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UNESP – FCLAs – CEDAP, v.4, n.2, p. 163-197, jun.

2009

ISSN – 1808–1967

HISTÓRIAS E MEMÓRIAS DE UM “MUSEU LOCAL”:


O MUSEU HISTÓRICO E PEDAGÓGICO DE OURINHOS1

Fabiana LOPES DA CUNHA*.

Resumo: O objetivo de nosso artigo é buscar através da discussão da criação, história


e funcionamento de um museu em particular, o Museu Histórico e Pedagógico de
Ourinhos, fazer uma análise mais ampla sobre os museus municipais. Para isso
buscamos fazer uma reflexão sobre os objetivos iniciais destas instituições, sua
relação e diálogo com a comunidade onde estão inseridos, tanto no passado como no
presente e os problemas que estas instituições enfrentam nos dias atuais.
Palavras-Chave: Museu- História- Ourinhos

STORIES AND MEMORIES OF A “LOCAL MUSEUM”:


THE HISTORICAL AND PEDAGOGICAL MUSEUM OF OURINHOS

Abstract: The purpose of our article is to seek, through a discussion about the
creation, history and operation of a particular museum, the Historical and Pedagogical
Museum of Ourinhos, to make a broader analysis of municipal museums. For such, we
sought to contemplate the initial goals of these institutions, their relationship and
exchange of ideas with the communities in which they are embedded, both in the past
and in the present time, and the problems which these institutions are currently facing.
Key words: Museum- History- Ourinhos

Os museus são casas que guardam e apresentam sonhos,


sentimentos, pensamentos e intuições que ganham corpo
através de imagens, cores, sons e formas. Os museus são
pontes, portas e janelas que ligam e desligam mundos,
tempos, culturas e pessoas diferentes.
Os museus são conceitos e práticas em metamorfose.2

Esta definição de museu descrita através do site do Sistema Brasileiro de


Museus, criado em 2004 através de um decreto, denota grandes mudanças com
relação ao papel que o museu deva ter com a comunidade. Estas,fruto de anos de

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Fabiana Lopes da Cunha é Professora Assistente Doutora da UNESP/ Campus Experimental
de Ourinhos/SP - Brasil. E-mail: [email protected].

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reflexão e discussão, são evidenciadas em inúmeros documentos produzidos no


âmbito do ICOM. Toda essa discussão produzida por estudiosos do assunto acabou
gestando uma “nova museologia”, termo utilizado para denominar um novo modelo
metodológico que busca uma integração entre patrimônio cultural e sociedade. “Nesse
modelo, o público é agente das ações de preservação e comunicação patrimonial e o
processo é tomado como educacional, por ser transformador”.3 No entanto, cabe
ressaltar aqui que se hoje há uma preocupação muito grande por parte dos
profissionais atrelados a esta área em dialogar com a comunidade onde o museu está
instaurado e com o público que visita estas instituições, principalmente por conta de
uma revisão gestada pelo que ficou conhecido entre os estudiosos e profissionais
relacionados à estas instituições como “crise dos museus”, é importante ressaltar que
estas instituições nasceram com objetivos políticos claramente definidos, vinculados à
preocupação em construir uma memória que criasse uma identidade histórica e
política muito bem delineadas pela elite dirigente do período. A criação dos “museus
locais”4 entre as décadas de 50 e 70 teve como objetivo central, segundo Simona
Misan5, fazer frente ao fortalecimento do governo federal durante o Estado Novo. Para
buscar responder e identificar a estratégia de implementação destes museus, Misan
utilizou como ponto de partida o lema proposto pelo seu criador, Vinício Stein:
“preservar a história da cidade e do patrono”.6
A criação de 79 museus em diferentes cidades do interior do estado de São
Paulo num período de quase vinte anos, permitiu ao governo estadual,

afirmar-se no campo da cultura e da educação de modo


hegemônico, relegando ao município a cessão do imóvel, o
deslocamento de professores da rede pública para a direção
dos museus, e o auxílio na coleta e no armazenamento do
acervo.7

Segundo a mesma autora, ao impor-se na criação, organização e gestão


destas instituições, o governo estadual pôde fixar um determinado ponto de vista
sobre a história do estado de São Paulo, possibilitando inclusive, deixar de lado outros
focos importantes, como a história da própria cidade em que o museu havia sido
instaurado.
Os quatro primeiros museus foram instalados em 1956 nas cidades de
Piracicaba, Campinas, Guaratinguetá e Batatais, por Sólon Borges dos Reis, então
Diretor Geral do Departamento de Educação da Secretaria de Estado dos Negócios da

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Educação, e tinham como grande objetivo funcionarem como “centros de memória e


de pesquisa acerca da vida dos quatro presidentes republicanos oriundos do estado
de São Paulo.”8 Com o afastamento em 1957 de Borges dos Reis, esta empreitada é
assumida por Vinício Stein Campos, que assume a direção do Serviço de Museus
Históricos. Assim que toma posse do cargo, Stein redige um documento
regulamentando os museus e propõe a criação de mais cinco destas instituições, nas
cidades de Capivari, Santos, Pindamonhangaba, Sorocaba e Porto Feliz. No ano
seguinte, através de um decreto, Sólon Borges dos Reis cria o Museu Histórico e
Pedagógico Visconde de Taunay e Affonso de Taunay em Casa Branca, sua cidade
natal. No mesmo ano, Vinício Stein cria mais dezenove museus, também através de
decreto, formando um total de vinte e seis instituições que ele divide em três períodos
históricos diferentes dentro da História do Brasil: o Colonial, o Monárquico e o
Republicano. Dentre estes vinte e seis museus, três acabarão tendo outra
denominação, o de folclórico e religioso. São estes os que pertencem às cidades de
Tietê, Taubaté e Itu. No entanto, o maior número de museus deste tipo foi criado nos
quinze anos seguintes: mais cinqüenta museus dentro do estado de São Paulo. Foi
neste período, que o Museu Histórico e Pedagógico “Antônio Carlos de Abreu Sodré”
foi criado em Ourinhos, também através de um decreto, o de no. 52.034, de 12 de
junho de 1969. Tal documento, lavrado pelo vice-governador Hilário Torloni, em
exercício do cargo de governador, ressalta a importância desta instituição com relação
ao aprimoramento das atividades culturais do Estado de São Paulo.

Considerando que o município de Ourinhos, pela sua


tradição e passado histórico, justifica a criação e instalação
de um Museu Histórico e Pedagógico;
Considerando, finalmente, que entre as figuras a serem
cultuadas nos museus, como patronos de suas atividades
educacionais e cívicas, e da mesma forma, criadoras da
homenagem pública, pela maneira abnegada sincera e
combativa com que serviram a pátria, sobressai o nome de
Antônio Carlos de Abreu Sodré. [...]9

A escolha destas cidades como sede destes museus, segundo Misan, não teria
sido aleatória, mas parte de um projeto que buscava entrelaçar os museus e a
cartografia histórica do estado de São Paulo, já que ao percorrer este trajeto
estaríamos refazendo parte do caminho das Bandeiras,

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as passagens de D. Pedro I, de D. Pedro II, a proliferação de


grupos escolares, os importantes encontros políticos e
convenções que antecederam a República, as cidades-sede
dos institutos histórico e geográficos e do Partido
Republicano Paulista, os focos de resistência da Revolução
Constitucionalista de 1932 e, por fim , o avanço da economia
agropecuária e industrial.10

Outro ponto a ser ressaltado é que, apesar da máxima de Vinício Stein citada
acima, a respeito da relação entre a preservação da história municipal através da
memória da cidade e de seu patrono, veremos adiante que este político não teve
grande relevância para a história do município de Ourinhos e nem mesmo era
originário da cidade. Para compreendermos o que ocorreu, a situação atual em que o
museu se encontra e sua relação com a cidade, investigamos a história desta
instituição através de documentos e ofícios que ainda são preservados no Museu
Histórico de Ourinhos, de jornais locais do período e também através de entrevistas
com um morador antigo da cidade, professor de história e memorialista e que
vivenciou com grande proximidade estes acontecimentos.

