FPSDalunos
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FPSDalunos
A F.P.S.D é a disciplina que procura dotar aos futuros professores de conhecimentos sobre os
seus deveres como conjunto de incumbências que convém a sociedade profissional no
exercício da docência como actividade especifica. É a disciplina que estuda o exercício da
profissão docente ajudando o formando a reconhecer e identificar os direitos e qualidades
profissionais.
Por isso, o programa proposto para esta classe e neste ano lectivo procura articular a dimensão
cognitiva, afectiva, cultural e ética, numa dinâmica de questionamento, construção,
reconstrução e avaliação de conceitos, em torno da pessoa na interação com o outro, sua
formação, participação, intervenção social e valores para a vida.
1
Importância da disciplina
É necessário ter em consideração os objectivos gerais da disciplina na 11ª classe, pois são o
alvo a alcançar durante todo o processo de ensino-aprendizagem, cuja meta é a formatação da
estrutura cognitiva do sujeito em formação na classe em referência. Deste modo, são objetivos
gerais da disciplina, os seguintes:
2
TEMA 1. MODELOS ÉTICOS DA PESSOA
A palavra “modelo” apresenta vários significados, mas para o nosso contexto, selecionamos
em abordar o modelo como sendo a representação de parâmetros morais e virtuosos. Os
modelos éticos procuram responder à pergunta: “como ser feliz?”. Buscam uma ética
aplicável à todas as pessoas, quer do tipo universal, em que o comportamento não se pode
analisar de forma individual, mas sim, tendo em conta o desenvolvimento da sociedade,
quanto do tipo individual. Apesar de a ética individual ser crucial, pois ajuda a pessoa a
comportar-se, tal como defendem Sócrates, Aristóteles, kant, Habermas, Platão, etc.
O modelo ético universal defende que, todo acto humano se realiza de modo racional e a
melhor forma de comportar-se é obedecer a lei moral 1 e natural de maneira a praticar o bem e
evitar o mal. Já o modelo ético comunitária permite ao ser humano actuar de acordo ao grupo
social a que pertence influenciando-o como deve se comportar. A sociedade é um parâmetro
que determina e aceita as diversas formas de actuar e se comportar segundo as normas
estabelecidas.
Finalmente, temos o modelo ético da crítica contemporânea que se baseia na em cada pessoa
decidir como deve se comportar e guiar a sua vida, sem seguir nenhum parâmetro ético
determinado, actuando segundo o que achar melhor. Este modelo permite as pessoas
desenvolverem-se de forma autônoma.
De salientar que é o modelo ético da realização pessoal que os diversos sistemas morais
oferecem. De facto, as distintas épocas e as diversas situações da história têm projectado a sua
imagem normativa no homem. Tal imagem é de certo modo, o conteúdo da ética. A ideia do
homem vigente em cada época histórica constitui a imagem ética deste homem. Esta ideia se
nutre de elementos culturais de inclinações naturais, assim como de outros condicionamentos
situacionais e históricos. Assim, ao longo da história foram surgindo vários modelos éticos,
tais, como: humanistas, pragmáticos e anti-humanistas.
A palavra “humanismo” deriva do latim humanus, que significa humano. Podemos definir
brevemente um humanista como alguém cuja a visão do mundo confere grande importância
aos seres humanos, a vida e ao valor do ser humano. O humanismo realça a liberdade do
indivíduo, a razão, as oportunidades e os direitos fundamentais da pessoa. Assim, o
humanismo é uma postura de vida democrática e ética, que afirma que os seres humanos têm
o direito e a responsabilidade de dar sentido e forma às suas próprias vidas. Defende a
construção de uma sociedade mais humana, através de uma ética baseada em valores humanos
e outros valores naturais dentro do espirito da razão e do livre-pensamento, com base nas
capacidades humanas. O humanismo não é teísta e não aceita visões sobrenaturais da
realidade.
1
A lei moral é a norma que regula e mede os actos humanos em ordem ao fim último.
3
Pode-se diferenciar a ética humanista da ética autoritária, tanto por um critério formal como
por um critério material. Formalmente, ela baseia-se no principio segundo o qual, só o próprio
homem pode determinar o critério do que é virtude ou pecado, e não uma autoridade a ele
transcendente. Materialmente baseia-se no principio segundo o qual, bom é aquilo que é bom
para o homem e mau o que é nocivo para ele. dessa forma é o bem-estar do homem social,
dentro da sociedade, o único critério do valor ético. É deste modo que se pode dizer que a
ética humanista é antropocêntrica. Não no sentido de que o homem é o centro do universo,
mas no sentido de que os seus julgamentos de valores, como todos os outros julgamentos e até
as percepções, estão enraizados nas peculiaridades da sua existência. Só tem significado
quando considerados em relação a isto: o homem é, de facto, a medida de todas as coisas.
A posição humanista é justamente a de que, em ética, nada há superior ou mais digno do que a
existência humana. Contra isso, alguns estudiosos do assunto argumentaram que um sistema
que admite, apenas o homem e seu interesse, não pode ser uma verdade moral, mas cria-se
uma moral egoísta.
O filosofo Fromm, em relação a questão supra, responde que “o homem só pode realizar-se e
ser feliz em ligação e solidariedade com os seus semelhantes, pois, amar o próximo é algo de
inerente a ele, e que dele se irradia”. O amor não é uma força superior que desça sobre o
homem, nem um dever que lhe seja imposto. É o seu próprio modo, pelo qual se relaciona
com o mundo e o torna verdadeiramente seu, já que a ética humanista é uma aplicação da arte
de viver socialmente.
O homem moderno parece crer que ler e escrever são artes a serem apreendidas, que é preciso
estudos consideráveis para tornar-se arquitecto, engenheiro ou operário qualificado, mas que
viver é algo tão simples que não requer nenhum esforço em particular para aprender como
fazê-lo. Segundo ele, a predominante falta de alegria e felicidade no processo da vida humana
está justamente aqui.
2
O homem tende naturalmente para um fim, o bem, a felicidade. (Aristóteles)
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Portanto, a ética humanista baseia-se no valor da dignidade da pessoa humana, noção que
penetrou profundamente a consciência colectiva moderna. Assim sendo, a economia deve
estar ao serviço do homem e não o homem ao serviço da economia.
Outros representantes deste modelo ético são: Gianozzo Manetti, Marsílio Ficino, Erasmo de
Roterdã, Carlos Bernardo González Pectche, Francisco Petrarca, François Rabelais, Pico de
La Mirandela, Thomas Marus, Andrea Alciati e Augusto Comte.
Pragmatismo em filosofia é uma doutrina que adopta como critério da verdade a utilidade
prática, identificando o verdadeiro com o útil. Por pragmatismo entende-se, geralmente a
característica de uma atitude que concerne aos propósitos práticos da vida. Aplica-se o termo
a posturas que não estão preocupadas com questões teóricas ou de princípios absolutos, mas,
antes com aspectos que se revelam úteis nas acções e nas decisões. Adalberto de Carvalho
(2006, p. 292). Expressões como, “sejamos pragmáticos” ou outras do género apelam para a
adopção de atitudes que pretendem resolver problemas e não de inúteis teorizações.
Subentende-se aqui uma crítica negativa a preocupações que sejam inconsequentes.
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Cf. Battista Mondin (2003; p.287)
4
Doutrina filosófica que afirma a verdade é relativa a tempo, espaço e indivíduo. Afirma também que a
moralidade é relativa ao período histórico e ao grupo analisado.
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Nesta base, tal como Nietzsche proclamou a morte de Deus no século XIX, agora também
proclamou a morte do homem no século XX. Em certas correntes ecológicas desviantes,
também se aposta em primeiro lugar na natureza em vez do homem. Já não predicam que o
desastre ecológico é desastre justamente porque faz perigar a humanidades, mas sim porque o
ser humano atentou contra a natureza.
Considerando que o ser humano está contaminado e, por isso, contamina a natureza, melhor
seria, para eles, que a medicina não houvesse tido êxitos no combate às doenças e no aumento
da expectativa de vida. Salientam a discriminação de culturas que contaminam, de
estrangeiros que sujam e poluem. Estas actuações inscrevem-se também no anti-humanismo,
porque no fundo desprezam o ser humano.
Já como indica o título, o que se busca aqui é oferecer quadros formais para se assumir
adequadamente a dimensão moral da pessoa enquanto realidade ética concreta. A partir destes
quadros formais, se poderá estudar de maneira consequente quaisquer problemas de moral
concreta relacionados com a pessoa.
Desde a antiguidade até aos nossos dias, os homens sempre se questionaram sobre: Quanto
vale uma pessoa! Respondendo a esta questão, dizia Marx, que o homem vale o preço da
subsistência; para o Marketing, vale a importância das identificações que promove; para os
comerciantes, vale o dinheiro que tem; para vendedores; para muitos, vale o preço de um
automóvel de gama média.
Algumas pessoas têm um preço negativo para os familiares. Estas são geralmente mais velhas,
porque, quanto aos mais novos, mesmo que deem algum trabalho, eles pagam para as
adquirirem. Assim, ao longo da história do homem, muito se tem abordado acerca da
dimensão ética da pessoa humana.
Para se falar da dimensão ética é necessário passar pela dimensão ontica ou pré-moral, que se
entende como sendo toda a forma de fundamentar a realidade mediante a afirmação do valor
autônomo e absoluto do homem.
É aqui onde a reflexão crítica sobre a pessoa põe certos conceitos de base, como a “dignidade-
grandeza do homem”, “o homem como valor absoluto e fim em si mesmo”, e “o homem
como ser pessoal”.
