Governança e Cultura de Dados (06-2024)
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Trabalho apresentado para obtenção do título de especialista em
Gestão e Transformação Digital – 2024
Resumo
Data Governance and Culture in an automotive company: the evolution of the last 10
years and new maturity measures
Abstract
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Trabalho apresentado para obtenção do título de especialista em
Gestão e Transformação Digital – 2024
Introdução
Podemos afirmar que o atual cenário digital gera um impacto significativo na criação de novos
modelos de negócios e na administração de organizações. Segundo Gabriel (2020, p.224), “quanto
mais digitalizado e interconectado o mundo estiver, maior o potencial de plataformas que
podem se formar, transformando cada vez mais a estrutura social, econômica,
governamental, educacional, profissional e de negócios em geral.” Consequentemente as
transformações estão acontecendo de maneira tão rápida que a existência de muitas organizações pode
estar em risco, caso não se adaptem à era digital, pois assim como nas interações sociais e pessoais,
mudanças ocorrem nas relações organizacionais, internas e externas. De acordo com Rogers
(2017), as novas tecnologias digitais transformaram o modo como nos conectamos com os
clientes e lhes oferecemos valor e em face de tudo isso, forças digitais estão reformulando
cinco domínios fundamentais da estratégia: clientes, competição, dados, inovação e valor. O
domínio de Dados se destaca pela sua relevância e impacto, pois os dados são gerados continuamente
à medida que os clientes e outros agentes econômicos interagem, e esses dados podem se transformar
em ativos de negócio valiosos. Além disso, na era digital, as formas de produção e valor
passam a depender de dados e assim inaugura-se uma economia de dados na qual o valor
se encontra na capacidade de extração, manipulação e transformação em algo relevante
para a sociedade. (GABRIEL, 2020).
A imensa quantidade de dados gerados na era da revolução dos dados, conhecida como Big
Data, abre um leque de oportunidades para serem usados como um ativo competitivo. Esses dados,
provenientes de diversas fontes como redes sociais, comportamento dos clientes e a internet das
coisas, são processados e armazenados na nuvem, usando técnicas computacionais avançadas.
Entretanto os desafios mais significativos são gerenciais, incluindo a busca por profissionais com as
competências adequadas, a integração de equipes de diferentes áreas, a incorporação de parceiros
externos e a garantia da capacidade de utilização adequada dos dados processados e armazenados
(ROGERS, 2017). Dados devem ser reconhecidos como recursos essenciais para o êxito das funções
operacionais e gerenciais das organizações, e não como resíduos processuais. Caso a empresa não
possua capacidade de extrair valor da interpretação de informações através de práticas de Data &
Analytics, não será capaz de gerir seus negócios por muito tempo na era digital.
Segundo Gabriel (2022), dados são uma questão crítica para a adoção de tecnologias
emergentes, já que muitos processos não conseguem ser implementados na prática por existirem
problemas como indisponibilidade, inexistência, má qualidade, organização, entre outros, o que revela
a importância da governança de dados. Davenport (2014) revela que a implementação bem-
sucedida de Big Data requer uma abordagem integrada que inclua a governança de dados,
a colaboração entre departamentos e o apoio contínuo da alta administração. Esses fatores
garantem que os projetos de Big Data gerem valor sustentável para a organização.
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A cultura data-driven de uma organização pode ser vista como um problema ou uma
solução complexa já que quando uma missão de dados não está alinhada à estratégia de
negócios e do núcleo operacional, não deve ser surpresa que os resultados das iniciativas
de análise podem não corresponder às expectativas, mas quando o entusiasmo pela análise
de dados impregna toda a organização, torna-se uma fonte de energia e impulso (DÍAZ;
ROWSHANKISH; SALEH, 2018). Assim, de acordo com Davenport (2014), embora as
questões tecnológicas possam construir um fator complicador, as questões mais difíceis
envolvem a gestão e as pessoas. Algumas destas questões são tão novas, que para elas,
ainda não existem soluções, enquanto para outras vislumbra-se diversas opções e assim
embora a tecnologia seja crucial, o sucesso de uma cultura de dados depende em grande
parte das pessoas que trabalham com ela. Cientistas de dados, analistas e outros
profissionais devem ser capacitados para extrair valor dos dados e apoiar a tomada de
decisões baseada em dados. Ainda segundo Davenport (2014) para engajar o uso efetivo de
dados, as empresas precisam de uma estratégia bem definida que alinhe os objetivos de
negócios com as capacidades tecnológicas. Isso envolve a contratação de talentos
especializados e a implementação de novas tecnologias e processos.