Os Dois Museus e a Remodelação e Criação do Conjunto Benedito da Silva Eloy

Os Museus Locais no Estado de São Paulo, como assim designa Elisio Zanotti,
descenderiam dos antigos (e atuais) Museus Histórico e Pedagógicos criados pelo
governo estadual entre os anos de 1956 e 1973.
Analisando os mapas onde este estudioso aponta para as 79 instituições deste
tipo, instauradas no transcorrer de quase duas décadas, podemos vislumbrar que o
Museu de Ourinhos é apontado no mapa como extinto, afirmação que gostaríamos de
fazer uma breve correção. Esta instituição teve realmente suas atividades encerradas
provavelmente entre o final da década de 70 e início da de 8011, mas voltou a
funcionar na década de 90, sob o comando da Secretaria Municipal de Cultura de
Ourinhos em parceria com a Prefeitura Municipal do município em questão.

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Distribuição de 79 dos Museus Históricos Municipalização dos Museus Histórico e


e Pedagógicos no Estado de São Paulo.12 Pedagógicos13

Esses museus tiveram sucesso durante certo período porque contaram com
ampla participação das comunidades locais, que através de doação de peças e
documentos contribuíram para o enriquecimento do acervo destas instituições. Outra
colaboração muito importante foi a dos professores de História que lecionavam na
Rede Pública Estadual, “que eram deslocados de suas atribuições em sala-de-aula
para dirigi-los e para tanto deveriam cursar previamente os ”Cursos de Museologia’”,
que consistiam em várias palestras ministradas a todos estes professores, em geral,
reunidos em salas de cinema ou de teatro. “Desde 1962, quando foi realizado o
primeiro curso na capital até 1973 foram realizados 134 cursos de Museologia em 93
municípios do Interior que atendeu a 52.296 professores interessados”. 14

Curso de Museologia em Andradina (1970)15

A criação destas instituições foi até 1968, de responsabilidade da Secretaria de


Estado dos Negócios da Educação pelo Serviço de Museus Paulistas. A partir deste
mesmo ano, quem toma a frente do processo é a recém criada Secretaria de Cultura,
Esportes e Turismo. Muitas destas instituições, no final dos anos 70 começaram a dar
sinais de problemas na administração. Este é também o caso de Ourinhos, como já
citamos acima. Na década de 90, estas instituições passam para a tutela do

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Departamento de Museus e Arquivos da Secretaria da Cultura, que dá início ao


processo de municipalização destes museus. Este também será o caso do Museu
Histórico e Pedagógico de Ourinhos, que tem sua reinauguração realizada em 1993,
no governo do Prefeito Claury Santos Alves da Silva e da secretária da cultura, Neusa
Fleury. A reativação do museu contou com a criação de uma lei municipal que
estipulava a missão da instituição, seus objetivos e as duas fases em que o processo
de instauração se completaria. Tal projeto contou, ao menos em parte, com assessoria
especializada - pois nos documentos que averiguamos, o uso de certos termos (como
objetos tridimensionais, por exemplo), que são somente usados por técnicos
especializados em museus, são muito utilizados.

A primeira Estação Ferroviária e o depósito de cargas e mercadorias16

Este prédio, onde anteriormente teria funcionado um dos terminais de carga e


depósito de mercadorias da antiga FEPASA e era anexo ao edifício que comportou até
1926 a estação ferroviária, ano em que termina a construção da nova estação da
cidade, mais elegante e de alvenaria, acabou se tornando o local onde, desde 1996, o
Museu Histórico de Ourinhos abriga o seu acervo tridimensional. A escolha não foi
aleatória, já que a história do município está intimamente vinculada à chegada da
ferrovia no local, em 1908, quando o nome da cidade ainda era Ourinho, como pode
se observar pela foto abaixo:

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.
Foto da primeira estação de 190817

Esta fachada de concreto, é parte do edifício de madeira que hoje abriga o


Núcleo de Arte Popular. Em 1908, o terminal de cargas ainda não havia sido
construído, pois isso somente ocorre com a construção da segunda estação, em 1926.
Esta funcionaria até 1969, quando é erigida uma nova estação, no mesmo local da
anterior, no entanto, seu padrão arquitetônico era completamente diferente. Esta
funcionou até o início da década de oitenta quando houve a privatização da RFFSA, e
a maior parte dos ramais que ligavam a cidade aos principais municípios do Paraná,
encerrarem suas atividades.

Foto do arquivo de Jundiaí18 Foto de 200219

Em 1997, como parte do projeto de revitalização e restauração do espaço ao


redor da estação ferroviária e da instalação do novo museu, uma locomotiva a vapor
com um vagão de passageiros de madeira, totalmente remodelado, passou a trilhar
um pequeno trecho da ferrovia para fins turísticos. Tais passeios, no entanto, tiveram
uma curta duração.20
Em 16 de janeiro de 1999 a estação deixou definitivamente de conduzir
passageiros, apesar de ainda haver atividade entre os trechos de Rubião Júnior e

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Presidente Epitácio por conta das atividades da ALL, que utiliza seus ramais para
transportar mercadorias até o Paraná.
Mas, voltemos ao projeto de remodelação do entorno da estação, afinal, este
teve também uma preocupação em recuperar o patrimônio histórico e arquitetônico
relacionado à ferrovia. Desta forma, a partir de 1995, a Prefeitura Municipal em
parceria com a Secretaria de Cultura inicia em 1995 um amplo e detalhado processo
de restauração não apenas do prédio da antiga Estação Ferroviária e do terminal de
cargas, mas também de algumas casas onde os ferroviários habitavam e que ficavam
localizadas em frente à estação.
Durante as reformas (com exceção da retirada das portas de madeira
originais do terminal de carga) podemos perceber uma grande preocupação com esta
remodelação e posterior ocupação destes prédios. É possível observar estes cuidados
através dos detalhes do projeto, pois este possuía inúmeros dados e sugestões sobre
o tipo de poste e iluminação( que será subterrânea) que deveriam ser usados, qual
bebedouro a ser instalado ali, que tipo de vegetação e flores iriam fazer parte do
projeto paisagístico, os modelos de bancos e de lixeiras e até qual deveria ser a
aparência do lanchódromo. Quase tudo foi colocado em prática, com exceção do
lanchódromo.
Este deveria ser totalmente diferente da aparência atual e possuiria o
sugestivo nome de Estação da Alimentação. O telhado deveria acompanhar o do
edifício vizinho, que abrigaria o novo museu, jardineiras em alvenaria de tijolo à vista
para separar os boxes, os tijolos que serviriam de forração do piso deveriam ser
lixados e siliconizados como no início do século XX, a iluminação deveria substituir as
calhas que existiam por lâmpadas LDE-HO,

em duas carreiras, sendo a primeira dentro de caixa de


cantoneiras de ferro e frontalmente fechadas, com chapas
galvanizadas, pintadas na cor do Box, acopladas a este. A
segunda carreira se situaria no centro do forro em toda a sua
extensão e sua fixação será apenas por braçadeiras, se
caixas ou calhas”21

