Sociologia Do Trabalho
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Trabalho
Sociologia do Trabalho
Wilson Sanches
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Sanches, Wilson
S211s Sociologia do trabalho / Wilson Sanches. – Londrina :
Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2018.
232 p.
ISBN 978-85-522-0637-8
CDD 300
2018
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Sumário
Unidade 1 | Trabalho: aspecto ontólogico, histórico e social 7
Assimile
Para Marx o desenvolvimento dos meios de trabalho indica o grau
de desenvolvimento das forças produtivas e, por conseguinte, as
condições sociais nas quais se trabalha. Por essa razão, a análise das
distintas sociedades não se dá em relação ao que elas produzem, mas
em como elas produzem, pois o que as sociedades e os homens são
coincide com o modo como produzem.
Reflita
Ao se contrapor ao idealismo em virtude da premissa de que a razão
cria o mundo, afirmando que é o trabalho que cria o homem e a própria
sociedade, Engels não estaria, em um certo sentido, fazendo a mesma
coisa quando aponta o trabalho como responsável pela criação do
próprio homem?
O trabalho formou a sociedade, mas também diferenciou as
gerações de homem, tornando-se cada vez mais completo e variado;
a cada domínio de um instrumento, de uma habilidade, abria-se a
possibilidade de se criar novos instrumentos e novas habilidades.
Na medida em que as necessidades básicas estão satisfeitas, os
homens põem-se a criar novas necessidades; estas implicam em
novas formas de produção da vida material, que implicam em novas
formas de cooperação. As forças produtivas de uma determinada
sociedade determinam, também, o estado social dessa realidade, e
o estado social determina a consciência.
Pesquise mais
Outro autor que pensa o trabalho com categoria fundante do ser social é
Georg Lukács. Não obstante o autor concorde com Marx e Engels sobre
a centralidade da categoria trabalho, ele afirma que a saída do homem de
um ser puramente orgânico em um ser social se deu por meio de “salto
ontológico”. Sobre essa consideração indicamos a leitura do seguinte texto:
ESCURRA, María Fernanda. O trabalho como categoria fundante
do ser social e a crítica à sua centralidade sob o capital. Verinotio -
Revista on-line de Filosofia e Ciências Humana, on-line, ano XI, n.
22, p. 12-28, out./2016. Disponível em: <http://www.verinotio.org/
conteudo/0.2349637776938861.pdf >. Acesso em: 7 out. 2017.
Com base nesse conceito assinale o que pode ser considerado um objeto
de trabalho.
a) A terra in natura.
b) As florestas.
c) Os peixes.
d) A terra arada.
e) O mar.
Diálogo aberto
Assimile
O trabalho vivo é o trabalho humano propriamente dito, realizado no
presente em que o homem atua sobre a natureza, de modo a produzir
algo útil. Esse termo está em oposição ao trabalho morto, que é o trabalho
passado, objetivado em um determinado produto, por exemplo, uma
ferramenta qualquer. No modo de produção capitalista o trabalho vivo é o
elemento essencial do processo de valorização da mercadoria.
Pesquise mais
Vimos que a teoria sobre o modo de produção asiático foi construída
por Marx a partir das informações que ele tinha disponível na época. No
entanto, alguns autores se debruçaram sobre o modo de produção dessas
sociedades, e para conhecermos um pouco melhor os novos estudos,
sugerimos a leitura do seguinte texto:
Reflita
A organização econômica primitiva é o único momento em que parece
não haver a exploração do homem pelo homem, mas seria possível, nos
dias de hoje, não existir tal exploração?
Segundo Tomazi:
Assimile
Atualmente entendemos a especialização como uma forma de
qualificação no trabalho; no entanto, aqui, a ideia de especialização
remente à desqualificação, pois o trabalhador deixa de conhecer o
processo total de produção da mercadoria, para se especializar em um
único fragmento do processo global de produção da mercadoria.
Assimile
A Revolução Industrial marca a consolidação do modo de produção
capitalista, no entanto, o processo histórico de construção do capitalismo
deve ser pensado desde a cooperação simples, passando pela manufatura
até chegar à produção industrial mecanizada.
Diálogo aberto
Pesquise mais
O conceito de vocação é extremamente importante para a obra de
Weber, nesse sentindo, indica-se, para aprofundar o assunto, o artigo:
Exemplificando
A divisão do trabalho atinge as mais diversas estruturas da sociedade. A
ciência, por exemplo, passou por um longo processo de especialização
e divisão do trabalho. Há poucos séculos, as pessoas que produziam
Assimile
O conceito de solidariedade social é extremamente importante para
Durkheim. A solidariedade é o compromisso pelo qual as pessoas se
obrigam umas às outras e cada uma delas a todas. Para Durkheim há
dois tipos de solidariedade: a solidariedade mecânica, nas sociedades
em que o autor chama de primitivas, que mantém a solidariedade
social em função da semelhança entre os indivíduos, e a solidariedade
orgânica, em que a solidariedade social é mantida pelo direito e pela
divisão do trabalho social.
