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2009
ISSN – 1808–1967
Abstract: The purpose of our article is to seek, through a discussion about the
creation, history and operation of a particular museum, the Historical and Pedagogical
Museum of Ourinhos, to make a broader analysis of municipal museums. For such, we
sought to contemplate the initial goals of these institutions, their relationship and
exchange of ideas with the communities in which they are embedded, both in the past
and in the present time, and the problems which these institutions are currently facing.
Key words: Museum- History- Ourinhos
*
Fabiana Lopes da Cunha é Professora Assistente Doutora da UNESP/ Campus Experimental
de Ourinhos/SP - Brasil. E-mail: [email protected].
163
UNESP – FCLAs – CEDAP, v.4, n.2, p. 163-197, jun. 2009
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A escolha destas cidades como sede destes museus, segundo Misan, não teria
sido aleatória, mas parte de um projeto que buscava entrelaçar os museus e a
cartografia histórica do estado de São Paulo, já que ao percorrer este trajeto
estaríamos refazendo parte do caminho das Bandeiras,
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Outro ponto a ser ressaltado é que, apesar da máxima de Vinício Stein citada
acima, a respeito da relação entre a preservação da história municipal através da
memória da cidade e de seu patrono, veremos adiante que este político não teve
grande relevância para a história do município de Ourinhos e nem mesmo era
originário da cidade. Para compreendermos o que ocorreu, a situação atual em que o
museu se encontra e sua relação com a cidade, investigamos a história desta
instituição através de documentos e ofícios que ainda são preservados no Museu
Histórico de Ourinhos, de jornais locais do período e também através de entrevistas
com um morador antigo da cidade, professor de história e memorialista e que
vivenciou com grande proximidade estes acontecimentos.
Os Museus Locais no Estado de São Paulo, como assim designa Elisio Zanotti,
descenderiam dos antigos (e atuais) Museus Histórico e Pedagógicos criados pelo
governo estadual entre os anos de 1956 e 1973.
Analisando os mapas onde este estudioso aponta para as 79 instituições deste
tipo, instauradas no transcorrer de quase duas décadas, podemos vislumbrar que o
Museu de Ourinhos é apontado no mapa como extinto, afirmação que gostaríamos de
fazer uma breve correção. Esta instituição teve realmente suas atividades encerradas
provavelmente entre o final da década de 70 e início da de 8011, mas voltou a
funcionar na década de 90, sob o comando da Secretaria Municipal de Cultura de
Ourinhos em parceria com a Prefeitura Municipal do município em questão.
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Esses museus tiveram sucesso durante certo período porque contaram com
ampla participação das comunidades locais, que através de doação de peças e
documentos contribuíram para o enriquecimento do acervo destas instituições. Outra
colaboração muito importante foi a dos professores de História que lecionavam na
Rede Pública Estadual, “que eram deslocados de suas atribuições em sala-de-aula
para dirigi-los e para tanto deveriam cursar previamente os ”Cursos de Museologia’”,
que consistiam em várias palestras ministradas a todos estes professores, em geral,
reunidos em salas de cinema ou de teatro. “Desde 1962, quando foi realizado o
primeiro curso na capital até 1973 foram realizados 134 cursos de Museologia em 93
municípios do Interior que atendeu a 52.296 professores interessados”. 14
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.
Foto da primeira estação de 190817
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Presidente Epitácio por conta das atividades da ALL, que utiliza seus ramais para
transportar mercadorias até o Paraná.
Mas, voltemos ao projeto de remodelação do entorno da estação, afinal, este
teve também uma preocupação em recuperar o patrimônio histórico e arquitetônico
relacionado à ferrovia. Desta forma, a partir de 1995, a Prefeitura Municipal em
parceria com a Secretaria de Cultura inicia em 1995 um amplo e detalhado processo
de restauração não apenas do prédio da antiga Estação Ferroviária e do terminal de
cargas, mas também de algumas casas onde os ferroviários habitavam e que ficavam
localizadas em frente à estação.
