DEUS Existe 7 Argumentos - Ebook

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Sobre a obra presente


A presente obra é um ensaio sobre os argumentos lógicos que demonstram a
existência de Deus. Alguns destes argumentos foram desenvolvidos especificamente
para responder a questão tratada aqui. Outros são compostos de uma estruturação
lógica com base em evidências científicas sobre o cosmo e as coisas existente
neste mundo. Assim como Deus não pode ser provado pelos métodos científicos
tradicionais, a hipótese da sua não existência também não pode ser comprovada
por estes mesmo métodos. Com isso, no campo da comprovação lógica, este
eBook abordará 7 argumentos que mostram que a existência de um ser divino e
transcendente é possível e racional.

Sobre a equipe Vocari Dei


A Vocari Dei é um projeto idealizado e criado por Maxuel Abreu Martins, formado
em engenharia, atua no sistema financeiro e entusiasta de assuntos ligados a
religião, política, história e filosofia. A Vocari Dei surge como um portal para
discussão de temas teológicos com base na racionalização das ideias e análise da
época em que vivemos a luz das Escrituras Sagradas.

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Índice

INTRODUÇÃO - A existência de Deus # 4


ARGUMENTO 1 - Platão e a teoria das ideias # 7
ARGUMENTO 2 - Descreva Deus # 11
ARGUMENTO 3 - Anselmo e o argumento da definição # 13
ARGUMENTO 4 - Tomás de Aquino e a inércia # 17
ARGUMENTO 5 - O fator Melquisedeque # 22
ARGUMENTO 6 - O fator paleolítico # 28
ARGUMENTO 7 - argumento do relógio # 31

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A existência
de Deus

D eus existe? Para muitos esta pergunta é fácil de responder, muitos


dirão sem dúvida alguma que ‘sim’ e outros dirão sem pestanejar
que ‘não’. Há também aqueles que estão no meio termo, no campo da
possibilidade. Entretanto essa certeza pessoal, sensação, desejo ou o que
quer que seja não nos garante uma resposta confiável. Para desvendar
essa questão precisamos de muito mais.
Para início de conversa precisamos entender que existem dois
tipos de argumentação: a subjetiva e a objetiva. Se queremos persuadir
alguém de que determinado ponto de vista está correto, necessitamos
demonstrar através de argumentos que possuem lógica, sentido e a
possibilidade de ser real. Posto isso, devemos remover da nossa lista de
argumentos aqueles considerados como “argumentos subjetivos”. Estes
argumentos são caracterizados pela subjetividade, são relativos a uma
pessoa ou a experiência de alguém, ou que se remetem a princípios ou
pensamentos de trazemos arraigados em nossa personalidade, também
são caracterizados pela manifestação de sentimentos individuais, que no

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fim expressa apenas suas opiniões ou impressões sobre um determinado
assunto.
Como exemplo desses argumentos, podemos citar: “eu creio em
Deus”; “Deus é amor, e quando eu amo alguém eu sinto Deus”. Ou se
algum acontecimento de aspecto sobrenatural ocorreu em sua vida e
isso te imputou a certeza de sua existência.
Pois bem, não é disso que precisamos. Vejamos. E se suas
experiências de vida te mostrarem o contrário? Se os teus sentimentos
te empurrarem para a dúvida ou para a negação; e se em situações na
sua vida te provocaram a pensar ‘se Deus existe ele se esqueceu de
mim aqui, como pode tudo dar errado’, ou ‘porque esse desastre foi se
recair justamente sobre mim’. Portanto, usar uma baliza subjetiva para
responder essa questão não nos levará muito longe.
Nos resta, então, utilizar de argumentos objetivos, concretos. Ou
seja, deve-se utilizar fatos, teses, estudos ou teorias que sejam capazes
embasar um determinado pensamento ou ideia, e de resistir a uma contra
argumentação.
A argumentação objetiva ou científica, se utiliza, basicamente, de
duas maneiras para provar suas teses e teorias. São elas:
• Experiência
• Raciocínio lógico
A experiência é um método onde submetemos o fenômeno estudado
a influência de variáveis controladas para analisar os impactos e
características estudados. Por exemplo, se você pegar uma caneta,
erguê-la a certa altura sobre a sua mesa e soltar, você poderá mensurar
a variáveis envolvidas, tal como o peso da caneta, a altura de onde ela
será soltada e a distância da mesa, bem como a velocidade e o tempo
para ela sair do ponto inicial até o ponto final. Desse modo você poderá
afirmar com certeza que ‘uma caneta BIC soltada de uma certa altura
específica levará um tempo X a uma velocidade Y para atingir a mesa’,
mantidas as mesmas temperaturas e pressão da atmosfera.

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O raciocínio lógico é um processo de estruturação do pensamento de
acordo com as normas da lógica que permite chegar a uma determinada
conclusão ou resolver um problema. Esta estrutura pode se distinguir em
três tipos que podem ser explicados da seguinte forma:
- Dedução corresponde a determinar a conclusão. Utiliza-se a regra e
a sua premissa para chegar a uma conclusão, por exemplo: “Quando
chove, a relva fica molhada. Hoje choveu, portanto, a relva está molhada.”
É comum associar-se os matemáticos a este tipo de raciocínio.
- Indução é determinar a regra. É aprender a regra a partir de diversos
exemplos de como a conclusão segue da premissa. Exemplo: “A relva
ficou molhada em todas as vezes que choveu. Então, se chover amanhã,
a relva ficará molhada.” É comum associar os cientistas a este estilo de
raciocínio.
- Abdução significa determinar a premissa. Usa-se a conclusão e a regra
para defender que a premissa poderia explicar a conclusão. Exemplo:
“Quando chove, a relva fica molhada. A relva está molhada, então deve
ter chovido.” Associa-se este tipo de raciocínio aos médicos e detetives
etc.
Como sabemos, Deus não pode ser submetido a experiência, tal como
descrito acima, pois não é constituído de matéria. Assim sendo, o caminho
para buscarmos a resolução desta questão é o raciocínio lógico.

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Platão e a
teoria das ideias