NO ENTANTO,
Trabalho, exploração e
resistência
Convite ao estudo
Em 2016 uma série de manifestações e paralisações
ocorreu na França contra uma reforma trabalhista que alterava
as condições de trabalho desse país. A greve produziu um
desabastecimento dos postos de combustíveis. O poder
Executivo francês afirmou que ela foi obra de uma minoria de
trabalhadores ligada a um determinado sindicato que instaurava
no país um caos de maneira ilegal. Por sua vez, os grevistas
apontavam que as reformas, feitas por decreto, reduziam os
direitos dos trabalhadores e poderiam vir a produzir um efeito
negativo sobre a oferta de emprego, extinguindo, no mínimo,
mais de 4 mil postos de trabalho (YÁRNOZ, 2016).
Assimile
A mais-valia é um elemento importante para compreendermos o
processo de transformação do dinheiro em capital. Marx (2013), apresenta
uma fórmula que demonstra como se dá a valorização do capital de
uma maneira um pouco mais complexa que D – M – D’. Ele utiliza a ideia
de composição orgânica do capital para expressar o modo pelo qual o
Pesquise mais
A discussão sobre trabalho produtivo e trabalho improdutivo ganhou força
nos últimos anos em virtude da diminuição de trabalhadores na indústria
e o aumento de trabalhadores no setor de serviço. O setor de serviço
foi considerado, historicamente, como trabalho improdutivo, no entanto,
alguns autores aponta para a possibilidade do trabalho produtivo, que gera
mais-valor, nessas atividades. O artigo de Sadi Dal Rosso contribui muito
para essa discussão, por isso é importante a leitura do artigo a seguir.
Exemplificando
O trabalho improdutivo é aquele que não participa do processo de
produção de valor. Em um capitalismo de tipo industrial, o trabalho na
esfera de circulação de mercadoria não é considerado trabalho produtivo.
Considere o trabalho de um vendedor de uma loja, por mais que o
capitalista que o contratou queira que ele venda um determinado número
de mercadorias, essa imposição não depende somente da habilidade
do trabalhador, mas depende também da disposição dos clientes
em entrarem na loja e de comprarem determinada mercadoria. Esse
trabalhador pode vender diversas mercadorias em um dia, bem como
passar dias sem vender nenhuma mercadoria. A extração de mais-valia,
nesse caso, fica impossibilitada, por essa razão, esse trabalho não participa
diretamente da produção de valor.
Reflita
Para além do trabalho assalariado, outros tipos de trabalhos realizados
no capitalismo contemporâneo podem ser considerados também
trabalho alienado?
Diálogo aberto
Reflita
Henry Ford instituiu, em 1914, o dia de trabalho de oito horas e o salário
de cinco dólares por dia; na época o dia de trabalho era de nove horas
e o salário, em média, era de 2,34 dólares. Perto de 10 mil trabalhadores
foram às fábricas de Henry Ford para conseguir o emprego no dia
seguinte ao anúncio que ele fez no jornal. No entanto, com o passar do
tempo, percebeu-se que, mesmo com os salários melhores, a rotatividade
de operários nas empresas Ford era altíssima, qual a razão para que os
operários desistissem dessas condições salariais?
Assimile
“Poros” são pequenos espaços que separam as células, quando aplicados
à jornada de trabalho podem ser considerados pequenos momentos de
pausa que os trabalhadores realizam entre uma atividade e outra dentro
da mesma jornada diária. A ideia de diminuir a porosidade na jornada
de trabalho está presente desde o início do capitalismo; essa expressão
significa diminuir o tempo de pausa que os trabalhadores fazem entre
uma jornada e outra.
Assimile
A teoria de John Maynard Keynes, economista britânico, propôs que o
Estado utilizasse sua força para regular a economia valendo-se de políticas
públicas para acalmar os efeitos sociais das crises econômicas. A partir
dessas políticas o Estado garantiria ao cidadão um padrão mínimo de
bem-estar.
Assimile
A expressão Estado previdência, ou Estado providência, serve para designar
os Estados que aderiram ao Welfare States, em português, Estado de Bem-
-Estar Social. O Estado previdência garante padrões de habitação, renda,
seguridade social, saúde e educação para todos os cidadãos.