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Miguel Reale afirma que “se o homem, em dado momento da sua história adquire consciência
do seu próprio valor como pessoa, é sinal de que nele havia a priori a condição de
possibilidade da aquisição desse valor, o qual, uma vez adquirido, se apresenta como uma
invariante axiológica.
A filosofia Kantiana mostra que o homem, como ser racional existe como fim em si e não
simplesmente como um meio. Os seres racionais estão submetidos à lei segundo a qual cada
um deles jamais se trate a si mesmo ou aos outros simplesmente como meio, mas sempre e
simultaneamente como fins em si. Em suma, todo ser humano, sem distinção, é pessoa, ou
seja, um ser espiritual que é ao mesmo tempo fonte e imputação de todos valores.
Dimensão biológica O ser humano tem uma vida infinitamente mais complexa do que
qualquer outro animal do planeta, que vive apenas na dimensão biológica. Essa dimensão
biológica, em que o homem compartilha com todos os outros animais, é também a mais
concreta de todas. É nessa dimensão que a vida real concretamente acontece. É a dimensão do
corpo, que se movimenta, que sente fome, frio, calor, dor e prazer, inclusive o maior de todos
que é o prazer sexual. O corpo existe vinculado a um tempo cronológico: nasce, cresce,
amadurece e morre.
1. Capacidade de reflectir, tomar consciencia das maximas elaboradas pela propria razao;
2. Conhecimento das regras, valores e principios;
3. Capacidade de emitir um juizo moral, após a um equacionamento da situaçao;
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4. Sensibilidade para ir além do imediatamente visivel e ser capaz de interpretar e inferir.
Apesar de existir outras características da dimensão ética da pessoa humana ainda assim,
vamos abordar quatro que Habermas costuma atribuir a ética, que são:
3.1. A consciencialização
Uma das coisas que mantem as pessoas imobilizadas é a necessidade de saber as razoes pelas
quais não conseguem mudar os seus comportamentos. Entender as razoes da auto-sabotagem
não é factor preponderante para conseguir mudar a sua atitude (auto- sabedoria). É necessário
realizar acções orientadas que poderão ajudar a mudar, alterar ou implementar algo na sua
vida, para tal precisa de ter força de vontade, ela é o seu combustível para a acção.
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Ao iniciar um processo de mudanças existe sempre a possibilidade de ser bem sucedido, caso
não seja, existe sempre a possibilidade de tentar de novo e desta vez com mais informação e
mais preparação. No entanto é preciso nos questionarmos porque razão se quer fazer esta
mudança. É por si, porque quer melhorar a sua vida, ou quer mudar porque o parceiro, o filho,
o médico, o patrão lhe disseram que deveria mudar?
Na grande maioria das vezes para que uma mudança bem sedimentada ocorra, deverá querer
por si próprio. Para isso, existem várias formas de se motivar se realmente acredita que a
mudança proposta por outrem é do seu interesse.
Atitude é a posição ou o comportamento que revela uma maneira de estar com os outros e de
se posicionar perante as outras pessoas.
Vivemos numa sociedade em constante mudança, onde somos confrontados com problemas
que envolvem interacções complexas e que nos afectam no dia-a-dia, determinando a
qualidade de vida da nossa geração e das gerações vindouras decorrente dos problemas
econômicos, políticos, culturais, ecológicos, tecnológicos, morais e demográficos que afectam
a sociedade actual e o planeta terra.
Somos levados a pensar que o futuro das gerações vindouras depende, em grande parte, da
forma e do grau de sensatez com que soubermos administrar os conhecimentos e as aplicações
da ciência e da tecnologia em prol da melhoria das condições da humanidade e da
sustentabilidade do planeta terra.
A escola, enquanto instituição promotora de educação dos cidadãos, deve preparar os alunos
para que sejam cidadãos críticos, activos e interventivo na resolução dos problemas que
afectam a sociedades actual. A sua função destaca-se e justifica-se, não apenas pelo potencial
transformador que pode ter sobre os cidadãos, mas pelo valor cognitivo e social e pelas
sensibilidades ambiental e cultural que pode ter sobre as populações, na procura da construção
de uma nova ética para a sustentabilidade.
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Como professores que somos, necessitamos de assumir compromissos para uma educação,
formal5 e informal6, cada vez mais coesa, prestemos sistematicamente atenção à situação do
mundo, com a finalidade de proporcionar uma percepção correcta dos problemas planetários e
de fomentar atitudes e comportamentos favoráveis para a construção de um futuro sustentável.
Autodomínio (auto + domínio) = domínio e si mesmo. É um outro nome que se atribui para o
autocontrole ou autodisciplina. É uma característica pessoal ou o habito que ajuda um
indivíduo a alcançar qualquer meta que estabelecer.
O autodomínio é uma virtude singular que procura ultrapassar o conflito gerado pela oposição
entre a razão e as paixões. Já Aristóteles analisou esta virtude na obra Magna Moralia (1),
começando por criticar a tese socrática, que negava a existência do autodomínio, pois dizia
que, «ninguém pode escolher o mal sabendo que é mal». Na verdade, ao contrário do que
pensava Sócrates, as pessoas que não têm autodomínio escolhem o mal, sabendo que estão a
escolher o mal, não porque o prefiram racionalmente, mas porque se deixam vencer pelo
império das paixões, não tendo força de vontade para lhe resistir.
A questão que se coloca é a seguinte: é possível ter-se um conhecimento geral sem se saber
como aplica-lo a casos particulares? Segundo Aristóteles, a pessoa pode deter o saber, mas
erra ao aplicar esse saber à resolução de um conflito particular.
As pessoas sem autodomínio poderão cair com facilidade nesse erro e, é por isso, que embora
conheçam o bem, são incapazes de resistir ao mal, sobretudo quando essa opção pelo bem, as
obriga a renunciar a prazeres. Neste caso, as paixões e os apetites tornaram inactivo o
conhecimento e a pessoa deixa de obedecer à razão.
A pessoa com autodomínio é aquela que é capaz de obedecer a razão, embora seja
confrontada, amiúde, com o desejo de ceder às paixões e aos apetites. Portanto, o mais
importante atributo do homem como ser moral é a faculdade de autodomínio, escreveu
Herbert Spencer.
5
Da escola primaria à Universidade.
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Ocorre nos museus, meios de comunicação social, grupos sociais etc....
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Nunca houve, nem pode haver uma vida boa sem autodomínio, sem esta virtude como dizia
Aristóteles, a vida é inconcebível. A victória mais importante e mais nobre do homem é a
conquista de si mesmo. O que só é possível se o homem levar ou ter em consideração a
consciencialização na tomada de decisão de todas acções com vista a boa vivencia em
sociedade.
Aristóteles faz uma outra distinção entre a ausência de autodomínio e a moleza. Enquanto a
moleza significa a incapacidade para resistir à dor, a ausência de autodomínio significa a
incapacidade para resistir aos prazeres indevidos, impróprios ou excessivos. Mas afinal o que
é o oposto do autodomínio? Aristóteles defende que, o contrário do autodomínio é o deboche
ou a vida dissoluta. Para Aristóteles “existe um certo tipo de homem que chamamos dissoluto.
Será o mesmo tipo de homem que não tem autodomínio? O dissoluto é aquele que pensa que
os seus actos são os melhores e os mais úteis para si e que não possui nenhuma razão para se
opor ao que lhe parece ser agradável. O homem sem autodomínio, pelo contrario, possui uma
razão que o opõe aos fins em direcção aos quais o seu desejo o empurra” , mas não consegue
resistir ao apelo dos seus desejos e paixões. Qual é o mais facilmente corrigível? O homem
dissoluto não usa devidamente a razão, pois opta pelo mal pensando que o mal lhe é mais útil
e agradável. Já o homem sem autodomínio dispõe de razão, mas é incapaz de resistir aos
desejos. Repare-se que, o dissoluto não tem qualquer noção do bem, mas o homem sem
autodomínio tem. O primeiro tem características de um ser vicioso e vil por natureza, mas o
segundo não, embora se possa também tornar vicioso, graças ao habito. No entanto, é mais
fácil alterar os maus hábitos do que uma má disposição natural. É por isso, que o homem
dissoluto é mais difícil de corrigir do que o homem sem autodomínio.
será que a pessoa com autodomínio é sinônimo de uma pessoa prudente? É verdade que o
homem prudente também possui autodomínio e que portanto, não apenas possui uma recta
razão, mas também é capaz de agir em conformidade com a recta razão. Contudo, ser
prudente exige mais do que ter autodomínio, porque a pessoa prudente também é capaz de
escolher os melhores meios para atingir os fins rectos.
3.4. A manipulação.
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passou a significar a condução de alguém por uma estrada que não foi escolhida livremente,
mas importa pelo manipulador.
1. Continua orientando a vida para o velho ideal de dominio que provocou as duas
guerras mundiais;
2. Impede as mudanças para um novo ideal que seja capaz de levar à plenitude da vida;
3. Incrementa a desordem na sociedade que perdeu o ideal que perseguiu durante
séculos.
Manipular equivale a manejar, mas somente os objectos são susceptíveis a serem manejados.
Por ex: podemos utilizar uma esferográfica para as nossas finalidades, tais como, guarda-la,
descarta-la. Deste modo, estamos no nosso direito, porque se trata de um objecto. Manipular a
pessoa é trata-la como se fosse objecto,a fim de dominá-lo facilmente.
