02 P5024 Decisão Agravada
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NR.PROCESSO: 5159198-78.2024.8.09.0144
PODER JUDICIÁRIO
Tribunal de Justiça do Estado de Goiás
Comarca de Silvânia
Edifício do Fórum Homero Machado Coelho
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DECISÃO
Trata-se de pedido de recuperação judicial formulado por Antônio Rodrigues de Morais,
Conceição Aparecida dos Santos Morais, Vonaldo Antônio de Morais, Kênia Mônica dos Santos Morais,
Márcio Antônio de Morais, Elicácia Maria da Silva Morais, Vanderlei Antônio de Morais, Marcia Regina
Cembranel, Ana Luiza Silva Morais, Marcyele Natane da Silva Morais e Pedro Paulo Morais, todos
qualificados e componentes do “Família Morais”, com arrimo nos artigos 47 e seguintes da Lei nº 11.101/2005.
Movimentação de n. 24, certificou que procedeu com o encaminhamento, via e-mail, do Ofício nº
207/2024 para a Junta Comercial e do Ofício 208/2024 para a Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil
do Ministério da Economia.
Após, os recuperandos relatam a prática de um ARRESTO por parte do credor Araguaia S.A,
movimentação de n. 56. Requerem que este juízo recuperacional que se declare competente para todas as
questões relacionadas à destinação do patrimônio dos Recuperandos e sobre a natureza dos créditos em
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discussão. Também pedem a suspensão imediata dos atos constritivos realizados pelo credor Araguaia e, caso
já tenham ocorrido, a devolução dos grãos já arrestados.
Ato contínuo, em movimentação de n. 58, foi protocolado petitório pela ARAGUAIA S.A., já
qualificada neste processo, onde a mesma requer o chamamento do feito à ordem, alegando falta de boa-fé das
recuperandss, que teriam deturpado e omitido a verdade dos fatos.
Ato contínuo, os requerentes, em movimentação de n. 60, insurgem-se contra atos praticados pelo
credor Araguaia S.A, que, segundo eles, comprometem o processo de recuperação ao realizar atos
expropriatórios de forma indevida, oportunidade em que solicitam que se reconheça a competência exclusiva do
juízo recuperacional para deliberar sobre quaisquer atos de constrição que afetem os seus bens.
Em seguida, em movimentação de n. 61, foi juntado petitório por ALEX SILVA ADMINISTRAÇÃO E
CONSULTORIA LTDA, na ocasião, opina sobre os recentes desenvolvimentos processuais, especialmente em
relação aos requerimentos de urgência apresentados pelas recuperandas nos eventos de nº 56 e 60.
Desta feita, proferiu-se decisão judicial em movimentação de n. 64, na qual argumentou-se que a
cédula de produto rural representativa de operação de troca por insumos (barter) não está sujeita aos efeitos da
recuperação judicial, conforme o art. 11 da Lei 8.929/94. A Lei nº 8.427/92, modificada pela Lei nº 13.986/2020,
também foi mencionada, ressaltando que a Cédula de Produto Rural (CPR) pode adotar qualquer garantia
legalmente prevista.
Ademais, a decisão impôs a suspensão dos atos constritivos pretendidos pelo credor Araguaia Ltda,
reconhecendo a competência do juízo da recuperação judicial para gerir tais situações, visando preservar a
viabilidade da reestruturação empresarial das recuperandas. Foi determinado que quaisquer grãos já constritos
sejam devolvidos e solicitou-se as recuperandas que apresentem documentos requeridos pelo administrador
judicial.
Ato contínuo (movimentação de n. 77), foi juntado petitório pela Bayer S/A, na qualidade de credora,
solicita, dentre outros, seja autorizada a juntada aos autos de um instrumento particular de mandato e de uma
cópia do estatuto social.
Em movimentação de n 78, foi juntado ofício comunicatório, o qual teve origem no Agravo de
Instrumento interposto por ARAGUAIA S/A em face de decisão proferida por este juízo, nestes autos.
O relator, em cognição inicial, observou a relevância dos fundamentos da agravante para uma
concessão parcial da tutela, notadamente pela expressa exclusão de tais créditos dos efeitos da recuperação
judicial e a não essencialidade do produto para a continuidade das atividades empresariais dos agravados.