S egundo o filósofo grego Platão e sua 'Teoria das Ideias', o mundo


é dividido em duas esferas que compreende a realidade em dois
planos hierarquicamente articulados, a Inteligível e a Sensível, ideia que
ficou conhecida como dualismo platônico.
Segundo Platão, o mundo inteligível é o que conta pra valer, pois
é lá que contém a essência de tudo que existe. É um plano superior
ao que vivemos aqui na terra e só pode ser percebido somente pelo
nosso intelecto, e tudo que existe lá são ideias perfeitas. É o mundo da
sabedoria e do conhecimento.
Enquanto isso, no mundo sensível temos os objetos materiais que
são as representações da perspectiva inteligível. Simplificando, é o nosso
mundo terreno. Platão diz que nós percebemos estas ideias perfeitas
neste mundo sensível através dos cinco sentidos, e eles, por sua vez, são
falhos. Assim sendo, consequentemente as representações no mundo
sensível não são exatamente iguais ao mundo inteligível.
Tomemos uma cadeira para exemplificar esta teoria. Essa aí mesmo,
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que provavelmente você está assentado enquanto lê este conteúdo. Ela
é um objeto material que, por sua vez, é a representação da ideia perfeita
que existe no mundo inteligível. Só que como as nossas sensações são
suscetíveis a falhas, esta cadeira não é a cópia fidedigna do que existe no
plano intelectual, e isto vale para todos os objetos que existem, segundo
o filósofo Platão.
Para esclarecer melhor esta ideia, Platão criou uma metáfora
chamada “O mito da caverna” que está presente no Livro VII da Obra
A República. No texto, Platão cria um diálogo entre Sócrates e o jovem
Glauco. Sócrates pede para que Glauco imagine um grupo de pessoas
que viviam numa grande caverna, com seus braços, pernas e pescoços
presos por correntes e voltados para a parede que ficava no fundo da
caverna. Atrás dessas pessoas, existia uma fogueira e outros indivíduos
transportavam objetos, que tinham as suas sombras projetadas na
parede da caverna, onde os prisioneiros ficavam observando. Como
estavam presos, os prisioneiros podiam enxergar apenas as sombras
das imagens, julgando serem aquelas projeções a própria realidade.
Certa vez, uma das pessoas presas nesta caverna consegue se libertar
das correntes e sai para o mundo exterior. A princípio, a luz do sol e
a diversidade de cores e formas assustam o ex-prisioneiro, fazendo-o
querer voltar para a caverna. No entanto, com o tempo, ele acabou por
se admirar com as inúmeras novidades e descobertas que fez. Assim,
tomado por compaixão, decide voltar para a caverna e compartilhar com
os outros prisioneiros todas as informações sobre o mundo exterior. As
pessoas que estavam na caverna, porém, não acreditaram naquilo que
o ex-prisioneiro contava e chamaram-no de louco. Para evitar que suas
ideias atraíssem outras pessoas para os “perigos da insanidade”, os
prisioneiros mataram o fugitivo.
Para Platão, a caverna simbolizava o mundo onde todos os seres
humanos vivem. As sombras projetadas em seu interior representam a
falsidade dos sentidos, enquanto as correntes significam os preconceitos
e a opinião que aprisionam os seres humanos à ignorância e ao senso
comum. Platão descreve a importância do senso crítico e da razão
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para que os indivíduos possam se “libertar das correntes” e buscar o
conhecimento verdadeiro, representado pelo mundo exterior à caverna.
O prisioneiro que se liberta das correntes e volta para ajudar seus iguais
significa o papel do filósofo, aquele que tem como objetivo de libertar o
máximo de pessoas da ignorância. Já o desfecho trágico do ex-prisioneiro
é uma referência ao que ocorreu com seu mestre, Sócrates. Acusado
de corromper a juventude com seu pensamento questionador, o filósofo
julgado e condenado à morte pelos atenienses.
A importância de Platão e suas ideias foram tamanhas que outros
conceitos foram desenvolvidos baseados no seu dualismo platônico. A
principal delas é a teoria platônica da reminiscência.
Esta teoria propõe que a alma humana se encontra, anteriormente,
no mundo inteligível. Ao nascermos, o nosso espírito migra do mundo
inteligível para o mundo sensível, com isso, nós nos esquecemos do
conhecimento no momento em que o espírito se fixa ao corpo, e ao
longo da vida, à medida que buscamos a verdade nos lembramos do
conhecimento do mundo inteligível.
Considerando que a teoria de Platão é verdadeira, podemos pelo
menos desconfiar da realidade do nosso mundo, e questionarmos
onde está, de fato, o que é verdadeiro. Se existe mesmo um mundo
das ideias, onde tudo existe em perfeição, não seria este o lugar onde
Deus se encontra? Ora, é comum que tenhamos o conceito de que Deus
é um ser criador de todas as coisas, que sempre existiu, ou que pelo
menos existe antes da criação das coisas que existem. Esta é uma ideia
bastante difundida no mundo, em diversas culturas e tempos diferentes.
Se o mundo em que vivemos é uma manifestação perceptível de um
mundo das ideias, este mundo das ideias, que é puramente inteligível, é
o criador do nosso mundo físico. E de onde vêm as ideias que existem
neste mundo superior? Peguemos a cadeira novamente como exemplo,
aliás, a primeira cadeira criada. Para que ela fosse criada, primeiramente
o seu criador teve que pensar nela, a imaginou em sua mente, a projetou,
a idealizou. Ele acessou o mundo das ideias e buscou na memória do

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seu espírito, que de lá veio, e alcançou com a sua mente a devida forma,
características e propriedade da cadeira. Depois disso é que ele foi atrás
do material para fazer a sua construção e alcançou o resultado final. Ou
seja, para a existência de algo seria necessário primeiro a existência da
ideia. Parmênides, que também foi um filósofo grego, defendia a ideia
de que nada surge do nada (Ex nihilo nihil fit), conclusão esta que ele
chegou a respeito do universo. Se nada surge do nada, a priori, as coisas
surgem das ideias, e daí é que os elementos serão manipulados para a
construção da coisa final.
Se o mundo em que vivemos é real, existe, e por sua vez não veio do
nada, quem ou que foi o autor da sua ideia?

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Descreva Deus

N este ponto, gostaria de propor um exercício, muito simples por


sinal, e que não tomará muito tempo do leitor. Separe aí um breve
tempo disponível, em um ambiente favorável para que o seu raciocínio
não seja interrompido. Estando a postos, por gentileza, descreva um
FLUGEOPATA. Tome o tempo que for necessário, caso para você seja
uma questão um tanto quanto desafiadora.
O que me diz? Você não sabe o que é isso? Nunca ouviu falar?
Por acaso experimentou pesquisar no google? Se sim, a sua pesquisa
retornou o seguinte resultado: ‘sua pesquisa não encontrou nenhum
documento correspondente’? Nem se passa em sua mente o que tal
coisa haveria de ser?
Enfim, vamos repetir o exercício. Mas agora defina Deus.
Com toda certeza, você tem algo a dizer. Aposto que o caro leitor será
capaz de descrever ao menos uma visão superficial, talvez até infantil,
de como ele é, ou de quem ele é. Neste caso, o mesmo google te trará
muito sobre o assunto pesquisado, e que sejam até teses de que ele não
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existe, mas haverá algum conteúdo sobre ele.
O fato é que o flugeopata não existe. É apenas uma palavra inventada
depois de um certo tempo queimando neurônios. Algo como a xinforimpola
do Chaves; um monte de rabiscos com lápis de cor feitos pelo personagem
em uma aula de artes ao invés de desenhar algo inteligível. Por sua vez,
o conceito de Deus existe e podemos atribuir a este conceito figuras
e fenômenos diferentes, mas as características serão basicamente as
mesmas, e os seus atributos serão praticamente os mesmos. De fato, é
possível descrever Deus – de maneira certa ou errada, quem sabe? –,
e conseguimos falar algo a seu respeito, pelo menos uma ideia temos,
mesmo que seja uma ideia nebulosa, rasa, imperfeita, uma descrição
legítima de quem vive em um plano inferior e imperfeito.
Por si só, este argumento não irá comprovar inquestionavelmente
que Deus existe, mas nos despertará para desenvolver um raciocínio
lógico mais profundo e que será complementado com os argumentos a
seguir.