O projeto artístico elaborado por Gilberto de Albuquerque Mello Prates previa


que cada box de lanche possuísse uma fachada imitando um vagão restaurante de
trem, com cores pastéis, do início do século XX ( por volta de 1907, período em que a
ferrovia chega a Ourinhos). Após o 10º. Vagão, próximo do prédio do museu, o artista

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pintaria na parede erguida ao lado do lanchódromo, uma locomotiva a vapor com um


vagão alimentador , atrás desta pintura e da parede seriam construídos os banheiros
masculino, feminino e infantil e teriam rampas de acesso a deficientes físicos. Cada
dono do box deveria arcar com as despesas para transformar seu novo negócio num
protótipo de vagão restaurante da década de dez e vinte do século passado. No
entanto, o que deveria ser um projeto interessante acabou se transformando,
posteriormente, em algo que nos remete, ao menos longinquamente, à arquitetura
clássica.

Início da construção do lanchódromo22. Lanchódromo23.

Quanto às casas que serviram de moradia aos trabalhadores da ferrovia e


seus familiares durante décadas, estas foram restauradas e seus quintais acabaram
se transformando em uma rua, como podemos observar pelas fotos abaixo:

Abertura da rua atrás das casas24 Rua já asfaltada.25

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O Conjunto Benedito da Silva Eloy.26

Apesar de ainda ser extremamente bonito e harmonioso, até 2008, quando a


Secretaria de Cultura do município empreendeu um breve reforma no conjunto de
casas, estas encontravam-se em processo de degradação. Ao longo dos anos, desde
a implementação desta remodelação destas antigas residências, algumas casas
sofreram modificações sem nenhum critério ou preocupação com a manutenção de
suas características originais. Assim, abriram-se portas, retiraram pisos e recortaram
paredes para o encaixe de aparelhos de ar-condicionado. Em outras arrancaram a pia
e inseriram outra menor e que ficou anos sem ser fixada devidamente. Paredes e
pisos sofreram com a chuva e a umidade e parte deles estavam repletos de mofo ou
apodrecendo. Enfim, o que pudemos perceber é que durante anos, a manutenção
periódica destes imóveis foi deixada de lado e sem a devida fiscalização. As casas
ainda hoje, durante a noite, servem para os que saem do terminal de ônibus ou aos
freqüentadores do lanchódromo e outros transeuntes descarregarem suas
necessidades. Aliás, apesar de existir um banheiro público ao lado do lanchódromo,
muitos usaram o bebedouro para urinar, o que acabou por deteriorá-lo por completo.
Todas estas ações ocorrem porque além de não haver uma ação educativa e
de conscientização de que este espaço é um patrimônio histórico, arquitetônico e
cultural importante do município, grande parte da comunidade não se identifica com
ele e nem com o museu. Isto acaba inviabilizando a implementação, na prática, do
decreto no. 4316 de 17 de julho de 1996, onde são explicitadas as regras de ocupação
e de conduta em relação a este conjunto patrimonial. Mas, obviamente, existem alguns
motivos para que isto não ocorra, e estes podem ser melhor compreendidos quando
olhamos mais de perto a história deste museu.

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O Museu de Ourinhos

A história do museu de Ourinhos tem pelo menos dois grandes marcos: sua
fundação que foi oficializada pelo decreto no. 52.032 de 12 de junho de 196927 que
previa a instalação com o nome de Museu Histórico e Pedagógico “Antônio Carlos de
Abreu Sodré” e, sua reabertura em 1993, como Museu Histórico e Pedagógico de
Ourinhos. É importante ressaltar, que o segundo museu, apesar de ter sido aberto
provisoriamente na Biblioteca da Vila Margarida em 1993, foi oficialmente criado
apenas dois anos depois, através da lei municipal de no. 3.845 de 09 de junho de
1995, pelo prefeito em exercício na época, o Sr. Claury Santos Alves.28
Durante o processo de criação do primeiro museu, pudemos averiguar em
documentação da Prefeitura Municipal de Ourinhos,sob a guarda do MHPO, a
preocupação em se instalar também na cidade uma Casa de Cultura. Tal solicitação
teria sido encaminhada pelo Prefeito Dr. Mithuo Minami através do ofício no. 190 ainda
em 5 de maio de 1969.29
A instalação e funcionamento do museu foi prevista junto à Biblioteca Municipal
e à Inspetoria de Educação Física, que na época ficariam sob a responsabilidade da
Casa de Cultura.
Apesar de o decreto ser de 1969, segundo documentação oficial, o novo
museu somente foi instalado em 6 de março de 1971, com o intuito de promover a
“reconstituição histórica do município e para abrigar um centro de pesquisas e estudos
do período relativo à Constituinte de 1946”.30 Concomitantemente a estas atividades a
instituição deveria se destinar “ao estudo da vida e da obra do dr. Antônio Carlos de
Abreu Sodré. Para isso, a direção do museu deveria reunir documentação das suas
“lutas em prol da autenticidade democrática e do seu idealismo cívico em favor de São
Paulo e do Brasil”.31 É curioso observar que o governador de São Paulo no período
era Roberto Costa de Abreu Sodré, primeiro governador a ser eleito indiretamente
(1967-1971) durante o período do regime militar e irmão do patrono do museu.
Segundo o professor de história e memorialista, Norival Vieira da Silva, a indicação do
nome teria sido uma obra sua, pois ele conhecia e nutria grande amizade não apenas
por Antônio Carlos, mas por toda a família Abreu Sodré, que seriam de Santa Cruz do
Rio Pardo, cidade vizinha à Ourinhos e terra onde também nasceu o professor. Na
época Antônio Carlos Abreu Sodré era secretário do turismo do governador Carvalho
Pinto. Sua carreira política foi de certa forma interrompida quando Getúlio Vargas
instaurou a ditadura estadonovista e impossibilitou a ocorrência de eleições. Ao que

