Capitulo 3 Do Francisco Oliveira - 240312 - EBC

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trata-&e.de eniender' que foi Q 'refendo ·pa~ de ·àcumulação j
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cujas bases,foram ·assentadas pelo
do Governo Juscelino Kubitschek.
chamado •'Plano· de Mêtas"
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/ ;('P. Na primeira metade dos anos cinqüenta, que corresponde
"(sSi , . ,\ qu·ase inteiramente à presidência Vargas, o padrão de. acumula-
CAP1TULÓ 1 3 ção intentado para a ~nomi a ~ruileira fundava-se numa.E!t- ~ .
~pan são .do .setor produtor · de· bens de produção; que po-
deria - atente-se para o condicional - fundar as bases para
uma· expansão indµstrial mais equilibrada entre os três depar- ~
., :- · . ~ .. ' T . . . . tamentos básicos:, o produtor de bens de produção, ·o· produtor
,1 1'
Padroes de acumulaçao, oligopólios e Estado no Brasil \ ,' \. _
de· bens de consumo não ~uráveis, e o produtor de bens de
(1950-_1976)* . consumo duráveis.1 ~ -deste ponto de vista que se entende o·.
~ ~~•
bloco de. ati~idad~ produtivas, ·que · se·_ materializ~am sob . a ·
1. Os cln9üenta anos. em cinco: : a ...... forma" de-. émpreen4imentos estafais, consub~tan,ciados na cria-.
Knbilsehek çãÔ da PETROBRÁS; · na :t;~~adài:.~~ . operação ila t:<,mpanhfa
''
''
Sem sombra -de dúvida, o perfil da economia brasileira Siderúrgica Nacional, na•.fén~tiv!: de per ·~m fun'Ciol:iamel)to ,
hoje- não apenas . não pode . ser entdndido senão toman_do-se a Companhia ~!lcional .d~ :Alcal~ ii'a já modesta ·_ p~rfe:>rroan~' 1'
l como· referência b~foa a s~gunda 1mdtade dos anos cinqüenta, da Companhia Vale do· Ri9 Doce ~e no proje\o da B~BTB.OB'RÁS, '~ l
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como os problemas que e.mergem· hóje na primeira linlià da enviado ao Coiigr_esso Nitcióftâl •ç apenas aprovãdo dez: anós ,,' 1'
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pauta do futuro comportamento da .Jonomia nacional são, .ri-. após: · Este conjutit9 ·de· atividades° produtivas, c<>m exceçãó da .3.." '. ~
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gorosamente, os sinais-do esgotament<}.rdo padrão de acumula- '\. lct.1
1 ELETROBRÁS, na verdadcf -foi fóimulàdo coino _'-projeto ai~da ~ ' ~ ,'("
..' '' (
çã9 ali iniciado ou aillpliadó, se se qpei: relativizar ·a questão. nos anos da ditadura Vàrgas; ~~, a .-ressalvli de -que., <> t>"rojeto 1
Não se trata de uma leitura linear· história econômica do•
País, desde que, seqü~n;ialmente, uma, etapa se sucede á-.outra; -
1ª 1 da PETROBRÁS fi~almente apr0~àdó pelo _Congresso N~~onal em .
' '
1
1
,
·\ 1 Esta divisão
em três departamentos . funda.:Se nos esqueni~s da repro-
' 1 1 ' .• duçã'? ampliada ~e l.lal"Xr onC,.O a _f~i!q4\lÇ~ é estudada ·a P,~r das
• O eixo que se privilegia ·neste traball,o ê ó de entender-se a expan~<> 1
.\
·recente do capitalismo no Brasil do ponto de vista das articulações inter-
departamentais e das necc.--sidades e das thrmas de financiamento que
relaçoes entre dois departamentos, o. prod_u tor · de bens -de produção e o
produtor de .bens ·de consümó. Ver ·'El 'Capital, vot. II, Sección Tercera,
.. La reproducci~n y circulación dél •,~pilai' sociàl ,en conl!mto", caps.
. 1
11quelas impõem; não se discutirá, · propriamente, a questão de . onde e XX e XXI. Tr'aducci6n de Wenceslao Roces. Fondo de Cultura Eco- . 1
como se forma o valor: claro está que, · no período sob estudo, é inques- . n6mica, México-, Octava .reim2r~i6n,.,. 1973 . . Michal Kàlecki, cm ·su
tionável que à geração do valor se · dá pel~ predomínio do mundo das. Teoria da dirn2micti econômica_-.: é~ajo sobre as mupanças. cíclicas e a .
mercadorias, isto 6, trata-se de um modo db produção capitalista, .e sua longo ·prazo da economia capitalisra ,:Pl!,r.te 1.1, '.' A determinação dos
lucros o da renda nacional", ·amplia 1~ema. de Marx para intr.oduzir
forma prédomina11te é a extração de mais-valia. Não se .desconhece, nem
se descura o fató de que, em largas· porç9es ~o espaço nacional-capitalista
que 6 o Brasil, principalmente no campo, não apenas predominam, mas.
o
um departamento produtor de bens 9~ :copsumo par~ os capitalistas,' que 1 I "
1
. :orresponde, no caso 'quô estamos tr.a ~do, ·ao . dep_artamento produtor \
se reproduzem, formas de geração. do valor qu.e, se bem se dêem pelas de bens de consumo duráveis, groUo.):,io~O. ~dotaremos, aguj, a seaulnte 1
mercadorias, não são, ainda, expressões cpncretas da mais-valia . Este divisão: Departamento I, pre>4utor ,!lo'. bens do capital ou, em sentido
trabalho beneficiou-se, de forma extr.aordin4ria, de pesquisas e sugestões
emanadas de outros trabalhos conduzidos *ºr Maria Angélica Trávolo.
lato, do bons do prod~ção, ~I~ .i~cM:.~ ct,a~a.dos intermedbens
que sã.o tambim capital const~~t~:· )::>ep~\_amonto li, produtor .doiários,
Guido Mantega e Maria Moracs, e das discussões realizadas com nossos.
colegas do CEBRAP, ! !
de consumo para os trabalha"dores, quê ·estamos chamando de bens de
consumo não duráveis; o Dcpartàinentõ·tu, 'produtor do bens do consumo
bons \
para ºª capitalistas, que .CSt!lfflOI: éhamíndõ, d~ bens àe .consumo dur6veis. ~1
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cer-se para sua expansã o, no ex en , - - · e a contra. ª
1ç.a .. i'
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1953 diferia, em muitos aspectos,! de suas · anteriores formu- . ' .
bens de- produção. Assim, é essa ·expansao • r ,
a que vai dar lugar, tendo em vista o estad~ dns forças P. ~
1
lações.