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Anselmo e o argumento
da definição

S anto Anselmo da Cantuária foi um monge beneditino, filósofo e oficial


eclesiástico da Igreja católica e foi arcebispo de Cantuária entre
1093 e 1109. Chamado de fundador do escolasticismo, Anselmo exerceu
enorme influência sobre a teologia ocidental e é famoso principalmente
por ter criado o argumento ontológico para a existência de Deus e a visão
da satisfação sobre a teoria da expiação.
Um argumento ontológico é qualquer argumento que defende a
existência de Deus através da ideia de que Ele é, obrigatoriamente, um
ser perfeito e, portanto, deve existir. Os critérios para a classificação de
argumentos ontológicos não são exatos e amplamente aceitos, mas eles
geralmente partem da definição de Deus e chegam à conclusão de que a
sua existência é necessária e certa. Esse tipo de argumento é unicamente
um raciocínio a priori e faz pouca ou nenhuma referência a posteriori, de
cunho empírico.
Existe, porém, um argumento a priori que é anterior a toda experiência
sensível, e que reflete de modo puramente formal, conceitual e abstrato,

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e este vai ser o mérito de Anselmo, porque demonstra o ser de Deus,
ou existência de Deus a partir do seu conceito lógico. Ou seja, o
reconhecimento de Deus por causa de sua ideia, a ideia de quem ou o que
Deus é. Uma vez que concebemos o conceito de Deus, não é possível
que ele não exista. Da essência conceitual chega-se à existência real de
Deus.
Mas antes de expor o argumento ontológico de Anselmo, permita-me
explicar o que é um argumento analítico a partir de René Descartes.
Descartes parte da definição de um triângulo como uma figura
geométrica no espaço cujo os lados são a intercessão de três linhas
retas. Esta definição é puramente racional e abstrata, não depende de
nenhuma experiência com algum triângulo sensível, de determinado
tamanho, de determinada cor de determinado tipo. Por dedução dos
axiomas da geometria, pode-se demonstrar que a soma dos três ângulos
sempre soma 180 graus. E o que seria um axioma? O axioma é um
ponto de partida inquestionável de uma ciência, e que se questionado
este ponto de partida, simplesmente não existirá determinada ciência.
Vejamos o funcionamento deste princípio na geometria.
O matemático grego Euclides de Alexandria, muitas vezes referido
como o pai da geometria, em sua obra Os elementos, parte do pressuposto
de um ponto, sendo o ponto o axioma mais fundamental da geometria.
Entenda-se por geometria, a ciência que mensura o espaço físico a partir
de suas formas, dizendo de modo mais filosófico, é pensar o espaço.
Dito isto, para que haja o desenvolvimento desta ciência é necessário
que haja um ponto de partida, ou seja, alguma coisa em algum lugar.
Para tal, define-se o ponto o axioma da geometria. Imagine agora que
há dois pontos, certo? Pois bem, agora definimos e denominamos a reta
como a ligação entre dois pontos. Então, a reta é, conceitualmente, a
menor distância entre dois pontos. E se tivemos um terceiro ponto? Será
possível, então, ligar estes dois pontos a este terceiro ponto, formando
assim um triângulo. Descartes diz que, independentemente de qualquer
coisa, eu posso conceber que a soma dos ângulos deste triângulo é

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180 graus. Isto é arbitrário? Não. Isto é logicamente necessário. Não é
necessária nenhuma experiência sequer para nos levar a este fato, isto
requer apenas o pensamento para alcançarmos esta definição do que é
um triângulo. O pensamento consegue formular um teorema necessário
num nível puramente analítico, num nível puramente conceitual, formal
e abstrato. Eu concebo a ideia de um ponto, depois eu concebo a ideia
de um segundo ponto, com isto eu concebo a ideia de uma reta como
a menor distância entre dois pontos, depois eu concebo a ideia de um
terceiro ponto ligado a cada um dos dois pontos por outras retas, logo,
eu tenho uma figura chamada triângulo cuja a soma interna dos ângulos
é 180 graus.
Ora, a questão é, podemos pensar Deus assim? Podemos, e foi
exatamente isto que Anselmo de Cantuária se dispôs a fazer.
Anselmo parte de um verso do livro dos Salmos que diz: "o louco
afirma no seu coração que não há Deus". Então, deste ponto de partida,
pressupondo que este verso seja verdadeiro, pois quem diz isso é louco,
e por louco assume-se alguém que não tem a razão, é necessário que
o termo Deus tenha um significado, e de acordo com este significado
saberemos o que é para entendermos a sua não existência. Anselmo,
para proceder com sua análise, parte para a definição de Deus, para
saber se ele existe ou não, afinal, se o louco afirma que ele não existe,
qual seria então a ideia que é subentendida no termo ‘Deus’.
Então, por definição, Anselmo afirma que Deus é aquilo de que nada
superior pode ser concebido, isto é, Deus é perfeito e incomparavelmente
melhor e superior a tudo, Ele é todo-poderoso, onisciente e moralmente
perfeito. Se houvesse alguma coisa melhor que este Deus, este deus não
seria Deus. A definição de Deus é de um ser mais perfeito e incomparável
de qualquer perspectiva que o olhem. Este é o conceito de partida que
é estabelecido por Anselmo para a análise se ele existe ou não. Está no
conceito de Deus ser o mais perfeito de todos, assim como está no conceito
do triângulo ter três lados. Do mesmo modo que não é possível conceber
um triângulo com quatro lados, porque a isso chamamos quadrado,

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também não é possível conceber Deus faltando um ponto de perfeição,
pois se assim o concebemos, com um detalhe minúsculo escapando da
perfeição total, a isto chamaremos de outro nome qualquer, mas jamais
chamaremos de Deus, por não apresentar a propriedade de ser perfeito
e incomparável em tudo.
Para que se defenda a não existência de Deus, é necessário que
se entenda que não é possível a existência de algo que seja totalmente
superior em tudo. Então, a próxima pergunta é: seria impossível existir
algo totalmente superior, assim como é incoerente existir um solteiro
casado ou um quadrado redondo? Não. A ideia de algo totalmente
superior, perfeito, todo-poderoso e onisciente é perfeitamente coerente;
mas podemos fazer esta definição funcionar para qualquer coisa? A
resposta também é não. Pois as outras coisas que existem são limitadas
pelas suas propriedades e o conceito que existe sobre si. Tanto objetos,
pessoas, ideologias e ideias, e a própria natura estão susceptíveis a
intenpéries físicas, pontos de vista diferentes e questionamentos. Por
exemplo: a mãe natureza não poderia ser considera totalmente superior,
pois ela não é toda-poderosa e onisciente. Uma ideologia também não
poderia ser totalmente superior, pois ela pode ser confrontada por outros
pontos de vista. Por outro lado, a ideia de Deus é intuitivamente coerente,
portanto sua existência é uma possibilidade e o argumento ontológico
mostra que, se Deus possivelmente existe, então Deus realmente existe.

16
Tomas de Aquino
e a inércia

T omás de Aquino foi um frade católico italiano da Ordem dos


Pregadores cujas obras tiveram enorme influência na teologia e na
filosofia, principalmente na tradição conhecida como Escolástica. Ele foi
o mais importante proponente clássico da teologia natural e o pai do
tomismo. Sua influência no pensamento ocidental é considerável e muito
da filosofia moderna foi concebida como desenvolvimento ou oposição
de suas ideias, particularmente na ética, lei natural, metafísica e teoria
política. Ao contrário de muitas correntes da Igreja na época, Tomás
abraçou as ideias de Aristóteles - a quem ele se referia como “o Filósofo”
- e sintetizou a filosofia aristotélica com os princípios do cristianismo.
Santo Tomás apresenta cinco vias que dão acesso à conclusão da
existência de Deus, por diferentes caminhos, partindo sempre de um fato
ontológico de evidência experimental, de algo concreto, verificável. As
cinco vias são, na verdade, a compilação de uma série de argumentos,
sendo a maioria deles de origem aristotélica, no qual, partindo do que nós
vemos no mundo, que é captado pelos nossos sentidos, nós conseguimos

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estabelecer um raciocínio de que existe um ser supremo.

