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LÍNGUA PORTUGUESA

FONOLOGIA
• Trissílaba: 3 sílabas.
1 FONOLOGIA Por exemplo: palhaço (pa-lha-ço).
Para escrever corretamente, dentro das normas aplicadas pela gra- • Polissílaba: 4 ou mais sílabas.
mática, é preciso estudar o menor elemento sonoro de uma palavra: o Por exemplo: dignidade (dig-ni-da-de,), particularmente
fonema. A fonologia, então, é o estudo feito dos fonemas. (par-ti-cu-lar-men-te).
Os fonemas podem ser classificados em vogais, semivogais e Pela tonicidade, ou seja, pela força com que a sílaba é falada e sua
consoantes. Esta qualificação ocorre de acordo com a forma como posição na palavra:
o ar passa pela boca e/ou nariz e como as cordas vocais vibram para • Oxítona: a última sílaba é a tônica.
produzir o som deles. • Paroxítona: a penúltima sílaba é a tônica.
Cuidado para não confundir fonema com letra! A letra é a repre- • Proparoxítona: a antepenúltima sílaba é a tônica.
sentação gráfica do fonema. Uma palavra pode ter quantidades dife-
A identificação da posição da sílaba tônica de uma palavra é feita
rentes de letras e fonemas.
de trás para frente. Desta forma, uma palavra oxítona possui como
Por exemplo: sílaba tônica a sílaba final da palavra.
Manhã: 5 letras Para realizar uma correta divisão silábica, é preciso ficar atento
m/ /a/ /nh/ /ã/: 4 fonemas às regras.
• Vogais: existem vogais nasais, quando ocorre o movimento do • Não separe ditongos e tritongos.
ar saindo pela boca e pelo nariz. Tais vogais acompanham as Por exemplo: sau-da-de, sa-guão.
letras m e n, ou também podem estar marcadas pelo til (~). No • Não separe os dígrafos CH, LH, NH, GU, QU.
caso das vogais orais, o som passa apenas pela boca.
Por exemplo: ca-cho, a-be-lha, ga-li-nha, Gui-lher-me,
Por exemplo: que-ri-do.
Mãe, lindo, tromba → vogais nasais • Não separe encontros consonantais que iniciam sílaba.
Flor, calor, festa → vogais orais Por exemplo: psi-có-lo-go, a-glu-ti-nar.
• Semivogais: os fonemas /i/ e /u/ acompanhados por uma vogal • Separe as vogais que formam um hiato.
na mesma sílaba da palavra constituem as semivogais. O som Por exemplo: pa-ra-í-so, sa-ú-de.
das semivogais é mais fraco do que o das vogais. • Separe os dígrafos RR, SS, SC, SÇ, XC.
Por exemplo: automóvel, história. Por exemplo: bar-ri-ga, as-sa-do, pis-ci-na, cres-ço,
• Consoantes: quando o ar que sai pela boca sofre uma quebra ex-ce-der.
formada por uma barreira como a língua, os lábios ou os dentes. • Separe as consoantes que estejam em sílabas diferentes.
São elas: b, c, d, f, g, j, k, l, lh, m, n, nh, p, rr, r, s, t, v, ch, z. Por exemplo: ad-jun-to, subs-tan-ti-vo, prag-má-ti-co.
Lembre-se de que estamos tratando de fonemas, e não de letras.
Por isso, os dígrafos também são citados como consoantes: os dígrafos
são os encontros de duas consoantes, também chamados de encontros
consonantais.
O encontro de dois sons vocálicos, ou seja, vogais ou semivogais,
chama-se encontro vocálico. Eles são divididos em: ditongo, tritongo
e hiato.
• Ditongo: na mesma sílaba, estão uma vogal e uma semivogal.
Por exemplo: pai (A → vogal, I → semivogal).
• Tritongo: na mesma sílaba, estão juntas uma semivogal, uma
vogal e outra semivogal.
Por exemplo: Uruguai (U → semivogal, A → vogal, I
→ semivogal).
• Hiato: são duas vogais juntas na mesma palavra, mas em sílabas
diferentes.
Por exemplo: juíza (ju-í-za).

1.1 Partição silábica


Quando um fonema é falado em uma só expiração, ou seja, em
uma única saída de ar, ele recebe o nome de sílaba. As palavras podem
ser classificadas de diferentes formas, de acordo com a quantidade de
sílabas ou quanto à sílaba tônica.
Pela quantidade de sílabas, as palavras podem ser:
• Monossílaba: 1 sílaba.
Por exemplo: céu (monossílaba).
• Dissílaba: 2 sílabas.
Por exemplo: jovem (jo-vem).

22
L
LÍNGUA PORTUGUESA P
O

2 ACENTUAÇÃO GRÁFICA 2.3.5 Acentuação dos hiatos R

Acentuam-se os hiatos quando forem formados pelas letras I ou


Antes de começar o estudo, é importante que você entenda quais
U, sozinhas ou seguidas de S:
são os padrões de tonicidade da Língua Portuguesa e quais são os
encontros vocálicos presentes na Língua. Assim, fica mais fácil enten- • Por exemplo: saúva, baú, balaústre, país.
der quais são as regras e como elas surgem. Exceções:
• Seguidas de NH: tainha.
2.1 Padrões de tonicidade • Paroxítonas antecedidas de ditongo: feiura.
• Palavras oxítonas: última sílaba tônica (so-fá, ca-fé, ji-ló). • Com o I duplicado: xiita.
• Palavras paroxítonas: penúltima sílaba tônica (fer-ru-gem,
a-du-bo, sa-ú-de). 2.3.6 Ditongos abertos
• Palavras proparoxítonas: antepenúltima sílaba tônica (â-ni-mo, Serão acentuados os ditongos abertos ÉU, ÉI e ÓI, com ou sem
ví-ti-ma, ó-ti-mo). S, quando forem oxítonos ou monossílabos.
• Por exemplo: chapéu, réu, tonéis, herói, pastéis, hotéis, lençóis
2.2 Encontros vocálicos etc.
• Hiato: encontro vocálico que se separa (pi-a-no, sa-ú-de). Com a reforma ortográfica, caiu o acento do ditongo aberto em
• Ditongo: encontro vocálico que permanece unido na sílaba posição de paroxítona.
(cha-péu, to-néis). • Por exemplo: ideia, onomatopeia, jiboia, paranoia, heroico etc.
• Tritongo: encontro vocálico que permanece unido na sílaba
(sa-guão, U-ru-guai). 2.3.7 Formas verbais com hífen
Para saber se há acento em uma forma verbal com hífen, deve-se
2.3 Regras gerais analisar o padrão de tonicidade de cada bloco da palavra:
• Ajudá-lo (oxítona terminada em “a” → monossílabo átono).
2.3.1 Quanto às proparoxítonas
• Contar-lhe (oxítona terminada em “r” → monossílabo átono).
Acentuam-se todas as palavras proparoxítonas:
• Convidá-la-íamos (oxítona terminada em “a” → proparoxítona).
• Por exemplo: ví-ti-ma, â-ni-mo, hi-per-bó-li-co.

2.3.2 Quanto às paroxítonas 2.3.8 Verbos “ter” e “vir”


Quando escritos na 3ª pessoa do singular, não serão acentuados:
Não se acentuam as paroxítonas terminadas em A, E, O (seguidas
ou não de S) M e ENS. • Ele tem/vem.
• Por exemplo: castelo, granada, panela, pepino, pajem, imagens Quando escritos na 3ª pessoa do plural, receberão o acento
etc. circunflexo:
Acentuam-se as terminadas em R, N, L, X, I ou IS, US, UM, • Eles têm/vêm.
UNS, PS, Ã ou ÃS e ditongos. Nos verbos derivados das formas apresentadas anteriormente:
Por exemplo: sustentável, tórax, hífen, táxi, álbum, bíceps, prin- • Acento agudo para singular: contém, convém.
cípio etc. • Acento circunflexo para o plural: contêm, convêm.
Fique de olho em alguns casos particulares, como as palavras ter-
minadas em OM, ON, ONS. 2.3.9 Acentos diferenciais
• Por exemplo: iândom; próton, nêutrons etc. Alguns permanecem:
Com a reforma ortográfica, deixam de se acentuar as paroxítonas • Pôde/pode (pretérito perfeito/presente simples).
com OO e EE: • Pôr/por (verbo/preposição).
• Por exemplo: voo, enjoo, perdoo, magoo, leem, veem, deem, • Fôrma/forma (substantivo/verbo ou ainda substantivo).
creem etc. Caiu o acento diferencial de:
• Para/pára (preposição/verbo).
2.3.3 Quanto às oxítonas
• Pelo/pêlo (preposição + artigo/substantivo).
São acentuadas as terminadas em:
• Polo/pólo (preposição + artigo/substantivo).
• A ou AS: sofá, Pará.
• Pera/pêra (preposição + artigo/substantivo).
• E ou ES: rapé, café.
• O ou OS: avô, cipó.
• EM ou ENS: também, parabéns.

2.3.4 Acentuação de monossílabos


Acentuam-se os monossílabos tônicos terminados em A, E O,
seguidos ou não de S.
• Por exemplo: pá, pó, pé, já, lá, fé, só.

23
REDAÇÃO
REDAÇÃO PARA CONCURSOS PÚBLICOS

1 REDAÇÃO PARA CONCURSOS PÚBLICOS


A questão discursiva (redação) assusta muitos candidatos. Afinal, escrever de acordo com a norma culta da Língua Portuguesa, respeitando
as inúmeras regras gramaticais, é tarefa que exige muita atenção. Além disso, é necessário que o candidato apresente bons argumentos dentro
de uma estrutura na qual as ideias tenham coesão e façam sentido (coerência). Por isso, é importante que a redação seja estudada e treinada ao
longo da preparação para o concurso almejado.

1.1 Por que tenho que me preparar com antecedência para a redação?
Quando a redação (questão discursiva) é solicitada, em geral, é uma etapa eliminatória (se o candidato não alcançar a nota mínima, é
eliminado do concurso). Então, por ter peso significativo, podendo colocá-lo na lista de classificação ou tirá-lo dela, merece atenção especial.
Entretanto, não se pode dar início ao estudo para concurso pela redação. É necessário que o aluno tenha conhecimento das regras gramaticais,
da estrutura sintática das orações e dos períodos, dos elementos de coesão textual, ou seja, é essencial uma maturidade para, então, produzir
um texto. Além do domínio da norma culta, deve-se dedicar à disciplina de Atualidades, que, muitas vezes, já vem prevista no edital. Quem
tem conhecimento do assunto se sente mais confortável para escrever.

1.2 Os primeiros passos


Antes de começar a praticar a produção de textos, é importante ler o edital de abertura do concurso (quando já tiver sido publicado; quando
não, leia o último) para entender os critérios de avaliação da sua prova discursiva e sobre qual assunto o tema versará.
Veja aguns exemplos:

CONCURSO EDITAL – PROVA DISCURSIVA ASSUNTO COBRADO - TEMA A PROPOSTA


SEGURANÇA PÚBLICA: POLÍCIA E POLÍTICAS
Os assuntos que o tema pode PÚBLICAS
DEPEN - 2015

A prova discursiva valerá 20,00 pontos abordar foram disponibilizados Ao elaborar seu texto, faça o que se pede a seguir.
e consistirá da redação de texto no edital. Atualidades: 1 > Disserte a respeito da segurança como condição
dissertativo, de até 30 linhas, acerca Sistema de justiça criminal. 2 para o exercício da cidadania. [valor: 25,50 pontos]
de tema de atualidades, constantes do Sistema prisional brasileiro. 3 > Dê exemplos de ação do Estado na luta pela
subitem 22.2 deste edital. Políticas públicas de segurança segurança pública. [valor: 25,50 pontos]
pública e cidadania. > Discorra acerca da ausência do poder público e a
presença do crime organizado. [valor: 25,00 pontos]

Com base na coletânea e nos conhecimentos


PC-PR - 2018

sobre o tema, redija um texto dissertativo-


A Redação, com no mínimo 15 e no Tema da atualidade, ou seja,
argumentativo que coloque em discussão a
máximo 25 linhas, versará sobre um pode ser cobrado qualquer
importância da correta emissão e decodificação da
tema da atualidade assunto.
mensagem, bem como o repasse dessa mensagem
ao interlocutor, seja na modalidade escrita ou oral.

Para o cargo de Perito Criminal


Considerando que o texto precedente tem caráter
PF-2018 PERITO

Federal, a prova discursiva, de caráter


unicamente motivador, redija um texto dissertativo
eliminatório e classificatório, valerá O tema tratará das matérias de
CRIMINAL

acerca do impacto da LRF na gestão pública,


13,00 pontos e consistirá da redação conhecimentos específicos do
abordando, necessariamente, os seguintes aspectos:
de texto dissertativo, de até 30 linhas, cargo, ou seja, será um assunto
1. o processo de planejamento; [valor: 4,10 pontos]
a respeito de temas relacionados aos do conteúdo programático.
2. as receitas e a renúncia fiscal; [valor: 4,10 pontos]
conhecimentos específicos para cada
3. as despesas com pessoal. [valor: 4,20 pontos]
cargo/área.

O COMBATE ÀS INFRAÇÕES DE TRÂNSITO NAS


RODOVIAS FEDERAIS BRASILEIRAS
A prova discursiva valerá 20,00 Ao elaborar seu texto, aborde os seguintes aspectos:
PRF - 2018

pontos e consistirá da redação de O tema tratará de algum 1. medidas adotadas pela PRF no combate às
texto dissertativo, de até 30 linhas, a assunto relacionado ao infrações; [valor: 7,00 pontos]
respeito de temas relacionados aos conteúdo programático. 2. ações da sociedade que auxiliem no combate às
objetos de avaliação. infrações; [valor: 6,00 pontos]
3. atitudes individuais para a diminuição das
infrações. [valor: 6,00 pontos]

Prova Dissertativa (Parte II), de caráter


eliminatório e classificatório, visa avaliar
PM-SP – 2019 -

a capacidade do candidato de produzir


SOLDADO

Não foi informado o tema nem


uma redação que atenda ao tema e ao A popularização da internet ameaça o poder de
o tipo de texto (dissertativo,
gênero/tipo de texto propostos, além de influência da televisão?
narrativo, descritivo).
seu domínio da norma culta da língua
portuguesa e dos mecanismos de
coesão e coerência textual;