Neste sentido, a escolha do tema deste trabalho se baseou na importância crescente
da governança de dados e da cultura data-driven em um mundo cada vez mais digital. A
empresa automotiva em questão, com mais de 100 anos de história, ofereceu um estudo de
caso único de transformação digital uma vez que esta organização, que surgiu na era pré-
digital, conseguiu se adaptar às exigências da era digital, através de uma robusta
governança de dados e do desenvolvimento de uma cultura data-driven. A análise dessa
jornada permitiu entender como a governança de dados e a cultura orientada por dados
podem impulsionar a transformação digital, além de fornecer insights sobre os desafios e
oportunidades enfrentados por empresas tradicionais ao se reinventarem. Ao examinar
esses aspectos, este estudo não apenas iluminou a trajetória de transformação nos últimos
10 anos, mas também ofereceu estratégias significativas para outras organizações que
buscam de maturidade digital.
Este artigo teve como objetivo estudar a evolução e transformação da governança e
cultura de dados de uma empresa automotiva ao longo dos últimos 10 anos, em vista de
obter insights que possam auxiliar a mesma na tomada de novas medidas estratégicas de
amadurecimento. Isso se faz importante para que a empresa esteja apta a responder as
novas necessidades econômicas do setor de automotivo que demandam mais do que nunca
da capacidade de processar e compreender dados, e ainda estar preparada para novas
tecnologias emergentes que estão por vir.
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Referencial teórico
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limpeza dos dados (DataFlux Corporation, 2024), e o COBIT (Control Objectives for
Information and Related Technologies), criado pela ISACA (Information Systems Audit and
Control Association), que fornece para além da gestão de dados, um modelo para a
governança de TI. (ISACA, 2019).
Uma empresa de cultura data-driven é um ambiente organizacional com uma
liderança definida e uma visão comum, em que as metas são transparentes, os KPIs
(Indicadores de performance) são claros, objetivos e os índices de desempenho estão ao
alcance de todos. Nesse contexto, todos os membros da equipe compreendem como as
suas tarefas individuais impactam o objetivo coletivo da organização (CARL, 2020). Logo, os
que estão envolvidos no processo organizacional utilizam dados para orientar suas tomadas
de decisão, baseadas em previsões e insights fornecidos por dados (HANNILA, 2019). A
liderança dentro das empresas desempenha um papel fundamental no estabelecimento de
uma cultura organizacional guiada por dados, o que pode ser desafiador em organizações
com tradições enraizadas ao longo dos anos. A mudança cultural não deve ser percebida
como um processo qualquer, mas sim como uma jornada contínua que requer entendimento
e respeito pela cultura pré-existente. Tentativas de impor mudanças radicais em um curto
período podem ser disruptivas e até mesmo traumáticas para a organização (WAGNER;
HOLLENBECK, 2020).
Material e Métodos
O método de estudo de caso do tipo caso único foi o escolhido para realização da
pesquisa, o que permitiu um aprofundamento detalhado sobre o objeto de estudo.
Essa abordagem, reconhecida como uma das técnicas da pesquisa qualitativa, tem
se destacado no campo das pesquisas acadêmicas (STAKE, 2013). Isso se deve à sua
ampla aplicabilidade e à capacidade de investigar e interpretar diferentes fenômenos. O
estudo de caso, em particular, pode oferecer uma contribuição única para a compreensão.
Assim, esta metodologia busca responder a perguntas como, "como?" e "por quê?" com o
objetivo de entender e compreender situações problemáticas, obstáculos e até casos de
sucesso (MARTINS, 2008).
Para ajudar na delimitação do tema, realizou-se um recorte temporal, buscando
comparar dois momentos distintos do objeto estudado, em um intervalo de 10 anos (um
período que se justificou devido acontecimentos macro e micro ambientais significativos
para a organização); e através da coleta de dados qualitativos e quantitativos, realizar
análises isoladas e comparativas entre os períodos, a fim de identificar quais medidas
contribuíram para as mudanças percebidas, e por fim, com suporte deste, identificar
possibilidades de novas medidas que ainda podem ser implementadas, com base nos
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o grupo focal é uma forma de entrevista grupal que se baseia na comunicação e interação
entre os membros. Seu objetivo principal é obter informações detalhadas sobre um tópico
específico, proposto por um pesquisador, coordenador ou moderador do grupo. Essa técnica
visa captar percepções, crenças e atitudes sobre um tema, produto ou serviço.