Esse padrão de acumulação úitentado e parcialmente rea- dutivas dos países imperialistas sob a recessao ; e em ; segwdb ·
~ lizado não surgiu do nada. Não s'fgiu de "conspirações asses- submetidos à economia da guerra - que detemu na a~xpan s~ 1 .
soriais", e nem sequer de uma ide~logia. nacionalista exacerba- do setor de bens de capital e a ·própria. _imple~ enta9ão ~"r.
da: hoje, é fato conhecido que a · ditadura Vargas propôs ao projetos ·estatais de base, sem o que a reproduçao do cap1tál
capital norte-americano a implant~ção do que viria a ser a
Companhia Siderúrgica Nacional; e, se à forma da tomada de
industria] não séria factível. _ . . · .
O financiam59tg da acumulaçao de capital naquela f~ , . ; ~ : :.1
·t.. /. .
decisões prévias revestiu-se de sigilo, nascendo ou passando sustentava-se, basicamente, em t~ pontos: em prime!ro l~g? , /
por instâncias das próprias Forças ·Armadas - o caso da luta na manutenção da política cambial e de sua filha pnmogemta
do Gen. Horta Barbosa no Estado-Maior · do Exército pela que era a política do confasco cambial, tentando-se utilizar
criação do monopólio estatlll do petróleo - , isto se deveu
I
mecanismo da transferência dê excedentes do setor agr~~w rt· -
muito mais ao caráter ditatorial do regime do Estad~ Novo . d9r para o setor industrial; em segundo Juiar, na nacionJliz!çã ··:
do que a uma suposta casta burocrata que· fazia. as vezes de dos setores básicos do De artamento I mais propriament~ -.º 'f . ,
"consciência" da burguesia nacional.' Em verdade, o surgimento · setores pr utorcs e ,ns intermediários: essa nacioila]i.zação .
dos projetos, que depois se materializariam sob a forma de em- realizava o processo do finan~iamcnt~ int~i'DO ilO Dep~a m~L. : ;: ;: . ::/ .·
preendimentos produtivos do Estado, obedece a uma dupla deter- to 1, enquanto a política cambial realizava o processo do, finan:- r :;-.-. ;
minação : de um lado, conforme o demonstraram · Villela e ciamento interno e ·externo nos dois Departamentos. Era ciaL ~ 1 · •
..,.. Suzigan, 3 a ruptura entre a economia nacional e o capitalismo ramente . posto de lado o rccurso·tanto ao endividamento, exterl-. · 1•· .
internacional deflagrada pela Grande Recessão abriu o espaço no quanto ao capital estrangeiro de investimento0 O· t~rceirb · ·: .:
econômico por onde se afirmou a expansão industrial, cortado ponte> de sustent_ação do padrão de acumulação residia numr '
durante toda a República Velha pela hegemonia do café. Ao contenção relativa do salário re.al dos trabalhadores, atenua· i
contrário das economias capitalistas industrialmente maduras, p_ela função que se ass~alava às emprefas . do Estado: .prod -
onde a recessão deu-se exatamente nos setores industriais, a ~r certos bens e, sobretudo, scrvi~s abaÍ;Xo do custo" ~ansf -
indústria nacional entre 1933 e ~938 experimentou taxas · de rmdo -em parte, por essa forma, poder de compra aos assai -
. crescimento real da ordem de 11 ~ ao ano, o que , sob severas riados.5 Embora não formulada teorícamente nesses ' 'term
condições de crise cambial e logp após pela eclosão da Se-
gunda Grande Guerra, cortava-lhei a possibilidade de abaste- l G ·Entre 19SO o 195S houve, emda re,tida~e , .um cres.c:imen!o .da d!via; /; 1" ,
externa, basicamente d~te cap1ação d~· emp~m os com~ •,. ··1• ,i
l" que tran.s- tórlos tendentes a equilibrar o saldo ne,ativo .da' conta de·· tr11nsa ( · :,,
:i A interpretação do caráter de "cohspiração assessoria correntes. O pr6prfo cartter errático desta captação, cntretan~ o, ~
formou segmentos da buroc:racia estatal/ em novos "Iluministas" 6 multo como o fato de o d6flclt do transações correntes ter. resultado doí ll! ·. 1
difundida; o próprio Rbmulo de Almei~a, que foi membro da Assessoria voa saldos ncaativoa da conta do ·aervlços (exceto em 19.52, quando ,a ,tia-. )-
Econômica de Varaas, assim definiu vezi por outra a aEnese dos·principais
projetos de empreendimentos estatais. *asquem levou mais lonro essa
interpretação, tentando teorlzA,la, foi J.~ciano Martins, em sua Po/ltlq111·
lança comorclal tamWm IO mostrou deflcl~ria),: lndlc:am que ~ •ndlvfdJ:· 1
111ento externo nlo te co111tituiu em fontt de . finaridamcnto , paraa. aa ·
ti d11·tlopptm1111 lconomlq111: 1truc11ire. d, pouvolr ti 1ystlmt dt ti4d•
-.cumula9lo de capital, Quanto ao investimento privado direto,
s/0111 uu Brllll, J9J0,J964 (Paris, 1973), onde, apesar do excelente csfor. ~xpm1lvldado ·6 roêluilda dom~I• para que so possa sequer coaltar de uma
çó de rec:onstruçAo do processo de tom~• de decisões, apela para o feti• partlclpaçfto alanifl~tlvt ~• ~,ujnulaçlo·de .? Pi~!, .(V_,! Quadr.o I, p.~81>•..