Durante as reformas (com exceção da retirada das portas de madeira
originais do terminal de carga) podemos perceber uma grande preocupação com esta
remodelação e posterior ocupação destes prédios. É possível observar estes cuidados
através dos detalhes do projeto, pois este possuía inúmeros dados e sugestões sobre
o tipo de poste e iluminação( que será subterrânea) que deveriam ser usados, qual
bebedouro a ser instalado ali, que tipo de vegetação e flores iriam fazer parte do
projeto paisagístico, os modelos de bancos e de lixeiras e até qual deveria ser a
aparência do lanchódromo. Quase tudo foi colocado em prática, com exceção do
lanchódromo.
Este deveria ser totalmente diferente da aparência atual e possuiria o
sugestivo nome de Estação da Alimentação. O telhado deveria acompanhar o do
edifício vizinho, que abrigaria o novo museu, jardineiras em alvenaria de tijolo à vista
para separar os boxes, os tijolos que serviriam de forração do piso deveriam ser
lixados e siliconizados como no início do século XX, a iluminação deveria substituir as
calhas que existiam por lâmpadas LDE-HO,
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O Museu de Ourinhos
A história do museu de Ourinhos tem pelo menos dois grandes marcos: sua
fundação que foi oficializada pelo decreto no. 52.032 de 12 de junho de 196927 que
previa a instalação com o nome de Museu Histórico e Pedagógico “Antônio Carlos de
Abreu Sodré” e, sua reabertura em 1993, como Museu Histórico e Pedagógico de
Ourinhos. É importante ressaltar, que o segundo museu, apesar de ter sido aberto
provisoriamente na Biblioteca da Vila Margarida em 1993, foi oficialmente criado
apenas dois anos depois, através da lei municipal de no. 3.845 de 09 de junho de
1995, pelo prefeito em exercício na época, o Sr. Claury Santos Alves.28
Durante o processo de criação do primeiro museu, pudemos averiguar em
documentação da Prefeitura Municipal de Ourinhos,sob a guarda do MHPO, a
preocupação em se instalar também na cidade uma Casa de Cultura. Tal solicitação
teria sido encaminhada pelo Prefeito Dr. Mithuo Minami através do ofício no. 190 ainda
em 5 de maio de 1969.29
A instalação e funcionamento do museu foi prevista junto à Biblioteca Municipal
e à Inspetoria de Educação Física, que na época ficariam sob a responsabilidade da
Casa de Cultura.
Apesar de o decreto ser de 1969, segundo documentação oficial, o novo
museu somente foi instalado em 6 de março de 1971, com o intuito de promover a
“reconstituição histórica do município e para abrigar um centro de pesquisas e estudos
do período relativo à Constituinte de 1946”.30 Concomitantemente a estas atividades a
instituição deveria se destinar “ao estudo da vida e da obra do dr. Antônio Carlos de
Abreu Sodré. Para isso, a direção do museu deveria reunir documentação das suas
“lutas em prol da autenticidade democrática e do seu idealismo cívico em favor de São
Paulo e do Brasil”.31 É curioso observar que o governador de São Paulo no período
era Roberto Costa de Abreu Sodré, primeiro governador a ser eleito indiretamente
(1967-1971) durante o período do regime militar e irmão do patrono do museu.
