lei
ainda estabelece que dois corpos em
equilbrio termal com um terceiro corpo,
esto em equilbrio termal entre si. Por
definio, os trs corpos esto mesma
temperatura. Assim, pode-se construir um
meio reprodutvel de estabelecer uma faixa
de temperaturas, onde temperaturas
desconhecidas de outros corpos podem
ser comparadas com o padro, colocando-
se qualquer tipo de termmetro
sucessivamente no padro e nas
temperaturas desconhecidas e permitindo
a ocorrncia do equilbrio em cada caso.
Isto , o termmetro calibrado contra um
padro e depois pode ser usado para ler
temperaturas desconhecidas. No se quer
dizer que todas estas tcnicas de medio
de temperatura sejam lineares mas que
conhecidas as variaes, elas podem ser
consideradas e calibradas.
Escolhendo-se os meios de definir a
escala padro de temperatura, pode-se
empregar qualquer uma das muitas
propriedades fsicas dos materiais que
variam de modo reprodutvel com a
temperatura. Por exemplo, o comprimento
de uma barra metlica, a resistncia
eltrica de um fio fino, a milivoltagem
gerada por uma juno com dois materiais
distintos, a temperatura de fuso do slido
e de vaporizao do liquido.
Escalas
Para definir numericamente uma escala
de temperatura, deve-se escolher uma
temperatura de referncia e estabelecer
uma regra para definir a diferena entre a
referncia e outras temperaturas. As
medies de massa, comprimento e tempo
no requerem concordncia universal de
um ponto de referncia em que cada
quantidade assumida ter um valor
numrico particular. Cada milmetro em um
metro, por exemplo, o mesmo que
qualquer outro milmetro. Escalas de
temperatura baseadas em pontos notveis
de propriedades de substncias dependem
da substncia escolhida. Ou seja, a
dilatao termal do cobre diferente da
dilatao da prata. A dependncia da
resistncia eltrica com a temperatura do
cobre diferente da prata.
Assim, desejvel que a escala de
temperatura seja independente de
qualquer substncia. A escala
termodinmica proposta pelo baro Kelvin,
em 1848, fornece uma base terica para a
escala de temperatura independente de
qualquer propriedade de material e se
baseia no ciclo de Carnot.
Escala Prtica Internacional de
Temperatura
O estabelecimento ou fixao de pontos
para as escalas de temperatura feito
para que qualquer pessoa, em qualquer
lugar ou tempo possa replicar uma
temperatura especfica para criar ou
verificar um termmetro. Os pontos
especficos de temperatura se tornam
efetivamente nos prottipos internacionais
de calor. A Conferncia Geral de Pesos e
Medidas aceitou esta EPIT, em 1948,
emendou-a em 1960, e estabeleceu uma
Quantidades Medidas
3.17
nova em 1968 (com 13 pontos) e em 1990
(com 17 pontos).
A Escala Prtica Internacional de
Temperatura (EPIT) foi estabelecida para
ficar de conformidade, de modo
aproximado e prtico, com a escala
termodinmica. No ponto trplice da gua,
as duas escalas coincidem exatamente,
por definio. A EPIT baseada em
pontos fixos, que cobrem a faixa de
temperatura de -270,15 a 1084,62 oC.
Muitos destes pontos correspondem ao
estado de equilbrio durante a
transformao de fase de determinado
material. Os pontos fixos associados com
o ponto de solidificao ou fuso dos
material so determinados presso de
uma atmosfera padro (101,325 Pa)
Fig. 11 - A unidade SI da temperatura termodinmica
o kelvin, K, que definido como a 1/273,16 da temperatura
termodinmica do ponto triplice da gua .
Alm destes pontos de referncia
primrios, foram estabelecidos outros
pontos secundrios de referncia, que so
mais facilmente obtidos e usados, pois
requerem menos equipamentos. Porm,
alguns pontos secundrios da EPIT 1968
se tornaram primrios na EPIT 1990.
H dois motivos para se ter tantos
pontos para fixar uma escala de
temperatura:
1. poucos materiais afetados pelo calor
mudam o comprimento linearmente
ou uniformemente. Tendo-se vrios
pontos, a escala pode ser calibrada
em faixas estreitas, onde os efeitos
no linearidade podem ser
desprezados.
2. nenhum termmetro pode ler todas
as temperaturas. Muitos pontos fixos
permite um sistema robusto de
calibrao.
Tab. 3 - Pontos Fixos da Escala
Prtica Internacional de Temperatura
(1990)
Ponto Material Estado Temperatura
1 He Vapor -270,15 a -268,15
2 e-H2
a
Ponto triplo
b
-259,346 7
3 e-H2 Vapor ~-256,16
4 e-H2 Vapor ~-252,85
5 Ne Ponto triplo -248,593 9
6 O2 Ponto triplo -218,791 6
7 Ar Ponto triplo -189,344 2
8 Hg Ponto triplo -38,834 4
9 H
2
0 Ponto triplo 0,01
10 Ga Fuso 27,764 6
11 In Fuso 156,598 5
12 Sn Fuso 231,928
13 Zn Fuso 419,527
14 Al Fuso 660,323
15 Ag Fuso 961,78
16 Au Fuso 1064,18
17 Cu Fuso 1084,62
Notas:
a
- eH2 hidrognio em concentrao de
equilbrio das formas ortomolecular e
paramolecular,
b
- Ponto triplo: temperatura em que as
fases slida, lquida e gasosa esto em
equilbrio.
Entre os pontos fixos selecionados, a
temperatura definida pela resposta de
sensores especficos com equaes
experimentais para fornecer a interpolao
da temperatura. Vrias definies
diferentes so fornecidas, na EPIT de
1990 para temperaturas muito baixas,
prximas do zero absoluto. Nestas
temperaturas, usa-se um termmetro de
gs He para medir a presso e a
temperatura inferida desta presso. Na
faixa de 13,8033 K e 961,78
o
C a
32
0
0
o
C (K)
o
F (
o
R)
212 100
O
C = (
o
F - 32)/1,8
F=1,8C+32
escala
sensor
18 10
Quantidades Medidas
3.18
temperatura definida por um termmetro
de resistncia de platina, que calibrado
em conjuntos especficos de pontos fixos
com equaes de interpolao
cuidadosamente definidas.
Acima de 1064,18
o
C, a temperatura
definida por pirmetro ptico de radiao,
onde a lei de Planck relaciona esta
radiao com a temperatura.
A EPIT continuamente revista e uma
nova verso pode estender a faixa para o
extremo inferior de 0,5 K, substituindo o
instrumento de interpolao a termopar
com uma resistncia de platina especial e
atribuir valores com proximidade
termodinmica para os pontos fixos.
Atualmente o mnimo valor definido na
EPIT 13,81 K.
Fig.11. Calibrador de temperatura
A calibrao de um dado instrumento
medidor de temperatura geralmente feita
submetendo-o a algum ponto fixo
estabelecido ou comparando suas leituras
com outros padres secundrios mais
precisos, que tenham sido rastreados com
padres primrios. A calibrao com outro
instrumento padro feita atravs do
seguinte procedimento:
1. colocam-se os sensores dos
dois instrumentos em contato
ntimo, ambos em um banho de
temperatura,
2. varia a temperatura do banho
na faixa desejada,
3. permite que haja equilbrio em
cada ponto e
4. determinam-se as correes
necessrias.
Termmetros com sensores de
resistncia de platina e termopares
geralmente so usados como padres
secundrios.
Unidades
A 9
a
CGPM (1948) escolheu o ponto
trplice da gua como ponto fixo de
referncia, em lugar do ponto de gelo
usado anteriormente, atribuindo-lhe a
temperatura termodinmica de 273,16 K.
Foi escolhido o grau kelvin (posteriormente
passaria para kelvin) como unidade base
SI de temperatura e se permitiu o uso do
grau Celsius (
o
C), escolhido entre as
opes de grau centgrado, grau
centesimal e grau Celsius para expressar
intervalos e diferenas de temperatura e
tambm para indicar temperaturas em uso
prtico.
Em 1960, houve pequenas alteraes
na escala Celsius, quando foram
estabelecidos dois novos pontos de
referncia: zero absoluto e ponto trplice da
gua substituindo os pontos de
congelamento e ebulio da gua.
A 13
a
CGPM (1967) adotou o kelvin no
lugar do grau kelvin e decidiu que o kelvin
fosse usado para expressar intervalo e
diferena de temperaturas.
Atualmente, kelvin a unidade SI base
da temperatura termodinmica e o seu
smbolo K. O correto falar
simplesmente kelvin e no, grau kelvin. O
kelvin a frao de 1/273,16 da
temperatura termodinmica do ponto
trplice da gua.
Na prtica, usa-se o grau Celsius e o
kelvin limitado ao uso cientfico ou a
clculos que envolvam a temperatura
absoluta. Um grau Celsius igual a um
kelvin, porem as escalas esto defasadas
de 273,15. A temperatura Celsius (T
c
)
est relacionada com a temperatura kelvin
(T
k
) pela equao:
T
c
= T
k
- 273,15
A constante numrica na equao
(273,15) representa o ponto trplice da
gua 273,16 menos 0,01. O ponto de 0
o
C
tem um desvio de 0,01 da escala Kelvin,
ou seja, o ponto trplice da gua ocorre a
0,01
o
C ou a 0,00 K.
Quantidades Medidas
3.19
Os intervalos de temperatura das duas
escalas so iguais, isto , 1
o
C
exatamente igual a 1 K.
O smbolo do grau Celsius
o
C. A letra
maiscula do grau Celsius , s vezes,
questionada como uma violao da lei de
estilo para unidades com nomes de
pessoas. A justificativa para usar letra
maiscula que a unidade o grau e
Celsius (C) o modificador.
A temperatura pode ser realizada
atravs do uso de clulas de ponto trplice
da gua, com preciso de 1 parte em 10
4
.
Medies prticas tem preciso de 2
partes em 10
3
. A escala e os pontos fixos
so definidos em convenes
internacionais que ocorrem
periodicamente.
Fig. 13. Pirmetro de radiao, usado como
medidor porttil de temperatura
Medio da Temperatura
A medio pode ser medida por
sensores mecnicos e eltricos. Os
principais sensores mecnicos so o
bimetal e o sistema de enchimento termal.
Os principais sensores eltricos so o
termopar e o detetor de temperatura e
resistncia (RTD).
O sensor bimetal funciona baseando-se
na dilatao diferente para metais
diferentes. A variao da temperatura
medida causa variao no comprimento e
no formato da barra bimetal, que pode ser
usada para posicionar o ponteiro na escala
de indicao de temperatura.
O sistema de enchimento termal
formado por um bulbo sensvel, um sensor
de presso, um tubo capilar de interligao
e um fluido de enchimento. O fluido pode
ser gs (tipicamente nitrognio), fluido no
voltil (glicerina ou leo de silicone) ou um
fluido voltil (ter etlico). A temperatura
medida atravs da variao da presso do
gs ou da presso de dilatao do fluido
no voltil ou da presso de vapor do
fluido voltil.
A medio de temperatura por termopar
se baseia na milivoltagem gerada pela
diferena de temperatura entre as duas
junes de dois metais diferentes.
A medio de temperatura por
resistncia eltrica se baseia na variao
da resistncia eltrica de metais ou
termistores depender da variao da
temperatura medida.
Calibrao do termmetro
Geral
A calibrao de um termmetro envolve
a determinao de sua indicao de
temperatura em um nmero de
temperaturas conhecidas. Estas
temperaturas podem ser conhecidas
1. pelo estabelecimento de uma
condio altamente reprodutvel,
como os pontos de mudana de
estados de substancias puras (ponto
de fuso ou solidificao, ponto de
ebulio ou liquefao, ponto triplo)
2. pelo fornecimento de um ambiente
isolado termicamente, cuja
temperatura medida precisamente
por um termmetro padro.
Para se ter calibraes exatas, a
condio de referncia de temperatura
deve ser mantida constante, dentro dos
limites de preciso, durante perodos
longos de tempo comparados com as
constantes de tempo dos termmetros.
A interpolao entra na calibrao de
dois modos:
1. a escala de temperatura (IPTS-90)
definida em 11 pontos de referncia
primrios e 27 secundrios. Apenas
15 destes pontos caem entre 0 e
1000
o
C. No prtico reproduzir
mais do que umas poucas destas
condies definidas na calibrao
prtica de um termmetro, de modo
que deve-se usar a interpolao
para determinar a temperatura de
outros condies.
2. usando condies de ponto fixo ou
um termmetro de referncia
Quantidades Medidas
3.20
padro, a calibrao pode ser
praticamente feita somente em um
nmero limitado de temperaturas
dentro da faixa de aplicao do
termmetro a ser calibrado. Uma
interpolao da calibrao do
termmetro entre os pontos de
calibrao deve ser feita para
fornecer uma tabela de calibrao
de trabalho.
Termmetro com resistncia de platina
padro empregado para fornecer
temperaturas de referncia entre os pontos
fixos de 0 e 650
o
C na IPTS-91.O
termmetro pode ser usado para medir a
temperatura de banhos de temperatura
com preciso de 0,01
o
C.
A preciso de instrumentos de
interpolao e das calibraes de
termmetros resultantes diminui na
proporo que se afasta dos pontos fixos
definidos ou pontos de calibrao e a
situao piora mais ainda quando se
extrapola para pontos fora da faixa de
temperatura (abaixo do mnimo e acima do
mximo). A calibrao de termmetros
deve sempre incluir, no mnimo, um ponto
abaixo e um acima dos limites da faixa de
temperatura.
Aplicando temperaturas de calibrao
muito acima de sua faixa mxima pode
diminuir a exatido resultante do
termmetro e at mesmo danificar o
sensor.
Pontos fixos de calibrao
As calibraes dos termmetros podem
ser feitas em vrios pontos fixos de
temperatura que so realizveis
praticamente em um laboratrio. Os
principais pontos so:
1. Ponto de gelo = 273,15 K ou 0
o
C,
que pode ser realizada com
exatido reprodutvel de 0,05
o
C .
2. Ponto de triplo d'gua = 273,16 K ou
0,01
o
C, que pode ser realizada com
exatido reprodutvel de 0,01
o
C,
usando equipamento disponvel
comercialmente .
3. Ponto de ebulio d'gua = 373,15
K ou 100,0
o
C, que pode ser
realizada com exatido reprodutvel
de 0,1
o
C, @ presso atmosfrica
de 760 mm Hg. A variao de 1 mm
Hg causa uma variao de
temperatura de 0,0037
o
C.
4. Ponto de fuso do chumbo =
505,1181 K ou 321,9681
o
C, que
pode ser realizada com exatido
reprodutvel de 0,05
o
C , usando
banhos comerciais com tempos de
repouso de, no mnimo, 10 minutos.
5. Ponto de fuso do zinco = 692,73 K
ou 419,58
o
C, que pode ser
realizada com exatido reprodutvel
de 0,05
o
C ,
6. Ponto de fuso do alumnio =
933,52 K ou 660,37 0,1
o
C, que
pode ser realizada com exatido
reprodutvel de 0,1
o
C.
Outros pontos de fuso so definidos
pela IPTS 90 como temperaturas primarias
ou secundarias e podem ser usados para
calibrao de sensor at o ponto do ouro,
1227,58 K ou 1064,43
o
C, porm, eles so
difceis de implementar, na prtica.
Ambientes de temperatura controlados
ou variveis comumente usados na
calibrao de termmetros so banhos
agitados de gua, leo, mistura de sais,
cmara fluidizada de slidos granulares e
blocos metlicos equalizados em fornalhas
aquecidas eletricamente. Quando se usa
ambientes isotermais, necessrio se ter
um termmetro padro para determinar a
temperatura de calibrao verdadeira.
Tradicionalmente, o sensor padro
usado o de platina padro, com invlucro
de quartzo ou pyrex ou termopar tipo S (Pt
10% RH/90% Pt).
Para fazer a calibrao,
1. define-se a faixa calibrao do
termmetro
2. seleciona-se o nmero de pontos
fixos ou um banho de temperatura
com termmetro padro
3. obtm-se um conjunto de pares de
temperatura (indicada pelo
instrumento e pelo padro)
4. faz-se uma curva ou uma funo
matemtica que descreva a relao
indicao x temperatura
5. aplica-se algum mtodo de encaixe
de pontos, para avaliar as incertezas
envolvidas
produz-se uma tabela de calibrao
para o termmetro particular.
Calibrao de Termmetros
Quantidades Medidas
3.21
A calibrao de qualquer termmetro
requer um meio cuja temperatura seja
conhecida com preciso. Uma escolha
bvia seria usar o meio em que a
temperatura seja conhecida atravs de leis
da natureza. Por exemplo, o ponto triplo da
gua, o ponto de fuso do zinco e outros
pontos de mudana de estado de
substncias puras. Como estes meios
requerem um esforo complicado para sua
produo e manuteno, eles so usados
principalmente para a calibrao de
termmetros padro. Para os termmetros
industriais, usa-se um mtodo mais rpido,
simples e prtico, envolvendo um meio
simples como banho de gelo ou um banho
de leo cuja temperatura seja medida com
um termmetro padro de preciso. A
preciso ou o termmetro padro
chamado de termmetro de referncia.
A indicao de um termmetro sob
calibrao comparada com a do
termmetro de referncia em vrios pontos
diferentes de temperatura cobrindo toda a
faixa desejada. Este mtodo chamado de
calibrao por comparao, diferente da
calibrao em pontos fixos que envolve o
uso dos pontos notveis de mudana de
estado. Um arranjo tpico para a calibrao
de comparao de temperatura envolve
um banho de calibrao (banho de gelo ou
de leo), um termmetro de referncia e
um meio para medir a leitura dos
termmetros de referncia e sob
calibrao.
A preciso de uma calibrao por
comparao determinada pela preciso
dos equipamentos e pelo procedimento de
calibrao. Usam-se vrios componentes
na calibrao por comparao.
Preciso do termmetro de referncia.
Ela depende da preciso inicial do
termmetro de referncia e seu desvio.
Valores tpicos para a preciso inicial de
um termmetro de referncia so 0,001 a
0,1
o
C, dependendo do tipo do termmetro
e seu mtodo de calibrao. A melhor
preciso seria conseguida com um
termmetro com resistncia de platina
padro calibrado no NIST, com a preciso
de alguns milsimos de
o
C.
Desvio do termmetro de referncia.
O desvio possvel do termmetro de
referncia deve ser considerado para o
estabelecimento da preciso da calibrao.
Em caso de um termmetro recentemente
calibrado que conhecido ser estvel de
sua historia passada, o desvio pode ser
desprezado. Caso contrrio, o desvio deve
ser includo no calculo da preciso total.
Valores tpicos de desvio so 0,005 a 0,05
o
C por ano, dependendo da qualidade e
da manipulao do termmetro de
referncia.
Preciso do equipamento de medio.
O equipamento de medio, como
pontes, galvanmetros e multmetros
digitais so usados para medir a sada do
termmetro de referncia. O arranjo mais
preciso seria um termmetro com
resistncia de platina como referncia e
um ponto de relao. Neste caso, a
preciso resultante em termos de
temperatura seria equivalente a alguns
milsimos de
o
C.
Desvio do equipamento de medio.
A no ser que o equipamento de
medio tenha sido calibrado
recentemente, deve-se incluir um valor de
desvio preciso total da calibrao. A
faixa equivalente para a temperatura seria
0,01 a 0,1
o
C por ano.
Estes quatro componentes devem ser
considerados para a determinao da
preciso com que se pode medir a
temperatura do meio ou banho de
calibrao. Deve-se considerar tambm a
preciso em que se pode medir a sada do
termmetro sendo calibrado, que depende
da preciso inicial e do desvio do
equipamento de medio.
Consideraes do Procedimento
Alm dos limites de preciso
associados com o termmetro de
referncia e o equipamento de medio,
deve-se considerar o procedimento. Os
componentes envolvidos aqui incluem a
estabilidade e uniformidade do banho. A
uniformidade do banho deve ser expressa
em termos da mxima diferena de
temperatura devida distribuio espacial
da temperatura que pode existir entre a
temperatura do termmetro de referncia e
o termmetro sendo calibrado.
Quantidades Medidas
3.22
Um bloco equalizador feito de alumnio
ou cobre ajuda a se manter o erro de
uniformidade o mnimo possvel e pode
melhorar a estabilidade. O erro devido a
instabilidade do banho pode tambm ser
reduzido fazendo-se medies mltiplas
dos dois termmetros e fazendo-se a
media das medies. A contribuio da
estabilidade do banho para a preciso da
calibrao pode ser expressa em termos
do desvio padro das medies. O impacto
negativo da uniformidade e estabilidade do
banho na preciso final da calibrao pode
ser ainda minimizada fazendo-se o
seguinte:
1. fazer a medio uma ou duas horas
depois que a temperatura do banho tenha
sido estabilizada em um dado ponto de
calibrao. Isto reduz o erro de
uniformidade do banho.
2. fazer medies simultneas da sada
do termmetro de referncia e do
termmetro sendo calibrado. Isto minimiza
o erro de estabilidade.
As medies anteriores podem ser
realizadas em um arranjo controlado por
computador. Para mxima preciso e
eficincia, o computador pode ser
programado para
1. monitorar e controlar o banho,
2. monitorar a estabilidade do banho,
3. fazer medidores e
4. processar os dados de calibrao.
O sistema pode incluir uma unidade de
chaveamento para permitir a varredura de
vrios termmetros calibrados
simultaneamente.
O computador pode estabelecer a
temperatura do banho para um ponto de
calibrao desejado, monitorar a
temperatura at que ela fique estvel de
acordo critrios predeterminados de
estabilidade, fazer as medies, coletar os
dados e processar os dados para fornecer
a carta de calibrao do termmetro. Com
tal arranjo, os erros de estabilidade e
uniformidade pode ser minimizados.
Agora, deve-se estimar a melhor
preciso que pode ser obtida em um ponto
de calibrao. Tipicamente, tem-se
incertezas entre 0,04 a 0,55
o
C em um
ponto de calibrao. Isto estabelece a faixa
para a preciso que pode ser obtida em
um dado ponto de calibrao dentro de
uma faixa moderada de temperatura. Os
termmetros devem ser calibrados em
mais de um ponto. Os pontos adicionais de
calibrao elevam os erros acima dos
limites de 0,04 e 0,55
o
C.
Os fatores adicionais que introduzem
erros na calibrao incluem o auto-
aquecimento em RTDs, erros de imerso
durante a calibrao em RTDs e
termmetros, erros de resistncia de
isolao, erros associados com reduo de
dados de calibrao. Estas consideraes
indicam que a melhor preciso conseguida
para um termmetro industrial no pode
ser melhor do que 0,1
o
C, mesmo para um
sensor novo que tenha sido calibrado
recentemente. Uma vez que o termmetro
instalado no processo, a preciso pode
comear a se deteriorar quando o sensor
envelhece. A taxa desta deteriorao
depende da qualidade do termmetro, sua
instalao, condies de processo e outros
fatores.