A primeira via parte do movimento


A primeira via fala de um fato do mundo: o movimento. Conseguimos
facilmente perceber os movimentos das coisas através dos nossos
sentidos. Constatamos que neste mundo todas as coisas se movem.
Considerando aqui movimento toda e qualquer transformação, mutação
ou mudança, entendendo movimento aqui num sentido aristotélico,
como levar algo da potência para o ato, conseguimos perceber no
mundo o movimento de algumas coisas, sendo esta premissa facilmente
constatável pela nossa sensibilidade. O movimento é neste caso, o ponto
de partida basilar estabelecido para análise, algo concreto e perceptível.
Ou seja, nós percebemos as coisas em movimentos, por exemplo o
tempo, os seres, o desenvolvimento dos seres, etc. Se algo é movido,
ele deve necessariamente ser movido por outro. O que é movido deve
necessariamente estar em potência em relação àquilo que move, assim
como aquilo que move deve necessariamente estar em ato em relação
àquilo que é movido.
Aquilo que se move deve necessariamente ser movido por um
outro. Esse outro deve estar em ato em relação àquele que é movido. O
movente foi por sua vez, necessariamente, movido por um outro agente,
e este por um outro, e assim por diante. Porém, não é possível que se
continue até o infinito. É necessário que exista um Primeiro Motor que
seja causa primeira de todo movimento. Esse Primeiro Motor move sem
ser movido. Se não é movido, entende-se que nele não há potência, mas
que é Ato Puro (Actus Purus). Somente o Primeiro Motor é Ato Puro.
Os demais motores necessitam dele para existir. Esse Primeiro Motor é,
pois, entendido por Tomás de Aquino como Deus.

A segunda via é a que parte da razão da causa eficiente


A causa é entendida como aquilo pelo qual algo vem a ser, o que faz
com que algo exista ou aconteça; origem, motivo, razão. A causa daquilo
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que deu origem a um determinado ser ou objeto, ou seja, a sua causa
primeira, é chamada de causa eficiente. Tomás de Aquino explica que é
possível identificar entre os entes uma ordem de causa eficiente. Não é
possível que algo seja causa eficiente de si próprio, senão seria anterior a
si próprio. Todo ente necessita de uma causa eficiente necessariamente
anterior a si próprio.
Como a ordem entre as causas eficientes não pode ir até o infinito,
se percebe que existe uma Causa Eficiente Primeira que causa as
intermediárias. Se não existisse essa causa primeira, não existiriam nem
as intermediárias, tampouco o efeito último. Como nossos sentidos nos
atestam a existência do efeito último, necessariamente deve existir a
Causa Primeira, que Santo Tomás denomina Deus.

A terceira via é a tomada do possível (contingente) e do necessário


Entre os entes, encontramos alguns que nascem e perecem, ou
seja, podem ser ou não ser, existir ou não existir. Assim, percebemos
que há contingência entre os entes. Por serem contingentes, não são
necessários. Se considerarmos que tudo é contingente, ou seja, que tudo
pode não ser, teríamos que considerar que houve algum momento em
que não havia nenhum ser.
Se houve realmente esse momento, teríamos que considerar que
ainda agora nada existiria, pois somente pela mediação de algo que já
existe aquilo que existe passa a existir. Como é um fato a existência dos
entes, com sua contingência, não podemos afirmar que tudo é contingente.
É preciso afirmar a existência de um Ser Necessário pelo qual os seres
contingentes passam a existir.
Algo que é necessário pode ou não ter a causa de sua necessidade
em um outro ser necessário anterior a si (causa). Como se provou nas
causas eficientes, a série das coisas necessárias que necessitam de uma
causa da própria necessidade não pode ir até o infinito. É preciso assumir
a existência de um Ser Necessário em si, que não encontra em nenhum
outro ser a causa de sua necessidade, mas é, por sua vez, causa da
19
necessidade dos outros seres. Esse Ser Necessário é o que chamamos
Deus.

A quarta via vai examinar o grau de perfeição


A quarta via vai examinar o grau de perfeição que é encontrado nas
coisas. Para entender essa via é importante compreendermos o sentido
metafísico de participação. Participar é realizar em si, de forma parcial, o
que está em outro de forma plena. Há, então, uma relação de dependência
entre o ente participante e aquele do qual ele participa.
Essa via explica que nossos sentidos captam que entre as coisas
existe certa relação de graus: algo pode ser considerado mais ou menos
bom, mais ou menos verdadeiro, mais ou menos nobre. Só é possível
dizer “mais ou menos” conforme algo se aproxima daquele que é o
máximo. Para Aristóteles, se algo possui determinada qualidade em alto
grau, será em virtude dela que as outras coisas possuirão determinada
qualidade.
Santo Tomás, partindo dessa ideia, diz que, como encontramos nas
coisas, em variados graus, algo de bom, de verdadeiro, de perfeito, deve,
pois, existir um ente que seja para os entes causa de ser de todas essas
qualidades, possuindo em si essas qualidades em supremo grau. Esse
ente é conhecido como Deus.

A quinta via é a do governo das coisas


Para entendermos essa via, faz-se necessário considerar o sentido
de fim, considerado a partir da causa. Fim, desse modo, é o que vai
determinar o princípio do ser, ou seja, vai estar no princípio da ação. O
agente age em vista de um fim.
Santo Tomás também expressa certa equivalência entre bem e fim:
somente enquanto uma coisa é boa, ela é atraída a ser. O bem, portanto,
é aquilo para o qual tudo irá tender. Isso vai implicar a noção de um fim.
Dessa forma, o que move a causa eficiente na ordem da causalidade é

20
aquilo que vem primeiro, o princípio da ação: o bem e o fim.
Nessa quinta via, Santo Tomás explica que as coisas, mesmo aquelas
que não tem inteligência possuem uma intencionalidade que regidas
pelas leis da natureza, tendem para um fim, são ordenadas e contém a
finalidade certa. Mas isso não acontece por acaso. Não pode uma coisa
que carece de inteligência tender por si mesma ou para uma finalidade
única. Como existem essas coisas ou seres de pouca ou nenhuma
inteligência realizando seus atos com finalidade específica e de forma
harmoniosa com o outro que preenche o mundo, deve haver sim um ser
inteligente que governa todas as coisas naturais ao fim. Esse algo se
chama Deus.

21
O fator
Melquisedeque

O fator Melquisedeque é um termo cunhado pelo teólogo Don


Richardson, autor de um livro de mesmo nome. Fator Melquisedeque
é a ideia de que existe uma consciência universal da existência de Deus
colocada pelo próprio Deus em toda humanidade, de forma que as
pessoas conseguem ter uma ideia da existência de um ser divino.
A origem do termo remete a uma passagem da bíblia que se encontra
no livro de gêneses, capitulo 14, versículos 17 a 20, que diz o seguinte:
17
E o rei de Sodoma saiu-lhe ao encontro (depois que voltou de ferir a
Quedorlaomer e aos reis que estavam com ele) até ao Vale de Savé, que
é o vale do rei. 18 E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era
este sacerdote do Deus Altíssimo. 19
E abençoou-o, e disse: Bendito seja
Abrão pelo Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra; 20
E bendito
seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E
Abrão deu-lhe o dízimo de tudo.