Quem é o manipulador
É aquele que quer vencer-nos sem convencer-nos, seduzir-nos para que aceitemos o que nos
oferece sem dar-nos razões. O manipulador não fala à nossa inteligência, não respeita a nossa
liberdade, actua astutamente sobre os nossos centros de decisão a fim de arrastar-nos a
tomarmos as decisões que favorecem os seus propósitos.
Quando se quer impor atitudes e ideias referentes a questões básicas da existência- a política,
a economia, a ética, a religião... -, a manipulação ideológica torna-se extremamente perigosa.
Se um grupo social assume radicalmente este sistema como programa de acção e quer impô-
lo, só pode dispor de dois recursos:
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adquirir domínio sobre eles de forma rápida, contundente, massiva e fácil, já que para tal
basta reduzi-los de comunidade à massa.
As pessoas, quando têm ideias valiosas, convicções éticas solidas, vontade de desenvolver
todas as possibilidades de seu ser, tendem a unir-se solidariamente e a estruturar-se em
comunidades. Duas pessoas, um homem e uma mulher, que compartilham a vida numa casa,
mas não se encontram devidamente unidas formam uma massa. A massa se compõe de seres
que agem entre si como se fossem objectos, através de justaposição e choque. Já a
comunidade é formada por pessoas que unem os seus âmbitos de vida para dar lugar a novos
âmbitos e enriquecer-se mutuamente.
Como se manipula
Portanto, Ortega e Gasset, têm razão ao advertir sobre o “cuidado com os termos, que são os
déspotas mais duros que a humanidade padece (...) na história as palavras são frequentemente
mais poderosas que as coisas ou factos”.
Tipos de manipulaçao
É sabido que durante a manipulação, um sujeito 10 age sobre o outro para induzi-lo a querer ou
dever fazer alguma coisa. Deste modo, há várias formas de manipular, tais como:
Tentação, intimidação, sedução e provocação, podendo ocorrer nas diversas esferas sociais
(educação, medicina, economia, etc...). consoante a sua área de actuação e a respectiva
intenção, podemos falar de diferentes tipos de manipulação:
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Subterfúgios, rodeios e sofismas.
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Cautela, precaução e prevenção.
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Papel narrativo.
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3. Em razão do modo como se realiza: manipulação mediata ou imediata, consciente ou
inconsciente, vulgar ou cientifica;
4. Em razão dos meios empregues: manipulaçao somatica, psicologica, social ou
cultural, conforme se tenha em vista as leis e condicionamentos que podem ter
influencia sobre a liberdade a partir do corpo ou do meio social.
Para tal é necessário ter um pouco de atenção e agudeza critica que nos permitirá desmascarar
as prestidigitações de conceitos que se estão cometendo e aprender a fazer justiça à realidade.
Esta fidelidade ao real nos proporcionará uma imensa liberdade interior. Por isso, não há
defesa mais confiável do que a devida preparação por parte de cada cidadão, tal preparação
inclui três pontos básicos:
Na história evolutiva das ideias morais pode encontrar-se a justificação de que o respeito da
vida humana é um dos eixos primários em torno dos quais se desenvolve a consciência ética
da humanidade.
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Não existe um consenso entre os cientistas, quanto ao momento exacto em que começa a vida,
razão pela qual existe várias hipóteses sobre o assunto, tal como as que se seguem:
A biologia mostra que, com a fecundação do óvulo pelo espermatozoide, começa a existir um
novo ser vivo. Para ter vida, um ser vivo precisa nascer, crescer, metabolizar, se movimentar,
reproduzir-se ou não e responder à estímulos externos.
O especialista em reprodução humana, Arnaldo Cambiaghi, afirma que “há vários pontos,
inclusive éticos, a considerar, mas acredito que a fecundação marca o início da vida, assim
como a morte cerebral é interpretada como o fim da vida humana”.
Fases da vida
O desenvolvimento humano é muito rico e diversificado. Cada pessoa tem as suas próprias
características e o seu próprio ritmo de desenvolvimento, que as distingue das outras pessoas.
Entretanto, apesar das diferenças e das incertezas que marcam o desenvolvimento humano,
alguns pesquisadores estabelecem fases de desenvolvimento, as quais obedecem a uma certa
sequência, válida para todos, isto é, todas as pessoas aos se desenvolverem, passam por estas
etapas, embora varie a idade e as características:
1. Infância: é o período compreendido entre o nascimento até cerca de doze (12) anos. Muitas
transformações físicas, psicológicas e sociais mediadas pela cultura acontecem com a criança.
Durante o seu desenvolvimento, a criança aprende a engatinhar, a andar, a falar, a ler, a
escrever e a interagir com as pessoas, para além do seu núcleo familiar, dentre outros.
2. Adolescência: em decorrência das diferenças socio - culturais podemos afirmar que não
existe um adolescente padrão. Os modos como o adolescente é visto pelos adultos, são
variados. Entretanto, os processos biológicos que ocorrem na adolescência são universais ou
seja, o adolescer é universal, independentemente das circunstâncias endógenas ou exógenas
de cada indivíduo nesta fase;
3. Vida adulta: uma pessoa adulta possui mais autonomia e é capaz de tomar decisões e
assumir as suas consequências. É a fase de assumir responsabilidades relacionadas ao trabalho
e a formação de uma nova família;
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4. Velhice: é difícil precisar, mas para alguns pensadores, o início dessa fase se dava aos
sessenta (60) anos de idade, época em que muitos se aposentam 11. Embora a Organização
Mundial de Saúde (O.M.S) afirma que podemos considerar que a velhice se inicia aos setenta
e cinco (75) anos de idade, já que muitas pessoas de sessenta (60) e de sessenta e cinco (65)
anos de idade, ainda hoje continuam activas no mercado de trabalho e com uma boa qualidade
e expectativa de vida podendo usufruir de tudo que realizaram anteriormente.
A palavra “vida” vem do Latim “Vitae”, que pode significar o espaço de tempo entre o
momento da concepção e a morte de um ente, um organismo, um fenômeno que anima a
matéria, ou ainda significando a vida e os processos de relacionamentos.
Qualquer acção humana que tenha reflexo sobre as pessoas e o seu ambiente deve implicar o
reconhecimento de valores e uma avaliação de como estes poderão ser afectados. O primeiro
desses valores é a própria pessoa, com as peculiaridades que são inerentes a sua natureza,
inclusive as suas necessidades materiais e espirituais. Ignorar essa valoração ao praticar actos
que produzem algum efeito sobre a pessoa humana, seja diretamente sobre ela ou através de
modificações do meio em que a pessoa existe, é reduzir a pessoa à condição de coisa,
retirando dela a sua dignidade.
Como foi assinalado por Aristóteles e por muitos outros pensadores bem como as modernas
ciências que se ocupam do ser humano e do seu comportamento o confirmam, o ser humano é
associativo por natureza. Por necessidade material, psíquica 12, espiritual, todo ser humano
depende de outro para viver, para desenvolver a sua vida e para sobreviver.
Deste modo, pode-se dizer, que a ética de um povo ou de um grupo social é um conjunto de
costumes consagrados e formados por valores. A partir desses costumes é que se estabelece
um sistema de normas de comportamentos cuja obediência é geralmente reconhecida como
necessária ou conveniente para todos os integrantes do corpo social. Se alguém por
conveniência ou convicção pessoal, procura contrariar ou efetivamente contraria uma dessas
normas, tem um comportamento antiético, presumivelmente prejudicial a outras pessoas.
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Entram para a reforma.
12
Aqui estão inclusas as necessidades intelectuais e afectivas.
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Portanto, a vida humana é mais do que uma simples sobrevivência física, é a vida com
dignidade, sendo esse o alcance da exigência ética de respeito a vida.
Quando se quer procriar, por razões diversas, não se poupa recursos a formas não naturais,
tais como a inseminação artificial e a fecundação “in vitro”.
Inseminação artificial
É a intervenção medica pela qual se introduz o sêmen do homem no organismo feminino, não
através de um acto sexual normal, mas de maneira artificial, a fim de obter a fecundação.
1- Fora do matrimonio: quando a mulher solteira deseja ter filhos, mas não quer ter marido;
2- De mulher casada com o sémen do seu próprio marido. É a chamada inseminação
homóloga;
3- De uma mulher casada com o sémen de um varão estranho: É a chamada inseminação
heteróloga.
Consiste num conjunto de intervenções medicas que vão desde a alteração dos óvulos e dos
espermas, passando pela fecundação e por um primeiro desenvolvimento da célula germinal,
for a do organismo, até a implantação desta célula no útero próprio ou adoptivo.
De uma maneira geral, o objectivo do recurso à “fecundação in vitro” pode ser puramente
cientifico (conhecer os doentes hereditários e possibilitar a sua prevenção e cura); pode ser
eugéxnico (manipular e combinar de tal maneira os produtos germinais para que nasça só um
determinado tipo de gente).
Valoração ética
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Na sua dimensão filosófica, a ética oferece uma reflexão sobre o significado e a finalidade da
existência humana, buscando definir a moralidade. A justificação dessa moralidade ou
eticidade encontra-se no dialogo contínuo e em confrontação permanente com as
contribuições dos diferentes conhecimentos científicos a respeito do ser humano.
Assim, a valoração ética ou o juízo ético que é feito sobre as práticas acima aludidas, é
geralmente negativo, pelas seguintes razoes:
3. Todo ser humano merece nascer de uma relação de amor entre duas pessoas de sexo
diversos ligadas ou “não” pelo vinculo natural do matrimonio. A inseminação heteróloga
desvirtua o sentido de paternidade e maternidade humanas, provoca problemas jurídicos e
psicológicos na relação entre “pai-filho”, mãe-filho;
Hoje, vivemos uma crise moral sem precedentes, alimentada pela rapidez do avanço
cientifico, cultivada pela convivência diversificada e de conflitos dos sistemas de valores.