102
REDAÇÃO
A partir disso, o aluno deve direcionar a sua leitura para temas da b) Não use gírias; clichês, provérbios e citações sem critério.
atualidade, para matéria do conteúdo programático (conhecimentos você pode acabar errando o autor da expressão (o que pega
específicos) ou para assunto relacionado ao cargo ou à instituição a muito mal), ou até mesmo usá-la fora de contexto, o que pode
que está concorrendo. É crucial que conheça a banca examinadora e direcionar a sua redação para um lado que você não quer. Os
que tenha contato com as provas anteriores a fim de observar o perfil ditados populares empobrecem o texto. Os examinadores não
R
das propostas de redação. gostam de ver o senso comum se repetindo.
E
Em geral, as bancas de concursos públicos exigem textos disserta- Desde os primórdios da humanidade; fechar com chave de ouro.
D
tivos e apontam qual assunto o tema abordará (atualidades ou conteúdo a) Evite a construção de períodos longos: pode prejudicar a A
programático). Quando isso não ocorrer, deve-se levar em consideração clareza textual. Além disso, procure escrever na ordem direta.
o perfil da banca e as provas anteriores para o mesmo cargo.
b) Respeite as margens da folha de redação: não ultrapasse o
limite estipulado na folha do texto definitivo.
1.3 Orientações para o texto definitivo
c) Não use corretivo: se errar alguma palavra, risque (com um
a) Não use a 1ª pessoa do singular: os textos formais exigem a
traço penas) e prossiga. Não use parênteses nem a palavra
impessoalização da linguagem. Isso significa que, às vezes, é
“digo”.
necessário omitir os agentes do discurso e as diversas vozes
que compõem um texto. Então, empregue a terceira pessoa A sociadade sociedade deve se conscientizar do seu papel.
do singular ou do plural. a) Evite algarismos, a não ser que se trate de anos, décadas,
Ex.: Eu acredito que a pena de morte deve ser aplicada em casos séculos ou referências a textos legais (artigos, decretos, etc.).
de crimes hediondos. (Incorreto) b) A letra deve ser legível: pode ser letra cursiva ou de imprensa.
Acredita-se que a pena de morte deve ser aplicada em casos de Não se esqueça de fazer a distinção entre maiúscula e
crimes hediondos. (Correto) minúscula.
Devemos analisar alguns fatores que contribuem para esse pro- c) Cuidado com a separação silábica.
blema. (incorreto) Translineação: é a divisão das palavras no fim da linha. Eva em
Alguns fatores que contribuem para esse problema devem ser conta não apenas critérios de correção gramatical, mas também reco-
analisados. (Correto) mendações estilísticas (estética textual).
1) Não se isola sílaba forma apenas por uma vogal;
2) Não se isola elemento cacofônico;
Atenção!
3) Na partição de palavras hifenizadas, recomenda-se repetir o
A primeira pessoa do plural deve ser um sujeito socialmente hífen na linha seguinte.
considerado, como em “Nós (brasileiros) devemos entender
que o voto é uma importante ferramenta para se alcançar uma
mudança.” Não empregue de forma indiscriminada. Maria foi secretária, ministra e era muito a-
miga do antigo presidente. Quando entrou na dis-
puta eleitoral, todos nós esperávamos que, lançando-
Como impessoalizar a linguagem do texto se candidata, facilmente ganharia as eleições.
dissertativo-argumentativo? INADEQUADO
▷ Oculte o agente:
Para deixar o discurso mais objetivo, prefira por ocultar o agente
sempre que possível. Isso pode ser feito por meio de expressões como: é Maria foi secretária, ministra e era muito
importante, é preciso, é indispensável, é urgente, é crucial, é necessário, amiga do antigo presidente. Quando entrou na disputa
já que elas não revelam o agente da ação: eleitoral, todos nós esperávamos que, lançando-
-se candidata, facilmente ganharia as eleições.
Ex.: É necessário discutir alguns aspectos relacionados a essa
ADEQUADO
temática.
É essencial investir em educação para minimizar tais problemas.
a) Não use as palavras generalizadoras, afinal sempre há uma
▷ Indetermine o sujeito:
exceção, um exemplo contrário ou algo assim.
Indeterminar o sujeito também é uma estratégia de ocultar o agente
“Todos jogam lixo no chão” ou “Ninguém faria isso” ou “Isso
da ação verbal. A melhor forma de empregar essa técnica é por meio
jamais vai acontecer, é impossível.”
do pronome indeterminador do sujeito (se).
a) Não invente dados estatísticos, pesquisas, mentiras
Muito se tem discutido sobre a redução da maioridade penal.
convincentes.
Acredita-se que a desigualdade social contribui para o aumento
da violência. b) Não use a ironia. A ironia é uma figura de linguagem que não
deve ser utilizada no texto dissertativo argumentativo. Nele
▷ Empregue a voz passiva: nada deve ficar subentendido. A escrita deve ser sempre clara,
Na voz passiva, o sujeito da oração torna-se paciente, isto é, ele sem nada oculto, sem gracinha e de forma argumentativa.
sofre a ação expressa pelo fato verbal. Empregá-la é um recurso que
c) Não é uma boa ideia usar palavras rebuscadas. Seu texto pode
também oculta o agente da ação.
ficar sem fluência e clareza, dificultando a compreensão do
Ex.: Devem ser analisados alguns fatores que contribuem para o corretor. Lembre-se: linguagem formal não é sinônimo de
aumento da violência. linguagem complicada.
Medidas devem ser tomadas para a pacificação da sociedade. Hodiernamente, mister, mormente, dessarte, etc.
a) Jamais se dirija ao leitor: o leitor é o examinador e o candidato a) Evite estrangeirismo: empregar palavras estrangeiras em meio
não deve estabelecer um diálogo com ele. à nossa língua de forma desnecessária. Não é necessário fazer
isso se há no português uma palavra correspondente que pode
ser usada.

103
REDAÇÃO PARA CONCURSOS PÚBLICOS
Ex.: Stress em vez de estresse Quem é o autor dela?
b) Não se utilize de pergunta retórica. Qual é o assunto principal?
Pergunta retórica: é uma interrogação que não tem como objetivo O que está sendo retratado?
obter uma resposta, mas sim estimular a reflexão do indivíduo sobre Há marcas temporais ou regionais na imagem?
determinado assunto. Se o aluno não souber nada sobre a temática apresentada, os textos
motivadores podem ser um ótimo suporte. Além dos dados expostos,
1.4 Temas e textos motivadores tais textos também provocam a reflexão sobre outros aspectos do pro-
Os textos motivadores - um grupo de textos apresentados junto à blema e jamais devem ser ignorados.
proposta de redação - têm a função de situar o candidato acerca do tema
proposto, fornecendo elementos que possam ajudá-lo a refletir sobre 1.5 Título
o assunto abordado. Tais textos servem para estimular ideias para o O título só é obrigatório se for solicitado nas instruções da prova
desenvolvimento do tema e são úteis por ajudar a manter o foco temático. de redação.
O papel dos textos motivadores da prova de redação é o de motivar, Pode ser que a Banca examinadora deixe o espaço para o título,
inspirar e contextualizar o candidato em relação ao tema proposta. nesse caso, ele também é obrigatório.
Esses textos não estão ali por acaso, então devem ser utilizados, e Se puser o título e não for obrigatório (não for exigido), não rece-
podem evitar que o candidato escreva uma redação genérica. Contudo, berá mais pontos por isso e só terá pontos descontados se contiver
não podem ser copiados, pois as provas que contêm cópias terão as algum erro nele.
linhas desconsideradas e podem, quando em excesso, levar à nota zero. Caso se esqueça de colocar título quando for obrigatório, a redação
Então, a intenção não é que o aluno reproduza as informações não será anulada, mas poderá ter pontos (poucos) descontados.
contidas nos textos motivadores. O que se deseja é que o candidato leia Dicas:
os textos, interprete-os e reelabore-os, interligando-os à sua discussão.
▪ Nunca utilize tema como título;
Assim sendo, o ideal é retirar de cada texto motivador as ideias prin-
cipais e que podem ser utilizadas na sua produção escrita. ▪ Não coloque ponto final;
Leia todos com atenção e não se esqueça de procurar estabelecer uma ▪ Não escreva todas as palavras com letra maiúscula;
relação entre eles, ou seja, busque os pontos em comum, e os conecte ▪ Não pule linha depois do título;
de uma maneira que defina argumentos consistentes para sua redação. ▪ Construa-o quando terminar o texto.
Escreva as principais ideias em forma de tópicos e com as suas palavras.
1.6 O texto dissertativo
1.4.1 Tipos de textos motivadores Dissertar significa expor algum assunto. Dependendo da maneira
Os textos motivadores podem ser de vários tipos como o esse assunto seja abordado, a dissertação poder ser expositiva
▷ Matérias jornalísticas/ Reportagens ou argumentativa.
Um dos tipos mais comuns de textos motivadores são as matérias ▷ Dissertação expositiva: apresenta informações sobre assuntos,
jornalísticas. Para que haja maior entendimento sobre elas, análise: expõe, explica, reflete ideias de modo objetivo, imparcial. O autor
O que acontece? é o porta-voz de uma opinião, ou seja, a intenção é expor fatos,
Com quem acontece? dados estatísticos, informações científicas, argumentos de auto-
ridades etc. Este tipo de texto pode ter duas abordagens: Estudo
Em que lugar acontece?
de Caso (em que é apresentada uma solução para a situação hipo-
Quando acontece? tética apresentada) e Questão Teórica (em que é preciso apresentar
De que modo acontece? conceitos, normas, regras, diretrizes de um determinado conteúdo).
Por que acontece? Vejamos um exemplo do tipo expositivo.
Para que acontece? A forma temporária como tratam os vídeos criados reflete outro
▷ Charges/Tirinhas aspecto característico desses apps. Em oposição à noção de que tudo
As charges ou as tirinhas são uma forma curta e, muitas vezes, o que é postado na internet fica registrado para a eternidade (e tem
descontraída de apresentar informações relevantes para a produção potencial de se transformar em viral), os aplicativos querem passar a
do texto. Repare nelas: sensação de efêmero. Quem não viu a transmissão ao vivo dificilmente
terá nova chance. Nisso, eles se assemelham a outro app de sucesso,
Os personagens;
o Snapchat, serviço de troca de mensagens pelo qual o conteúdo é
O ambiente; destruído segundos após ser recebido pelo destinatário.
O assunto principal; (VE JA, 2015, p. 98)
A linguagem utilizada (formal, informal, com figuras de lingua- ▷ Dissertação argumentativa: defende uma tese (ideia, ponto de vista)
gem ou não, com marcas de regionalismo ou não etc.). por meio de estratégias argumentativas. Tem a intenção de persuadir
▷ Gráficos (convencer) o interlocutor. Em geral, há o predomínio da linguagem
Os gráficos possibilitam uma leitura mais ágil das informações. denotativa, de conectores de causa-efeito, de verbos no presente.
Ao se deparar com eles, observe o seguinte: Vejamos agora um exemplo do tipo argumentativo.
O título; Fazer pesquisa crítica envolve difíceis decisões de cunho ético e
As informações na horizontal e na vertical; político a fim de que, não importa quais sejam os resultados de nossos
A forma como os índices foram representados (colunas, fatias etc.); estudos, nosso compromisso com os sujeitos pesquisados seja mantido.
O uso de cores diferentes (caso haja); A questão é complexa por causa das múltiplas realidades dos múltiplos
participantes envolvidos na pesquisa naturalística da visa social. Por
A fonte da qual as informações foram coletadas.
exemplo, no projeto de pesquisa de referência neste artigo, havia um
▷ Imagens componente que envolvia a observação participante da sala de aula,
Muitas vezes as imagens podem vir sem nenhuma palavra. Se isto é, a observação à procura das unidades e elementos significativos
isso ocorrer, note: para os próprios participantes da situação.
O que é a imagem (foto, quadro etc.)? (KLEIMAN, 2001, p. 49)

104
ÉTICA E CONDUTA
PÚBLICA
ÉTICA E CONDUTA PÚBLICA
Para que uma conduta possa ser considerada ética, três elemen-
1 ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO tos essenciais devem ser ponderados: a ação (ato moral), a intenção
Nesta unidade, trabalharemos o seguinte conteúdo: ética e moral; (finalidade), e as circunstâncias (consequências) do ato. Se um único
ética, princípios e valores; ética e democracia: exercício da cidadania; desses três elementos não for bom, correto e certo, o comportamento
ética e função pública; ética no setor público: Código de Ética Profis- não é ético.
sional do Serviço Público (Decreto nº 1.171/1994). Acrescentamos, ao A norma ética é aquela que prescreve como o homem deve agir.
final, o Decreto nº 6.029/2007, que revogou o Decreto nº 1.171/1994 Possui, como uma de suas características, a possibilidade de ser violada,
em parte, e que, muito embora não seja mencionado no edital, tem ao contrário da norma legal (lei).
sido cobrado. A ética não deve ser confundida com a lei, embora, com certa
O Código de Ética Profissional do Serviço Público (Decreto nº frequência, a lei tenha como base princípios éticos. Ao contrário da
1.171/1994) contempla essencialmente duas partes. lei, nenhum indivíduo pode ser compelido, pelo Estado ou por outros
A primeira, dita de ordem substancial (fundamental), fala sobre os indivíduos, a cumprir as normas éticas, nem sofrer qualquer sanção
princípios morais e éticos a serem observados pelo servidor, e constitui pela desobediência a estas. E
o Capítulo I, que abrange as regras deontológicas (Seção I), os prin- Para o autor Lázaro Lisboa, a ética tem por objeto o comporta- T
cipais deveres do servidor público (Seção II), bem como as vedações mento humano no interior de cada sociedade, e o estudo desse com- I
(Seção III). portamento com o fim de estabelecer níveis aceitáveis que garantam
Já a segunda parte, de ordem formal, dispõe sobre a criação e a convivência pacífica dentro das sociedades e entre elas, constitui o
funcionamento de Comissões de Ética, e constitui o Capítulo II, que objetivo da Ética.
trata das Comissões de Ética em todos os órgãos do Poder Executivo O estudo da ética demonstra que a consciência moral nos inclina
Federal (Exposição de Motivos nº 001/94-CE). para o caminho da virtude, que seria uma qualidade própria da natu-
Este conteúdo, referente ao Código de Ética Profissional do Ser- reza humana. Logo, um homem para ser ético precisa necessariamente
viço Público, considerando os últimos conteúdos cobrados, é um dos ser virtuoso, ou seja, praticar o bem usando a liberdade com respon-
mais relevantes e que mais deve ser estudado. sabilidade constantemente.
Segundo a classificação de Eduardo Garcia Maýnez, são quatro
1.1 Ética e moral as formas de manifestação do pensamento ético ocidental:
▷ Ética empírica.
1.1.1 Ética ▷ Ética dos bens.
A palavra “ética” vem do grego ethos, que significa “modo de ser”
▷ Ética formal.
ou “caráter” (índole).
▷ Ética de valores.
A ética é a parte da filosofia que estuda a moralidade das ações
humanas, isto é, se são boas ou más. É uma reflexão crítica sobre a A ética empírica está dividida em:
moralidade. Ética Anarquista: só tem valor o que não contraria as tendências
A ética faz parte do nosso dia a dia. Em todas as nossas ações e naturais;
relações, em algum grau, utilizamos nossos valores éticos. Isso não Ética Utilitarista: é bom o que é útil;
quer dizer que o homem já nasça com consciência plena do que é Ética Ceticista: não se pode dizer com certeza o que é certo ou
bom ou mau. Essa consciência existe, mas se desenvolve a partir do errado, bom ou mau, pois ninguém jamais será capaz de desvendar os
relacionamento com o meio e do autodescobrimento. mistérios da natureza.
De acordo com o autor espanhol, Adolfo Vázquez, a ética repre- Ética Subjetivista: “o homem é a medida de todas as coisas exis-
senta uma abordagem científica sobre as constantes morais, ou seja, tentes ou inexistentes” (Protágoras).
refere-se àquele conjunto de valores e costumes mais ou menos per-
Já a ética dos bens divide-se em:
manente no tempo e no espaço. Em outras palavras, a ética é a ciência
da moral, isto é, de uma esfera do comportamento humano. Ética Socrática: para Sócrates (469 - 399 a.C.), o supremo bem, a
virtude máxima é a sabedoria. As duas máximas de Sócrates são: “Só
A ética pode ser definida como a teoria ou a ciência do compor-
sei que nada sei” e “Conhece-te a ti mesmo”.
tamento moral, que busca explicar, compreender, justificar e criticar
a moral ou as morais de uma sociedade. Compete à ética chegar, por Ética Platônica: para Platão (427 - 347 a.C.), todos os fenômenos
meio de investigações científicas, à explicação de determinadas reali- naturais são meros reflexos de formas eternas, imutáveis, sugerindo
dades sociais, ou seja, ela investiga o sentido que o homem dá a suas o “mundo das ideias”.
ações para ser verdadeiramente feliz. A ética é, portanto, filosófica e Ética Aristotélica: para Aristóteles (384 - 322 a.C.), a felicidade
científica. só pode ser conseguida com a integração de suas três formas: prazer,
Entretanto, a ética não é puramente teoria; é um conjunto de prin- virtude (cidadania responsável), sabedoria (filosofia/ciência).
cípios e disposições voltados para a ação, historicamente produzidos, Ética Epicurista: para Epicuro (341 - 270 a.C.), o bem supremo
cujo objetivo é balizar (limitar) as ações humanas. é a felicidade, a ser atingido por meio dos prazeres (eudaimonismo
Todavia, segundo Vázquez, não cabe à ética formular juízos de hedonista) e os do espírito são mais elevados que os do corpo. Seu
valor sobre a prática moral de outras sociedades, ou de outras épocas, objetivo maior era afastar a dor e os sofrimentos.
em nome de uma moral absoluta e universal, mas deve antes explicar Ética Estoica: Zenão (300 a.C.) fundou esta filosofia que ensina a
a razão de ser desta pluralidade e das mudanças de moral; isto é, deve ética da virtude como fim: o estoico não aspira ser feliz, mas ser bom.
esclarecer o fato de os homens terem recorrido a práticas morais dife- Para a ética formal, segundo Kant, uma ação é boa, tem valor,
rentes e até opostas. deve ser feita, se obedece ao “princípio categórico”, que está baseado
Em um sentido mais amplo, a ética engloba um conjunto de regras na ideia do dever (vale sempre e é uma ordem).
e preceitos de ordem valorativa, que estão ligados à prática do bem e da Por fim, para a ética de valores, uma ação é boa (e consequente-
justiça, aprovando ou desaprovando a ação dos homens de um grupo mente é um dever) se estiver fundamentada em um valor.
social ou de uma sociedade.
Em suma, a ética é um conjunto de normas que rege a boa conduta 1.1.2 Moral
humana. Os romanos traduziram o ethos grego para o latim mos, de onde
vem a palavra “moral”.