A bíblia não explica quem era Melquisedeque, de onde ele veio,


de qual linhagem era, nem mesmo a qual deus ele servia. A narrativa
22
simplesmente relata que Melquisedeque se encontrou com Abrão em um
vale, e este Melquisedeque era um sacerdote-rei do Deus Altíssimo, e
orou em favor de Abrão, que por sua vez, o ofertou a décima parte dos
despojos de guerra da qual estava retornando.
Nesse livro, Richardson usa a relação entre Abraão e Melquisedeque
como um exemplo de que o evangelho de Jesus está preparado para ser
pregado ao mundo, bem como o mundo está preparado para recebê-
lo. Esta concepção ele chama de relação entre a “revelação geral” e a
“revelação especial”, sendo a revelação geral, ilustrada por Melquisedeque,
mais antiga e mais abrangente do que a revelação especial, ilustrada por
Abraão.
A revelação geral é vista como o ato inicial de Deus, o se revelar à
humanidade como criador de todos e de tudo. Esta revelação divina pode
ser vista nas religiões originais de vários povos e tribos remotos, isto
é, que estão longe de qualquer influência estrangeira, em que nelas se
encontram noções monoteístas, às vezes, muito semelhantes à narrativa
bíblica. Segundo a própria Bíblia, Deus criou os seres humanos, mas
estes o esqueceram e o substituíram por deuses menores (ídolos). Porém,
como visto em muitos destes povos, não o esqueceram totalmente,
tendo alguns deles mantido tradições peculiares, tais como o sentimento
da necessidade de ter seus pecados apagados e a promessa divina de
perdão futuro. Muitos destes povos até mesmo acreditam (ou acreditavam)
que um mensageiro estrangeiro viria, portando um livro no idioma nativo
deles, e que, por meio deste livro, os conduziria à reconciliação com
Deus. Estas noções encontradas nas culturas e tradições desses povos
seriam, segundo Richardson, um tipo de preparador, para a chegada do
Evangelho a eles, tal como a Lei de Moisés o foi para os judeus.
A revelação especial, no entanto, é vista como a solução apresentada
na Bíblia para o problema de reconciliação entre Deus e toda a humanidade.
O livro de Gênesis mostra que Deus revelou-se a Abraão e lhe prometeu
uma grande descendência, e que, por meio de sua descendência, Ele
abençoaria a todos os povos da Terra. Como evidenciado na Bíblia, este

23
propósito foi sendo cumprido ao longo dos anos chegando ao ápice na
pessoa de Jesus Cristo, por meio de quem veio o perdão de Deus para
todos. Caberia, agora, por meio dos cristãos, espalhar essa solução, há
muito esperada, aos povos do mundo, para que o objetivo de Deus (sobre
o qual ele jurou por Si mesmo, a Abraão, que cumpriria) fosse totalmente
realizado.
É interessante notar que não há relatos na bíblia de que Deus houvesse
se comunicado ou levantado outra pessoa para o servir, inclusive, Abraão
foi justamente chamado para ser o patriarca do povo escolhido por Deus.
Ou seja, Deus se comunicava com Abraão, que por sua vez, transmitia
os ensinamentos, preceitos e mandamentos aos que estavam com ele,
a saber, a sua mulher e seus servos. Daí, então, é que virá a se formar o
povo de Deus, o povo hebreu, o povo da nação de Israel.
Estranhamente, ao surgir a figura de Melquisedeque na história, um
ponto de interrogação surge: De onde veio a revelação a Melquisedeque,
tendo em vista que Deus se revelou, falou e separou somente a Abraão?
E como cada um reconheceu o Deus que o outro servia como sendo o
mesmo?
Segundo o autor, o fator Melquisedeque é o fenômeno que acontece
quando cultura, povos e lugares que nunca tiveram contato com
informações a respeito de Deus, e mesmo assim, quando missionários ou
desbravadores chegaram neste lugar descobriram que existia um ponto
de contato para o cristianismo, que de alguma forma a ideia de um ser
divino, superior e criador de todas já existia arraigado a tal cultura.
Richardson cita povos e tribos, alguns bem remotos, que apresentam
esta noção monoteísta, muitas vezes semelhante ou correspondente à
Bíblia. Aqui estão alguns deles:
- Os cananeus: possuíam a ideia de um deus supremo chamado El Elyon
que, em nosso idioma, significa “o Deus Altíssimo”;
- Os incas: possuíam um panteão de deuses tão grande quanto o de
Atenas, sendo o mais adorado deles Inti, o deus-sol. No entanto, havia
um certo ser chamado Viracocha, cuja singularidade é resumida pelo Dr.
24
B.C. Brundage, baseado no relato do rei Pachacuti (quem “descobriu”
Viracocha em sua própria cultura), como segue: “Ele é antigo, remoto,
supremo e não-criado. Também não necessita da satisfação vulgar de
uma consorte. Ele se manifesta como uma trindade quando assim o
deseja, caso contrário, apenas guerreiros e arcanjos celestiais rodeiam a
sua solidão. Ele criou todos os povos pela sua palavra, assim como todos
os huacas (espíritos). Ele é o Destino do homem, ordenando seus dias e
o sustentando. É, na verdade, o princípio da vida, pois aquece os seres
humanos através de seu filho criado, Punchao (o disco do sol, que de
alguma forma se distinguia de Inti). É ele quem traz a paz e a ordem. É
abençoado em seu próprio ser e tem piedade da miséria humana. Só ele
julga e absolve os homens, capacitando-os a combater suas tendências
perversas”.
- Os santal: este povo, habitante de uma região ao norte de Calcutá,
Índia, apresenta uma história um tanto semelhante à Bíblia. Segue o
relato (resumido) feito no livro sobre ela:
“’Há muito, muito tempo atrás Thakur Jiu (que significa “Deus verdadeiro”
na língua santal) criou o primeiro homem, e a primeira mulher, Haram e
Ayo, e colocou-os bem longe, na região oeste da índia chamada Hihiri
Pipiri. Ali, um ser chamado Lita tentou fazer cerveja de arroz e, depois,
induziu-os a jogar parte da cerveja no solo como uma oferta ao demônio.
Haram e Ayo se embriagaram com a cerveja e dormiram. Ao acordar
souberam que estavam nus e tiveram vergonha. Mais tarde, Ayo teve
sete filhos e sete filhas de Haram, os quais se casaram e formaram sete
clãs. Os clãs migraram para uma região chamada Kroj Kaman, onde se
tornaram corruptos. Thakur Jiu chamou a humanidade para voltar para
Ele . Quando o homem se recusou, Thakur Jiu escondeu um ‘casal
santo’ numa caverna no monte Harata, destruindo, a seguir, o restante
da humanidade através de um dilúvio. Tempos depois, os descendentes
do ‘casal santo’ se multiplicaram e migraram para uma planície de
nome Sasan Beda (‘campo de mostarda’). Thakur Jiu os dividiu ali em
muitos povos diferentes. Um ramo da humanidade migrou primeiro para
a ‘terra de Jarpi’ e depois continuou avançando para leste ‘de floresta
25
em floresta’, até que altas montanhas bloquearam o seu caminho. Eles
procuraram desesperadamente uma passagem através das montanhas,
mas todas se mostraram intransponíveis, pelo menos para as mulheres
e crianças. Naqueles dias os proto-santal, como descendentes do casal
santo, ainda reconheciam Thakur Jiu como o Deus verdadeiro. Porém,
ao enfrentar essa crise, eles perderam a fé no mesmo e deram o primeiro
passo em direção ao espiritismo. ‘Os espíritos dessas grandes montanhas
bloquearam nosso caminho’, decidiram. ‘Vamos nos ligar a eles por meio
de um juramento, a fim de nos permitirem passar’. Eles entraram, então,
em aliança com os “Maran Buru” (espíritos das grandes montanhas),
dizendo: ‘Ó, Maran Buru, se abrirem o caminho para nós, iremos praticar
o apaziguamento dos espíritos quando alcançarmos o outro lado’. Pouco
depois, eles descobriram uma passagem na direção do sol nascente’.
Chamaram essa passagem de Bain, que significa ‘porta do dia’. Assim,
os proto-santal atravessaram para as planícies denominadas, hoje,
Paquistão e índia. Migrações subsequentes os impeliram mais para o
leste, até às regiões fronteiriças entre a índia e a atual Bangladesh, onde
se tornaram o povo santal dos dias de hoje. Escravos de seu juramento
e não por amor aos Maran Buru, os santal começaram a praticar o
apaziguamento dos espíritos, feitiçaria e até adoração do sol”.
- Os gedeo: habitantes do centro-sul da Etiópia, eles criam em um deus
supremo chamado Magano e criam que estrangeiros viriam até eles
mostrar como se tornarem íntimos de Magano e deixarem de adorar a
Sheit’an, o ser maligno.
- Os mbaka: os mbaka habitam na República Centro-Africana e creem
num deus supremo chamado Koro, o Criador, que enviou uma mensagem
aos seus antepassados dizendo que Ele já mandara seu Filho para realizar
uma coisa maravilhosa em favor de toda a humanidade. Mais tarde, porém,
seus ancestrais afastaram-se da verdade sobre o Filho de Koro. Com o
tempo, eles esqueceram o que Ele havia feito pela humanidade. Desde
a época do esquecimento, gerações sucessivas desejaram descobrir a
verdade sobre o Filho de Koro. Mas tudo o que puderam saber foi que
mensageiros viriam para repetir esse conhecimento esquecido e que
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eles seriam provavelmente brancos. Além disso, eles possuíam um tipo
de tribo sacerdotal entre eles e um rito de passagem que começava com
um batismo, devendo o batizado, depois disso, agir como uma criança,
com humildade e à procura da retidão.
- Os chineses e coreanos: ambos os povos criam num deus supremo
criador de tudo que não poderia ser representado por imagens, chamado
em seus idiomas de Shangdi (o Senhor do Céu) e Hananim (o Grande),
respectivamente. No caso dos chineses, por exemplo, a despeito das
tentativas feitas pelos imperadores, confucionistas, budistas e taoistas
de privá-lo cada vez mais do conhecimento do povo, Shang Ti continua a
existir até hoje no pensamento popular.
Com isso, o fator Melquisedeque consiste na ideia de que o próprio
Deus se revelou aos homens de uma forma geral e por isso povos
antepassados, de lugares remotos e culturas das mais variadas trazem
consigo a concepção de um Deus criador, supremo e todo poderoso. O
nome dado a esta divindade é diferente entre cada povo e cultura, mas
noção permanece a mesma.

