Onde Estão As Moedas
Onde Estão As Moedas
Onde Estão As Moedas
Joan Garriga Bacardí narra uma singela história em que apresenta dois personagens centrais:
um bem-aventurado e um desventurado. Num dia qualquer, em um lugar qualquer, eles
sonham que os pais lhes entregaram moedas. Não se sabe quantas nem de que material eram
feitas. Daí surge o inesperado, decorrente das diferentes atitudes reveladas pelos
protagonistas.
Num cenário inicial, um dos homens sente-se feliz com o presente dado pelos pais,
preenchido, valorizado. Ao acordar, vai até eles e expõe sua profunda gratidão, reconhecendo
que as moedas lhe são suficientes e as melhores que podia ganhar para que siga sua jornada.
Valoriza, assim, a vida e as moedas herdadas dos genitores que, por sua vez, sentem-se felizes,
valorizados e dispostos a doar mais. Esse homem, por estar integrado com suas origens, tem
uma vida pródiga, que flui. Sente-se merecedor, capaz e sabe que tem o que precisa para
seguir adiante.
Então, aí está a beleza da narrativa: este homem insatisfeito projeta inconscientemente nos
outros o que procura preencher em si: na amante, no filho... e, sem se dar conta, sobrecarrega
o outro que, agora, tem a cruel e infrutífera tarefa de corresponder às suas expectativas, ou
seja, entregar as moedas que ele tanto busca... Cansado de procurar e de se frustrar, por fim ,
com a sábia ajuda da psicóloga, consegue encontrar a chave: ”Sei onde estão as moedas.
Continuam com meus pais”. Assim, na posição de filho, pequeno diante da grandeza dos pais e
consciente do que recebeu deles, vai até a cada dos genitores e pede desculpas, explicando o
quanto esteve equivocado até ali. Finalmente, enxergou e reconheceu que as moedas que
recebeu são suficientes e as certas para ele. Os pais, felizes, o abençoaram e sentiram-se
capazes de continuar ofertando o que tinham de melhor: mais e mais moedas... Agradece,
também, às pessoas com quem convivia mais proximamente e as liberta do peso de satisfazer
às suas exigências. Daí em diante, sentiu-se leve, forte e sua vida flui...
Quantas vezes esperamos do outro o que ele nunca poderá nos ofertar simplesmente porque não
tem?