As limitaes de como um termmetro
industrial pode ser bem calibrado e manter
sua calibrao indicam que a faixa de 0,1
a 1,0
o
C a melhor preciso que se pode
conseguir com um termmetro industrial
usado em faixa moderada de temperatura
em uma instalao tpica industrial.
obviamente, o termmetro pode indicar a
temperatura verdadeira do processo mas o
usurio no pode estar certo de que se
est medindo a temperatura melhor do que
0,1 a 1,0
o
C. O afastamento da
temperatura medida do valor verdadeiro
depende de vrios fatores:
1. tipo do termmetro sendo usado,
2. faixa de temperatura sendo medida,
3. condies do processo e do ambiente
onde o termmetro est exposto.
Geralmente, RTDs oferecem melhor
preciso do que os termopares. Tambm,
em faixas moderadas de temperatura, uma
melhor preciso conseguida no inicio da
faixa do que na extremidade superior da
faixa. Por exemplo, muito mais simples
medir com preciso a temperatura
ambiente da sala do que a temperatura de
300
o
C no processo industrial.
Termmetros de vidro
Mesmo um termmetro de haste de
vidro deve ser calibrado periodicamente,
Quantidades Medidas
3.23
onde se inspecionam visualmente e
verificam as dimenses, permanncia do
pigmento, estabilidade do bulbo e preciso
da escala. Depois da calibrao, podem
ser feitas correes, aplicados fatores de
correo ou o termmetro pode ser
descartado.
Para maiores detalhes, deve se
consultar a norma ASTM E 77 92:
Standard Test Method for Inspeciton and
Verification of Thermometers. Vrias
normas ASTM cobrem os termmetros
clinicos.
Termmetros a bimetal
O termmetro a bimetal possui todos os
componentes de medio sensor,
condicionador e indicador em um nico
invlucro. O sensor a bimetal integral ao
instrumento no pode ser calibrado
isoladamente mas somente pode ser
inspecionado visualmente, para verificar
corroso ou danos fsicos evidentes.
O que se faz calibrar o sistema de
indicao, colocando-se o termmetro em
um banho de temperatura e comparando
as indicaes do termmetro com as
indicaes de um termmetro padro
colocado junto. O termmetro a bimetal
pode ser calibrado e, se necessrio,
ajustado nos pontos de zero e de largura
de faixa.
Termopares
Os termopares transformam calor em
eletricidade. As duas extremidades de dois
fios de metais diferentes, como ferro e
constantant, so tranadas juntas para
formar duas junes: uma de medio e
outra de referncia. Um voltmetro ligado
em serie ir mostrar uma voltagem
termeltrica gerada pelo calor. Esta
voltagem funo da
1. diferena de temperatura entre a
juno de medio e a juno de
referncia.
2. tipo do termopar usado
3. homogeneidade dos metais
O mesmo resultado obtido se as
extremidades de referncia de dois fios
so ligadas diretamente aos terminais do
voltmetro; estes terminais formam agora a
juno de referncia.
Como a homogeneidade dos fios
componentes do termopar pode se
modificar, o termopar e os fios de extenso
de termopar devem ser periodicamente
calibrados. A calibrao consiste em
verificar se as suas caractersticas se
afastaram dentro da tolerncia (termopar
bom) ou alm da tolerncia (termopar deve
ser descartado).
As tcnicas de calibrao do termopar
tem sido melhoradas constantemente em
velocidade e confiabilidade, por causa do
uso do microprocessador. A tcnica antiga
consistia em ligar o instrumento receptor
do termopar aos terminais de um
potencimetro porttil de milivoltagem,
medir a temperatura destes terminais com
um termmetro padro, ajustar a sada do
potencimetro para dar a indicao terica
no receptor e anotar o ajuste do
potencimetro. Finalmente, se procurava a
temperatura correspondente em tabelas
padro. Este processo consumia muito
tempo e era susceptvel a erros potenciais.
A medio de temperatura nos
terminais necessria porque um
termopar contem inerentemente duas
junes de metais diferentes e no apenas
uma. A sada de voltagem deste sistema
de termopar afetada pelas temperaturas
de ambas as junes. A medio da
temperatura da juno de medio, deste
modo, requer o conhecimento da
temperatura da juno de referncia. Em
muitos instrumentos, a juno de
referncia ocorre nos terminais de ligao
neste instrumento receptor.
O microprocessador simplificou muito a
calibrao do termopar. Sua memria pode
conter as curvas de temperatura (voltagem
x temperatura) para os diferentes
termopares. Estas curvas so geradas
usando-se equaes publicadas pelo
National Institute of Standards and
Technology. Um instrumento a
microprocessador tambm faz a medio
da temperatura da juno de referncia,
incorporando-a em um resultado
compensado corretamente. Quando a
calibrao do instrumento baseado em
microprocessador recebe uma voltagem,
ele imediatamente translada para a
unidade de temperatura (
o
C), de acordo
com tabelas contidas na sua memria e
indica digitalmente estes valores.
Quantidades Medidas
3.24
Tab. 5. Incertezas de calibrao em termopares calibrados pelo mtodo de comparao
A
Incerteza Tipo Faixa,
o
C Pontos de calibrao
Pontos
observados
Valores interpolados
0 a 870
C
cada 100 0,5 1
0 a 870
C
300, 600 e 870 0,5 2
0 a 350
D
cada 100 0,1 0,5
E
-160 a 0
D
cada 50 0,1 0,5
0 a 760
C
100, 300, 500 e 750 0,5 1 J
0 a 350
D
cada 100 0,1 0,5
0 a 1250
C
cada 100 0,5 1
0 a 1250
C
300, 600, 900 e 1200 0,5 2
0 a 350
D
cada 100 0,1 0,5
K
-160 a 0
D
cada 50 0,1 0,5
0 a 1450
C
cada 100 0,3 0,5 a 1100 e 2 a 1450 R e S
0 a 1450
C
600 e 1200 0,3 1 a 1100 e 3 a 1450
0 a 1700
C
cada 100 0,3 0,5 a 1100 e 3 a 1700 B
0 a 1700
C
600 e 1200 0,3 1 a 1100 e 5 a 1700
0 a 370
D
cada 100 0,1 0,2
0 a 100
D
50 e 100 0,05 0,1
T
-160 a 0
D
cada 60 0,1 0,2
A
Valores foram extrados da Circular 590 do National Bureau of Standards (hoje NIST)
C
Em fornos tubulares, por comparao com um termopar tipo S calibrado
D
Em banhos lquidos agitados, por comparao com um RTD de platina calibrado
Quantidades Medidas
3.25
Para calibrar instrumentos com
termopar, a tcnica bsica fornecer um
sinal conhecido para o instrumento
receptor para garantir que ele est dando
uma indicao precisa e exata. O
calibrador fornece este sinal de uma
fonte estvel e monitora, ao mesmo
tempo, o sinal com o sistema de medio
do prprio calibrador. A curva
temperatura vs voltagem armazenada no
sistema do microprocessador do
calibrador o ponto de referncia para
gerar uma sada correta. Assim, o
calibrador simula o termopar, gerando
uma tenso correspondente
temperatura e indicando temperatura (e
no tenso).
Alm de calibrar e ajustar o
instrumento receptor (registrador,
indicador, controlador), deve-se calibrar o
sensor em si. O sensor pode ser
substitudo por um sensor novo calibrado
ou pode ser removido e calibrado em um
laboratrio de temperatura. Ele tambm
pode ser calibrado no local se um sensor
padro de referncia puder ser instalado
temporariamente prximo do termopar de
trabalho. Este caso nem sempre
possvel, mas quando possvel, ele deve
ser preferido. Sua vantagem que o
sensor instalado aferido em sua
condio real de operao. Um
calibrador tendo dois canais de entrada
torna este mtodo prtico.
Vantagens da Calibrao Inteligente
Os calibradores a microprocessador
melhoram muito a preciso. Sem esta
ajuda, o tcnico comea com algum erro
pelo fato de usar um termmetro
separado na juno de referncia que
no est colocado na juno de
referncia. A converso manual de
tabelas pode levar a erros humanos de
operao. Usando a tcnica de
microprocessador, consegue-se preciso
de at 0,02%.
Os calibradores digitais podem ter
outras funes, oferecendo uma faixa de
caractersticas para medir todos os tipos
de termopares e fontes de milivoltagens
e para calibrar registradores, indicadores,
controladores e outros tipos de circuitos
potenciomtricos e piromtricos. Os
calibradores so portteis e leves, com
baterias recarregveis e autocontidas.
Os instrumentos a microprocessador
podem medir e simular os sete tipos de
termopares definidos pela ISA e outros
padres internacionais e adaptados para
a maioria das aplicaes. Cada termopar
tem suas prprias ligas metlicas, faixas
de temperatura e cdigos de cores.
Estes termopares so do tipo: B, E, J, K,
R, S e T. Um oitavo tipo, N, foi definido e
est sendo padronizado. As curvas
destes termopares, disponveis na
literatura tcnica, mostram milivoltls
versus
o
C e podem ser armazenadas na
memria do calibrador.
A calibrao com instrumento a
microprocessador permite a calibrao
mais rpida, mais direta e mais precisa.
H ainda tabelas gerais:
# Titulo
1 Tolerncias nos valores iniciais de
fem versus temperatura para
termopares
2 Limites superiores sugeridos para
termopares protegidos
3 Coeficientes polinomiais para termopares
gerando fem como funo de temperatura
40 Coeficientes de polinmios inversos para
computao da temperatura aproximada
como funo de fem de termopares
Tab.4. F.e.m. versus temperatura para
termopares
Nmero Tipo Faixa
4 B 0 a 1820
o
C
5 B 32 a 3308
o
F
6 E -270 a 1000
o
C
7 E -454 a 1832
o
F
8 J -210 a 1200
o
C
9 J -346 a 2192
o
F
10 K -270 a 1372
o
C
11 K -454 a 2500
o
F
12 N -270 a 1300
o
C
13 N -454 a 2372
o
F
14 R -50 a 1768
o
C
15 R -58 a 3214
o
F
16 S -50 a 1768
o
C
17 S -58 a 3214
o
F
18 T -270 a 1300
o
C
19 T -454 a 2500
o
F
Quantidades Medidas
3.26
2.5. Corrente Eltrica
Conceito
A 9
a
CGPM (1948) adotou a definio
de ampere, baseando-se em unidades
mecnicas existentes, como a corrente
constante que, se mantida em dois
condutores retos paralelos de
comprimento infinito, de seo circular
desprezvel e colocados em uma
distncia de 1 m, no vcuo, produzem
entre estes condutores uma fora igual a
2 x 10
-7
N por metro de comprimento.
Outra definio mais prtica e
realizvel estabelece que 1 ampere a
corrente eltrica que deposita 1,118 mg
de prata em 1 s de uma soluo saturada
de xido de prata.
Fig. 14 - O ampere e sua definio SI.
Unidade
O ampere a unidade SI base de
corrente eltrica e o seu smbolo A.
Realizao da Unidade Base SI
A corrente eltrica pode ser realizada
pela balana de corrente de Ayrton-
Jones, com preciso de 2 partes em 10
6
.
A resistncia eltrica pode ser medida
com preciso de 5 partes em 10
8
pelo
capacitor calculvel de Thompson-
Lampard e o volt pode ser medido com 3
partes em 10
8
usando os efeitos
Josephson, que so insatisfatrios.
Padres
Como a preciso da realizao do
ampere pela balana de corrente muito
pobre quando comparada com a
preciso de intercomparao de clulas
padro e resistores, e tambm por causa
da dificuldade de armazenar o valor
realizado do ampere, os Laboratrios
Nacionais de Padro usam bancos de
clulas padro e resistores como
padres primrios mantidos.
2.6. Quantidade de Matria
Conceito
O nome desta grandeza quantidade
de matria, tendo como base o nome
francs quantit de matire, porm
usado tambm o nome quantidade de
substancia, por causa da influencia do
ingls amount of substance. Este nome
recorda o latim quantitas materiae,
utilizado para designar a grandeza que
hoje se chama massa. Deve-se esquecer
este significado pois a massa e a
quantidade de matria so grandezas
diferentes.
Mol a unidade de quantidade de
matria, criada para os qumicos, em
1971. Um mol contem a mesma
quantidade de tomos que 0,012
kilograma de carbono C-12.
Anteriormente, o oxignio (O
2
-16) era
usado como referncia, porem, por
desavenas entre fsicos e qumicos e
por causa da existncia de trs istopos
do oxignio (16, 17 e 18), em 1960
houve um acordo entre eles para se usar
o istopo 12 do carbono.
A lei de Avogrado estabelece que
iguais volumes de gases ideais,
mesma temperatura e presso, contem o
mesmo nmero de molculas. O nmero
de moles pode ser expresso como o
nmero de unidades elementares
dividido pelo nmero de Avogadro (6,02 x
10
23
). A unidade elementar pode ser
tomo, molcula, on, eltron, fton ou
um grupo especifico de tais unidades,
porm a entidade usada deve ser
especificada.
O mol numericamente igual massa
molecular em gramas, erroneamente
chamada de peso molecular. O mol no
uma unidade de massa mas deve ser
considerada como tendo uma dimenso
prpria. As vezes se pensa que a
existncia da massa tornaria
desnecessria a quantidade de matria.
H situaes na qumica e fsica onde
desejvel basear as medies das
propriedades em um componente
fundamental da matria, como a
molcula e o tomo. As massas
expressas em unidades de kilograma so
muito pequenas e com exatides
Quantidades Medidas
3.27
inadequadas. Como bem estabelecido
que o mesmo nmero de molculas e
tomos tem a mesma massa e
propriedades, conveniente definir uma
quantidade base de quantidade de
matria - o mol.
Para aumentar a preciso das
quantidades envolvidas, o mol definido
indiretamente pela comparao do
nmero de entidades relacionadas com
as que constituem 0,012 kg de C-12.
Uma contagem direta destes itens em
um mol substitui a referncia das
medies de massas, levando a uma
preciso maior em termos de mol.
Fig. 15 - O mol definido no SI como
a quantidade de matria de um sistema
que contem um nmero de unidades
elementares igual ao nmero de
unidades contidas nos tomos de C-12
em exatamente 0,012 kilograma. A
unidade elementar deve ser especificada
e pode ser tomo, molcula, on, eltron
ou grupo especfico destas entidades.
A massa molecular ou atmica tendo
o kilograma por mol como unidade deve
substituir o peso molecular ou o peso
atmico. A palavra molar colocada
depois de uma quantidade indica que ela
se refere unidade de quantidade de
matria (mol), ou seja, por mol de
matria. O termo especifico corresponde
a uma quantidade sendo referida
unidade de massa (kg). Por exemplo, a
massa molar do metano 0,016 043
kg/mol e para o bixido de carbono
0,044 010 kg/mol. Estas duas massas
tem exatamente o mesmo nmero de
molculas.
Unidades
O mol a unidade de base SI de
quantidade de matria e o seu smbolo
mol. No se deve dizer que n o nmero
de moles, mas que n a quantidade de
matria.
O mol pode ser realizado
indiretamente pela constante de
Avogrado, com preciso de 1 parte em
10
6
. O volume molar de um gs ideal
nas condies normais de temperatura e
presso (0
o
C e 1 atmosfera) igual a
22,4 litros. Volumes iguais de gases
contem nmeros iguais de partculas. Um
mol de qualquer gs contem 6,02 x 10
23
molculas.
Fig. 16. Materiais de Referncia Cerficada de
laboratrio
2.7. Intensidade Luminosa
As unidades de intensidade luminosa
se baseavam em padres de chama ou
lmpadas de filamento incandescente. A
9
a
CGPM (1948) substituiu o nome de
vela nova por candela, que correspondia
luminncia do emissor de radiao de
Planck (corpo negro) temperatura de
fuso da platina, por sugesto da
Comisso Internacional de Iluminao.
A 13
a
CGPM (1967) redefiniu a
unidade candela, como a intensidade de
luz incidindo na direo perpendicular a
uma superfcie de 1/600 000 metro
quadrado de um corpo negro radiador
perfeito, temperatura de liquefao da
platina (2024 K), presso padro (101
325 pascals).
A 16
a
CGPM (1979) redefiniu
novamente a candela, por causa da
dificuldade prtica e realizar o irradiador
de Planck em alta temperatura e das
novas facilidades da radiometria.
Atualmente, a candela a intensidade
luminosa, numa dada direo de uma
Quantidades Medidas
3.28
fonte que emite uma radiao
monocromtica de freqncia 540 x 10
12
Hz e com intensidade energtica nesta
direo de 1/683 W/sr.
Candela a unidade base SI de
intensidade luminosa, com smbolo de
cd. (Candela, em latim significa vela).
A realizao da candela conforme a
definio, o que difcil e impreciso. A
preciso obtida de 5 partes em 10
6
.
Por exemplo, uma lmpada
incandescente de 100 watts tem
aproximadamente intensidade luminosa
de 135 candelas (135 cd).
Fig. 17 - No SI, a candela a intensidade luminosa
na direo perpendicular de uma superfcie de 1/600 000
metro quadrado de um corpo negro perfeito mantido
temperatura do ponto de fuso da platina (2024 K) e
presso de
101 325 kPa.
2.8. Quantidades Suplementares
As duas grandezas (unidades)
suplementares so: ngulo plano
(radiano) e ngulo slido (esterradiano).
Embora estas grandezas tenham sido
apresentadas como suplementares elas
so anlogas s grandezas de base.
ngulo plano e ngulo slido so
adimensionais. Suas unidades podem
ser radiano e esterradiano ou nenhuma
dimenso.
Tab. 6 - Grandezas suplementares e unidades
Quantidade Fsica Unidade Smbolo
ngulo radiano rad
ngulo slido esterradiano sr
ngulo Plano
O radiano a unidade de ngulo
plano. Um radiano o ngulo plano com
seu vrtice no centro de um crculo
compreendido por um arco com
comprimento igual ao do raio. O radiano
adimensional. O smbolo do radiano
rad.
1 radiano igual a 57,2958
o
.
O crculo possui 2 radianos (~
6,2832 rad).
Na prtica, usa-se mais o grau que o
radiano para expressar os ngulos
planos. O radiano mais usado em
equaes cientficas e de engenharia.
ngulo Slido
O esterradiano a unidade de ngulo
slido. Um esterradiano o ngulo slido
com o vrtice no centro de uma esfera
compreendido por uma rea de
superfcie esfrica igual a de um
quadrado tendo lados iguais ao
comprimento do raio. O smbolo do
esterradiano sr.
A esfera possui 4 esterradianos
(12,566 sr).
Fig. 18 - Definies SI de radiano e esterradiano.
d
a
Entrada
Tolerncia total
0
25 50 75 100
25
50
75
100
B% f.e.
-A% v.m.
Ponto em que A% do vm = B% f.e.
Instrumentos de Medio
4.32
deve-se estabelecer o valor da entrada. O
inverso da sensitividade o fator de
deflexo do instrumento.
O termo sensitividade pode ser
interpretado como a deflexo do ponteiro
do instrumento dividida pela
correspondente alterao do valor da
varivel. Por exemplo, se a parte usvel
da escala 10 cm, a sensitividade do
voltmetro 10 cm/200 volts ou 0,05
cm/volt. obvio que este indicador tem
dificuldades para indicar voltagens
menores que 0,5 volt ou entre 150 e 150,5
volts. Quando se quer indicar 0,05 volts,
um medidor com uma faixa de 1 volt seria
a soluo. A sensitividade, agora, 10
cm/volt; um sinal de 0,05 volt produziria
uma deflexo na indicao de 0,5 cm.
A sensitividade pode ser tambm a
habilidade de um instrumento responder e
detetar a menor varivel na medio de
entrada. Neste caso, ela tambm
chamada de resoluo ou de
discriminao. No h correlao entre a
sensitividade e o erro.
Fig. 23. Expresso da sensitividade
Zona Morta
O efeito da zona morta aparece quando
a medio cai nas extremidades das
escalas. Quando se mede 100 volts,
comeando de 0 volt, o indicador mostra
um pouco menos de 100 volts. Quando se
mede 100 volts, partindo de 200 volts, o
ponteiro marca um pouco mais de 100
volts. A diferena das indicaes obtidas
quando se aproxima por baixo e por cima
a zona morta. O erro de zona morta
devido a atritos, campos magnticos
assimtricos e folgas mecnicas.
Rigorosamente zona morta diferente de
histerese, porm, a maioria das pessoas
consideram zona morta e histerese o
mesmo fenmeno.
Na prtica, a aplicao repentina de
uma grande voltagem pode causar um erro
de leitura, pois o ponteiro produz uma
ultrapassagem (overshoot), oscila e
estabiliza em um valor. Se a ltima
oscilao ocorreu acima do valor, a
indicao pode ser maior que o valor
verdadeiro; se ocorreu abaixo do valor, a
indicao pode ser menor que o valor
verdadeiro. O bom projeto do instrumento
e o uso de materiais especiais para
suportes, magnetos e molas, pode reduzir
a zona morta. Um modo efetivo para
diminuir o efeito da zona morta tomar
vrias medies e fazer a mdia delas.
Tempo de Resposta
A tempo de resposta o intervalo que o
instrumento requer para responder a um
sinal tipo degrau aplicado sua entrada. O
tempo de resposta desprezvel quando o
sinal varia lentamente. Porm, quando o
sinal varia rapidamente e continuamente, o
ponteiro fica oscilando e nunca fica em
equilbrio, impedindo a leitura exata da
indicao. O tempo de resposta depende
da massa do ponteiro, resistncia da mola
de retorno e da criao e desaparecimento
do campo magntico. O olho humano
tambm tem dificuldade de acompanhar
variaes muito rpidas do ponteiro.
Os artifcios para diminuir o tempo de
resposta do indicador incluem a diminuio
do ponteiro, uso de materiais mais leves,
molas com menores constantes, uso de
displays eletrnicos sem ponteiros
(digitais).
Confiabilidade
Os instrumentos de medio podem
falhar, deixar de operar, operar
intermitentemente ou degradar
Instrumento no linear
Entrada qi
S
a
d
a
q
o
qo
qi
Entrada qi
S
a
d
a
q
o
Sensitividade = qo/qi
Instrumento linear
Instrumentos de Medio
4.33
prematuramente seu desempenho quando
exposto a condies desfavorveis de
temperatura, presso, umidade, fungos,
frio, maresia, vibrao e choque mecnico.
Instrumento confivel estvel, autentico e
garantido. Esta expectativa de
confiabilidade pode parecer subjetiva,
porm, a confiabilidade pode ser definida,
calculada, testada e verificada.
Confiabilidade a probabilidade de um
instrumento executar sua funo prevista,
durante um perodo de tempo especificado
e sob condies de operao
determinados. A funo pretendida
identifica o que constitui o no
desempenho ou falha do instrumento. O
perodo especificado pode variar de uma
operao instantnea (fusvel, disco de
ruptura) ou operaes que duram anos
ininterruptos. O desempenho sob
condies estabelecidas refere-se s
condies de operao e do ambiente. As
condies operacionais podem depender
do tipo do instrumento mas devem ser
completamente identificadas. As condies
de operao e do ambiente no podem
causar ou contribuir para o aparecimento
de falhas.