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tudo indicava, Antônio Carlos tinha grandes possibilidades de se tornar o governador


de São Paulo, pois em 1937 era secretário de Armando Salles de Oliveira, que
32
apoiava sua candidatura a este posto de comando. Apesar de continuar na política,
sua carreira não teve grande destaque, tanto que houve muita dificuldade no período
em conseguir dados biográficos sobre o patrono do museu. Aliás, pelo que
pesquisamos, há uma cobrança contínua de Vinício Stein para que o diretor do museu
investigue a relevância do patrono para a história da cidade. O que acabou nunca
acontecendo. A única coisa que lembrava ao ourinhense que o patrono do museu era
o Sr. Antônio Carlos de Abreu Sodré, era um quadro que encomendaram para
homenageá-lo, depois de muita insistência do Sr. Stein.33
Segundo consta no mesmo documento, o museu teria recebido uma “preciosa
coleção de relíquias da colonização nipônica”, ofertada pelo “Prof Vinício Stein
Campos”, Diretor da Seção de Museus Históricos e Pedagógicos.34 Apesar de ser
comum este gesto pelo Sr. Stein, que tinha uma conotação simbólica, mas também o
intuito de estimular a comunidade a fazer o mesmo, contribuindo com doações de
objetos e documentos para enriquecer o acervo dos museus locais, o mais comum era
ele doar cédulas antigas, que pelo que afirma Misan, era uma de suas paixões35.
Acreditamos que esta doação muito peculiar deve ter ocorrido porque o prefeito da
cidade de Ourinhos, neste período, Mithuo Minami, era filho de japoneses. Além disso,
os nipônicos e seus descendentes tiveram um papel muito importante não apenas na
política local, mas também no comércio, na agricultura e claro, na história da cidade.36
No início de sua trajetória, o museu, que oficialmente foi fundado em 1969,
estaria ainda em outubro de 1970 fechado, pois a requisição junto à Secretaria de
Cultura, Esportes e Turismo reclama da necessidade e morosidade na aquisição de
mobiliário, bibliografia e de um retrato do patrono para a exposição na instituição.37
Desta forma, a inauguração acaba sendo marcada para o ano seguinte, mais
especificamente no dia 6 de março de 1971. Antes mesmo de sua inauguração,
podemos avaliar, através de um documento enviado pelo Diretor de Serviços de
Museus Históricos e Pedagógicos, o Sr. Vinício Stein, reclamando à encarregada do
museu, a professora Amália Gama Garcia, mais agilidade em seu trabalho. Isto
porque, apesar do museu necessitar de inúmeras ações, o que tomaria um grande
tempo da professora, esta ainda não havia se manifestado sobre as necessidades,
condições e ações que viabilizassem o bom funcionamento da instituição. Ele explicita
então, sobre a necessidade de se reexaminar a pessoa que deveria ser encarregada

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do museu, pois esta deveria estar presente todos os dias, durante um período mínimo
de 4 horas. No restante do tempo esta, deveria

visitar as famílias em condições de doar peças, documentos


e relíquias, estudar as necessidades do museu no que tange
a material de exposição (vitrinas, consolos, cantoneiras,
etc.), coletar retratos, documentos, objetos, tudo quanto se
refira à história de Ourinhos, seus moradores, relação dos
prefeitos e vereadores, retratos e biografias, coleção de
jornais.38

Afirma ainda que por conta de tamanha carga de trabalho, era preciso que este
fosse iniciado de imediato. Solicita ainda que a encarregada deveria fazer uma viagem
a São Manoel, onde em 4 meses, um professor conseguiu montar um museu de
excelente qualidade. O diretor termina seu ofício reclamando o não recebimento de
informações até aquela data, do que estava sendo feito ou desenvolvido, sobre os
materiais recebidos, os problemas que precisavam ser resolvidos para o bom
funcionamento da repartição. Veremos que tais reclamações serão uma constante no
que se refere a esta profissional. Os relatórios de Amália são sempre vagos e
redigidos apenas após a emissão de um ofício de cobranças feitas pelo diretor da
seção de museus.39
Ainda neste ano é formado o Conselho Administrativo Municipal do Museu
Histórico e Pedagógico “Dr. Antônio Carlos de Abreu Sodré”, onde são nomeados para
compô-lo, o Prof. Norival Vieira da Silva, Prof. Hélio Mano, Prof. Homero Taveiras,
Antônio Luiz Ferreira, Antônio Abrão Abdu, Mário Aluísio Viana Egreja e Jorge de
Barros Carvalho.40 No entanto, dois anos antes, o jornal O Progresso já anunciava a
Comissão Central que deveria compor a administração e fiscalização do museu:

1) Conselho Municipal de Turismo - presidência do Sr. Mário


Aluízio Ferraz Egreja
2) Diretoria do Museu - Prof. Norival Vieira da Silva
(presidente)
3) Comissão de Publicidade - todos os jornais da cidade e
correspondentes de jornais da capital
4) Comissão para coleta de material indígena
5) Comissão para coleta de material da Revolução de 32
6) Comissão para coleta de material sobre os
expedicionários
7) Comissão para coleta de fotos e documentos de
Ourinhos

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8) Comissão para coleta de armas antigas


9) Comissão de numismática
10) Comissão para levantamento histórico das cidades da
região, a partir de Campos Novos Paulista
11) Comissão Antônio Carlos de Abreu Sodré- patrono do
museu41

Esta comissão demonstra não somente quais as temáticas que


consideravam imprescindíveis para coleta de material para o acervo e que deveriam
compor a coleção do museu, mas também o objetivo do museu em atrair os visitantes
que viriam de outras cidades, afinal, dos conselhos municipais, o único que fazia parte
deste grupo era o de turismo. Outro fato importante a ser observado é que
excetuando-se o nome do presidente do Conselho Municipal de Turismo e o do diretor
do museu, o texto não mencionava nenhum nome para as comissões recém-
formadas. Tal fato aliado ao de que o professor Norival jamais foi comunicado sobre
este cargo, segundo relato do próprio professor e comprovado através da leitura de
outros jornais e documentos, denota que havia certa pressão e urgência em listar e
propalar nomes que comporiam este conselho, assim como a indicação do diretor, e
que quem escreveu o texto acreditava que os indicados aceitariam tal incumbência.
No caso do professor Norival, sua intensa participação na construção do museu,
inclusive incentivando a promoção de uma gincana para arrecadação de objetos e
documentos para o acervo deste, denotava o interesse e envolvimento dele na recém--
criada instituição.42
Outro dado interessante destes documentos e que comprovam o interesse em
estimular a população a doar objetos à instituição, é o fato do Serviço de Museus
Históricos efetuar doações de peças ao museu, como um conjunto de seis revólveres
de fabricação francesa “St. Etienne” utilizados pela Força Pública do Estado e uma
ogiva de granada de avião , ambos utilizados durante a Revolução de 1932. Estas
doações reforçam uma das razões da escolha de Ourinhos como sede de um destes
museus: o de ter sido uma cidade importante na resistência contra o governo federal
durante a Revolução de 32.
Além disso, podemos perceber a importância que era dada a estas instituições
por parte do governo do estado e a necessidade de legitimá-la aos olhos da população
local, em atos como a concessão de medalha cívica Tenente Luiz Antônio ao então
prefeito municipal Mithuo Minam, ou na palestra proferida pelo Diretor do Serviço de
Museus, logo após a inauguração do Museu de Ourinhos, anunciada e efetuada com
pompa e grande solenidade. Percebemos aqui, juntamente com o relatório anual da
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encarregada do museu, que há também uma preocupação em capacitar os