che da burocracia como portadora da donsclfncia da buraucsla nacional. ~ ·a d~ ao 1uPor ~!Jt-cm J·951 a prodµtJv~àdo. d9. Ji:a.))alho t~h•
Ver Annibal V. Vlllela é Wll10n Su~san, Polltlca do 1ov,rno , crtl•
cldo a uma taxa ,gportor -~·rdot aalárloc·:f.mlésloâ :'ÓI ·. md~tt{à. ·· t .
votlne.âdo u a
3
1973, j11nelro de 1952
.
e Junho de 1954, 6 provávêl quo"ae.·te.nha.
clm,n10 da 1co110111ia braslltlra, 1889·1~45. JPEA,
7~
78
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;
a estratégia da expansão industrial fundava-se na
premissa de Por outro lado, uma das principais fontes de
financia-
de exce- :

1
. seria poten- mento interno residia na apropriação, pela indústria,
que a acumulação do setor privado /da economia dentes gerados no setor exportador: a contradiçã
o, portanto,
s subsi-
ciada pela transferência de parte do excedente via pr~ço resulta do fato de que, ao mesmo tempo cm
que se fa7.ia
esas estatais,
diados dos bens e serviços produzidos pelas empr mister transferir parte do excedente da produção
cafeeira para .
do trabalho
_propiciada pelo próprio aumento da produtividade o setor industrial ( estatal e priva do), era necessário
preservar !
cava no
no setor produtor de bens de prodµção, o que . impli a reniabilidade da empresa agroexportadora. já que
era ela a I
privado da
virtual barateamento do capital constante do setor ~ a proporcionar os meios de pagamento
internacionais 1
industrializa-
indústria. Sob certos aspectos, essa 'estratégia de indispensáveis ao suprimento da oferta interna
de b:ns de
. a primeira
~ão parece-se muito com o modelo !de· Do~b para capital e insumos básicos. O imobilismo da
taxa cambial /
lhança é
fase da expansão da economia so~iética; essa seme aparece . aí como a expressão, e a própria síntese
desta contra-
gia nem 1'a
apenas teórica, já que nunca esteve,! nem na ideolo ade so- dição.' Do ponto de vista do financiamento, pode
ria lançar /
prática dos grupos dominantes de então, ·qualquer veleid mão · de uma .reforma fiscal que, do lado do setor
privado da '
! · sário para
cializante.
encon- econoD;1ia, captasse a fração do excedente neces
O padrão de acumulação suscintamente descrito financiar sua estt:atégia de acumulação, o que
significaria
ção. O
trava não pequenos obstáculos pa~a sua implementa apenas recuperar para o Estado uma fração dos
aumentos de
externo: o
primeiro deles se dava, evidentemente, no f ront apropriados
* financiamento externo somente era/ viável quando
se expan:
orava m os
produtividade que eram transmitidos, gerados ·e ..
diam as exportações agrícolas é/ou ·quando melh -QUAD RO I
condições,
termos de intercâmbio; na ausência dessas duas de transações correntes no
colocava-se
o financiamento externo do padrão !de acumulação Ingresso de capital estrangeiro e saldo da conta
Bruil (19SO-J9SS)
como sério obstáculo. 0 :
(U$ milhões)
dos ganho s de produ tivi-
distribuição, na · melho r das hipóteses, eqüita tiva
de 1954 transf eriu, sem saldo da saldo da contaJ
dade entre salários e lucros. O reajus te de julhode aos assala riados , ten- saldo da
dúvida , parte maior dos ganho s de produ tivida 1955 e 1962, quand o o balança balança de transações 1
Ingresso de capital estrangeiro correntes
dência. esta que se invert e p;.,r compl eto entre comercial de serviços 1
cresce u 12,3% , enqua n•
salário real médio na indúst ria de transf ormaç ão
de 72,8% (cf. Arthu r
to a produt ividad e experi mento u um cre~cimento e perspe ctivas ", JPEA, I11vestimento privado Capitais
tico
Caudal, "A indust rializa ção brasile ira: d jagnós direto compen-
1969) . : satórios
e . 1!'1~8, a taxa de cr.:s
. Mata e Bac~a calc~l aram .. qu~, ~ntrf 1949 ponde u a 79% da taxa de
cimen to dos salário s rea11 dos operár ios corres
salário s · réais dos huro- -319 106
cresci mento da produ tivida de, ao passo gue os 1950 ·3 -52 425
à produ tivida de. Consl-
cratas cresce ram a uma taxa 2,1 vezes ~perl or cresce u 4,6% entre 1949 1951 -4 291 67 -535 -468 ~
-421 -707
derand o que o salário m&tio real dos operár ios .58, 6 diffcil descar tar a 1952 9 615 -286
31
e 19.54, contra 24,1 % no subpe rfodo 11954-19 1953 2i -16 423 -392
no própri o · Govern.> -230
hipóte se de um proces so de conce ntraçã o da renda , "Emp reao e salário s
1954 . li 203 150 -380
Yaraa s. (Cf. Milton da Mata e Edma r L. Bacha 1955 43 -17 320 -344· - . 24
na indúst ria de transf ormaç ão, 1949/ 1969" , ln
Pesquisa e p/anejqmento
. 1 . '
econ6mico, junho do 1973.) o, certa melho ria
1 No períod o presid encial de Yaraiu h~uve, no entant
da polftic a de reser9 os
nos termo s de intercAmbio, como co~ê ncla perma neceu fixa ·cm Cr$ 18,72 e a
o quantum das expor- T Entro 19.S0 o 1953 a taxa do ~ólar
eatrat 6alcu motiv ada pela Guerra da , Cor61a, mas ·
tações revelou-se de fraÇJ elasticidade. 1 taxa da libra esterlina cm Cr$ .SS,42.
80
A rB 81
1
1
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1
1
pelo setor privado, e que, na aus~ncia de um~ política fiscal ' ~, pôde dac uma guinada tio radical que, a médio prazq, . J,
progressiva, transformaram-se em poderosa fonte de acumu- signüicaria não somente uma mudança no padrão de acumuJ~- · 1
lação de lucros não taxados. Mas : o caráter político peculiar ção da economia, mas uma redeímição do papel do &tado
do _p~cto populista, no que diz respeito à aliança com as classes das relações deste com a sociedade civil, tcnninando pqr ,
·• .
dominantes, imobilizava o Estado Ipara realizar essa reforma liquidar a própria correlação do forças ,o~ticas que:. ~ra s~uua /· .