115
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
O termo “moral”, portanto, deriva do latim “mos” ou “mores”, que Quando uma pessoa afirma que determinada ação fere seus prin-
significa “costume” ou “costumes”. cípios, ela está se referindo a um conceito ou regra, que foi originado
A moral é definida como o conjunto de normas, princípios, pre- em algum momento em sua vida ou na vida do grupo social em que
ceitos, costumes, valores que norteiam o comportamento do indivíduo está inserida, e que foi aceito como ação moralmente boa.
no seu grupo social. A moral é normativa.
Em outras palavras, a moral é um conjunto de regras de conduta 1.2.2 Valores
adotadas pelos indivíduos de um grupo social e tem a finalidade de O conceito de valor tem sido investigado e definido em diferentes
organizar as relações interpessoais segundo os valores do bem e do mal. áreas do conhecimento (filosofia, sociologia, ciências econômicas,
A moral é a “ferramenta” de trabalho da ética. Sem os juízos de marketing etc.).
valor aplicados pela moral seria impossível determinar se a ação do Os valores são as normas, princípios ou padrões sociais aceitos
homem é boa ou má. ou mantidos por indivíduos, classe ou sociedade. Dizem, portanto,
A moral ocupa-se basicamente de questões subjetivas, abstratas e respeito a princípios que merecem ser buscados.
de interesses particulares do indivíduo e da sociedade, relacionando-se O valor exprime uma relação entre as necessidades do indivíduo
com valores ou condutas sociais. (respirar, comer, viver, posse, reproduzir, prazer, domínio, relacionar,
A moral possui, portanto, um caráter subjetivo, que faz com que comparar) e a capacidade das coisas, objetos ou serviços de satisfazê-las.
ela seja influenciada por vários fatores, alterando, assim, os conceitos É na apreciação desta relação que se explica a existência de uma
morais de um grupo para outro. Esses fatores podem ser sociais, his- hierarquia de valores, segundo a urgência/prioridade das necessidades
tóricos, geográficos etc. Observa-se, então, que a moral é dinâmica, e a capacidade dos mesmos objetos para as satisfazerem, diferenciadas
ou seja, ela pode mudar seus juízos de valor de acordo com o contexto no espaço e no tempo.
em que esteja inserida. Nas mais diversas sociedades, independentemente do nível cul-
Sendo assim, para Vázquez a moral é mutável e varia historica- tural, econômico ou social em que estejam inseridas, os valores são
mente, de acordo com o desenvolvimento de cada sociedade e, com fundamentais para se determinar quais são as pessoas que agem tendo
ela, variam os seus princípios e as suas normas. Ela norteia os valores por finalidade o bem.
éticos na Administração Pública. O caráter dos seres, pelo qual são mais ou menos desejados ou
Aristóteles, em seu livro “A Política”, assevera que “os pais sempre estimados por uma pessoa ou grupo, é determinado pelo valor de suas
parecerão antiquados para os seus filhos”. Essa afirmação demonstra ações.
que, na passagem de uma geração para outra, os valores morais mudam. Todos os termos que servem para qualificar uma ação ou o cará-
Para que um ato seja considerado moral, ou seja, bom, deve ser ter de uma pessoa têm um peso bom e um peso ruim. Cite-se, como
livre, consciente, intencional e solidário. O ato moral tem, em sua exemplo, os termos verdadeiro e falso, generoso e egoísta, honesto e
estrutura, dois importantes aspectos: o normativo e o factual. O desonesto, justo e injusto. Os valores dão “peso” à ação ou ao caráter
normativo são as normas e imperativos que enunciam o “dever ser”. de uma pessoa ou grupo.
Ex.: cumpra suas obrigações, não minta, não roube etc. O factual são Kant afirmava que toda ação considerada boa moralmente deveria
os atos humanos que se realizam efetivamente, ou seja, é a aplicação ser universal, ou seja, ser boa em qualquer tempo e em qualquer lugar.
da norma no dia a dia, no convívio social. Infelizmente, o ideal kantiano de valor e moralidade está muito longe
Apesar de se assemelharem, e mesmo por vezes se confundirem, de ser alcançado, pois as diversidades culturais e sociais fazem com que
ética e moral são termos aplicados diferentemente. Enquanto o pri- o valor dado a determinadas ações mude de acordo com o contexto.
meiro trata o comportamento humano como objeto de estudo e nor- O complexo de normas éticas se alicerça em valores, normalmente
matização, procurando tomá-lo de forma mais abrangente possível, o designados valores do “bem”.
segundo se ocupa de atribuir um valor à ação. Esse valor tem como Segundo Felix Ruiz López:
referências as normas e conceitos do que vem a ser bom ou mau, basea- Valores éticos são indicadores da relevância ou do grau de atendimento
dos no senso comum. aos princípios éticos”. Por exemplo, a dignidade da pessoa sugere e
No contexto da ação pública, ética e moral não são considerados exige que se valorize o respeito às pessoas. Esses valores éticos só podem
termos sinônimos. Portanto, não devem ser confundidos. ser atribuídos a pessoas, pois elas são os únicos seres que agem com
Enquanto a ética é teórica e busca explicar e justificar os costumes conhecimento de certo e errado, bem e mal, e com liberdade para agir.
de uma determinada sociedade, a moral é normativa. Enquanto a ética Algumas condutas podem ferir os valores éticos. A prática constante de
tem caráter científico, a moral tem caráter prático imediato, visto que respeito aos valores éticos conduz as pessoas às virtudes morais. (Fonte:
é parte integrante da vida cotidiana das sociedades e dos indivíduos. ALONSO, Felix Ruiz; LÓPEZ, Francisco Granizo; CASTRUCCI,
A moral é a aplicação da ética no cotidiano, é a prática concreta. A Plínio de Laura – Curso de Ética em Administração. São Paulo: Atlas,
moral, portanto, não é ciência, mas objeto da ciência; e, neste sentido, 2008. [Adaptado]).
é por ela estudada e investigada.
1.3 Ética e democracia: exercício da cidadania
1.2 Ética: princípios e valores
1.3.1 Ética e democracia
1.2.1 Princípios O Brasil ainda caminha a passos muito lentos no que diz respeito
Segundo o dicionário Houaiss, princípio pode ser considerado o à ética, principalmente no cenário político.
primeiro momento da existência (de algo) ou de uma ação ou processo. Vários são os fatores que contribuíram para esta realidade, dentre
Pode também ser definido como um conjunto de regras ou código de eles, principalmente, os golpes de Estado, a saber, o Golpe de 1930
(boa) conduta, com base no qual se governa a própria vida e ações. e o Golpe de 1964.
Dados esses conceitos, percebe-se que os princípios que regem a Durante o período em que o país vivenciou a ditadura militar e em
conduta em sociedade são aqueles conceitos ou regras que se aprendem que a democracia foi colocada de lado, tivemos a suspensão do ensino
por meio do convívio, passados de geração para geração. da filosofia e, consequentemente, da ética, nas escolas e universidades;
Esses conhecimentos se originaram, em algum momento, no grupo além disso, os direitos políticos do cidadão foram suspensos, a liberdade
social em que estão inseridos, convencionando-se que sua aplicação é de expressão caçada e cresceu o medo da repressão.
boa, e assim aceita pelo grupo. Como consequência dessa série de medidas autoritárias e arbitrá-
rias, nossos valores morais e sociais foram perdendo espaço para os

116
ÉTICA E CONDUTA PÚBLICA
valores que o Estado queria impor, levando a sociedade a uma espécie os valores morais e a boa-fé, amparados constitucionalmente como
de “apatia” social. princípios básicos e essenciais a uma vida equilibrada, sejam inseridos
Nos dias atuais, estamos presenciando uma nova fase em nosso e se tornem uma constante em seu relacionamento com os usuários do
país, no que tange à aplicabilidade das leis e da ética no poder. serviço bem como com os colegas.
Os crimes de corrupção envolvendo desvio de dinheiro estão Os princípios constitucionais devem ser observados para que a
sendo mais investigados e a polícia tem trabalhado com mais liber- função pública se integre de forma indissociável ao direito. Os prin-
dade de atuação em prol da moralidade e do interesse público, o que cípios são:
tem levado os agentes públicos a ref letir mais sobre seus atos antes ▷ Legalidade: todo ato administrativo deve seguir fielmente os mean-
ainda de praticá-los. dros da lei.
Essa nova fase se deve principalmente à democracia, implantada ▷ Impessoalidade: aplicado como sinônimo de igualdade – todos de-
como regime político com a Constituição de 1988. vem ser tratados de forma igualitária e respeitando o que a lei prevê.
Etimologicamente, o termo democracia vem do grego demokratía, ▷ Moralidade: respeito ao padrão moral para não comprometer os
em que kratía significa governo e demo, povo. Logo, a democracia, bons costumes da sociedade. E
por definição, é o “governo do povo”. T
▷ Publicidade: refere-se à transparência de todo ato público, salvo os
A democracia confere ao povo o poder de influenciar na adminis- casos previstos em lei. I
tração do Estado. Por meio do voto, o povo é que determina quem vai
ocupar os cargos de direção do Estado. Logo, insere-se nesse contexto ▷ Eficiência: ser o mais eficiente possível na utilização dos meios que
a responsabilidade tanto do povo, que escolhe seus dirigentes, quanto são postos a sua disposição para a execução do seu mister (cargo
dos escolhidos, que deverão prestar contas de seus atos no poder. ou função).
A ética exerce papel fundamental em todo esse processo, regu-
lamentando e exigindo dos governantes comportamento adequado à
1.4.1 Ética no setor público
função pública, que lhe foi confiada por meio do voto, e conferindo As questões éticas estão cada vez mais em voga na cena pública
ao povo as noções e os valores necessários tanto para o exercício e brasileira, dada à multiplicação de casos de corrupção e, sobretudo, à
cobrança dos seus direitos quanto para atendimento de seus deveres. reação da sociedade frente a um tal grau de desmoralização das relações
políticas e sociais.
É por meio dos valores éticos e morais, determinados pela socie-
dade, que podemos perceber se os atos cometidos pelos ocupantes de Com os escândalos e denúncias de corrupção expostas pela mídia,
cargos públicos estão visando ao bem comum e ao interesse público. refletir sobre essas questões traz à tona os conceitos éticos que envolvem
a busca por melhores ações tanto na vida pessoal como na vida pública.
1.3.2 Exercício da cidadania A ética é pautada na conduta responsável das pessoas. Daí a impor-
Em se tratando do exercício da cidadania, podemos afirmar que tância da escolha de um político com esse caráter, a fim de diminuir
todo cidadão tem direito a exercer a cidadania, isto é, seus direitos de o mau uso da máquina pública e evitar que se venha auferir ganhos e
cidadão; direitos esses garantidos constitucionalmente. vantagens pessoais.
Direitos e deveres andam juntos no que tange ao exercício da Porém, as normas morais apenas fornecem orientações, cabendo
cidadania. Não se pode conceber um direito que não seja precedido ao político determinar quais são as exigências e limitações e decidir
de um dever a ser cumprido; é uma via de mão dupla. pela melhor alternativa de ação, que detém a responsabilidade em
atender as demandas, no papel de representantes democráticos, com
Os direitos garantidos constitucionalmente, individuais, coletivos,
integridade e eficiência.
sociais ou políticos, são precedidos de responsabilidades que o cidadão
deve ter perante a sociedade. Por exemplo, a Constituição garante o Durante as últimas décadas, o setor público foi alvo, tanto por
direito à propriedade privada, mas exige-se que o proprietário seja parte da mídia quanto do senso comum vigente, de um processo deli-
responsável pelos tributos que o exercício desse direito gera, como, berado de formação de uma caricatura, que transformou sua imagem
por exemplo, o pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano no estereótipo de um setor muito burocrático, que não funciona e
(IPTU). custa caro à população.
Exercer a cidadania, por consequência, é ser probo (íntegro, hon- O cidadão, mesmo bem atendido por um servidor público, não
rado, justo, reto), agir com ética assumindo a responsabilidade que consegue sustentar uma boa imagem do servidor e do serviço público,
advém de seus deveres enquanto cidadão inserto no convívio social. pois o que faz a imagem de um órgão ou entidade pública parecer boa
diante da população é o atendimento de seus funcionários, e, por mais
1.4 Ética e função pública que os servidores sérios e responsáveis se esforcem, existe uma minoria
que consegue facilmente acabar com todos os esforços levados a cabo
Função pública é a competência, atribuição ou encargo para o exer-
por aqueles bons funcionários.
cício de determinada função. Ressalta-se que essa função não é livre,
devendo, portanto, estar o seu exercício sujeito ao interesse público, Nesse ponto, a ética se insere de maneira determinante para con-
ou seja, da coletividade. tribuir e melhorar a qualidade do atendimento, inserindo no âmbito
do poder público os princípios e regras necessários ao bom andamento
No exercício das mais diversas funções públicas, os servidores
do serviço e ao respeito aos usuários.
devem respeitar, além das normatizações vigentes nos órgãos e enti-
dades públicas que regulamentam e determinam a forma de agir dos Os novos códigos de ética, além de regulamentar a qualidade e o
agentes públicos, os valores éticos e morais que a sociedade impõe para trato dispensados aos usuários e ao serviço público e de trazer punições
o convívio em grupo. A não observação desses valores acarreta a uma para os que descumprem as suas normas, também têm a função de
série de erros e problemas no atendimento ao público e aos usuários proteger a imagem e a honra do servidor que trabalha seguindo fiel-
do serviço, o que contribui de forma significativa para uma imagem mente as regras nele contidas, contribuindo, assim, para uma melhoria
negativa do órgão ou entidade e do serviço público. na imagem do servidor e do órgão ou entidade perante a população.
O padrão ético dos servidores públicos, no exercício da função Em se tratando da ética no serviço público, destacamos o Código de
pública, advém de sua natureza, ou seja, do caráter público e de sua Ética Profissional do Servidor Público do Poder Executivo Federal, apro-
relação com o público. vado pelo Decreto nº 1.171/1994, que foi revogado em parte pelo Decreto
nº 6.029, de 1º de fevereiro de 2007, que institui Sistema de Gestão da
O servidor deve estar atento a esse padrão não apenas no exercício
Ética do Poder Executivo Federal. Ambos os Decretos seguem na íntegra.
de suas funções, mas também na vida particular. O caráter público
do seu serviço deve se incorporar à sua vida privada, a fim de que

117
RACIOCÍNIO LÓGICO
Proposições
p: 3 é ímpar.
1 PROPOSIÇÕES ~p: 3 não é ímpar.
¬p: 3 é par (outra forma de negar a proposição).
1.1 Definições ~p: não é verdade que 3 é ímpar (outra forma de negar a
Proposição é uma sentença declarativa que admite apenas um proposição).
dos dois valores lógicos (verdadeiro ou falso). As sentenças podem ¬p: é mentira que 3 é ímpar (outra forma de negar a proposição).
ser classificadas em abertas – que são as expressões que não podemos Lei da dupla negação:
identificar como verdadeiras ou falsas – ou fechadas – que são as ~(~p) = p, negar uma proposição duas vezes significa voltar para
expressões que podemos identificar como verdadeiras ou falsas. a própria proposição:
A seguir exemplos de algumas sentenças: q: 2 é par;
p: Danilo tem duas empresas. ~q: 2 não é par;
Q: Susana comprou um carro novo. ~(~q): 2 não é ímpar;
a: Beatriz é inteligente. Portanto:
B: 2 + 7 = 10 q: 2 é par.
Nos exemplos acima, as letras do alfabeto servem para representar 1.1.4 Tipos de proposição
(simbolizar) as proposições. Simples ou atômica: são únicas, com apenas um verbo (ação), não
1.1.1 Valores lógicos das proposições pode ser dividida/separada (fica sem sentido) e não tem conectivo
Uma proposição só pode ser classificada em dois valores lógicos, lógico.
que são: Verdadeiro (V) ou Falso (F), não admitindo outro valor. Na proposição “João é professor”, tem-se uma única infor-
mação, com apenas um verbo. Não é possível separá-la
As proposições têm três princípios básicos, no entanto, o princípio
e não ter um conectivo.
fundamental é:
Composta ou molecular: tem mais de uma proposição simples,
▷ Princípio da não contradição: diz que uma proposição não pode
ser verdadeira e falsa ao mesmo tempo. unidas pelos conectivos lógicos. Podem ser divididas/separadas e ter
mais de um verbo (pode ser o mesmo verbo referido mais de uma vez).
▷ Os outros dois são:
“Pedro é advogado e João é professor”. É possível separar em duas
▷ Princípio da identidade: diz que uma proposição verdadeira sempre proposições simples: “Pedro é advogado” e “João é professor”.
será verdadeira e uma falsa sempre será falsa.
▷ Princípio do terceiro excluído: diz que uma proposição só pode Simples (atômicas) Compostas (moleculares)
ter dois valores lógicos, – verdadeiro ou falso – se não existir um
terceiro valor. Não têm conectivo lógico Têm conectivo lógico