responsáveis pelo museu através de cursos de Museologia e da implantação do
conceito de Museologia nas escolas e faculdades do município.43 De 1956 a 1964,
Stein realizou diversos cursos relacionados a esta área em várias cidades no interior
do estado de São Paulo e a participação maciça de professores neles garantiu uma
outra função a estes Museus Histórico e Pedagógicos: “a função ‘educadora’ dos
museus”.44 Segundo Misan, o número de participantes nestes cursos é surpreendente:
“Campinas (1956), 89 participantes; Piracicaba (1956),130; Capivari (1957),300;
Pindamonhangaba (1957),300; São Carlos (1958),250; Botucatu (1963),400;
Araçatuba (1964),976 participantes”.45
O investimento nos museus se refletirá na criação do Instituto de Museologia
do Estado de São Paulo (IMSP) em 1977, na Fundação Escola de Sociologia e
Política do Estado de São Paulo, que teve suas atividades encerradas em 1990, com a
morte de sua idealizadora, Waldisa Russio.46
Podemos vislumbrar que sob a direção de Stein, o Serviço de Museus era
extremamente atuante e buscava uma política homogênea para as diversas
instituições espalhadas pelo estado de São Paulo. Isto é reafirmado não apenas pelas
inúmeras visitas e palestras proferidas por Stein, mas também pela promoção do I
Seminário dos Museus Históricos e Pedagógicos de São Paulo (que ocorreu nos dias
13 e 14 de junho de 1972) sediados no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo,
e reuniu 40 representantes dos museus do interior paulista e 2 da capital. Ao mesmo
tempo em que vislumbramos uma preocupação em se ter uma política para o bom
funcionamento destas instituições, percebe-se também que havia dificuldades em
adquirir funcionários para conseguir efetivar tal programa. Isto é demonstrado pelas
ações, no ano de 1972, do secretário de transportes do estado de São Paulo, que
solicita o deslocamento de alguns funcionários que compunham o quadro especial da
então Estrada de Ferro Sorocabana S.A. para museus no interior do estado. No caso
de Ourinhos foram solicitados dois funcionários: Antônio de Mello e Benedito
Antunes47.
O que podemos constatar após um ano de funcionamento efetivo do MHPO é
que ele ainda deixava muito a desejar. Segundo um texto do jornal local, a Casa de
Cultura - criada para sediar o Museu Histórico e Pedagógico, a Inspetoria Regional de
Educação Física do Estado e a Biblioteca Municipal, que ainda não havia entrado em
funcionamento, o MHPO, após dois anos de sua inauguração, ainda não havia
conseguido justificar sua criação, na visão do articulista.

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Segundo o mesmo artigo, após quase dois anos depois de ter sido criado por
decreto, o museu foi inaugurado com muitos poucos dados históricos sobre o
município e sobre seu patrono, do qual a única coisa que havia na instituição era seu
retrato.
O museu de então, ocupava na Casa de Cultura apenas duas salas pequenas,
o que era suficiente para

guardar todos os objetos conseguidos junto à população:


fotografias antigas da cidade, machados e cerâmica
indígena, moedas e outras peças- tudo sem muita orientação
ao visitante. Uma coleção de 70 moedas, doada pelo
professor Vinício Stein Campos, diretor do Serviço de
Museus Históricos do Estado é praticamente a única coisa
exposta com todos os dados completos. 48

Tais críticas extrapolam as fronteiras do município e podemos averiguar em


documento encaminhado pelo Deputado Antônio Henrique Cunha Bueno , a “indicação
ao Executivo que tome providências no sentido de serem incentivados o Museu
Histórico e Pedagógico ‘Antônio Carlos de Abreu Sodré’ e a Biblioteca Municipal,
instalados na Casa de Cultura de Ourinhos”.49
Apesar de sua defesa em relação às atividades relacionadas ao museu e à
biblioteca, afirmando ao governo do estado que estas repartições estavam
desenvolvendo suas atividades de forma satisfatória, Vinício Stein emite uma circular
dando inúmeras instruções sobre a escrituração e as atividades concernentes ao
museu no decorrer do ano de 1973. Tais recomendações vão desde a verificação da
presença e de férias dos funcionários, passando pela orientação de como deveriam
ser os ofícios, como deveriam ser cadastrados os materiais de uso permanente e de
consumo, além de uma lista de tarefas que deveriam ser efetuadas na instituição.
Estas iam desde sugerir que se criassem atividades pedagógicas que envolvessem
pesquisa sobre a história do município, utilizando como estímulo um concurso, em que
os melhores trabalhos, julgados por uma comissão, deveriam premiar com grande
solenidade os alunos classificados. A proposta segue, propondo a promoção de duas
exposições históricas por ano, uma relativa ao patrono e a do dia da cidade; cursos de
divulgação do museu; organização da Associação dos Amigos do Museu. Além disso,
o museu deveria empenhar-se em recolher documentação sobre a história do
município e do enriquecimento do acervo do mesmo.50

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Além disso, o diretor de Serviços de Museus do Estado de São Paulo também


aponta para a necessidade das exposições apresentarem unidade temática e
sobriedade, “evitando-se por todos os meios as reuniões disparatadas de peças,
acumuladas como em depósitos, tanto pelo número excessivo em pequenos espaços
como pela ausência de um roteiro histórico bem definido.”51 Também ressalta o fato de
que, a “Galeria Histórica do Museu não deve cingir-se a retratos dos vultos ilustres do
município mas compor-se também de telas, painéis, gravuras, esculturas e peças
artísticas ligadas a períodos da vida municipal”.52 Stein destaca também a importância
do museu manter uma “assídua correspondência com os seus congêneres da rede de
museus históricos e pedagógicos, inclusive informando-os de seu horário de
funcionamento, acervo recolhido, atividades realizadas e programadas, etc.

Manter correspondência com o Instituto Histórico e


Geográfico de São Paulo, com o Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro, com o Museu Histórico Nacional, com
o Museu Nacional (Quinta da Boa Vista) e com o Museu
Imperial de Petrópolis.
Divulgar, pelos jornais e através dos correspondentes dos
matutinos da capital, as atividades do Museu, suas
promoções culturais, doações recebidas, visitantes, etc.53

Percebemos através deste documento uma preocupação do Serviço de


Museus em ampliar a comunicação e o diálogo interinstitucional com o intuito de se
criar uma rede de Museus (ao menos os que estavam sob a égide do Serviço de
Museus). Para conseguir elaborar uma avaliação do conjunto destas instituições o
diretor, Vinício Stein, passa a entrar em contato direto com todos os encarregados
destas instituições municipais, para a elaboração de programação e também para
compreender os problemas de cada um. Para tanto, ele convoca todos os
encarregados a comparecerem na sede da Diretoria no mês de dezembro de 1972.54
Em 7 de março de 1973, é solicitado à Amália Gama Garcia, encarregada do
Museu Histórico e Pedagógico de Ourinhos, um levantamento o mais completo
possível sobre o patrono do museu. Ao que consta na documentação, havia uma
preocupação do governo estadual em fazer um relatório pormenorizado do acervo de
cada museu no estado o qual deveria ser encaminhado ao secretário encarregado
destas instituições.55 Tal solicitação só foi atendida dois anos depois, quando o museu,
sob a direção de Pedro Benjamin Vieira, pede à seção de orientação técnica de
Museus Históricos Pedagógicos que se faça a pesquisa. Tal pedido é atendido,

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segundo nos conta um documento encaminhado pela chefe desta seção, Leonilda
Padula, que informa já ter tomado providências a respeito desta pesquisa e de fontes
bibliográficas sobre o assunto.
Apesar de tal solicitação demonstrar uma preocupação na regularização e
fiscalização dos museus, o que podemos entender por um documento datado de 31 de
julho do mesmo ano, através de ofício do Diretor dos Serviços de Museus, é que com
a mudança do cargo de chefia do executivo, o funcionamento do museu começa a ter
problemas:

Sirvo-me do presente para passar às suas mãos a inclusa


cópia do ofício que nesta data estamos enviando à
professora encarregada do Museu Histórico de Ourinhos,
solicitando ao digno Chefe do Executivo os bons ofícios no
sentido de ser normalizado o funcionamento do Museu no
que tange às suas relações administrativas com este
Serviço.56

O documento anexado para ciência do prefeito e da encarregada do museu,


Amália Gama Garcia, deixa claro a preocupação do Serviço de Museus Históricos com
relação ao funcionamento do museu do município:

O Serviço de Museus Históricos não tem recebido mais,


desde o início do ano, nenhuma comunicação sobre as
atividades desenvolvidas pelo Museu, as suas promoções
culturais, o trabalho de cooperação com as escolas locais no
desenvolvimento dos programas de estudo de História do
Brasil e de fundo cívico, o estado do acervo, as novas
doações recebidas, os índices de freqüência, as publicações
do jornal de cidade relacionadas com o Museu, em suma,
todas essas iniciativas que concorrem para tornar dinâmica e
proveitosa a presença do professor na administração do
Museu e o transformam num instituto vivo, atuando
vigorosamente no seio da comunidade.
Pelos nossos regulamentos essa correspondência do Museu
com a sede é assunto prioritário, pois é assim que a
administração central se atualiza com relação às unidades
do interior e prepara a programação do Governo para melhor
assistência no corrente e nos exercícios futuros. A
interrupção desses comunicados regulares pode, inclusive,
resultar no corte das remessas de boletins de freqüência,
pois a sede fica sem dados para elaborar esses
documentos, indispensáveis para o recebimento dos
respectivos proventos.

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Todos os museus estão atendendo a esse compromisso.


Apenas o Museu sob sua administração o não tem feito, o
que nos deixa seriamente preocupados, pois não sabemos
como se encontra o museu e temos urgente necessidade de
saber do estado de seu funcionamento.57

A encarregada do museu de então, responde este ofício esclarecendo que


suas atividades estariam relacionadas ao Conselho Municipal de Turismo(C.M.T.),
presidido por Sérgio Antônio Golin, que tinha como grande preocupação a elaboração
de festas. Amália afirma ainda que os preparativos da FAPI (Feira Agropecuária e
Industrial de Ourinhos), da festa de Corpus Christi e dos Jogos Regionais eram todos
feitos no prédio do museu, intensamente utilizado pelo C.M.T. O envolvimento do
museu era tal nestas atividades que a sede dos jogos regionais teriam sido nele. As
atividades da instituição teriam assim, sido mais conhecidas, segundo a encarregada,
entre os atletas, através de folhetos com a história do município distribuídos pela
professora. Ela reconhece que haveria mais dados da história de Ourinhos a ser
relatada , mas que para isso precisaria de mais tempo e trabalho, mas afirma, que o
museu vinha promovendo e incentivando pesquisas e entrevistas que estavam sendo
efetuadas por estudantes, aos antigos moradores da cidade. Ela afirma ainda que
estaria preparando um catálogo dos objetos expostos no museu, alertando porém,
para o acervo muito restrito e de pouco valor da instituição, devido à grande
dificuldade em angariar peças que poderiam enriquecer a coleção.58
É interessante observar aqui que o desconhecimento das atividades de um
museu e da história e memória do município já se faziam presentes em seus
primórdios, pois é um absurdo imaginar atletas dormindo dentro do mesmo recinto em
que são abrigados documentos e objetos que poderiam recontar fatos importantes da
memória da cidade. Não é por acaso que no decorrer da trajetória deste museu
grande parte do acervo desapareceu, levando os doadores a desconfiarem de
qualquer campanha ou notícia sobre a revitalização do mesmo. Outro fato é que a
estreita relação entre estes museus e o governo estadual era inegável e tinha uma
grande conotação política, como podemos observar em telegrama enviado pelo
prefeito Mithuo Minami ao Diretor de Serviços de Museus informando a vitória do
candidato da Arena, apoiado pelo ex-prefeito, e a relação dos vereadores vitoriosos e
a quais partidos pertenciam.
No dia 6 de agosto deste mesmo ano, é enviado um ultimato à administração
do museu, ameaçando-a com corte de salários:

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Devendo a administração estadual ser continuamente


informada do andamento de todos os trabalhos nos Museus
Históricos e Pedagógicos, de conformidade com os termos
da circular anexa, indistintamente a todos enviada, o Serviço
de Museus Históricos espera receber, a contar do corrente
mês de agosto e com prazo até todo dia 20 de cada mês, um
relato circunstanciado que deverá servir de base para as
pesquisas e verificações a cargo da inspetoria do órgão
central da administração.
De conformidade com orientação superior, o não
atendimento nos prazos acima estabelecidos, importará na
sustação da expedição dos boletins de freqüência, além de
outras medidas que a Secretaria julgue conveniente adotar.59

Sobre este assunto, os documentos encontrados foram apenas estes, mas ao


que tudo indica, por um ofício de 1º. de março de 1974, opta-se pela substituição da
direção do museu que passa a ser responsabilidade do professor Pedro Benjamin
Vieira. Segundo pode-se averiguar pelas palavras do documento, houve uma
sondagem quanto ao nome indicado, feita pelo chefe do gabinete do Secretário de
Cultura, Esportes e Turismo de São Paulo, a Vinício Stein. Este afirma que esteve em
Ourinhos pessoalmente e que conhecia o candidato e que o aprovava, por conta da
manifestação do interesse que este professor havia demonstrado com relação ao
museu, ao qual se dedicava em suas horas vagas.

O professor indicado tem colaborado com o Museu em suas


horas vagas, afeiçoou-se a este tipo de trabalho e reúne
condições para um excelente desempenho do encargo
museológico, tanto na pesquisa para enriquecimento do
acervo, como no aproveitamento do material já coletado por
parte da classe estudantil de Ourinhos e da região.60

Desta forma, em relatório das atividades realizadas durante o ano de 1974, o


professor Pedro Benjamin relata que passou a trabalhar no museu a partir de agosto
de 1974 e que a antiga funcionária se encontrava afastada desde maio daquele ano.
Desta forma, o novo encarregado desconhecia as atividades exercidas até então, pois
a mesma continuou em licença-saúde e continuará, como veremos mais adiante, até
pelo menos agosto de 1975, quando não é mais citada nos documentos concernentes
ao museu.