Pesquise mais
Sobre a crise do fordismo, há um interessante artigo de Simon Clarke em
que a discussão se abre também para discussão política do Estado de
Bem-Estar Social. Segue o artigo:
Diálogo aberto
Assimile
O movimento Ludita ocorreu na Inglaterra entre os anos de 1811 e 1812
e consistiu na destruição de maquinários que, no contexto da intensa
industrialização, estavam substituindo os operários. O nome desse
movimento deriva do trabalhador Ned Ludd que, espontaneamente,
quebrou as máquinas de seu patrão. Até os dias atuais o termo é utilizado
para designar as pessoas que se opõem à introdução de novas tecnologias
que venham a substituir trabalhadores.
A AFL tinha uma atuação pragmática, sua luta não era contra o
sistema, mas pela defesa dos interesses corporativos. “O êxito obtido
pela AFL na criação de um sindicalismo estável deveu-se, em larga
medida, à rejeição do socialismo, à aceitação realista do capitalismo
americano” (RODRIGUES, 2009, p. 41). Assim, o sindicalismo
praticado pela AFL rejeitava a luta de classes, e a organização sindical
servia como ferramenta de pressões ocasionais e sistemáticas para
obtenção e manutenção de melhores condições aos trabalhadores
associados a ela.
Exemplificando
As greves nos Estados Unidos da América tomaram grandes proporções
no final do século 19. No ano de 1886, registrou-se mais de 5 mil greves.
Era um momento importante de embate entre os trabalhadores e seus
empregadores, e um momento de grande repressão. A principal luta
naquele momento era pela jornada de oito horas diárias. Assim, a União
dos Trabalhadores dos Estados Unidos decide realizar uma greve geral no
dia 1º de maio de 1886 por essa causa. A greve começa no dia marcado e
é encerrada de maneira violenta pela força policial no dia 4 de maio com
a prisão de oito líderes do movimento. Deles, quatro foram executados,
um suicidou-se e os outros três foram condenados à prisão perpétua. Os
oito líderes presos ficaram conhecidos como “os mártires de Chicago”,
e o dia 1º de maio passou a ser considerado, pelo Congresso Operário
Internacional, o dia do trabalhador.
Reflita
Os sindicatos são importantes na luta pelos direitos dos trabalhadores,
mas em que medida um sindicato atrelado ao Estado, como os
sindicatos italianos do período fascista, pode lutar pelos interesses reais
da classe trabalhadora?
Pesquise mais
Sobre a crise estrutural do capitalismo e seu reflexo sobre as formas de
organização da classe trabalhadora, sugerimos o seguinte artigo:
Trabalho, inovações
organizacionais e precarização
Convite ao estudo
As décadas de 1970 e de 1980 foram de profundas
transformações no mundo do trabalho. A rigidez fordista
e o welfare state, ou seja o bem-estar social garantido pelo
Estado, vão dando lugar a uma produção flexível, apoiada e
impulsionada pelas políticas neoliberais. Esse quadro complexo
de transformação será o objeto de estudo nesta unidade.
Assimile
Nos Grundrisses, Marx afirma que o “próprio capital é a contradição
em processo, (pelo fato) de que procura reduzir o tempo de trabalho
a um mínimo, ao mesmo tempo que, por outro lado, põe o tempo
de trabalho como única medida e fonte da riqueza. ” (p. 590/591).
Segundo Giovanni Alves (2011), o modo de produção capitalista
busca constantemente métodos de extração de mais-valia relativa.
A cooperação simples, a manufatura e a grande indústria são formas
históricas de extração de mais-valia relativa descritas no livro O capital.
No período da grande indústria, a contradição capitalista atinge seu
auge, pois a organização da produção capitalista se assenta sobre o
trabalho morto (máquina), mas a medida do valor continua sendo o
trabalho vivo.
Pesquise mais
Giovanni Alves faz uma análise sobre os impactos da especialização
flexível sobre a subjetividade do “homem que trabalha”. Assim,
suas análises apontam para uma precarização que atinge a própria
experiência humana e não só a objetividade do trabalho. O texto está
disponível em: <http://www.giovannialves.org/artigo_giovanni%20
alves_2010.pdf>.Acesso em: 27 de nov. 2017.
Reflita
O trabalho flexível apresenta, como discurso, a possibilidade do
trabalhador controlar mais o seu tempo, mas qual a possibilidade de
flexibilidade do tempo do trabalhador uma vez que ele está subordinado
ao tempo da produção em si?
