02 P5024 Decisão Agravada

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ANO XVII - EDIÇÃO Nº 3937 Suplemento - SEÇÃO III - B Disponibilização: quarta-feira, 24/04/2024 Publicação: quinta-feira, 25/04/2024

INTIMAÇÃO EFETIVADA REF. À MOV. Decisão -> Não Acolhimento de Embargos de


Declaração - Data da Movimentação 23/04/2024 19:29:36

LOCAL : SILVÂNIA - VARA CÍVEL


NR.PROCESSO : 5159198-78.2024.8.09.0144
CLASSE PROCESSUAL : PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO -> Processo de Conhecimento ->
Procedimento de Conhecimento -> Procedimentos Especiais -> Procedimentos Regidos
por Outros Códigos, Leis Esparsas e Regimentos -> Recuperação Judicial
POLO ATIVO : ANTÔNIO RODRIGUES DE MORAIS
POLO PASSIVO : ANTÔNIO RODRIGUES DE MORAIS
SEGREDO JUSTIÇA : NÃO

PARTE INTIMADA : ANTÔNIO RODRIGUES DE MORAIS


ADVGS. PARTE : 49077 GO - ISABELLA DA COSTA NUNES
146360 SP - CARLOS ROBERTO DENESZCZUK ANTONIO

PARTE INTIMADA : CONCEICAO APARECIDA DOS SANTOS MORAIS


ADVGS. PARTE : 49077 GO - ISABELLA DA COSTA NUNES
146360 SP - CARLOS ROBERTO DENESZCZUK ANTONIO

PARTE INTIMADA : VONALDO ANTONIO DE MORAIS


ADVGS. PARTE : 49077 GO - ISABELLA DA COSTA NUNES
146360 SP - CARLOS ROBERTO DENESZCZUK ANTONIO

PARTE INTIMADA : KENIA MONICA DOS SANTOS MORAIS


ADVGS. PARTE : 49077 GO - ISABELLA DA COSTA NUNES
146360 SP - CARLOS ROBERTO DENESZCZUK ANTONIO

PARTE INTIMADA : MARCIO ANTONIO DE MORAIS


ADVGS. PARTE : 49077 GO - ISABELLA DA COSTA NUNES
146360 SP - CARLOS ROBERTO DENESZCZUK ANTONIO

PARTE INTIMADA : ELICACIA MARIA DA SILVA MORAIS


ADVGS. PARTE : 146360 SP - CARLOS ROBERTO DENESZCZUK ANTONIO
49077 GO - ISABELLA DA COSTA NUNES

PARTE INTIMADA : VANDERLEI ANTONIO DE MORAIS


ADVGS. PARTE : 49077 GO - ISABELLA DA COSTA NUNES
146360 SP - CARLOS ROBERTO DENESZCZUK ANTONIO

PARTE INTIMADA : MARCIA REGINA CEMBRANEL


ADVGS. PARTE : 49077 GO - ISABELLA DA COSTA NUNES
146360 SP - CARLOS ROBERTO DENESZCZUK ANTONIO

PARTE INTIMADA : ANA LUIZA SILVA MORAIS


ADVGS. PARTE : 49077 GO - ISABELLA DA COSTA NUNES

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146360 SP - CARLOS ROBERTO DENESZCZUK ANTONIO

PARTE INTIMADA : MARCYELE NATANE DA SILVA MORAIS


ADVGS. PARTE : 49077 GO - ISABELLA DA COSTA NUNES
146360 SP - CARLOS ROBERTO DENESZCZUK ANTONIO

PARTE INTIMADA : PEDRO PAULO MORAIS


ADVGS. PARTE : 49077 GO - ISABELLA DA COSTA NUNES
146360 SP - CARLOS ROBERTO DENESZCZUK ANTONIO

- VIDE ABAIXO O(S) ARQUIVO(S) DA INTIMAÇÃO.

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ANO XVII - EDIÇÃO Nº 3937 Suplemento - SEÇÃO III - B Disponibilização: quarta-feira, 24/04/2024 Publicação: quinta-feira, 25/04/2024

NR.PROCESSO: 5159198-78.2024.8.09.0144
PODER JUDICIÁRIO
Tribunal de Justiça do Estado de Goiás
Comarca de Silvânia
Edifício do Fórum Homero Machado Coelho
Avenida Dom Bosco, Qd. 13, Lt. 10/22, Parque Residencial Anchieta, Silvânia–GO, CEP 75.180-000
Telefone (62) 3332-1226 - E-mail: [email protected].

Autos nº: 5159198-78.2024.8.09.0144


Polo Ativo: ANTÔNIO RODRIGUES DE MORAIS
Polo Passivo: ANTÔNIO RODRIGUES DE MORAIS
Serventia: Silvânia - Vara Cível

DECISÃO
Trata-se de pedido de recuperação judicial formulado por Antônio Rodrigues de Morais,
Conceição Aparecida dos Santos Morais, Vonaldo Antônio de Morais, Kênia Mônica dos Santos Morais,
Márcio Antônio de Morais, Elicácia Maria da Silva Morais, Vanderlei Antônio de Morais, Marcia Regina
Cembranel, Ana Luiza Silva Morais, Marcyele Natane da Silva Morais e Pedro Paulo Morais, todos
qualificados e componentes do “Família Morais”, com arrimo nos artigos 47 e seguintes da Lei nº 11.101/2005.

Inicial instruída com documentos (mov. 01).

Deferimento do processamento da recuperação judicial (mov. 05).

Movimentação de n. 24, certificou que procedeu com o encaminhamento, via e-mail, do Ofício nº
207/2024 para a Junta Comercial e do Ofício 208/2024 para a Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil
do Ministério da Economia.

Embargos de Declaração pelos requerentes (movimentação de n. 25), arguindo existência de erro


na premissa adotada pelo juízo, pugnam pelo reconhecimento da competência deste juízo para tratar da
essencialidade dos bens.

Sobreveio manifestação da União (Fazenda Nacional) (movimentação de n. 26), representada por


seu Procurador da Fazenda Nacional. Ressalta que os produtores rurais, Vonaldo Antônio de Morais, Márcio
Antônio de Morais e Pedro Paulo Morais, possuem débitos fiscais com a União, totalizando R$ 369.632,32.
Destaca a necessidade de que os recuperandos regularizem seu passivo fiscal para viabilizar a homologação
do plano de recuperação judicial.

Termo de compromisso assinado pelo administrador judicial (mov. 39).