Interrogações, exclamações, ordens e frase sem verbo não são Não podem ser divididas Podem ser divididas
proposições. 1 verbo + de 1 verbo
Que dia é hoje?
Que maravilha!
Conectivo lógico
Estudem muito.
Ótimo dia. Serve para unir as proposições simples, formando proposições
compostas. São eles:
1.1.2 Sentenças abertas e
e: conjunção (∧)
quantificadores lógicos
ou: disjunção (∨)
Existem algumas sentenças abertas com incógnitas (termo desco-
ou... ou: disjunção exclusiva (∨)
nhecido) ou com sujeito indefinido, como x + 2 = 5, ou seja, não sendo
consideradas proposições, porque não se pode classificá-las sem saber se..., então: condicional (→)
o valor de x ou se ter a definição do sujeito. Com o uso dos quantifi- se..., e somente se: bicondicional (↔)
cadores lógicos, tornam-se proposições, uma vez que eles passam a Alguns autores consideram a negação (~) como um conectivo, aqui
dar valor ao x ou definir o sujeito. não faremos isso, pois os conectivos servem para formar proposição
Os quantificadores lógicos são: composta, e a negação faz apenas a mudança do valor das proposições.
∀: para todo; qualquer que seja; todo; O e possui alguns sinônimos, que são: mas, porém, nem (nem = e
∃: existe; existe pelo menos um; algum; não) e a vírgula. O condicional também tem alguns sinônimos que são:
portanto, quando, como e pois (pois = condicional invertido, como:
∄: não existe; nenhum.
A, pois B = B → A).
x + 2 = 5 (sentença aberta – não é proposição).
a: Maria foi à praia.
p: ∃ x, x + 2 = 5 (lê-se: existe x tal que, x + 2 =5). Agora é propo-
b: João comeu peixe.
sição, porque é possível classificar a proposição como verdadeira,
já que sabemos que tem um valor de x que somado a dois é igual p: Se Maria foi a praia, então João comeu peixe.
a cinco. q: ou 4 + 7 = 11 ou a Terra é redonda.
1.1.3 Negação de proposição
(modificador lógico)
Negar uma proposição significa modificar o seu valor lógico, ou
seja, se uma proposição é verdadeira, a sua negação será falsa, e se uma
proposição for falsa, a sua negação será verdadeira.
Os símbolos da negação são (~) ou (¬) antes da letra que representa
a proposição.

156
RACIOCÍNIO LÓGICO
Representado por meio de conjuntos, temos: P ∧ Q
1.2 Tabela verdade e valores lógicos
das proposições compostas
A tabela verdade é um mecanismo usado para dar valor às pro-
posições compostas (podendo ser verdadeiras ou falsas), por meio de P Q
seus respectivos conectivos.
A primeira coisa que precisamos saber numa tabela verdade é o
seu número de linhas, e que esse depende do número de proposições
simples que compõem a proposição composta. Valor lógico de uma proposição composta por disjunção (ou) = tabela
verdade da disjunção (∨)
Número de linhas = 2 n

Disjunção “ou”: sejam p e q proposições, a disjunção é denotada


Em que n é o número de proposições simples que compõem a pro-
por p ∨ q. Essas proposições só são falsas simultaneamente (se p ou q
posição composta. Portanto, se houver 3 proposições simples formando
for verdadeiro, então p ∨ q será verdadeiro).
a proposição composta, então, a tabela dessa proposição terá 8 linhas
(23 = 8). Esse número de linhas da tabela serve para que tenhamos as P∨Q
possíveis relações entre V e F das proposições simples. Veja: P Q P∨Q
P Q R V V V

V V V V F V

V V F F V V
R
V F V F F F L
V F F M
Representado por meio de conjuntos, temos: P ∨ Q
F V V
F V F
F F V
F F F P Q
Observe que temos as relações entre os valores lógicos das pro-
posições, que são três verdadeiras (1ª linha), três falsas (última linha),
duas verdadeiras e uma falsa (2ª, 3ª e 5ª linhas), e duas falsas e uma
Valor lógico de uma proposição composta por disjunção exclusiva
verdadeira (4ª, 6ª e 7ª linhas). Nessa demonstração, observamos uma
(ou, ou) = tabela verdade da disjunção exclusiva (∨)
forma prática de como organizar a tabela, sem se preocupar se foram
feitas todas relações entre as proposições. Disjunção Exclusiva ou ..., ou ...: p e q são proposições, sua disjun-
Para o correto preenchimento da tabela, devemos seguir algumas ção exclusiva é denotada por p ∨ q. Essas proposições só são verdadeiras
regras: quando p e q tiverem valores diferentes/contrários (se p e q tiverem
▪ Comece sempre pelas proposições simples e suas negações, se valores iguais, então p ∨ q será falso).
houver. P∨Q
▪ Resolva os parênteses, colchetes e chaves, respectivamente (igual
P Q P∨Q
à expressão numérica), se houver.
▪ Faça primeiro as conjunções e disjunções, depois os condicionais V V F
e, por último, os bicondicionais.
V F V
▪ Em uma proposição composta, com mais de um conectivo, o
conectivo principal será o que for resolvido por último (importante F V V
saber o conectivo principal). F F F
▪ A última coluna da tabela deverá ser sempre a da proposição toda,
conforme as demonstrações a seguir. Representado por meio de conjuntos, temos: P ∨ Q
O valor lógico de uma proposição composta depende dos valores
lógicos das proposições simples que a compõem e do conectivo utili-
zado. Veja a seguir.
Valor lógico de uma proposição composta por conjunção (e) = tabela P Q
verdade da conjunção (∧)
Conjunção e: p e q são proposições, sua conjunção é denotada por
p ∧ q. Essas proposições só são verdadeiras simultaneamente (se p ou
q for falso, então p ∧ q será falso). Valor lógico de uma proposição composta por condicional (se,
então) = tabela verdade do condicional (→)
P∧Q
Condicional Se p, e ntão q: p e q sãoproposições, sua condicional
P Q P∧Q é denotada por p → q, onde se lê p condiciona q ou se p, então q. A
V V V proposição assume o valor falso somente quando p for verdadeira e q
for falsa. A seguir, a tabela para a condicional de p e q.
V F F

F V F

F F F

157
Proposições
P→Q
1.3 Tautologias, contradições
P Q P→Q e contingências
V V V ▷ Tautologia: proposição composta que é sempre verdadeira, in-
V F F dependente dos valores lógicos das proposições simples que a
compõem.
F V V
(P ∧ Q) → (P ∨ Q)
F F V
Dicas: P Q P∧Q P∨Q (P ∧ Q) → (P ∨ Q)
P é antecedente e Q é consequente = P → Q V V V V V

P é consequente e Q é antecedente = Q → P V F F V V

P é suficiente e Q é necessário = P → Q F V F V V

P é necessário e Q é suficiente = Q → P F F F F V
Representado por meio de conjuntos, temos: P → Q
▷ Contradição: proposição composta que é sempre falsa, indepen-
Q
dente dos valores lógicos das proposições simples que a compõem.
P
~(P ∨ Q) ∧ P

P Q P∨Q ~(P ∨ Q) ~(P ∨ Q) ∧ P


V V V F F
Valor lógico de uma proposição composta por bicondicional (se
e somente se) = tabela verdade do bicondicional (↔) V F V F F

Bicondicional se, e somente se: p e q sãoproposições, a bicondi- F V V F F


cional de p e q é denotada por p ↔ q, onde se lê p bicondicional q. F F F V F
Essas proposições só são verdadeias quando tiverem valores iguais (se
p e q tiverem valores diferentes, então p ↔ q será falso). ▷ Contingência: ocorre quando não é tautologia nem contradição.
No bicondicional, P e Q são ambos suficientes e necessários ao ~(P ∨ Q) ↔ P
mesmo tempo.
P↔Q P Q P∨Q ~(P ∨ Q) ~(P ∨ Q) ↔ P

P Q P↔Q V V F V V

V V V V F V F F

V F F F V V F V

F V F F F F V F

F F V
Representado por meio de conjuntos, temos: P ↔ Q
1.4 Equivalências lógicas
Duas ou mais proposições compostas são equivalentes, quando são
P=Q formadas pelas mesmas proposições simples, e suas tabelas verdades
(resultado) são iguais.

Fique Ligado
Atente-se para o princípio da equivalência. A tabela verdade está aí
só para demonstrar a igualdade.

Proposição Verdadeira Falsa Seguem algumas demonstrações importantes:


composta quando: quando:
▷ P ∧ Q = Q ∧ P: trocar as proposições de lugar – chamada de
P∧Q P e Q são verdadeiras Pelo menos uma falsa recíproca.
Pelo menos uma P Q P∧Q Q∧P
P∨Q P e Q são falsas
verdadeira
V V V V
P e Q têm valores P e Q têm valores
P∨Q V F F F
diferentes iguais

P = verdadeiro, P = verdadeiro e F V F F
P→Q
Q = verdadeiro ou P = falso Q = falso F F F F
P e Q têm valores
P↔Q P e Q têm valores iguais
diferentes

158
NOÇÕES DE DIREITO
CONSTITUCIONAL
INTRODUÇÃO AO DIREITO CONSTITUCIONAL
importância dessa matéria, é possível que alguma jurisprudência do
1 INTRODUÇÃO AO DIREITO STF seja contrária ao próprio texto constitucional. Dessa forma, o
CONSTITUCIONAL aluno precisa ter uma dupla percepção: conhecer o texto da Consti-
tuição e conhecer a jurisprudência do STF.
1.1 Noções gerais Contudo, ainda existe outra fonte de conhecimento essencial para
Para iniciarmos o estudo do Direito Constitucional, alguns con- o aprendizado em Direito Constitucional: a doutrina. A doutrina é
ceitos precisam ser esclarecidos. o pensamento produzido pelos estudiosos do Direito Constitucional.
Primeiramente, faz-se necessário conhecer qual será o objeto de Conhecer a doutrina também faz parte de sua preparação.
estudo desta disciplina jurídica: Constituição Federal. Em suma, para estudar Direito Constitucional é necessário estudar:
A Constituição Federal é a norma mais importante de todo o • A Constituição Federal;
ordenamento jurídico brasileiro. Ela é a norma principal, a norma • A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal;
fundamental. • A doutrina do Direito Constitucional.
Se pudéssemos posicionar as espécies normativas na forma de uma Neste estudo, apresentaremos o conteúdo de Direito Constitu-
pirâmide hierárquica, a Constituição Federal apareceria no topo desta cional atualizado, objetivo e necessário para prova, de forma que se
pirâmide, ao passo que as outras espécies normativas estariam todas tenha à mão um material suficiente ao estudo para concurso público.
abaixo dela, como na ilustração:
Atenção
CF/1988 Metodologia de Estudo
A preparação em Direito Constitucional precisa observar três passos:
LEI, MP 1. Leitura da Constituição Federal;
DECRETO
2. Leitura de material teórico;
PRESIDENCIAL 3. Resolução de exercícios.
O aluno que seguir esses passos certamente chegará à aprovação
PORTARIA em concurso público. Essa é a melhor orientação para quem está
iniciando os estudos.
Para que sua preparação seja adequada, é necessário ter em vista uma
Constituição atualizada. Isso por conta de que a Constituição Federal 1.1.1 Classificações
atual foi promulgada em 1988, mas já sofreu diversas alterações. Significa A partir de algumas características que possuem as constituições, é
dizer, numa linguagem mais jurídica, que ela foi emendada. possível classificá-las, agrupá-las. As classificações a seguir não são as
As emendas constitucionais são a única forma de alteração do texto únicas possíveis, realçando apenas aqueles elementos mais comumente
constitucional. Portanto, uma lei ou outra espécie normativa hierar- cobrados nos concursos públicos.
quicamente inferior à Constituição jamais poderá alterar o seu texto. • Quanto à origem: a Constituição Federal pode ser promulgada
Neste ponto, caberia a seguinte pergunta: o que torna a Cons- ou outorgada. A promulgada é aquela decorrente de um ver-
tituição Federal a norma mais importante do direito brasileiro? A dadeiro processo democrático para a sua elaboração, fruto de
resposta é muito simples: a Constituição possui alguns elementos que uma Assembleia Nacional Constituinte. A outorgada é aquela
a distinguem das outras espécies normativas, por exemplo: imposta, unilateralmente, por um governante ou por um grupo
• Princípios constitucionais; de pessoas, ao povo.
• Direitos fundamentais; • Quanto à possibilidade de alteração, mutação: podem ser fle-
xíveis, rígidas ou semirrígidas. As flexíveis não exigem, para a
• Organização do Estado;
sua alteração, qualquer processo legislativo especial. As rígidas,
• Organização dos Poderes. contudo, dependem de um processo legislativo de alteração mais
De nada adiantaria possuir uma Constituição Federal com tantos difícil do que aquele utilizado para as normas ordinárias. Já as
elementos essenciais ao Estado se não existisse alguém para protegê-la. constituições semirrígidas são aquelas cuja parte de seu texto
O próprio texto constitucional previu um Guardião para a Constitui- só pode ser alterada por um processo mais difícil, sendo que
ção: o Supremo Tribunal Federal (STF). outra parte pode ser mudada sem qualquer processo especial.
O STF é o órgão de cúpula do Poder Judiciário e possui como • Quanto à forma adotada: podem ser escritas/dogmáticas e
atribuição principal a guarda da Constituição. Ele é tão poderoso que, costumeiras. As dogmáticas são aquelas que apresentam um
se alguém editar uma norma que contrarie o disposto no texto cons- único texto, no qual encontramos sistematizadas e organizadas
titucional, o STF a declarará inconstitucional. Uma norma declarada todas as disposições essenciais do Estado. As costumeiras são
inconstitucional pelo STF não produzirá efeitos na sociedade. aquelas formadas pela reunião de diversos textos esparsos, reco-
nhecidos pelo povo como fundamentais, essenciais.
Além de guardião da Constituição Federal, o STF possui outra
atribuição: a de intérprete do texto fundamental. É o STF quem define • Quanto à extensão: podem ser sintéticas ou analíticas. As
a melhor interpretação para esta ou aquela norma constitucional. sintéticas são aquelas concisas, enxutas e que só trazem as dis-
posições políticas essenciais a respeito da forma, organização,
Quando um Tribunal manifesta sua interpretação, dizemos que ele
fundamentos e objetivos do Estado. As analíticas são aquelas que
revelou sua jurisprudência (o pensamento dos tribunais), sendo a do
abordam diversos assuntos, não necessariamente relacionados
STF a que mais interessa para o estudo do Direito Constitucional.
com a organização do Estado e dos poderes.
É exatamente neste ponto que se encontra a maior importância
A partir das classificações apresentadas acima, temos que a Cons-
do STF para o objetivo que se tem em vista: é essencial conhecer
tituição Federal de 1988 pode ser considerada por promulgada, rígida,
sua jurisprudência, pois costuma cair em prova. Para se ter ideia da
escrita e analítica.