Deste modo, a primeira etapa consistiu em definir quais cortes temporais da história
recente da empresa seriam avaliados e como seriam coletados os dados indicadores de
maturidade de governança e cultura de dados das respectivas datas. Optou-se, portanto,
por um intervalo de 10 anos, compreendido como relevante para o objetivo proposto,
conforme experiências do próprio pesquisador que esteve presente como observador e
eventualmente como ator no processo de transformação da empresa durante o período.
Neste sentido, cabe classificar este estudo, também como uma pesquisa
participante, pois como o próprio nome sugere, segundo Harguette (2001), implica
necessariamente a participação, tanto do pesquisador no contexto, grupo ou cultura que
está a estudar, quanto dos sujeitos que estão envolvidos no processo da pesquisa.
O primeiro recorte definido foi o ano de 2014, avaliado sob uma óptica retroativa da
empresa e o segundo recorte foi o ano 2024, avaliado conforme o contexto atual.
Consequente, a segunda etapa foi estabelecer por meio de quais ferramentas seriam
realizadas as avaliações da maturidade em dados a fim de coletar dados para análise.
Optou-se incialmente por analisar avaliações realizas por órgãos externos de auditorias
especializadas, o que não foi possível por estar fora do alcance de acesso do pesquisador.
No entanto, a fim de não impedir a realização do estudo de caso, resolveu-se por utilizar
ferramentas de autoavaliação de maturidade disponibilizadas publicamente por empresas de
auditoria e tecnologia reconhecidas mundialmente, garantindo parcialmente a qualidade nos
resultados obtidos, seguindo padrões de mercado.
Assim, foram selecionadas três ferramentas, sendo elas a Data Maturity Benchmark,
disponibilizada pela Google em parceira com a Deloitte, a PwC Data & Analytics
Assessement, disponibilizada pela PwC e a Data Maturity Assessment, disponibilizada pela
Data.org. A razão pela escolha de múltiplas ferramentas de autoavaliação foi a de obter um
volume maior de dados, com dimensões diversificadas, visando tornar a análise dos dados
mais rica. Vale ressaltar que em relação a ferramenta Data Maturity Benchmark, foram
considerados somente os resultados referentes a direção estratégica e bases de dados,
uma vez que outras dimensões não possuem relevância para a pesquisa.
Criada com base em um estudo realizado em 2018 pela Deloitte com mais de 60
especialistas, a ferramenta da Data Maturity Benchmark disponibilizada pela Google
classifica seus resultados numericamente, de 1 a 4 conforme a Tabela 1.
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Classificação Descritivo
Criada a partir da própria estrutura de estratégia de dados, a ferramenta PwC Data &
Analytics Assessement da PwC consiste em cinco dimensões de avaliação: Governança de
Dados, Pessoas e Cultura, Segurança de Dados e Privacidade, Arquitetura de Dados e
Qualidade, e Processamento de Dados e Ferramentas, conforme Figura 1, e seus
resultados classificatórios são representados numericamente, onde 0 representa o nível
Básico, 1 representa o nível Fundamental, 2 representa o nível Avançado, e 3 representa
Future-oriented, que em português significa orientado pelo futuro.
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Classificação Descritivo
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Começou a aproveitar o poder dos dados para causar impacto.
Informado por Dados
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Prática de dados é bem desenvolvida e forte, integralmente.
Liderado por Dados
Resultados e Discussão
Foram identificados 7 colaboradores atuantes na organização para integrar os
grupos focais, estes com diferentes perfis, presentes na empresa em ambos os períodos
analisados (e durante), possibilitando realizar o processo de autoavaliação de cada uma das
ferramentas em conjunto.
Realizaram-se duas sessões virtuais com duração aproximada de 1 hora e 30
minutos cada uma. A primeira realizada no dia 27 de maio de 2024, dedicada a discutir a
percepção de maturidade em dados da empresa em 2014 e realizar as autoavaliações sob
esta perspectiva. A segunda sessão, realizada no dia 29 de maio de 2024, seguindo a
mesma dinâmica, desta vez sob a óptica do período atual.
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da empresa dos anos de 2014 e 2024, nas respectivas sessões, especialmente útil para
contextualização de 2014.