Ato contínuo, este juízo, ao analisar os autos, reconheceu a admissibilidade do recurso de


embargos, conforme consta da decisão proferida em movimentação de n. 40. Consequentemente, o juízo
acolheu os embargos para retificar a decisão anterior, reconhecendo a essencialidade dos bens listados, que
incluem maquinário e diversos imóveis rurais, e garantindo assim a continuidade das atividades da empresa em
recuperação.

Após, os recuperandos relatam a prática de um ARRESTO por parte do credor Araguaia S.A,
movimentação de n. 56. Requerem que este juízo recuperacional que se declare competente para todas as
questões relacionadas à destinação do patrimônio dos Recuperandos e sobre a natureza dos créditos em

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NR.PROCESSO: 5159198-78.2024.8.09.0144
discussão. Também pedem a suspensão imediata dos atos constritivos realizados pelo credor Araguaia e, caso
já tenham ocorrido, a devolução dos grãos já arrestados.

Ato contínuo, em movimentação de n. 58, foi protocolado petitório pela ARAGUAIA S.A., já
qualificada neste processo, onde a mesma requer o chamamento do feito à ordem, alegando falta de boa-fé das
recuperandss, que teriam deturpado e omitido a verdade dos fatos.

Após, sobreveio manifestação de Alex Silva Administração e Consultoria Ltda., administrador-judicial


nomeado, em movimentação de n. 59. O administrador apresenta uma síntese do caso e verifica a
documentação anexada pelas recuperandas, analisando a conformidade com os requisitos legais para o
processamento da recuperação judicial, bem como, solicita a complementação de documentos faltantes e
destaca algumas inconsistências na documentação apresentada, solicitando medidas corretivas para
prosseguir adequadamente com o processo de recuperação judicial.

Ato contínuo, os requerentes, em movimentação de n. 60, insurgem-se contra atos praticados pelo
credor Araguaia S.A, que, segundo eles, comprometem o processo de recuperação ao realizar atos
expropriatórios de forma indevida, oportunidade em que solicitam que se reconheça a competência exclusiva do
juízo recuperacional para deliberar sobre quaisquer atos de constrição que afetem os seus bens.

Em seguida, em movimentação de n. 61, foi juntado petitório por ALEX SILVA ADMINISTRAÇÃO E
CONSULTORIA LTDA, na ocasião, opina sobre os recentes desenvolvimentos processuais, especialmente em
relação aos requerimentos de urgência apresentados pelas recuperandas nos eventos de nº 56 e 60.

Ademais, em movimentação de n. 62, a empresa ARAGUAIA S.A., já qualificada, em homenagem


ao princípio da cooperação noticiar que as recuperandas interpuseram recurso de Agravo de Instrumento contra
a decisão proferida pelo Juízo da 2ª Vara Cível de Anápolis/GO que determinou o sequestro dos grãos e
reconheceu o crédito desta credora como Extraconcursal.

Desta feita, proferiu-se decisão judicial em movimentação de n. 64, na qual argumentou-se que a
cédula de produto rural representativa de operação de troca por insumos (barter) não está sujeita aos efeitos da
recuperação judicial, conforme o art. 11 da Lei 8.929/94. A Lei nº 8.427/92, modificada pela Lei nº 13.986/2020,
também foi mencionada, ressaltando que a Cédula de Produto Rural (CPR) pode adotar qualquer garantia
legalmente prevista.

Ademais, a decisão impôs a suspensão dos atos constritivos pretendidos pelo credor Araguaia Ltda,
reconhecendo a competência do juízo da recuperação judicial para gerir tais situações, visando preservar a
viabilidade da reestruturação empresarial das recuperandas. Foi determinado que quaisquer grãos já constritos
sejam devolvidos e solicitou-se as recuperandas que apresentem documentos requeridos pelo administrador
judicial.

Procedeu-se com a expedição de ofício à 2ª Vara Cível da Comarca de Anápolis – GO para


suspensão do processo de execução nº 5195756-75.2024.8.09.0006 (movimentação de n. 76).

Ato contínuo (movimentação de n. 77), foi juntado petitório pela Bayer S/A, na qualidade de credora,
solicita, dentre outros, seja autorizada a juntada aos autos de um instrumento particular de mandato e de uma
cópia do estatuto social.

Em movimentação de n 78, foi juntado ofício comunicatório, o qual teve origem no Agravo de
Instrumento interposto por ARAGUAIA S/A em face de decisão proferida por este juízo, nestes autos.

O relator, em cognição inicial, observou a relevância dos fundamentos da agravante para uma
concessão parcial da tutela, notadamente pela expressa exclusão de tais créditos dos efeitos da recuperação
judicial e a não essencialidade do produto para a continuidade das atividades empresariais dos agravados.

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NR.PROCESSO: 5159198-78.2024.8.09.0144
Entretanto, ressaltou que os atos de constrição ou alienação ainda precisariam ser submetidos à
análise do Juízo Recuperacional para averiguação da essencialidade e impacto no fluxo de caixa da
recuperanda.

Diante dos expostos, o relator deferiu parcialmente a tutela recursal, permitindo o prosseguimento
da ação de execução, mas com a ressalva de que o Juízo da Execução submeta qualquer ato constritivo ao
crivo do Juízo Recuperacional. Foi determinada a intimação da parte agravada para resposta e o juiz a quo foi
cientificado da decisão.

Ademais, em movimentação de n. 79, destaca-se a juntada de petitório pela empresa MOSAIC


FERTILIZANTES DO BRASIL LTDA., requer a juntada de instrumentos procuratórios que habilitam o advogado
a representar a referida empresa em todos os atos processuais pertinentes à recuperação judicial.

Em movimentação de n. 80, o Banco Rabobank International Brasil S.A., qualificado como instituição
financeira privada, com sede em São Paulo - SP, opôs Embargos de Declaração contra a decisão que deferiu o
processamento da recuperação judicial dos integrantes do "Grupo Morais", compostos por Antônio Rodrigues
de Morais, Conceição Aparecida dos Santos Morais, Vonaldo Antônio de Morais, Kênia Mônica dos Santos
Morais, Márcia Regina Cembranel, Vanderlei Antônio de Morais e outros.

Os embargos foram apresentados sob a alegação de omissão por parte deste Juízo ao não apreciar
todos os requisitos de admissibilidade do pedido de recuperação judicial dos produtores rurais pessoas
naturais, conforme estipulado pela Lei nº 14.112/2020 e pela Lei nº 11.101/2005. Alega-se especificamente a
falta de apresentação de documentos necessários para o deferimento do processamento da recuperação
judicial, como o Livro Caixa Digital do Produtor Rural (LCDPR) e o balanço patrimonial, em desacordo com os
artigos 48 e 51 da Lei de Recuperação Judicial e Falência.