Medies confiveis devem ser vlidas,
precisas, exatas e consistentes, por
definio e verificao. Medidas vlidas
so feitas por procedimento corretos,
resultando no valor que se quer medir.
Medidas precisas so repetitivas e
reprodutivas, com pouca disperso em
torno do valor esperado. Medidas exatas
esto prximas do valor verdadeiro ideal.
Medidas consistentes so aquelas cujos
valores ficam cada vez mais prximos do
valor verdadeiro, quando se aumenta o
nmero de medies replicadas.
O metrologista, pessoa que procura
fazer medies com a mxima exatido e
preciso, parece ter uma interpretao
filosfica de confiabilidade. Em sua
determinao de constantes fundamentais,
ele procura um valor verdadeiro mais
fisicamente possvel. O instrumentista no
campo ou no laboratrio, tem um enfoque
operacional e procura o melhor valor
pratico possvel. Melhor implica
simplesmente que a incerteza para uma
dada medio foi reduzida at um valor
menor que um nmero predeterminado. A
incerteza normalmente expressa por
uma faixa ou limites de confiabilidade,
dentro da qual altamente provvel que os
resultados da medio estejam.
A confiabilidade da medio inclui o
intervalo de tempo durante o qual o
instrumento permanece calibrado. Ela
comumente somada e expressa em MTBF
(mean time between failures - tempo mdio
entre falhas).
O termo falha no significa
necessariamente o desligamento completo
do instrumento, mas que o instrumento
deixou de manter sua especificao de
erro. O instrumento que requer calibraes
muito freqentes pouco confivel, porque
apresenta problema estrutural, ou est mal
aplicado ou de m qualidade. Quando a
indicao de um instrumento se afasta do
valor verdadeiro, sua calibrao est
variando com o tempo e sua
reprodutibilidade piora.
difcil estimar a confiabilidade de
dados experimentais. Mesmo assim, se
pode fazer tais estimativas porque dados
de confiabilidade desconhecida so inteis.
Resultados que no especialmente exatos
podem ser valiosos se os limites de
incerteza so conhecidos.
Infelizmente, no h mtodo simples
para determinar a confiabilidade dos dados
com certeza absoluta. s vezes, to
trabalhoso garantir a qualidade dos
resultados experimentais, quanto coleta-
los. A confiabilidade pode ser avaliada de
diferentes modos. Padres com certeza
conhecida so usados para comparaes
e calibraes. A calibrao de
instrumentos aumenta a qualidade dos
dados. Testes estatsticos so aplicados
aos dados. Nenhuma destas opes
perfeita e, no fim, sempre deve-se fazer
julgamentos para a exatido provvel dos
resultados.
Uma das primeiras questes a levantar
antes de fazer a medio : qual o
mximo erro tolerado no resultado? A
resposta a esta questo determina quanto
tempo se gastar na anlise dos dados.
Por exemplo, um aumento de 10 vezes na
confiabilidade pode resultar em horas, dias
ou semanas de trabalho adicional.
Ningum pode pretender gastar tempo
Instrumentos de Medio
4.34
gerando medies que sejam mais
confiveis que o necessrio.
Estabilidade
O desempenho de um instrumento de
medio varia com o tempo. Geralmente, a
exatido do instrumento se degrada com o
tempo. As especificaes fornecidas pelo
fabricante se referem a um instrumento
novo, recm calibrado e testado nas
condies de laboratrio, que so muito
mais favorveis que as condies reais de
processo. A estabilidade do medidor sua
habilidade de reter suas caractersticas de
desempenho durante um longo perodo de
tempo. A estabilidade pode ser expressa
como taxa de desvio (drift rate),
tipicamente em % por ano ou unidade por
ano.
A estabilidade do instrumento um
parmetro bsico para a determinao dos
intervalos de calibrao do instrumento.
Facilidade de Manuteno
Nenhum instrumento opera todo o
tempo sem falha ou com o desempenho
constante. Todo instrumento, por melhor
qualidade que tenha, mesmo que no
tenha peas moveis, em algum tempo
necessita de alguma inspeo e
manuteno. Normalmente, todas as
plantas possuem programas estabelecidos
de manuteno preventiva e preditiva.
Mesmo assim, freqentemente, o
instrumento requer manuteno corretiva.
O instrumento microprocessado
(inteligente) possui a caracterstica de
auto-diagnose, quando ele informa ao
operador o afastamento do desempenho
do desejado.
A facilidade de manuteno de um
instrumento pode ser quantitativamente
calculada como o tempo mdio gasto para
seu reparo. A combinao do tempo mdio
entre falhas (MTBF) e o tempo mdio para
reparo (MTTR) d a disponibilidade do
instrumento. Instrumento muito disponvel
aquele que raramente se danifica
(grande tempo mdio entre falhas) e
quando isso ocorre, seu reparo rpido
(pequeno tempo mdio para reparo).
As condies que facilitam a
manuteno incluem:
1. acesso fcil,
2. conjuntos modulares substituveis,
3. pontos de testes estrategicamente
localizados,
4. auto-diagnose dos defeitos,
5. identificao clara das peas na
documentao e no instrumento,
6. padronizao e disponibilidade dos
componentes reservas,
7. nmero limitado de ferramentas e
acessrios de suporte,
8. compatibilidade e intercambiabilidade
de instrumentos e peas,
9. facilidade de manuseio, transporte,
armazenamento,
10. documentao tcnica, marcaes e
etiquetas completas e claras.
4.6. Especificao da Preciso
A preciso industrial de um instrumento
pode ser expressa numericamente de
vrios modos diferentes:
1. percentagem do fundo de escala da
medio,
2. percentagem do limite superior da
capacidade do instrumento
3. percentagem da largura de faixa da
medio,
4. percentagem do valor real medido,
5. unidade de engenharia da varivel.
Mesmo que os valores numricos sejam
iguais para um determinado valor da
medio, a classe de preciso do
instrumento pode ser diferente ao longo de
toda a faixa. Por exemplo, o instrumento A,
com preciso de 1 % do fundo de escala
tem desempenho de preciso diferente do
instrumento B, com preciso de 1 % do
valor medido, ambos calibrados para medir
0 a 10 L/s. O erro da medio igual
somente para a vazo de 10 L/s, quando o
valor medido igual ao fundo da escala.
Percentagem do Fundo de Escala
Os medidores que possuem os erros
devidos ao ajustes de zero e de largura de
faixa possuem a preciso expressa em
percentagem relativa ao fundo de escala.
Os instrumentos com erro dado em
percentagem do fundo de escala
apresentam um erro absoluto constante
(valor da percentagem vezes o fundo da
escala) e o erro relativo aumenta quando a
medio diminui.
Esta classe de instrumentos aparece
principalmente na medio de vazo e um
Instrumentos de Medio
4.35
exemplo o erro da placa de orifcio em
percentagem do fundo de escala.
Tab.1. Erros de instrumento com impreciso % do
F.E.
Vazo
L/s
Erro absoluto
L/s
Erro relativo
%
100 1 1
50 1 2
30 1 3
10 1 10
1 1 100
Por exemplo, na medio da vazo de 0
a 100 L/s, com a preciso de 1% do fundo
de escala, o erro absoluto igual a 1% x
100 = 1 L/s mas o erro relativo aumenta
hiperbolicamente (sentido rigoroso e no
figurado). Nesta aplicao, para se ter um
erro menor que 3%, deve-se medir apenas
vazes acima de 30 L/s.
Percentagem do limite superior do
instrumento (URL)
Atualmente, por causa do rigor
metrolgico dos usurios, os fabricantes
tambm expressam a incerteza dos
instrumentos em percentagem do limite
superior do instrumento (URL - upper
range limit ou URV - upper range value).
uma filosofia mais realista, pois expressa a
incerteza do instrumento em funo de
suas caractersticas de fabricante e no de
suas caractersticas de aplicao. A
incerteza de uma capsula de transmissor
deve ser funo de como ela foi construda
e no de como ela calibrada para uso.
Como exemplo numrico, se uma cpsula
feita para medir de 0 a 10 000 mm H
2
0,
sua impreciso deve estar associada a
esta capacidade. Se a impreciso for de
0,1% desta faixa, sua incerteza de 10
mm H
2
0, quer ela seja calibrada para faixa
de 0 a 100 ou 0 a 1000 ou 0 a 10 000 mm
H
2
0. Obviamente, o erro relativo para a
faixa calibrada de 0 a 100 de 10%, para
a faixa de 0 a 1000 de 1% e somente
para a faixa de 0 a 10 000 mm H
2
0 o erro
de 0,1%, o nominal.
Percentagem da largura de faixa
Quando a faixa de medio se refere a
zero, as precises referidas largura de
faixa e ao fundo de escala so idnticas.
Quando a faixa de medio com zero
elevado, a largura de faixa maior que o
valor do fundo de escala e quando a faixa
de medio com zero suprimido, a
largura de faixa menor que o valor do
fundo de escala.
Numericamente, na medio de 0 a 100
o
C, as precises de 1% do fundo de
escala e 1% da largura de faixa so
ambas iguais a 1
o
C.
Para uma faixa de 20 a 100
o
C, o erro
de 1% do fundo de escala de 1
o
C,
porm, o erro de 1% da largura de faixa
de 0,8
o
C.
Para uma faixa de -20 a 100
o
C, o erro
de 1% do fundo de escala ainda 1
o
C,
porm, o erro de 1% da largura de faixa
de 1,2
o
C.
Em faixas com zero elevado ou zero
suprimido no se deve expressar a
preciso em percentagem do fundo de
escala, mas sim de largura de faixa. Por
exemplo, na medio de
-100 a 0
o
C, o erro em fundo de escala se
refere a 100 e no a 0
o
C.
Percentagem do Valor Medido
Os medidores que possuem somente os
erros devidos ao ajustes de largura de
faixa e no possuem erros devidos aos de
zero, pois a condio de zero
exatamente definida, possuem a preciso
expressa em percentagem do valor
medido. Os instrumentos com erro dado
em percentagem do valor medido
apresentam um erro relativo constante
(valor definido pela qualidade do
instrumento) e o erro absoluto aumenta
quando a medio aumenta.
Por exemplo, seja a medio da vazo
de 0 a 100 L/s, com a preciso de 1% do
valor medido. O erro relativo da medio
vale sempre 1%. Porm, o erro absoluto
depende do valor medido. O erro absoluto
aumenta linearmente com o valor da
medio feita. Teoricamente, este
instrumento teria uma rangeabilidade
infinita, porm, na prtica, ela
estabelecida como de 10:1.
Instrumentos de Medio
4.36
Tab. 2. Erros de instrumento com impreciso % do
V.M.
Vazo
L/s
Erro absoluto
L/s
Erro relativo
%
100 1 1
50 0,5 1
30 0,3 1
10 0,1 1
1 0,01 1
Unidade de Engenharia
possvel ter a preciso expressa na
forma do erro absoluto dado em unidades
de engenharia. Como o erro absoluto
constante, o erro relativo se comporta
como o erro do instrumento com
percentagem do fundo de escala. Por
exemplo, no termmetro com erro absoluto
de 1
o
C, independente da medio, o
erro relativo aumenta quando a medio
diminuir, exatamente como no instrumento
com percentagem do fundo de escala.
4.7. Rangeabilidade
To importante quanto preciso e
exatido do instrumento, sua
rangeabilidade. Em ingls, h duas
palavras, rangeability e turndown para
expressar aproximadamente a extenso de
faixa que um instrumento pode medir
dentro de uma determinada especificao.
Usamos o neologismo de rangeabilidade
para expressar esta propriedade.
Fig. 24. Escalas linear, raiz quadrtica e
logartmica, com diferentes rangeabilidades
Para expressar a faixa de medio
adequada do instrumento define-se o
parmetro rangeabilidade. Rangeabilidade
a relao da mxima medio sobre a
mnima medio, dentro uma determinada
preciso. Na prtica, a rangeabilidade
estabelece a menor medio a ser feita,
depois que a mxima determinada. A
rangeabilidade est ligada relao
matemtica entre a sada do medidor e a
varivel medida. Instrumentos lineares
possuem maior rangeabilidade que os
medidores quadrticos (sada do medidor
proporcional ao quadrado da medio).
Na medio de qualquer quantidade se
escolhe um instrumento pensando que ele
tem o mesmo desempenho em toda a
faixa. Na prtica, isso no acontece, pois o
comportamento do instrumento depende
do valor medido. A maioria dos
instrumentos tem um desempenho pior na
medio de pequenos valores. Sempre h
um limite inferior da medio, abaixo do
qual possvel se fazer a medio, porm,
a preciso se degrada e aumenta muito.
Fig. 25. Preciso em percentagem do fundo de
escala, rangeabilidade de 3:1
10 :1
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Linear
3 :1
50
60
70
80
90
100
40
30
20
0
Raiz Quadrtica
50
100
40
30
20
90
80
70
60
10
0
30 :1
Logaritmica
1% fundo de escala
1% valor medido
2% incerteza, 50% medio
3% incerteza, 33% medio
Rangeabilidade 3:1
Instrumentos de Medio
4.37
Por exemplo, o instrumento com
preciso expressa em percentagem do
fundo de escala tem o erro relativo
aumentando quando se diminui o valor
medido. Para estabelecer a faixa aceitvel
de medio, associa-se a preciso do
instrumento com sua rangeabilidade. Por
exemplo, a medio de vazo com placa
de orifcio, tem preciso de 3% com
rangeabilidade de 3:1. Ou seja, a preciso
da medio igual ao menor que 3%
apenas nas medies acima de 30% e at
100% da medio. Pode-se medir valores
abaixo de 30%, porm, o erro maior que
,3%. Por exemplo, o erro de 10%
quando se mede 10% do valor mximo; o
erro de 100% quando se mede 1% do
valor mximo.
No se pode medir em toda a faixa por
que o instrumento no linear e tem um
comportamento diferenciado no incio e no
fim da faixa de medio. Geralmente, a
dificuldade est na medio de pequenos
valores. Um instrumento com pequena
rangeabilidade incapaz de fazer
medies de pequenos valores da varivel.
A sua faixa til de trabalho acima de
determinado valor; por exemplo, acima de
10% (rangeabilidade 10:1), ou de 33%
(3:1).
Em medio, a rangeabilidade se aplica
principalmente a medidores de vazo.
Sempre que se dimensiona um medidor de
vazo e se determina a vazo mxima,
automaticamente h um limite de vazo
mnima medida, abaixo do qual possvel
fazer medio, porm, com preciso
degradada.
Em controle de processo, o conceito de
rangeabilidade tambm muito usado em
vlvulas de controle. De modo anlogo,
define-se rangeabilidade da vlvula de
controle a relao matemtica entre a
mxima vazo controlada sobre a mnima
vazo controlada, com o mesmo
desempenho. A rangeabilidade da vlvula
est associada sua caracterstica
inerente. Na vlvula linear, cujo ganho
uniforme em toda a faixa de abertura da
vlvula, sua rangeabilidade cerca de
10:1. Ou seja, a mesma dificuldade e
preciso que se tem para medir e controlar
100% da vazo, tem se em 10%. A vlvula
de abertura rpida tem uma ganho muito
grande em vazo pequena, logo instvel
o controle para vazo baixa. Sua
rangeabilidade vale 3:1. A vlvula com
igual percentagem, cujo ganho em vazo
baixa pequeno, tem rangeabilidade de
100:1.
4.8. Preciso Necessria
Instrumentos de Processo
Quando se faz o projeto de uma planta,
o projetista deve estabelecer as precises
dos instrumentos compatveis com as
especificaes do produto final. Nem
sempre isso feito com critrio tcnico,
pois essa definio requer conhecimentos
de projeto, processo, instrumentao,
controle e estatstica.
Por insegurana, h uma tendncia
natural de se estabelecer as classes de
preciso maiores possveis, sem nenhum
critrio consistente com os resultados
finais e at sem saber se o instrumento
com tal preciso comercialmente
disponvel. Por exemplo, pretender que
uma indicao de temperatura tenha
incerteza de 0,1
o
C, quando o processo
requer incerteza de 1
o
C implica, no
presente, custo mais elevado do indicador
e, no futuro, problemas na operao da
instrumentao com recalibraes
freqentes e desnecessrias do
instrumento.
Mesmo depois de se especificar o
instrumento, no se tem o rigor de verificar
se o instrumento comprado e recebido est
conforme com a preciso especificada. s
vezes, compra-se o instrumento com
preciso pior que a necessria e haver
problemas futuros com a especificao do
produto. Tambm freqente comprar
instrumento com preciso melhor que a
necessria. Neste caso, alm do obvio
custo mais elevado, haver problemas
tcnicos de especificao do produto, pois
a tentativa de se obter um controle melhor
que o necessrio uma causa de perda de
controle. Tambm no h uma
preocupao de se ter instrumentos com
precises iguais em uma malha de
medio ou no sistema total de controle. A
preciso de uma malha de instrumentos
sempre pior que a preciso do instrumento
da malha de pior preciso. Assim, haver
Instrumentos de Medio
4.38
desperdcio de dinheiro na compra de
instrumentos com preciso alm da
necessria.
Instrumentos de Teste e Calibrao
A partir da classe de preciso dos
instrumentos de medio e controle da
planta, o pessoal de metrologia e de
instrumentao deve montar um
laboratrio de calibrao e aferio com
padres e instrumentos de referncia para
calibrar os instrumentos de processo. Os
instrumentos de aferio e calibrao
devem ter classe de preciso consistente
com a dos instrumentos a serem aferidos e
calibrados. Por exemplo, recomenda-se
que o instrumento padro tenha incerteza
de 4 vezes a 10 vezes menor que a do
instrumento calibrado.
freqente a modernizao dos
instrumentos de medio e controle da
planta, por exemplo, passando de
instrumentao pneumtica para eletrnica
analgica, de eletrnica analgica para
digital e at de pneumtica para eletrnica
digital. Nestas trocas de instrumentao, a
classe de preciso pode aumentar de
fatores de 10 e at de 100. Nestas
situaes, obrigatria a modernizao e
melhoria dos instrumentos de teste e de
calibrao.
Tudo se resume a uma questo de
consistncia:
1. O ideal ter instrumentos de
processo com classe de preciso
n% e instrumentos de teste e
calibrao com classe de 0,n% (10
vezes melhor), pois a incerteza do
padro no passa para o instrumento
calibrado.
2. Quando a preciso dos instrumentos
de processo tem classe de preciso
de 0,n% e os instrumentos de
calibrao e teste tem classe de n%
(10 vezes pior), tem-se a situao
ridcula onde o padro pior que o
instrumento sendo calibrado. A
incerteza de n% passa para os
instrumentos de medio durante a
calibrao. No adiantou nada
investir muito dinheiro no instrumento
de medio e no investir no
instrumento de calibrao.
3. Quando a preciso dos instrumentos
de processo tem classe de preciso
de n% e os instrumentos de
calibrao e teste tem classe de n%
(iguais), a incerteza final das
medies feitas com os instrumentos
calibrados de 2n% (n% devidos
ao instrumento em si mais n%
devidos ao padro de calibrao.)
Estas comparaes feitas entre as
classes de preciso dos instrumentos de
medio com os instrumentos padro de
trabalho se aplicam exatamente para as
outras interfaces da escada de
rastreabilidade da calibrao, como entre
padres de trabalho e padres de
laboratrio, entre padres de laboratrio e
padres externos secundrios,
sucessivamente at chegar aos padres
nacionais e internacionais.
4.9. Relao entre padro e instrumento
A calibrao correta de um instrumento
requer um padro rastreado. A primeira
questo que aparece : qual deve ser a
relao entre as precises do instrumento
e do padro?
A relao tpica varia de 1:1 a 10:1.
Uma alta relao (10:1) entre o padro e o
item calibrado (instrumento ou padro
inferior) ir fornecer um alto grau de
confiana da medio. Por outro lado, uma
baixa (1:1) ir refletir um baixo grau de
confiana da medio. O erro de medio
potencial pode ser minimizado com a
seleo adequada de relaes entre o
padro de calibrao e o instrumento de
medio e teste.
Embora nenhuma norma obrigue,
sempre que possvel, a seleo das
relaes de preciso entre o comparador e
o item que est sendo calibrado deve ser
maior que 2:1 e preferivelmente maior que
4:1.
Uma relao de precises de 1:1 reflete
uma rea de 1% de incerteza e portanto
todas as medies que caem dentro de
uma faixa de tolerncia do item iro ficar
na rea da incerteza. No se tem dvida
para rejeitar um valor medido para estes
itens onde a medio cai fora das
tolerncias permitidas.
importante notar que a relao de
incertezas de 1:1 pode ou no indicar que
Instrumentos de Medio
4.39
os itens calibrados sob estas condies
esto de conformidade com as tolerncias
prescritas. Uma relao de incertezas de
1:1 pode no fornecer a confiana
necessria para a medio. Alm disso,
ela pode requerer aes corretivas e
aumentar os custos da qualidade. Uma
relao de precises de 4:1 reflete uma
rea de aceitao de 75% e uma rea de
incerteza de 25%. Uma relao de
precises de 10:1 reflete uma rea de
aceitao de 90% e uma rea de incerteza
de 10%. O uso da relao 10:1 ou maior
ir fornecer uma maior confiana na
medio e reduzir o erro potencial da
medio.
Quando as medies caem dentro da
rea de aceitao, a confiana da medio
pode ser alcanada. Porm, quando as
medies caem dentro da rea da
incerteza, uma deciso para aceitar ou
rejeitar uma medio pode ser
questionvel.
Equipamento de medio com um alto
nvel de preciso ir ajudar grandemente o
tcnico em tomar a deciso correta e
aceitar ou rejeitar leituras medidas.
O tcnico deve assegurar que as
relaes de precises entre o instrumento
de medio e teste e a tolerncia do
produto e entre o padro e o instrumento
so adequadas para o objetivo pretendido.
Uma relao maior que 4:1 aceitvel.
Porm, uma relao de 10:1 ou maior
recomendada, sempre que possvel.
Quando as medies caem dentro da rea
de incerteza, uma deciso deve ser
tomada com relao ao impacto nas
condies de fora de tolerncia.