Segundo o professor de história e memorialista, Norival Vieira da Silva, a indicação do
nome teria sido uma obra sua, pois ele conhecia e nutria grande amizade não apenas
por Antônio Carlos, mas por toda a família Abreu Sodré, que seriam de Santa Cruz do
Rio Pardo, cidade vizinha à Ourinhos e terra onde também nasceu o professor. Na
época Antônio Carlos Abreu Sodré era secretário do turismo do governador Carvalho
Pinto. Sua carreira política foi de certa forma interrompida quando Getúlio Vargas
instaurou a ditadura estadonovista e impossibilitou a ocorrência de eleições. Ao que
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do museu, pois esta deveria estar presente todos os dias, durante um período mínimo
de 4 horas. No restante do tempo esta, deveria
Afirma ainda que por conta de tamanha carga de trabalho, era preciso que este
fosse iniciado de imediato. Solicita ainda que a encarregada deveria fazer uma viagem
a São Manoel, onde em 4 meses, um professor conseguiu montar um museu de
excelente qualidade. O diretor termina seu ofício reclamando o não recebimento de
informações até aquela data, do que estava sendo feito ou desenvolvido, sobre os
materiais recebidos, os problemas que precisavam ser resolvidos para o bom
funcionamento da repartição. Veremos que tais reclamações serão uma constante no
que se refere a esta profissional. Os relatórios de Amália são sempre vagos e
redigidos apenas após a emissão de um ofício de cobranças feitas pelo diretor da
seção de museus.39
Ainda neste ano é formado o Conselho Administrativo Municipal do Museu
Histórico e Pedagógico “Dr. Antônio Carlos de Abreu Sodré”, onde são nomeados para
compô-lo, o Prof. Norival Vieira da Silva, Prof. Hélio Mano, Prof. Homero Taveiras,
Antônio Luiz Ferreira, Antônio Abrão Abdu, Mário Aluísio Viana Egreja e Jorge de
Barros Carvalho.40 No entanto, dois anos antes, o jornal O Progresso já anunciava a
Comissão Central que deveria compor a administração e fiscalização do museu:
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Segundo o mesmo artigo, após quase dois anos depois de ter sido criado por
decreto, o museu foi inaugurado com muitos poucos dados históricos sobre o
município e sobre seu patrono, do qual a única coisa que havia na instituição era seu
retrato.
O museu de então, ocupava na Casa de Cultura apenas duas salas pequenas,
o que era suficiente para
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segundo nos conta um documento encaminhado pela chefe desta seção, Leonilda
Padula, que informa já ter tomado providências a respeito desta pesquisa e de fontes
bibliográficas sobre o assunto.
Apesar de tal solicitação demonstrar uma preocupação na regularização e
fiscalização dos museus, o que podemos entender por um documento datado de 31 de
julho do mesmo ano, através de ofício do Diretor dos Serviços de Museus, é que com
a mudança do cargo de chefia do executivo, o funcionamento do museu começa a ter
problemas:
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Reunião de Agentes Culturais do Município, que contou com grupos e pessoas ligadas
ao movimento cultural do município.
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de um servidor público para prestar serviços junto ao museu.67 Mais uma vez
percebemos pela última sugestão, que ainda não havia sido solucionado o problema
da falta de funcionários na instituição.
Apesar destas ações, de certa forma isoladas, que buscavam reativar ou
dinamizar o MHPO, este acabou encerrando suas atividades. Sua reinauguração, em
setembro de 1993, indica a nova fase dos MHP, o da municipalização destas
instituições. O novo museu foi inaugurado em setembro de 1993 pelo prefeito Claury
Santos Alves da Silva e foi instalado provisoriamente junto à Biblioteca Ramal, na
Praça Prefeito Benício do Espírito Santo, na Vila Margarida.
Ele foi formado, segundo informa jornal do município68 e também a Secretária
da Cultura de Ourinhos, Neusa Fleury, a partir das peças que foram redescobertas em
fevereiro, e que faziam parte do acervo do extinto Museu “Antônio Carlos de Abreu
Sodré”. Segundo relato de Fleury, isto ocorreu de forma acidental, quando ela foi
procurar objetos e material para a decoração das festividades carnavalescas deparou-
se com várias caixas lacradas e empoeiradas. Ao abri-las para averiguar o que elas
continham, se deparou com inúmeras fotografias e objetos antigos, o que a levou a
concluir que estes documentos e peças deveriam compor o acervo do museu extinto.