Nunca se soube tanto sobre a pessoa humana, suas funções biológicas, sua história, sua
cultura, sua linguagem, seus sistemas socias, suas funções psicológicas, seus processos
cognitivos e afectivos. No entanto, nunca se esteve tão perdido no que se refere à escolha de
uma orientação axiológica existencial que possibilite a realização pessoal e social, além de
oferecer uma referência transcendental.
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taxas de natalidade. O homem contemporâneo pensa que se deve construir uma ética em que
se separe a união sexual da transmissão da vida. Não se trata apenas de evitar a fecundação
para os futuros nascimentos, mas chega-se mesmo a agredir vidas já existentes, com práticas
como: o aborto, a esterilização, e os anticonceptivos.
4.3.1. O aborto:
A definição mais simplista do aborto é a de Nilton Sales (S.D) que é “a morte do ovo”. É a
morte de uma criança no ventre de sua mãe produzida em qualquer momento da etapa que vai
desde a fecundação até ao momento prévio do nascimento.
Monsani (S.D) conceitua o aborto como sendo “a interrupção da gravidez seguida ou não da
expulsão do feto antes da época da sua maturação”. É a expulsão de um embrião ou feto antes
do final do seu desenvolvimento e viabilidade em condições extra-uterinas.
1. Aborto espontâneo: ocorre quando a interrupção da gravidez acontece por causas naturais,
sem a intervenção humana. Pode acontecer por vários factores, tais como: biológicos,
psicológicos e sociais;
Tanto do ponto de vista médico, ético e moral, como jurídico, se distinguem cinco (5) tipos de
aborto provocado:
Aborto terapeutico:
É aquele, provocado pelo médico quando a continuação da gravidez põe em perigo a vida da
mulher gestante;
Aborto eugenico:
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É o provocado quando existe o risco e as vezes a certeza de que o novo ser nasça com
anomalias ou malformações genéticas. O critério chamado eugênico, visa a intervençao em
fetos defeituosos ou com possibilidades de o serem. Porém, não está isento de sansões penais,
pelo nosso diploma legal, visto que ningeum pode negar o direito de uma criança nascer
saudavel e perfeita. Todavia, isso não nos autoriza a retirar de seres deficientes o direito a
vida, antes pelo contrário, a vida de um deficiente necessita de protecçao e amparo, e nunca
de repressao. Ningeum é tao despresivel, inutil e insignificante que mereça a morte;
Ocorre, quando a gravidez for consequencia de uma acçao violenta, como por exemplo a
violaçao sexual ou estupro. A questao surgiu quando em alguns paises da europa na primeira
e segunda guerra mundial, bem como no conflito do Vietname e nos Balcãs, os homens
tiveram as suas mulheres violentadas pelos invasores. Surgiu, entao um movimento patriotico
de repercursao em too mundo contra essa maternidade importa pela violencia, pois nao era
justo que aquelas mulheres troxessem no seu ventre um fruto de um acto indesejado,
lembrado para sempre como uma ignominia e uma crueldade13.
Aborto psico-social:
Ocorre quando a gravidez resulta “não desejada”, por razoes de caracter social ou psiquico
(problemas economicos ou logisticos, de mulheres solteiras, como consequencia das relações
extramatrimoniais, motivos psicologicos na mulher)14.
Também conhecido como aborto “honoris causa”, tem caracter indulgente de pena breve à
mulher que o pratica ou deixa que lhe pratiquem, com a finalidade de ocultar a sua desonra e a
da sua familia.
o Aborto criminoso:
A destruição de uma vida intra-uterina até aos instantes que procedem ao parto constitui o
crime de aborto. O aborto criminoso é a morte dolosa do ovo. Parto prematuro é a expulsão do
feto viável, antes do seu completo desenvolvimento. O aborto criminoso é mais frequente
entre o 3º e o 4º mês de gravidez, quando a mulher passa a ter certeza da gravidez, e é raro
depois do 6º mês porque o risco é maior e não adianta mais ocultar a gravidez.
13
A partir de então, em quase todas as legislações do mundo, a lei permite que a mulher gravida, vitima de violação sexual e
ou estupro, aborte, pois não seria conceptível admitir que uma pessoa humana tivesse um filho que não fosse gerado pelo seu
consentimento e pelo seu amor.
14
A interrupção de uma gravidez por motivos econômicos ou morais não estaria de forma alguma justificada, pois o estado
não poderia ameaçar a existência de alguém por motivos dessa natureza.
20
Hoje, em quase todas as legislações penais do mundo, o aborto é severamente punido como
um crime praticado contra a uma vida humana em formação e que tem o direito de prosseguir
e nascer.
O objecto do crime de aborto não é a mulher gravida, mas a vida que se encontra no álveo
materno, ainda que se resguardem também a vida e a saúde da gestante, punindo-se os
atentados à sua integridade. Por isso, é alvo de sanções penais mesmo a mulher que pratica
em si própria o aborto, pois o que se visa proteger com isso é unicamente a garantia da
existência desta nova vida.
Assim, o Código Penal Angolano de 2021, nos seus artigos 154º e seguintes penaliza os
crimes contra a vida intra-uterina da seguinte forma:
1.Quem interromper a gravidez de uma mulher sem o seu consentimento é punido com a
pena de prisão de 2 a 8 anos;
2.Na mesma pena incorre quem, sabendo que a mulher está gravida, exercer contra ela
actos de força ou violência e, deste modo, interromper a gravidez, mesmo não sendo esse o
seu propósito;
4.A mulher gravida que, por facto próprio interromper a sua gravidez ou de qualquer
modo, participar na sua interrupção ou consentir que terceiro a interrompa, é punida com
pena de prisão até 5 anos;
Para muitos, o aborto não deixa de ser um homicídio, mesmo que seja justificado em
circunstâncias especiais.
No fundo de todas as questões morais e jurídicas sobre o abordo existe uma realidade: a
pessoa humana. Aqui está a chave-de-honra.
A vida humana em gestão não pertence ao gênero de “coisas”, mas tem de ser medida desde a
valoração do “sujeito”. Não correspondem à vida em gestação as considerações que ponderam
unicamente o “peso”, o “cumprimento” e o “efeito” que causa.
Em consequência, a vida em gestação é uma realidade distinta da gestante, ainda que tenha
uma estreita ligação. Por isso, nem razoes pessoas, nem socioculturais ou demográficas, serão
suficientemente pesadas para anularem a vida incipiente.
Às vezes, entende-se mal a ilicitude do aborto terapêutico, mas é preciso dizer que o fim bom
(salvar a vida da mãe) não justifica o acto mau (a morte provocada do feto). Há que ter em
21
conta, por outro lado, que o aparente conflito de deveres (vida da mãe e vida do filho),
resolve-se recomendando que o dever é procurar salvar a vida dos dois com os maios lícitos
adequados. Ao ilícito ninguém está obrigado, por muito que seja eficaz.
4.3.2. Esterilização:
1. Esterilização diercta: é a que, pela sua própria natureza, tem como única e imediata
finalidade tornar impossível a geração de filhos, e pode ser:
2. Esterilização terapêutica: aquela que é exigida para salvar a vida ou a saúde da pessoa.
Sendo os órgãos sexuais, parte do todo, a intervenção é licita em benefício desse todo que é a
“vida humana”, mas desde que se verifique as seguintes condições:
a) Que a doença seja grave, de modo que se justifique a mal evidente da esterilizaçao;
b) Que a esterilizaçao seja o unico remedio para recobrar a saude ou salvar a vida. Isto
pode acontecer pelo facto de que os orgaos sexuais estiverem doentes ou de que
estando sãos, com o seu funcionameto hormonal, prejudiquem ou influam casualmente
na saude do resto do corpo;
c) Que a intençao seja de curar e nao de esterilizar. A esterilizaçao apresenta-se assim
como um remedio imprescindivel, mas nao directamente querido.
A esterilização pode ser imposta pela autoridade política religiosa ou tradicional, ou mesmo
por iniciativa individual. Mas ainda assim, do ponto de vista ético e moral, a intuição ética
permite dizer que tal prática é reprovável e ilícita, pelo seguinte:
a) A esterilizaçao em todas as suas formas, é um atentado ao direito natural de todo o
homem de dispor, com liberdade, da sua capacidade procriadora, assim como o direito
a integridade física;
b) A esterilizaçao, mesmo quando há consentimento do sujeito, é ilicita porque é contra o
uso natural da capacidade sexual ( a procriaçao).
22
4.3.3.A anticoncepção: Diz-se de qualquer modificação introduzida no acto sexual, com o
objectivo de impedir a fecundação. A anticoncepção pode fazer-se de diferentes modos:
Valoração ética
Estamos perante um caso que tanto uma extensa prática social como a legislação de muitos
países consideram indiferente ou mesmo uma boa conduta, o que atenta diretamente contra os
princípios éticos. É preciso dizer também que ainda que algumas vezes se tenta justificar os
meios anticonceptivos por razões demográficas (controlar o crescimento da população),
econômico-sociais (impossibilidade de alimentar e educar mais filhos) ou médicas (perigo de
uma gravidez para a saúde física ou psíquica da mãe ou evitar uma doença sexualmente
transmissível), o geral é usar os meios anticonceptivos com o fim de obter satisfação sexual
sem perigo de engravidar.