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Entretanto, ressaltou que os atos de constrição ou alienação ainda precisariam ser submetidos à
análise do Juízo Recuperacional para averiguação da essencialidade e impacto no fluxo de caixa da
recuperanda.
Diante dos expostos, o relator deferiu parcialmente a tutela recursal, permitindo o prosseguimento
da ação de execução, mas com a ressalva de que o Juízo da Execução submeta qualquer ato constritivo ao
crivo do Juízo Recuperacional. Foi determinada a intimação da parte agravada para resposta e o juiz a quo foi
cientificado da decisão.
Em movimentação de n. 80, o Banco Rabobank International Brasil S.A., qualificado como instituição
financeira privada, com sede em São Paulo - SP, opôs Embargos de Declaração contra a decisão que deferiu o
processamento da recuperação judicial dos integrantes do "Grupo Morais", compostos por Antônio Rodrigues
de Morais, Conceição Aparecida dos Santos Morais, Vonaldo Antônio de Morais, Kênia Mônica dos Santos
Morais, Márcia Regina Cembranel, Vanderlei Antônio de Morais e outros.
Os embargos foram apresentados sob a alegação de omissão por parte deste Juízo ao não apreciar
todos os requisitos de admissibilidade do pedido de recuperação judicial dos produtores rurais pessoas
naturais, conforme estipulado pela Lei nº 14.112/2020 e pela Lei nº 11.101/2005. Alega-se especificamente a
falta de apresentação de documentos necessários para o deferimento do processamento da recuperação
judicial, como o Livro Caixa Digital do Produtor Rural (LCDPR) e o balanço patrimonial, em desacordo com os
artigos 48 e 51 da Lei de Recuperação Judicial e Falência.
O Embargante solicita, portanto, que os embargos sejam providos com efeitos infringentes para
reformar a decisão que deferiu o processamento da recuperação judicial e determinar a apresentação dos
documentos faltantes ou, alternativamente, indeferir o processamento da recuperação judicial para os
mencionados devedores.
Ademais, a serventia, em movimentação de n. 83, emitiu ato ordinatório intimando a parte autora,
por seu advogado, para, no prazo de 5 (cinco) dias, proceder ao recolhimento da guia de custa necessárias à
publicação do Edital.
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Manifestação apresentada pelas Recuperandas, por meio de seus procuradores (movimentação de
n. 95). Em síntese, os Requerentes relatam a grave crise econômico-financeira que motivou o pedido de
Recuperação Judicial em 07/03/2024, deferido em 15/03/2024, conforme documentação que atende aos
requisitos dos artigos 48 e 51 da Lei nº 11.101/05.
Em face do exposto, as Recuperandas solicitam a este Juízo: (i) a destinação dos valores obtidos
pela alienação da soja sequestrada diretamente a eles, como medida de preservação da atividade empresarial,
nos moldes dos artigos 6º, III, e 47 da Lei nº 11.101/05; e (ii) a ordem de reativação dos serviços de energia
elétrica, reiterando o impedimento legal ao pagamento dos créditos que compõem o concurso de credores e a
urgência da medida para o soerguimento do grupo.
Em seguida (mov.96) a empresa PETRODIESEL TRR LTDA, solicita a juntada dos instrumentos
procuratórios para todos os fins de direito, evidenciando sua intenção de participar ativamente no processo
como credora.
Consta da decisão que, após análise dos autos e das razões recursais, verifica-se, preliminarmente,
a regularidade da documentação apresentada pelos agravados para a recuperação judicial, conforme
disposição legal e precedentes jurisprudenciais. Quanto à essencialidade dos bens contestados, entende-se
que tal análise cabe ao juízo da recuperação judicial, que já se manifestou favoravelmente à sua necessidade
para o plano de recuperação.
Deste modo, os argumentos apresentados pelo agravante não se mostraram suficientes para
justificar a alteração da decisão agravada em sede liminar, resultando no indeferimento do pedido de tutela
antecipada recursal.
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Na movimentação de n. 98, as recuperandas informam que todos os documentos solicitados no item
(ii) foram devidamente anexados aos autos. No entanto, encontram-se temporariamente incapazes de fornecer
os endereços eletrônicos de alguns credores, especialmente aqueles que são pessoas físicas de menor porte e
que não possuem endereço eletrônico para contato. Este fato é justificado pela dificuldade em acessar essas
informações, apesar dos esforços contínuos das Recuperandas, que incluem tentativas de comunicação tanto
presencial quanto telefônica.