Os fatores para determinar as relaes
de precises so:
R = relao
TP = tolerncia do produto
M&TAT = tolerncia da preciso do
equipamento de medio e teste
SAT = tolerncia da preciso do padro
secundrio
PAT = tolerncia da preciso do padro
primrio
Seleo da relao
a. Tolerncia do produto do fabricante
= 0,005
b. M&TAT = 0,001
c. SAT = 0,000 1
d. PAT = 0,000 004
Relao entre tolerncia do instrumento
e tolerncia do produto:
" 001 , 0
" 005 , 0
TAT & M
PT
R
= 5:1 (nominal) = relao
Relao entre padro secundrio da
medio e equipamento de teste e
medio:
" 0001 , 0
" 001 , 0
SAT
TAT & M
R
= 10:1 (nominal) = relao
Relao entre padro primrio e padro
secundrio:
" 004 000 , 0
" 1 000 , 0
PAT
SAT
R
= 25:1 (nominal) = relao
Tolerncia do item = 0,001
Discriminao do comparador:
" 001 , 0
1
" 001 , 0
R
T
Relao
) ( Tolerncia
Instrumentos de Medio
4.40
Relao 1:1
Fig. 26. Exemplo de uma relao 1:1
Comentrios:
1. A rea de incerteza igual
preciso do comparador. No
caso, a rea de incerteza total
e a rea de aceitao zero.
2. Todas as medies caem na
rea de incerteza e sempre deve
se considerar o seu impacto nas
tolerncias permitidas.
3. Por exemplo, uma tolerncia
permissvel para um dimetro de
1 0,001:
a) Medio real: 1,001
b) rea de incerteza:
0,001
c) Discriminao permitida
0,001
4. Deste modo, a medio
considerada estar entre 1,099 e
1,001
Concluso: a medio pode ser aceita
em 1,099 ou rejeitada em 1,001.
Relao 4:1
Tolerncia do item = 0,001
Discriminao do comparador:
25" 000 , 0
4
" 001 , 0
R
T
Relao
) ( Tolerncia
Fig. 27. Exemplo de uma relao 4:1
Comentrios:
1. A rea de incerteza igual
preciso do comparador.
2. Quando as medies caem na rea
de incerteza, deve-se verificar o seu
impacto nas tolerncias permitidas.
3. Por exemplo, uma tolerncia
permissvel para um dimetro de 1
0,001:
a) Medio real: 1,001
b) rea de incerteza:
0,000 25
c) Discriminao permitida
0,000 25
d) Deste modo, a medio
considerada estar entre
1,000 75 e 1,00125
Concluso: a medio pode ser aceita
em 1,000 75 ou rejeitada em 1,00125.
Linha vertical acima do zero
representa o tamanho nominal de
0,001 0,001
-
+
Tolerncia
rea de
incertez
0
Comparador
0,00025
0,0015
0,001 0,001
rea de incerteza
rea de aceitao
Instrumentos de Medio
4.41
Relao 10:1
Tolerncia do item = 0,001
Discriminao do comparador:
1" 000 , 0
10
" 001 , 0
R
T
Relao
) ( Tolerncia
Fig. 28. Exemplo de uma relao 10:1
Comentrios:
1. A rea de incerteza igual
preciso do comparador.
2. Quando as medies caem na rea
de incerteza, deve-se verificar o seu
impacto nas tolerncias permitidas.
3. Por exemplo, uma tolerncia
permissvel para um dimetro de 1
0,001:
Medio real: 1,001
rea de incerteza: 0,000 1
Discriminao permitida 0,000 1
Deste modo, a medio
considerada estar entre 1,000 9 e
1,001 1
Concluso: a medio pode ser aceita
em 1,000 9 ou rejeitada em 1,0011.
Tab.3. Relaes de incertezas entre tolerncias do
produto e o instrumento de medio e teste
Relao
Discriminao
do comparador
rea de
incerteza
rea de
aceitao
1:1 0,001 000 100% 0%
2:1 0,001 500 50% 50%
3:1 0,001 333 33% 67%
4:1 0,001 250 25% 75%
5:1 0,001 200 20% 80%
6:1 0,001 167 16% 84%
7:1 0,001 143 14% 86%
8:1 0,001 125 13% 87%
9:1 0,001 110 11% 89%
10:1 0,000 100 10% 90%
50:1 0,000 020 2% 98%
100:1 0,000 010 1% 99%
As condies de fora de tolerncia do
padro e do instrumento so colocadas em
trs categorias gerais:
Relao
padro e
/intrumento
Impacto nas exigncias da
preciso
4:1 a 10:1
ou maior
A adequao do padro e
instrumento ser mantida
satisfatoriamente. Nenhuma ao
necessria.
2:1 a menor
que 4:1
Quando a preciso do instrumento
deteriora da condio A para B,
investigar os fatores aplicveis
abaixo.
Relao
menor que
2:1
Quando a preciso do instrumento
deteriora para a condio C, h um
grande impacto nas exigncias de
preciso do padro e instrumento.
Est uma condio importante que
requer ao corretiva imediata.
Investigar todos os fatores mostrados
abaixo.
0,001
0,001
0,001
0,0018
Comparador
rea de
incerteza
rea de
aceitao
0,001
Instrumentos de Medio
4.42
Fig. 29. Curva representativa para uma tolerncia de produto de 0,001
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
10:1
9:1
8:1
7:1
6:1
5:1
4:1
3:1
2:1
rea de
incerteza
rea de
aceitao
Instrumentos de Medio
5.43
4.10. Projeto, Produo e Inspeo
A especificao de produto ou
instrumento envolve as reas de projeto,
produo e inspeo. O projetista pensa
no produto ideal, o homem da produo
quer a mxima produo possvel e o
inspetor julga se o produto final est dentro
das especificaes nominais. Cada uma
dessas pessoas tem uma viso diferente
da tolerncia da especificao do produto.
O projetista trata de condies ideais,
assumindo instrumentos e equipamentos
novos, operadores bem treinados,
superviso competente, instrumentos
calibrados, matrias primas dentro das
especificaes nominais. A partir desta
viso, suas tolerncias so pequenas e s
vezes, no atingveis na prtica com o
grau de economia do processo industrial.
Pode ser at que as condies ideais do
processo possam ser conseguidas durante
alguma parte do processo mas nunca por
longo perodo de tempo.
O homem de produo sabe, de sua
experincia prtica, que o operador falha,
a matria prima no constante, o
equipamento no est ajustado
corretamente, o instrumento perde a
calibrao e tudo isso contribui para o
produto final se afastar das especificaes
nominais. Para isso ocorrer menos
freqentemente, ele aceita ou estabelece
tolerncias maiores. Ele faz o melhor que
pode, mas nem sempre ele avalia como
ele pode melhorar o que ele j faz. Sendo
humano e sob presso para produzir o
mximo possvel, ele se limita a fazer o
que ele acha que o melhor.
Entre esta briga de foice no escuro
ainda h o inspetor do produto.
Psicologicamente, o inspetor tender a
uma posio poltica de compromisso.
Quando o inspetor escuta o operador que
trabalha no cho de fabrica, ele ser
informado que a conformidade com as
tolerncias ir parar a produo e que
0,1% a mais no ir fazer nenhuma
diferena prtica. Quando o inspetor
escuta o projetista que trabalho no ar
condicionado do escritrio, ele ser
informado que a produo dever produzir
de conformidade com a especificao
nominal.
No se pode relaxar a inspeo, pois
assim ela perderia sua validade. Porm, as
especificaes das tolerncias devem ser
estabelecidas com critrio tcnico,
resultando em produtos usveis e
economicamente viveis.
Quando se tem tolerncias pequenas
que so desrespeitadas sem nenhuma
conseqncia grave, cria uma cultura
nociva de falta de respeito a
especificaes por parte do pessoal de
produo e inspeo. s vezes,
importante que as especificaes criticas
sejam cumpridas. Se o pessoal da
inspeo e produo tende a no respeitar
as especificaes do projeto, porque elas
so difceis de serem satisfeitas e por que
ele no entende as razes do rigor, este
pessoal igualmente no respeitar as
especificaes criticas e no crticas.
muito comum se ouvir trabalho do
projetista estabelecer o que necessrio;
trabalho do inspetor testar e aceitar os
procedimentos para descobrir se as
especificaes foram cumpridas; deixe
cada lado fazer seu prprio trabalho. Isto
errado! O projetista deve conhecer o
resultado das inspees e as capacidades
da produo e usar estas informaes
para alterar ou manter as especificaes
originais. No ambiente competitivo e de
qualidade atual deve haver trabalho de
equipe. Resumindo:
1. todas as tolerncias das
especificaes devem ser cumpridas.
2. tolerncia muito rigorosa aumenta o
custo final do produto.
3. tolerncia pouco rigorosa tambm
aumenta o custo final do produto, por
causa de muitos refugos e
retrabalho.
4. tolerncia muito rigorosa difcil de
ser conseguida; requer pessoal de
operao treinado, instrumentos
calibrados, equipamentos ajustados,
matrias primas constantes e
processos de produo mais
complexos.
5. as tolerncias podem ser diferentes;
instrumentos crticos requerem
tolerncias mais rigorosas,
instrumentos no crticos podem ter
tolerncias menos rigorosas.
Instrumentos de Medio
5.44
6. as tolerncias devem ser coerentes
entre si; instrumentos de mesma
malha de medio devem ter
tolerncias de mesma ordem de
grandeza.
7. a tolerncia final do malha no ser
melhor que a maior tolerncia de
algum instrumento, durante todo o
tempo.
8. as tolerncias devem ser
estabelecidas de comum acordo e
envolvendo o pessoal de projeto,
produo e inspeo.
9. deve haver controle estatstico do
processo para avaliar as tolerncias,
mantendo-as, aumentando-as ou
diminuindo-as em funo dos
resultados obtidos.
5. Erros da Medio
5.1. Introduo
impossvel fazer uma medio sem
erro ou incerteza. Na realidade, o que se
procura manter os erros dentro de limites
tolerveis e estimar seus valores com
exatido aceitvel. Cada medio
influenciada por muitas incertezas, que se
combinam para produzir resultados
espalhados. As incertezas da medio
nunca podem ser completamente
eliminadas, pois o valor verdadeiro para
qualquer quantidade desconhecido.
Porm, o valor provvel do erro da
medio pode ser avaliado. possvel
definir os limites dentro dos quais o valor
verdadeiro de uma quantidade medida se
situa em um dado nvel de probabilidade.
O erro a diferena algbrica entre a
indicao e o valor verdadeiro
convencional. O valor verdadeiro o valor
da varivel medida sem erro, ideal. Erro
a quantidade que deve ser subtrada
algebricamente da indicao para dar o
valor ideal.
Se A um valor exato e a o valor
aproximado medido, ento o erro o
desvio do valor aproximado do exato.
Matematicamente,
e = A - a
Sob o ponto de vista matemtico, o erro
pode ser positivo ou negativo. Um erro
positivo denota que a medio maior que
o valor ideal. O valor ideal obtido
subtraindo-se este valor do indicado. Um
erro negativo denota que a medio do
instrumento menor que o valor ideal. O
valor ideal obtido somando-se este valor
ao indicado.
Por exemplo, o comprimento de (9,0 + 0,2
- 0,1) mm significa que o valor verdadeiro
de 9,0 mm possui um erro para mais de
0,2 mm e um erro para menos de 0,1 mm.
Assim, o comprimento deve estar entre 8,9
e 9,2 mm. Neste caso os erros so
assimtricos. Na maioria dos casos os
erros so simtricos de modo que o valor
medido dado por
(A e) = a.
5.2. Tipos de Erros
Os erros da medio e do instrumento
podem ser classificados sob vrios
critrios, como expresso matemtica,
resposta no tempo, responsabilidade,
causa e previsibilidade. possvel haver
grande superposio de erros. Por
exemplo, um erro pode ser
simultaneamente esttico, sistemtico,
previsvel, intrnseco ao instrumento e
devido ao ajuste de zero.
Quanto expresso matemtica, os
erros podem ser classificados como
1. absolutos
2. relativos
Quanto ao tempo, os erros podem ser
1. dinmicos
2. estticos
Quanto origem, os erros estticos
podem ser classificados como
1. grosseiros
2. sistemticos
3. aleatrios
Instrumentos de Medio
5.45
Fig. 20 - Erros sistemtico, aleatrio e esprio
Os erros sistemticos podem ser
divididos em
1. intrnsecos ao instrumento
2. influncia
3. modificao
Os erros intrnsecos podem ser
determinados
indeterminados
Por sua vez, os erros do instrumento determinados
podem ser:
zero
largura de faixa ou ganho
angularidade
quantizao
Os erros indeterminados poder ser
devidos a
uso e desgaste
atrito
inrcia
Os erros de influncia podem ter origem:
mecnica
eltrica
fsica
qumica
5.3. Erro Absoluto e Relativo
Erro absoluto
Erro absoluto simplesmente o desvio
da medio, tomado na mesma unidade de
engenharia da medio. No exemplo de
9,0 0,1 mm, o erro absoluto de 0,1 mm.
O erro absoluto no uma caracterstica
conveniente da medio. Por exemplo, o
erro absoluto de 1 mm pode ser muito
pequeno ou muito grande, relao ao
comprimento medido.
Por exemplo,
1 mm de erro em 100 mm vale 1%
1 mm de erro em 10 mm vale 10%
1 mm de erro em 1 mm vale 100%
Erro relativo
A qualidade de uma medio melhor
caracterizada pelo erro relativo, tomado
como
% 100
a
e
e
r
onde
e
r
o erro relativo,
e o erro absoluto
a o valor da grandeza medida
O erro relativo adimensional e
geralmente expresso em percentagem.
A preciso entre 1% e 10%
geralmente suficiente para a maioria das
aplicaes residenciais e at industriais;
em aplicaes cientficas tem-se 0,01 a
0,1%.
O erro absoluto pode assumir valores
negativos e positivos, diferente do valor
absoluto do erro, que assume apenas
valores positivos.
5.4. Erro Dinmico e Esttico
Erro dinmico
Erro dinmico aquele que depende do
tempo. Quando uma medio altera seu
valor significativamente durante a medio,
ela pode ter erros dinmicos.
O erro dinmico mais comum devido
ao tempo de resposta ou tempo
caracterstico do instrumento, quando h
atrasos na varivel medida. O erro
dinmico pode desaparecer naturalmente
com o transcorrer do tempo ou quando as
condies de operao se igualarem s
condies especificadas para uso.
Por exemplo, quando se faz a medio
de temperatura sem esperar que o sensor
atinja a temperatura medida, h erro
dinmico que desaparece quando a
temperatura do sensor for igual a
temperatura do processo que se quer
medir. Se a temperatura leva 3 minutos
para atingir o valor final medido, qualquer
medio antes deste tempo apresentar
Exatido
Preciso
Esprio
Instrumentos de Medio
5.46
erro dinmico. Se a temperatura estiver
subindo, todas as medies antes de 3
minutos sero menores que a medida.
Quando se faz a medio de um
instrumento eletrnico, sem esperar que
ele se aquea e se estabilize, tem-se
tambm um erro de medio que
desaparecer quando houver transcorrido
o tempo de aquecimento do instrumento.
O instrumento pode apresentar erro de
calibrao a longo prazo, devido ao
envelhecimento dos componentes. Tais
erros dinmicos so chamados tambm de
desvios (drift). Porem, neste caso, os
tempos envolvidos so muito longos, como
meses ou anos.
O erro dinmico pode ser eliminado,
conhecendo-se os tempos de resposta do
instrumento, constante de tempo da
varivel medida e condies previstas para
entrada em regime permanente do
instrumento medidor. Esse tipo de erro,
que pode ser grosseiro e facilmente
evitvel, pode ser considerado como um
erro do operador.
Uma questo associada com o erro
dinmico o atraso de bulbos e poos de
temperatura e selos de presso.
Teoricamente, um bulbo e um poo de
temperatura apenas introduzem atraso na
medio da temperatura. Se a temperatura
fosse constante, depois do tempo de
atraso, a temperatura com o bulbo e o
poo seria igual temperatura sem bulbo e
poo. Como h uma variabilidade natural
da temperatura constante, na prtica a
colocao de bulbo e poo introduzem erro
de medio. A questo anloga com a
medio de presso e o selo. Na prtica, o
selo de presso introduz um erro de
medio. Como regra geral, tudo que
colocado na malha de medio introduz
uma parcela do erro final.
Erro Esttico
Erro esttico aquele que independe
do tempo. Quando uma medio no
altera seu valor substancialmente durante
a medio, ela est sujeita apenas aos
erros estticos.
Os erros estticos so de trs tipos
diferentes:
1. erros grosseiros
2. erros sistemticos
3. erros aleatrios
5.5. Erro Grosseiro
O erro grosseiro tambm chamado de
acidental, esprio, do operador, de
confuso, de lapso, freak ou outlier. A
medio com um erro grosseiro aquela
que difere muito de todas as outras do
conjunto de medies.
Muitas medies requerem julgamentos
pessoais. Exemplos incluem a estimativa
da posio do ponteiro entre duas divises
da escala, a cor de uma soluo no final
de uma analise qumica ou o nvel de um
liquido em uma coluna liquida.
Julgamentos deste tipo esto sujeitos a
erros uni direcionais e sistemticos. Por
exemplo, um operador pode ler o ponteiro
consistentemente alto; outro pode ser lento
em acionar um cronmetro e um terceiro
pode ser menos sensvel s mudanas de
cores. Defeitos fsicos so geralmente
fontes de erros pessoais determinados.
Uma fonte universal de erro pessoal o
preconceito. A maioria das pessoas,
independente de sua honestidade e
competncia, tem uma tendncia natural
de estimar as leituras da escala na direo
que aumenta a preciso em um conjunto
de resultados. Quando se tem uma noo
preconcebida do valor verdadeiro da
medio, subconsciente mente o operador
faz os resultado cair prximo deste valor.
A polarizao outra fonte de erro
pessoal que varia consideravelmente de
pessoa para pessoa. A polarizao mais
comum encontrada na estimativa da
posio de um ponteiro em uma escala
envolve uma preferncia para os dgitos 0
e 5. Tambm prevalente o preconceito
de favorecer pequenos dgitos sobre
grandes e nmeros pares sobre os
mpares.
A vantagem dos instrumentos digitais
sobre os analgicos que sua leitura
independe de julgamentos, eliminando-se
a polarizao. Porm, todo indicador digital
apresenta erro de quantizacao, devido
sua natureza discreta.
A maioria dos erros pessoais pode ser
minimizada pelo cuidado e auto-disciplina.
um bom hbito verificar
sistematicamente as leituras do
instrumento, os fatores e os clculos.
A maioria dos erros grosseiros
pessoal e causada pela falta de ateno,
Instrumentos de Medio
5.47
preguia ou incompetncia. Os erros
grosseiros podem ser aleatrios mas
ocorrem raramente e por isso eles no so
considerados como erros indeterminados.
Fontes de erros grosseiros incluem: erros
aritmticos, transposio de nmeros em
dados de registro, leitura de uma escala ao
contrrio, troca de sinal e uso de uma
escala errada. A maioria dos erros
grosseiros afeta apenas uma medio.
Outros, como o uso de uma escala errada,
afetam todo o conjunto das medies
replicadas.
Erros grosseiros podem tambm ser
provocados pela interrupo momentnea
da alimentao dos instrumentos.
O erro grosseiro causado pelo operador
devido a enganos humanos, tais como
1. leitura sem cuidado,
2. anotao equivocada,
3. aplicao errada de fator de
correo,
4. engano de fator de escala e de
multiplicao,
5. extrapolao ou interpolao
injustificada,
6. arredondamento mal feito e
7. erros de computao.
Alguns erros de operador podem ser
sistemticos e previsveis, quando
provocados por vicio ou procedimento
errado do mesmo operador. Maus hbitos
podem provocar erros sistemticos. A
soluo colocar mais de uma pessoa
para fazer as medies. Por exemplo, o
erro de paralaxe da leitura devido
postura errada do observador frente a
escala do instrumento.
um erro grosseiro confundir nmeros
e errar a posio do marcador decimal.
catastrfico ler, por exemplo, 270 graus
em vez de 27,0 graus no mapa de vo de
um avio (j houve um acidente de
aviao, no norte do Brasil, onde, segundo
o laudo da companhia area, o
comandante cometeu esse erro grosseiro).
Alguns tcnicos acham que fazer 10
medies da mesma grandeza, nas
mesmas condies, com o mesmo
instrumento e lidas pela mesma pessoa
intil, pois todos os valores vo ser iguais.
Elas desconhecem a variabilidade da
constante. Ou seja, na natureza at as
constantes variam levemente em torno do
valor constante. Em tabelas de calibrao,
freqente encontrar nmeros inventados
e repetidos, sem que o instrumentista
tenha feito realmente as medies. A
rotina pode levar o operador a no fazer
efetivamente as leituras e a invent-las,
pois o processo est normal e os valores
esperados j so conhecidos.
Os erros grosseiros normalmente se
referem a uma nica medio, que deve
ser desprezada, quando identificada. Ele
imprevisvel e no adianta ser tratado
estatisticamente.
O erro grosseiro ou de operao pode
ser evitado atravs de
1. treinamento,
2. maior ateno,
3. menor cansao,
4. maior motivao e
5. melhoria nos procedimentos.
5.6. Erro Sistemtico
Erro sistemtico tambm chamado de
consistente, fixo, determinvel, previsvel,
avalivel e de polarizao (bias). As
caractersticas do erro sistemtico so as
seguintes:
1. se mantm constante, em valor
absoluto e sinal quando se fazem
vrias medies do mesmo valor de
uma da varivel, sob as mesmas
condies,
2. varia de acordo com uma lei
definida quando as condies
variam,
3. devido aos efeitos quantificveis
que afetam a todas as medies
4. devido a uma causa constante,
5. mensurvel
6. pode ser eliminado pela calibrao.
Os erros sistemticos podem ser
constantes ou dependentes do valor da
varivel medida. O erro determinado
constante independe do valor da
quantidade medida. Os erros constantes
se tornam mais srios quando o valor da
quantidade medida diminui, pois o erro
relativo fica maior. O erro proporcional
aumenta ou diminui na proporo do valor
da quantidade medida. Uma causa comum
de erros proporcionais a presena de
contaminantes na amostra.
Os erros sistemticos causam a mdia
de um conjunto de medies se afastar do
Instrumentos de Medio
5.48
valor verdadeiro aceitvel. O erros
sistemticos afetam a exatido dos
resultados. Os erros sistemticos podem
ser devidos
1. aos instrumentos,
2. s condies de modificao e
3. s condies de interferncia do
ambiente.
Sob o ponto de vista estatstico, a
distribuio dos erros aleatrios
retangular, onde o erro constante em
toda a faixa de medio.
Erro Inerente ao Instrumento
Os erros sistemticos inerentes ao
instrumento podem ser determinados ou
indeterminados. Os erros sistemticos do
instrumento determinados so devidos
principalmente calibrao. Como esto
relacionados calibrao, eles podem se
referir aos pontos de zero, largura de faixa
e no-linearidades provocadas pela
angularidade dos mecanismos.
Os erros do instrumento indeterminados
so inerentes aos mecanismos de
medio, por causa de sua estrutura
mecnica, tais como os atritos dos
mancais e rolamentos dos eixos mveis, a
tenso irregular de molas, a reduo ou
aumento da tenso devido ao manuseio
incorreto ou da aplicao de presso
excessiva, desgaste pelo uso, resistncia
de contato, atritos e folgas.