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O fator
Paleolítico

O Paleolítico é um período da Pré-História e se estendeu de 2,5 milhões


de anos atrás até 12 mil anos atrás (10.000 a.C.), aproximadamente.
Também é conhecido como Idade da Pedra Lascada e é subdividido em
três partes: o inferior, médio e superior.
Nesse período os humanos eram considerados nômades caçadores
e coletores, uma vez que não dominavam a agricultura e viviam apenas
da caça, pesca e coleta de frutos. Isso significava que, quando esses
recursos fundamentais para a sobrevivência começavam a acabar, os
grupos humanos recolhiam suas coisas e se mudavam para outro local.
Também não dominavam a arquitetura, portanto, não construíam suas
próprias casas. Assim, o humano do Paleolítico procurava cavernas para
se abrigar. Essas cavernas serviam para protegê-lo do frio, mas também
de animais perigosos.
No período paleolítico ocorreu alguns acontecimentos fundamentais
para a história: o ser humano passou a dominar o fogo, e isso se tornou
vital para sua cultura, já que usava deste elemento para se proteger de

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animais e do frio, e também contribuiu para melhorar a sua alimentação,
dando-lhe a possibilidade de que a carne fosse cozida, por exemplo.
Alguns historiadores também afirmam que o fogo foi importante no
processo de socialização do ser humano, pois a montagem de fogueiras
na hora das refeições tornou-se um momento de encontro e convívio.
As ferramentas produzidas pelos humanos nesse período eram de osso
e, principalmente, de pedra. Essas ferramentas eram utilizadas pelos
humanos para caçar animais e garantir sua proteção. As caças obtidas
eram preservadas por meio de congelamento, defumação ou secagem.
No paleolítico médio, os historiadores e arqueólogos pontuam
o surgimento dos primeiros sambaquis (formações constituídas de
amontoados de restos alimentares, restos de animais e fogueiras, conchas
de moluscos, formadas ao longo de milhares de anos), encontrados
principalmente nas regiões litorâneas da América do Sul; devido ao fato
de serem nômades, permaneciam num determinado local até que se
esgotassem os alimentos, quando então partiam.
No Paleolítico Superior os humanos passaram a habitar em cavernas,
devido ao resfriamento intenso do planeta e o norte da Europa ter ficado
coberto de gelo como consequência da quarta glaciação. Neste período
desenvolveu-se o homem de Cro-Magnon, que já é o humano moderno
propriamente dito. Caçava animais de grande porte (mamute, bisão,
renas) utilizando para isso armadilhas montadas no chão e utilizavam a
pele destes animais para se aquecerem.
Mas neste período um detalhe importante foi observado. As evidências
arqueológicas indicam que foi neste ponto da história que os seres
humanos começaram a enterrar os mortos, e não só isso, os enterravam
juntamente com os seus pertences (armas, vestes, ferramentas e
cerâmicas). Além disso, registou-se também o surgimento da arte
rupestre, que possivelmente foram os primeiros indícios que proveram
os momentos iniciais da busca do ser humano e o seu transcendente, ou
seja, a primeira manifestação do sagrado.
Provavelmente neste período da história, a ideia de uma vida além

29
dessa vida terrena penetrou na consciência das comunidades da época,
bem como alguma ideia de divindade, indicando que um conceito primitivo
de religião já se formava. Apesar de convencionar-se que a consolidação
da religião ocorre no período Neolítico, a arqueologia registra que já no
Paleolítico existiu uma religião primitiva.
Em genética, chamam-se Adão e Eva os mais recentes ancestrais
comuns a toda humanidade. Foram, na verdade, os últimos ancestrais a
partir dos quais se pode traçar uma linha direta de descendência paterna
ou materna até os dias de hoje. Estes ancestrais comuns a todos os
homens e mulheres do planeta viveram, possivelmente, a mais de 100
mil anos antes de Cristo.
Os registros das primeiras manifestações religiosas datam de 5 a 10
mil anos antes de Cristo, evento que é muito difícil apontar precisamente,
e a cronologia bíblica e o calendário hebraico indicam que que Adão
tenha vivido aproximadamente de 4 a 5 mil anos antes de Cristo. Isto
permite supor que não seria mera coincidência de que o fôlego de vida
dado a Adão corresponde ao surgimento dos primeiros registros de
manifestações religiosas.