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Dentre as atividades realizadas no 2º. Semestre de 1974 ele enfatiza as


seguintes:

1. Reorganização na disposição dos mostruários do Museu;


2. Campanha junto aos escolares para visitação;
3. Intercâmbio com a Faculdade de Ciências e Letras de
Ourinhos;
4. Divulgação de estudos e promoção de pesquisas, com
alunos da Faculdade de Ciências e Letras de Ourinhos,
sobre o “Impressionismo”, por ocasião do seu centenário;
5. Contactos com a Prefeitura Municipal para assistência
material ao Museu;
6. Contactos com a seção de Orientação Técnica em São
Paulo61

É apenas sob a gestão deste professor que observamos uma preocupação em


documentar as atividades do museu e um planejamento das que deveriam ser
empreendidas, dando-nos uma idéia mais clara do que ali se realizava. Assim, em
documento encaminhado à Secretaria de Cultura, Esportes e Turismo na seção de
Serviço de Museus Históricos, o professor Pedro elabora seu segundo relatório das
atividades dos dois bimestres de 1975, destacando:

1. manutenção e organização do acervo existente;


2. tombamento de novos espécimes ofertados;
3. divulgação do Museu entre os escolares;
4. entendimentos com o Departamento do Curso de
Desenho e artes Plásticas da Faculdade de Ciências e
Letras de Ourinhos com vista a intercâmbio de atividades
e promoção de exposições de trabalhos artísticos
(pinturas, esculturas, moldagens, fotografias etc.), bem
como realização de uma “Feira Regional de Artes
Plásticas”; tais entendimentos estão em andamento,
faltando acertar os últimos detalhes;
5. elaboração do regulamento para promoção de uma
campanha, em forma de concurso, a fim de obter
doações de novos espécimes, com participação atuante
dos escolares de todos os níveis.[...]62

O documento ressalta ainda que o museu estaria funcionando regularmente,


com visitas de estudantes e dos munícipes, apesar do acervo ainda ser muito pobre.
Quanto aos funcionários que estavam alocados no museu, o que podemos
perceber é que apenas o professor Pedro trabalhava de fato nesta instituição. No

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detalhamento do relatório de atividades de 1975 ele ressalta que a Profa. Amália


Gama Garcia estaria afastada do museu por conta de sucessivas licenças que
ocorriam desde março de 1974. Ressalta ainda que apesar de lotada no grupo escolar
de Salto Grande, cidade vizinha à Ourinhos, ela estava residindo em São Paulo. Havia
ainda um servente, o Sr. Benedito Antunes, que seria servidor do quadro especial da
FEPASA. Tal funcionário também vivia ausente, com inúmeras faltas justificadas
(licença saúde) e injustificadas. O encarregado do museu observa ainda, que os seus
serviços seriam dispensáveis, já que o museu contava também com o auxílio de um
servente da prefeitura municipal que cuidava da Biblioteca Municipal e da Inspetoria
de Educação Física, instituições que eram lotadas no mesmo prédio do museu.63
Através deste documento podemos perceber as dificuldades cotidianas que o diretor
do MHPO enfrentava para administrar esta instituição.
No intuito de conseguir a adesão da comunidade e de levantarem dados e
documentos sobre a história do município, o professor Benjamin lançou a idéia de um
concurso nas escolas. A iniciativa contou com grande divulgação entre os escolares,
através de panfletos, jornais e da rádio local, e se estendeu até o dia 15 de dezembro
de 1975. Tal concurso acabou sendo um excelente meio de divulgação do museu, ao
menos é o que nos dizem os documentos inseridos no relatório das atividades do
bimestre setembro/outubro de 1975, elaborados pelo Prof. Pedro Benjamin Vieira.64
Em ofício de 1976, o encarregado Pedro Benjamin Vieira, elenca algumas
atividades do museu relacionadas à “Semana da Pátria” e também sobre a promoção
de um concurso sobre a Independência do Brasil que teria tido a adesão de vários
estabelecimentos escolares do município, além de uma exposição de fotografias cujo
tema era “Ourinhos Antiga” e uma palestra proferida pelo Dr. Luiz Carlos Simione,
advogado e professor de Piraju. Este documento denota ainda a preocupação do
professor Pedro com relação ao não recebimento de salário e sobre a prorrogação de
sua nomeação como encarregado do museu.65 Esta reclamação, aliada ao fato de que
este foi o último documento que conseguimos obter com relação ao primeiro museu, já
denota as dificuldades por que passava a instituição, que pouco tempo depois teria
suas atividades encerradas.
Entre a primeira inauguração do museu (1971) e a segunda (1993),
observamos um movimento da sociedade que reflete certa preocupação com o
patrimônio histórico e cultural do município. É o que podemos observar em alguns
documentos da prefeitura, como o datado de 07 de janeiro de 1988, que relata a I

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Reunião de Agentes Culturais do Município, que contou com grupos e pessoas ligadas
ao movimento cultural do município.

Durante aproximadamente 4 horas, 25 pessoas entre grupos


culturais de músicos, artistas plásticos, professores e
diretores de educação e cultura, bibliotecário, representantes
de associações recreativas e grupos teatrais, estiveram
reunidos na sede da Secretaria, para discutir um tema
complexo que é o plano de Ação Cultural para o corrente
ano, através do qual a Secretaria irá direcionar o seu
trabalho, estabelecendo as prioridades e investimentos a
serem feitos neste setor.66

Após intenso debate, os participantes propuseram ações concretas para a área


de cultura, tais como a implantação do carro-biblioteca, cursos de extensão, oficinas
de arte, promoção de eventos culturais, projeto Banda Escola, projetos de recreação
(como o Viva a Música, Revivendo o Folclore e o Dia dos Mascarados). A ação que
mais nos interessa aqui, no entanto, é a proposta de reativação do extinto Museu
Histórico e Pedagógico “Antônio Carlos de Abreu Sodré”, o que demonstra, que ao
menos em parte, a semente plantada por Stein, havia germinado entre alguns
cidadãos.
Cinco anos antes, ainda na gestão do prefeito municipal Esperidião Cury, há
um esforço do Conselho de Educação e Cultura através da indicação do vereador
Múcio Correia da Silva, em dinamizar o funcionamento do museu através da criação
de um Conselho Diretor do Museu Histórico e Pedagógico de Ourinhos. Este
documento nos indica alguns pontos importantes: primeiro, que o MHPO, em 1983,
ainda não tinha encerrado suas atividades, mas estava em vias disso ocorrer, pois,
como ressaltamos acima, a última documentação oficial que encontramos sobre a
entidade data de 1976, o que denota o “estrangulamento” administrativo da mesma.
Além disso, este documento indica o intuito em mobilizar a comunidade através de
pessoas ligadas às áreas de História, Pedagogia e Memória. Dentre os possíveis
nomes para a composição deste conselho encabeçados pelo Prof. Norival Vieira da
Silva, estariam: Prof. Domingos Perino Neto,jornalista Salvador Fernandes, Profa.
Emilia Dupas Pinheiro, Hélio Mano, Paulo Alves, José Martins, Hermínio V. de
Menezes, Bráulio Ramos, Yara Machado Branco Ramos, Terezinha M. Leite, Diva
Rossito Vieira, Maria Tereza L. Gini, Dermeval Ferreira da Silva, Luiz Cordoni, Selma
Abucham da Silva e Carmem Oliveira Dias. A requisição propõe também a designação