Segundo os fatos relatados, as Recuperandas ajuizaram o pedido de recuperação judicial em 07 de


março de 2024, declarando crise de liquidez iniciada na safra de 2014/2015 devido a fatores adversos, como
estiagem e prejuízos subsequentes, incluindo o arresto de produtos e perdas de equipamentos agrícolas. Em
resposta, este Juízo deferiu o processamento da recuperação judicial em 13 de março de 2024, após
considerar cumpridos os requisitos legais para tal.

Entretanto, o Embargante, Banco Rabobank, contesta a suficiência da documentação apresentada


pelos devedores, indicando que a falta de comprovação adequada das condições de exercício da atividade rural
e da crise financeira alegada pelas Recuperandas compromete a legalidade e a legitimidade do processamento
da recuperação judicial. Em especial, aponta-se que Antônio, Vonaldo e Vanderlei não apresentaram
comprovantes de entrega dos LCDPRs à Receita Federal, enquanto Márcia Regina, Conceição e Kênia não
demonstraram exercer atividade rural de forma regular.

O Embargante solicita, portanto, que os embargos sejam providos com efeitos infringentes para
reformar a decisão que deferiu o processamento da recuperação judicial e determinar a apresentação dos
documentos faltantes ou, alternativamente, indeferir o processamento da recuperação judicial para os
mencionados devedores.

Fora expedido edital por este juízo em movimentação de n. 81.

Em movimentação de n. 82 a serventia certificou que remeteu cópia da decisão que deferiu o


processamento da recuperação judicial para a Corregedoria-Geral de Justiça, conforme determinação contida
no movimento nº 5.

Ademais, a serventia, em movimentação de n. 83, emitiu ato ordinatório intimando a parte autora,
por seu advogado, para, no prazo de 5 (cinco) dias, proceder ao recolhimento da guia de custa necessárias à
publicação do Edital.

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NR.PROCESSO: 5159198-78.2024.8.09.0144
Manifestação apresentada pelas Recuperandas, por meio de seus procuradores (movimentação de
n. 95). Em síntese, os Requerentes relatam a grave crise econômico-financeira que motivou o pedido de
Recuperação Judicial em 07/03/2024, deferido em 15/03/2024, conforme documentação que atende aos
requisitos dos artigos 48 e 51 da Lei nº 11.101/05.

Com a deflagração do processo, emergiram discussões adicionais, incluindo tentativas de sequestro


de bens por parte da Credora Araguaia, já notificadas a este juízo. Este Tribunal de Justiça de Goiás, por meio
de decisão monocrática no Agravo de Instrumento nº 5250843-87.2024.8.09.0144, reconheceu a possibilidade
de continuação do sequestro e a necessidade de decisão deste Juízo quanto à destinação da soja sequestrada.

Os Recuperandos informam sobre a execução do sequestro em 08/04/2024 e a consequente


retenção de 100.000 kg de soja, equivalente a 1.666 sacas. Ressaltam a importância desses bens para a
manutenção das atividades e cumprimento das obrigações junto aos credores, destacando que o crédito
perseguido pela Credora Araguaia está submetido ao concurso de credores, conforme Edital do artigo 52 da Lei
nº 11.101/05.

Ademais, reportam dificuldades adicionais relacionadas à negativa de prestação de serviços de


energia elétrica pelo Credor Equatorial, essencial para a colheita e plantio. Esta situação foi comunicada
mediante notificação extrajudicial, sem resposta satisfatória, reforçando a necessidade de intervenção deste
Juízo para garantir a continuidade das atividades empresariais das Recuperandas.

Em face do exposto, as Recuperandas solicitam a este Juízo: (i) a destinação dos valores obtidos
pela alienação da soja sequestrada diretamente a eles, como medida de preservação da atividade empresarial,
nos moldes dos artigos 6º, III, e 47 da Lei nº 11.101/05; e (ii) a ordem de reativação dos serviços de energia
elétrica, reiterando o impedimento legal ao pagamento dos créditos que compõem o concurso de credores e a
urgência da medida para o soerguimento do grupo.

Em seguida (mov.96) a empresa PETRODIESEL TRR LTDA, solicita a juntada dos instrumentos
procuratórios para todos os fins de direito, evidenciando sua intenção de participar ativamente no processo
como credora.

Em movimentação de n. 97 foi juntado ofício comunicatório referente ao Agravo de Instrumento, com


pedido de efeito suspensivo, interposto pelo Banco John Deere S/A, em face da decisão proferida por este juízo
nestes autos. O recurso busca a reforma da decisão que deferiu o processamento da recuperação judicial dos
agravados, bem como dos embargos declaratórios que reconheceram a essencialidade de determinados bens
para a preservação das atividades empresariais dos recuperandos.

Em sede de liminar, o banco requereu a suspensão do deferimento da recuperação judicial e que o


Administrador Judicial apresente relatório detalhado das condições operacionais e de patrimônio das
recuperandas, visando verificar a real necessidade dos bens para a continuidade das atividades durante o
período de blindagem. No mérito, pleiteia o provimento do recurso para revogar a decisão atacada, sustentando
que não estão presentes os requisitos para a concessão de tutela antecipada, especialmente no que tange à
probabilidade de provimento do recurso.

Consta da decisão que, após análise dos autos e das razões recursais, verifica-se, preliminarmente,
a regularidade da documentação apresentada pelos agravados para a recuperação judicial, conforme
disposição legal e precedentes jurisprudenciais. Quanto à essencialidade dos bens contestados, entende-se
que tal análise cabe ao juízo da recuperação judicial, que já se manifestou favoravelmente à sua necessidade
para o plano de recuperação.

Deste modo, os argumentos apresentados pelo agravante não se mostraram suficientes para
justificar a alteração da decisão agravada em sede liminar, resultando no indeferimento do pedido de tutela
antecipada recursal.

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NR.PROCESSO: 5159198-78.2024.8.09.0144
Na movimentação de n. 98, as recuperandas informam que todos os documentos solicitados no item
(ii) foram devidamente anexados aos autos. No entanto, encontram-se temporariamente incapazes de fornecer
os endereços eletrônicos de alguns credores, especialmente aqueles que são pessoas físicas de menor porte e
que não possuem endereço eletrônico para contato. Este fato é justificado pela dificuldade em acessar essas
informações, apesar dos esforços contínuos das Recuperandas, que incluem tentativas de comunicação tanto
presencial quanto telefônica.

Finalmente, comprometem-se a continuar os esforços para obter os endereços eletrônicos faltantes


e asseguram que, uma vez obtidos, os mesmos serão prontamente encaminhados ao Administrador Judicial.