Já foi referenciado supra, que geralmente o objectivo principal do recurso às várias técnicas
para transmitir ou de impedir a transmissão da vida, pode ser puramente cientifico (conhecer
os doentes hereditários e possibilitar a sua prevenção e cura); pode ser eugénico (manipular e
combinar de tal maneira os produtos germinais para que nasça só um determinado tipo de
gente). Para a realização destas actividades, é necessário seguir o estatuto do codigo
deontológico, pois, o ensaio no homem de novos medicamentos e técnicas, quando
cientificamente necessário, so pode ser posto em pratica após séria experimntaçao em
animais, que haja demonstrado razoável probabilidade de êxito e segurança terapêutica,
15
Inibem a ovulação.
16
Actuam depois da concepção
17
Irreversíveis ou definitivos, os que exigem uma intervenção cirúrgica. Todos os outros são reversíveis, na medida em que
ao deixarem de ser utilizados, permitem engravidar novamente.
23
devendo ainda ser asseguradas as necessárias condições de vigilância medica e garantido o
consentimento do doente e a sua segurança e integridade.
Desde seu início, a espécie humana busca respostas para o mistério da morte. Para os que
procuram entender a morte, ela é uma força altamente criativa. Os grandes valores da vida
podem originar-se da reflexão sobre a morte. A meta dos filósofos tem sido elucidar o seu
significado. Sócrates por exemplo, a dada altura entendia que filosofar significava
simplesmente estudar o problema da morte. Assim como Sócrates, inúmeros pensadores
buscaram encontrar o significado da morte na vida humana, e a medida que o esclareciam,
contribuíam também para a compreensão do significado da vida. Disse Thomas Mann: “ sem
a morte haveria muito poucos poetas na terra”. E todos os poetas tocaram o profundo segredo
da vida enquanto falavam sobre a morte.
A realidade da morte coloca o homem ante o profundo mistério da sua vida. A inevitável
evidencia de morrer não elimina a pergunta do porquê da morte. Desde os mais variados
ângulos, o homem tem tratado de encontrar o sentido desta realidade que abala as bases do
edifício humano. Parecem ingênuas as perguntas que surgem no íntimo do homem, mais são
todas legitimas, tais como: porque se morre! Para que se morre! Quais são as condições
preferíveis para o acontecimento humano do morrer! A morte digna; a inviolabilidade da vida
do moribundo; a confrontação entre a morte digna e a prolongação artificial da vida terminal
etc.
A morte sempre existiu e sempre existirá entre nós, porque morrer é parte integral da vida e
da existência humana, tão natural e previsível como nascer. Mesmo aceitando a morte como
parte integral da vida, é difícil morrer e o será sempre, porque isto significa renunciar à vida
neste mundo (é derrota). Porque a ideia da morte nos traz permanentemente a consciência de
nossa vulnerabilidade e de que nenhum avanço tecnológico nos permitirá dela escapar.
A morte é indiscriminadamente democrática, pois todos devem morrer, bons ou maus, ricos
ou pobres, famosos ou anônimos desconhecidos. A sua imprevisibilidade e inevitabilidade é o
que aterroriza a maioria das pessoas. É o que diz Roberto Freire: “não pedi e não escolhi de
quem, porque, onde e quando nascer. Da mesma forma, não posso decidir quando, como,
onde, de que e porque morrer. Pretende-se esquecer que há um tempo de nascer e tempo para
morrer”, como nos ensina o livro do Eclesiastes.
24
A tradicional definição de morte como o instante cessante dos batimentos cardíacos tornou-se
obsoleta. Hoje, ela é vista como um processo, como um fenômeno progressivo e não mais
como um único momento ou evento. Morrem primeiro os tecidos mais dependentes do
oxigênio em falta, sendo o tecido nervoso o mais sensível de todos. Três minutos de ausência
de oxigenação são suficientes para a falência encefálica que levaria à morte encefálica ou no
mínimo, ao estado permanente de coma em vida vegetativa. Assim, a morte deve ser
entendida mais como um “processo” do que como um “facto instantâneo”. Na transição da
vida para a morte o organismo como um todo, podemos reconhecer estados intermediários,
concorrentes ou sucessivos conforme o caso.
Morte simulada: a medicina legal descreve a morte simulada como os estados patológicos que
simulam a morte, onde as funções vitais estão aparentemente abolidas. Observa-se
inconsciência, hipotimia muscular, imobilidade, actividade circulatória mínima, respiração
aparentemente parada até apneia.
Morte relativa: aqui ocorre uma paragem afectiva e duradoura das funções nervosas,
respiratória e circulatória. A reanimação, porem é possível com manobras terapêuticas
extraordinárias;
Morte própria: caracteriza-se pelo desaparecimento definitivo de toda a actividade biológica
do organismo;
Momento da morte: Do ponto de vista medico-sanitario, social e jurídico é preciso
estabelecer o “momento a morte”, embora de longa data se saiba que ela nao é algo instatanio,
mas um processo;
Morte cardio-respiratoria: ocorre quando se verifica a paragem inrreversivel da circulação e
da respiração;
Morte cerebral, morte encefálica: em determinados casos, a morte cerebral procede a cardio
– respiratória ( esmagamento craniano etc). Por isso é necessário precisar que o encéfalo
engloba além do cérebro o tronco cerebral e o cerebelo e a morte é a inactividade encefálica
irreversível. Da-se uma ausência dos sinais de actividade do tronco cerebral.
Assim, para fins práticos, podemos aceitar como “momento da morte”, aquele em que ocorre
a “paragem irreversível da circulação e da respiração”.
As questões que ainda hoje se levantam são as seguintes: a vida humana deve ser sempre
preservada, independentemente da sua qualidade? Devem -se empregar todos os recursos
tecnológicos para prolongar um pouco mais a vida do paciente terminal.
25
A palavra esta composta de dois termos gregos: eu (boa) e thanatos (morte). Fazer eutanásia,
significa, pois, causar diretamente a morte sem dor, a um doente incurável ou as pessoas
deficientes ou velhos etc. Seria assim um “homicídio piedoso”. Costuma-se provocar
mediante uma intervenção medica, normalmente administrando um fármaco e neste caso
chama-se eutanásia positiva.
Existe também a eutanásia negativa, que consiste na omissão dos meios para manter vivo o
doente. Como havemos de ver a este tipo de eutanásia damos o nome de distanásia. A
eutanásia pode ser provocada pelo próprio sujeito, e nesse caso, chama-se eutanásia suicida.
Existe finalmente a chamada eutanásia eugênica, cujo objectivo é eliminar da sociedade
pessoas com uma vida “sem valor”. Ex: o nazismo.
Já nos tempos pré-históricos, havia médicos para apressar a morte, segundo as práticas
culturais dos povos primitivos. Na antiguidade greco-romana, o direito de morrer era
reconhecido, o que permitia aos doentes desesperançados pôr fim as suas vidas, algumas
vezes com ajuda externa. Tais praticas tiveram o seu termo com o surgimento do cristianismo,
que introduziu a noção e sacralidade da vida como dom de Deus a ser preservado e cultivado.
Até ao séc XVII, a eutanásia se referia aos meios para se alcançar a morte ou a morte fácil,
como, por exemplo, cultivar uma vida sóbria e de temperança, ou pela aceitação da própria
mortalidade. Em 1605, com Francis Bacon, a eutanásia passa a integrar os domínios da
medicina com a conotação de avaliar o sofrimento dos doentes terminais, até apressando a sua
morte, se fosse preciso.
Distanasia e adistanasia
Distanásia é a pratica que tende a afastar o mais possível a morte, prolongando a vida de
enfermo, do ancião ou do moribundo já inúteis sem esperança de recuperação e, para isso,
utilizando não só meios ordinários, mas também meios extraordinários muito vastos em si
mesmos e em relação a situação econômica do doente e da sua família.
A morte é o último acontecimento importante da vida e dele nada e ninguém pode privar o
homem, antes pelo contrário ajuda-lo para o efeito. Isto significa antes de tudo, aliviar os
sofrimentos do enfermo, e eventualmente, ministrando-lhe analgésicos, de forma que possa
26
superar humanamente a fase última da sua vida. Significa que é necessário dar-lhe a melhor
assistência possível. E esta não consiste apenas em cuidados médicos, senão, sobretudo, em
prestar atenção a aspectos humanos de assistência, a fim de criar em torno do moribundo uma
atmosfera de confiança e de calor humano em que ele veja o reconhecimento e a alta
consideração feita à sua humana existência... em tais momentos, a fé constitui uma ajuda
eficaz para resistir e até para superar o temor da morte.
A filosofia, a ciência e a técnica têm por finalidade promover o bem-estar do homem, e assim
sendo, todo e qualquer avanço nestas áreas produz intensos efeitos sobre a vida humana. No
momento em que a sexualidade e a vida se confundem, embora sejam realidades distintas, a
acção do desenvolvimento do conhecimento afecta muito mais este aspecto do que outros da
dinâmica vital existencial.
Para se avaliar a natureza complexa da sexualidade, assim como a sua magnitude no âmbito
humano, faz-se necessário o seguinte:
1. Apreender que a sexualidade encerra o mistério da vida humana, pois a partir dela surge a
vida;
2. Compreender que toda pessoa humana é sexuada e que esta característica integra todas as
dimensões humanas, quer sejam biológicas, psicológicas ou social, pois como define a OMS,
“saúde sexual é a integração dos elementos somáticos, emocionais, intelectuais e sociais do
ser sexual por meios que sejam positivamente enriquecedores e potenciem a personalidade, a
comunicação e o amor”.
