Trabalho Psicossociais

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DISCIPLINA DE PROCESSOS

PSICOSSOCIAIS II

Rebeca Batista Maia


Rebecca Jemima Araújo de Oliveira

(Centro Universitário do Rio São Francisco)

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DE GRAVATA E UNHA VERMELHA: EXPLORANDO O LUGAR DE FALA

No livro lugar de fala de Djamila Ribeiro ela fala “O falar não se restringe ao ato de
emitir palavras, mas de poder existir. Pensamos lugar de fala como refutar a
historiografia tradicional e a hierarquização de saberes consequente da hierarquia
social”.
“Quando falamos de direito à existência digna, à voz, estamos falando de locus social, de
como esse lugar imposto dificulta a possibilidade de transcendência. Absolutamente não
tem a ver com uma visão essencialista de que somente o negro pode falar sobre
racismo”.
A teoria da perspectiva feminista e o conceito de lugar de representação desafiam
noções de identidades universais, como feminina e negra, e entendem que as pessoas
têm experiências diferentes com base no status social, gênero, raça e outras
características.Isso fica evidente na fala da autoral Djamila Ribeiro.
“A teoria do ponto de vista feminista e lugar de fala nos faz refutar uma visão universal de
mulher e de negritude, e outras identidades, assim como faz com que homens brancos,
que se pensam universais, se racializem, entendam o que significa ser branco como
metáfora do poder, como nos ensina Kilomba. Com isso, pretende-se também refutar
uma pretensa universalidade. Ao promover uma multiplicidade de vozes o que se quer,
acima de tudo, é quebrar com o discurso autorizado e único, que se pretende universal.
Busca-se aqui, sobretudo, lutar para romper com o regime de autorização discursiva.”
A autora também cita Rosane Borges, Como disse Rosane Borges, para a matéria O que
é lugar de fala e como ele é aplicado no debate público,51 pensar lugar de fala é uma
postura ética, pois “saber o lugar de onde falamos é fundamental para pensarmos as
hierarquias, as questões de desigualdade, pobreza, racismo e sexismo”.bem classificada
por Derrida como violenta.
Há pessoas que dizem que o importante é a causa, ou uma possível “voz de ninguém”,
como se não fôssemos corporificados, marcados e deslegitimados pela norma
colonizadora. Mas, comumente, só fala na voz de ninguém quem sempre teve voz e
nunca precisou reivindicar sua humanidade. Não à toa, iniciamos esse livro com uma
citação de Lélia Gonzalez: “o lixo vai falar, e numa boa”.
O tema do discurso pode ser visto desde o início do documentário , “De gravata e unha
vermelha”.Onde o jornal enfatiza “O mundo está chocado com a mudança de gênero”.
Todos estão compartilhando suas experiências, incluindo mulheres trans, homens
expressivos femininos, homens gays, entre outros . Uma garota trans descreve como
atrai olhares zombeteiros e desdenhosos e como se sente alvo de usá-lo. Outra garota
trans enfatiza a satisfação do sentimento desejado, mas também revela o bullying que
enfrenta na rua. Um menino trans relembra que sua família rejeitou sua identidade de
gênero desde a infância, enquanto Letícia compartilha sua frustração por ser forçada a
brincar com eles em uma identidade de gênero conflituosa. Várias histórias revelam
pressões sociais para se conformarem às normas de género, como a história de uma
pessoa trans cuja identidade é questionada na escola, e as lutas de drag queens e
homens gays desde a infância até à idade adulta. Laís, que toma secretamente os
hormônios da mãe, e uma menina trans que hesita em fazer a transição devido aos
estereótipos profissionais, mas é incentivada pela mãe a seguir seus sonhos.
oportunidades profissionais após a transição, como evidenciado pela história de Letícia, e
a representação das pessoas trans como doentes mentais no sistema de saúde. Estas
histórias destacam a importância de um lugar onde as vozes das pessoas trans possam
ser ouvidas e compreendidas em toda a sua complexidade e diversidade.

Concluímos que as discussões sobre racismo, opressão de género e outras formas de


discriminação são frequentemente rejeitadas como enfadonhas, banalizadas como
“paródia” ou dirigidas a outras formas de deslegitimação. Isto porque expor estas
questões envolve desafiar a ordem estabelecida e confrontar as estruturas de poder que
a mantêm. Ao questionar e destacar as injustiças que existem na sociedade, estamos na
verdade a ameaçar a estabilidade das normas sociais dominantes. Portanto, reconhecer
a necessidade de desestabilizar as normas hegemônicas é muitas vezes considerado
desconfortável ou inadequado porque envolve confrontar privilégios e questionar
estruturas de poder. No entanto, estas questões difíceis e perturbadoras devem continuar
a ser abordadas, porque só assim poderemos trabalhar no sentido de criar uma
sociedade mais equitativa e inclusiva para todos.

Referências: Lugar de Fala


Livro por Djamila Ribeiro
https://elasexistem.wordpress.com/wp-content/uploads/2020/07/djamila-ribeiro_o-
que-c3a9-lugar-de-fala-4.pdf
DOCUMENTÁRIO "DE GRAVATA E UNHA VERMELHA"
De Gravata e Unha Vermelha

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