Por fim, juntou-se ao feito em movimentação de n. 99, ofício comunicatório, referente aos Embargos
de Declaração opostos por Vonaldo Antônio de Morais e outros contra decisão monocrática proferida em
Agravo de Instrumento, sob relatoria da Desembargadora Mônica Cezar Moreno Senhorelo, referente ao
processo nº 5250843-87.2024.8.09.0144, na 5ª Câmara Cível, Comarca de Silvânia.

Após análise, verificou-se que não há omissão, contradição, obscuridade ou erro material que
justifique a modificação da decisão monocrática, a qual se fundamentou adequadamente na legislação vigente
que regula a matéria. A decisão rejeitou os embargos, mantendo a classificação do crédito como extraconcursal
e permitindo o prosseguimento da ação de execução, conforme precedentes deste Sodalício que reconhecem a
não sujeição dos créditos vinculados à CPR aos efeitos da recuperação judicial.

Portanto, os embargos foram conhecidos, mas não acolhidos, mantendo-se integralmente a decisão
impugnada, aguardando-se o prazo para apresentação de contrarrazões.

Em seguida (mov.101) as recuperandas informam que dia 09/04, há uma semana, fora promovido o
sequestro de 768.875,00 (setecentos e sessenta e oito mil e oitocentos e setenta e cinco) quilos de soja em
grão junto ao Armazém da empresa OLVEGO, onde estava depositada soja do Grupo Morais, conforme
autorizado e determinado pelo Juízo da 2ª Vara Cível da Comarca de Anápolis –

GO, nos autos da Execução de Título Extrajudicial autuada sob o nº 5195756-75.2024.8.09.0006.

Narra que houve depósito no valor de R$ 1.300.441,70 (um milhão, trezentos mil, quatrocentos e
quarenta e um reais e setenta centavos) nos autos de execução, referente aos grãos sequestrados. Pugna pelo
levantamento de tais valores para a devida manutenção das atividades.

Proferida decisão, movimentação 102, determinando a intimação das recuperandas para apresentar
impugnação.

A empresa Equatorial Goiás Distribuidora de Energia S.A., mov. 115, solicita a juntada dos
documentos de habilitação.

Requer que todas as publicações pertinentes ao feito sejam realizadas, exclusivamente, em nome
de seu patrono Larissa Margarida Lima Matos Oab/GO nº 70.288-A sob pena de nulidade (artigo 272, § 2º,
CPC).

Certificado, mov. 120, a tempestividade dos embargos de declaração opostos na movimentação 80.

Os recuperando, por meio por intermédio de seus procuradores, impugnou os embargos de


declaração de mov. 80. Arguiu, preliminarmente inadequação da via eleita, haja vista a impossibilidade de
rediscussão meritória por meio de Embargos Declaratórios. Defendem a integralidade dos documentos dos
produtores rurais Antônio, Vonaldo e Vanderlei, bem como, a efetiva comprovação do exercício da atividade
rural. Quanto as Recuperandas Márcia, Conceição e Kênia, argumenta que a inexistência de Livro Caixa se dá
pela qualificação de dependente destas perante os Produtores Rurais Vanderlei, Antônio e Vonaldo, perante a
Receita Federal e por serem casadas com tais produtores sob o regime da comunhão parcial de bens.

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NR.PROCESSO: 5159198-78.2024.8.09.0144
Discorre sobre a crise econômico-financeira vivenciada pelos recuperando. Ao final requer não
sejam conhecidos os Embargos de Declaração opostos pelo RABOBAN. No mérito, requer sejam integralmente
improvidos, movimentação 134.

Seguinte, o administrador judicial (mov. 137) informou que as recuperandas apresentaram os atos
constitutivos das pessoas jurídicas na movimentação 98. Entende que a documentação está completa.

Quanto a manifestação das recuperandas nas movimentações 95 e 101, referente as sacas de soja
arrestada, ressaltou que “o credor Araguaia S.A está ferindo princípio da coletividade dos credores, haja vista
que está tentando por meio diverso, o recebimentos do seu crédito em prejuízo aos demais credores, que é
completamente vedado pela legislação de regência”.

Destaca que os valores solicitados para disponibilização às recuperandas são essenciais para a
manutenção das suas atividades e prosseguimento do seu soerguimento.

Assim, opina que tais valores sejam disponibilizados em conta judicial, disponibilizados às
recuperandas, sem prejuízo de prestação de contas a ser realizada da destinação dos valores.

Em relação ao pedido de restabelecimento do fornecimento de energia elétrica, entende que o


credor não pode interromper o fornecimento de energia elétrica por débitos anteriores ao pedido de
recuperação judicial, devendo as recuperandas realizar o pagamento do consumo realizado após o ajuizamento
da recuperação.

No que se refere o embargos de declaração opostos na movimentação 80 pelo credor Banco


RaboBank, destaca que todos os produtores rurais atuam conjuntamente no mercado, através das transações
verificadas. Ao final, opina pela rejeição dos embargos de declaração opostos.

Ato contínuo, na movimentação 138, o administrador-judicial informa que o edital foi devidamente
publicado no DJE nº 3.934, em 22 de abril de 2024.

Veio o processo concluso.

É o relatório. Decido.

Inicialmente, passo a pronunciar-me a respeito dos embargos de declaração opostos em mov. 80.

Assim, recebo o recurso frente a sua tempestividade.

O Código de Processo Civil traz hipóteses taxativas de cabimento dos embargos de declaração,
vejamos:

"Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para:

I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;

II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a
requerimento;

III - corrigir erro material".

Com efeito, cabem Embargos de Declaração quando se verificar a existência de contradição,


obscuridade, erro material ou quando o julgador omitir a apreciação de questão sobre a qual deveria se
pronunciar.

A finalidade precípua do remédio é garantir a harmonia lógica, a inteireza e a clareza da decisão

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ANO XVII - EDIÇÃO Nº 3937 Suplemento - SEÇÃO III - B Disponibilização: quarta-feira, 24/04/2024 Publicação: quinta-feira, 25/04/2024

NR.PROCESSO: 5159198-78.2024.8.09.0144
proferida eliminando óbices à compreensão do texto.

Neste sentido a jurisprudência do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Goiás:

"EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.