3. Clarificar que a realização humana no âmbito pessoal, social e transcendental passa pelo
modo que cada pessoa tem de viver a sua sexualidade, e isto, porque são funções da
sexualidade a reprodução, o prazer e a comunicação, sendo está última, a mais importante de
todas, porque é ela justamente quem potência o amor, única força motriz verdadeira para a
realização da reprodução desejada e a obtenção do prazer pleno.
A filosofia personalista oferece à ética uma reflexão sobre o que é a pessoa humana: “uma
totalidade viva com um passado, um presente e um futuro”, cuja autenticidade se expressa na
realização do projecto de humanização, que se sintetiza na valorização intrínseca da vida em
27
si mesma, ou seja, ser pessoa é a vocação natural do ser humano, o que por si só se constitui
num valor supremo, central e eixo básico de critério avaliativo para todos os demais valores.
A sexualidade humana é um valor de vida que se legitima na dimensão humana. Ser pessoa é
o valor central humano cujo significado é a vida e cuja principal forma de expressão é a
sexualidade. Conclui-se aqui que o que promove a vida promove a pessoa humana, assim
como a sua expressão maior de vida, que é a sexualidade, na medida em que, a pessoa é um
valor em si mesma, legitimado pela vida humana e como tal é também critério de valores; a
sexualidade é a principal fonte de expressão da pessoa e, portanto, da vida. Assim sendo deve
ser humanizada e compreendida como o factor integrador da vida humana personificada.
A ética tem a função de oferecer princípios, fundamentos e sistemas morais. Por isso,
apresentam-se a seguir os princípios que devem orientar a ética da sexualidade:
A sexualidade supõe, exprime e realiza o mistério integral da pessoa. Deste modo, não se
pode estudar a sexualidade a partir de uma perspectiva redutora e reducionista. O caracter
plurivalente e multivectorial é uma nota especificaa da sexualidade humana. Por isso mesmo,
28
a sua compreensão deverá ser submetida a consideração de diversos níveis de saber,
trabalhando interdisciplinarmente. Assim, podemos falar de várias instancias da sexualidade:
A diferença sexual é um facto que se impõe a nossos olhos por uma serie de características
morfológicas no homem a na mulher, e que tem capacidade de provocar a atraccão erótica.
Mas estas não são os factores fundamentais para definir o sexo. Para dizer verdade, um
pequeno tratamento hormonal pode originar a barba na mulher e atrofia das glândulas
mamarias.
Decorrente dos cromossomas. Código biológico mediante o qual cada pessoa terá as suas
próprias características físicas e que ao se reunirem dois cromossomas XX, o indivíduo terá o
sexo feminino e se a união dos cromossomas for XY, então o indivíduo terá o sexo masculino.
- Varão: 44A + XY
- Mulher: 44A + XX
Composto pelas glândulas responsáveis pela diferenciação dos dois sexos – no homem
representado pelos testículos, que produzem os espermatozoides e os hormônios
masculinizantes (testosterona) e na mulher constituído pelos ovários que produzem os óvulos
e demais hormônios responsáveis pelas características sexuais femininas (progesterona). A
formula cromossômica do ovo, assim como outros factores, determina diretamente o tipo de
glândula genital (ovário ou testículos), mas não determina mais que indirectamente os
caracteres secundários, estando estes determinados pela acção de substancias químicas ou
hormonas que a glândula genital elabora e que influem em todo organismo.
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É o aspecto exterior do corpo humano que distingue o aparelho sexual feminino (Vulva), do
órgão sexual masculino (pênis), também chamado de órgãos genitais. A partir da puberdade,
as hormonas sexuais, produzidas mais abundantemente, acentuam a diferenciação sexual,
aparece diferenciado e formado o sexo com todos os caracteres sexuais. É nesta altura que se
pode assinalar as diversas partes do aparato reprodutor, tanto masculino como feminino
(anatomia sexual).
b) Instancia dialógica
A sexualidade é para a pessoa um meio de expressão, é um meio de relação. Quer dizer que,
para o homem, a condição sexual estabelece uma coloração especial no dialogo interpessoal.
Toda a relação com o “outro” é uma relação matizada pelo tom sexual. A sexualidade é
chamada cega e surda que brota das raízes mais profundas do homem. Esta chamada se faz
“voz” humana ao chegar ás camadas superiores o homem. A atração biológica dos sexos faz o
“encontro” interpessoal.
É durante a adolescência que, pela primeira vez, o homem se encontra de verdade com o sexo
oposto. Nesta altura, o descobrimento do outro se realiza mais ao nível vivencial e emocional.
A partir da transformação biológica produzida por hormonas sexuais, o adolescente vê o sexo
oposto como revestido de uma carga afectiva e com outra significação distinta da que até
então possuía dele. Apresentamos alguns sintomas do comportamento sexo-relacional do
adolescente:
Sem querer precisar muito tempo, é durante a adolescência e a juventude que o homem
descobre o “tu” heterossexual. Acima do descobrimento, um tanto quanto amorfo e biológico,
do “outro” sexo, acrescenta agora o encontro com um “tu” pessoal na linha da diferença
sexual.
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Este descobrimento do “tu” heterossexual, tem algo de aventura. Trata-se de um encontro que
tem algo de novo, de medo, de surpresa e até de um certo mal-estar. Nesta altura, o jovem
conhece uma jovem que ocupa de modo preponderante o seu pensamento. Mas já não se trata
de um erotismo ou uma emoção, mais ou menos nervosa que o domina. É um sentimento
novo, é um mistério e querer, dar e dar-se para completar e se completar. Esta relação com o
“tu” pode dar lugar ao namoro e este, por sua vez, pode evoluir para o matrimonio, onde tem
lugar a fase definitiva do processo do encontro com o “tu” heterossexual. É então que a
relação heterossexual adquire as qualidades mais pletóricas, a profundidade mais intima e a
dimensão mais abarcadora.
c) Instancia socio-cultural
o impulso sexual para realizar-se precisa de uma resposta socio-cultural. Quer dizer, a
sexualidade, enquanto instinto biológico, esta pouco determinada. A superestrutura socio-
cultural deve intervir para garantir-lhe finalidade estável e normal. A instancia socio-cultural
poderá orientar positivamente qualquer excedente impulsivo da sexualidade humana. De
resto, a superestrutura social oferece quadros sociais pertinentes para realizar ou impedir a
possibilidade do erotismo na vida humana.
De facto, podemos ver que a vivencia o erotismo varia nas suas manifestações, de povo para
povo, de cultura para cultura. Por exemplo, o beijo pode não ter nenhum significado afectivo
entre alguns grupos bantu. Os seios descobertos de uma senhora podem não despertar
nenhuma carga erótica nos homens de alguns grupos étnicos de Angola. De certo modo, a
cultura pode e deve controlar o comportamento através de costumes especiais, tabus,
interdições etc...
Mas a cultura não é ética. Pode sim ter grandes aproximações, mas ela sempre será concreta,
fechada entre fronteiras étnicas, enquanto a ética e universal e impõe-se normativamente a
todos os homens. Alias, a ética compete também o papel critico- valorativo das culturas.
Assim sendo, na base do aspecto socio-cultural da sexualidade, estão três aspectos
diferenciais e peculiares do comportamento humano, nomeadamente:
O homem a diferença do que sucede no animal, nao tem a sua sexualidade coartada nos
limites de uma periodicidade estabelecida. No homem existe uma initerrupta presença do
impulso sexuaal, e isto origina um execedente de força sexual.
Que fazer com ele? Pode orientar-se para um pansexualismo humano, introduzindo a
sexualidade directa em todos os aspectos da vida humana ou pode receber uma orientação
perfeita mediante a superestrutura social. Esta se faz necessária para orientar o excedente do
impulso sexual para fins não diretamente sexuais. Ha autores que pensam que as estruturas
sociais foram originadas pelas forças excedentárias dos instintos, entre os quais se conta o
impulso sexual. Ha, pois uma sexualização normal nas instituições sociais. A sexualidade
neste sentido esta mais do que a biologia e a psicologia, no interior da vida social.
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2. A consideravel reduçao sofrida pelo instinto sexual:
O homem pode livrar a sexualidade da escravidão biológica. Tal libertação pode tomar
direcções diversas: pode orientar-se para a produção de uma vida humana mais plena na
dinâmica pessoal e na vida de intersubjectividade; mas pode também orientar-se para uma
“fixação” em um mesmo nível de prazer. Devemos ter em conta, porém, que o prazer sexual,
ao livrar-se do determinismo biológico, pode estender as zonas produtoras do prazer sexual.
Enquanto o instinto sexual, fechado sobre a sua própria finalidade, se concentra nas zonas e
formas de percepção sensorial humana.
Esta é a razão da existência o erotismo. Existe uma possibilidade de carregar de prazer sexual
quase todas as estruturas do comportamento social. Mas as formas de prazer sexual liberto da
sua exclusividade finalística devem passar pela moldeabilidade cultural. O impulso sexual se
faz fenômeno socio cultural e adquire umas modalidades correspondentes a essa nova forma.
Sexo social.
Conhecido como “papel de gênero”, é a forma especifica como a pessoa vai representar o
personagem que cada cultura atribui historicamente a mulheres e homens através do processo
da socialização.