-~ª
p.
base? A resposta ·a essa questão,. sem ~Vida uma..das s. ;, :
fiscal, com o que o financiamento! interno da acumulação de
capital nas empresas estatais, segundo a estratégia proposta, complexas da recente história política do Pafs, pode ser da a !
se inviabilizava quase por completo. Por outro lado, o próprio levando-se ehl consideração tds ordens de fatores que, advi 1- /- ,
f pacto populista, já no que se refere à aliança com os assala-
riados, impediu a utilização da inflaFão como fonte de recursos,
ta-se, não esgotam o entendimento cabal_da . matéria. Em P~
meiro lugar, o padrão de acumulação :perseguido na eta a;, , r
, • .. / ;· ;,.
tal como iria se dar no período seguinte. Dessa forma, a ,imediatamente anterior, que s6 parcialmente h\lVia sido impl - 1 ··
mentado, gerou a formação de um excedente, em mãos do · '
contenção relativa do salário real aumentou apenas os lucros 1
das empresas privadas, mas não se transformou, em toda sua setor privado da economia, cujo grau .de concentração, :er:
potencialidade, em mecanismo da estratégia de acumulação termos da renda se se quiser, tinha aumentado sem sombra, e
assim definida. Mesmo a criação do Banco Nacional do Desen- dúvidas: ·salários reais praticamente cons\antes .e aumentos a
volvimento era, no fundo, uma forma disfarçada da reforma prod~tividade logrados no chamado setor produtivo .estatal le
fiscal impossibilitada pela aliança populista: repousando sobre transferidos ao •setor privado, eis a f9rmula ~a,. ~~pi~?ie 1. ,
a cobrança de um adicional ao imposto de renda, no fundo concentração. Essa concentração deu lugar a modificaço]s ·1· : · 1
?º ~~fil . da demanda, que não se m'aterializ~va dedev~d? , à , ;,, · i
uma tentativa de captação dos lucros ·extéaordinários que o d1vis , 1 •· •
setor privado realizava às expensas dos trabalhadores e das mex1stenc1a de produção no País ·ou à carência
empresas estatais, o Banco, entretanto, teve que recorrer pre- dirigidas estas-'para a formação interna de capital sobretu~~· I..
dominantemente aos recursos do Tesouro Federal e ~ Em segundo lugar, a redefini o da divisão intemaçionáli do j; •! !
redar pela política do endividamento externo, até então trabalho em curso acelera o a s a liquidação da rec;uperaç,o ;
'recusada. européia pós-guerra transformava os· termos ·da atuação do '
O padrão de acumulação descrito, que repousava ·essen- capital internacional em relação às chamadas eéonomias pie~-
-> cialmente na erévia ampliação do setor produtor de bens de
produção, não chegou a concretizar-se totalmente, como é
féricas ou dependentes: agora, a industrialização das eco -
mias dependentes entrava na divisão internaciooál do tr~bal o
* historicamente óbvio. O ~ríodo ~~guinte, qu~ começa com a
do mundo capitalista co~9 uma nova forma de ·ex ansão desse
siste e evan.. 0:se ·· . o .. antigo péJàiµiú".- '··clt • prodúfores . · e ; ,
gestão Gudin no Ministérió da Fáz~nda, é !adicalmente distinto ver.nu ae·.
màiiufílturas., Pill'ª p o- · i ,i : . /
* do ponto de vista do padrão de ~cumulação; e será o Plano
de Metas que aprofundará a abertura iniciada na gestão
matérias-primas produtores'·
dutores do manufaturas de consumo ver'. : ! i· 1
Gudin, de tal forma o a tal ponto1que esse padrão perdurará manufaturas do bena do rodu ão. Em terceiro lugar, as 1: '
moldando a estrutura do reprodução do capital qo País até a, seg~n o a ~pressão lnaJesa laJt but noi least, a prátl~a po u~ !: ,
presente crise - que marca o fim d~sse ciclo peculiar de ªfumu-, 1 lista h!yi' lo~~~o aa classes popular~s a uma.espécie de ·fetic •• li .i:'
lação -, para l!,lvez redirecioná-lo J~o sentido da ampliação do zação ·do Bstali~, do tal forma que a baso popular ~'1 alla ça · :
setor produtor de bens de pr9(iufo, Há apenas uma ironia conferia suficiente força para o prosseguimento da pólltica , ue 1
se poderia chàmar do. iiacionallsmo d~ Bstado", JQediant a :
11
da História nisso tudo? CQmo o qovemo Kubitschok, · aparen-
temente montado sobre a mesma corrolação de forças poUti- qual as empresas estatais segulriam no' seu papel ~é ~t n• r
82 1
1
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~ 1. 1 .
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· c1ador da acumulaçao privada sem questionamentos classistas produção. Esse tipo de relação, como é óbvio, exporta tam- 1 ~
bém o estímulo à produção de bens de produção. O períodfil '
partidos de baixo. 1
O padrão de acumulação de' capital imposto no novo
*
Vargas intentou internalizar parte do circuito da ~cu~ulação, i i/t
, ciclo centrava-se, agora, numa expan~ão sem precedentes do
t chamado Departamento rn da econbmia; em si mesma a
.. criando o setor de produção de bens de produçao mterme-1
diários, intento apenas esboçado ~ muito pouco parcial~ente;
cumprido. Ora, o padrão de acumulação do novo penodo, j
viab~lidade dessa ·forma de expansã_~ era, até certo · po~to, resumido muito bem no slogan "Cinqüenta anos em cinco",!
pre~1amente assegurada pela concenlfação de renda que se pretendia fundar de golJ>C.: o Departamento III. Nessas condiJ
havia gestado no período anterior: era para a existência de ) .