CONCESSÃO DE TUTELA DE URGÊNCIA. REQUISITOS. PRESENTES. LIVRE CONVENCIMENTO
MOTIVADO. PRAZOS E FIXAÇÃO DE MULTA RAZOÁVEIS. DA AUSÊNCIA DE VÍCIOS. AUSÊNCIA
DE OMISSÃO. 1. Os embargos de declaração são uma espécie de recurso integrativo e elucidativo,
voltado para sanar eventual omissão, obscuridade ou contradição existente nas decisões judiciais,
conforme depreende-se do art. 1.022 e incisos, do Código de Processo Civil. 2. A regra dos 1º, § 3º
da Lei 8.437/92 c/c artigo 9.494/97, deve ser flexibilizada quando os bens jurídicos a serem tutelados
forem mais preciosos que a proteção ao erário, como no caso dos autos de comprovação de
degradação do meio ambiente, com risco à saúde da população local 3. O valor da multa cominatória
deve ser suficiente para constranger o requerido a cumprir a providência determinada pelo Poder
Judiciário, de forma que a incidência da multa não seja mais vantajosa para este do que a realização
das despesas necessárias ao cumprimento da obrigação imposta. Ademais, a multa cominatória pode
ser modificada no curso do processo, de ofício ou a requerimento do interessado, consoante o
disposto no art. 537, §1º, do CPC, como o fez o magistrado que suspendeu a exigibilidade da mesma.
4. Ausentes no decisum embargado quaisquer dos vícios elencados no art. 1.022, CPC/15, devem ser
rejeitados os aclaratórios, posto que não se prezam para a rediscussão da matéria já julgada no
recurso. 4. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CONHECIDOS E DESPROVIDOS". (TJGO, Agravo de
Instrumento (CPC) 5315026-58.2017.8.09.0000, Rel. GUILHERME GUTEMBERG ISAC PINTO, 5ª
Câmara Cível, julgado em 07/02/2019, DJe de 07/02/2019) (Grifei).

A decisão proferida na movimentação 42 a qual ocasionou a interposição do presente recurso, não


apresenta nenhuma omissão, obscuridade, contradição ou erro material, uma vez que a referida decisão é
clara, não comportando, nenhum reparo.

Ademais, a recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise
econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos
trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social
e o estímulo à atividade econômica (art. 47, Lei nº 11.101/2005).

O pedido, após o cumprimento das determinações do administrador judicial, atende aos requisitos
do art. 51 da Lei nº 11.101/2005. Além disso, não compete ao magistrado imiscuir-se na saúde financeira da
devedora, se está ou não em crise econômico-financeira como alega (art. 51-A, § 5º, da Lei nº 11.101/2005),
mesmo porque se trata de competência dos credores, que decidirão em Assembleia Geral.

Ressalto que a recuperanda apresentou a documentação exigida pela norma processual,


notadamente, a inscrição perante a Junta Comercial antes de ingressarem com o pedido de recuperação
judicial (mov. 01, arq. 27 dos autos originários), bem como as declarações de IRPF e os respectivos livros-caixa
(mov. 01, arquivo 122).

A propósito, a jurisprudência deste Sodalício:

“EMENTA: RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO SECUNDUM EVENTUM LITIS.


AÇÃO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL. PRODUTOR RURAL. REQUISITOS PARA O
PROCESSAMENTO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL. EXERCÍCIO PROFISSIONAL DA ATIVIDADE
RURAL HÁ PELO MENOS DOIS ANOS. INSCRIÇÃO DO PRODUTOR RURAL NA JUNTA
COMERCIAL NO MOMENTO DO PEDIDO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL. PRECEDENTES DO STJ.
(...). 2. A Lei n.º 11.101/2005 estabelece os critérios formais para se deferir o processamento do
pedido recuperatório,, especificamente no artigo 48, relativamente à aprovação do requerimento de
recuperação judicial pelo produtor rural. 3. O entendimento pacificado no STJ é no sentido de que ao

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produtor rural que exerça sua atividade de forma empresarial há mais de dois anos é facultado
requerer a recuperação judicial, desde que esteja inscrito na Junta Comercial no momento em que
formalizar o pedido recuperacional, independentemente do tempo de seu registro. (Tema 1145) 4.
Apresentados os documentos exigidos no §3º, do art. 48, da Lei 11.101/05, restam preenchidos os
requisitos legais para comprovação do período de exercício de atividade rural por pessoa física.
RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.” (TJGO, Agravo de
Instrumento 5559199-53.2023.8.09.0040, Rel. Des(a). DESEMBARGADOR ANDERSON MÁXIMO DE
HOLANDA, 10ª Câmara Cível, julgado em 30/10/2023, DJe de 30/10/2023) (g.)

De mais a mais, denoto que o objetivo principal do presente recurso é rediscutir a matéria,
objetivando modificar o Julgado, o que é incabível a teor do artigo 1.022, inciso I, do Código de Processo Civil,
mas que enseja recurso próprio admitido na lei processual.

Nesse sentido:

"EMBARGOS DECLARATÓRIOS EM APELAÇÃO CÍVEL. IMPUGNAÇÃO AO BENEFÍCIO DA


ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA. ÔNUS DA PROVA DO IMPUGNANTE. NÃO COMPROVAÇÃO.
OMISSÃO. AUSÊNCIA. REDISCUSSÃO DA MATÉRIA. 1 – Constatado que a
embargante/impugnante não conseguiu comprovar a atual situação econômica do embargado ou o
desaparecimento dos requisitos essenciais ao deferimento da assistência judiciária gratuita, mantém-
se a concessão do benefício, acolhendo-se os embargos neste parte, porém, sem dar-lhe efeito
modificativo. 2. Os embargos declaratórios restringem-se a complementar a decisão embargada, não
servindo para reexaminar matérias já analisadas e rejeitadas pelo acórdão, nem para impor ao
julgador renovar ou reforçar a fundamentação do decisório. 3. Não ocorrendo as hipóteses previstas
no artigo 1.022, do Novo Código de Processo Civil e, tampouco, erro material no julgado, a rejeição
dos embargos de declaração opostos é medida imperativa, máxime quando restar configurado que a
parte embargante almeja somente a rediscussão da matéria exposta no acórdão recorrido, face ao
seu inconformismo com a tese jurídica adotada. EMBARGOS DECLARATÓRIOS ACOLHIDOS EM
PARTE, SEM EFEITO INFRINGENTE.' (TJGO, APELACAO 0182385-47.2015.8.09.0006, Rel. JEOVA
SARDINHA DE MORAES, 6ª Câmara Cível, julgado em 07/02/2019, DJe de 07/02/2019).

Leciona Santos:

Os embargos declaratórios não são aptos a alterar a sentença ou o acórdão. (ERNANI FIDELIS DOS
SANTOS, in ‘Manual de Direito Processual Civil’, 15ª ed, p. 787).

Ademais, os embargos de declaração constituem recurso de rígidos contornos processuais,


consoante disciplina o artigo 1022 do Código de Processo Civil, exigindo-se, para seu acolhimento, que estejam
presentes os pressupostos legais de cabimento, situação não vislumbrada na hipótese dos autos.