Voltando ao artigo de jornal, este afirma ainda que esta reinauguração seria uma
resposta a reivindicações dos ourinhenses “que sonhavam em ter novamente em
funcionamento o Museu da cidade”. Segundo consta neste mesmo texto, o museu
teria iniciado neste período uma campanha para angariar objetos e documentos
concernentes à história do município, buscando novamente o envolvimento dos
munícipes na instituição e tentando enriquecer o acervo, que se antes já era
considerado “pobre”, agora estava ainda mais desfalcado, pois nem todos os objetos e
documentos foram encontrados nas caixas. Isto é evidenciado não apenas na fala de
inúmeros moradores antigos que doaram objetos e documentos para o primeiro museu
e com os quais tivemos a oportunidade de entrevistar69, mas é também reafirmado em
um artigo de jornal do período: “Confrontando o que colocamos à visitação pública,
com as listas de objetos que pertenciam antigamente ao Museu, percebemos que
grande parte do acervo sumiu”.70
Apesar do novo museu ter sido inaugurado em 1993, o decreto de criação é
publicado oficialmente apenas em 08 de fevereiro de 1995 com o nome de “Museu
Histórico e Pedagógico da Cidade de Ourinhos”. Seu decreto de criação prevê
inúmeros objetivos e atividades. Sua implementação estava prevista para se dar em
etapas, sendo que a primeira ocorreria entre 1993 até julho de 1996, período em que o
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acervo deveria ser todo “catalogado e classificado, e feitas campanhas para angariar
peças para seu enriquecimento. Nesta fase, o Museu Histórico e Pedagógico de
Ourinhos deverá fazer contato com outras entidades do gênero para troca de
experiências e informações técnicas.”71
Na segunda fase, que se daria a partir de agosto de 1996, o museu deveria
estar instalado em sua sede definitiva. Em 28 de abril de 1995 é encaminhado à
Câmara Municipal de Ourinhos, através do Prefeito, o Sr. Claury Santos Alves da
Silva, o Projeto de Lei para a criação do museu. Em 05 de junho de 1995 é aprovada a
Lei Municipal no. 3.845 (sancionada no dia 09 de junho do mesmo ano) que cria o
Museu Histórico e Pedagógico de Ourinhos, que teria como principal objetivo o
registro, a preservação e a divulgação das transformações ocorridas na cidade de
Ourinhos desde sua fundação.
É possível perceber que as etapas de implementação do museu foram
respeitadas, pois, artigos de jornal nos mostram a preocupação na primeira fase, entre
os anos de 1993 e 1996, em divulgar o museu e angariar novas peças e documentos
para seu acervo. Para isto, o Departamento de Cultura divulga notícias sobre
exposições, seus temas, o grande número de visitas às mesmas (principalmente a que
72
tinha como tema os pioneiros) e a necessidade de aumentar o acervo da instituição.
Além de uma mostra itinerante com jornais antigos e peças de uso doméstico do início
do século73, os artigos difundem outras exposições como a filatélica, a de “casais e
casamentos”, uma exposição fotográfica abordando aspectos da urbanização de
Ourinhos, e finalmente, uma sobre a cultura indígena. Podemos perceber assim, que o
museu “renasce” com grande expectativa e dinamismo. Este período, em que esteve
instalado junto com a Biblioteca “Clarice Lispector”, na Vila Margarida, é considerada
portanto, como sendo a primeira fase de sua reinauguração.
A segunda fase, com as instalações no prédio da ferrovia, foi feita em convênio
entre a Prefeitura e a Fepasa. Segundo matéria do Jornal da Divisa de 31 de outubro
de 1996, o Departamento de Cultura teria feito também um convênio com a Unesp
com o intuito de que a universidade auxiliasse na “preservação da memória da cidade
e a montagem dessa estrutura”.74 Isto ocorrerá três anos depois, em 31 de outubro de
1996, quando o museu muda-se para o antigo prédio da Fepasa, onde era o antigo
Terminal de Cargas da Estação Ferroviária, situado no Centro de Convivência
“Benedicto da Silva Eloy” , mais especificamente na Praça Henrique Tocalino S/N, no
centro da cidade, sob a direção de Carlos Eduardo G. Guimarães.