ções, \Êara sãi'vitt as dificuldades anteposta! pelas relações de/
uma demanda "reprimida" que apç>ntava a análise da econo- propÓr<:ionalidll~ entre um Dep~amento I apenas parcial-/
mia brasileira, realizada pelo 9rupo IMisto BNPB-Ç~PAL, em -mente esboçado e quantitativamente insuficiente e um Deparj
1954, e que, sem sombra de dúvidas, constituiu-se nar base tamento III cujas dimensões sobrepujavam a capacidade de
do Plano de Metas; a esse respeito, para muitos analista7ciã" ~ produção interna d quele Departamento I, sr,mente havia uma
história do período, parece como se ~ Plano de Metas fosse f~rma: estabelece o tipo de relação ~entro-perifçri_a, já des-
algo como "um raio num dia de céu azul", quandQ na ver- crito. Mas, esse restabeleciment~ encontra•ià novos obstáculos
dade é no refcrido documento do G~ po Misto que se deve nã relativa inelastjçidade de crescimento das . exportaçõ
buscar sua rationale. De outro ponto ~e vista, a existência de J!lárias nacionais. A solução encontrada ·- que, diga-se de
um Departamento Ili numa economia como a brasileira, em passagem, não corresponde nem de longe a imposiç6és auto- ' '\1'
que não apenas não se havia esgotado!o amplo resc;:rvatório de máticas. mas revela claras o~es de política - foi o recurso ·:1.JY
mão-de-obra como o próprio processo de expansão estava ao capita! cstrangeiro.,Lsob a4>rma de mvestimento direto)~ -l"-1/-7"
ampliando-o - e onde, portanto, as j condições de excedente capital de rlsco. A famosa Instrução 113, da gestão Gudin,1
~ estrutural de mão-de-obra, para falàr em termos · de Arthur "forneceu o modelo: investimentos diretos sem cob::rtura cam-
Lewis, contribuíam para determinar uma 1
tendência pelo menos bial, que foi utilizada à exaustão pelo Governo Kubitschek.1
cÕristãnte para os salários reais -, indicava o já adiantado grau Assim, entrou praticamente todo o capital destinado à indús-1
de concentração de renda e a amplia~ão de uma classe espe- tria automobilística, construção naval e outros setores contem-:
cial de trabalho improdutivo, cuja base de sustentação, além piados no Plano de Metas, com o que," para um curto período;
de ser o consumo de parte do excederlte ~ocial produzido pelo e nestas condições, solucionava-se o problema do financia-
setor privado, era dado também pela1 própria ampliação do
• mento ,rxterno da acumulação de capital. .
papel do Estado na econonua. ,
Sob o aspecto -_do ~~ciamento interno,-: a questão não,
. Um padrão de acwiiulaçãc> âesse /iipo tinha ·todas ~s êon- apresentava graus de resolução tão. simplificados, ou, . melhor;
~ dições de ·inviabilidade, se ob$ervadas· as relações de propor- l .
dizendo, possibilidades de resolução indolores, para usar um
cionalidade existentes entre o Departamento
1
IlI em implan- . adjetivo. A própria implantação, de chofre, do Departament~
tação e o Departamento I, de pro~uç;o · de bens de produção,
III necessitava de um certo período de maturação durante tj
naquele período. Historicamente, o . Departamento I da eco- qual a inelasticidade das receitas fiscais do Estado revelar-se-i~
~ nomia nacional - como, de resto, de ~ualquer outra econowia crucial, istQ é, Q,.Estado não poderia, a curto prazo, captari
dependente - situa-se fora do ..circuito interno . da acumula- parte do excedente que a produção do novo Departamento IU
ção: situa-se no interior das eco11omias centrais e, nas eco-
propiciaria. Por OUij'O lado, a implantação· pelo menos parcial
nomias dependentes, são as exportafies s ~ primárias do anterior programa referente ao Departamento I ~ssumiaJ
que cumprem o papel de financiar . s comprâsã°e bens de
1 1
84
ss!
l .. ,.,_.
!
1
~
1 \
nestas C_?ndições, caráter de extrem~da urgência, sem o que Kubitschek _ um padrão de relações c~ntro-periferia .num '
' a soluçao .do problema do abastecimento de produtos tais patamar mais alto da divisão ·internacional .do trabollto do ~~~·· ·
como ferro e aço, petróleo, química básica requereria de sistema capitalista, instaurando, por sua vez .- e aqui constitui
novo, o recurso às importações, numa etapa de düícil c;esci- sua singularidade -, uma $!ilL iP;ocreme d Balanço de
. .l
m:nto das exportações. Essa exigf ncia, posta em simulta- "'-. Pagaf!1et1tos; que )e expressa na co.ntrÓdiçil,~_ ntre um~ i1~~u__s;
'/
~ "t / 1
~eidade com a ·ampliação do cham,ado capital social básico, , tfla izaçao voltada para o mercado interno I inanc1a a
is~o; é, infra-estrutura rodoviária e epergia, levaria o Estado a [ lj ~ontrolàda( pelo capital estran;eir~ insu~icilncia de: g_
e,aç~q / . .,
utilizar no limite sua capacidade j fiscal; ultrapassado esse , t ~ /' de ·meios de pagamento internacionais ,para· fazer voltar d c.r• ,
ponto, o recurso à disposição pareceu ser unicamente o · cu/ação internacional de · capitais a parte · do excedente que .:
fmanciamento inflacionário, já que T1 ressalve-se
~
'
- o Estado,
sob a correlação de forças populistas, revelava-"se incapaz de
'
:rte~e a~ c~pi~! inte~nacional. Em.~utras ~~lavras, ,e.sse tipo . . /; /
d e - é \lld~mente disti!!_t§\ da crise tr~dic1onal dos ~alan- . : ' 1
pôr em curso uma reforma fiscal qu~ baseasse sua abrangência ços de Pagamentos _das economias· depende~tes~ · pois o padrão
agora nas novas e ampliadas condiçyes da produção industrial. agroexportador das fases anteriores gerava, ao produzir a i
'
A política econômica do Governo apresentava-se consti- mercadoria exportável, os meios de pagamento do capital inter-1 í: ··
tuída em três níveis: uma política cambial audaciosa ao revés, . .nacional; as crises desse padrão eram, , rigo~osam~nte, cris'u da i .
