Unidade I Texto1
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Neste tema se procura construir de maneira colaborativa, com base nas fontes
disponíveis, uma síntese explicativa da Didática Geral, enquanto teoria do ensino.
Uma abordagem dessa natureza impõe, inicialmente, que explicite, pelo menos, uma
organização formal do texto. Em primeiro Iugar, analisam-se diferentes definições de
Didática, elaboradas ao longo da evolução histórica dessa ciência e disciplina pedagógica,
desde J. A. Comênio,' até os dias atuais, para chegar a um conceito próprio. Em segundo
Iugar, identifica-se e caracteriza-se o objeto de estudo da Didática Geral. Em terceiro
Iugar, estabelece-se uma delimitação do objeto da Didática Geral a partir dos campos que
a integram (investigativo, profissional e disciplinar) e de suas tarefas mais importantes,
com foco no campo disciplinar.
A Didática Geral, inclusive seu conceito e seu objeto de estudo, têm sido motivo de
sistematização teórica, epistemológica e metodológica desde os tempos de W. Ratke
(1571-1635) e J. A. Comênio (1592-1670), até hoje. Contudo, observa-se um crescimento
expressivo pela temática nas últimas quatro décadas, tanto em nível internacional (Reyes;
Pairol, 1988; Danilov e Skatkin, 1978; Klingberg, 1978; Oramas; Toruncha, 2002; Savin,
1976; Marhuenda, 2000), como nacional (Nérici, 1977, 1981; Marques, 1983; Carvalho,
1984; Martins, 1985; Libâneo, 2008a, 2008b; Candau, 1989; Haydt, 2006; etc.).
(2008), em meados do século XIX, mas desde 1613 já fazia parte do vocabulário
europeu (no qual se inclui Portugal). Junto com Syllabus, aula ou classe, catecismo e
currículo, constitui uma das cinco palavras que entraram para o vocabulário educacional
europeu no período de cem anos, ou seja, do início do século XVI ao início do século XVII.
Não obstante, foi em 1629 que a palavra Didática loi empregada por primeira vez,
com o sentido de ensinar, pelo educador alemão W. Ratke em seu livro Aphorisma
Didactici Precipiu (Principais Aforismos Didáticos). Ratchius, com cujo nome também
foi conhecido, elaborou um sistema de educação baseado na filosofia de Francis Bacon.
Além disso, foi o primeiro em utilizar novos métodos para o ensino da língua vernácula
e das línguas clássicas; defendeu uma reforma educativa e sugeriu um método universal
para ensinar “artes, ciências e língua de uma forma rápida e segura”. Em 1612, já tinha
apresentado um plano de reforma em que defendia, em primeiro Iugar, a criação de
escolas que permitiriam aos alunos, usando os novos métodos de ensino, aprender com
rapidez tanto as línguas modernas e como as mortas; em segundo, o estabelecimento
de uma escola popular de ensino de ciências e oficios manuais em língua materna; em
terceiro, a consolidação da unificação de Alemanha, pela junção da língua, o governo e
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a religião.
Mas, foi J. A. Comênio quem, quarenta e cinco anos depois de Ratke, consagrou o
termo de Didática em sua famosa obra Didática Magna (1657). Nesse livro, Comênio,
sobre a base das reflexões filosóficas, das tentativas e estudos realizados por seus
predecessores,e da análise teórica da experiência de trabalho das escolas daquele tempo,
elaborou pela primeira vez de maneira orgânica, sistemática e científica os fundamentos
ou princípios, os métodos e o conteúdo do ensino geral. Além disso, reconheceu a
enorme contribuição dada à educação não somente por Ratke, mas também por Lubin,
Helwig, Ritter, Bodin, Glaum, Vogel, Wolfstirn e João Valentim Andréa, que na sua época
criticaram os males da escola e propuseram remédios para eles (Comênio, 1657/2001).
Fonte: http://janaina-pedagogia.blogspot.com.br/2009/03/por-uma-educacao-de-qualidade-e-sem.html
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tanto dos alunos quanto dos professores na organização do tempo e do currículo; insistir
no valor da diversidade de atividades de aprendizagem; combater o pedantismo literário
e o sadismo pedagógico;2 incluir os portadores de deficiência mental e as meninas no
modelo de escola que deveria ensinar “tudo a todos”; defender o acesso irrestrito à
escrita, à leitura e ao cálculo; conceber uma nova concepção de criança; defender o
princípio do ensino vinculado à brincadeira; por fim, defendeu o uso do método empírico
de exploração do mundo e da experimentação (figura 2).