A sexualidade humana não se explica unicamente a nível puramente biológico, tal como
acontece no animal, onde esta fica encerrada no horizonte biológico. A sexualidade humana,
está aberta a uma instancia superior. o comportamento sexual humano é rígido por régios
elevadas do córtex cerebral. Não é o peso hormonal que joga o papel decisivo, mas o sistema
nervoso central.
A instancia psicológica na sexualidade diz-nos que esta não é a única nem preferencialmente
um impulso. Utilizando outra terminologia, a sexualidade não é só uma “necessidade”, é
também um desejo, faz-se matéria de vivencia humana, ao mesmo tempo que se constitui
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forma expressiva da mesma. Eis aqui o peculiar da instancia psicológica da sexualidade: o
comportamento sexual é um comportamento vivenciado e feito conduta humana.
É a forma como cada individuo percebe e reconhece a sua própria condição existencial
enquanto pertencente ao universo masculino ou feminino.
A sexualidade humana é, pois, um fenômeno psíquico, nela faz a sua aparição o mundo
pessoal do homem e da mulher. O “sexo”, impulso biológico e instintivo, dá lugar ao “eros”,
desejo consciente e dirigido, e deste modo adquire a sexualidade uma nova dimensão, um
novo nível de profundidade.
Hoje referido como orientação sexual, ou seja, o objecto de desejo para o qual o ser humano
dirige a sua libido, podendo ser heterossexual, homossexual ou bissexual.
Uma das chaves que aporta a instancia psicológica para a compreensão global da sexualidade
é a “maturação”. A sexualidade nao é uma realidade dada definitivamente, mas é uma força
que deve ser integrada desde o núcleo pessoal. Ai, estão as duas palavras chaves:
“masturaçao” e integração, para a psicologia da personalidade.
Se a sexualidade tem que ser vivida desde o dinamismo interior o sujeito, este, por sua vez, se
constitui e amadurece através da mesma sexualidade. Portanto, é uma força construtiva do
“eu”. Este é um dos significados que tem o fenômeno global da sexualidade, mas que vem
principalmente da instancia psicológica.
As questões ligadas à sexualidade são muito complexas. Implicam uma articulação próxima
entre a lei e os costumes, sem esquecer o respeito pela pessoa humana e pelos seus direitos.
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Quando o rapaz ou a rapariga atinge a puberdade sente de forma acentuada a necessidade de
obter satisfação sexual e sente-se fortemente atraído(a) por inúmeros estímulos sexuais, de
acordo com os seus gostos e preferencias pessoais. A satisfação dest necessidade expressa-se
através de comportamentos sexuais.
Uma obsrvaçao, ainda que superficial, dos costumes mais os resultados das estatiaticas,
fornecem-nos indicadores suficientes para caractyerizarmos a sexualidade do nosso tempo. A
titulo de exemplo apontamos apenas dois sinais arespeito: a erotização e o undividualismo
hedonista no comportamento sexual.
a) A erotização da sociedade
Não nos vamos deter no precisar as causas do fenômeno, nem nos fins que os alimentam.
Quanto ao fenômeno como tal, podemos indicar: a reacçao violenta frente a certos tabús
ancestrais, expansão da psicanalise, a concentração urbana entre outras.
Ha, entretanto, um fim que vai alimentando constantemente a sexualização no mundo actual:
o comercial. O sexo é utilizado como fator de atracçao e venda. Em todo produto que se lança
no mercado, e de que se faz publicidade, ha uma possibilidade de adicionar-lhe um selo
erótico ou então extrair-lhe o erotismo latente que carrega em si. Para consegui-lo, a técnica
publicitaria servi-se de vários métodos:
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1. Sexualizar o produto para que o contacto do objecto com o espectador passe a corrente
erótica;
2. Fazer com que o espectador realize, ante o objecto, o gesto que desencadeia a corrente
erótica;
3. Submergir o produto e a pessoa num banho de erotismo.
O erotismo é o gancho que a nossa sociedade de consumo utiliza para as suas múltiplas
finalidades. Uma equipa de especialistas, psicólogos, sociólogos, psicanalistas e peritos em
“Marketing”, podem servir-se da sexualidade para fins publicitários de tipo comercial, tendo
em conta as motivações conscientes e insconscientes da conduta humana. De facto, muita
propaganda que aparece na radio, imprensa, TV etc, vai dirigida para as capas instintivas da
nossa personalidade.
1. SÍFILIS
É uma doença infecto-contagiosa qua ataca todo organismo. Evolui lentamente e tem periodos
em que se manifesta mais agudamente e noutros parece que desaparece. Pode atingir muitos
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órgãos, tais como: pele, olhos, ossos, sistema cardiovascular, sistema nervoso, etc. Quando
transmitida da mãe para o fecto, chama-se Sífilis Congénita.
A sua lesão primaria, também chamada Cancro Duro, é porta de entrada no organismo da
paciente. É uma lesão pouco ou nada dolorosa, em geral única, que pode ocorrer nos grandes
lábios, vagina, clitóris, períneo e colo do útero, na mulher – e na glande e prepúcio no homem
- , mas que pode também ser encontrada nos dedos, lábios, mamilos e conjuntivas.
2. CANCRO VENÉREO
Ulceração (ferida) dolorosa, com base mole, avermelhada, com pus, que ocorre sobretudo nos
genitais externos, mas pode ocorrer também nos anus e mais raramente nos lábios, na boca,
língua e garganta. Estas feridas são muito contagiosas, inoculam-se por um contacto simples,
sendo por isso, frequentemente múltiplas. Em alguns pacientes, geralmente do sexo
masculino, pode haver inchaços na virilha. É comum a associação do cancro male e da sífilis.
3. CANDIDÍASE GENITAL
A candidíase, especialmente a vaginal, é uma das causas mais frequentes de infecção genital.
Caracteriza-se por prurido, comichão, ardor, dor nas relações sexuais e por um corrimento
vaginal em grumos, semelhante à nata do leite. Com frequencia, a vulva e a vagina
encontram-se inchadas e avermelhadas. As lesões podem estender-se pelo períneo e a virilha.
OBS: Não é uma doença de transmissão exclusivamente sexual. Há outros factores que
predispõem ao seu aparecimento, tais como: diabetes, gravidez, uso de contraceptivos
(anticoncepcionais) orais, uso de antibióticos e medicamentos imunossupressores, obesidade,
uso de roupas justas etc.
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Prevenção: Uso do preservativo, higiene adequada, evitar roupas muito justas,
tratamento das doenças que a predispõe.
É uma infecção recorrente (surge, melhora e volta) causada por um grupo de vírus que
causam lesões genitais em forma de pequenas bolhas agrupadas que em 4 – 5 dias, se tornam
uma ferida que cicatriza por si. As lesões com frequência são muito dolorosas e precedidas de
vermelhidão no local. A pessoa pode estar contaminada pelo vírus e não apresentar ou nunca
ter apresentado sintomas e, mesmo assim, pode transmitir a doença ao parceiro numa relação
sexual.
É uma infecão causada por um grupo de vírus que causam lesões do tipo elevações da pele as
quais, ao fundirem-se, formam massas com aspecto de couve-flor (verrugas). Aparecem
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sobretudo na glande, no prepúcio e na zona da uretra, no homem, e na vulva, no períneo, na
vagina e no colo do útero, na mulher. Em ambos os sexos pode ocorrer no anus e recto (nao
necessariamente relacionado com o coito anal). A lesão é pequena, vê-se mal a vista
desarmada, mas na grande maioria das vezes a infecção não tem sintomas ou não se vê (o
doente não a sente, nem a detecta).
Transmissão: contacto sexual intimo ( vaginal, anal e oral). Mesmo sem penetração
vaginal ou anal, o vírus pode ser transmitido. Uma criança pode ser infectada pela mae
durante o parto. Pode ocorrer também, embora muito raramente, contaminação por
outras vias que não é a sexual;
Período de incubação: de semanas a anos;
Consequencias: pode causar cancro do colo do útero e da vulva e, mais raramente,
cancro do pénis e também do anus;
Tratamento: não existe ainda um medicamento que elimine o vírus, mas a cura da
infecção pode ocorrer pelos mecanismos de defesa do próprio organismo. Os
tratamentos visam a remoção das lesões disponíveis e são locais. As recidivas (o
retorno da doença) podem ocorrer e são frequentes, mesmo com o tratamento
adequado. Eventualmente, as lesões desaparecem espontaneamente;
Prevenção: usar adequadamente o preservativo, do inicio ao fim da relação sexual,
pode dar alguma protecçao; fazer um exame ginecológico anual para doenças do colo
do útero; avaliação o parceiro; abstinência sexual durante o tratamento.
7. LINFOGRANULOMA VENÉREO
Caracteriza-se pelo aparecimento de uma lesão genital (a lesão primaria) de curta duração e
que se apresenta como uma ferida ou como uma elevação da pele (pápula). Esta lesão dura de
3 à 5 dias e frequentemente nao é identificada pelos pecientes, especialmente o sexo feminino.
Apos a cura desta lesão primaria, duas a seis semanas depois, surge o bubão inguinal que é
um inchaço doloroso dos gânglios de uma das virilhas (70% das vezes ocorre de um lado só).
Se este bubao nao for tratado adequadamente, rompe-se espontaneamente e forma-se fistulas
com secreções purulentas.
8. GRANULOMA INGUINAL
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É uma doença bacteriana de evolução crônica em que aparecem grânulos, caroços ulcerados
(feridas), indolores e auto-inoculaveis. Surgem na região genital, perianal e inguinal,
podendo, eventualmente, ocorrer em outras regiões do organismo, ate em órgãos internos.