Os erros sistemticos do instrumento
determinados e devidos calibrao
podem se referir a erro de
1. determinao,
2. hiptese
3. histrico
4. zero
5. largura de faixa
6. angularidade
7. quantizao.
O erro de determinao resulta da
calibrao incorreta do instrumento ou do
clculo inadequado com os dados obtidos.
O erro de hiptese aparece quando se
espera que a medio siga uma
determinada relao caracterstica
diferente da real.
O erro histrico so resultantes do uso,
do desgaste, do envelhecimento dos
materiais, de estragos, de m operao,
de atritos, de folgas nos mecanismos e
nas peas constituintes do instrumento.
Erro de largura de faixa (span)
O erro de largura de faixa (span) ou de
sensitividade do instrumento ocorre
quando a curva de resposta tem inclinao
diferente da ideal. Em outras palavras, o
instrumento est com erro associado ao
seu ganho ou sensitividade. O erro de
largura de faixa eliminado atravs do
ajuste correspondente.
Instrumento que possui paenas erro de
largura de faixa possui preciso expressa
em percentagem do valor medido.
Fig. 21 - Erro de largura de faixa (span)
Calibrao
ideal
S
a
d
a
Vazo
0,5% valor medido
0
25 50 75 100
25
50
75
100
100,5%
99,5%
Instrumentos de Medio
5.49
Erro
MENSURANDO
Valor verdadeiro
Valor verdadeiro
convencional
PADRO
Rastreabilidade
Calibrao
INSTRUMENTO
Resoluo
Repetitividade
Medio
Sistemtico
Exatido
Aleatrio
Preciso
Incerteza
Fig. 11. Terminologia da medio
Reprodutibilidade
Instrumentos de Medio
5.50
Fig. 11. Classificao dos erros do instrumento
Fig. 11. Erros de modificao e de influncia
Indeterminados
Intrinsecos
(irreversveis)
Influncia
(reversveis)
Determinados
Mecnicos
ERROS DO INSTRUMENTO
Tempo
Dinmicos
Estaticos
Fonte
Sistemticos
Aleatrios
Eltricos
Fsicos
Qumicos
Modificao
(compensados)
Zero
Largura de faixa
Angularidade
Quantificao
Uso
Desgaste
Atrito
Contato
Variveis
Y, Z
Display Sensor
de X
Erros de
modificao
Sinal
Erros de
influncia
Condicionamento
Sinal
Instrumentos de Medio
4.51
Erro de zero
O erro de zero ocorre quando a curva
de calibrao no passa pela origem (0,
0). O erro ou desvio de zero pode
eliminado ou reduzido pelo ajuste
correspondente no potencimetro ou
parafuso de zero. H instrumentos, como
o ohmmetro, que possui ajuste de zero
para ser atuado antes de cada medio.
Outros instrumentos possuem erro de
zero gerado pela variao da
temperatura ambiente, como instrumento
digital eletrnico.
Instrumento que possui erro de zero
possui preciso expressa em
percentagem do fundo de escala.
Fig. 22 - Erro de zero do instrumento
Erro de linearidade
Muitos instrumentos so projetados
para fornecer uma relao linear entre
uma entrada esttica aplicada e valores
indicados da sada. A curva de calibrao
esttica tem a forma geral:
y a a x
L
+
0 1
(1.7)
onde a curva y
L
(x) fornece um valor de
sada previsvel baseado na relao
linear entre x e y. Porm, na vida real, o
comportamento linear verdadeiro s
conseguido aproximadamente. Como
resultado, as especificaes do
instrumento de medio usualmente
fornecem uma expresso para a
linearidade esperada da curva de
calibrao esttica para o instrumento. A
relao entre y
L
(x) e o valor medido y(x)
uma medida do comportamento no
linear do sistema:
e
L
(x) = y(x) - y
L
(x)
onde eL(x) o erro de linearidade que
aparece por causa do comportamento
real e no linear do sistema. Para um
sistema que teoricamente linear, a
expresso de uma possvel no
linearidade especificada em termos do
erro mximo esperado de linearidade:
%( )
[ ( )]
e
e x
r
L max
L max
o
100 (9)
A no linearidade o desvio da
resposta real de uma reta ideal.
Linearidade s existe uma, mas h vrias
no-linearidades. Em instrumentos
mecnicos a balano de movimentos,
tem-se o erro de angularidade, que um
afastamento da linearidade devido aos
ngulos retos no estarem retos.
Erro de quantizao
O erro de quantizao se refere a
leitura digital e resulta do fato de tornar
discreto o valor de sada da medida. O
melhor modo de entender o erro de
quantizao, inerente a todo instrumento
digital que sempre possui uma incerteza
de n dgitos em sua leitura o erro da
idade de uma pessoa. Assim que uma
criana nasce, sua idade expressa em
dias. A idade expressa em dias tem erro
em horas. No primeiro ano, a idade
passa a ser expressa em meses. A idade
expressa em meses em erro de
quantizao de semanas ou dias. Depois
de uns 4 ou 5 anos, a idade da criana
passa a ser expressa em anos e o erro
de quantizao passa a ser de meses.
No dia do seu aniversrio, a pessoa tem
idade exata em anos, meses e dias.
Logo depois do aniversrio, por exemplo
de 40 anos, a pessoa tem 40 anos. Um
ms depois do aniversrio, a idade
continua de 40 anos, mas o erro de
quantizao de um ms. Um ms antes
de fazer 41 anos, a pessoa ainda tem 40
anos, mas o erro da idade j de 11
meses. Ento, a idade da pessoa sempre
tem um erro, pois sua expresso
Calibrao
ideal
S
a
d
a
Vazo
0,5% fundo escala
0
25 50 75 100
25
50
75
100
Instrumentos de Medio
4.52
discreta; aumentando de 1 em 1 ano,
passando de 40 para 41 anos.
Os erros sistemticos intrnsecos do
instrumento podem ser eliminados ou
diminudos principalmente atravs da
1. calibrao
2. seleo criteriosa do instrumento
3. aplicao de fatores de correo.
Erro de Influncia
Os erros sistemticos de influncia ou
interferncia so causados pelos efeitos
externos ao instrumento, tais como as
variaes ambientais de temperatura,
presso baromtrica e umidade. Os erros
de influncia so reversveis e podem ser
de natureza mecnica, eltrica, fsica e
qumica.
Os erros mecnicos so devidos
posio, inclinao, vibrao, choque e
ao da gravidade.
Os erros eltricos so devidos s
variaes da voltagem e freqncia da
alimentao. As medies eltricas
sofrem influncia dos rudos e do
acoplamento eletromagntico de
campos.
Tambm o instrumento pneumtico
pode apresentar erros quando a presso
do ar de alimentao fica fora dos limites
especificados. Sujeiras, umidade e leo
no ar de alimentao tambm podem
provocar erros nos instrumentos
pneumticos.
Os efeitos fsicos so notados pela
dilatao trmica e da alterao das
propriedades do material.
Os efeitos qumicos influem na
alterao da composio qumica,
potencial eletroqumico, no pH.
O sistema de medio tambm pode
introduzir erro na medio, por causa do
modelo, da configurao e da absoro
da potncia. Por exemplo, na medio da
temperatura de um gs de exausto de
uma mquina,
1. a temperatura do gs pode ser no
uniforme, produzindo erro por
causa da posio do sensor,
2. a introduo do sensor, mesmo
pequeno, pode alterar o perfil da
velocidade da vazo,
3. o sensor pode absorver (RTD) ou
emitir (termopar) potncia,
alterando a temperatura do gs.
Os efeitos da influncia podem ser de
curta durao, observveis durante uma
medio ou so demorados, sendo
observados durante todo o conjunto das
medies.
Os erros de influncia podem ser
eliminados ou diminudos pela colocao
de ar condicionado no ambiente, pela
selagem de componentes crticos, pelo
uso de reguladores de alimentao, pelo
uso de blindagens eltricas e
aterramento dos circuitos.
Erro de Modificao
A diferena conceitual entre o erro de
interferncia e o de modificao, que a
interferncia ocorre no instrumento de
medio e o de modificao ocorre na
varivel sendo medida.
O erro sistemtico de modificao
devido influncia de parmetros
externos que esto associados a
varivel sob medio. Por exemplo, a
presso exercida por uma coluna de
liquido em um tanque depende da altura,
da densidade do liquido e da acelerao
da gravidade. Quando se mede o nvel
do liquido no tanque atravs da medio
da presso diferencial, o erro devido a
variao da densidade do liquido um
erro de modificao. Outro exemplo, na
medio de temperatura atravs de
termopar. A milivoltagem gerada pelo
termopar depende da diferena de
temperatura da medio e da junta de
referncia. As variaes na temperatura
da junta de referncia provocam erros na
medio. Finalmente, a medio da
vazo volumtrica de gases modificada
pela presso esttica e temperatura.
O modo de eliminar os erros de
modificao fazer a compensao da
medio. Compensar uma medio
medir continuamente a varivel que
provoca modificao na varivel medida
e eliminar seu efeito, atravs de
computao matemtica. No exemplo da
medio de nvel com presso
diferencial, mede-se tambm a
densidade varivel do liquido e divide-se
este sinal pelo sinal correspondente ao
da presso diferencial. Na medio de
temperatura por termopar, a temperatura
da junta de referncia continuamente
medida e o sinal correspondente
Instrumentos de Medio
4.53
somado ao sinal da junta de medio. Na
medio de vazo compensada de
gases, medem-se os sinais proporcionais
vazo, presso e temperatura. Os
sinais so computados de modo que as
modificaes da vazo volumtrica
provocadas pela presso e temperatura
so canceladas.
Erro Causado Pelo Sensor
O elemento sensor do instrumento
pode tambm causar erros na medio.
Por exemplo, a introduo do poo
termal causa turbulncia na vazo, a
colocao de um bulbo de temperatura
absorve energia do processo, a
colocao da placa de orifcio produz
uma perda de carga na linha, a
colocao de um ampermetro introduz
uma resistncia parasita no circuito
eltrico.
Erro Causado Pelo Instrumento
O prprio instrumento de medio
pode introduzir erro na medio. Por
exemplo, o ampermetro que inserido
no circuito eltrico para medir a corrente
que circula pode modificar a corrente
medida. Ou seja, a corrente que circula
no circuito sem o ampermetro
diferente da corrente do circuito com o
ampermetro. A resistncia interna no
ampermetro modificou a corrente do
circuito. Esse erro devido ao
casamento das impedncias do circuito e
do ampermetro. O ampermetro deve ter
uma impedncia igual a zero.
Ampermetro com resistncia interna
zero no modifica a corrente medida.
Analogamente, a impedncia do
voltmetro pode alterar a voltagem a ser
medida. A impedncia ideal do voltmetro
infinita. Voltmetro com impedncia
infinita no introduz erro na medio da
voltagem. Nestas aplicaes, diz-se que
o instrumento de medio carregou o
circuito; o instrumento de medio uma
carga adicional ao circuito.
5.7. Erro Aleatrio
Os erros aleatrios so devidos
probabilidade e chance. Eles so
imprevisveis e aparecem por causas
irregulares e probabilsticas. Eles so
diferentes em medies repetidas do
mesmo valor de uma quantidade medida,
sob as mesmas condies.
Os erros aleatrios fazem as
medies se espalharem mais ou menos
e simetricamente em torno do valor
mdio. Os erros aleatrios afetam a
preciso das medies.
H muitas fontes deste tipo de erro,
mas nenhuma delas pode ser
positivamente identificada ou medida,
porque muitas delas so pequenas e no
podem ser detectadas individualmente. O
efeito acumulado dos erros
indeterminados individuais, porm, faz os
dados de um conjunto de medies
replicadas flutuarem aleatoriamente em
torno da mdia do conjunto. As causas
dos erros aleatrios so devidas a
1. variabilidade natural da constante,
2. erros intrnsecos ao instrumento
dependentes da qualidade dos
circuitos e mecanismos.
3. erros irregulares devidos
histerese, banda morta, atrito,
backlash
4. Os erros intrnsecos
indeterminados relacionados com o
desgaste, o uso, o atrito e a
resistncia de contato.
5. erros de influncia que aparecem
de uma variao rpida de uma
varivel de influncia.
Repetitividade do instrumentoo
A habilidade de um sistema de
medio indicar o mesmo valor sob
aplicao repetida e independente da
mesma entrada chamada de
repetitividade do instrumento. As
expresses da repetitividade so
baseadas em testes mltiplos de
calibrao (replicao) feitos dentro de
um dado laboratrio em uma unidade
particular. A repetitividade se baseia em
uma medida estatstica chamada de
desvio padro, s
x
, que a variao da
sada para uma dada entrada fixa.
100
r
s 2
) e %(
o
x
max R
A repetitividade do instrumento reflete
somente o erro encontrado sob
Instrumentos de Medio
4.54
condies controladas de calibrao. Ela
no inclui os erros adicionais includos
durante a medio devidos a variao na
varivel medida ou devidos ao
procedimento.
Reprodutibilidade
A reprodutibilidade, quando reportada
na especificao de um instrumento, se
refere aos resultados de testes de
repetitividade separados. A
reprodutibilidade se baseia em mltiplos
testes de repetitividade (replicao) feitos
em diferentes laboratrios em um nico
instrumento. A repetitividade se refere a
um nico ponto; a reprodutibilidade a
repetitividade em todos os pontos da
faixa de calibrao.
Erro de histerese
O erro de histerese se refere
diferena entre uma medio seqencial
crescente e uma decrescente. O erro de
histerese dado por
e
h
= y
crescente
- y
decrescente
A histerese especificada usualmente
para um sistema de medio em termos
do erro mximo de histerese como uma
percentagem do fundo de escala da
sada:
100
r
)] x ( e [
) e %(
o
max h
max h
A histerese ocorre quando a sada de
um sistema de medio depende do
valor prvio indicado pelo sistema. Tal
dependncia pode ser provocada por
alguma limitao realstica do sistema,
como atrito e amortecimento viscoso em
partes mveis ou carga residual em
componentes eltricos. Alguma histerese
normal em algum sistema e afeta a
preciso do sistema.
Banda morta
O erro de banda morta aquele
provocado quando se altera a varivel
medida e a indicao do instrumento se
mantm constante. Banda morta a
faixa de variao da entrada que no
produz nenhum efeito observvel na
sada do instrumento. A banda morta
produzida por atrito, backlash ou
histerese.
Backlash mxima distncia ou
ngulo que qualquer pea de um sistema
mecnico pode ser movida em uma
direo sem aplicao de fora ou
movimento aprecivel para uma prxima
pea em uma seqncia mecnica.
Toda medio possui um erro. Quando so
tomados todos os cuidados para eliminar os erros
de operao e de calibrao, restam os erros
aleatrios. Os erros aleatrios no podem ser
eliminados, mas estatisticamente conhecidos. O
seu tratamento feito por mtodos estatsticos,
fazendo-se muitas medies, verificando a
distribuio e a freqncia da ocorrncia.
Sob o ponto de vista estatstico, a
distribuio dos erros aleatrios normal
ou gaussiana, onde a maioria dos erros
de erros pequenos e a minoria de erros
de erros grandes.
Se o objetivo do sistema ter
medies repetitivas e no
necessariamente exatas, importante
apenas reduzir o erro aleatrio; no se
importando muito com o erro de
sistemtico. Ou seja, h sistemas onde o
que importa a repetitividade e a
preciso, sendo suficiente a medio
inexata.
Inversamente, se o interesse do
sistema ter o valor exato da medio,
pois se quer os valores absolutos, como
na compra e venda de produtos, alm da
repetitividade se requer a exatido.
5.8. Erro Resultante Final
O erro na medio no est somente
no instrumento de indicao (display)
mas em todos os componentes da malha
de medio, como sensor, elemento
condicionador de sinal, linearizador e
filtro. Uma questo importante levantada
: qual o erro total do sistema ou da
malha?
A preciso da medio pode assim
ser definida como a soma dos erros
sistemticos e aleatrios de cada
componente do sistema ou da malha.
Isto uma hiptese pessimista, onde se
Instrumentos de Medio
4.55
admite que todos os erros so na mesma
direo e se acumulam.
Algum mais otimista poderia
estabelecer a preciso final do sistema
como igual pior preciso entre os
componentes. Ou seja, considera-se
somente a preciso do pior instrumento e
desprezam-se as outras precises
melhores. Pode-se ainda determinar a
preciso final como a mdia ponderada
das precises individuais.
Pode-se obter vrios resultados
vlidos da soma de duas incertezas
iguais a 1 e 1.
1. O pessimista pode obter a
incerteza final de +2 ou -2,
assumindo que as incertezas se
somam no mesmo sentido.
2. O otimista pode achar que as
incertezas se anulam e a
resultalnte mais provvel igual a
0.
3. O realista intermedirio faz a soma
conservativa:
1 1 14
2 2
+ ,
que um valor intermedirio entre 0 e
2.
Embora os trs resultados sejam
muito diferentes, pode-se explicar e
justificar qualquer um deles. No h uma
regra nica ou recomendao de como
proceder. uma questo de bom senso.
Quando realmente se quer saber a
preciso real do sistema, deve-se usar
um padro que d diretamente o valor
verdadeiro e comparar com a leitura final
obtida. Mede-se a incerteza total em vez
de calcul-la, seguindo a mxima de
metrologia: no imagine quando puder
calcular e no calcule quando puder
medir.
Para se ter uma idia qualitativa de
como pequenos erros produzem uma
incerteza total, imagine uma situao em
que quatro erros pequenos se combinam
para dar um erro total. Seja cada erro
com uma igual probabilidade de ocorrer e
que cada um pode fazer o resultado final
ser maior ou menor por um valor U.
A tabela mostra todas os modos
possveis dos quatro erros serem
combinados para dar o desvio indicado
da mdia. Somente uma combinao de
erros d o desvio de +4U, quatro
combinao do um desvio de +2U e
seis combinaes do um desvio de 0U.
Os erros negativos tem a mesma
combinao. Esta relao de 1:4:6:4:1
uma medida da probabilidade de um
desvio de cada valor. Quando se
aumenta o nmero de medies, pode-
se esperar uma distribuio de
freqncia como a mostrada na figura. A
ordenada no grfico a freqncia
relativa de ocorrncia de cinco
combinaes possveis.
A tabela mostra a distribuio terica
para dez incertezas de igual
probabilidade. Novamente se verifica que
a ocorrncia mais freqente a de
desvio zero da mdia. A ocorrncia
menos freqente, de mximo desvio 10U
ocorre somente em uma vez em 500
medies.
Cada componente de um sistema ou
passo de um procedimento de contribui
com algum erro na medio. Visto como
um sistema dinmico, uma medio no
pode ser mais confivel que o
componente ou passo menos confivel.
Um sistema de medio no pode ser
mais preciso que o componente menos
preciso. O conhecimento das fontes de
erros dominantes e desprezveis de um
sistema muito importante e o
conhecimento de sua fonte, aleatria ou
sistemtica, que define o tratamento a
ser dados s medies. O conhecimento
do modo que os erros se propagam so
importantes no uso e projeto de
instrumentos e procedimentos.
Instrumentos de Medio
4.56
Tab. 1. Combinaes Possveis de 4 Incertezas
Iguais
Combinaes das
incertezas
Tamanho
Erros
Nmero
combinae
s
Freqncia
Relativa
+U1+U2+U3+U4 4U 1 1/16=0,0625
-U1+U2+U3+U4
+U1-U2+U3+U4
+U1+U2-U3+U4 +2U 4 4/16=0,250
+U1+U2+U3-U4
-U1-U2+U3+U4
+U1+U2-U3-U4
+U1-U2+U3-U4
-U1+U2-U3+U4 0 6 6/16=0,375
-U1+U2+U3-U4
+U1-U2-U3+U4
+U1-U2-U3-U4
-U1+U2-U3-U4
-U1-U2+U3-U4 -2U 4 4/16=0,250
-U1-U2-U3+U4
-U1-U2-U3-U4 -4U 1 1/46=0,0625
A propagao do erro aleatrio pode
ser rastreada matematicamente usando-
se uma medida da preciso, como o
desvio padro e desenvolvendo as
equaes que descrevem a dinmica do
sistema. O erro sistemtico pode
tambm ser rastreado atravs dos dados
das calibraes anteriores e dados do
catlogo do instrumento.
6. Incerteza na Medio
6.1. Conceito
Todas as medies so contaminadas
por erros imperfeitamente conhecidos, de
modo que a significncia associada com
o resultado de uma medio deve
considerar esta incerteza
Incerteza um parmetro, associado
com o resultado de uma medio, que
caracteriza a disperso dos valores que
podem razoavelmente ser atribudos
quantidade medida.
H problemas associados com esta
definio de incerteza de medio, que
tomada do Vocabulrio de Metrologia da
ISO. O que a disperso de se o valor
verdadeiro no pode ser conhecido? Ela
tambm implica que incerteza somente
relevante se vrias medies so feitas e
ela falha - por no mencionar valor
verdadeiro para invocar o conceito de
rastreabilidade. Uma definio mais
prtica, mais usada porque ela mais
exatamente satisfaz as necessidades da
metrologia industrial e no consistente
com a anterior, a seguinte:
Incerteza o resultado da avaliao
pretendida em caracterizando a faixa
dentro da qual o valor verdadeiro de uma
quantidade medida estimado cair,
geralmente com uma dada confiana.
Incerteza padro o desvio padro
estimado
Incerteza padro combinada o
resultado da combinao dos
componentes da incerteza padro.
Incerteza estendida Obtida pela
multiplicao da incerteza padro
combinada por um fator de cobertura.
uma exigncia para todos os
laboratrios credenciados de calibrao
que os resultados reportados em um
certificado sejam acompanhados de uma
declarao descrevendo a incerteza
associada com estes resultados.
tambm exigncia para os laboratrios
de testes, sob as seguintes
circunstncias:
1. onde isto requerido pelo cliente
2. onde isto requerido pela
especificao do teste
3. onde a incerteza relevante para
validar ou aplicar o resultado, e.g.,
onde a incerteza afeta a
conformidade a uma especificao
ou limite.
Os laboratrios credenciados devem
ter uma poltica definida cobrindo a
proviso de estimativas das incertezas
das calibraes ou testes feitos. O
laboratrio deve usar procedimentos
documentados para a estimativa,
tratamento e relatrio da incerteza.
Os laboratrios devem consultar seu
corpo de credenciamento para qualquer
orientao especfica que possa estar
disponvel para a calibrao ou teste.
Os meios pelos quais os laboratrios
credenciados devem tratar as incertezas
da medies so definidos em detalhe na
ISO Guide: Guide to the Expression of
Uncertainty in Measurement. A
terminologia usada aqui consistente
com a do Guide.
Instrumentos de Medio
4.57
6.2. Princpios Gerais
O objetivo de uma medio
determinar o valor de uma quantidade
especfica sujeita medida (mesurando).