214
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

2 TEORIA GERAL DA CONSTITUIÇÃO 2.2 Classificação das constituições


As constituições podem ser classificadas por diversos critérios.
2.1 Conceito de constituição e princípio Vejamos os principais deles.
da supremacia da constituição 2.2.1 Quanto ao conteúdo
Costuma-se dizer que a origem das constituições seria a chamada
Na verdade, não se trata de um critério de classificação de cons-
Magna Charta Libertatum, ou simplesmente Magna Carta, que foi assi-
tituições, mas sim de normas constitucionais.
nada em 1215, pelo Rei João Sem Terra da Inglaterra, a qual aceitava
Por ele, as normas constitucionais podem ser agrupadas em dois
limitações impostas à autoridade do rei por parte dos nobres locais.
grupos: constituição material e constituição formal.
Esse documento é considerado o embrião das constituições atuais
• Constituição material: conjunto de regras substancialmente
porque, pela primeira vez, entendia-se que até mesmo o próprio rei
constitucionais, ou seja, são aquelas normas que tratam de assun-
teria de se submeter a um documento jurídico.
tos propriamente constitucionais, como organização do Estado,
No entanto, embora se considere que essa seria a origem remota direitos fundamentais etc.
das constituições, o constitucionalismo, como ramo do Direito, sur-
• Constituição formal: o conjunto de todas as regras constantes
giu juntamente com as constituições escritas e rígidas, sendo que as da constituição escrita, consubstanciada em um documento
primeiras foram a dos Estados Unidos, em 1787, após a independência solene, mesmo que algumas dessas regras tratem de matéria
das 13 colônias inglesas, e a da França, em 1791, após a Revolução não propriamente constitucional. Ou seja, é tudo o que consta
Francesa de 1789. em uma constituição.
Essas duas constituições apresentavam dois traços marcantes: orga- Existem normas que são formalmente constitucionais, porém
nização do Estado e limitação do poder estatal, por meio da previsão materialmente não o são, porque tratam de assunto que poderia muito
de direitos e garantias fundamentais. bem não estar da Constituição. Exemplo disso é a disposição constante
no art. 242, § 2º:
Mas, o que vem a ser uma constituição?
§ 2º O Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, será
A palavra “constituição” tem o significado de estrutura, formação, mantido na órbita federal.
organização.
D
Pode ser definida como a lei fundamental e suprema de um Estado, 2.2.2 Quanto à forma
C
que contém normas referentes à estruturação do Estado, forma de Quanto à sua forma, as constituições dividem-se em escritas e O
governo e aquisição do poder, direitos e garantias dos cidadãos. costumeiras.
N
Ou seja, a constituição vai definir, em normas gerais, o funciona- • Escritas: conforme o próprio nome indica, caracterizam-se por
se encontrarem consubstanciadas em textos legais formais. A
mento do Estado, bem como os direitos fundamentais de seus cidadãos.
maioria dos países ocidentais adota essa forma.
É o principal documento jurídico de uma nação e todas as leis Por exemplo: constituição brasileira, americana, francesa,
lhe devem obediência, sendo que aquelas que contradisseram a cons- alemã, portuguesa etc.).
tituição serão consideradas como aberrações jurídicas, e não devem • Costumeiras: são aquelas que não estão codificadas somente
produzir efeitos. em textos legais formais, mas são formadas pelos costumes e
Essa ideia de superioridade da constituição em relação às leis é o decisões dos tribunais (a chamada jurisprudência) e em textos
que se chama de princípio da supremacia da constituição. constitucionais esparsos.
Para garantir tal supremacia, o Poder Judiciário se utiliza do cha- • Seu maior exemplo é o da Constituição Inglesa, pois
aquele país não possui um documento intitulado “Cons-
mado mecanismo de controle de constitucionalidade, afastando do
tituição”, sendo as normas organizadoras do Estado
ordenamento jurídico aquelas normas consideradas inconstitucionais.
Inglês formadas ao longo de um extenso período.
2.1.1 Conceito ideal de constituição 2.2.3 Quanto ao modo de elaboração
Durante o século XIX, tendo em vista o surgimento de movimen- Quanto a esse critério, podem as constituições ser dogmáticas ou
tos liberais em praticamente toda a Europa, exigindo que os respectivos históricas. Na verdade, essa classificação está muito ligada à classifi-
monarcas de cada país aceitassem submeter-se a uma constituição, cação quanto à forma da constituição.
surgiram muitos textos com esse nome, mas que, na prática, serviam • Dogmáticas: são sempre escritas e são elaboradas por um
para legitimar o poder real. órgão constituinte em um momento preciso e determinado,
Ou seja, funcionavam como “falsas constituições” para reforçar a produzindo um documento que pode ser datado e que refle-
autoridade dos reis. tirá as ideias predominantes na sociedade em um determinado
momento.
Para combater isso, os constitucionalistas criaram o que ficou
• Toda constituição escrita é dogmática e vice-versa.
conhecido como “conceito ideal de Constituição”.
• Históricas: estão associadas às constituições costumeiras, têm
Dessa forma, para que uma constituição possa ser considerada sua formação dispersa no tempo, sendo consolidadas por meio
como tal, deve: de um lento processo histórico, não havendo um momento em
• Consagrar um sistema de garantias da liberdade (mecanismos que se possa dizer: “eis a nossa Constituição pronta!”, estando
de defesa do cidadão contra arbítrios estatais); em um processo de contínua formação e alteração, uma vez que
• Conter o princípio da divisão de poderes, permitindo o controle não estão consubstanciadas em um único documento.
sistêmico do Estado por si mesmo; • Uma vez mais, quem nos fornece o exemplo é a Constituição
• Ser escrita. Inglesa.

215
TEORIA GERAL DA CONSTITUIÇÃO

2.2.4 Quanto à origem 2.3 Poder constituinte


Sob esse ponto de vista, as constituições podem ser populares, O poder constituinte pode ser definido como a manifestação sobe-
outorgadas ou cesaristas. rana da suprema vontade política de um povo, social e juridicamente
• Populares: são elaboradas por um órgão eleito pela vontade organizado, que se manifesta na elaboração e alteração da Constituição.
popular, chamado normalmente de Assembleia Constituinte, Ou seja, é o poder constituinte que elabora e altera a Constituição.
que assim delibera e aprova o documento como representante
da vontade dos nacionais. Exemplo desse tipo é a nossa Cons- 2.3.1 Titularidade
tituição atual. Em uma democracia, o poder constituinte pertence ao povo.
• Outorgadas: caracterizam-se por serem elaboradas sem a par- Assim, a vontade constituinte é a vontade do próprio povo.
ticipação do povo, mas são impostas (outorgadas) por alguém Porém, embora o povo seja o titular do direito, quem o exerce são
ou um grupo que não recebeu do povo o poder constituinte seus representantes, uma vez que o exercício direto do poder consti-
originário.
tuinte pelo povo é inviável. Essa titularidade (mas não exercício direto)
Exemplo dessas constituições são as constituições brasileiras de fica claro no preâmbulo de nossa Constituição: “Nós, representantes
1824, 1937 e 1967. do povo brasileiro, reunidos...” e no parágrafo único do art. 1º. “Todo
Cesaristas ou plebiscitárias: representam um meio-termo entre os o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou
dois primeiros tipos, pois são elaboradas por alguém que não recebeu diretamente, nos termos desta Constituição”.
do povo a incumbência de elaborar a constituição, porém são subme-
tidas posteriormente a um processo de aprovação popular (plebiscito). 2.3.2 Espécies de poder constituinte
O poder constituinte classifica-se em:
2.2.5 Quanto à possibilidade de alteração • Poder constituinte originário
Nesse aspecto, as constituições podem ser: imutáveis, rígidas, O poder constituinte originário elabora a Constituição do Estado,
flexíveis ou semirrígidas. organizando-o e criando seus poderes.
• Imutáveis: não admitem qualquer modificação por qualquer
O exercício desse poder se manifesta na elaboração de uma nova
meio, tendo sempre o mesmo texto perpetuamente. Como se
constituição.
pode logo concluir, estão fadadas a uma existência de curta dura-
ção, uma vez que não podem ser alteradas para adaptarem-se às Pode-se identificar duas formas de expressão desse poder: através
mudanças da sociedade. de uma Assembleia Constituinte eleita pelo povo, ato chamado de
convenção (constituições populares, tendo como um dos exemplos a
• Rígidas: são aquelas que somente podem ser alteradas mediante
um processo especial, mais solene e mais difícil do que o utili- Constituição Federal de 1988) ou de um Movimento Revolucionário,
zado na elaboração das leis. A Constituição Brasileira de 1988 através de um ato de outorga, como ocorreu com a Constituição de
é rígida. 1824.
• Flexíveis: caracterizam-se por poderem ser modificadas sem a O poder constituinte originário caracteriza-se por ser inicial (dá
exigência de um processo qualificado diferente do adotado para início ao ordenamento jurídico), ilimitado (não é limitado por qualquer
a legislação ordinária. Ou seja, são aquelas que são alteradas da norma jurídica anterior) e incondicionado (forma livre de exercício).
mesma forma que as leis. • Poder constituinte derivado
• Semirrígidas ou semiflexíveis: são aquelas que contêm uma Tem esse nome porque deriva das normas estabelecidas pelo Poder
parte rígida, que somente pode ser alterada por um processo Constituinte originário.
diferenciado, e uma parte flexível, que pode ser alterada por leis Além de derivado do Poder Constituinte originário, apresenta
comuns. Quanto à extensão as características de subordinado ou limitado (encontra-se limitado
De acordo com esse critério, as constituições podem ser analíticas pelas normas do texto constitucional, às quais deve obedecer, sob pena
ou sintéticas. de inconstitucionalidade) e condicionado, uma vez que seu exercício
• Analíticas: também chamadas de dirigentes, têm esse nome por deve seguir as regras estabelecidas pelo Poder Constituinte originário.
serem mais detalhadas, regendo todos os assuntos que entendam Por sua vez, o poder constituinte derivado subdivide-se em:
relevantes à formação, destinação e funcionamento do Estado.
Poder constituinte derivado reformador: consiste na possibilidade
Por essa razão, são chamadas também de dirigentes. As cons-
de alterar-se o texto constitucional, respeitando-se os limites e a forma
tituições mais recentes tendem a ser analíticas.
estabelecidos na Constituição.
• Sintéticas: também chamadas de negativas, preocupam-se
somente com os princípios e as normas gerais de regência do Poder constituinte derivado decorrente: consiste na capacidade,
Estado, organizando-o e limitando seu poder através dos direi- em um Estado federal, de os estados membros se auto-organizarem
tos e garantias individuais. Ou seja, praticamente só possuem por meio de constituições estaduais, respeitando as regras contidas na
normas materialmente constitucionais. São chamadas de sin- Constituição Federal.
téticas por serem resumidas e tratarem somente dos assuntos Assim, no Brasil, por exemplo, cada estado possui a sua própria
materialmente constitucionais. Constituição, e os municípios podem elaborar suas leis orgânicas.
Um exemplo de constituição analítica é a nossa atual e um exemplo
de constituição sintética é a norte-americana. 2.4 Classificação das normas
constitucionais quanto à sua eficácia
As normas constitucionais podem ser classificadas de acordo com
sua aplicabilidade, ou seja, de acordo com sua capacidade de produ-
zirem efeitos.

216
NOÇÕES DE DIREITO
ADMINISTRATIVO
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
sejam elas de natureza interna entre as entidades que a compõem,
1 INTRODUÇÃO AO DIREITO seus órgãos e agentes, ou de natureza externa entre a administração
ADMINISTRATIVO e os administrados.
Além de ter por objeto a atuação da Administração Pública, tam-
Na introdução ao Direito Administrativo, conheceremos algumas
bém é foco do Direito Administrativo o desempenho das atividades
características do Direito Administrativo, seu conceito, sua finalidade
públicas quando exercidas por algum particular, como no caso das
e seu regime jurídico peculiar que orienta toda a sua atividade admi-
concessões, permissões e autorizações de serviços públicos.
nistrativa, seja ela exercida pelo próprio Estado-administrador, ou por
particular. Para entendermos melhor tudo isso, é preciso iniciar os Resumidamente, podemos dizer que o Direito Administrativo tem
estudos pela compreensão adequada do papel do Direito na vida social. por objeto a Administração Pública e as atividades administrativas,
independentemente de quem as exerçam.
O Direito é um conjunto de normas (regras e princípios) impostas
coativamente pelo Estado que regulam a vida em sociedade, possibi-
litando a coexistência pacífica das pessoas.
1.4 Fontes do Direito Administrativo
É o lugar de onde provém algo, no nosso caso, no qual emanam
1.1 Ramos do Direito as regras do Direito Administrativo. Esse não está codificado em um
único livro. Dessa forma, para o estudarmos de maneira completa,
O Direito é historicamente dividido em dois grandes ramos: o
temos que recorrer às fontes, ou seja, a institutos esparsos. Por esse
direito público e o direito privado.
motivo, dizemos que o Direito Administrativo está tipificado (escrito),
Em relação ao direito privado, vale o princípio da igualdade (iso- mas não está codificado em um único instituto.
nomia) entre as partes; aqui não há que se falar em superioridade
• Lei: fonte principal do Direito Administrativo. A lei deve ser
de uma parte sobre a outra. Por esse motivo, dizemos que estamos
compreendida em seu sentido amplo, o que inclui a Constituição
em uma relação jurídica horizontal ou em uma horizontalidade nas
Federal, as normas supralegais, as leis e também os atos normati-
relações jurídicas.
vos da própria Administração Pública. Temos como exemplo os
O direito privado é regulado pelo princípio da autonomia da von- arts. 37 ao 41 da Constituição Federal, as Leis nºs 8.666/1993,
tade, o que traduz a regra que diz que o particular pode fazer tudo 14.133/2021, 8.112/1990, 8.429/1992 (Lei de Improbidade
aquilo que não é proibido (art. 5º, inciso II, da Constituição Federal Administrativa), 14.230/2021, 9.784/1999 (Processo Admi-
de 1988). nistrativo Federal) etc.
No direito público, temos uma relação jurídica vertical, com o • Súmulas Vinculantes: são instruções jurídicas que norteiam a
Estado em um dos polos, representando os interesses da coletividade, interpretação e aplicação das normas constitucionais. Ou seja,
e um particular no outro, desempenhando seus próprios interesses. O as decisões trazidas pelo STF nas súmulas devem ser seguidas
Estado é tratado com superioridade ante ao particular, pois o Estado pelo Poder Judiciário e pela Administração Pública.
é o procurador da vontade da coletividade, que, representada pelo
• Jurisprudência: são decisões que são editadas pelos tribunais
próprio Estado, deve ser tratada de forma prevalente ante a vontade
e não possuem efeito vinculante; são resumos numerados que
do particular.
servem de fonte de pesquisa do direito materializados em livros,
O fundamento dessa relação jurídica vertical é encontrado no prin- artigos e pareceres.
cípio da supremacia do interesse público, que estudaremos com mais D
• Doutrina: tem a finalidade de tentar sistematizar e melhor
detalhes no tópico referente aos princípios. Já podemos, no entanto,
explicar o conteúdo das normas de Direito Administrativo. A A
adiantar que, o interesse público é supremo. Desse modo, são disponi-
doutrina pode ser utilizada como critério de interpretação de D
bilizadas ao Estado prerrogativas especiais para que este possa atingir
normas, bem como para auxiliar a produção normativa. M
os seus objetivos. Essas prerrogativas são os poderes da Administração
Pública. • Costumes: conjunto de regras não escritas, porém, observadas
de maneira uniforme, as quais suprem a omissão legislativa
Os dois princípios norteadores do Direito Administrativo são:
acerca de regras internas da Administração Pública.
Supremacia do Interesse Público (gera os poderes) e Indisponibilidade
do Interesse Público (gera os deveres da administração). Segundo o doutrinador do Direito Administrativo, Hely Lopes
Meirelles, em razão da deficiência da legislação, a prática administra-
1.2 Conceito de Direito Administrativo tiva vem suprindo o texto escrito e, sedimentada na consciência dos
administradores e administrados, a praxe burocrática passa a saciar a
Na doutrina, podem ser encontrados vários conceitos para o lei e atuar como elemento informativo da doutrina.
Direito Administrativo. A seguir, descreveremos dois deles, trazidos
Leis e súmulas vinculantes são consideradas fontes principais do
pela doutrina contemporânea:
Direito Administrativo. Jurisprudência, súmulas, doutrinas e costumes
• O Direito Administrativo é o ramo do direito público que tem são considerados fontes secundárias.
por objeto órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas
que integram a Administração Pública. A atividade jurídica não
Principais
contenciosa que exerce e os bens que se utiliza para a consecução
Fontes
de seus fins são de natureza pública.
• O Direito Administrativo é o conjunto harmônico de princí-
pios jurídicos que regem órgãos, agentes e atividades públicas
que tendem a realizar concreta, direta e imediatamente os fins Súmulas
Lei
desejados pelo Estado. Vinculantes
Os conceitos de Direito Administrativo foram desenvolvidos de
forma que se desdobram em uma sequência natural de tópicos que
devem ser estudados ponto a ponto para que a matéria seja correta- Art. 37 ao 41 CF/1988
mente entendida. Lei nº 8.666/1993
Lei nº 8.112/1990
1.3 Objeto do Direito Administrativo Lei nº 8.429/1992
Lei nº 9.784/1999
Por meio desses conceitos, podemos constatar que o objeto do Lei nº 14.133/2021
Direito Administrativo são as relações da Administração Pública, Lei nº 14.230/2021