Por fim, juntou-se ao feito em movimentação de n. 99, ofício comunicatório, referente aos Embargos
de Declaração opostos por Vonaldo Antônio de Morais e outros contra decisão monocrática proferida em
Agravo de Instrumento, sob relatoria da Desembargadora Mônica Cezar Moreno Senhorelo, referente ao
processo nº 5250843-87.2024.8.09.0144, na 5ª Câmara Cível, Comarca de Silvânia.
Após análise, verificou-se que não há omissão, contradição, obscuridade ou erro material que
justifique a modificação da decisão monocrática, a qual se fundamentou adequadamente na legislação vigente
que regula a matéria. A decisão rejeitou os embargos, mantendo a classificação do crédito como extraconcursal
e permitindo o prosseguimento da ação de execução, conforme precedentes deste Sodalício que reconhecem a
não sujeição dos créditos vinculados à CPR aos efeitos da recuperação judicial.
Portanto, os embargos foram conhecidos, mas não acolhidos, mantendo-se integralmente a decisão
impugnada, aguardando-se o prazo para apresentação de contrarrazões.
Em seguida (mov.101) as recuperandas informam que dia 09/04, há uma semana, fora promovido o
sequestro de 768.875,00 (setecentos e sessenta e oito mil e oitocentos e setenta e cinco) quilos de soja em
grão junto ao Armazém da empresa OLVEGO, onde estava depositada soja do Grupo Morais, conforme
autorizado e determinado pelo Juízo da 2ª Vara Cível da Comarca de Anápolis –
Narra que houve depósito no valor de R$ 1.300.441,70 (um milhão, trezentos mil, quatrocentos e
quarenta e um reais e setenta centavos) nos autos de execução, referente aos grãos sequestrados. Pugna pelo
levantamento de tais valores para a devida manutenção das atividades.
Proferida decisão, movimentação 102, determinando a intimação das recuperandas para apresentar
impugnação.
A empresa Equatorial Goiás Distribuidora de Energia S.A., mov. 115, solicita a juntada dos
documentos de habilitação.
Requer que todas as publicações pertinentes ao feito sejam realizadas, exclusivamente, em nome
de seu patrono Larissa Margarida Lima Matos Oab/GO nº 70.288-A sob pena de nulidade (artigo 272, § 2º,
CPC).
Certificado, mov. 120, a tempestividade dos embargos de declaração opostos na movimentação 80.
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Discorre sobre a crise econômico-financeira vivenciada pelos recuperando. Ao final requer não
sejam conhecidos os Embargos de Declaração opostos pelo RABOBAN. No mérito, requer sejam integralmente
improvidos, movimentação 134.
Seguinte, o administrador judicial (mov. 137) informou que as recuperandas apresentaram os atos
constitutivos das pessoas jurídicas na movimentação 98. Entende que a documentação está completa.
Quanto a manifestação das recuperandas nas movimentações 95 e 101, referente as sacas de soja
arrestada, ressaltou que “o credor Araguaia S.A está ferindo princípio da coletividade dos credores, haja vista
que está tentando por meio diverso, o recebimentos do seu crédito em prejuízo aos demais credores, que é
completamente vedado pela legislação de regência”.
Destaca que os valores solicitados para disponibilização às recuperandas são essenciais para a
manutenção das suas atividades e prosseguimento do seu soerguimento.
Assim, opina que tais valores sejam disponibilizados em conta judicial, disponibilizados às
recuperandas, sem prejuízo de prestação de contas a ser realizada da destinação dos valores.
Ato contínuo, na movimentação 138, o administrador-judicial informa que o edital foi devidamente
publicado no DJE nº 3.934, em 22 de abril de 2024.
É o relatório. Decido.
Inicialmente, passo a pronunciar-me a respeito dos embargos de declaração opostos em mov. 80.
O Código de Processo Civil traz hipóteses taxativas de cabimento dos embargos de declaração,
vejamos:
"Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para:
II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a
requerimento;
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proferida eliminando óbices à compreensão do texto.