Para laboratrios de calibrao, isto pode
ser qualquer parmetro da medio
dentro de campos reconhecidos da
medio - comprimento, massa, tempo,
presso, corrente eltrica. Quando
aplicado a teste, o termo genrico
mesurando pode cobrir muitas
quantidades diferentes, eg, a resistncia
de um material, a concentrao de uma
soluo, o nvel de emisso de rudo ou
radiao eletromagntica, a quantidade
de microorganismos. Uma medio
comea com uma especificao
apropriada da quantidade medida, o
mtodo genrico de medio e o
procedimento especfico detalhado da
medio.
Nenhuma medio ou teste perfeito
e as imperfeies fazem aparecer erro
de medio no resultado. Como
conseqncia, o resultado de uma
medio somente uma aproximao do
valor da quantidade medida e somente
completa quando acompanhado por uma
expresso da incerteza desta
aproximao. Realmente, por causa da
incerteza da medio, o valor verdadeiro
nunca pode ser conhecido. No limite, por
causa de alguns efeitos, ele pode mesmo
no existir.
Tambm deve ser notado que o artigo
indefinido um, em vez do artigo definido
o, deve ser usado em conjunto com
valor verdadeiro por que pode haver
mais de um valor consistente com a
definio de uma quantidade particular.
A incerteza da medio compreende,
em geral, muitos componentes. Alguns
podem ser calculados da distribuio
estatstica dos resultados de uma srie
de medies e pode ser caracterizados
por desvios padro experimentais. Os
outros componentes, que podem
tambm ser caracterizados por desvios
padro, so calculados das distribuies
de probabilidade assumidas baseadas na
experincia ou em outra informao.
Erros aleatrios aparecem das
variaes aleatrias das observaes. A
cada momento que a medio tomada
sob as mesmas condies, efeitos
aleatrios de vrias fontes afetam o valor
medido. Uma srie de medies produz
um espalhamento em torno de um valor
mdio. Um nmero de fontes pode
contribuir para a variabilidade cada vez
que uma medio tomada e sua
influncia pode estar continuamente
mudando. Elas no podem ser
eliminadas mas a incerteza devido a
seus efeitos pode ser reduzida,
aumentando o nmero de observaes e
aplicando anlise estatstica.
Erros sistemticos aparecem de
efeitos sistemticos, ie um efeito no
resultado de uma quantiade que no est
includo na especificao da quantiade
medida mas que influencia no resultado.
Estes erros peramecem constantes
quando uma medio repetida sob as
mesmas condies por isso eles no
revelados pelas medies repetidas. Seu
efeito introduzir um deslocamento entre
o valor da medio e o valor mdio
determinado experimentalmente. Eles
no podem ser eliminados mas podem
ser reduzidos, por exemplo, fazendo
correes para o tamanho conhecido de
um erro devido a um efeito sistematico
reconhecido.
O Guide adotou o enfoque de agrupar
os componentes da incerteza em duas
categorias baseadas em seus mtodos
de avaliao, Tipo A e Tipo B. Esta
classificao de mtodos de avaliao,
em vez dos componentes em si, evita
certas ambiguidades. Por exemplo, um
componente aleatrio de incerteza em
uma medio pode se tornar um
componente sistemtico em outra
medio que tem como sua entrada o
resultado da primeira medio. Assim, a
incerteza total cotada em um certificado
de calibrao de um instrumento incluir
o componente devido aos efeitos
aleatrios, mas quando este valor total
subsequentemente usado como a
contribuio na avaliao da incerteza
em um teste usando este instrumento, a
contribuio deve ser tomada como
sistemtica.
Avaliao do Tipo A feita pelo
clculo de uma srie de leituras
repetidas, usando mtodos estatsticos.
Instrumentos de Medio
4.58
Avaliao do Tipo B feita por meios
diferentes dos usados no mtodo B. Por
exemplo, por julgamento baseado em:
1. Dados de certificados de
calibrao, que possibilita
correes a serem feitas e
incertezas do Tipo B a serem
atribudas.
2. Dados de medies anteriores, por
exemplo, grficos histricos
podem ser construdos e podem
fornecer informao til acerca
das mudanas dinmicas.
3. Experincia com ou o
conhecimento geral do
comportamento e propriedades de
materiais e equipamentos iguais.
4. Valores aceitos de constantes
associadas com materiais e
quantidades.
5. Especificaes dos fabricantes.
6. Todas as outras informaes
relevantes.
Incertezas individuais so avaliadas
pelo mtodo apropriado e cada uma
expressa como um desvio padro e
referida a uma incerteza padro.
As incertezas padro individuais so
combinadas para produzir um valor total
de incerteza, conhecido como incerteza
padro combinada.
Uma incerteza expandida
usualmente requerida para satisfazer as
necessidades da maioria das aplicaes,
especialmente onde se envolve
segurana. recomendado fornecer um
intervalo maior acerca do resultado de
uma medio quando a incerteza padro
com, consequentemente, uma maior
probabilidade do que envolve o valor
verdadeiro convencional da quantidade
medida. Ela obtida multiplicando-se a
incerteza padro combinada por um fator
de cobertura, k. A escolha do fator
baseada no nvel de confiana requerido.
6.3. Fontes de Incerteza
H vrias fontes possveis de
incerteza. Como elas dependem da
disciplina tcnica envolvida, no
possvel dar recomendaes detalhadas
aqui. Porm, os seguintes pontos gerais
se aplicam a muitas reas de calibrao
e teste:
1. Definio incompleta do teste - a
exigncia pode no ser claramente
descrita, eg, a temperatura de um
teste pode ser dada como
temperatura ambiente.
2. Realizao imperfeita do
procedimento de teste, mesmo
quando as condies de teste
esto claramente definidas pode
no ser possvel produzir as
condies tericas, na prtica,
devido as imperfeies inevitveis
nos materiais ou sistemas usados.
3. Amostragem - a amostra pode no
ser totalmente representativa. Em
algumas disciplinas, como teste
microbiolgico, pode ser muito
difcil obter uma amostra
representativa.
4. Conhecimento inadequado dos
efeitos das condies ambientais
no processo da medio ou
medio imperfeita das condies
ambientais.
5. Erro pessoal de polarizao na
leitura de instrumentos analgicos.
6. Resoluo ou limite de
discriminao do instrumento ou
erros na graduao da escala.
7. Valores atribudos aos padres da
medio (de trabalho e de
referncia) e materiais de
referncia certificada.
8. Alteraes nas caractersticas ou
desempenho de um instrumento
de medio desde a sua ltima
calibrao.
9. Valores de constantes e outros
parametros usadas na avaliao
dos dados.
10. Aproximaes e hipteses
incorporadas no mtodo e
procedimento da medio.
11. Variaes nas leituras repetidas
feitas sob condies parecidas
mas no idnticas - tais como
efeitos aleatrios podem ser
causados, por exemplo, rudo
eltrico em instrumentos de
medio, flutuaes rpidas no
ambiente local, eg, temperatura,
umidade e presso do ar,
variabilidade no desempenho do
operador que faz o teste.
Instrumentos de Medio
4.59
Estas fontes no so
necessariamente independentes e, em
adio, efeitos sistemticos no
reconhecidos podem existir que no
podem ser levados em conta mas
contribuem para o erro. por esta razo
que os laboratrios credenciados
encorajam - e muitas vezes insistem em -
participao em comparaes
interlaboratoriais, auditorias de medio
e cross checking interno de resultados
por diferentes meios.
6.4. Estimativa das Incertezas
A incerteza total de uma medio
uma combinao de um nmero de
incertezas componentes. Mesmo uma
nica leitura do instrumento pode ser
influenciada por vrios fatores. A
considerao cuidadosa de cada
medio envolvida na calibrao ou teste
necessria para identificar e listar todos
os fatores que contribuem para a
incerteza total. Este um passo muito
importante e requer um bom
entendimento do equipamento de
medio, os princpios e prticas da
calibrao ou teste e a influncia do
ambiente
O prximo passo quantificar as
incertezas componentes por meios
apropriados. Uma quantificao
aproximada inicial pode ser valiosa em
possibilitar que alguns componentes
sejam reconhecidos como desprezveis e
no necessitam de uma avaliao mais
rigorosa. Em muitos casos, uma
definio prtica de desprezvel pode ser
um componente que no maior do que
um quinto do tamanho do maior
componente. Alguns componentes
podem ser quantificados pelo clculo do
desvio padro de um conjunto de
medies repetidas (Tipo A) como
detalhado no Guide. A quantificao de
outros componentes pode requerer o
julgamento, usando toda informao
relevante na variabilidade possvel de
cada fator (Tipo B). Para estimativas do
Tipo B, o conjunto de informaes pode
incluir alguns ou todos os fatores listados
no pargrafo 2.
Clculos subsequentes se tornam
mais simples se, quando possvel, todos
os componentes so expressos do
mesmo modo, eg., como percentagem,
ou ppm ou mesma unidade de
engenharia usada para o resultado
reportado.
6.4. Incerteza Padro
A incerteza padro definida como
um desvio padro. O potencial para erros
em um estgio posterior da avaliao
pode ser minimizado expressando todas
as incertezas componentes como um
desvio padro. Isto podoe requer ajuste
de alguns valores da incerteza, de modo
que os obtidos dos certificados de
calibrao e outras fontes, que muitas
vezes tem sido expressos com um maior
nvel de confiana, envolvendo mltiplo
do desvio padro (2 ou 3).
6.5. Incerteza Padro Combinada
As incertezas componentes devem ser
combinadas para produzir uma incerteza
total usando o procedimento estabelecido
no Guide. Em muitos casos, isto reduz a
tomar a raiz quadrada da soma dos
quadrados das incertezas padro
componentes (mtodo da raiz da soma
dos quadrados). Porm, alguns
componentes podem ser
interdependentes e podem, por exemplo,
se cancelarem entre si ou se reforarem
entre si. Em muitos casos, isto pode ser
facilmente visto e os componentes
interdependentes podem ser somados
algebricamente para dar um valor final.
Porm, em casos mais complexos,
podem-se usar mtodos matemticos
mais complexos para tias componentes
correlatos, como derivadas parciais
6.6. Incerteza Expandida
Em muitos casos, necessrio cotar
uma incerteza expandida e a incerteza
padro combinada portanto necessita ser
multiplicada por um fator de cobertura
apropriado. Isto deve refletir o nvel de
confiana requerido e, em termos
estritos, ser ditado pelos detalhes da
distribuio de probabilidade
caracterizado pelo resultado da medio
e sua incerteza padro combinada.
Porm, as computaes extensivas
Instrumentos de Medio
4.60
requerida para combinar as distribuies
de probabilidade so raramente
justificadas pelo tamanho e
confiabilidade da informao disponvel.
Em muitos casos, uma aproximao
aceitvel, ou seja, a distribuio da
probabilidade pode ser assumida como
normal e que um valor de 2 para o fator
de cobertura define um intervalo tendo
um nvel de confiana de
aproximadamente 95%, ou, para
aplicaes mais crticas, que um valor de
3 define um intervalo tendo um nvel de
confiana de aproximadamente 99%.
Excees a estes casos precisam ser
tratados em uma base individual e devem
ser caracterizados por um ou ambos dos
seguintes:
1. A ausncia de um nmero
significativo de incertezas
componentes tendo distribuies
de probabilidade bem
comportadas, tais como, normal ou
retangular.
2. Incluso de uma incerteza
componente dominante. Isto pode
causar a incerteza expandida ser
maior do se as contribuies
individuais da incerteza fossem
somadas aritmeticamente e
claramente uma situao
pessimista.
Deve tambm ser notado que se erros
de incertezas do Tipo A em um sistema
de medio so comparveis aos do Tipo
B, a incerteza expandida pode ser uma
subestimativa, a no ser que um grande
nmero de leituras repetidas26 MAI 97 tenha
sido feito. Nestas circunstncias, um
fator de cobertura k
p
deve ser obtido de
uma distribuio t, baseada nos graus de
liberdade efetivo,
ef
, da incerteza padro
combinada.
2
1
onde
i
p
a incerteza do processo de
calibrao,
i
pj
a incerteza dos padres de
calibrao, com j variando entre 1 e n.
Calibrao do Elemento Sensor
Embora o elemento sensor faa parte
da malha de medio, por causa da
dificuldade de se simular a varivel do
processo no campo, geralmente se
simula o sinal de sada do sensor, no
local da medio para se calibrar a malha
e calibra-se o elemento sensor na
bancada ou o substitui por um novo
rastreado e certificado. A deciso entre
calibrar o sensor existente ou substitu-lo
por um novo rastreado uma deciso
baseada na relao custo/benefcio.
Tipicamente, nos casos de
termopares e resistores detectores de
temperatura, deve-se fazer a substituio
em vez de calibrao. No caso de placas
de orifcio, deve-se fazer inspeo visual
e fsica peridica e apenas substitu-la
quando esta inspeo o indicar.
Calibrao do Instrumento Isolado
As malhas que no puderem ser
calibradas inteiramente como um nico
instrumento, devem ter seus
instrumentos componentes calibrados
individualmente. Tambm, quando a
calibrao da malha indicar que ela est
no conforme, os instrumentos so
retirados da malha e levados para
calibrao individual, conforme
procedimentos especficos, que
estabelecem o executante, esclarecem a
disponibilidade da malha pela operao e
a substituio do instrumento. Depois de
calibrado o instrumento armazenado na
oficina ou substitui o existente. Quando o
instrumento no pegar calibrao, ele
submetido manuteno corretiva e
depois calibrado e todos estas operaes
devem ser anotadas em sua Folha de
Cadastro.
Confirmao Metrolgica
5.9
1.8. Parmetros da Calibrao
Alm dos aspectos comerciais
envolvidos e, s vezes, dos aspectos
legais, a calibrao para ser vlida e
confivel deve cuidas dos seguintes
aspectos:
1. medies replicadas
2. padres rastreados
3. procedimento escrito
4. ambiente conhecido
5. pessoal treinado
6. registro documentado
7. perodo de validade administrado
Medies replicadas
Toda calibrao deve ter vrias
medies de cada ponto de calibrao.
Os pontos de calibrao preferidos so:
0%, 25, 50, 75 e 100%, com valores
crescentes e decrescentes da varivel
calibrada. A repetio das medies tem
a finalidade de verificar linearidade,
repetitividade e histerese do instrumento.
Por questo de economia de tempo,
comum se fazer apenas uma medio
ascendente e outra descendente,
fazendo-se apenas duas medies de
cada ponto.
Padro rastreado
Toda calibrao requer um padro
para fornecer os valores verdadeiros
convencionais envolvidos. O padro
fornece o valor confivel, fiducirio da
varivel calibrada.
Padro rastreado significa que ele foi
comparado com um outro padro
superior, que garanta sua confiabilidade.
Os padres de referncia devem possuir
exatido maior que a dos instrumentos
ou padres sob calibrao. Os padres
de referncia de ordem superior devem
ser rastreados aos padres credenciados
ou nacionais ou derivados de constantes
fsicas.
As normas e os laboratrios
recomendam nmeros limites entre as
exatides dos instrumentos calibrados e
dos padres. Por exemplo, o NIST
recomenda a relao mnima de 4:1; o
INMETRO recomenda a relao 3:1 e as
normas militares falam de 10:1. Porm,
todos estes nmeros so sugestes e
no so mandatrios. O risco aceitvel
associado com a medio varia com
cada processo e em uma mesma planta,
podem se adotar relaes de incertezas
diferentes. O estabelecimento da relao
se baseia em aspectos econmicos
(quanto maior a relao, maior o custo
dos padres da escada metrolgica) e
tcnicos (quanto maior o nmero, menor
a interferncia da incerteza do padro na
incerteza do instrumento calibrado). O
resultado final desta escolha um
compromisso entre os valores de
aceitao e de incerteza.
Os padres de referncia
selecionados atravs das especificaes
do fabricante devem ser continuamente
acompanhados e monitorados para
comprovar a estabilidade e o
desempenho, atravs de calibraes
sucessivas.
Procedimentos de Calibrao
Devem ser escritos procedimentos de
calibrao de instrumentos para eliminar
fontes de erros devidas s diferenas de
tcnicas, condies do ambiente, escolha
dos padres e dos acessrios e
mudana do tcnico calibrador. Estes
procedimentos no so os manuais de
calibrao do fabricante. Os
procedimentos devem incluir os aspectos
tcnicos destes manuais de operao,
porem devem ser mais abrangentes.
Os procedimentos devem ser usados
pelo pessoal envolvido e responsveis
pela calibrao. Eles devem ser
elaborados com a participao ativa
deste pessoal. Os procedimentos devem
garantir que:
1. pessoas diferentes obtenham o
mesmo resultado quando
calibrando instrumentos iguais ao
mesmo tempo,
2. a mesma pessoa obtenha o mesmo
resultado quando calibrando o
mesmo instrumento em pocas e
locais diferentes.
Os procedimentos devem ser escritos
numa linguagem simples, clara e
acessvel e o seu contedo deve ter, no
mnimo,
1. objetivo do procedimento
2. normas de referncia e
recomendaes do fabricante
3. lista dos padres requeridos
Confirmao Metrolgica
5.10
4. lista dos instrumentos de teste,
fontes de alimentao, pontos de
teste e ligaes
5. descrio do princpio de medio
ou teoria do mtodo empregado
6. estabelecimento das condies
ambientais do local onde ser feita
a calibrao: temperatura, presso,
umidade, posio, vibrao,
blindagem a rudos eltricos e
acsticos
7. instrues, passo a passo, da
calibrao, envolvendo preparao,
ajustes, leituras, comparaes e
correes
8. formulrios para a coleta e
anotao dos dados, relatrios,
tabelas e certificados.
9. estabelecimento da prxima data
de calibrao.
No Apndice A h um procedimento
tpico para a calibrao de malha de
instrumento de processo.
Condies Ambientais
As condies ambientais de
calibrao do instrumento devem ser as
recomendadas pelos procedimentos e
pelos fabricantes do instrumento e dos
padres envolvidos. A maioria dos
instrumentos de processo no requer
condies ambientais controladas. Isto
to verdade, que a tendncia atual
fazer a calibrao dos instrumentos na
rea industrial.
As condies envolvidas na calibrao
no precisam ser controladas mas
sempre devem ser conhecidas, por
causa de eventuais fatores de correo
para os padres usados.
Quando requerido, a rea deve ser
limpa, sem vibrao mecnica, sem
interferncias eletrostticas e
eletromagnticas quando houver
envolvimento de equipamentos eltricos
e com a temperatura na faixa de 17 a 21
o
C e umidade relativa entre 35 e 55%.
Intervalos de calibrao
Os instrumentos de medio
industriais devem ser calibrados
periodicamente por instrumentos de teste
de trabalho. Os instrumentos de trabalho
devem ser calibrados periodicamente por
padres secundrios ou de transferncia.
Os instrumentos de transferncia
secundria devem ser calibrados com
padres primrios ou de referncia.
Os perodos de cada calibrao
dependem da qualidade do instrumento,
das condies ambientais, do
treinamento do pessoal envolvido, do tipo
da indstria, da idade dos instrumentos,
da manuteno corretiva dos
instrumentos. Os perodos no so
imutveis e nem fixos. Podem ser
alterados em funo de:
1. recomendaes do fabricante,
2. legislao vigente
3. frequncia de utilizao (maior uso
implica em perodos mais curtos).
Uso incorreto requer recalibrao
imediata.
4. severidade e agresso ambiental.
Maior agressividade do ambiente
implica em menor perodo de
calibrao.
5. caractersticas de construo do
instrumento; instrumento mais frgil
requer calibraes mais freqentes;
instrumentos com peas moveis
requerem calibraes mais
freqentes.
6. preciso dos instrumentos em
relao tolerncia do produto ou
da medio; menor tolerncia do
produto, calibrao mais freqente
dos instrumentos envolvidos.
7. posio na escada hierrquica de
rastreabilidade: geralmente
instrumentos mais prximos da
base da pirmide (menos precisos,
de medio e de teste de oficina)
requerem calibraes mais
freqentes que os do topo (mais
precisos, padres primrios).
8. criticidade e importncia da
medio efetuada; maior a
conseqncia do erro, implica em
menor intervalo de segurana.
Medio envolvendo segurana,
menor perodo de calibrao;
medio envolvendo vidas
humanas, obrigao legal de
calibrao, geralmente com
perodos definidos por lei.
Confirmao Metrolgica
5.11
Reviso dos intervalos de calibrao
Um sistema eficiente de calibrao
deve ter ferramentas que permitam a
reviso dos intervalos de calibrao, com
critrios baseados em dados obtidos das
calibraes anteriores e que seja um
compromisso entre se ter menos trabalho
de calibrao e menos no
conformidades por causa de
instrumentos descalibrados.
O critrio mostrado a seguir se baseia
no critrio de Schumacher.
1. A cada calibrao feita, o
instrumento classificado em
relao aos resultados obtidos,
conforme a Tab.1:
Tab.1. Status do Instrumento
A
Avaria
Designa problema que
prejudica um ou mais
parmetros ou funes do
instrumento.
C
Conform
e
Designa instrumento
encontrado conforme com sua
tolerncia durante a
calibrao.
F
Fora
Designa instrumento, apesar
de apresentar bom
funcionamento, encontrado
fora das tolerncias de
calibrao.
Com base na situao encontrada de
conformidade nos ciclos anteriores, ser
tomada uma das aes da Tab.2:
Tab.2. Aes a serem tomadas
E
Estender
Indica que o intervalo entre
calibraes deve ser
estendido.
D
Diminuir
Indica que o intervalo entre
calibraes deve ser
reduzido.
M
Mxima
Reduo)
Indica reduo do ciclo de
calibrao ao seu intervalo
mnimo admissvel.
P
Permanece
No se altera o intervalo
anteriormente estabelecido
Para a aplicao do critrio, deve ser
consultada a Tab. 3 e Tab. 4.
Tab. 3. Classificao Dos
Instrumentos
Ciclos
Anteriores
Condies no
Recebimento
A F C
CCC P D E
FCC P D P
ACC P D E
CF M M P
CA M M P
FC P M P
FF M M P
FA M M P
AC P D P
AF M M P
AA M M P
Confirmao Metrolgica
5.12
Tab. 4. Determinao do prximo
ciclo
Ciclo
Atual
Novo Ciclo (Valores Em
Semanas)
D E P M
10 9 13 10 *
12 11 15 12 8
14 13 17 14 8
16 14 19 16 10
18 16 21 18 12
20 18 24 20 13
24 22 28 24 15
28 25 32 28 19
32 29 37 32 21
36 32 41 36 24
52 47 52 52 37
* Retirar Instrumento de Uso. Substituir
Registros documentados
A documentao registrada garante e
evidencia que os prazos de validade da
calibrao esto sendo seguidos e que a
exatido dos instrumentos est sendo
mantida.