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Para alocar o acervo do museu, o prédio passou por uma reforma, e segundo
prospecto da época, esta se deu “obedecendo a critérios técnicos, mas procurando
conservar as características da arquitetura original, proporcionando ao visitante
motivação para conhecer a história da cidade e seus formadores, num ambiente
75
histórico e familiar, ‘ Uma viagem no tempo’”. Apesar de tal afirmação, acreditamos
que foi nesta intervenção que ocorreu a troca das portas do edifício, que anteriormente
eram de madeira ,e passam a ser de vidro blindex (como já citamos acima). As
antigas portas permitiam um ambiente de sensação climática agradável e, após a
troca além da modificação da fachada do edifício tivemos uma alteração de
temperatura no interior do mesmo, que ficou extremamente quente e abafado. Se
olharmos atentamente para fotos de décadas anteriores, da primeira estação ou do
edifício de cargas, podemos vislumbrar que o telhado se prolongava até o final da
plataforma. Não sabemos ao certo quando este foi retirado, mas numa foto de 1995,
quando funcionava ali o varejão da cidade, tal proteção já não existia. A falta da
mesma, aliada às portas de vidro trouxeram um grande problema quanto à
conservação do acervo que se encontrava no interior do edifício. Isto porque, o sol
sem encontrar a barreira do telhado ou das antigas portas de madeira juntamente com
as chuvas fortes que muitas vezes desabam sobre o município, acabaram propiciando
um ambiente extremamente nocivo para a conservação das peças, além de tornar o
ambiente pouco agradável ao público e principalmente aos servidores que ficavam e
ainda permanecem no local.
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com parte do acervo, o restante estava entulhado no prédio da estação onde ficava a
sede do museu. Parte destes objetos ficavam depositados no que consistia na época
em reserva técnica, uma pequena sala com tamanho obviamente insuficiente para
abrigar a reserva e com condições precárias, pois a umidade era de grandes
proporções já que a parede de madeira possuía frestas , permitindo a entrada de água
da chuva , de poeira e fuligem. O restante era disposto de qualquer maneira dentro do
interior do barracão, que como já dissemos anteriormente, apesar de estar em boas
condições tem problemas com relação à iluminação solar e a entrada de chuva em
seu interior, através dos vãos das portas de vidro o que provocou a degradação de
alguns objetos e fotos. Apesar disso, consegui muitas informações sobre a história do
município através principalmente da coleção do jornal A Voz do Povo. Recebi um
excelente atendimento através do funcionário Isaías e do estagiário, Danilo, que foram
muito atenciosos e me auxiliaram bastante em minha pesquisa. Percebi também que
periodicamente havia uma pequena exposição, sempre por conta da iniciativa do único
funcionário do museu na época.
Durante o período de 2003 a 2006, a sede do museu mudou inúmeras vezes e
seu acervo foi deslocado em todas elas. As mudanças sempre ocorriam entre as
casas 5, 3 e 2. Seu funcionamento também era irregular, pois muitas vezes os
funcionários eram deslocados para trabalhar em eventos ou em outros locais. Em
2005, a Unesp chegou a iniciar uma parceria, que acabou sendo interrompida por
conta de solicitação do secretário da cultura na época, o Sr. Márcio Castellani.
Quando demos início ao projeto “Nos Trilhos da Memória e a Memória dos
Trilhos: Expansão e Revitalização do Museu Histórico de Ourinhos”, financiado pela
FAPESP/VITAE, o museu estava fechado para visitação e todo o acervo tridimensional
estava acondicionado no antigo depósito de cargas, onde funcionou o museu
inaugurado em 1993. Havia dois livros tombos: o primeiro do museu e o elaborado
pelo então diretor do museu. Este último foi confeccionado sem nenhum tipo de critério
técnico e sem informações sobre o objeto ou documento. Assim deparamos com o
registro de centenas de fotografias sem nenhuma referência ao tema ou descrição.
Obviamente este livro foi descartado e passamos a trabalhar com o outro livro tombo.
Outro problema foi o desaparecimento de quase todas as fichas catalográficas,
conseguimos encontrar apenas quatro delas, o que exigirá da administração do museu
a organização de uma equipe que conduza uma pesquisa histórica sobre as peças do
acervo.
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cenário e acervo são, no entanto, muito pouco explorados pela população local. No
entanto, isto muda rapidamente quando notícias sobre pegadas de dinossauro são
vislumbradas na neve e quando a TV registra a presença de um “homem das
cavernas” correndo pelas ruas. Neste filme, o museu, inerte durante o dia, tomava vida
à noite (fato que passou a ocorrer após a aquisição de uma peça egípcia nos anos
50). Vê-se o novo segurança em apuros com a perseguição de leões, mamutes, tigres,
hunos, soldados, miniaturas lutando entre si, dentre outras cenas onde a história se
mescla e se funde dentro do mesmo espaço.