297
INTRODUÇÃO AO DIREITO ADMINISTRATIVO
O princípio da supremacia do interesse público é o fundamento
Fontes dos poderes da Administração Pública, afinal de contas, qualquer
Secundárias pessoa que tenha como fim máximo da sua atuação o interesse da
coletividade, somente conseguirá atingir esses objetivos se dotadas
de poderes especiais.
O princípio da indisponibilidade do interesse público é o funda-
Jurisprudência Doutrina Súmulas
mento dos deveres da Administração Pública, pois essa tem o dever
de nunca abandonar o interesse público e de usar os seus poderes com
1.5 Sistemas Administrativos a finalidade de satisfazê-lo.
É o regime que o Estado adota para o controle dos atos adminis- Desses dois princípios, decorrem todos os outros princípios e regras
trativos ilegais praticados pelo poder público nas diversas esferas e em que se desdobram no regime jurídico administrativo.
todos os poderes. Existem dois sistemas que são globalmente utilizados:
• O sistema francês (do contencioso administrativo), não utili- 1.7 Noções de Estado
zado no Brasil, determina que as lides administrativas podem
transitar em julgado, ou seja, as decisões administrativas têm 1.7.1 Conceito de Estado
força de definibilidade. Nesse sentido, falamos em dualidade de • Estado: é a pessoa jurídica territorial soberana.
jurisdição, já que existem tribunais administrativos e judiciais, • Pessoa: capacidade para contrair direitos e obrigações.
cada qual com suas competências.
• Jurídica: é constituída por meio de uma formalidade documen-
• O sistema inglês (do não contencioso administrativo), também tal e não por uma mulher, tal como a pessoa física.
chamado de jurisdicional único ou unicidade da jurisdição, é o
• Territorial soberana: quer dizer que, dentro do território do
sistema que atribui somente ao Poder Judiciário a capacidade
Estado, esse detém a soberania, ou seja, sua vontade preva-
de tomar decisões sobre a legalidade administrativa com caráter
lece ante a das demais pessoas (sejam elas físicas ou jurídicas).
de coisa julgada ou definitividade.
Podemos definir soberania da seguinte forma: soberania é a
Atenção! independência na ordem internacional (lá fora ninguém manda
no Estado) e supremacia na ordem interna (aqui dentro quem
A Constituição Federal de 1988 adotou o Sistema Inglês, do não manda é o Estado).
contencioso administrativo.
1.7.2 Elementos do Estado
O Direito Administrativo, no nosso sistema, não pode fazer coisa
• Território: é a base fixa do Estado (solo, subsolo, mar, espaço
julgada e todas as decisões administrativas podem ser revistas pelo
aéreo).
Poder Judiciário, pois somente ele pode dar resolução em caráter defi-
nitivo. Ou seja, não cabem mais recursos, por isso, falamos em trânsito • Povo: é o componente humano do Estado.
em julgado das decisões judiciais e nunca das decisões administrativas. • Governo soberano: é o responsável pela condução do Estado.
Por ser tal governo soberano, ele não se submete a nenhuma
1.5.1 Via administrativa de curso forçado vontade externa, apenas aos desígnios do povo.
São situações em que o particular é obrigado a seguir todas as vias
administrativas até o fim, antes de recorrer ao Poder Judiciário. Isso
1.7.3 Formas de Estado
é exceção, pois a regra é que, ao particular, é facultado recorrer-se ao • Estado unitário: é caracterizado pela centralização política; não
Poder Judiciário, por força do art. 5º, inciso XXXV, da Constituição existe divisão em Estados-membros ou municípios, há somente
Federal de 1988. uma esfera política central que emana sua vontade para todo o
Aqui, o indivíduo deve esgotar as esferas administrativas obriga- país. É o caso do Uruguai.
toriamente antes de ingressar com ação no Poder Judiciário. • Estado federado: caracteriza-se pela descentralização política.
XXXV - A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão Existem diferentes entidades políticas autônomas que são distri-
ou ameaça a direito. buídas regionalmente e cada uma exerce o poder político dentro
Exemplos: de sua área de competência. É o caso do Brasil.
• Justiça Desportiva: só são admitidas pelo Poder Judiciário 1.7.4 Poderes do Estado
ações relativas à disciplina e às competições desportivas depois
de esgotadas as instâncias da Justiça Desportiva. Art. 217, § Os poderes do Estado estão previstos no texto Constitucional.
1º, CF/1988. Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si,
o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
• Ato administrativo ou omissão da Administração Pública
que contrarie súmula vinculante: só pode ser alvo de recla- Os poderes podem exercer as funções para que foram investidos
mação ao STF depois de esgotadas as vias administrativas. Lei pela Constituição Federal (funções típicas) ou executar cargos diver-
nº 11.417/2006, art. 7º, § 1º. sos das suas competências constitucionais (funções atípicas). Por esse
• Habeas data: é indispensável para caracterizar o interesse de motivo, não há uma divisão absoluta entre os poderes, e sim relativa,
agir no habeas data a prova anterior do indeferimento do pedido pois o Poder Executivo pode executar suas funções típicas (administrar)
de informação de dados pessoais ou da omissão em atendê-lo e pode também iniciar o processo legislativo em alguns casos (pedido
sem que se confirme situação prévia de pretensão. (STF, HD, de vagas para novos cargos). Além disso, é possível até mesmo legislar
22-DF Min. Celso de Mello).
no caso de medidas provisórias com força de lei.
1.6 Regime jurídico administrativo
É o conjunto de normas e princípios de direito público que regulam
a atuação da Administração Pública. Tais regras se fundamentam nos
princípios da Supremacia e da Indisponibilidade do Interesse Público,
conforme estudaremos adiante.

298
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
A chefia do Estado e a do Governo são representadas pela mesma
Poderes Funções típicas Funções atípicas
pessoa.
Criar leis Administrar O Brasil adota o presidencialismo como sistema de governo.
Legislativo
Fiscalizar (Tribunal de Contas) Julgar conflitos
1.8.3 Formas de governo
Criar leis
Executivo Administrar A forma de governo refere-se à relação entre governantes e
Julgar conflitos
governados.
Administrar • Monarquia
Judiciário Julgar conflitos
Criar leis Hereditariedade: o poder é passado de pai para filho.
É importante notar que a atividade administrativa está presente Vitaliciedade: o detentor do poder fica no cargo até a morte e não
nos três poderes. Por isso, o Direito Administrativo, por ser um dos necessita prestar contas.
ramos do Direito Público, disciplina não somente a atividade admi- • República
nistrativa do Poder Executivo, mas também as do Poder Legislativo
Eletividade: o governante precisa ser eleito para chegar ao poder.
e do Judiciário.
Temporalidade: ao chegar ao poder, o governante ficará no cargo
1.8 Noções de governo por tempo determinado e deve prestar contas.
O Brasil adota a república como forma de governo.
Governar é atividade política e discricionária, tendo conduta inde-
pendente. O ato de governar está relacionado com as funções políticas
do Estado: de comandar, coordenar, direcionar e fixar planos e dire-
trizes de atuação do Estado.
O governo é o conjunto de Poderes e órgãos constitucionais res-
ponsáveis pela função política do Estado. Ele está diretamente ligado
às decisões tomadas pelo Estado, exercendo direção suprema e geral. Ao
fazer uma analogia, podemos dizer que o governo é o cérebro do Estado.

1.8.1 Função de governo e


função administrativa
É comum aparecer em provas de concursos públicos questões que
confundem as ideias de governo e de Administração Pública. Para
evitar esse erro, analisaremos as diferenças entre as expressões.
O governo é uma atividade política e discricionária e que pos-
sui conduta independente. Para ele, a administração é uma atividade
neutra, normalmente vinculada à lei ou à norma técnica, e exercida
mediante conduta hierarquizada. D
Não podemos confundir governo com Administração Pública, pois A
o governo se encarrega de definir os objetivos do Estado e as políticas D
para o alcance desses objetivos. A Administração Pública, por sua vez, M
se encarrega de atingir os objetivos traçados pelo governo.
O governo atua mediante atos de soberania ou, ao menos, de
autonomia política na condução dos negócios públicos. A adminis-
tração é atividade neutra, normalmente vinculada à lei ou à norma
técnica. Governo é conduta independente, enquanto a administração
é hierarquizada.
O governo deve comandar com responsabilidade constitucional
e política, mas sem responsabilidade técnica e legal pela execução. A
administração age sem responsabilidade política, mas com responsa-
bilidade técnica e legal pela execução dos serviços públicos.

1.8.2 Sistemas de governo


Sistema de governo refere-se ao grau de dependência entre o Poder
Legislativo e Executivo.
• Parlamentarismo
É caracterizado por uma grande relação de dependência entre o
Poder Legislativo e o Executivo.
A chefia do Estado e a do Governo são desempenhadas por pes-
soas distintas.
Chefe de Estado: responsável pelas relações internacionais.
Chefe de governo: responsável pelas relações internas, o chefe de
governo é o da Administração Pública.
• Presidencialismo
É caracterizado por não existir dependência, ou quase nenhuma,
entre os Poderes Legislativo e Executivo.

299
NOÇÕES DE
ADMINISTRAÇÃO
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Vargas, que aplicou o conceito de “Estado novo”, teve na DASP (Depar-
1 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA tamento Administrativo do Serviço Público) a principal iniciativa na
implementação do modelo burocrático. A DASP, que, seguindo a teo-
1.1 Evolução do Estado Brasileiro ria de Max Weber, colocava a área administrativa acima das demais,
Tema explorado em todos os editais no programa de Administra- centraliza inclusive o processo de compras, orçamento e fiscalização,
ção Geral e Pública, a análise da evolução do Estado brasileiro quanto introduzindo os elementos da AFO (Administração Financeiro-orça-
aos modelos de administração requer uma análise em que o aluno, mentário) no Estado brasileiro e do direito administrativo, criando, na
para assimilar o tema e não se confundir na prova, deve se apartar época, o Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União.
relativamente do senso crítico e ter o foco na definição formal de A consolidação do modelo burocrático se dá apenas em 1988 com
modelos de administração. a promulgação da Constituição Federal. Várias medidas representam
A evolução do Estado brasileiro é analisada a partir das primeiras esta consolidação, como os princípios da gestão pública, presentes no
décadas do século XX, até a situação atual; é neste período histórico artigo 37, a obrigatoriedade de concursos públicos. Porém, as principais
que se concentram as reformas de estado que são exploradas nas provas. medidas de consolidação do modelo burocrático são o controle entre
os poderes e a criação do TCU (Tribunal de Contas da União). O
1.2 Modelo Patrimonialista controle de ações no modelo burocrático é hierárquico, ou seja, existe
Modelo patrimonialista – Primeiro modelo da administração relação direta verticalizada entre o órgão que controla e o controlado.
pública do Brasil. Tem como principal característica o fato de não O modelo burocrático trouxe como consequência negativa uma
distinguir que é bem público e bem particular, pois o governante trata administração burocratizada, ineficaz, com processos redundantes,
a coisa pública como de sua propriedade, inclusive agregando ao patri- em que o Estado está acima do cidadão e tem como referência apenas
mônio privado propriedades e recursos públicos. suas próprias ações. Durante vários governos, existiram tentativas de
Este modelo surge na Monarquia e se mantém com a proclamação superação desses problemas, com a criação inclusive de Ministérios
na república. O conceito de propriedade pública surge com a procla- da desburocratização, e em particular com o Decreto Lei 200/67, na
mação da República, quando as pessoas adquirem a cidadania, pois, na tentativa de introduzir a administração gerencial no Brasil.
Monarquia, a propriedade privada criava uma situação onde as receitas
geradas pelos impostos eram gastas de forma que o monarca bem 1.4 Administração Gerencial
entendesse. Portanto, o modelo patrimonialista se mantém na tran- A segunda grande reforma do Estado ocorre na década de 1990,
sição da monarquia para a república. Estado absolutista é um regime com a implementação da administração gerencial, principalmente no
em que o governante tem o poder centralizado e absoluto, apenas ele governo Fernando Henrique Cardoso com o ministro Bresser Pereira,
toma decisões e manda e beneficia seus apoiadores. É simbolizada pela no então MARE (Ministério da Administração Federal e Reforma do
relação que a burguesia tinha com os Reis que apoiava. Portanto, existe Estado), que deu origem ao atual Ministério do Planejamento e Gestão.
uma clara relação do Modelo patrimonialista com o regime absolutista.
Situações como o nepotismo, que é favorecer com postos e
1.4.1 A flexibilização administrativa
cargos na estrutura do estado parentes, sem que estes sejam quali- Na administração gerencial, o controle passa a ser finalístico, não
ficados formalmente para tal atividade, é uma prática vinculada ao havendo relação hierárquica entre quem controla e quem é controlado,
patrimonialismo. baseada na legalidade. Como, por exemplo, o controle do Estado na
administração indireta, em que a direta exerce o controle finalístico
1.3 Modelo Burocrático sobre as fundações ou autarquias.
Modelo burocrático – Concebido por Max Weber, considerado o pai Como principal característica da implementação do gerencialismo,
da sociologia. Ele desenvolveu a teoria da burocracia, que basicamente temos a Emenda Constitucional 19/1998 e a criação da MARE.
consiste na divisão de uma organização (pública ou privada) em 6 áreas;
financeira, contábil, técnica, comercial, de segurança e administrativa, Fique ligado
sendo que a última controla as demais. O modelo burocrático introduz
As reformas que introduziram novos modelos administrativos no
a racionalidade (na tomada de decisões) e a eficiência (que inclusive hoje Estado brasileiro foram a dos anos 30, como o modelo burocrático,
no Brasil é um princípio constitucional de gestão pública – LIMPE). e a dos anos 90, com a introdução do modelo gerencial.
A tomada de decisão racional se contrapõe à tomada de decisão
comportamental. O racionalismo decisório consiste em 4 etapas cla- 1.5 Governança, Governabilidade
ramente definidas. e Accountability
▪ Identificar o problema;
Desde a última reforma administrativa ocorrida no Estado Brasi-
▪ Encontrar a origem do problema; leiro, nos anos 90 do século passado, quando a administração pública
▪ Resolver o problema; e incorporou conceitos e ferramentas do mercado, consagrados na ini-
▪ Assegurar que o problema não recorra. ciativa privada, o gerencialismo norteia a gestão pública, levando o
Para contrapor o nepotismo, enraizado no modelo patrimonialista, o Brasil ao NAP (Nova Administração Pública).
modelo burocrático valoriza profissionalismo por meio da meritocracia, ▪ Governança – Tem relação com a “forma” de governar.
em que os funcionários evoluem em suas carreiras com base em tempo ▪ Governabilidade - Tem relação com a “condição” para governar.
na carreira ou desempenho destacado na função, ou de uma competição ▪ Accountabililty – Tem relação com a “prestação de contas” dos
justa com outros funcionários. A primeira reforma do Estado se dá na atos do governo.
década de 1930, durante o governo Getúlio Vargas, e é caracterizada pela
introdução do modelo burocrático superando o modelo patrimonialista.

348
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
tem relação com a governabilidade a capacidade do chefe do executivo
1.5.1 O contexto da nap (nova
de articular uma base de apoio parlamentar no congresso nacional e
administração pública) nas câmaras estaduais e municipais. É possível que um governante
A última reforma administrativa do Estado brasileiro, que ocorreu tenha governabilidade social, mesmo que não tenha jurídica, como
nos anos de 1990, durante o primeiro mandato do presidente FHC, e nos casos de golpes de Estado, tendo como exemplo Getúlio Vargas.
foi liderada pelo então ministro Bresser Pereira, levou a administração
pública a manter as bases da burocracia, mas f lexibilizou a gestão 1.8 Accountability
pública, introduzindo ferramentas do mercado (corporativas), com o Este termo é utilizado sem tradução pela completa inexistência de
objetivo de democratizar as informações e gerar o empoderamento das outra palavra na língua portuguesa que consiga traduzi-lo. Accountabily
ações públicas por parte do cidadão. Entre os principais conceitos da tem relação com a prestação de contas exercida pelo governo para a
Nova Administração Pública, está o foco por buscar a Governança, a sociedade, e não apenas aos stakeholders, mas para todos, sociedade
Governabilidade Accountability nas ações administrativas. civil e outras instâncias governamentais.