Os dados quantitativos gerados pelas ferramentas durante os grupos focais, foram
coletados e transcritos em formato de tabela: Google & Deloitte (Tabela 4), PwC (Tabela 5),
e Data.org (Tabela 6). Os materiais originais obtidos através das ferramentas estão
disponíveis no Anexo 1 (Google & Deloitte), Anexo 2 (PwC), e Anexo 3 e Anexo 4 (Data.org).
1.5 2.9
Resultado Geral
Em desenvolvimento Madura
1.7
Média Industrial (referência) -
Em desenvolvimento
4.0
Melhor da Indústria (referência) -
Principal / Liderando
Processamento de Dados e
1.0 2.0
Ferramentas
1.4 2.3
Média
Fundamental Avançado
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7.0 7.9
Prática
Dirigido por Dados Dirigido por Dados
4.4 7.1
Pessoas
Guiado por Dados Dirigido por Dados
Para análise conjunta das dimensões geradas a partir das três ferramentas foi
necessário transformar a classificação numérica em classificação percentual, a fim de
harmonizar a classificação de todas as dimensões, conforme Tabela 7. Para isso foi
calculado o percentual das classificações obtidas, sob o a classificação total para cada um
dos anos. Vale ressaltar que nesta versão consolidada, foram removidas as dimensões de
avaliação geral uma vez que nada contribuem ou indicam em análises detalhadas. Por fim,
foi calculada a variação de classificação entre os anos, e ordenada decrescentemente, a fim
de guiar a identificação de quais dimensões variaram com maior destaque, e quais não
mudaram ou regrediram, e compreender os fenômenos com base na literatura de referência.
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Ferrament
Dimensão 2014 2024 Variação
a
33,33 100,00
PwC Governança de Dados 66,67%
% %
19,00
Data.org Cultura 75,00% 56,00%
%
17,00
Data.org Qualidade 63,00% 46,00%
%
33,33
PwC Processamento de Dados e Ferramentas 66,67% 33,33%
%
44,00
Data.org Pessoas 71,00% 27,00%
%
50,00
Data.org Talento 75,00% 25,00%
%
38,00
Data.org Análise 63,00% 25,00%
%
80,00 100,00
Data.org Infraestrutura 20,00%
% %
33,33
PwC Arquitetura de Dados e Qualidade 50,00% 16,67%
%
83,33 100,00
PwC Segurança de Dados e Privacidade 16,67%
% %
50,00
PwC Cultura e Pessoas 66,67% 16,67%
%
67,00
Data.org Estratégia 75,00% 8,00%
%
90,00
Data.org Segurança 90,00% 0,00%
%
63,00
Data.org Liderança 63,00% 0,00%
%
72,00
Data.org Uso Responsável 53,00% -19,00%
%
Fonte: Criado pelo autor (2024)
Constatou-se que as sete dimensões que mais tiveram progresso nos últimos 10
anos (em destaque na cor verde na coluna Variação da Tabela 7) foram, em geral, todas as
que tiveram pior avaliação no ano de 2014 e destas, quatro delas obtiveram um nível de
maturidade acima de 70%. Por outro lado, verificou-se que as quatro dimensões que tiveram
nível mais baixo de variação são aquelas que tiveram, em geral, melhor avaliação no ano de
2024, isso porque já estavam maduras anteriormente, com exceção da dimensão de Uso
Responsável, que foi a única dimensão com avaliação de nível de maturidade regredido a
ser compreendido.
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Empoderament
- Áreas de negócio dependiam - Implementação do programa de “Citizen
o exclusivamente da TI para realizar Development”.
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recursos e o suporte necessário para extrair o máximo valor dos dados. Já a variação da
dimensão de qualidade dos dados aparenta ser consequência de outras medidas tomadas
indiretamente, já que não foram registradas evidências de medidas específicas a este
processo, o que merece por uma atenção especial, já que possui potencial para a aplicação
de novas medidas estratégicas, uma vez que, o DMBOK (2017) menciona que o
monitoramento e a manutenção da qualidade de dados envolvem a definição de regras de
qualidade, medição contínua, diagnóstico e resolução de problemas, além de relatórios e
análises de qualidade, utilizando ferramentas de perfilamento e repositórios de metadados,
e são estes processos que garantem que os dados permaneçam precisos, completos e
utilizáveis para suportar as operações e decisões estratégicas da organização.