isto é, imobilista e liberal, em condições de extrema severidade circulação internacional de mercadorias. Agora, sob o·novo '1
das receitas cambiais. A própria Lei de Tarifas surgida no padrão, as crises são da circulação· internacional do dinheiro-
· primeiro ano do período ·era, na ; prática, uma política de capital. Veja-se, sob esse aspecto, a JlCionaJidade dói 'ineca-
criação de mercados "cativos" para as indústrias em implan- "--. ésm~s do l;i'undo Monet~o lntem ci~nal para 'as çris~ ;.trad,~ I:
tação, erguendo uma podero.sa barreira protecionista que • ciona1s, em que os créditos stand-by esperavam apenas a
muito contribuiu para a oligopolização_ dos novos setores indus- Ã (i1:egularização da _circulação internacional de mercadorias par.a I F
iriais, e muito menos um mecanismo auxiliar de encarecimento
do preço das moedas estrangeiras. A política fiscal era extre-
"~ restaurar a solv~bilidade d~ economi~ dep~ndente~: a~Or81
~ Fundo Monetário Internacional é absolut.amente mcapaz de · ~ 1•
,~1 ./ 1
mamente conservadora, congelando praticamente a expansão ' financiar a solução do novo tipo de crise, pois ela se aprofunda ,. ,
das receitas do Estado, e, por fim, a políticà monetária e na mesma medida em que se expaqdem as produções interna-
financeira era de insólita audácia, ·utilizando-se o mecanismo mente realizadas subordinadas à cirçulaçao internaciqnal de/ ::
inflacionário até limites insuportáveis. Convém · não subesti- capitais; as chamadas empresas multinacionais assumem; agora~
o antigo papel do Fundo Monetário Internacion~. ·
mar a herança do período C?. a perm~ência dq _p~rfiJ ctef~agrado
pelos anos subseqüentes, conform~ndo ~ pad~ão básico d_e Em segundo !~ar, ~!)~our ca~e,,._<?: F~~~~/;l;te _pi:~9fín!, • • !
~.:, do Departamento III - présidindo ~: -'àrtiêwação, j,pt~~etoii1 1 ' 1
crescimento ou de expansão da eeonomia nacional. Em pri- ~-
.~fl'
meiro lugar, o padrão de acumulaçio agora fundado no Depar- toma irreversível o processo de tontrolé oligopolistiSo, im~·
} pondo, no que interessa a esse exame, um padrão de reta· ~ (
(( tamento Ili teve como conseqüência imediata, dada a forma ções interdepartamentais no qual os aumentos de produtividad . j· ~
(/ como se implantou, uma atrofill,J +1a.tj~ . ~ª!. m_yi~o pron~- ., produzidos quase. Cill qualquer setor. da ;economia ilidustri_a
.1 : t
~ ~ . do Departamento 1; voltou r
residir nos p~!Ses ~.~p1ta-, são inevlttlvelmeoto transferidos aos :seto~es-lideres e , .o se·
.. -li .1
.1,
listas centrais parte do Departamento I da eco~omia nacional. .-- . ....... .,• ·- ~- 1
irmão siamês, o Departamento I das economias centrais. Táº
1
As conseqüências dessa inversão ! d~ tendéncia do período são os casos que se dão ao nível d~ de~aisrãiiios qü~ com•
imediatamente anterior far.em-se stntrr sobretudo atualmente.: põem o conjunto do sat6lites dos ramos-líderes - como, po:
ef~ \. Essa inversão restaurou - da[ o t ognome de _
I
"Restauração"
_ _ __ 1
1


. ' . 1'
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1 i .
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86
1
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ªl j.
i1
1,
1:
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.....
~x~mplo, o ramo de autopeç~s ;der tro da indústria automobi- ços inusitados. seja pelas novas condições tecnológicas i_m_plan- 1
list1ca -:- e, ao nível do próprio Departamento I, nos ramos de tadas, seja pela transferência dos aumentos de .produ!1v1dade
produçao de bens de produção intermediários, quase total- logrados pelas empresas estatais, com o que o düerenc1al pro- j
mente de propriedade estatal que, / por força da desproporcio- dutividade/salários começou a ampliar-se consideravelmente,
nalidade implementada no momento da deflagração do · novo aumentando as margens de lucratividade dos novos setores_ e /
ciclo de acúniulação e recriada/8.Ifpliada no curso da própria ramos e constituindo-se em poderosa fonte de acumuJaçao 1
expansã_o, Jraosferem parte substantiva de suas comp ras~ potencial. A política monetária e financeira, reflexo em grande 1
# o extenor.s Esse padrão de artichlação, presidido ol,igopolis- parte do conservadorismo da política fiscal, deu lugar a uma
ticamente pelo conjunto de emprdsas multinacionais, soma ao espiral inflacionária que não apenas contribuiu para erosionar
novo tipo de crise recorrente do /Balanço de Pagamentos, já poderosamente o poder aquisitivo ~os sal~rios, mas funcio- I
descrito, o antigo, que se expressa no incremento da impor- nou, pelo menos nos primeiros anos, como pod~roso meca-
tação de bens de produção, s~jatil intermediários - caso do nismo adicional da acumulação, perde~do_ eficá~ia apenas nos. /
aço e dos não ferrosos, por exem~lo - , sejam bens de capital . últimos anos do período, quando os mve1s de inflação come-
em sentido estrito - como, por I exemplo, máquinas, equipa- çaram a impedir o cálculo econômico privado e, portanto, o j
mentos, geradores, turbinas; este constitui o caso clássico de signo monetário já nãç, servia como meio de preservação e
desequilíbrio crônico do Balanço /de Pagamentos, tratado por reposição do capital-dinheiro. 1
Furtad,o.9 As características centrais do padrão de acumuJ aç~ fun-
Durante o período, a política de salários seguiu a mesma dado numa predominância do Departamento III e, além disso,
tônica anterior, provavelmente agravada em seus aspectos na forma com que foi financiada· a acumulação de capital,
negativos sobre o poder aquisitivo. dos salários, devido à mais contribuíram poderosamente para moldar uma das mais nega-
baixa participação das forças políticas respaldadas pelos traba- tivas faces da economia brasileira de nossos dias: a extremada
lhadores na composição do Go~erno: enquanto no período concentração da renda, que deriva imediatamente da forma