Ademais, a recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise
econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos
trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social
e o estímulo à atividade econômica (art. 47, Lei nº 11.101/2005).
O pedido, após o cumprimento das determinações do administrador judicial, atende aos requisitos
do art. 51 da Lei nº 11.101/2005. Além disso, não compete ao magistrado imiscuir-se na saúde financeira da
devedora, se está ou não em crise econômico-financeira como alega (art. 51-A, § 5º, da Lei nº 11.101/2005),
mesmo porque se trata de competência dos credores, que decidirão em Assembleia Geral.
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produtor rural que exerça sua atividade de forma empresarial há mais de dois anos é facultado
requerer a recuperação judicial, desde que esteja inscrito na Junta Comercial no momento em que
formalizar o pedido recuperacional, independentemente do tempo de seu registro. (Tema 1145) 4.
Apresentados os documentos exigidos no §3º, do art. 48, da Lei 11.101/05, restam preenchidos os
requisitos legais para comprovação do período de exercício de atividade rural por pessoa física.
RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.” (TJGO, Agravo de
Instrumento 5559199-53.2023.8.09.0040, Rel. Des(a). DESEMBARGADOR ANDERSON MÁXIMO DE
HOLANDA, 10ª Câmara Cível, julgado em 30/10/2023, DJe de 30/10/2023) (g.)
De mais a mais, denoto que o objetivo principal do presente recurso é rediscutir a matéria,
objetivando modificar o Julgado, o que é incabível a teor do artigo 1.022, inciso I, do Código de Processo Civil,
mas que enseja recurso próprio admitido na lei processual.
Nesse sentido:
Leciona Santos:
Os embargos declaratórios não são aptos a alterar a sentença ou o acórdão. (ERNANI FIDELIS DOS
SANTOS, in ‘Manual de Direito Processual Civil’, 15ª ed, p. 787).
Assim, com esteio nesse arcabouço doutrinário e jurisprudencial, é forçoso concluir que os
presentes embargos devem ser rejeitados.
Assim, conheço dos embargos de mov. 80, eis que tempestivos, porém REJEITO-OS, nos termos
da fundamentação.
Passo a análise das manifestações das recuperandas acostadas nas movimentações 95 e 101.
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Assim, a parte autora busca decisão judicial para proceder regularmente com suas atividades, seja
em relação à determinação de que a Enel Distribuição se abstenha de interromper o fornecimento de energia
elétrica, em decorrência de faturas inadimplidas.
É cediço que o fornecimento de energia elétrica é serviço de natureza essencial, pelo que as
concessionárias são obrigadas a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e no caso de essenciais,
contínuos.
À vista disso, tem-se que a prestação de serviço de energia constitui serviço essencial e contínuo.
Na presente hipótese, além desses mencionados atributos, vislumbro ser um serviço de interesse de todos
aqueles que, de alguma forma, dependem da atividade econômica exercida pela empresa em recuperação,
mostrando-se necessário para preservação da empresa em seu pleno funcionamento.
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ADMINISTRATIVO. APURAÇÃO IRREGULARIDADE NA MEDIÇÃO. INSURGÊNCIA CONTRA A
FISCALIZAÇÃO EFETUADA PELA CONCESSIONÁRIA. LEGALIDADE DOS DÉBITOS. TUTELA DE
URGÊNCIA DEFERIDA NA ORIGEM. VEDAÇÃO DE SUSPENSÃO DO FORNECIMENTO DE
ENERGIA ELÉTRICA POR INADIMPLEMENTO. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL.
APLICAÇÃO MULTA DIÁRIA EM CASO DE DESCUMPRIMENTO. PRINCÍPIO DA
PROPORCIONALIDADE. REDUÇÃO DO VALOR DA MULTA. DECISÃO PARCIALMENTE
REFORMADA. (...). II. Por ocasião do ajuizamento do pedido de recuperação judicial e para fins do
corte de energia, não se pode ter como inadimplente contumaz aquela consumidora que se encontra
em gozo do dito benefício legal. Do contrário, irremediavelmente violado restará o princípio da
preservação da empresa que norteia todo o instituto da recuperação judicial consagrado na Lei n.º
11.101/05. III. O corte no fornecimento de energia elétrica prejudicaria ainda mais a atividade da
empresa, inviabilizando que a referida sociedade cumpra a sua função social, o que acarretaria
ainda maior prejuízo e lesão a todos os demais credores os quais não terão seus créditos
satisfeitos. (...) AGRAVO DE INSTRUMENTO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO”. (TJGO,
Agravo de Instrumento (CPC) 5262096-63.2017.8.09.0000, Rel. AMARAL WILSON DE OLIVEIRA, 2ª
Câmara Cível, julgado em 16/10/2017, DJe de 16/10/2017) [grifo para fins de destaque].
