Comunicação e Expressão
Comunicação e Expressão
Comunicação e Expressão
EXPRESSÃO
Letícia Sangaletti
Revisão técnica:
Laís Virginia Alves Medeiros
Mestra em Letras – Estudos da Linguagem:
Teorias do Texto e do Discurso
Bacharela em Letras – Habilitação Tradutora: Português e Francês
ISBN 978-85-9502-215-7
CDU 81’38
Introdução
Um dos assuntos que têm merecido maior atenção nas aulas de língua
portuguesa é a coesão textual. Tal importância se relaciona às dificuldades
que os alunos têm revelado para articular as partes de um texto, fazendo-o
evoluir sem repetições, com boa conjugação verbal, pontuação eficiente
e articuladores adequados.
Neste texto, você aprenderá mais sobre esse tema, se familiarizando
com aspectos importantes da produção e da leitura textuais.
A coesão textual se trata do uso adequado de elos que conferem unidade ao texto. Esses elos
contribuem para que relações de sentido sejam estabelecidas e para que o texto seja tecido.
Para que fique clara a função do ritmo na obtenção da coesão (e da coerência também),
você deve entendê-lo como uma sucessão de movimentos num jogo de tensão e
distensão. Assim, a análise rítmica é indissociável da rede complexa de significantes
que compõem o texto.
Para Koch (1988), a língua possui recursos que têm por função estabelecer relações de
sentido entre enunciados ou partes de enunciados. Entre essas relações, estão as de
oposição ou contraste – quando se usa o termo “mas” –, finalidade ou meta – por meio
da palavra “para” –, consequência – com “foi assim que” –, localização temporal – que
pode aparecer por meio de “até que” –, explicação ou justificativa – com “porque” – e
adição de argumentos ou ideias – com o uso do “e”, etc.
Para Koch (1988), a língua possui recursos que têm por função estabelecer
relações de sentido entre enunciados ou partes de enunciados. Entre essas
relações, estão as de oposição ou contraste – quando se usa o termo “mas”
–, finalidade ou meta – por meio da palavra “para” –, consequência – com
“foi assim que” –, localização temporal – que pode aparecer por meio de “até
que” –, explicação ou justificativa – com “porque” – e adição de argumentos
ou ideias – com o uso do “e”, etc.
Como você viu, há diferentes tentativas de definir o que é coesão e os seus
mecanismos. Contudo, parece não haver um consenso entre os conceitos que
154 A coesão textual: mecanismos de referenciação
você acabou de estudar, não é? De qualquer modo, o uso adequado dos meca-
nismos de coesão textual contribui para uma melhor interpretação do texto. Já
o seu mau uso pode implicar construções de sentido ou interpretações errôneas.
Você verá a seguir a coesão referencial e a sequencial. Assim, poderá
compreender a diferença que fazem na compreensão do texto.
Coesão referencial
A coesão referencial de um texto evita a repetição e promove uma leitura
mais leve e agradável. De acordo com Koch (1988), esse tipo de coesão se
estabelece entre dois ou mais componentes da superfície textual que remetem a
um mesmo referente. Esse referente, por sua vez, pode ser acrescido de outros
traços que vão agregando traços textualmente.
Esse tipo de coesão é obtido por meio de dois mecanismos básicos, que
são a substituição e a reiteração.
Há substituição quando um componente da superfície textual é retomado
(anaforicamente) ou precedido (cataforicamente) por uma pró-forma. A pró-
-forma, como você já viu, é um elemento gramatical representante de uma
categoria, como o nome. Ela tem como característica a baixa densidade sêmica,
já que traz as marcas do que substitui. Além disso, pode ser pronominal, ver-
bal, adverbial ou qualitativa. Também pode funcionar como pró-constituinte,
pró-sintagma, pró-oração ou pró-enunciado. Também é bastante comum, em
português, a substituição por zero (elipse total) (KOCH, 1988).
Veja os exemplos dados pela teórica:
Para saber mais sobre o assunto, leia o texto “A coesão textual” (KOCH, 1989).
Coesão sequencial
A coesão sequencial busca escolher os articuladores adequados para a constru-
ção do sentido pretendido. Para Koch (1988), ela diz respeito aos procedimentos
linguísticos por meio dos quais se estabelecem diferentes tipos de interdepen-
dência semântica ou pragmática entre enunciados, ou partes de enunciados, à
medida que o texto progride. De acordo com a estudiosa, a coesão sequencial
é obtida por meio dos procedimentos de recorrência ou progressão.
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“O poeta é um fingidor:
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente” (PESSOA, 1972).
Para ver mais um exemplo de coesão textual, leia o artigo “Mecanismos coesivos: um
estudo sobre o que os professores do ensino médio apontam como problemas de
coesão em textos escritos” (GOMES, 2009).
Leitura recomendada
BEAUGRANDE, R.; DRESSLER, W. U. Introducción a la lingüística del texto. Barcelona:
Ariel, 1997.