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O argumento
do relógio

I magine que você está perdido num deserto. Um completo mar de areia
semelhante ao Saara. Imagine que você está andando por aquela
vastidão, cansado e com sede, em busca de uma ajuda. Os seus olhos
enxergam apenas o azul do céu e o avermelhado da areia, que se movem
com o vento modelando as dunas ao seu redor. Areia e nada mais. Após
um dia andando ao léu da sorte, esta é a única coisa que parece existir
ali. Mas de repente, perto do seu campo de visão, você avista uma pedra,
não muito grande e não muito pequena, talvez do tamanho de uma bola de
futebol. Para você, o que você pensaria? Ficaria surpreso ou indiferente
a tal objeto?
Continuemos neste cenário hipotético. Você caminha por um imenso
deserto ao longo de um dia, em busca de uma ajuda e só vê areia e
mais nada. Mas de repente, perto do seu campo de visão, você avista
um relógio. Um relógio muito bonito por sinal, daqueles de corda que
possuem uma mecânica perfeita, funcionando e provavelmente com a
marcação de horas acertada, dado o horário que você supõe que seja e a

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hora mostrada no visor. Pois bem, o que você pensaria ao ver este relógio
ali? No mínimo, como ele veio parar aqui? A hipótese mais provável é a
de que alguém passou por ali e deixou cair, ou simplesmente jogou fora,
mas seria difícil passar desapercebido e crer que foi apenas obra do
acaso.
Agora olhe o universo. Um espaço infinito com uma quantidade
incontável de astros. Nesta imensidão existe uma infinidade de planetas,
estrelas, asteroides, cometas, meteoroides e satélites naturais. Se o
universo teve um começo ou não, é uma questão fundamental para o
assunto que tratamos aqui.
O grande matemático e filósofo alemão, Leibniz, interrogou porque
existe algo em vez de nada. Para qualquer pessoa, em sã consciência,
é capaz de entender que o nada não produz coisa alguma. Platão
sustentava que o universo é feito de matéria prima existente; já Aristóteles
acreditava que a terra era o centro do universo eterno que sempre existiu.
Nesta linha de um universo eterno, os hindus acreditavam num universo
cíclico, todavia, os antigos hebreus acreditavam no tempo linear e que o
universo tivera um início. Enquanto os deuses antigos foram descartados
como fenômenos naturais, o Deus hebreu se distingue e permanece até
hoje por ser um Deus fora da natureza e criador.
Até o momento, a explicação mais aceita sobre a origem do universo
entre a comunidade cientifica é baseada na teoria da Grande Explosão,
em inglês, Big Bang. Ela apoia-se, em parte, na teoria da relatividade
do físico Albert Einstein, nos estudos dos astrônomos Edwin Hubble e
Milton Humason, os quais demonstraram que o universo não é estático
e se encontra em constante expansão, ou seja, as galáxias estão se
afastando umas das outras. Portanto, no passado elas deveriam estar
mais próximas que hoje, e, até mesmo, formando um único ponto. A teoria
do Big Bang foi anunciada em 1948 pelo cientista russo naturalizado
estadunidense, George Gamow, e o padre e astrônomo belga, Georges
Lemaître. Segundo eles, o universo teria surgido após uma grande
explosão cósmica, entre 10 e 20 bilhões de anos atrás. O termo explosão

32
refere-se a uma grande liberação de energia, criando o espaço-tempo.
Em 1915 Einstein publicou a sua Teoria da relatividade geral, e se
sua teoria estava correta, os cálculos estavam revelando o início definido
de todo o tempo, de toda matéria e de todo o espaço, o que significa que
o universo não é eterno.
Em 1919, o cosmólogo Arthur Eddington conduziu um experimento
durante um eclipse solar e confirmou que a teoria da relatividade era
realmente verdadeira, o universo não é estático e teve um começo.
Enquanto isso, o astrônomo, físico e matemático holandês, Willem
de Sitter, descobriu que a teoria da relatividade exigia que o universo
estivesse em expansão, e em 1927 veio a prova. A expansão do universo
foi observada pelo astrólogo Edwin Hubble. Olhando para o céu no
telescópio de 100 polegadas, do observatório do monte Wilson, na
Califórnia, Hubble descobriu um desvio para o vermelho na luz de todas as
galáxias observáveis, o que significavam que estas galáxias estavam se
afastando de nós. Em outras palavras, a teoria da relatividade confirmava,
assim, mais uma vez, que o universo parecia estar em expansão de um
único ponto no passado distante.
Em 1929, Einstein, que até então acreditava na hipótese do universo
ser eterno e estático, foi pessoalmente ao monte Wilson para observar
por aquele telescópio. O que viu foi irrefutável. A evidência baseada na
observação mostrou que o universo estava realmente em expansão,
como havia predito a teoria da relatividade.
Einstein, então, redirecionou os seus esforços a entender como Deus
havia criado mundo. “Não estou interessado neste ou naquele fenômeno,
num aspecto deste ou daquele elemento, quero conhecer os pensamentos
de Deus, o resto são detalhes”, disse o cientista. É claro que o deus de
Einstein não era o Deus pessoal de suas origens judaicas, mas um deus
impessoal, expresso nas leis da natureza, um deus panteísta, que é o
próprio universo, como o deus do filósofo judeu, Baruch Espinosa.
Porém, seus comentários admitindo a criação e o pensamento divino
estava mais para a descrição de um deus teísta, e por mais irritante que
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possa ter sido para ele, sua teoria da relatividade levanta-se até hoje como
uma das mais fortes linhas de comprovação do Deus bíblico, criador.
A essa altura, você deve se perguntar: se o grande Einstein percebeu
a origem do universo, porque ele nunca acreditou neste Deus pessoal?
o que Einstein viu não foram provas de que Deus existe, ele viu indícios
que apontam, pela lógica, de que algo criou o mundo. O fato dele não
abraçar a fé bíblica não depõe nada contra o seu trabalho. Pelo contrário,
podemos até ver um propósito de Deus deixando que os indícios de sua
existência fossem comprovados por alguém que não poderia ter usado de
parcialidade, pois nunca assumiu crer em tal tipo de Deus. A ignorância
levou muitos crentes a associar a teoria do big-bang com a teoria da
evolução das espécies de Charles Darwin, mas a evolução cósmica não
tem absolutamente nada a ver com a teoria da evolução da vida. Elas
são coisas completamente diferentes, os processos de desenvolvimento
de planetas estrelas e galáxias podem tranquilamente ocorrer tal como
a chuva ocorre, de forma natural, por leis naturais criadas por Deus.
Na bíblia é dito que Deus faz a chuva, no entanto, sabemos hoje como
funciona o ciclo da água e ninguém, entre céticos e crentes na bíblia,
nega o ciclo da água. O que ocorre é que sabemos que Deus faz as
coisas de maneira lógica, e assim Deus usa leis naturais para enviar
a chuva. O mesmo ocorre com o universo. Olhamos para o espaço e
vemos diferentes fenômenos transformando matéria do cosmos e esse é
o método estabelecido por Deus. Em outras palavras, crentes em Deus
acreditam que Deus fez um universo, mas entendem que cabe à ciência
determinar que métodos foram usados para originar galáxias, estrelas e
planetas. Do ponto de vista de um Deus bíblico, isso também nada tem
a ver com a semana literal de sete dias da criação. Muitos teólogos vem
uma série de razões textuais para que a criação tenha ocorrido em dois
momentos, um momento para a criação do universo, e milhares de anos
depois, para a criação da terra conforme os dias literais descritos no livro
de gênesis.
O astrônomo Robert Jastrow, em uma entrevista à revista Christianity
Today, em 1982, declarou: “os astrônomos percebem agora que se
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colocaram uma encruzilhada, porque provaram, por seus próprios
métodos, que o mundo começou abruptamente, um ato de criação ao qual
se pode rastrear as sementes de toda estrela, todo o planeta, toda coisa
viva no cosmos e na terra. Eles descobriram que tudo isso aconteceu
como um produto de forças que não esperavam encontrar. Isso que eu,
ou qualquer pessoa, chamaria de força sobrenatural, é agora, penso eu,
um fato cientificamente comprovado”.
Uma vez provado que o universo teve uma origem, a próxima fase
do debate foi tentar manter, com big-bang, a ideia do universo eterno.
Um cosmos que sempre existiu, mas era cíclico, inflando e regredindo,
criando-se e destruindo. As especulações duraram até 2011, quando Saul
Perlmutter, Brian Schmidt e adam Riess, levaram o Nobel da física ao
estudarem supernovas e descobriram que o universo estava acelerando,
e com isso, comprovarem que ele nunca poderia ter sido cíclico. Agora
que o big-bang estava consolidado, questionou-se o que teria acontecido
antes do instante ‘zero’ do big-bang.
No entanto, como este momento é definido como uma singularidade,
onde não existe espaço, tempo e as leis da física já não importam, o instante
zero é um horizonte impenetrável para as nossas observações, o que
leva até mesmo os cientistas apelarem para a imaginação metafísica. A
imaginação daria espaço para mais um grande homem, tal como Einstein
e sua resistência a origem do universo, colocar em dúvida a necessidade
de um Deus criador.
O falecido Stephen Hawkins, em seu livro ‘Grande projeto’, disse
que qualquer coisa, uma pedra, uma galáxia e partículas, poderiam se
formar do nada. Mas pelo mais inadequado que sejamos no debate das
teorias da física, temos que ter coragem de ter o bom senso e o direito de
questionar o falecido gênio. Podemos perguntar, quanto o número zero
pode produzir? O que o nada pode produzir? O matemático e professor
de Oxford, John Lennox, comentou as últimas ideias de Hawkins dizendo
que sua teoria não faz sentido, porque se a gravidade existe, qual foi
a força que a determinou? Leis matemáticas da natureza descrevem