Diante desse cenário, verifico que a interrupção do fornecimento de energia elétrica em decorrência
de débitos anteriores ao pedido de recuperação judicial e que, portanto, devem se submeter ao plano de
recuperação, afigura óbice inaceitável ao soerguimento da empresa, em detrimento do interesse social em sua
preservação.
Entretanto, deve-se observar que os débitos posteriores a esse pedido deverão ser pagos, sob pena
de suspensão do fornecimento de energia elétrica, eis que não beneficiados pelo procedimento recuperacional.
Portanto, mostra-se plausível o direito invocado pela parte requerente, no sentido da determinação
de manutenção do fornecimento de energia elétrica em sua unidade consumidora, por se tratar de serviço
essencial e de dívidas pretéritas, e, ainda, para viabilizar a manutenção da atividade econômica, configurando o
perigo da demora no pedido.
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Quanto a competência para decidir sobre a permanência dos arrestos praticados, verifica-se que a
decisão acostada na movimentação 64, houve o reconhecimento deste juízo para definir sobre a liberação dos
bens arrestados, além de resolver as medidas urgentes.
Embora não haja plano de recuperação judicial aprovado pelos credores, é possível constatar, que a
atividade empresarial do recuperando gravita em torno da comercialização de grãos, sendo cediço que para o
desenvolvimento empresarial é necessário uma concatenação de vários elementos, vez que o nível de
especialidade e complexidade da atividade explorada carece de toda uma cadeia de serviços, que vão desde o
planejamento/arrendamento das terras/compra de suprimentos, até a efetiva colheita do produto, portanto,
evidente a necessidade de investimento de valores.
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representados por Cédula de Produto Rural emitida em data anterior ao ajuizamento do pedido de recuperação
judicial se submetem aos efeitos do favor legal.
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a serem determinados pelo Juízo da recuperação judicial, a quem compete, também, deliberar sobre
eventual pedido, por parte dos recuperandos, de alienação dos bens, objeto de garantia, para dar
continuidade às suas atividades ou para dar consecução aos termos do Plano de recuperação
judicial a ser submetido à Assembleia Geral Credores. 6. Recurso especial provido. (REsp
1867694/MT, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em
06/10/2020, DJe 15/10/2020).
Dessa forma, entendo que os valores atualmente retidos e depositados em juízo pela OLVEGO, no
montante de R$ 1.300.441,70 (um milhão, trezentos mil, quatrocentos e quarenta e um reais e setenta
centavos) são essenciais para a manutenção das atividades das recuperandas.
Ressalto que eventual prolongamento da situação narrada, ocasionará maiores prejuízos, eis que
conforme dito acima, a imposição de óbices dessa comercialização do grão já produzido, onera o
desenvolvimento empresarial, e, consequentemente, desaguará na morte prematura da empresa, vez que
tolhidas toda e qualquer chance de operacionalização de eventual plano de recuperação judicial, nas condições
ora narradas.
Sendo assim, DEFIRO o levantamento dos valores depositados em juízo pela OLVEGO, total de R$
1.300.441,70 (um milhão, trezentos mil, quatrocentos e quarenta e um reais e setenta centavos), em favor das
Recuperandas, para que estes sejam utilizados especificamente na cobertura das despesas imediatas
detalhadas na movimentação 101, sem prejuízo de futura prestação de contas.
Intime-se. Cumpra-se.
( i ) — Nos moldes do artigo 136, do Código de Normas e Procedimentos do Foro Judicial da Corregedoria-Geral da
Justiça do Estado de Goiás — CGJGO, a cópia deste ato judicial servirá como mandado de citação, intimação, ofício, alvará
judicial e, inclusive, carta precatória.
Juiz de Direito
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