Assim, com esteio nesse arcabouço doutrinário e jurisprudencial, é forçoso concluir que os
presentes embargos devem ser rejeitados.

Assim, conheço dos embargos de mov. 80, eis que tempestivos, porém REJEITO-OS, nos termos
da fundamentação.

Passo a análise das manifestações das recuperandas acostadas nas movimentações 95 e 101.

Da suspensão do fornecimento de energia elétrica

Em síntese, as recuperandas esclareceram que a EQUATORIAL procedeu o corte do fornecimento


de energia elétrica, mesmo sendo o débito oriundo de data anterior ao pedido de recuperação judicial e estando
arrolado na lista geral de credores.

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Assim, a parte autora busca decisão judicial para proceder regularmente com suas atividades, seja
em relação à determinação de que a Enel Distribuição se abstenha de interromper o fornecimento de energia
elétrica, em decorrência de faturas inadimplidas.

É cediço que o fornecimento de energia elétrica é serviço de natureza essencial, pelo que as
concessionárias são obrigadas a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e no caso de essenciais,
contínuos.

A Lei n. 8.987/95, que regulamenta o regime de concessão e permissão de prestação de serviço


público, dispõe em seu art. 6º e seus parágrafos, ipsis literis:

“Art. 6º Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado ao pleno


atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no respectivo
contrato.

§ 1º Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência,


segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas.

§ 2º A atualidade compreende a modernidade das técnicas, do equipamento e das instalações e a


sua conservação, bem como a melhoria e expansão do serviço.

§ 3º Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de


emergência ou após prévio aviso, quando:

I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e, II - por


inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade”.

À vista disso, tem-se que a prestação de serviço de energia constitui serviço essencial e contínuo.
Na presente hipótese, além desses mencionados atributos, vislumbro ser um serviço de interesse de todos
aqueles que, de alguma forma, dependem da atividade econômica exercida pela empresa em recuperação,
mostrando-se necessário para preservação da empresa em seu pleno funcionamento.

A propósito, colaciono o entendimento desta Corte de Justiça goiana:

“Agravo de Instrumento. Recuperação judicial. Requisitos do artigo 300, do CPC. I. A tutela de


urgência será concedida se observados, concomitantemente, os requisitos do artigo 300, caput, do
Código de Processo Civil, quais sejam, a probabilidade do direito e o perigo de dano ou risco ao
resultado útil do processo. II. Interrupção no fornecimento de energia elétrica. Possibilidade.
Sociedades empresárias em recuperação judicial. Diferenciação entre débitos anteriores à
recuperação e aqueles posteriores ao pedido. Em se tratando de fornecimento de energia elétrica,
o momento da formação do crédito deve ser considerado quando da ‘medição’ do montante
devido pelo usuário, com consequente emissão da fatura. In casu, os créditos sujeitos ao
regime especial da recuperação judicial são, tão somente, aqueles referentes às faturas
vencidas anteriormente ao pedido de recuperação, os quais, acertadamente, não autorizam a
suspensão ou interrupção do fornecimento de energia elétrica, em observância ao aludido
princípio da preservação da empresa. Entretanto, tratando-se de serviço prestado durante o
processo recuperacional, é permitida a suspensão em razão da inadimplência, nos termos do art. 172,
inciso I, da Resolução nº 414/2010 da ANEEL, o que não se altera nem pela alegação de
essencialidade do serviço e nem pela situação de recuperação judicial da devedora. Agravo de
instrumento conhecido e provido em parte”. (TJGO, Agravo de Instrumento (CPC) 5159052-
57.2019.8.09.0000, Rel. CARLOS ALBERTO FRANÇA, 2ª Câmara Cível, julgado em 03/06/2019, DJe
de 03/06/2019) [grifo para fins de destaque].

“AÇÃO DECLARATÓRIA DE INDÉBITO. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. PROCESSO

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ADMINISTRATIVO. APURAÇÃO IRREGULARIDADE NA MEDIÇÃO. INSURGÊNCIA CONTRA A
FISCALIZAÇÃO EFETUADA PELA CONCESSIONÁRIA. LEGALIDADE DOS DÉBITOS. TUTELA DE
URGÊNCIA DEFERIDA NA ORIGEM. VEDAÇÃO DE SUSPENSÃO DO FORNECIMENTO DE
ENERGIA ELÉTRICA POR INADIMPLEMENTO. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL.
APLICAÇÃO MULTA DIÁRIA EM CASO DE DESCUMPRIMENTO. PRINCÍPIO DA
PROPORCIONALIDADE. REDUÇÃO DO VALOR DA MULTA. DECISÃO PARCIALMENTE
REFORMADA. (...). II. Por ocasião do ajuizamento do pedido de recuperação judicial e para fins do
corte de energia, não se pode ter como inadimplente contumaz aquela consumidora que se encontra
em gozo do dito benefício legal. Do contrário, irremediavelmente violado restará o princípio da
preservação da empresa que norteia todo o instituto da recuperação judicial consagrado na Lei n.º
11.101/05. III. O corte no fornecimento de energia elétrica prejudicaria ainda mais a atividade da
empresa, inviabilizando que a referida sociedade cumpra a sua função social, o que acarretaria
ainda maior prejuízo e lesão a todos os demais credores os quais não terão seus créditos
satisfeitos. (...) AGRAVO DE INSTRUMENTO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO”. (TJGO,
Agravo de Instrumento (CPC) 5262096-63.2017.8.09.0000, Rel. AMARAL WILSON DE OLIVEIRA, 2ª
Câmara Cível, julgado em 16/10/2017, DJe de 16/10/2017) [grifo para fins de destaque].

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. SUSPENSÃO DE FORNECIMENTO DE


ENERGIA ELÉTRICA. DÉBITO ATUAL. POSSIBILIDADE. COMPETÊNCIA JUÍZO DA
RECUPERAÇÃO JUDICIAL. 1. O crédito constituído no curso da recuperação judicial deve
submeter-se ao juízo universal, vez que qualquer medida adotada por juízes diversos poderá
afetar diretamente o plano de recuperação judicial. Precedentes do STJ. 2. Conforme artigo 172
da Resolução Nº 414/2010 da Agência Nacional de Energia Elétrica é possível a suspensão do
fornecimento de energia elétrica em caso de inadimplemento do consumidor quanto ao
pagamento da fatura de consumo, decorrente de débito atual, a depender de aviso prévio.
Precedentes do STJ. 3. RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO CONHECIDO E
PARCIALMENTE PROVIDO.” (TJGO, Agravo de Instrumento (CPC) 5041673-95.2019.8.09.0000, Rel.
GUILHERME GUTEMBERG ISAC PINTO, 5ª Câmara Cível, julgado em 26/04/2019, DJe de
26/04/2019). Grifei.