Infestação da região púbica por insecto do grupo dos piolhos (o piolho púbico ou chato que
tem cerca de 2,5 mm de comprimento) e cuja única manifestação é o intenso prurido que
causa. Poe passar também aos pelos da região do baixo abdômen, ânus e coxas.
Transmissão: principalmente pelo act sexual, mas também pode ocorrer através das
roupas de cama, troca de roupas, uso comum de toalhas e sanitas;
Tratamento: localmente;
Prevenção: escolha do parceiro. Boa higiene geral.
10. HEPATITE-B
É a infecção das células hepáticas (do fígado) pelo vírus da hepatite B. Surgem sintomas qua
vao desde a infecção inaparente até à rapidamente progressiva e fatal. Os sintomas mais
comuns são: falta de apetite, febre, náuseas, vómitos, astenia (fraqueza), diarreia, dores
articulares, icterícia.
Doença grave provocada por um vírus que destoe as defesas imunitárias do organismo,
fragilizando-o na resistência a outros vírus e bactérias. Etimologicamente é uma sigla formada
pelas iniciais da expressão “ Sindrome da Imunodeficiencia Adquirida.
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Síndrome (uma variedade de sintomas e manifestações) causada pela infecção crónica do
organismo humano pelo vírus HIV (ou VIH – Vírus da Imonodificeincia Humana). O vírus
ataca o funcionamento do sistema imunológico, impedindo-o de proteger o corpo das
agressões externas (por bactérias, outros vírus, parasitas e mesmo por células cancerígenas).
Com a lesão progressiva do sistema imunológico, o organismo humano torna-se cada vez
mais susceptível a determinadas infecções e tumores, conhecidas como doenças oportunistas,
que acabam por levar o doente a morte.
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No homem causa uma uretrite de manifestações em geral discretas, podendo, eventualmente
estar ausentes em alguns casos e ser muito intenas noutros. É uma das principais causas de
vulvovaginite da mulher adulta, podendo, porem ter pouca ou nehuma manifestação clinica.
14. URETRITE
A gardnerella vaginalis é uma bactéria que faz parte da flora vaginal normal de 20 a 80%
das mulheres sexualmente activas. Quando, por um desiquilíbrio dessa flora, ocorre um
predomínio dessa bactéria, surge a vaginose bacteriana. Usa-se esse termo para diferenciar da
vaginite, na qual ocorre uma verdadeira infecção dos tecidos vaginais. Na vaginose, por outro
lado, as lesões dos tecidos não existem ou são muito discretos, caracterizando-se apenas pelo
rompimento do equilíbrio microbiano vaginal normal.
A vaginose por gardnerella pode não apresentar sinais ou sintomas. Quano ocorrem,
caracteriza-se por um corrimento homogêneo amarelado ou acinzentado, com bolhas aspersas
à superfície e um odor activo desagradável. Após uma relação sexual, com a presença do
esperma (de pH básico) no ambiente vaginal, costuma ocorrer a libertação de um odor
semelhante ao peixe podre.
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Consequências: Infertilidade; Salpingite e Endometrite.
Tratamento: Com medicamentos.
Prevenção: Uso do preservativo.
O encontra, além de realidade antropológica, é uma exigência ética. Pode-se falar de uma
“moral do encontro” enquanto a comunicação intersubjectiva tem uma dimensão ética.
É necessário descobrir o outro como um “tu” e relacionar-se com ele desse modo para que
possa existir uma convivência interpessoal. Mas isso não basta. É necessário ainda que o “eu”
se manifeste enquanto “eu”. Só haverá um “tu” se existir um “eu”.
A inclusão escolar implica trabalhar com as diferenças existentes entre os alunos. Assim, a
inclusão coloca ao educador o desafio de trabalhar com a diversidade, já que esta sempre nos
remete à diferenças. Na sociedade, a diversidade é formada pelo conjunto das diferenças
individuais e das semelhanças que, identificadas, aproximam os seres humanos. Santos (2005)
explica que a diversidade está presente em todos e a variedade pode ser enriquecedora. Mas
muitas vezes, a palavra tolerância, que significa suportar, vem associada aos níveis do
individual e do social.
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ICRA-Material de Ética Especial, elaborado pelo Pe. Dr. Domingos Tch. Soquia, Lubango 2014
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Na educação, a diversidade e a tolerância, veem associada à diferença. Então, conviver com a
diversidade quer dizer tolerar o diferente, indicando que essa convivência exige um esforço
para muitos, “suportar um peso difícil é muito penoso”. O encontro com o outro, ainda esta
muito distante. A pessoa percebe o mundo externo, humano ou natural, a partir de si mesma,
mas o percebe diferente de si mesma. O eu e o outro fazem parte de um mesmo processo.
A identidade e a alteridade se relacionam entre si, o eu e o não eu, são essenciais um ao outro.
Alteridade quer dizer reconhecer a existência do “outro”, do “não eu”, diferente do “eu”. Para
encontrar o outro em sua alteridade, a compreensão é essencial, é um exercício sensível de
sair de si mesmo e ir ao encontro do outro. Macedo (2007), explica que a compreensão é um
descarte. Quanto o eu se imponho ao outro, há o descarte da alteridade. A dificuldade de
conviver com o diferente pode estar associada à dificuldade nesse exercício de sair de si
mesmo e conhecer e reconhecer o outro.
A função da escola é a socialização, que significa a adaptação da pessoa ao grupo, por meio
da aprendizagem da cultura do grupo e do desenvolvimento da consciência social, do sentido
de solidariedade entre as pessoas do grupo, é o processo pelo qual a pessoa aprende a
conviver com outras pessoas. Conviver com as diferenças é uma das possibilidades que a
inclusão coloca e que propicia o desenvolvimento do humano em cada aluno. A
individualização no processo de ensino e aprendizagem significa uma individualização do
ensino, não como uma acção pedagógica dirigida ao indivíduo, e sim como possibilidade de
que o aluno individualmente atinja objectivos colectivos.
Ao exigir intimidade, não estamos a pensar em encerrar a pessoa sobre si mesma, pelo
contrário, a intimidade pessoal é uma exigência da convivência. Só podem conviver e dialogar
com as pessoas que tem certa intimidade. Alcançamos aqui o núcleo paradoxal da intimidade:
a intimidade da pessoa é ao mesmo tempo, “recolhimento” e “abertura”.
Por isso a intimidade tem de entender-se na perspectiva da intersubjectividade; é o âmbito em
que se vivencia o mistério relacional das subjectividades.
Verdade significa aquilo que esta intimamente ligado a tudo que é sincero, que é verdadeiro, é
a ausência da mentira. Verdade é também a afirmação do que é correcta, do que é
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seguramente o certo e está dentro da realidade apresentada. Onde há a palavra, há a verdade.
A palavra é usada para conversar sobre os mais variados assuntos ou factos ligados ao (afecto,
crenças, pensamentos, medos, desejos, memorias, futuros e outras realidades) e sem verdade
não há conversa. Sem a verdade a conversa seria uma mera manifestação de subjectividades
imunes ao erro, discursos paralelos, sem triangulação possível entre si e a realidade.
A mentira consiste em dizer coisas falsas, com intensão de enganar. É sempre ilícita, por sua
natureza, embora normalmente só seja grave quando lesiona de forma considerável a justiça.
Mas a pergunta que se coloca é a seguinte: devemos dizer sempre toda verdade! Nem sempre
é necessário e por vezes é errado dizer toda a verdade, como por exemplo, nos casos em que
estejamos ao segredo. Mas uma coisa é não revelar uma verdade e a outra é dizer uma
falsidade.
Quanto ao segredo, a moral tradicional define como sendo o compromisso moral de não
manifestar as noticias conhecidas ou recebidas por via confidencial. Divide o segredo em:
natural, prometido e confiado.
Segredo Natural: quando a revelaçao esta proibida pela propria natureza do que se
conhece;
Segredo Prometido: quando intervem uma promessa de nao comunicar a noticia;
Segredo Confiado: quando se supoe, implicita ou explicitamente, a condiçao de
manter algo oculto.
Dentro do segredo confiado admitem-se graus, e o mais importante é o segredo profissional,
quando intervém a obrigação de manter uma noticia em segredo por razoes de haver tido
conhecimento dela na qualidade de uma prestação profissional.
Quando se trata de relacionamento entre os seres humanos, a melhor forma é sempre por via
do diálogo, da conversa clara e sincera. É por via deste (dialogo), que os seres humanos
conseguem expressar os seus sentimentos, aceitar ou não as opiniões dos outros, a
individualidade do outro, fruto das suas vivencias e experiencias, podendo assim compreender
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as atitudes, pensamentos e opções do outro, em outras palavras, descobrir e tratar o outro
como um “tu”.
Não há dúvidas de que sem o dialogo interpessoal, não seriamos capazes de viver em
comunidade, transmitir conhecimentos e desenvolver sistemas sociais tão complexos. O
dialogo consiste na troca de informações entre dois ou mais indivíduos, ou seja, é a habilidade
de transmitir, receber e interpretar mensagens verbais ou não verbais de forma clara.
Por isso, em qualquer dialogo, iniciemos sempre escutando o outro, perguntemos pelos seus
pontos de visto e ideias, escutemos com atenção, para não cairmos na tentação de nos
defendermos, atacar ou ainda ferir sensibilidades. Queiramos com sinceridade, escutar,
respeitar o ponto de vista do outro, aprender com o que o outro fala, deixarmo-nos
complementar por suas ideias e modo de ser. Queiramos sempre mais escutar do que falar.
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