O filme chama a atenção para o fato de que a população somente passa a
visitar o museu após suspeitas a respeito do que ocorreria à noite com seu acervo.
Tal questão é levantada de outra forma por Heloisa Helena Fernandes
Gonçalves da Costa em sua tese intitulada Museus de História de Cidades e sua
contribuição ao desenvolvimento social contemporâneo. Se os museus são os
guardiães da História, e esta em geral é alvo de grande curiosidade e interesse do
público em geral, a questão que a pesquisadora se fez é:” por que o público não
freqüenta museus? O que será que torna essa visita enfadonha, cansativa e até
mesmo rejeitada, tanto por um público leigo quanto por pessoas com bom nível de
escolaridade, que, a princípio supõe-se terem estudado História e adquirido uma
compreensão do valor desse estudo para sua vida cotidiana?”80
Para responder a essa questão Heloísa elaborou algumas questões para um
amplo grupo formador de opinião, desde amigos de museus, visitantes, professores
universitários, funcionários de museus, até funcionários do governo envolvidos
diretamente com a formulação de políticas públicas voltadas para educação e cultura.
Sua amostragem teve como foco museus de Quebec e de Salvador. As respostas que
obteve são bem interessantes, pois de certa forma algumas delas são similares as que
obtemos quando indagamos para a população ourinhense em geral sobre a sua visão
de museu.
Em geral, o público parece se intimidar ou se entediar com as exposições, pois
muitos não compreendem ou acham muito extensas as informações que descrevem
ou explicam os objetos expostos; “a extrema horizontalidade das salas de exposição,
quer seja na composição museográfica, quer seja no discurso; a quase nenhuma
interatividade; [...] a permanência de exposições de longa duração sem que haja uma
possibilidade de se promover atrações expositivas em espaços de tempo mais curtos;
a quase sempre constante ausência de possibilidade de diálogo entre o público e os
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Notas
1
A elaboração deste texto é fruto de algumas reflexões feitas durante a primeira fase do
projeto de políticas públicas intitulado “Nos trilhos da Memória e a Memória dos Trilhos:
Expansão e Revitalização do Museu Histórico de Ourinhos”, coordenado pela Profa. Dra.
Maria Inez Machado Borges Pinto e financiado pela FAPESP/VITAE. Tal projeto contou com
a parceria entre USP/UNESP , Museu Histórico e Pedagógico de Ourinhos e Secretaria da
Cultura do Município de Ourinhos. Também obteve o apoio e consultoria do CEDAP através
da Profa. Dra. Zélia Lopes e da historiógrafa Marlene Gasque; do Museu Paulista, através de
Yara Lígia Mello Moreita Petrella e Sônia Maria Spigolon,; da Library Services e ABER
(Associação Brasileira de Encadernação e Restauro) através de Norma Cianflone Cassares;
do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP através da Profa. Dra. Marília Xavier Cury; da
museóloga e especialista em reserva técnica e organização de acervos Heloísa Maria
Pinheiro de Abreu Meirelles e da arquiteta Kátia Huertas, na elaboração do projeto
expográfico.
2
Sistema Brasileiro de Museus inserido no Site o Ministério da Cultura . Disponível em:
http://www.museus.gov.br/oqueemuseu_apresentacao.htm. Acessado em 25 de março de
2009.
3
CURY, Marília Xavier. Museologia- marcos referenciais. IN: Cadernos do CEOM. Ano 18, no.
21. Chapecó: Argos, 2005.p.63.
4
É desta forma que Elisio Zanotti designa os antigos e atuais Museus Histórico e Pedagógicos
criados pelo governo estadual entre os anos de 1956 e 1973.
5
MISAN, Simona. A Implantação dos Museus Históricos e Pedagógicos do Estado de São
Paulo (1956 - 1973) . Tese de Doutorado, USP/FFLCH, São Paulo, 2005.
6
CAMPOS, Vinício Stein. Museus e Monumentos Históricos de São Paulo. SP: Secretaria de
Estado dos Negócios da Educação, 1960. p.61. Apud, MISAN, Simona. Os Museus Histórico
e Pedagógicos do Estado de São Paulo. IN: Anais do Museu Paulista. S.P. N.Ser.v. 16. n.2.