Dentre as dimensões que resultaram numa alta variação, vale o destaque referente
ao tema de Processamento de Dados e ferramentas, no que foi evidenciado claramente a
partir dos dados qualitativos, que a adoção da empresa pela variedade de novas
ferramentas e processos distribuídos e sob responsabilidade de times especializados foi
para o amadurecimento, isso por que a criação de um modelo operacional confiável facilita a
comunicação e a resolução de problemas, além de assegurar que todas as funções
necessárias estejam representadas na organização. Ferramentas como glossários de
negócios, ferramentas de fluxo de trabalho, ferramentas de gestão de documentos e
scorecards (cartões de avaliação) de governança de dados são essenciais para apoiar
esses processos e garantir a eficiência e a segurança na gestão dos dados. Além disso, um
modelo bem definido, ajuda a criar responsabilidade e consistência nas práticas de
gerenciamento de dados, o que é crucial para a integridade e a qualidade dos dados
(DMBOK, 2017).
Das dimensões que não tiveram variação ou foram muito baixas, compreendeu-se
que especialmente a dimensão de Liderança tem potencial para tomada de novas medidas,
uma vez que a mesma ainda possui avaliação abaixo de 70% em 2024 e é um dos
principais pilares para o sucesso de uma estratégia de dados. Para Mircoff (2018) é vital
reconhecer que uma organização não integrará com sucesso agendas analíticas e de Big
Data sem primeiro abordar os seus valores de liderança e cultura organizacional. Para
explorar verdadeiramente o potencial não realizado que os Big Data e o analytics têm para
oferecer, os líderes devem verificar se deram prioridade à concepção de uma organização
baseada na capacitação dos funcionários, na transparência e na receptividade à resolução
de problemas e ao pensamento inovadores.
Vale observar que o Uso responsável dos dados sofreu negativamente entre os anos
avaliados, possivelmente por conta do choque cultural após a integração da empresa
adquirida, uma vez que os dados qualitativos apontaram tais indícios de que processos
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dentre as outras sete, sendo elas: Arquitetura de Dados e Qualidade, Uso Responsável, e
Liderança.
O estudo de caso se propôs compreender a evolução de maturidade em dados da
empresa nos últimos 10 anos, auxiliando na escolha de novas medidas, e uma vez que a
análise de dados quantitativos permitiu priorizar três dimensões, foram utilizados dados
qualitativos e contextuais para isolar dentre estas, a dimensão prioritária. Estes mostraram
que ainda que a governança de dados atingiu um alto grado de maturidade, existem
dificuldades significativas com relação a integração de dados entre sistemas e plataformas,
o que foi considerado um risco para a estratégia de dados, por exemplo conforme a
necessidade da integração com o CATENA-X. Desta forma, considerando tais informações,
o estudo concluiu que novas medidas devem ser seguidas em direção do amadurecimento
da Arquitetura de dados e Qualidade, em especial devido o contexto técnico, através da
implementação de uma arquitetura federativa, a qual possui uma abordagem que evita os
custos e complexidade associados à consolidação física de dados, permitindo que as
organizações mantenham seus sistemas de dados existentes enquanto ainda se beneficiam
de uma integração completa (SAYOGO et al., 2015). Ainda, uma arquitetura federativa
respeita a soberania de dados, pois estes permanecem sob o controle das respectivas
entidades que os geram e mantêm, alinhando-se aos princípios que sustentam o CATENA X
(KRAUS et al., 2013).
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Considerações Finais
O estudo de caso se mostrou funcional, uma vez que atendeu o objetivo central de
compreender a evolução da maturidade da empresa nos últimos 10 anos, a partir de dados
quantitativos e qualitativos e ainda sugerir as próximas medidas a serem tomadas.
Vale ressaltar, que para fins didáticos, foi utilizado o recurso de autoavaliação de
maturidade em dados, uma vez que o pesquisador não teve acesso às avaliações reais. No
caso de reprodução do método de coleta de dados desta pesquisa, recomenda-se
fortemente a contratação de empresas especializadas em avaliação de maturidade para
realizar a coleta dos dados.
Por fim, o estudo reforçou a relevância que os dados tomaram nos últimos anos e
tendem tomar cada vez mais, tal como a importância em implementar uma governança de
dados robusta, que siga os principais conceitos previstos na literatura, e sob tudo impulsione
a cultura de dados dentro da organização.
Agradecimento
Agradeço meus pais Valter e Neusa, por todo o apoio e dedicação, minha irmã
Mariana Domitila, por embarcar comigo nesta jornada acadêmica, e minha esposa Larissa
Baptista Martins por sempre me incentivar a correr atrás dos meus sonhos e objetivos.
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Anexos
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