Figura 2: Gravura do próprio Comênio para um de seus livros de texto: aprender brincando
Deve-se a Comênio, justamen te, uma das primeiras e melhores definições de Didática
que se conheça. Na quinta página de seu livro Didática Magna (1657/2001) afirmou:
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A raiz do conceito original de Didática advém do termo grego Techné didaktiké, que
significa arte ou técnica de ensinar e, desde os tempos de J. A. Comênio, entende-se por
tal o sistema cientifico dos conhecimentos relacionados com “o que” e “o como ensinar”
aos escolares. Não foi de maneira gratuita que Comênio iniciou sua obra com a seguinte
frase: Didática significa arte de ensinar Dessa maneira, o termo Didática significou
inicialmente arte de ensinar e, como tal, dependeu muito da habilidade, da intuição
do professor e do dom natural para ensinar, muito mais do que de um repertório de
conhecimentos a serem aprendidos sobre o ensino.
“uma disciplina que elabora os princípios mais REYES, G. L.; PAIROL, G. E. V. Pedagogia. La
gerais do ensino, aplicáveis a todas as disciplinas, Habana: Editorial Pueblo y Educación, 1988.
na sua relação com os processos educativos e cujo
objeto de estudo o constitui o processo de ensino e
aprendizagem” (p. 12).
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Tal como pode ser observado, em Libâneo (2008), tanto quanto em Klingberg (1978),
em Danilov e Skatkin (1978) e em Teyes e Pairol (1988), há uma preocupação em atribuir
à Didática a responsabilidade pela mediação docente dos processos de aprendizagem.
O próprio Libâneo tem insistido nas suas últimas falas que o objeto da Didática é a
mediação docente dos processos de mediação da aprendizagem. Com outras palavras, a
Didática compreende desde essas quatro posições marxistas, o conteúdo (a matéria), a
aprendizagem e o ensino.
Síntese: Ao final, posso afirmar que a Didática faz parte da Pedagogia e adquire
na atualidade características de disciplina cientifica independente, porque tem objeto
próprio (o ensino) e métodos e maneiras peculiares de abordá-lo. Ao mesmo tempo,
pode ser considerada como teoria geral do ensino, pelo fato de elaborar os princípios de
caráter geral que são válidos para todas as disciplinas. A Didática estuda o ensino com o
objetivo de elaborar seus fundamentos, condições e modos a fim de assegurar a realização
de processos que permitam aos alunos a interiorização (apropriação ou reprodução) dos
conhecimentos sistematizados, habilidades, hábitos, valores, capacidades, destrezas e
competências, bem como o desenvolvimento integral da personalidade e das funções
mentais superiores(memória, linguagem, atenção, concentração, raciocínio, pensamento
lógico, resolução de problemas e imaginação).
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Ensino: Stenhouse define o ensino como “as estratégias que adota a escola para
cumprir com sua responsabilidade. Ensino não equivale meramente a instrução, mas
à promoção sistemática da aprendizagem mediante diversos meios. E a estratégia do
ensino constitui um importante aspecto do currículo” (apud MARHUENDA, 2000, p. 56).
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Não obstante, ainda que a nossa preocupação tenha a ver com todos esses tipos
específicos de Didática, apenas trabalharemos a Didática Geral.
Por fim, se abordamos a Didática com base em seus campos de abrangência podemos
estabelecer três campos específicos:
I-O campo teórico ou investigativo da Didática; II- O campo profissional da Didática; III
- O campo disciplinar da Didática.
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A Didática deveria ter nas metodologias específicas uma de suas fontes mais
importantes de pesquisa, ao Iado da teoria da educação, da teoria do conhecimento, da
psicologia, da sociologia, e outras ciências auxiliares da educação. Mas isso não acontece
pela falta de trabalho interdisciplinar. Juntando os elementos dessa relação, pela a via
do trabalho interdisciplinar, a Didática seria capaz generalizar as manifestações e leis de
aprendizagem para o ensino das diferentes disciplinas.
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8)-Os Planos de Ensino são desenvolvidos, na maior parte das vezes, apenas de
maneira horizontal, longitudinal ou linear negligenciando a abordagem vertical,
transversal ou em profundidade.
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exagerada dos professores em sala de aula, pela privacidade das práticas pedagógicas
e pela fragilidade dos mecanismos institucionais.
Parece que há um tempo para se ensinar Didática e um tempo para se estagiar. Assim
a Didática perde seu sentido porque não é pensada com base na análise das práticas
escolares. A didática deixa de teorizar sobre seus fundamentos e teoriza sobre o que
deveria ser prático ou técnico.
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