Diante desse cenário, verifico que a interrupção do fornecimento de energia elétrica em decorrência
de débitos anteriores ao pedido de recuperação judicial e que, portanto, devem se submeter ao plano de
recuperação, afigura óbice inaceitável ao soerguimento da empresa, em detrimento do interesse social em sua
preservação.

Salienta-se que, com o processamento da presente recuperação judicial, os débitos oriundos do


consumo de energia elétrica, anteriores à distribuição da presente ação, se submeterão ao quadro geral de
credores.

Entretanto, deve-se observar que os débitos posteriores a esse pedido deverão ser pagos, sob pena
de suspensão do fornecimento de energia elétrica, eis que não beneficiados pelo procedimento recuperacional.

Portanto, mostra-se plausível o direito invocado pela parte requerente, no sentido da determinação
de manutenção do fornecimento de energia elétrica em sua unidade consumidora, por se tratar de serviço
essencial e de dívidas pretéritas, e, ainda, para viabilizar a manutenção da atividade econômica, configurando o
perigo da demora no pedido.

Assim sendo, DETERMINO que a Equatorial se abstenha de suspender o fornecimento da energia


elétrica das recuperandas, em razão de débitos anteriores ao pedido de recuperação judicial, isto é, anteriores
ao dia 07/03/2024, sob pena de multa diária no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais), em caso de
descumprimento.

Do sequestro praticado pela credora Araguaia

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Quanto a competência para decidir sobre a permanência dos arrestos praticados, verifica-se que a
decisão acostada na movimentação 64, houve o reconhecimento deste juízo para definir sobre a liberação dos
bens arrestados, além de resolver as medidas urgentes.

Nessa esteira, é de competência do juízo da recuperação judicial evidenciar a essencialidade de


bens produzidos e arrestados/penhorados, pronunciando-se e impedindo a manutenção destas, quando
necessário para a preservação do desenvolvimento empresarial.

Sobre o tema, colaciono o julgado do Superior Tribunal de Jusitça:

“AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA.


RECUPERAÇÃO JUDICIAL. ARRESTO DETERMINADO POR OUTRO JUÍZO EM BENS
CONSIDERADOS ESSENCIAIS PELO JUÍZO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL. IMPOSSIBILIDADE.
COMPETÊNCIA DO JUÍZO RECUPERACIONAL. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO. 1. Nos
termos da jurisprudência desta Segunda Seção, "há absoluta convergência, entre doutrina e
jurisprudência, que, em conformidade com o princípio da preservação da empresa, o juízo de
valor acerca da essencialidade ou não de algum bem ao funcionamento da sociedade cumpre
ser realizado pelo Juízo da recuperação judicial, que tem acesso a todas as informações sobre
a real situação do patrimônio da recuperanda, o que tem o condão, inclusive, de impedir a
retirada de bens essenciais, ainda que garantidos por alienação fiduciária, da posse da
sociedade em recuperação (art. 49, § 3º, da LRF)" ( CC 153.473/PR, Rel. Ministra MARIA ISABEL
GALLOTTI, Rel. p/ Acórdão Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em
09/05/2018, DJe 26/06/2018). 2. Nessa linha de entendimento, compete ao Juízo da
Recuperação das suscitantes decidir sobre a essencialidade das sacas de milho, bem como
acerca da definição de sua propriedade, como, de fato, foi feito, cabendo, a partir daí,
aimpugnação da parte contrária pelos meios recursais próprios. 3. Agravo internodesprovido.”
(STJ - AgInt nos EDcl no CC: 169116 MA 2019/0321521-9, Relator: Ministro MARCO AURÉLIO
BELLIZZE, Data de Julgamento: 16/03/2021, S2 -SEGUNDA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe
24/03/2021) G.n

“CONFLITO DE COMPETÊNCIA. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. CEDULA DE PRODUTO RURAL.


CESSÃO FIDUCIÁRIA. JUÍZO ACERCA DA ESSENCIALIDADE DO BEM PARA A ATIVIDADE
EMPRESARIAL. 1. Há absoluta convergência, entre doutrina e jurisprudência, que, em
conformidade com o princípio da preservação da empresa, o juízo de valor acerca da
essencialidade ou não de algum bem ao funcionamento da sociedade cumpre ser realizado
pelo Juízo da recuperação judicial, que tem acesso a todas as informações sobre a real
situação do patrimônio da recuperanda, o que tem o condão, inclusive, de impedir a retirada de
bens essenciais, ainda que garantidos por alienação fiduciária, da posse da sociedade em
recuperação (art. 49, § 3º, da LRF). 2. É inviável, na estreita sede do conflito de competência, a
deliberação acerca da natureza extraconcursal do crédito, o que é da estrita competência do Juízo da
recuperação, a partir daí cabendo, se for o caso, os recursos pertinentes. 3. Conflito conhecido para
declarar a competência do Juízo de Direito da Vara Cível de Sertanópolis/PR.” (STJ - CC: 153473 PR
2017/0179976-7, Relator: Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, Data de Julgamento: 09/05/2018, S2 -
SEGUNDA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 26/06/2018) G.n.

Embora não haja plano de recuperação judicial aprovado pelos credores, é possível constatar, que a
atividade empresarial do recuperando gravita em torno da comercialização de grãos, sendo cediço que para o
desenvolvimento empresarial é necessário uma concatenação de vários elementos, vez que o nível de
especialidade e complexidade da atividade explorada carece de toda uma cadeia de serviços, que vão desde o
planejamento/arrendamento das terras/compra de suprimentos, até a efetiva colheita do produto, portanto,
evidente a necessidade de investimento de valores.

O Superior Tribunal de Justiça reconheceu, no julgamento do RESP 1867694 que créditos

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representados por Cédula de Produto Rural emitida em data anterior ao ajuizamento do pedido de recuperação
judicial se submetem aos efeitos do favor legal.