Assimile
O neoliberalismo, enquanto corrente de pensamento, surge no final da
Segunda Guerra Mundial e foi uma reação teórica ao intervencionismo
do Estado na economia. Em 1944, Friederich Hayek escreveu um texto,
que ele mesmo denomina como manifesto, intitulado “O Caminho
da Servidão”. Para Hayek, a intervenção do Estado socialdemocrata,
apesar de bem-intencionada, conduziria a humanidade a uma servidão
moderna. Suas ideias não tiveram, na época, grande repercussão, pois o
Estado de bem-estar social representava a possibilidade de reconstrução
no pós-guerra e a economia experimentava grandes lucros. Com a
chegada da crise de 1973, o modelo intervencionista de Estado começa
a ser questionado e as ideias neoliberais passam a ganhar terreno.
Exemplificando
Richard Sennett escreve no final da década de 1990 um livro intitulado
“A corrosão do caráter: as consequências pessoais do trabalho no
novo capitalismo”. Nesse livro, ele trata da repercussão do trabalho
no capitalismo flexível sobre o caráter dos indivíduos, este entendido
como experiência emocional. Para construir sua obra, ele se valeu
de dados econômico, narrativas históricas e teoria social, bem como
da observação da vida diária. Em um dado momento, ele observa
o trabalho em uma padaria. Na década de 1970, quando fez uma
pesquisa sobre o trabalho nos Estados Unidos, ele observou que o
trabalho na padaria era executado por pessoas que sentiam orgulho
da sua profissão como padeiro: um ofício que envolve uma série de
conhecimentos específicos. No final dos anos 1990, ele observava
que não havia nenhum padeiro trabalhando nas grandes padarias. O
trabalho havia sido todo informatizado, a farinha era misturada por uma
máquina comandada por computados, os fornos eram automatizados.
Assim não havia nenhuma necessidade de um profissional com
conhecimento em panificação para realizar o trabalho. Em um anúncio
de jornal ele viu que aquela padaria iria contratar alguém para produção
de pão e a única exigência era conhecer um determinado sistema
operacional. Quando foi à padaria, ouviu de uma funcionária que ela
era qualificada para qualquer trabalho, produzir pão, produzir charutos
ou produzir carro, pois todos esses trabalhos não envolviam nenhum
conhecimento específico, tão somente saber operar um computador.
Assim, os avanços da informática sobre as atividades produtivas podem
ser pensados como uma forma de desqualificação da força de trabalho.
Pesquise mais
O tema da superexploração do trabalho é bastante explorado pela
Teoria Marxista da Dependência que tem em Ruy Mauro Marini seu
principal representante. Para compreensão dessa teoria e para o
aprofundamento sobre a superexploração do trabalho, sugerimos a
leitura do capítulo 2, intitulado “O conceito de superexploração do
trabalho e a dialética da dependência de Ruy Mauro Marini”, que se
encontra no livro:
Reflita
Uma vez que diversas políticas brasileiras estiveram voltadas para a
formalização do trabalho informal, via criação do microempreendedor
individual (MEI) ou “pejotização”, é possível afirmar que houve uma
melhoria nas condições de trabalho dessa população?
a) 1 – a; 2 – b; 3 - c.
b) 1 – b; 2 – c; 3 – a.
c) 1 – c; 2 – a; 3 – b.
d) 1 – b; 2 – a; 3 – c.
e) 1 – a; 2 – c; 3 – b.
Assimile
O feminismo é um movimento social e político que existe desde o
século XIX e que busca conquistar acesso a direitos iguais entre
homens e mulheres. Há uma forte crítica do movimento feminista aos
teóricos do marxismo porque suas análises se centram nas lutas de
classe e as desigualdades de gênero não aparecem em grande parte
de seus estudos, ou quando aparecem eles indicam um protagonismo
individual mascarando a atuação dos coletivos feministas.
Pesquise mais
Para se aprofundar mais sobre o debate do trabalho doméstico no
capitalismo e a luta das mulheres pelo acesso aos direitos iguais,
sugerimos a leitura do seguinte artigo:
Pesquise mais
Sobre o trabalho infantil na sociedade capitalista sugerimos a
leitura do artigo
TRABALHO ESCRAVO
Falar sobre trabalho escravo no modo de produção capitalista
parece, à primeira vista, algo despropositado, pois o capitalismo
tem por base o trabalho livre. Mas uma análise mais próxima deixa
transparecer que esse tema ainda é pertinente e capaz de ser
discutido nos dias atuais. No entanto, falar de trabalho escravo nos
dias atuais não remete a pensar na escravidão que foi praticada na
antiguidade, ou ainda na escravidão praticada a partir do século
XVI, com a exploração comercial de diversas colônias pelos países
europeus, mas compreender sua configuração atual.