1.6 Governança Existem basicamente dois tipos de accountabilitys, o vertical e o


horizontal, e sua descrição segue abaixo:
O termo governança é abrangente e é desdobrado em diversas ações
Accountability vertical – Exercido pela sociedade civil, através da
administrativas, porém, na administração pública e na abordagem em
prestação de contas do governo para a sociedade, de portais da trans-
provas de concursos públicos, a governança se traduz no envolvimento de
parência, prestação de contas orçamentarias, ações do governo etc. Ele
pessoas interessadas nas discussões acerca das futuras ações públicas. Tam-
é caracterizado por ser externo ao poder público.
bém faz parte da governança o controle que a sociedade civil tem sobre as
ações do governo, e a capacidade de a administração pública envolver todos Accountability horizontal – Exercido pelos órgãos que controlam as
nos processos a seguir e respeitar regras e códigos de conduta estabelecidos. ações internas, pelo controle dentro do próprio governo, como da admi-
nistração direta sobre a indireta, agências reguladoras frente as ações
Envolver a sociedade civil organizada nos debates sobre as ações
e sérvios públicos etc. Ele se caracteriza por ser interno ao governo.
administrativas do governo, consultando e debatendo com os interes-
sados, os chamados “stakeholders”, é a base da governança na admi-
1.9 Eficiência, Eficácia e Efetividade
nistração pública.
Também tem relação com a Nova Administração pública e estreita
O Estado brasileiro se utiliza de diversas ferramentas para exercer
relação com os elementos cima descritos, os chamados “3Es” da admi-
a governança na administração pública, e as principais ferramentas
nistração pública, que são a Eficiência, Eficácia e Efetividade.
seguem abaixo:
Segue abaixo a descrição de cada um dos elementos:
▪ Orçamento participativo.
Eficiência – Introduzida de forma explícita no artigo 37 da Cons-
▪ Conselhos gestores.
tituição pela Emenda Constituicional nº 19 de 1998, é a relação de
▪ Audiências públicas.
recursos destinados e resultados obtidos pela administração pública.
▪ Portal “e-democracia”. Em uma análise, é a relação que comumente é chamada de “custo-be-
▪ Controle social. nefício” nas ações públicas.
O exercício da governança na administração pública leva o cidadão Se, ao final do prazo estipulado previamente, for construído um
ao empoderamento das ações públicas, ou seja, detém o poder coletivo hospital público com os recursos (financeiros, de pessoas e mate-
de tomada de decisão, e é desenvolvida a consciência coletiva e social riais) destinados, sem necessidade de destinação complementar,
da participação nas ações públicas. será uma ação eficiente administrativamente. Portanto, a eficiência
tem relação com a atividade-meio.
1.7 Governabilidade Eficácia – Tem direta relação com a concreta efetivação da ação A
que motiva a existência da unidade pública ou função dos servidores D
O conceito da governabilidade tem direta relação com as con-
públicos, a capacidade de atender aquilo que justifica a ação admi- M
dições para se exercer o poder, tanto do ponto de vista legal quanto
social. Um governo que não tem governabilidade não tem condições nistrativa. Portanto, a eficácia tem relação com a atividade-fim.
de envolver os interessados para debater as ações públicas, pois não tem Efetividade – Tem relação com a entrega do “produto final” para os
legitimidade para tais ações. Nesse sentido, podemos concluir que sem interessados, para o cliente-cidadão, fazendo estes agregarem valor e
governabilidade o governo não tem condições de exercer a governança aceitarem a ação pública como justificável. Portanto, a efetividade tem
como forma de administrar o Estado. relação com o “valor percebido” pelo cliente-cidadão.
A governabilidade tem um eixo jurídico e outro social, como dito, 1.9.1 Governo eletrônico e transparência
e a definição de cada um segue abaixo:
O conceito de Governo eletrônico, cada vez mais adotado pela
Governabilidade jurídica – Representa as condições legais para
administração pública, consiste basicamente no uso da tecnologia da
o exercício do poder, como o chefe do Executivo ser eleito democra-
informação, em particular da internet, para a comunicação e relações
ticamente em eleições para majoritárias para cargos do executivo. No
interna e externa à administração pública.
entanto, apenas a condição legal não garante a governabilidade, pois
Devido às dificuldades cada vez maiores de o cidadão se deslocar
um governo pode ter a legalidade, porém não tem mais possibilidade,
até os locais físicos em que o serviço público presta serviços, o governo
pelo dinamismo do cotidiano, de ter governabilidade política.
eletrônico tem sido um meio majoritário de relacionamentos com o
Governabilidade social – Representa as condições sociais, a exis-
poder público.
tência de uma base de apoio social para exercer o poder, a capacidade
Além da acessibilidade, que está baseada em permitir o acesso
de um governo em manter índices de aprovação e setores importantes
dos próprios computadores sem a necessidade de deslocamento físico,
da sociedade, que representem esta base de sustentação social. Também
a disponibilidade em acessar os serviços públicos através dos portais

349
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
de “governo eletrônico” de locais em que o cidadão bem entender e transparência é possibilitar que o cidadão tenha controle total dos atos
tiver possibilidade, é garantida também a disponibilidade aos serviços. públicos, e o poder público, por sua vez, informe o cidadão de suas
Um exemplo de governo eletrônico é o site http://edemocracia. ações com tempo hábil para reação contrária.
camara.gov.br/ da Câmara dos Deputados, em que o cidadão pode, A prestação de contas tanto orçamentária quanto de seus atos é
além de ter acesso aos temas em debate na câmara, entrar em contato um ato de transparência, que hoje em dia tem grande vínculo com o
com os parlamentares. governo eletrônico, pois a administração pública se utiliza da internet
para divulgação de seus atos.
1.9.2 Serviços oferecidos O site http://www.portaldatransparencia.gov.br/, o chamado “Por-
Accountability – A prestação de contas das ações e movimentação tal da Transparência”, é um exemplo do uso de ferramentas de governo
orçamentária da administração pública, divulgação de editais de con- eletrônico para ter transparência nos atos públicos.
cursos públicos e licitação; é importante elemento do governo eletrô-
nico, possibilitando que todos, envolvidos diretamente ou não, tenham 1.9.5 Debate sobre a lei 12965/14
acesso às ações e aos gastos da gestão pública. Os debates que antecederam a sanção da Lei 12954/14, o cha-
Governança (empoderamento) – A possibilidade de criação, mado Marco Civil da Internet, são um exemplo claro da utilização dos
através da internet e dos sites que formam o governo eletrônico, de canais de governo eletrônico para os debates, acessos às informações
permitir o debate, a participação efetiva dos interessados em discus- e transparência, pois tanto utilizando redes sociais como o Twitter, o
sões que antecedem a tomada de decisão no serviço público, gerando portal e-democracia e sites do governo federal, a sociedade civil pode
o dinamismo e abrangência que espaços presenciais não permitem, debater e ter acesso às questões relacionadas ao tema.
como as audiências públicas.
Serviços – A oferta da atividade-fim, que é a prestação de serviços 1.10 Gestão de Qualidade
ao cidadão, através de agendamentos, segunda via de documentos, ins- As atuais demandas da administração pública, buscando adquirir
crições em processos de seleção, acesso aos variados serviços oferecidos vantagem competitiva, tem na gestão de qualidade um dos principais
pelos agentes públicos através da internet; é importante elemento do objetivos de todo gestor pública alinhado com a Nova Administração
governo eletrônico e garante, muitas vezes, a celeridade na prestação Pública. Em uma primeira análise, é possível definir a Gestão de Qua-
de tais serviços. lidade como as atividades que têm por objetivo atingir os mais autos
Ouvidoria – A possibilidade de permitir que o cidadão faça recla- graus de satisfação do cliente-cidadão com a prestação de serviços
mações, tire dúvidas ou obtenha informações sobre as ações públicas é públicos, sempre atendendo à expectativa destes quando buscam os
um dos objetivos centrais do governo eletrônico, pois muitas vezes o serviços públicos.
atendimento presencial ou mesmo telefônico, pela crescente demanda, A gestão de qualidade, portanto, está relacionada diretamente
não permite a celeridade e resposta adequados, o que, na maioria das com ações tomadas e normas de procedimentos adotadas por todos
vezes, é garantido pelo governo eletrônico. os níveis hierárquicos e departamentos de uma organização, sem a
necessidade de certificações externas para se atingir os níveis de qua-
1.9.3 Estágios de implementação lidade esperados externamente pelo cliente-cidadão, e planejados pelos
segundo a onu gestores públicos.
Os países que são aderentes da ONU (Organização das Nações O objetivo final de qualquer ação pública é a prestação de serviços
Unidas) podem seguir as orientações desta para a criação do governo com qualidade e satisfação. Nesse sentido, o foco sempre será externo,
eletrônico, através dos estágios de implementação propostos pela mas, para isso, é necessário buscar procedimentos e regras internas
organização: que garantam a qualidade. Não existe a gestão de qualidade apenas
Estágio I – Surgimento – É o lançamento e a disponibilização como um objetivo interno, sem focar naquilo que é uma demanda do
dos portais e sites propriamente ditos, mesmo que tenham, em um cliente-cidadão.
primeiro momento, informações limitadas.
1.10.1 Princípios da gestão de qualidade
Estágio II – Aprimoramento – Momento em que o governo apre-
Atender às necessidades do cliente-cidadão – O foco sempre deve
senta informações mais complexas e detalhadas ao cidadão, aprimo-
ser agregar valor aos que recebem os serviços prestados pela adminis-
rando o conteúdo dos sites.
tração pública.
Estágio III – Interação – Criação de ferramentas que possibilitem
Manter a lucratividade/receita – A qualidade está diretamente
que o cidadão tenha acesso aos serviços, participe de debates sobre
ligada à saúde financeira-orçamentária da organização, no caso do
ações públicas, faça reclamações ou tire dúvidas sobre as ações públicas.
serviço público, não com a busca pelo lucro, mas através da saúde
Estágio IV – Transação – O governo eletrônico possibilita, além
orçamentária dentro do planejamento previsto.
de atividades-meio, como agendamentos, as atividades-fim, com todos
Não recorrência de falhas – Através de uma abordagem racional na
os serviços prestados ao cidadão (salvo exceções) sendo oferecidos pelo
tomada de decisões, utilizar ferramentas e adotar procedimentos para
governo eletrônico através de seus sites.
que eventuais falhas não voltem a acontecer na organização.
Estágio V – Conexão – O cidadão reconhece plenamente o governo
Planejamento – A organização adotar o planejamento com base
eletrônico como o meio de interação com a administração pública, e
em cenários prospectivos, nos níveis estratégico, tático e operacional.
passa a utilizar os sites e portais como a forma de acessar os serviços.
Comunicação – Ter uma comunicação bem realizada e que garanta
1.9.4 Transparência a tradução e o alinhamento de procedimentos em todos os níveis hie-
Assim como no sentido óptico do termo, ter transparência é não rárquicos e entre departamentos distintos.
obstruir a visão, não impedir o acesso. Na administração pública, ter

350
NOÇÕES DE
ARQUIVOLOGIA
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA
Os arquivos intermediários têm como principal função a econô-
1 GESTÃO DA INFORMAÇÃO E DE mica, pois se torna muito caro manter esse tipo de arquivo (semiativo,
DOCUMENTOS que possui baixo nível de consulta, ou seja, tem pouco interesse admi-
nistrativo para a organização que o produziu) nos setores de traba-
Segundo a Lei nº 8.159/1991, a gestão de documentos envolve
lho em que foram produzidos, já que, para isso, seria necessário um
o conjunto de procedimentos e operações técnicas referentes às ati-
espaço físico grande. Assim, é interessante guardar esses documentos
vidades de produção, tramitação e uso, avaliação e arquivamento de
em depósitos centralizados, pois sua guarda é devido principalmente a
documentos em fase corrente e intermediária, visando a sua eliminação
prazos prescricionais e precaucionais. Mesmo estando em um depósito
ou recolhimento para guarda permanente.
central, vale ressaltar que os arquivos intermediários continuam sendo
Ainda na mesma Lei: de propriedade do departamento que o gerou e que somente esse setor,
É dever do poder público a gestão documental e a proteção especial a ou alguém por ele autorizado, pode consultar os arquivos.
documentos de arquivo, como instrumento de apoio à administração,
à cultura e ao desenvolvimento científico e como elemento de prova 1.3 Fases da gestão de documentos
e informação.
São três as fases básicas da gestão documental:
A gestão de documentos é atingida por meio do planejamento,
organização, controle, coordenação dos recursos humanos, do espaço ▷ Produção.
físico e dos equipamentos, com o objetivo de aperfeiçoar o ciclo docu- ▷ Utilização.
mental. É qualquer atividade que vise a controlar o f luxo de docu- ▷ Destinação.
mentos existentes, de forma a assegurar a eficiência das atividades.
1.3.1 Produção
1.1 Objetivos Trata-se da elaboração de documentos em razão das atividades
▷ Garantir e assegurar de forma eficiente: a produção, a adminis- específicas de uma instituição ou setor.
tração, a manutenção e a destinação de documentos. Pode ser chamada de 1ª fase e possui as seguintes características:
▷ Garantir que a informação estará disponível no momento necessário ▷ Otimização na criação de documentos, evitando a reprodução
ao usuário (instituição, estado, pessoa). desnecessária de documentos.
▷ Eliminar documentos que não possuem valor administrativo, fiscal, ▷ Acontece na fase corrente.
legal ou para fins de pesquisa científica ou histórica.
▷ Assegurar o uso adequado da micrográfica, o processamento au- 1.3.2 Utilização
tomatizado de dados, e outras técnicas da gestão de informação. Elaboração de documentos em razão das atividades específicas de
▷ Contribuir para o acesso e a preservação dos documentos que uma instituição ou setor.
deverão ser guardados e preservados por seus valores históricos, Essa fase refere-se ao fluxo percorrido pelos documentos, neces-
científicos e valores secundários. sários ao cumprimento de sua função administrativa, assim como sua
guarda após o trâmite. Pode ser chamada de 2ª fase e possui as seguin-
1.2 Planejamento do sistema tes características:
de arquivamento ▷ Envolve as atividades de protocolo, classificação de documentos,
Primeiramente, antes de se implantar um gerenciamento de infor- controle de acesso e recuperação da informação, bem como a elab-
mação, necessita-se de um planejamento. Assim, tem de se definir um oração de instrumentos de recuperação.
importante aspecto: se há centralização ou descentralização dos arqui- ▷ É desenvolvida na gestão de arquivos correntes e intermediários.
vos correntes. Em outras palavras, no planejamento, a organização deve
definir se os arquivos ficaram centralizados – reunidos em um arquivo 1.3.3 Destinação
central – ou descentralizados – arquivados nos setores da organização. Envolve as atividades de análise, seleção e fixação de prazos de
A opção pela descentralização ocorre apenas na fase corrente. Nas guarda dos documentos, ou seja, implica decidir quais documentos
fases intermediária e permanente, é obrigatória a centralização. serão eliminados e quais serão preservados permanentemente. Acon-
Ao planejamento, também cabe a função de definir a coordenação tece nos arquivos corrente e intermediário.
dos serviços arquivísticos organizacionais. Assim, recomenda-se que Alguns documentos têm valor temporário, enquanto outros têm
valor permanente. Além disso, alguns deles são frequentemente uti- A
haja uma centralização referente às normas, ao controle e à orienta-
R
ção para evitar que haja tratamento diferenciado aos arquivos de uma lizados, enquanto outros nem tanto.
Q
mesma instituição.
1.3.4 Eliminação de documentos
Como os arquivos correntes são aqueles que ainda estão em pro-
Deve-se avaliar e selecionar os documentos para determinar o
cesso de tramitação, ou seja, são consultados de modo frequente, eles
prazo de vida deles de acordo com seus valores informativo e probatório
devem ficar armazenados junto aos setores organizacionais que os
e, caso não os tenha, a eliminação.
produziram. Assim, por meio de técnicas de gerenciamento de infor-
mação, também chamado de gestão de documentos, deve-se estabe- Schellenberg ressaltou que a gestão na fase corrente tem como
lecer padronização quanto ao tratamento dos arquivos, definindo um objetivo:
planejamento e implementando um programa de gerenciamento de [...] fazer com que os documentos sirvam aos propósitos de sua cria-
informação na organização. Dessa forma, já deve ser implementado ção, tanto econômica quanto eficientemente possível, e realizar sua
adequada destinação depois que tiverem atendido aos seus objetivos.
nos setores um Plano de Classificação de Documentos e uma Tabela
de Temporalidade e Destinação dos Documentos. Devido a essas diferenças relativas ao valor e à frequência de uso,
surge a necessidade de avaliar, selecionar e eliminar os documentos.