Jul-Dez de 2008. p..176.
7
MISAN, Simona, idem, p.176.
8
Idem, p.177.
9
Decreto lei no. 52.034, de 12 de junho de 1969. IN: Acervo do MHPO, pasta Museu.
10
Misan, op., cit., p. 185.
11
Nossa dúvida com relação à data se deve pelo fato de não termos encontrado durante nossa
pesquisa nenhuma documentação oficial referente ao encerramento das atividades desta
instituição, no entanto, ao investigarmos o museu no principal jornal local do período, O
Progresso, as notícias sobre esta instituição deixam de ocorrer a partir do ano de 1977. Isto
nos leva a crer que suas atividades nesta época já estariam bem precárias ou encerradas.
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12
ZANOTTI, Elisio. O Museu Local . http://www.coresprimarias.com.br/ed_10/museu_local_
p.php Acesso 30 de julho de 2007. VI Semana de Museus Da USP.
13
Idem.
14
ZANOTTI, Elisio. O Museu Local . http://www.coresprimarias.com.br/ed_10/museu_local_
p.php Acesso 30 de julho de 2007. VI Semana de Museus Da USP.
15
Idem.
16
A primeira Estação Ferroviária e o depósito de cargas e mercadorias transformados em
varejão. Foto de Luiz Carlos Seixas, 1995. Acervo Neusa Fleury.
17
. Foto obtida através do acervo do Prof. Norival Vieira da Silva e do Museu Histórico e
Pedagógico de Ourinhos.
18
. Apesar de indicar o período como sendo 1950, acreditamos que esta foto seja anterior.
19
Foto Fábio Vasconcellos de 2002.
20
O Estado de S. Paulo, 26/07/1997.
21
Projeto arquitetônico e artístico, de remodelação e resgate histórico, pela Prefeitura
Municipal de Ourinhos, de seu lanchódromo com nova denominação: "estação da
alimentação".
22
Foto de Luiz Carlos Seixas. Acervo de Neuza Fleury. 2001.
23
Foto de Luiz Carlos Seixas. Acervo de Neuza Fleury. Março de 2001.
24
.Foto de Luiz Carlos Seixas. Acervo de Neuza Fleury, 1995.
25
Foto de Luiz Carlos Seixas, 2001. Acervo Neusa Fleury.
26
Foto de Fabiana Lopes da Cunha, julho de 2007.
27
Legislação do Estado de São Paulo, p.303.
28
Lei o. 3.845 de 09 de junho de 1995. Prefeitura Municipal de Ourinhos. IN: Acervo MHPO,
pasta Museu.
29
Conforme documento de resposta do Conselho Estadual de Cultura de 2 de outubro de 1969
encaminhado pelo chefe do gabinete Walter Lobo ao Prefeito Mithuo Minami. Secretaria de
Cultura, Esportes e Turismo de Ourinhos.
30
Diário Oficial de 20 de fevereiro de 1971.
31
Idem.
32
Relato oral de Norival Vieira da Silva, 31 de julho de 2007.
33
Informação retirada de documento do MHPO. Pasta Museu.
34
D.O. de 05 de fevereiro de 1971.
35
Misan, op., cit., p. 197.
36
Sobre os migrantes japoneses e a história de Ourinhos, ver MORAES, Neusa Fleury &
GOMES, Marco Aurélio (Coord). Um Olhar sobre a Presença Japonesa em Ourinhos.
Secretaria de Cultura da Prefeitura Municipal de Ourinhos, 2008 e MELCHIOR, Lirian. Redes
sociais e migrações laborais: múltiplas territorialidades. A constituição da rede nipo-brasileira
em Ourinhos (SP) e no Japão, Tese de Doutorado, Unesp/PP, 2008.
37
Processo nº. 20 009-1970. São Paulo, 16 de outubro de 1970. Este documento contém a
lista do que foi pedido e os valores referentes aos materiais.
38
Ofício de Vinício Stein , 25 de fevereiro de 1971.