As seguintes informaes devem ser
facilmente disponveis:
1. exatido do instrumento
2. local de uso atual
3. intervalo de calibrao, com data
de vencimento
4. procedimento da calibrao
5. relatrio da ltima calibrao
6. histrico de manutenes e reparos
Todas as calibraes para serem
vlidas devem ser devidamente
certificadas. Os certificados devem ser
arquivados e devem conter, no mnimo,
1. nmero de srie do instrumento
correspondente
2. data de calibrao
3. laboratrio ou padro rastreado
4. condies fsicas nas quais foi feita
a calibrao
5. descrio do padro referido:
exatido, tipo
6. desvios e fatores corretivos a
serem aplicados, quando as
condies da calibrao forem
diferentes das condies padro
7. quando feito em laboratrio externo
(credenciado, nacional), descrio
do procedimento e pessoal
envolvido
8. garantia que o padro superior
estava confivel e rastreado,
atravs de certificado.
Deve haver um responsvel pela
organizao e atualizao do arquivo. O
responsvel do arquivo deve
providenciar:
1. aviso de vencimento de prazo de
validade ao responsvel do
instrumento
2. retirada do instrumento de
operao
3. encaminhamento do instrumento
para a calibrao interna ou
externa
4. recebimento do instrumento
calibrado
5. atualizao das datas e dos
documentos
6. encaminhamento do instrumento
para o usurio responsvel
7. colocao de etiquetas nos
instrumentos, com data da ltima
calibrao, nome da pessoa
responsvel pela calibrao, data
da prxima calibrao e
identificao do instrumento.
Sistema de Calibrao
A implantao adequada de um
sistema de calibrao de instrumentos
requer as seguintes providncias:
1. listar individualmente todos os
instrumentos de medio, teste e
padro da empresa, incluindo os do
processo, oficina, laboratrios,
armrios do chefe.
2. estabelecer os padres e
instrumentos mestres necessrios
para a empresa, baseando-se em
fatores econmicos, tcnicos,
segurana, produo e qualidade
do produto.
3. adquirir os padres necessrios e
justificados
4. prover local adequado para
armazenamento, guarda,
preservao e operao dos
instrumentos de teste e padres.
Confirmao Metrolgica
5.13
g. 2. - Diagrama de blocos da calibrao de instrumento isolado
NO
NO
AJUSTE
MANUTENO
CALIBRAO
SIM
SIM
Comparar com valores
limites do Relatrio
Aplicar sinais de entrada
Ler sinais de sada
Fazer ligaes com padres
conforme Procedimento ou MF
Comparar com limites do
Relatrio de Calibrao
Aplicar sinais de entrada
Ler sinais de sada
Fazer ajustes de zero, span e
outros aplicveis conforme MF
Desfazer ligaes
Etiquetar instrumento como
no adequado ao uso
Fazer manuteno corretiva
conforme procedimento
FIM
Fazer relatrio de No Conformidade
e distribui-lo para aes corretivas
Etiquetar instrumento calibrado
Proteger e lacrar pontos de
Arquivar Relatrio de Calibrao
Desfazer ligaes com padres
Anotar valores finais no
Relatrio de Calibrao
FIM
Arquivar Relatrio de
Calibrao
Etiquetar instrumento calibrado
Proteger e lacrar pontos de ajuste
Desfazer ligaes com
padres
FIM
DENTRO
DENTRO
Confirmao Metrolgica
5.14
Fig. 5.4. - Diagrama de blocos da calibrao de malha completa
NO
NO
CALIBRAO
E AJUSTE DOS
INSTRUMENTOS
CALIBRAO
DA MALHA
SIM
SIM
Anotar valores lidos na Ficha Calibrao
Comparar com limites estabelecidos
Aplicar sinais na entrada da malha
Ler sinais da varivel no display da
sala de controle
Comparar com tolerncia do processo
Calcular incerteza da malha
combinada com a do sensor
Desfazer a malha e calibrar cada
instrumento individualmente
Malha no conforme para processo.
Fazer relatrio de no conformidade
FIM
Malha no conforme para calibrao
mas conforme para o processo
FIM
Arquivar Ficha de Calibrao
Etiquetar malha calibrada
Desfazer ligaes com padres
FIM
DENTRO
MENOR
Fazer ligaes com padres
conforme Procedimento ou MF
Confirmao Metrolgica
5.15
5. se necessrio, implantar laboratrios
de calibrao das variveis, como
temperatura, vazo, presso,
voltagem e resistncia eltrica.
6. pesquisar, conhecer e credenciar os
laboratrios externos para fins de
intercmbio laboratorial e mtua
rastreabilidade. H laboratrios de
usurios que so tecnicamente
aceitveis, mesmo no tendo o
credenciamento legal do INMETRO
7. definir a escada de rastreabilidade,
separando os instrumentos que
podem ser calibrados internamente e
os que devem ser enviados para
laboratrios externos
8. elaborar cronogramas de tais
calibraes, acompanhando as datas
de vencimento
9. Elaborar procedimentos para
calibraes internas, para envio e
recebimento de instrumentos para
laboratrios externos
10. implantar arquivo para
documentao de todos os histricos
11. treinar o pessoal para as atividades
de operao, calibrao,
armazenamento, manuseio e
preservao dos instrumentos e
padres
12. elaborar plano de calibrao.
Calibrao e manuteno
O objetivo da calibrao o de eliminar
os erros sistemticos que aparecem ou
aumentam com o passar do tempo. O valor
esperado das vrias medies replicadas
de um mesmo valor da varivel medida
tende a se afastar do valor verdadeiro
convencional e por isso o instrumento deve
ser calibrado, periodicamente.
Tambm com o passar do tempo o
instrumento tende a piorar o seu
desempenho e apresentar uma incerteza
alm dos limites estabelecidos para a
incerteza nominal. Neste caso o
instrumento requer manuteno. A
manuteno deve ser criteriosa e devem
ser tomados cuidados para que o
desempenho do instrumento no se
degrade, usando-se peas originais,
ferramentas adequadas, componentes de
qualidade industrial. Componentes para a
indstria de entretenimento, so mais
baratos, mais fceis de serem encontrados
porm so menos confiveis e com menor
vida til.
A manuteno deve ser feita quando o
instrumento estiver visivelmente
danificado, no operante ou com
desempenho deteriorado. Esta
manuteno chamada de corretiva.
A manuteno pode ser feita de
periodicamente, de modo programado. Na
data marcada, faz-se a manuteno do
instrumento. Nem sempre possvel se
programar a data para a manuteno
preventiva para qualquer tipo de
instrumento. A manuteno preventiva s
deve ser feita em instrumentos que
tenham causa constante, ou seja,
instrumentos que tenham peas que se
desgastam de modo previsvel.
Tipicamente se faz manuteno preventiva
em instrumento com peas mveis que se
desgastam de modo previsvel e estimado.
Depois da manuteno corretiva ou
preventiva do instrumento, ele deve ser
calibrado e se necessrio, ajustado.
Durante a calibrao do instrumento
pode-se verificar a necessidade de fazer
manuteno no instrumento. Tipicamente
tem-se:
1. Calibrao do instrumento, onde e
quando se verifica se o desempenho
do instrumento est dentro do
esperado.
2. Quando o desempenho estiver fora
dos limites predeterminados, fazem-
se os ajustes, levando o instrumento
para o seu desempenho nominal.
Quando os ajustes no instrumento
forem incapazes de levar o instrumento
para o seu desempenho nominal,
necessrio fazer manuteno, trocando
peas e componentes.
Confirmao Metrolgica
5.16
3. Padres
Quando um sistema de medio
calibrado, ele comparado com algum
padro cujo valor presumivelmente
conhecido. Este padro pode ser outro
instrumento, um objeto tendo um atributo
fsico bem conhecido a ser usado como
comparao, uma soluo com
propriedade qumica bem conhecida ou
uma tcnica conhecida e bem aceita para
produzir um valor confivel. Um padro a
base de todas as medies, em um
laboratrio ou oficina, em uma indstria,
em um pas e no mundo.
Uma dimenso (em um sentido mais
amplo) define uma varivel fsica que
usada para descrever algum aspecto de
um sistema fsico. O valor fundamental
associado com qualquer dimenso dada
por uma unidade. Uma unidade define uma
medida de uma dimenso. Por exemplo,
massa, comprimento e tempo descrevem
dimenses bsicas, com as quais
associamos as unidades de kilograma,
metro e segundo, respectivamente. Um
padro primrio define o valor de uma
unidade, fornecendo os meios para
descrever a unidade com um nico nmero
que pode entendido por todos e em todo
lugar. Assim, o padro primrio atribui um
nico valor a uma unidade por definio.
Como tal, ele deve definir a unidade
exatamente.
Padres primrios so necessrios, por
que o valor atribudo a uma arbitrrio. Se
um metro o comprimento do brao do rei
ou a distncia que a luz percorre em uma
frao de segundo depende somente de
como algum quis defin-lo. Para evitar
confuso, as unidades so definidos por
acordo internacional atravs do uso de
padres primrios. Depois de consensado,
o padro primrio forma a definio exata
da unidade at que ela seja mudada por
algum outro acordo posterior, que tenha
vantagens sobre a definio anterior.
As principais caractersticas procuradas
em um padro so:
1. disponibilidade global
2. confiabilidade continuada
3. estabilidade temporal e espacial
com mnima sensibilidade s fontes
externas do ambiente.
No Brasil, os padres primrios
(referncia) e secundrios (transferncia)
so mantidos no INMETRO.
Periodicamente, o INMETRO tambm
calibra seus prprios padres de
transferncia.
3.1. Padres fsicos e de receita
A medio requer a definio de
unidades, estabelecimento de padres de
medio, formao de escalas e
comparao de quantidades medidas com
as escalas. O padro fornece a ordem de
comparao e a base de toda calibrao.
Foram estabelecidos os conceitos de
padro material e de receita.
Padro fsico ou material baseado em
uma entidade fsica, como uma quantidade
de metal ou um comprimento de uma barra
de metal. O padro material fsico e deve
ser armazenado em condies de
temperatura, presso e umidade
especificas e ser rastreado
periodicamente. Exemplo de padro fsico
kilograma fsico, padro de massa no SI,
que consiste em um cilindro de platina-
irdio, com 39 mm de altura e de dimetro
e que recentemente engordou, passando
para 1,000 030 kg. Este padro est
preservado e guardo em Svres, Frana e
uma rplica dele est guardada no
INMETRO, em Xerm, RJ, Brasil.
Padro de receita pode ser reproduzido
em qualquer laboratrio do mundo,
baseando-se em fenmenos fsicos,
procedimentos e mtodos especficos. O
padro de receita substitui o padro fsico
por causa da maior facilidade de
reproduo e de disponibilidade.
Antes de 1960 a unidade de
comprimento era um padro fsico,
consistindo de uma barra de Pt-Ir
guardada em Svres.
Em 1960, a unidade de comprimento foi
redefinida em termos de padro de receita
ptico, como sendo equivalente a 1 650
763,73 vezes o comprimento de onda da
luz laranja-vermelha de uma lmpada de
Kr
86
.
Em 1983, o metro foi redefinido em
funo do trajeto percorrido por uma onda
eletromagntica plana, no vcuo, durante
1/299 792 458 de segundo.
Confirmao Metrolgica
5.17
Atualmente, a nica unidade definida
como padro material o kilograma; todas
as outras unidades so fixadas por meio
de definies de receitas. O tempo foi a
ltima unidade a ser substituda, tendo
sido domnio dos astrnomos por milhares
de anos.
3.1. Rastreabilidade
O valor conhecido da entrada para um
sistema de medio durante uma
calibrao o padro na qual a calibrao
se baseia. Obviamente, o padro primrio
real pode ser impraticvel como padro
para usar em uma calibrao normal. Mas,
eles servem como referncia por causa da
exatido. No razovel viajar para
Svres, na Frana, para calibrar uma
balana analtica de laboratrio que
necessita de um peso padro. E chegando
na Frana, o acesso ao kilograma padro
nem seria permitido. Assim, por razes
prticas, existe uma hierarquia de padres
secundrios que tentam duplicar os
padres primrios. O padro primrio
usado como referncia para o padro
secundrio, que usado como
transferncia. O padro secundrio uma
aproximao razovel do primrio e pode
ser mais facilmente acessvel para
calibraes. Porm, deve haver um valor
de incerteza razovel no uso de padres
que so rplicas dos padres primrios.
No topo da pirmide de hierarquia, logo
abaixo do padro primrio, esto os
padres primrios mantidos pelos
laboratrios nacionais atravs do mundo.
No Brasil, o INMETRO mantm os padres
primrios e secundrios e os
procedimentos padro recomendados para
a calibrao dos sistemas de medio.
Cada nvel de hierarquia derivado por
calibrao contra o padro do nvel anterior
mais alto. Quando se move para baixo da
pirmide, passa-se do padro primrio
(referncia), para o secundrio
(transferncia), para o local e para o
padro de trabalho, sempre com um grau
de preciso menor ou com maior incerteza.
Como a calibrao determina a relao
entre o valor de entrada e o de sada, a
exatido da calibrao depende, em parte,
da exatido do padro usado. Mas o
padro de trabalho usado contem algum
erro e como a exatido determinada? No
mximo, a exatido pode somente ser
estimada. E a confiana desta estimativa
depende da qualidade do padro e da
tcnica de calibrao usada.
Fig. 5.5. Rastreabilidade dos padres
Rastreabilidade (traceability) o
princpio em que a incerteza de um padro
medida contra um padro superior,
permitindo que a incerteza do instrumento
seja certificada. Isto conseguido por uma
auditoria para cima, de padres mais
baixos para padres superiores. Todo
sistema vlido de padres deve se
conformar com este princpio da
rastreabilidade, onde o padro inferior que
calibrado contra um padro superior
certificado e sua incerteza garantida.
Os instrumentos de medio das
variveis do processo requerem
calibraes peridicas, referidas a padres
de oficina. Periodicamente, os padres de
oficina tambm devem ser calibrados e
rastreados com outros padres
interlaboratoriais e padres de referncia
nacional. Para isso, fundamental que as
quantidades fsicas envolvidas tenham os
seus padres definidos e disponveis.
A exatido do nvel superior deve ser
maior que a do nvel inferior de um fator
variando, por exemplo, de 4 a 10. Quanto
menor o fator (4), a exatido do padro
influi e interfere na exatido do instrumento
calibrado. Quanto maior o fator (10), maior
Aumento
da preciso
P. ex., balana presso Inmetro
Padro
primrio
Padro
secundrio
Padro
trabalho
Instrumento
calibrado
P. ex., bomba peso morto
P. ex., manmetro master
P. ex., manmetro
Confirmao Metrolgica
5.18
o custo do padro. Pode-se at fazer a
calibrao com um instrumento com
mesma classe de preciso (cross
checking). Geralmente aplicada no
recebimento de instrumentos, aps
transporte para verificao de violaes ou
antes da data do vencimento de
calibrao, apenas para verificar a
manuteno da exatido.
H vrios tipos diferentes de padres de
medio, classificados conforme a funo
e o tipo de aplicao.
1. internacional e nacional
2. primrio e secundrio
3. referncia e transferncia
4. de trabalho e de oficina
Padro Internacional e nacional
Os padres internacionais so os
dispositivos projetados e construdos para
as especificaes de um frum
internacional. Eles representam as
unidades de medio de vrias
quantidades fsicas na maior preciso
possvel que obtida pelo uso de tcnicas
avanadas de produo e medio. Eles
esto guardados em Svres e no so
disponveis para o usurio comum e suas
necessidades dirias de calibrao.
Os padres internacionais so definidos
de modo que possam ser reproduzidos em
um grau aceitvel de exatido e quando
definidos, o problema seja realizar este
padro. H um padro primrio para cada
unidade. No caso da massa, h um bloco
cilndrico de Pt-Ir guardado em Svres,
Frana, de modo que massas semelhantes
possam ser comparadas com o prottipo
com preciso de 10
-8
. As outras
quantidades so definidas por padres
primrios reprodutveis, ou seja, que
podem ser estabelecidas localmente,
quando necessrio. Na prtica, os
equipamentos e procedimentos envolvidos
requerem laboratrios altamente
especializados. Os padres internacionais
so primrios.
Padro nacional o de mais alto nvel
dentro de um pas. O INMETRO, no Rio de
Janeiro, RJ, responsvel legal pela
manuteno dos padres primrios no
Brasil. Estes padres primrios no saem
do INMETRO. A principal funo de um
padro primrio a calibrao e
verificao dos padres secundrios. No
Brasil, o INMETRO credencia os
laboratrios que forma a Rede Brasileira
de Calibrao. Os laboratrios da Rede
servem de referncia para calibraes
secundrias. Por exemplo, o laboratrio
industrial da Yokogawa (So Paulo, SP)
credenciado pelo INMETRO para calibrar
voltagem, corrente e resistncia eltrica. O
laboratrio industrial da Companhia
Siderrgica de Tubaro (Vitria, ES) est
credenciado pelo INMETRO para
referncia de temperatura. O laboratrio
de Vazo do Instituto de Pesquisas
Tecnolgicas (So Paulo, SP) est
credenciado pelo INMETRO para
rastreabilidade de medidores de vazo de
lquido, dentro de determinadas faixas. O
Apndice D mostra os laboratrios da
Rede Brasileira credenciados at JAN 96.
Padro primrio ou de referncia
Os padres primrios so dispositivos
mantidos pelas organizaes e
laboratrios nacionais, em diferentes
partes do mundo. Eles representam as
quantidades fundamentais e derivadas e
so calibrados de modo independente,
atravs de medies absolutas. A principal
funo dos padres primrios a de
calibrar e certificar periodicamente os
padres secundrios. Como os padres
internacionais, os primrios no so
disponveis para o usurio final.
O padro primrio tambm chamado
de padro de referncia. Ele fixo e
reprodutvel, no sendo acessvel como
objeto de calibrao industrial e
necessrio padres prticos para as
quantidades derivadas.
Os padres primrios so os mais
precisos existentes. Eles servem para
calibrar os secundrios. Todos os padres
primrios precisam ter certificados. Os
certificados mostram a data de calibrao,
preciso, condies ambientes onde a
preciso vlida e um atestado explicando
a rastreabilidade com o Laboratrio
nacional. O padro primrio certificado
por padres com maior hierarquia. Quando
o sistema calibrado contra um padro
primrio, tem-se uma calibrao primria.
Aps a calibrao primria, o equipamento
empregado como um padro secundrio.
O resistor e a clula padro,
Confirmao Metrolgica
5.19
comercialmente disponveis so exemplos
de calibrao primria.
H ainda um outro significado para
padro primrio, com relacionado com o
seu grau de preciso ou posio na
pirmide de rastreabilidade, mas com a
sua fabricao. Existem instrumentos e
dispositivos que, por construo, possuem
uma propriedade conhecida e constante
dentro de determinado limite de incerteza.
Esta propriedade pode ser usada para
calibrar outros instrumentos ou padres de
menor preciso. Sob este enfoque, so
considerados padres primrios a placa de
orifcio, bocal snico, clula Weston, diodo
zener e resistncia de preciso.
A placa de orifcio considerada um
padro primrio de vazo, pois ela
dimensionada e construda segundo leis
fsicas aceitas e confirmadas
experimentalmente, de modo que ela
mede a vazo terica dentro de
determinado limite de incerteza e desde
que sejam satisfeitas todas as condies
do projeto. A calibrao de um sistema de
medio com placa de orifcio no requer
um padro de vazo, mas somente um
padro de presso diferencial, que o
sinal gerado pela placa e relacionado com
a vazo medida.
Um bocal snico tambm um padro
primrio de vazo. Ele dimensionado e
construdo segundo uma geometria
definida e valores de presso a montante
e jusante tericos, de modo que, numa
determinada situao passa por ele uma
vazo conhecida e constante, que pode
ser usada para calibrar outros medidores
de vazo. Por construo e teoria, ele
grampeia um determinado valor de vazo
que passa por ele.
Analogamente ao bocal snico, o diodo
zener um padro primrio de tenso
eltrica. Por construo e por causa do
efeito Zener e em determinada condio
de polarizao e temperatura, o diodo
zener mantm constante uma tenso
nominal atravs de seus terminais e esta
tenso conhecida e constante pode ser
usada para calibrar outros medidores de
tenso.
Uma clula Weston um padro
primrio de tenso eltrica, pois, por
construo e sob determinada corrente,
ela fornece uma tenso constante e igual a
1,018 636 V @ 20
o
C.
Mesmo que estes padres no tenham
a menor incerteza da pirmide metrolgica
de sua quantidade fsica, eles so
chamados tambm de padres primrios.
Padro secundrio ou de transferncia
Os padres secundrios so tambm
instrumentos de alta preciso mas de
menor preciso que a dos padres
primrios e podem tolerar uma
manipulao normal, diferente do extremo
cuidado necessrio para os padres
primrios. Os padres secundrios so
usados como um meio para transferir o
valor bsico dos padres primrios para
nveis hierrquicos mais baixos e so
calibrados por padres primrios.
O padro secundrio o padro de
transferncia. Ele o padro disponvel e
usado pelos laboratrios de medio e
calibrao na indstria. Cada laboratrio
industrial responsvel exclusivo de seus
padres secundrios. Cada laboratrio
industrial deve periodicamente enviar seus
padres secundrios para os laboratrios
nacionais para serem calibrados contra os
primrios. Aps a calibrao, os padres
secundrios retornam ao laboratrio
industrial com um certificado de preciso
em termos do padro primrio.
Confirmao Metrolgica
5.20
Fig. 5.6. Instrumento padro de oficina (HP)
Padro de Oficina
Os padres de oficina so dispositivos
de alta preciso e comercialmente
disponveis, usados como padres dos
laboratrios industriais. Eles no so
usados para o trabalho dirio de medies,
mas servem como referncia de calibrao
para os instrumentos de uso geral e dirio.
Os padres de oficina devem ser mantidos
em condies especificas de temperatura
e umidade. A calibrao com os padres
de oficina chamada de calibrao
secundria. Usa-se um dispositivo de
calibrao secundria para a calibrao de
um equipamento de pior preciso. A
calibrao secundria a mais usada na
instrumentao. Por exemplo, a clula
padro pode ser usada para calibrar um
voltmetro ou ampermetro usado como
padro de trabalho. O voltmetro padro
serve para calibrar um voltmetro de menor
preciso, que usado para fazer as
medies rotineiras do trabalho.
Fig. 5.7. Instrumento de medio (Foxboro)
Padro de trabalho
Os padres de trabalho so dispositivos
de menor preciso e comercialmente
disponveis, usados como padres para
calibrar os instrumento de medio do
processo e dos laboratrios industriais.
Eles so usados para o trabalho dirio de
medies. Geralmente so portteis e de
uso coletivo e por isso sua preciso se
degrada rapidamente e requerem
calibraes freqentes. Atualmente, com a
tendncia de se calibrar a malha de
processo in situ, os fabricantes de
instrumento desenvolveram padres de
trabalho robustos e precisos para
calibrao dos instrumentos da rea
industrial.
Deve-se tomar cuidados especiais com
o uso dos instrumentos padro eltricos
portteis em local industrial, observando e
cumprindo as exigncias de classificao
mecnica, eltrica e de temperatura, para
no danificar o instrumento e
principalmente, no explodir a rea.