381
GESTÃO DA INFORMAÇÃO E DE DOCUMENTOS
Essas três atividades objetivam estabelecer o prazo de vida dos 06. Descrição
documentos, de acordo com seus valores informativo e probatório. É o conjunto de elementos facilitadores na recuperação e localiza-
Em relação ao seu valor, os documentos podem ser: ção dos documentos e abrange a elaboração de instrumentos de pes-
▷ Permanentes vitais: devem ser conservados indefinidamente por quisa e meios de busca, utilizando termos específicos, palavras-chave,
serem de importância vital para a organização. indexadores, dentre outros.
▷ Permanentes: devem ser conservados indefinidamente – apesar de A descrição será mais eficaz e precisa em meio digital, se realizada
não serem vitais, a informação que contêm deve ser preservada em de forma correta, garantindo a recuperação e localização mais rápida
caráter permanente. da informação solicitada.
▷ Temporários: podem ser descartados, após determinado prazo, 07. Difusão
quando cessa o valor do documento. Está relacionada à divulgação do acervo, bem como à acessibilidade
dos documentos, aproximando o arquivo e o usuário da informação.
1.3.5 Funções arquivísticas A difusão também será realizada de forma mais rápida, pois a
Segundo Jean-Yves Rousseau e Carol Couture, na obra Os fun- maioria das pessoas possui acesso à internet e utiliza deste meio para
damentos da disciplina arquivística (Lisboa: Publicações Dom Quixote, suas pesquisas. Desta forma, o arquivo pode divulgar amplamente
1998), as funções arquivísticas são sete: produção; avaliação; aquisição; suas atividades, serviços e documentação, assim como disponibilizar
conservação; classificação; descrição e difusão. informações com maior praticidade e eficácia.
01. Produção É evidente que a eliminação de documentos não pode ser feita
indiscriminadamente. Dessa forma, há postos-chave que sempre devem
Criação ou recebimento de informações dentro da instituição,
ser observados:
evitando a criação de documentos com informações desnecessárias e
atentando para sua veracidade e autenticidade. É o momento em que ▷ Importância do documento com relação aos valores administrativo,
o documento passa a existir para a instituição. fiscal ou legal (primário) ou informativo, probatório (secundário).
Quando se trata da criação de documentos arquivísticos digitais ▷ Possibilidade e custos de reprodução (por exemplo: microfilmagem).
é importante estar atento a tudo que possa alterar a veracidade ou ▷ Espaço, equipamento utilizado e custos de arquivamento.
autenticidade das informações contidas no documento, sendo extrema-
▷ Prazos de prescrição e decadência de direitos, de acordo com a
mente importante a elaboração de normas e regras para a produção da
legislação vigente.
documentação, assim como utilizar métodos como assinatura digital,
marca d’água e procedimentos padrão. ▷ Número de cópias existentes.
Art. 9º, Lei nº 8.159/1991 A eliminação de documentos produzidos
02. Avaliação
por instituições públicas e de caráter público será realizada mediante
Processo que consiste na atribuição de valores, primário ou secun- autorização da instituição arquivística pública, na sua específica esfera
dário, para os documentos, assim como prazos de guarda e destinação de competência.
final que pode ser a guarda permanente ou eliminação.
A avaliação também deve ser feita nos documentos em suporte 1.3.6 Níveis de gestão de documentos
digital, pois nem toda a documentação produzida possui a necessidade Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a
de ser preservada permanentemente, garantindo assim economia de Ciência e a Cultura (Unesco), a aplicação de um programa de gestão
recursos materiais e financeiros. de documentos públicos pode ser desenvolvida em quatro níveis:
03. Aquisição 01. Nível mínimo
É a entrada dos documentos nos arquivos corrente, intermediário Estabelece que os órgãos devam contar, ao menos, com programa
e permanente. Abrange o arquivamento corrente, assim como a trans- de retenção e eliminação de documentos e estabelecer procedimen-
ferência e recolhimento da documentação. tos para recolher à instituição arquivística pública aqueles de valor
O processo de aquisição deverá ter uma atenção e cuidado especial permanente.
nos documentos arquivísticos digitais, pois seu controle é mais difícil 02. Nível mínimo ampliado
de ser realizado e não possuem métodos que assegurem questões como
Complementa o primeiro, com a existência de um ou mais centros
autenticidade e veracidade.
de arquivamento intermediário.
04. Conservação
03. Nível Intermediário
É um conjunto de procedimentos que visa a manutenção da inte-
Compreende os dois primeiros, bem como a adoção de programas
gridade física do documento, desacelerando o processo de degradação.
básicos de elaboração e gestão de formulários e correspondência e a
A principal questão a ser levantada em relação à conservação dos implantação de sistemas de arquivos.
documentos digitais é sobre a constante mudança que ocorre nos apa-
relhos e softwares tecnológicos, tornando os equipamentos obsoletos 04. Nível Máximo
e causando a perda de informações. O profissional responsável deve Inclui todas as atividades já descritas, complementadas por gestão
estar atento às novas tecnologias para evitar que a documentação, ou de diretrizes administrativas, de telecomunicações e o uso de recursos
parte dela, seja perdida. da automação.
05. Classificação
1.3.7 Instrumentos de destinação
É a forma como os documentos serão reagrupados de acordo com
Nas atividades de avaliação e destinação são utilizados os ins-
características comuns. A classificação deverá ser feita dentro dos padrões
trumentos de destinação, que são os atos normativos elaborados pela
estabelecidos pelos profissionais responsáveis pelo acervo, que conhecem organização, nos quais são fixadas diretrizes quanto ao tempo e local
a melhor maneira de agrupamento para realização de suas atividades. de guarda dos documentos.
Os documentos digitais devem, também, ser classificados e orde- Os dois principais instrumentos de destinação são:
nados para evitar que a documentação fique desorganizada em meio
▷ Tabela de temporalidade de documentos.
digital e para que não perca seu contexto dentro da instituição.
▷ Lista de eliminação.

382
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

1.3.8 1) Tabela de temporalidade 1.3.9 2) Lista de eliminação


de documentos Consiste em uma relação específica de documentos a serem elimina-
É o instrumento resultante da etapa de avaliação dos documentos. dos de uma só vez e que necessita ser aprovada pela autoridade competente.
É a tabela de temporalidade que determina o prazo de guarda dos Agora, veremos as ações coordenadas pelos instrumentos de des-
documentos nas fases corrente e intermediária, bem como indica a tinação dentro da rotina para a destinação de documentos na fase
destinação final (eliminação ou recolhimento para guarda permanente). corrente:
Em uma tabela de temporalidade de uma empresa, por exemplo, ▷ Verificar se os documentos a serem destinados estão organizados
poderia estar definido que os cartões de ponto deveriam ser conserva- de acordo com os conjuntos definidos na tabela de temporalidade.
dos por sete anos no Serviço de Pessoal e depois eliminados; ou que os ▪ A tabela de temporalidade organiza os documentos a serem desti-
contratos de prestação de serviços de limpeza deveriam ser conservados nados, a partir de prazos e critérios para recolhimento e eliminação.
em caráter definitivo no arquivo permanente. ▷ Verificar se cumpriram o prazo de guarda estabelecido.
A tabela de temporalidade será elaborada pela Comissão Per- ▪ Para proceder com a destinação, é preciso verificar, na tabela de
manente de Avaliação de Documentos ou Comissão de Análise de temporalidade, os prazos de guarda estabelecidos.
Documentos (CPAD). ▷ Registrar os documentos a serem eliminados.
▷ Estrutura da tabela de temporalidade: ▪ As listas de eliminação, como vimos, relacionam os documentos
A tabela de temporalidade e destinação deve apresentar em sua a serem eliminados.
estrutura básica os seguintes elementos: ▷ Proceder à eliminação.
01. Código de classificação. ▪ O ato de eliminar os documentos também faz parte da fase de
02. Prazos de guarda nas fases corrente e intermediária. destinação.
03. Destinação final (eliminação ou guarda permanente). ▷ Elaborar termo de eliminação.
04. Observações necessárias à sua aplicação. ▪ O termo de eliminação é o instrumento do qual consta o registro
de informações sobre documentos eliminados após terem cum-
Deve-se elaborar um índice alfabético para agilizar a localização
prido o prazo de guarda.
dos assuntos no plano ou código e na tabela.
▷ Elaborar lista de documentos destinados à fase intermediária.
Tabela de temporalidade com exemplos hipotéticos ▪ De forma semelhante à lista de eliminação, existem as listas de
transferência (documentos destinados à fase intermediária) e as
Prazos de guarda listas de recolhimento (documentos destinados à fase permanente).
Documentos

▷ Operacionalizar a passagem ao arquivo intermediário.


Destinação
Obs. ▪ Permitir que os documentos passem ao arquivo intermediário
Corrente Intermediário final
também faz parte da fase de destinação.

1.3.10 Principais rotinas e


de pessoal
Legislação

10 anos 10 anos
Guarda
-
procedimentos na destinação
perm.
▷ Análise: são procedidos estudos dos documentos recebidos.
▷ Seleção: é feita a triagem dos documentos que devem permanecer
de pessoal
Admissão

no arquivo.
5 anos 47 anos Eliminação - ▷ Avaliação: procedimento mais importante da destinação, pois nela
ocorre a verificação do valor probatório (de prova) ou informativo,
de pesquisa dos documentos e estabelecimento de prazos de vida
Férias

7 anos - Eliminação
dos documentos.
Esse processo está vinculado à legislação, já que deve cumprir os
prazos legais de armazenamento de alguns documentos, bem como
Frequência

Microfilmar a discricionariedade da organização, quando falamos dos prazos A


5 anos 47 anos Eliminação após 5
precaucionais. R
anos
Recomenda-se, de acordo com a doutrina, que a avaliação seja feita Q
nos documentos no arquivo corrente para se evitar que documentos
Aposentadoria

Microfilmar
sejam transferidos para o arquivo intermediário de forma desnecessária,
5 anos 95 anos Eliminação após 5 o que gera burocracia e dispêndio de recursos desnecessários.
anos Visando à garantia da eficiência administrativa, a avaliação deve
ser precedida pela classificação dos documentos visando ao correto
arquivamento em suas classes.
Greves

Guarda
5 anos 5 anos -
perm. 1.3.11 Benefícios da avaliação documental
▷ Eficiência administrativa.
Internas
Normas

Enquanto Guarda ▷ Eliminação de documentos inúteis.


- -
vigente perm.

383
NOÇÕES DE
INFORMÁTICA
WORD 365

1 WORD 365
O Microsoft 365 é uma assinatura que possui os recursos mais colaborativos e atualizados em uma experiência integrada e perfeita, como
os do Office que possui o Word, o PowerPoint e o Excel. Possui ainda armazenamento on-line extra e recursos conectados à nuvem que per-
mitem editar arquivos em tempo real entre várias pessoas, além de sempre ter correções e atualizações de segurança mais recentes e suporte
técnico contínuo, sem nenhum custo extra. É possível pagar a assinatura mensalmente ou anualmente, e o plano Microsoft 365 Family permite
compartilhar a assinatura com até seis pessoas da família e usar seus aplicativos em vários PCs, Macs, tablets e telefones.

1.1 Extensões
Até a versão 2003, os documentos eram salvos no formato “.doc”. A partir da versão 2007, os documentos são salvos na versão “.docx”.
O padrão do Word 2019 continua com a extensão .docx ”DOCX”, mas podemos salvar arquivos nos formatos .odt (Writer), PDF,.doc, .rtf,
entre outros.

O Office 2019 é, também, vendido como uma compra única, o que significa tem um custo único e inicial para obter os aplicativos do Office
para um computador. Compras únicas estão disponíveis para PCs e Macs. No entanto, não há opções de upgrade, o que significa que, caso seja
necessário fazer um upgrade para a próxima versão principal, precisará comprá-la pelo preço integral.
Preste atenção a esses detalhes como extensão de arquivos, pois eles caem com frequência em provas de concurso.
Você poderá salvar os arquivos em uma versão anterior do Microsoft Office selecionando na lista “Salvar como”, na caixa de diálogo. Por
exemplo, é possível salvar o documento do Word 2013 (.docx) como um documento 97-2003 (.doc).

▷ Barra de título: em um novo documento, ela apresenta como título “Documento1”. Quando o documento for salvo, ele apresentará o nome
do documento nesta mesma barra.
▷ Barra de acesso rápido: é personalizável e contém um conjunto de comandos independentes da guia exibida no momento na “Faixa de opções”.

▷ Menu arquivo: possui comandos básicos, que incluem – embora não estejam limitados a – Abrir, Salvar e Imprimir.
Note as entradas da coluna da esquerda, que, na prática, funciona como um painel. Elas prestam os clássicos serviços auxiliares de um menu
“Arquivo” convencional, ou seja, Salvar, Salvar como, Abrir e Fechar o arquivo de trabalho.
Outras conhecidas como Novo: cria um arquivo e permite escolher entre centenas de modelos (templates) oferecidos.

424
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
▷ Imprimir: refere-se à impressão do documento.
Ao clicar em Imprimir, abrirá um menu dropdown, que mostra a impressora selecionada no momento. Um clique na lista suspensa mostrará
outras impressoras disponíveis.
É possível imprimir tudo ou parte de um documento. As opções para escolher qual parte imprimir podem ser encontradas na guia “Impri-
mir”, no modo de exibição do Microsoft Office Backstage. Em “Configurações”, clique em Imprimir “Todas as páginas” para ver essas opções.
Quando há a necessidade de imprimir páginas alternadas no Word, é preciso digitar no formulário o intervalo desejado, como ˜Páginas:
3-6;8˜, em que “-”(aspas) significam “até” e “;” ou “e”.

Ainda na opção “Imprimir”, é possível visualizar como será feita impressão ao lado da lista de opções.
▷ Arquivo/Opções: esse comando traz muitas funcionalidades de configuração que estavam no menu Ferramentas do Word 2003.

▷ Autocorreção: é possível corrigir automaticamente o arquivo, ou seja, o Word faz uma análise do documento e consegue resolver problemas
como palavras duplicadas ou sem acento, ou mesmo o uso acidental da tecla Caps Lock.
A diferença trazida na versão 2013 é poder abrir documentos PDF e editá-los. Basta clicar em “Abrir” e escolher o arquivo. A seguinte
mensagem é exibida pelo word:

I
N
F
O

▷ Abas ou guias: todos os comandos e funcionalidades do Word 2013 estão dispostos em Guias. As Guias são divididas por Grupos de ferra-
mentas. Alguns grupos possuem um pequeno botão na sua direita inferior que dão acesso a janelas de diálogo.

425
WORD 365

▷ Guias contextuais: essas guias são exibidas na Faixa de Opções somente quando relevantes para a tarefa atual, como formatar uma tabela ou
uma imagem.

▷ Barra de status: contém informações sobre o documento, modos de exibição e zoom.

1.2 Selecionando texto


Selecionando pelo mouse: ao posicionar o mouse mais à esquerda do texto, o cursor, em forma de flecha branca, aponta para a direita:
▷ Ao dar um clique, ele seleciona toda a linha.
▷ Ao dar um duplo clique, ele seleciona todo o parágrafo.
▷ Ao dar um triplo cliquem, ele seleciona todo o texto.
Com o cursor no meio de uma palavra:
▷ Ao dar um clique, o cursor se posiciona onde foi clicado.
▷ Ao dar um duplo clique, ele seleciona toda a palavra.
▷ Ao dar um triplo clique ele seleciona todo o parágrafo.
É possível também clicar, manter o mouse pressionado e arrastá-lo até onde desejamos selecionar. Ou, ainda, clicar onde começa a seleção,
pressionar a tecla SHIFT e clicar onde termina a seleção.
▷ Selecionar palavras alternadas: selecione a primeira palavra, pressione CTRL e vá selecionando as partes do texto que deseja modificar.
Pressionando ALT, selecionamos o texto em bloco:

1.3 Guia página inicial


Preste muita atenção nesta guia: é uma das mais cobradas em Word.

1.3.1 Grupo área de transferência

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