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processos, mas por si mesmas, não criam absolutamente nada. Temos
uma lei que descreve como atua força gravitacional, mas ela não cria
esta força, apenas descreve seu funcionamento. Assim como o teorema
de Pitágoras descreve triângulos, eles precisam ser traçados por um
desenhista. O teorema descreve, mas não desenha, assim como as leis
da física descreve o universo, mas não cria um universo. O próprio coautor
da obra de Hawkins, ‘O grande design’, Leonard Mlodinow, admitiu para
o History Channel, no programa 'O Universo', que a matemática e a física
nunca serão capazes de explicar de onde as leis da física surgiram, e
que se as pessoas quisessem pensar que as leis da natureza vieram de
Deus, elas não seriam capazes de refutar. No fim das contas, a origem
materialista do universo e as propostas sobre o criador não podem ser
testadas, e já que não podem ser testadas, não são questões científicas,
uma vez que a ciência depende de coletar dados dentro de nosso próprio
universo, para fazer modelos e testes, não pode resultar em algo além do
nosso universo, ou seja, a ciência não pode dizer a respeito de Deus, já
que ele, presumidamente, está fora do universo e nada pode dizer sobre
o ponto antes de zero na história do universo.
Quem conhece o cosmos para saber se ele é tudo o que há. Então,
a questão é, se existe algo antes do cosmos, o que era e como trouxe
o nosso universo a existência? Recentemente, uma nova possibilidade,
sem qualquer prova científica, tem sido hipoteticamente considerada. Note
que nem é uma teoria, apenas uma hipótese que carece de observações.
Trata-se da ideia do multiverso, um conceito onde existiram muitos
universos paralelos, como bolhas de ar paralelas dentro de um copo de
refrigerante. As interações neste multiverso criariam uma infinidade de
universos, onde muitos são impróprios para a vida, enquanto outros são
diferentes e alguns semelhantes ao nosso. A existência de um universo
ordenado seria uma questão de chances de estatística, num número
infinito de possibilidades. Outra ideia nessa hipótese, é de que o universo
estaria sendo criado por seres de outro universo, ou ainda, do choque
entre dois universos. Mas em que medida isso não é mais do que ficção
científica? O problema desse conceito de multiverso, ou de infinitos
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universos no hiperespaço, é que precisamos de tanta fé nele quanto fé
num Deus infinito e criador. Na verdade, existem muito mais evidências
apontando para um criador, e ainda, a final, como surgiu um multiverso?
O multiverso não responde o argumento cosmológico para a existência
de Deus. Alvim Plantinga, filósofo da universidade de Notre-Dame, citado
por John Lennox, em seu livro ‘Por que a ciência não consegue enterrar
Deus’, dizia o seguinte: caso exista um multiverso, ainda que Deus
seja improvável na visão dos ateus, no caso de multiversos e opções
infindas, deve haver pelo menos um universo onde a existência de Deus
é possível, mais uma vez que este Deus é onipotente, onipresente, existe
em todos os universos, e portanto o multiverso é apenas um único mega
universo no qual Deus é o criador e sustentador. Muitos estão tentando
retomar a natureza interna com a ideia do multiverso, mas para dizer que
o multiverso é eterno, que ele sempre existiu, precisamos primeiramente,
provar que ele existe.
Outra ideia interessante é a ‘teoria das cordas’. Um conceito de que
há blocos de energia que vive um grande número de dimensões, algumas
tão pequenas que são indetectáveis, e outras tão grande estariam fora do
nosso universo, em algo denominado super universo, multidimensional,
talvez a milímetros de nós mas em dimensões diferentes. Se qualquer ser
existe em cenários multidimensionais, ele poderia chegar perto de nós e
talvez até nos ver e ouvir, mas sem que nós o víssemos. Isso explicaria,
por exemplo, a existência não perceptível de seres como os anjos, mas, o
próprio Deus transcenderia as dimensões da teoria das cordas. Incrível é
que quanto mais a ciência avança em decifrar o cosmos, ainda mais nos
aproximamos de Deus. A teoria do big bang deu um fundamento científico
para a necessidade de um criador. A hipótese de um multiverso apenas
tornou Deus ainda maior do que podíamos perceber, e a teoria das cordas
poderia explicar como funcionam as realidades espirituais que não são
invisíveis. É bom lembrar que a teoria do big bang, embora seja o modelo
de origem cósmica mais aceito, ainda tem muitos questionamentos.
Fred Heeren, jornalista científico que já escreveu para importantes
meios como Chicago Tribune, Wall Street Journal, Washington Times,
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após várias entrevistas com cientistas, que o levou a produzir seu livro
‘Mostre-me Deus’, disse que “dentre todos os povos antigos, apenas os
hebreus acertarem sua cosmologia”. O resto do mundo acreditava em
um universo mágico e eterno, que deu origem aos deuses, ao passo que
apenas eles acreditavam em um Deus eterno e transcendente, que deu
origem ao universo.

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