Exemplificando
Segundo Caio Prado Júnior (1970; 1999) a atual estrutura econômica
brasileira deve ser compreendida a partir da constituição do Brasil
como nação. Para esse autor, a formação do Brasil contemporâneo
começa no período de expansão comercial da Europa, século
TRABALHO INTERMITENTE.
A palavra intermitente significa algo que não é continuado. Aplicada
ao trabalho, significa que o trabalho não é feito rotineiramente, e, por
essa razão, não gera uma renda fixa. O trabalho intermitente, ou não
continuado, sempre foi utilizado como forma do trabalhador conseguir
a manutenção da sua própria vida em tempos de desemprego. Por
vezes, esse tipo de trabalho foi chamado de “bico” ou de “biscate”.
Esse tipo de atividade, geralmente não ligada diretamente ao
trabalho de grandes empresas, serviu para manter um exército de
desempregados que, precariamente, mantém suas vidas por meio
de uma renda instável, mas que estão sempre à disposição das
empresas capitalistas quando a prosperidade econômica impõe
a necessidade de contratação de pessoal. Assim, há duas funções
significativas nesse exército de desempregados para o capitalismo: a
primeira função é manter a pressão sobre aqueles que se encontram
formalmente contratados, a pressão é tanto salarial, ou seja, atua
para que os salários permaneçam baixos, mas também uma pressão
contra possíveis reivindicações dos trabalhadores; a segunda função
é a de manter, permanentemente um grande número de homens e
mulheres dispostos a assumir postos de trabalhos para aumentar a
produção da empresa.
Reflita
Quais são as vantagens para o trabalhador de se regulamentar um tipo
de atividade que é considerado informal e precário?
Trabalho e
sociedade brasileira
Convite ao estudo
Exemplificando
Aqui cabe salientar uma questão levantada por Florestan Fernandes so-
bre a concorrência entre os trabalhadores negros e os imigrantes. Em
seu livro A integração do negro na sociedade de classes (2008), o soció-
logo afirma que a abolição da escravatura não significou uma melhora
significativa na condição social do trabalhador negro, pois os empre-
gadores do final do século XIX e início do século XX eram, via de regra,
antigos senhores de escravos e associavam o trabalhador negro ao tra-
balho degradante e arcaico, ao passo que o trabalhador imigrante era
tido como agente natural da modernidade e do trabalho livre.
As primeiras indústrias
Assimile
A Era Vargas
Getúlio Vargas governou o Brasil em dois períodos distintos:
o primeiro, de 1930 a 1945, e o segundo, de 1951 até 1954, ano
de sua morte. Em 1930, Vargas ascende ao poder por meio de
um golpe militar que se deu sob a suspeita de fraude na eleição
presidencial, e esse golpe ficou conhecido como a Revolução de
30. Em 1937, um ano antes das eleições marcadas para 1938, sob
a suspeita de um plano comunista para dominar o país, Vargas vai
às rádios e divulga o Manifesto à Nação, em que afirmar que era
necessário reajustar os organismos políticos aos interesses eco-
nômicos da nação e, por meio de outro golpe de Estado, cancela
as eleições e institui o Estado Novo, que dura até 1946. Em 1951,
Vargas retorna como presidente eleito pelo povo e governa até sua
morte, em 1954.
A década de 1930 é significativa para o país, pois se inicia o pro-
jeto de industrialização com o governo de Getúlio Vargas. Octavio
Ianni (1986) afirma:
Reflita
Pesquise mais
O governo JK é conhecido por seu lema “50 anos em 5”: a proposta era de-
senvolver a economia brasileira de maneira acelerada. Sobre o governo, JK
indicamos a leitura do seguinte artigo. MOURÃO, Rafael Pacheco. Desen-
volvimento, industrialização e ordenamento político: uma discussão sobre
os Estados em Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek – dois Estados, uma
“Ordem”. Revista História em Curso, Belo Horizonte, v. 2, n. 2, 1º sem. 2012.
Disponível em: <http://200.229.32.55/index.php/historiaemcurso/article/
view/1866/pdf>. Acesso em: 9 abr. 2018.
Exemplificando
Assimile
Reflita
Assimile
A partir das greves de 1978, surge no país aquilo que alguns autores
chamam de “novo sindicalismo”. Esse novo sindicalismo apresenta
algumas características importantes, a saber: é bastante crítico em
relação à estrutura corporativa dos sindicatos e à intervenção do Es-
tado nos sindicatos, não obstante sua estrutura tivesse sido herdada
do sindicalismo corporativo instituído desde a era Vargas; o novo sin-
Exemplificando
Pesquise mais
Reflita