“RECURSO ESPECIAL. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. DISCUSSÃO ACERCA DA VALIDADE DE


ATOS CONSTRITIVOS REALIZADOS EM EXECUÇÕES INDIVIDUAIS POR OCASIÃO DO
SOBRESTAMENTO E REFORMA, PELO TRIBUNAL ESTADUAL, DA DECISÃO QUE HAVIA
DEFERIDO O PROCESSAMENTO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL. PROVIMENTO JUDICIAL
FINAL QUE RECONHECE O ACERTO DA DECISÃO QUE DEFERIU O PROCESSAMENTO DA
RECUPERAÇÃO JUDICIAL, COM O RESTABELECIMENTO DE TODOS OS SEUS EFEITOS
LEGAIS, DESDE A SUA PROLAÇÃO. RECONHECIMENTO. CRÉDITOS REPRESENTADOS POR
CÉDULAS DE PRODUTO RURAL GARANTIDAS POR PENHOR RURAL. SUBMISSÃO AO
PROCESSO RECUPERACIONAL. JUÍZO ACERCA DA ESSENCIALIDADE DOS BENS
ARRESTADOS. DESCABIMENTO. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. Controverte-se no
presente recurso especial sobre a validade e a subsistência dos atos executivos realizados
no bojo de execuções individuais promovidas por credores contra os produtores rurais (ora
recorrentes), consistentes no arresto, no depósito e a na remoção de produtos agrícolas,
objeto de garantia pignoratícia, em interregno no qual a decisão de deferimento do
processamento da recuperação judicial dos executados havia sido reformada pelo Tribunal
estadual. 2. Uma vez deferido o processamento da recuperação judicial, este passa a ser o
marco inicial legal de suspensão de todas as execuções individuais que fluem contra o
empresário recuperando, a atrair a competência do Juizo recuperacional para decidir sobre
os bens daquele. Ainda que esta decisão seja objeto de impugnação recursal, o provimento judicial
final que venha a reconhecer o acerto da decisão que deferiu o processamento da recuperação
judicial do empresário tem o condão de manter incólumes todos os efeitos legais dela decorrentes,
desde a sua prolação. 2.1 Entendimento contrário esvaziaria por completo a recuperação judicial do
empresário que obteve em seu favor o deferimento do processamento desta - confirmado em
provimento judicial final -, caso se convalidasse a constrição judicial e o levantamento do patrimônio
do recuperando em favor de determinados credores exarados no âmbito de execuções individuais,
durante a tramitação dos correlatos recursos por período absolutamente indefinido, em detrimento
dos demais credores também submetidos ao processo recuperacional. 2.2 A suspensão de todas as
execuções contra o empresário em recuperação judicial consiste em benefício legal absolutamente
indispensável para que este, durante o stay period, possa regularizar e reorganizar suas contas, com
vistas à reestruturação e ao soerguimento econômico-financeiro, sem prejuízo da continuidade do
desenvolvimento de sua atividade empresarial. 3. A validade dos atos executivos realizados no bojo
das execuções individuais, no interregno em que a decisão de deferimento do processamento da
recuperação judicial encontra-se sobrestada ou mesmo reformada (porém, sujeita a revisão por
instância judicial superior), fica condicionada à confirmação, por provimento judicial final, de que o
empresário, de fato, não fazia jus ao deferimento do processamento de sua recuperação judicial. O
credor assume os riscos de prosseguir com a sua execução individual, ao ensejo do sobrestamento
ou da reforma provisória da aludida decisão. Em se confirmando o acerto da decisão que deferiu o
processamento da recuperação judicial, com o restabelecimento de todos os seus efeitos desde a
sua prolação, os atos executivos realizados no âmbito das execuções individuais tornam-se
absolutamente nulos. 4. Revela-se de todo descabido, para efeito de validade e subsistência dos
atos executivos em comento, aferir a essencialidade dos bens arrestados, a pretexto de aplicação da
parte final do § 3º do art. 49 da Lei n. 11.101/2005, como procedeu o Tribunal estadual. Os créditos
em análise (representados por cédulas de produto rural garantidas por penhor rural) não se
subsumem a nenhum daqueles descritos no § 3º do art. art. 49 da Lei n. 11.101/2005 (entre os
quais, o de titularidade de credor titular da posição de proprietário fiduciário), reputados
extraconcursais. Nos termos do art. 41, II, da LRF, os créditos com garantia real, como é o caso do
penhor, submetem-se, indiscutivelmente, ao processo recuperacional. 5. Reconhecida a invalidade
dos atos constritivos realizados no bojo das execuções individuais, os ora recorridos haverão de
proceder à disponibilização dos bens arrestados aos recorrentes, sob a supervisão e sob os critérios

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ANO XVII - EDIÇÃO Nº 3937 Suplemento - SEÇÃO III - B Disponibilização: quarta-feira, 24/04/2024 Publicação: quinta-feira, 25/04/2024

NR.PROCESSO: 5159198-78.2024.8.09.0144
a serem determinados pelo Juízo da recuperação judicial, a quem compete, também, deliberar sobre
eventual pedido, por parte dos recuperandos, de alienação dos bens, objeto de garantia, para dar
continuidade às suas atividades ou para dar consecução aos termos do Plano de recuperação
judicial a ser submetido à Assembleia Geral Credores. 6. Recurso especial provido. (REsp
1867694/MT, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em
06/10/2020, DJe 15/10/2020).

Dessa forma, entendo que os valores atualmente retidos e depositados em juízo pela OLVEGO, no
montante de R$ 1.300.441,70 (um milhão, trezentos mil, quatrocentos e quarenta e um reais e setenta
centavos) são essenciais para a manutenção das atividades das recuperandas.

Ressalto que eventual prolongamento da situação narrada, ocasionará maiores prejuízos, eis que
conforme dito acima, a imposição de óbices dessa comercialização do grão já produzido, onera o
desenvolvimento empresarial, e, consequentemente, desaguará na morte prematura da empresa, vez que
tolhidas toda e qualquer chance de operacionalização de eventual plano de recuperação judicial, nas condições
ora narradas.

Sendo assim, DEFIRO o levantamento dos valores depositados em juízo pela OLVEGO, total de R$
1.300.441,70 (um milhão, trezentos mil, quatrocentos e quarenta e um reais e setenta centavos), em favor das
Recuperandas, para que estes sejam utilizados especificamente na cobertura das despesas imediatas
detalhadas na movimentação 101, sem prejuízo de futura prestação de contas.

Intime-se. Cumpra-se.

( i ) — Nos moldes do artigo 136, do Código de Normas e Procedimentos do Foro Judicial da Corregedoria-Geral da
Justiça do Estado de Goiás — CGJGO, a cópia deste ato judicial servirá como mandado de citação, intimação, ofício, alvará
judicial e, inclusive, carta precatória.

Silvânia–GO. Publicado, datado, assinado e registrado eletronicamente.

ADENITO FRANCISCO MARIANO JÚNIOR

Juiz de Direito

5241067

Tribunal de Justiça do Estado de Goiás


Documento Assinado e Publicado Digitalmente em 23/04/2024 19:29:36
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