Vargas essa participação chegava até a própria Presidêµcia da concentração de capital que o padrão de acumulação pro-
da República, no período Kubitsbhek essa participação situa- piciou. Sem dúvida, a estruturação oligopolística dos novos '
va-se ao nível da Vice-Presidê4cia, com influência apenas setores e ramos, de que os casos da indústria automobilística 1
nominal sobre a política de salários1
, já que a realpolitk era e construção naval são exemplos marcantes, já contribuiria,
traçada pelas autoridades fazendárias e pelo núcleo · dos que decisivamente, para os resultados posteriores. Essa oligopoli-
controlavam ·os investimentos do /Plano de Metas. Os salários zação, potenciada por saltos na produtividade do trabalho, e
reais crescera·m a. taxas . insignific~tes no Rerfodo. for outro • em presença de salârjos _~cais constantes,·- qu~d9 não . decli- 1
lado, - a produtividade do traballio na economia em geral, e nantes em alguns setores, e, ainda mais, alimentada· pela '
especialmente nos novos setores , ramos, expéiimentava avan- transferência de produtividade do trabalho das empresas esta- /
tais, não poderia dar senão na característica antes assinalada·
0
1mpor1ação de bens de capilal nãrl repres~nta~ strictu se11su, transfe- reajmente, esperar o contrário é ue teria sido milagroso. 1
~
rência de produtividade dos ramos de produção de bens intermediár~o~ simples extstenc1a e um epartamento II numa economia
para o Departamento I das economias centrais. O importante, , no caso, ão da
é que o padrão de rotações Interdepartamentais determina umà expor. subdesenvÓlvidà·-.á é em si mesma s· ai de ·conce
tação de estímulos ao Depart~ éntq I das economias centrais, quo . renda· as dbnensões do Depa,rtámento III na economia brasi-
implica na -'xternallzai40 do çirçuito da reprodu leira, cujo · tamanho inicial foi · recriadamente ampliado em
!,'Y.. ° Cjls~ Fngpdo, Subdesenvolvimento! e esta,1nação na América Latina.
e aneiro, Ed. Civilização Brasileira, 1966. parte pelos próprios resultados da concentração da renda que
'7l- Rio 1
89
88
f ·I
/,
1
. lado visando restabelecer ~s
qual- da política econômica, de ~ portanto da contin uidad e
criou um mercado altamente seletivo, indicam, mais que condições do cálculo econômico e, , ·ta1, ' . de outro' . , 1
não i•
quer estudo de distribuição da renda, o grau extremadame
nte do rocesso de acumulação de cap1 e,
nalizar as _,_.... trabal hador as do , ondo retara ya
Pd ô "
concentrado da riqueza na economia brasileira ... poden o pe ~
nu
seu apoio político, vai levar _à falência toda a polí~ca econ.
.!-1 '
Vale a pena considerar ainda a radical transformação que
e não apenas ela: também o· regime ~emocráttco. Mwto
pro- e
no período se inicia quanto às funções e caráter do setor Furta . /·
dutivo estatal na economia brasµeira. A simples mençã
o de tem dito sobre a similaridad!' do Plano Trienal de
que o projeto da Usiminas, por exemplo, se constitu(sse
à base com o Plano de Ação do Governo Castello Branco, sob
!º~ 11~ :
\
de uma. associação entre o Estado e o capital japonê
s já é,
ração de Roberto Campos. Há, .se~ dú~fda, algum~
s ~ !: ~ •
para ridades formais, o quo não se poden a eyitar, já que o
-~ . .·, R:
por si mesma, indicativa da mudança: isto é, esperava-se o· .· !: ;
as empresas estatais performanJes lucrativas, sem o
que· o teórico de ambos 6 praticamente o mesmo ( o estruturalis
e
capital estrangeiro decerto não participaria. Essa transformaç
ão de Furtado não 6 suficiente para instrumenializar sou plano
diver-
apenas será completamente explicitada e aprofundada
no curto prazo ); para além dessa similitude, coloca-se uma
1 período pós-64, exatamente pela mudança Iia correlação
forças políticas que fundam o I novo regime, . mas ela
de
está
gência fundamental, que se situa no campo do
capital estrangelo;>., ·Essa simples divers.ência seria ·sufici
.
e t~
o
nas; o sé se
substancialmente anunciada na constituição da Usimi para tomar os dois planos . completamente antagônicos,
tativa,
r projeto da Cosipa também se faz sob a mesma expec pudesse .especular sobre os resultados da aplicação do
Planfo •··
tas,
numa associação entre o Estad o e grupos privados paulis Trienal. . •·
tar
principalmente. Estes, por absoluta incapacidade de susten No fim dó período sob anális~, vários . fatores CQnver,
m :·
o processo de acumulação de uma usina daquele porte,
termi- ra. O ·!.
le do para dar à mesma a dimensão que a história hoje regist
nam por transferir completamente para o Estado o contro uso indiscriminado de uma política monetária e financ
eira
~nfia ;
empreendimento. irresponsável - frise-se, basicamen~e deflagrada ria Presi~
A crise do fim do período, que por sua vez vai dar lugar Kubitschek - reduzirá drasticamente o poder aquisitivo
dos 1
à recessão que se lhe segue até o ano de 1967, é
uma crise el~er ::
salários, dando origem, como natural reação para restab
que mobali- ,
extremamente complexa. Em primeiro lugar, deve-se dizei' pelo menos parcialmente aquele poder, a uma intensa
prisio- seryia :
as presidências Quadros e Goulart na verdade foram zação polftica, ao mesmo tempo que também já não
ano da
neiras da crise que começou a detonar no último aos pro~ itos ant~riores, seja de fi?ànciar internament
eJ a :
no
Presidência Kubitschek; a poUtica econômica do Gover acumulaçao de capatal, seja para succ1onar e transferir
renda
pelo seu
Quadros, se é que se pode situá-la nesse nível, seja de uns grupos ·J?!lJ!l·-. 9~tr_os, com ,_g_.qµe... p_c;~de també
m áeu
reves-
curtíssimo prazo, seja pelo· caráter browniano de que se significado para ·as 'clâsses empresariais. \JJDa política
fisbal :
tia, apenas consegue confundir ainda mais o quadr
o: sua o [na i
<::9nservadora, que não ampliava ,as receitas .do Estad
cham ada "verdade cambial" introduziu um elemento
a mais !vo !