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39
Este é o caso, por exemplo, do ofício encaminhado por Vinício Stein Campos para a Profa.
Amália Gama Garcia. São Paulo, 25 de fevereiro de 1971.
40
D.O. de 04 de março de 1971.
41
O Progresso, Ourinhos, 24 de agosto de 1969.
42
Segundo O Progresso, a gincana marca a instalação do museu na cidade. O Progresso,
Ourinhos, 14 de setembro de 1969.
43
Documento de Amália Gama Garcia para Vinício Stein Campos. Ourinhos, 29 de novembro
de 1971.
44
Misan, op., cit., p. 198.
45
Idem.
46
Idem, p. 199.
47
D.O. 31 de agosto de 1972.
48
“Cultura está apenas na lei”. O Progresso, 19 de setembro de 1972.
49
Indicações, no. 951 de 1972.
50
Circular nº.l referente ao Museu Histórico e Pedagógico “Antônio Carlos de Abreu Sodré” de
Ourinhos, emitida por Vinício Stein, São Paulo, 24 de novembro de 1972.
51
Ibid, fls.2.
52
Ibid, fls. 2.
53
Ibid. , fls. 3.
54
Carta de Vinício Stein a Amália Garcia. São Paulo, 21 de novembro de 1972.
55
Ofício no. 65/73-SMH de 7 de março de 1973 escrito por Yolanda Baroudi , técnica de
Museus.
56
Ofício 107/73-SMH, encaminhado ao prefeito municipal Professor Rubens Bortolocci da Silva
por Vinício Stein Campos. 31 de julho de 1973.
57
Ofício no. 109-SMH/1973. São Paulo, 31 de julho de 1973.
58
ofício no. 045/73. Ourinhos, 20 de agosto de 1973.
59
São Paulo, 6 de agosto de 1973. De Vinício Stein Campos.
60
Documento elaborado por Vinício Stein Campos. São Paulo, 1º. de março de 1974.
61
Documento encaminhado por Pedro Benjamin Vieira. Ourinhos, 26 de fevereiro de 1975.
62
Relatório das atividades/75. Ourinhos, 5 de maio de 1975.
63
Relatório das atividades do bimestre maio/junho de 1975. Ourinhos, 10 de julho de 1975.
64
Jornal da Divisa, Ourinhos, 15 de outubro de 1975 e O Progresso, Ourinhos, 21 de setembro
de 1975.
65
Of. MHP- 36/76. Ourinhos, 8 de setembro de 1976.
66
Documento da Secretaria Municipal de Educação, Esportes e Cultura de Ourinhos, vistado
pela Secretaria Municipal da Administração em 15 de março de 1988.
67
Documento enviado por Adelheid Maria Chiaradia para o Conselho Municipal de Educação e
Cultura. Ourinhos, 06 de maio de 1983.
68
O recorte de jornal não possui referências a data ou ao nome do periódico.
69
Professor Norival Vieira da Silva, Domingos Perino, Jairo Diniz.
ISSN – 1808–1967
70
O documento não aponta o título do jornal nem a data.
71
Decreto no. 4.204 de 08 de fevereiro de 1995. Prefeitura Municipal de Ourinhos.
72
Jornal da Divisa, 29 de dezembro de 1993.
73
Jornal da Divisa, Ourinhos, 4/5 de fevereiro de 1995.
74
Jornal da Divisa, Ourinhos, 31 de outubro de 1996.
75
Texto de folder do período sobre o Museu Histórico e Pedagógico de Ourinhos.
76
Órgão informativo do Departamento de Cultura da Prefeitura Municipal de Ourinhos, no. 6-
04/2002.
77
CURY, Marília Xavier. Museologia- marcos referenciais. IN:Cadernos do CEOM- ano 18, no.
21.p.63.
78
Ibid., op., cit., p.62.
79
Ibid., op., cit., p.62.
80
COSTA, Heloísa H. F.G. da. Museus, ponte entre gerações. IN: Revista Museu. 2005.
81
Ibid., op., cit.
82
Idem.
83
Encontramos apenas dois livros de registro: um que possui assinaturas de 1996 e 1997 e
outro de 2005 e 2006.