Fig. 5.8. Instrumentos padro de trabalho (HP)
Materiais de Referncia Certificada
Em laboratrio qumico e fsico,
comum se ter os Materiais de Referncia
Certificada ou Materiais de Referncia
Padro que contm uma propriedade com
nvel de incerteza conhecida. So
exemplos:
1. soluo padro de pH para calibrar e
ajustar indicadores e transmissores
de anlise de pH,
2. gases de pureza definida para
calibrar cromatgrafos
3. chapas de ao com revestimento
definido para calibrar e ajustar
indicadores de espessura a raios-X,
4. rochas, minerais, misturas de gases,
vidros, misturas de hidrocarbonetos,
polmeros, ps, guas de chuva e
sedimentos de rio e efluentes.
Confirmao Metrolgica
5.21
Os materiais de referncia certificadas
podem ser preparados por sntese, pelo
prprio usurio ou podem ser comprados
de laboratrios nacionais ou internacionais,
credenciados ou com padres rastreados.
Um dos principais problemas
relacionados com o uso de materiais de
referncia certificada para analisar os erros
sistemticos que o significado de
anlises replicadas da amostra diverge do
valor terico esperado. Neste caso, fica a
incerteza se esta diferena devida a
erros aleatrios das medies ou a erros
sistemticos do material.
Geralmente os materiais de referncia
certificada tem prazos de validade e
requerem o controle da idade (age control).
4. Normas e Especificaes
4.1. Norma
Norma algo estabelecido pela
autoridade, usurio ou consenso geral
como um modelo ou exemplo a ser
seguido. Existem normas de conduta para
uma sociedade poltica e normas tcnicas
para uma sociedade tecnolgica. Uma
norma tcnica uma regra para uma
atividade especifica, formulada e aplicada
para o beneficio e com a cooperao de
todos os envolvidos. Geralmente, uma
norma um documento que estabelece as
limitaes tcnicas e aplicaes para itens,
materiais, processos, mtodos, projetos e
prticas de engenharia.
A norma um documento que indica
materiais, mtodos ou procedimentos de
fabricao, operao, manuteno ou
testes de uma certa classe de
equipamentos ou instrumentos. Por
exemplo, h normas para manmetros,
termmetros, medidores de vazo, vasos e
tabulaes de alta presso. A norma
fornece limites na faixa de materiais e
prope mtodos aceitveis, de modo que
um produto ou procedimento possa
satisfazer o objetivo para o qual ele foi
projetado.
No Brasil, o rgo credenciado para
gerar normas a Associao Brasileira de
Normas Tcnicas (ABNT), que uma
empresa, no-governamental, sem fins
lucrativos, credenciado pelo INMETRO.
4.2. Especificaes
A funo de uma especificao a
descrio de um produto em termos da
aplicao que o usurio pretende fazer
dele. A especificao pode ter a mesma
funo da norma e algumas especificaes
so, de fato, normas ou elas podem ser
derivadas e resultados de uma norma.
As especificaes usualmente so mais
detalhadas e menos genricas para uma
aplicao particular do que as normas.
As especificaes e normas formam a
base do sistema industrial. As
especificaes so essenciais a toda
operao de compra-venda, tornando
possvel a padronizao bsica para o
sistema de fabricao em massa industrial.
H cerca de 85 000 normas
governamentais, publicas e privadas em
uso nos Estados Unidos.
4.3. Hierarquia
Pode-se identificar uma hierarquia de
normas usadas pela sociedade. As normas
de valor so as de mais alto nvel, em
termos de seu impacto na sociedade.
Estas normas tratam da regulao de
radioativadade e da necessidade de gua
e ar limpo. As normas regulatrias so
derivadas das normas de valor bsicas. H
trs tipos de normas regulatrias:
1. cdigos e regulaes da indstria,
que so produzidas pela indstria,
2. normas regulatrias consensuais
produzidas pelos membros das
associaes de normas e governo,
3. normas regulatrias mandatrias que
so produtos exclusivos dos
governos.
Confirmao Metrolgica
5.22
4.4. Tipos de Normas
A ABNT edita seis tipos diferentes de
normas:
1. mtodo de teste descreve os
procedimentos para determinar uma
propriedade de um material ou
desempenho de um produto,
2. especificao uma declarao
concisa das exigncias a serem
satisfeitas por um produto, material
ou processo,
3. prtica o procedimento ou
instruo para auxiliar a
especificao ou mtodo de teste,
4. terminologia fornece as definies e
descries dos termos, explicaes
de smbolos, abreviaes e
acrsticos,
5. guia oferece uma srie de opes ou
instrues mas no recomenda um
modo de ao especifico,
6. classificao define os arranjos
sistemticos ou divises de materiais
ou produtos em grupos baseados em
caractersticas similares.
4.5. Abrangncia das Normas
A norma pode ter quatro nveis em
funo do grau de consenso necessrio
para seu desenvolvimento e uso.
1. norma de companhia, o nvel mais
baixo, usado internamente para
projeto, produo, compra ou
controle de qualidade. O consenso
entre os empregados da companhia.
2. norma da indstria desenvolvida
tipicamente por uma sociedade ou
associao profissional. O consenso
para estas normas entre os
membros da organizao.
3. norma governamental reflete muitos
graus de consensos. s vezes, o
governo adota normas preparadas
pela iniciativa privada mas outras
vezes elas podem ser escritas por
um pequeno grupo.
4. norma de consenso total o tipo de
norma desenvolvido por todos os
setores representativos, incluindo
fabricantes, usurios, universidades,
governo e consumidores.
4.6. Relao Comprador-Vendedor
As normas e especificaes possuem
as funes comercial e legal de
1. estabelecer nveis de aceitao do
produto entre fabricante e comprador
2. fornecer os nveis de qualidade,
funes e desempenho do produto.
A norma deve ter o bom senso de
estabelecer limites tolerados razoveis, de
modo que o preo do produto seja
acessvel e o seu desempenho seja bom.
O usurio quer um bom produto e no
uma excelente especificao mas nenhum
produto comercialmente disponvel. Para
tanto:
1. o usurio deve saber o que quer e
ter clara a funo do produto a ser
aplicado. O usurio deve
estabelecer: faixa de medio,
exatido, estabilidade, configurao
e condies do processo que podem
afetar o desempenho, resposta e
confiabilidade do produto sendo
aplicado.
2. o usurio deve conhecer as normas
tcnicas e legais e determinar como
elas devem ser usadas para se obter
o desempenho projetado do produto.
3. o usurio e o fornecedor devem
concordar no documento de compra
em que partes da especificao
aplicam-se os limites concordados,
que meios sero empregados prelo
fabricante para se garantir que o
produtor est dentro destes limites e
que meios o usurio deve empregar
para verificar se o produto entregue,
de fato, satisfaz as especificaes e
as normas envolvidas.
O uso inteligente de normas e
especificaes garante produtos melhores
e medidores mais exatos e confiveis nas
aplicaes do usurio.
Confirmao Metrolgica
5.23
4.7. Organizaes de Normas
Qualquer medio feita com relao a
outra medio. Quando se fala de
exatido, implica em uma medio
comparada com algum padro aceitvel
para esta medio. Os padres nacionais
para todas as medies no Brasil esto
guardados no INMETRO.
Tab. 4. Laboratrios Nacionais de
Metrologia
Pas Laboratrio
Brasil
INMETRO - Instituto Nacional de
Metrologia, Normalizao e
Qualidade Industrial
EUA
NIST - National Institute of
Standards and Technology (ex-
NBS, National Bureau of
Standards)
Frana
Bureau International de Poids et
Mesures
UK
National Physical Laboratory
Alemanha
Physikalisch-Technische
Bundesanstalt (PTB)
Itlia
Instituto de Metrologia Gustavo
Colonnetti
4.8. INMETRO
O Sistema Nacional de Metrologia,
Normalizao e Qualidade Industrial
(SINMETRO) foi criado pela lei 5966 de 11
DEZ 73, com a finalidade de formular e
executar a poltica de Metrologia,
Normalizao e Certificao de Qualidade
dos produtos brasileiros. O SINMETRO
estabelece o Sistema Nacional de Medio
(SNM) e composto de:
1. INMETRO - Instituto Nacional de
Metrologia, Normalizao e Qualidade
Industrial,
2. CONMETRO - Conselho Nacional de
Metrologia, Normalizao e Qualidade
Industrial.
O INMETRO estabelece a base tcnica,
legal e tica para todas as medies. O
processo de medio envolve amostras,
padres fsicos, materiais de referncia
certificada, garantia da qualidade
metrolgica, normas e procedimentos. O
INMETRO tambm o depositrio destes
parmetros. Para realizar esta tarefa
extensa, o INMETRO criou a Rede
Brasileira de Calibrao, credenciando
laboratrios para emitir certificados de
calibrao de grandezas fsicas
especificas. Nesta rede, o INMETRO tem o
nvel mais alto com os padres nacionais.
n
1 i
q
i
) x x (
n
1
O momento central de ordem 1 igual a
zero.
Momento central de ordem q
Em uma distribuio com uma varivel,
a expectativa da q
a
potncia da varivel
aleatria centrada (X - ):
E[(X - )
q
]
O momento central de ordem 1 a
varincia da varivel aleatria X.
Distribuio normal; distribuio de
Laplace-Gauss
A distribuio de probabilidade de uma
varivel aleatria continua X, a funo de
densidade de probabilidade de que
f x e
x
( )
j
(
,
\
,
(
1
2
1
2
2
para - < x < +
a expectativa e o desvio padro
da distribuio normal.
Distribuio t; (Student)
A distribuio t ou distribuio de
Student a distribuio de probabilidade
de uma varivel aleatria continua t cuja
funo densidade de probabilidade
p t
t
( , )
+ ,
,
]
]
]
,
,
]
]
]
+
,
,
]
]
]
+ j
(
,
\
,
(
1
1
2
2
1
2
1
2
onde a funo gama e > 0. A
expectativa da distribuio t zero e sua
varincia /(n - 2) para > 2. Quando n
, a distribuio t se aproxima da
distribuio normal com = 0 e =1.
A distribuio probabilidade da varivel
( ) / ( ) z s z
z
a distribuio t se a varivel
aleatria z normalmente distribuda com
expectativa
z
, onde z a mdia
aritmtica de n observaes
independentes z
i
de z, s(z
i
) o desvio
padro experimental de n observaes e
n / ) z ( s ) z ( s
i
o desvio padro
experimental da mdia z com n = - 1
graus de liberdade.
6.6. Parmetro
Uma grandeza usada para descrever a
distribuio de probabilidade de uma
varivel aleatria.
6.7. Caracterstica
Uma propriedade que ajuda a identificar
ou diferenciar entre itens de uma dada
populao.
A caracterstica pode ser quantitativa
(para variveis) ou qualitativa (para
atributos)
6.8. Populao
A totalidade de itens sob considerao.
No caso de uma varivel aleatria, a
distribuio de probabilidade considerada
para definir a populao desta varivel.
6.9. Freqncia
O nmero de ocorrncias de um dado
tipo de evento ou o nmero de
observaes caindo em uma classe
especfica.
Distribuio de freqncia
A relao emprica entre os valores de
uma caracterstica e suas freqncias ou
suas freqncias relativas.
A distribuio pode ser graficamente
apresentada como um histograma, grfico
de barra, polgono de freqncia
cumulativa ou como uma tabela de duas
vias.
6.10. Expectativa (de uma varivel
aleatria ou de uma distribuio de
probabilidade; valor esperado; mdia
1. Para uma varivel aleatria discreta X tomando
os valores xi dentro das probabilidades pi, a
expectativa, se existir, :
E X p x
i i
( )
a soma sendo estendida sobre todos os
valores de xi, que pode ser tomado por X.
2. Para uma varivel aleatria contnua
X tendo a funo densidade de
Vocabulrio de Metrologia
A.20
probabilidade f(x), a expectativa, se existir,
E X xf x dx ( ) ( )
a integral sendo estendida sobre todo o
intervalo de variao de X.
6.11. Desvio padro
O desvio padro a raiz quadrada positiva da
varincia.
Uma vez que uma incerteza padro do Tipo A
obtida tomando a raiz quadrada da varincia
estatisticamente calculada, geralmente mais
conveniente quando determinando uma incerteza
padro do Tipo B para avaliar um desvio padro no
estatstico equivalente primeiro e depois obter a
varincia equivalente elevando ao quadrado o
desvio padro.
O desvio padro da amostra um
estimador no polarizado do desvio padro
da populao.
Desvio padro experimental
Desvio padro para uma srie de n
medies do mesmo mensurando a
grandeza s(q
k
) caracterizando a disperso
dos resultados e dado pela frmula:
s q
q q
n
k
k
k
n
( )
( )
2
1
1
q
k
sendo o resultado da k
a
medio e q
sendo a mdia aritmtica dos n resultados
considerados
1. Considerando a srie de n valores
como uma amostra de uma
distribuio, q uma estimativa no
polarizada da mdia
q
e s
2
(q
k
)
uma estimativa no polarizada da
varincia
2
, desta distribuio.
2. A expresso s q n
k
( ) / uma
estimativa do desvio padro da
distribuio de q e chamado de
desvio padro experimental da
mdia.
3. O desvio padro experimental da
mdia , s vezes, chamado
incorretamente de erro padro da
mdia.
6.12. Estimativa
A operao de atribuir, a partir de
observaes em uma amostra, valores
numricos para os parmetros de uma
distribuio escolhida como o modelo
estatstico da populao da qual a amostra
retirada.
Um resultado desta operao pode ser
expresso como um valor nico (ponto
estimado; ou como um intervalo estimado.
Estimador
Uma estatstica usada para estimar um
parmetro da populao.
Estimado
O valor de um estimador obtido como
um resultado de uma estimativa.
Intervalo estatstico de cobertura
Um intervalo para o qual se pode
estabelecer, com um dado nvel de
confiana, que ele contem no mnimo uma
proporo especificada da populao.
1. Quando dois limites so definidos
por estatstica, o intervalo tem dois
lados. Quando um dos dois limites
no finito ou consiste do limite da
varivel, o intervalo de um lado.
2. Tambm chamado de intervalo de
tolerncia estatstica. Este termo no deve
ser usado porque ele pode causar
confuso com intervalo de tolerncia.
Coeficiente de confiana, nvel de
confiana
A probabilidade que o valor da
grandeza medida caia dentro da faixa
cotada de incerteza.
Graus de liberdade
Em geral, o nmero de termos em uma
soma menos o nmero de limitaes nos
termos da soma.
Mdia aritmtica
A soma dos valores dividida pelo
nmero de valores.
1. O termo mdia pode se referir a um
parmetro da populao ou ao
resultado de um clculo dos dados
obtidos em uma amostra.
2. A mdia de uma nica amostra
aleatria tomada de uma populao
um estimador no polarizado da
mdia de sua populao. Porm,
Vocabulrio de Metrologia
A.21
outros estimadores, tais como mdia
geomtrica, mdia harmnica,
mediana ou moda, podem tambm
ser usados.
6.13. Varincia
Uma medida da disperso, que a
soma dos quadrados dos desvios de
observaes de sua mdia dividida por um
menos o nmero de observaes.
Por exemplo, para n observaes x
1
,
x
2
,..., x
n
com mdia
x
n
x
i
i
n
1
1
a varincia
s
n
x x
i
i
n
2 2
1
1
1
( )
1. A varincia da amostra um
estimador no polarizado da
varincia da populao.
2. A varincia n/(n - 1) vezes o
momento central de ordem 2.
A varincia definida aqui mais
apropriadamente chamada de estimativa
da amostra da varincia da populao. A
varincia de uma amostra usualmente
definida para ser o momento centro de
ordem 2 da amostra.
A varincia de uma varivel aleatria
a expectativa de seu desvio quadrtico em
relao a sua expectativa. Assim, a
varincia da varivel aleatria z com
funo densidade de probabilidade p(z)
dada por
2 2
( ) ( ) ( ) z z p z dz
z
onde
z
a expectativa de z. A varincia
2
(z) pode ser estimada por
s z
n
z z
i i
i
n
2 2
1
1
1
( ) ( )
onde
z
n
z
i
i
n
1
1
e z
i
so n observaes independentes de
z.
1. O fator (n -1) na expresso de s
2
(z
i
)
vem da correlao entre z
i
e z e
reflete o fato que h somente (n - 1)
itens independentes no conjunto {zi -
z )
2. Se a expectativa
z
de z
conhecida, a varincia pode ser
estimada por:
s z
n
z
i i
i
n
2 2
1
1
( ) ( )
A varincia da mdia aritmtica das
observaes, no lugar da varincia das
observaes individuais, a medida
apropriada da incerteza de um resultado
da medio. A varincia de uma varivel z
deve ser cuidadosamente distinguida da
varincia da mdia z . A varincia da
mdia aritmtica de uma srie de n
observaes independentes z
i
de z dada
por
2
2
( )
( )
z
z
n
i
e estimada pela varincia experimental
da mdia
s z
s z
n n n
z z
i
i
i
n
2
2
2
1
1
1
( )
( )
( )
( )
Varincia (de uma varivel aleatria ou
de uma distribuio de probabilidade
A expresso do quadrado da varivel
aleatria centrada
2 2
V X E X E X ( ) {[ ( )] }
6.14. Covarincia
A covarincia de duas variveis
aleatrias uma medida de sua
dependncia mtua. A covarincia de
variveis aleatrias y e z definida por:
cov(y,z) = cov (z,y) = E{[y-E(y)][z - E(z)]}
que leva a
cov(y,z) = cov (z,y)
( )( ) ( , ) y z p y z dydz
y z
yzp y z dydz
y z
( , )
Vocabulrio de Metrologia
A.22
onde p(y,z) a funo densidade de
probabilidade conjunta de duas variveis y
e z. A covarincia cov(y,z)] tambm
denotada por (y,z)] pode ser estimada por
x(y
i
,z
i
) obtido de n pares independentes de
observaes simultneas y
i
e z
i
de y e z,
s y z
n
y y z z
i i i i
i
n
( , ) ( )( )
1
1
1
onde
z
n
z
i
i
n
1
1
A covarincia estimada de duas mdias
y e z dada por s( y , z ) = s(y
i
,z
i
)/n
Matriz de covarincia
Para uma distribuio de probabilidade
multivarivel, a matriz V com elementos
iguais s varincias e covarincias das
variveis chamada de matriz covarincia.
Os elementos diagonais, (z,z) =
2
(z) ou
s(z
i
,z
i
) = s
2
(z
i
), so as varincias e os
elementos fora da diagonal, (y,z) ou
s(y
i
,z
i
) so as covarincias.
6.15. Correlao
A relao entre duas ou vrias variveis
aleatrias dentro de uma distribuio de
duas ou mais variveis aleatrias.
Muitas medidas estatsticas de
correlao medem somente o grau de
relao linear.
Coeficiente de correlao
O coeficiente de correlao uma
medida da dependncia mtua relativa de
duas variveis, igual relao de suas
covarincias para a raiz quadrada positiva
do produto de suas varincias. Assim,
( , ) ( , )
( , )
( , ) ( , )
( , )
( ) ( )
y z z y
y z
y y z z
y z
y z
com estimativas
r y z r z y
s y z
s y y s z z
s y z
s y s z
i i i i
i i
i i i i
i i
i i
( , ) ( , )
( , )
( , ) ( , )
( , )
( ) ( )
O coeficiente de correlao um
nmero puro tal que -1 +1 ou -1
r(y
i
,z
i
) +1.
Notas
1. Como r e r so nmeros puros na
faixa de -1 a +1 inclusive, enquanto
as covarincias so usualmente
grandezas com dimenses fsicas e
tamanhos inconvenientes, os
coeficientes de correlao so
geralmente mais teis que as
covarincias.
2. Para distribuies de probabilidade
multivariveis, a matriz de
coeficientes de correlao
usualmente dada no lugar da matriz
de covarincia. Desde que (y,y) = 1
e r(y
i
,y
i
) = 1, os elementos da
diagonal desta matriz so 1.
3. Se as estimativas de entrada x
i
so
correlatas e se uma variao
i
em x
i
produz uma variao
j
em x
j
, ento
o coeficiente de correlao
associado com x
i
e x
j
estimado
aproximadamente por
r x x
u x
u x
i j
i j
j i
( , )
( )
( )
Esta relao pode servir como base
para estimar experimentalmente os
coeficientes de correlao. Ela tambm
pode ser usada para calcular a variao
aproximada em uma estimativa de entrada
devido variao em outra se o
coeficiente de correlao for conhecido.
6.16. Independncia
Duas variveis aleatrias so
estatisticamente independentes se sua
distribuio de probabilidade conjunta o
produto de suas distribuies de
probabilidades individuais.
Se duas variveis aleatrias so
independentes, sua covarincia e
coeficiente de correlao so zeros, mas o
inverso nem sempre verdade.
6.17. Representao grfica
A Fig. 1. mostra algumas das idias
discutidas na clusula 3 deste trabalho e
neste Anexo. Ela ilustra por que o foco
deste trabalho a incerteza e no o erro.
O erro exato de um resultado de uma
medio , em geral, desconhecido e
desconhecvel. Tudo que se pode fazer
estimar os valores das grandezas de
Vocabulrio de Metrologia
A.23
entrada, incluindo correes para os
efeitos sistemticos reconhecidos, junto
com suas incertezas padres (desvios
padro estimados), ou de distribuies de
probabilidade desconhecidos que so
amostradas por meio de observaes
repetidas ou de distribuies subjetivas ou
a priori baseadas em um pool de
informao disponvel e ento calcular o
resultado da medio dos valores
estimados das grandezas de entrada e a
incerteza padro combinada das
incertezas padro destes valores
estimados. Somente se h uma base boa
para acreditar que tudo isso possa ser feito
corretamente, com nenhum efeito
sistemtico significativo tendo sido omitido,
pode-se assumir que o resultado da
medio uma estimativa confivel do
valor do mensurando e que sua incerteza
padro combinada um medida confivel
do erro possvel.
1. Na Fig. 1(a) as observaes so
mostradas como um histograma
para fins ilustrativos.
2. A correo para um erro igual ao
negativo da estimativa do erro.
Assim, na Fig. 1 e na Fig. 2, uma
seta que ilustra a correo para um
erro igual em comprimento mas
aponta no sentido oposto seta que
ilustra o erro e vice-versa. O texto da
figura torna claro se uma seta
particular ilustra uma correo ou
um erro.
Fig. 2 mostra algumas das idias
ilustradas na Fig. 1 mas de modo
diferente. Mais ainda, ela tambm mostra a
idia que pode haver muitos valores do
mensurando se a definio do mensurando
incompleta (entrada g da figura). A
incerteza resultante deste definio
incompleta como medida pela varincia
avaliada da medio de realizaes
mltiplas do mensurando, usando o
mesmo mtodo, instrumentos, local.
Na coluna Varincia as varincias so
entendida serem as varincias u
i
2
(y)
definidas na eq. (11); assim elas se
somam linearmente, como mostrado.