os os mesma medida em que as modificações do aparelho i produ
no já perturbado clima, tom~ do extremamente errátic já o perm iti~ contraditoriam~nte ~m ,ª ampliação dos
ga · os 1:
mia. O ao !·
preços relativos entre os diversos setores da econo do &tad o basicamente para cnar a infra-estrutura ad · uada
stan-
período Goulart intenta uma política econômica, co~ub novo· · adrãó de acumulação; ma po 1 ca cambial e sobret
udo :\ ,
ciada mais na gestão fazendária Santhiago Dantas
que no m~nts_•f l-
prepa- ,e capitais · estrangeiros extremamente liberal, que inicial
Plano Trienal de Furtado, cuja essência consistia na contoma a escassez de divisas para financiar externament
~ a
ração e implementação de uma recessão atenuada, para
as já elevadas pressões inflacionárias; esse caráter contra
corrigir
ditório --
acumulação de capital através do expediente da Instrução , .
1~3,
91
90
,,
1 ,,
1
~
1
1
1
1
1
, em desuso apenas n<>f
ão/ presente, era o de cria r Internamentç, um velho remédio
mas cujo efeito reta rda do, já ent ampla e abrangente: . a con - ,
reto mar à circulação inte ma- manuais, 6 reativado em escala 11
uma mas sa de lucr os bus can do de se dá pelo desmante a-
os rlieios de pagamento inter- tenção dos salários, cuja possibilida
cional do capital-dinheiro, sem lizão p~lítica anterior, e emb'
1
: dd Remessas de Lucrosb do õiento, em primeiro lugar da c~a
nacionais cor resp ond ente s: a Lei icatos, postos sob con trol
tardip reaç ão a essa política, segundo pela intervenção nos sind
fim do per íod o, era já um a liar a crise do D:p arta men th
dos capitais estrangeiros mves- do Governo. Que isso pudesse amp
enc ont ran do ago ra o obs tácü lo to: os · interesses ali criadqs
\~·
a 1olítica de retorno também II da econoi"nia,' não importa múi
\) »' tidos no aís, ue dese·avam um
liberal. A crise que se abre, cuja
esolução se an sar em
izdção da produção, embora
e em reprodução, emb ora poderos
tantes par a o pro jeto da políti~a
os, não são os mais imp o~-
econômica e, no limite, ds
seguida, não é um a crise de real o os anéis, mas fiquem ~s
endentes do consumo popular, empresários preferem que se. "vã
par a alguns ramos industriais, dep nos setores e ramos mais
dedos". Mas, qua ndo isso se dá
isso tam bém ocorresse; é um a
crisf já de concentração, em a um potente aditivo par a ~
Jlela contradição entre um importantes, entã o ent ra em cen
primeiro lugar, um a crise ger ada ramos e setores do Dep ~-
n? Departamento III e as acumulação de capital. Mesmo nos
pad rão de acumulação fun dad o joga um papel fundamental
to I, e, em última instância, tamento ll, a contenção de sal~rios
fracas bases internas do Dep arta men ~s falênçias e concordatas
~dentes internos que não par a o processo de concentração:
um a crise de realização dos exc rações e, no limite, exclus~o
rnacional do dinheiro-capital; são o prelúdio da s~ s. incorpo ., 1
podem reto mar à circulação inte do mercado das empresas mais
débeis.
~e gravitação das empresas completamente rem à-
é, em suma, crise ger ada pel a eno Os preços relativos internos são
de capital estrangeiro.
1
buscava eliminar os déficits
nejados, num a direção em que se
r as margens de rem une raçã o
das empresas estatais e aumenta
básicos; esse remanejamenio
2. O "milagre": ag o~ e êxtase do capital investido em serviços
s inflacionárias não despre-
1
dar ia lugar, sem dúvida, a pressõe
o "inflação corretiva", m~s
zíveis conhecidas na literatura com con-
l
2.1. A agonia criadora ção já alcançado dav a
seguramente o gra u de oligopoliza
a rentabilidade das empresas,
1
A economia brasileira experim
enta a mais prolongada dições par a que isso não atingisse
: 1962-1967. Em meio, no era política creditícia interqa
recessão de sua recente história ao· mesmo tempo em que um a sev
e. O Pla no de Ação Eco- ular as empresas financeira-
auge da crise, a mudança de re~ funcionava no sentido de estrang
iico, .sob a orientação de ao moinho da concentraçã~.
nômica do Governo Castello Bz:a mente mais débeis, leva ndo água
1 1
Roberto Campos, leva a crise. às últí
mas conseqilências: pratica
Assiste-se, por ~ ~P. C~ o, a um
a ~~p3:11~ ão tipo "ma nch a. de
1I uma política de recessão calcula.c
par ar as bases institucionais par a
Ja,/. cujo seqtjdo é o de pre - ,
w# rocesso de concentra ão
Não se muda o
óleo ": a eliminação de ·mu itas emp
o espaço vazio par a as que sob

1
resàs dô' mer cad o dei xaí la
ravam,· e esse adicional de
~
\
f do ue vinha se ando caoticamente.
pad rão de acumulilção, sustenta
do ·na expansão do Departa- mercado compensava aquilo que
nejamento dos preços relativos,
se per dia por força do rem r-
das pressões inflacionárias e
':?'
__ _
:: ,i !
o período que essa pre do- :
mento ill; pelo contrário, é no nov do corte nos salários reais.
I ~m ioân cia vai aparecer de form
a. / cabal. Como resolver os
Um a refo rma fiscal audaciosa
ade quo u as receitas o
, da acuµ1ulação de capital, externa lida de ,da estr utu ra de pr~
l _\ ·problemas do finan.ciamento ~ta do à nova qua ntid ade e qua
l ~~; e internamente? Com o
resolver ' o;p rob lem as de pagame
nto
res e ram os do . oep.,..
a mulação recria ampliada- . dução, com a preemin&icia dos .setoum a pol ític a de incentivos
Q/1 ' internacional, que o pad rão de ; · tamento m, ao mes mo tem po em
que
mente de forma inusitada?
I
r
1
92
1

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