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de um servidor público para prestar serviços junto ao museu.67 Mais uma vez
percebemos pela última sugestão, que ainda não havia sido solucionado o problema
da falta de funcionários na instituição.
Apesar destas ações, de certa forma isoladas, que buscavam reativar ou
dinamizar o MHPO, este acabou encerrando suas atividades. Sua reinauguração, em
setembro de 1993, indica a nova fase dos MHP, o da municipalização destas
instituições. O novo museu foi inaugurado em setembro de 1993 pelo prefeito Claury
Santos Alves da Silva e foi instalado provisoriamente junto à Biblioteca Ramal, na
Praça Prefeito Benício do Espírito Santo, na Vila Margarida.
Ele foi formado, segundo informa jornal do município68 e também a Secretária
da Cultura de Ourinhos, Neusa Fleury, a partir das peças que foram redescobertas em
fevereiro, e que faziam parte do acervo do extinto Museu “Antônio Carlos de Abreu
Sodré”. Segundo relato de Fleury, isto ocorreu de forma acidental, quando ela foi
procurar objetos e material para a decoração das festividades carnavalescas deparou-
se com várias caixas lacradas e empoeiradas. Ao abri-las para averiguar o que elas
continham, se deparou com inúmeras fotografias e objetos antigos, o que a levou a
concluir que estes documentos e peças deveriam compor o acervo do museu extinto.
Voltando ao artigo de jornal, este afirma ainda que esta reinauguração seria uma
resposta a reivindicações dos ourinhenses “que sonhavam em ter novamente em
funcionamento o Museu da cidade”. Segundo consta neste mesmo texto, o museu
teria iniciado neste período uma campanha para angariar objetos e documentos
concernentes à história do município, buscando novamente o envolvimento dos
munícipes na instituição e tentando enriquecer o acervo, que se antes já era
considerado “pobre”, agora estava ainda mais desfalcado, pois nem todos os objetos e
documentos foram encontrados nas caixas. Isto é evidenciado não apenas na fala de
inúmeros moradores antigos que doaram objetos e documentos para o primeiro museu
e com os quais tivemos a oportunidade de entrevistar69, mas é também reafirmado em
um artigo de jornal do período: “Confrontando o que colocamos à visitação pública,
com as listas de objetos que pertenciam antigamente ao Museu, percebemos que
grande parte do acervo sumiu”.70
Apesar do novo museu ter sido inaugurado em 1993, o decreto de criação é
publicado oficialmente apenas em 08 de fevereiro de 1995 com o nome de “Museu
Histórico e Pedagógico da Cidade de Ourinhos”. Seu decreto de criação prevê
inúmeros objetivos e atividades. Sua implementação estava prevista para se dar em
etapas, sendo que a primeira ocorreria entre 1993 até julho de 1996, período em que o

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acervo deveria ser todo “catalogado e classificado, e feitas campanhas para angariar
peças para seu enriquecimento. Nesta fase, o Museu Histórico e Pedagógico de
Ourinhos deverá fazer contato com outras entidades do gênero para troca de
experiências e informações técnicas.”71
Na segunda fase, que se daria a partir de agosto de 1996, o museu deveria
estar instalado em sua sede definitiva. Em 28 de abril de 1995 é encaminhado à
Câmara Municipal de Ourinhos, através do Prefeito, o Sr. Claury Santos Alves da
Silva, o Projeto de Lei para a criação do museu. Em 05 de junho de 1995 é aprovada a
Lei Municipal no. 3.845 (sancionada no dia 09 de junho do mesmo ano) que cria o
Museu Histórico e Pedagógico de Ourinhos, que teria como principal objetivo o
registro, a preservação e a divulgação das transformações ocorridas na cidade de
Ourinhos desde sua fundação.
É possível perceber que as etapas de implementação do museu foram
respeitadas, pois, artigos de jornal nos mostram a preocupação na primeira fase, entre
os anos de 1993 e 1996, em divulgar o museu e angariar novas peças e documentos
para seu acervo. Para isto, o Departamento de Cultura divulga notícias sobre
exposições, seus temas, o grande número de visitas às mesmas (principalmente a que
72
tinha como tema os pioneiros) e a necessidade de aumentar o acervo da instituição.
Além de uma mostra itinerante com jornais antigos e peças de uso doméstico do início
do século73, os artigos difundem outras exposições como a filatélica, a de “casais e
casamentos”, uma exposição fotográfica abordando aspectos da urbanização de
Ourinhos, e finalmente, uma sobre a cultura indígena. Podemos perceber assim, que o
museu “renasce” com grande expectativa e dinamismo. Este período, em que esteve
instalado junto com a Biblioteca “Clarice Lispector”, na Vila Margarida, é considerada
portanto, como sendo a primeira fase de sua reinauguração.
A segunda fase, com as instalações no prédio da ferrovia, foi feita em convênio
entre a Prefeitura e a Fepasa. Segundo matéria do Jornal da Divisa de 31 de outubro
de 1996, o Departamento de Cultura teria feito também um convênio com a Unesp
com o intuito de que a universidade auxiliasse na “preservação da memória da cidade
e a montagem dessa estrutura”.74 Isto ocorrerá três anos depois, em 31 de outubro de
1996, quando o museu muda-se para o antigo prédio da Fepasa, onde era o antigo
Terminal de Cargas da Estação Ferroviária, situado no Centro de Convivência
“Benedicto da Silva Eloy” , mais especificamente na Praça Henrique Tocalino S/N, no
centro da cidade, sob a direção de Carlos Eduardo G. Guimarães.

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Para alocar o acervo do museu, o prédio passou por uma reforma, e segundo
prospecto da época, esta se deu “obedecendo a critérios técnicos, mas procurando
conservar as características da arquitetura original, proporcionando ao visitante
motivação para conhecer a história da cidade e seus formadores, num ambiente
75
histórico e familiar, ‘ Uma viagem no tempo’”. Apesar de tal afirmação, acreditamos
que foi nesta intervenção que ocorreu a troca das portas do edifício, que anteriormente
eram de madeira ,e passam a ser de vidro blindex (como já citamos acima). As
antigas portas permitiam um ambiente de sensação climática agradável e, após a
troca além da modificação da fachada do edifício tivemos uma alteração de
temperatura no interior do mesmo, que ficou extremamente quente e abafado. Se
olharmos atentamente para fotos de décadas anteriores, da primeira estação ou do
edifício de cargas, podemos vislumbrar que o telhado se prolongava até o final da
plataforma. Não sabemos ao certo quando este foi retirado, mas numa foto de 1995,
quando funcionava ali o varejão da cidade, tal proteção já não existia. A falta da
mesma, aliada às portas de vidro trouxeram um grande problema quanto à
conservação do acervo que se encontrava no interior do edifício. Isto porque, o sol
sem encontrar a barreira do telhado ou das antigas portas de madeira juntamente com
as chuvas fortes que muitas vezes desabam sobre o município, acabaram propiciando
um ambiente extremamente nocivo para a conservação das peças, além de tornar o
ambiente pouco agradável ao público e principalmente aos servidores que ficavam e
ainda permanecem no local.

Algumas questões sobre o MHPO


Após sua reinauguração em 1993 e sua mudança para o novo endereço,
restaurado e com benfeitorias nas construções próximas à sua sede, em 1996, o
museu sofre um novo revés. Em fevereiro de 2002 ele é fechado para visitação pública
com o intuito de reavaliar o acervo e de reformular o visual do espaço que o abrigava.
Essa iniciativa foi tomada após a constatação de que muitas peças recebidas como
doações não possuíam nenhum valor museológico e estavam transformando o museu
num verdadeiro depósito de objetos descartados pela população e pelo poder local.76
Quando conheci o museu, em 2003, momento em foi reaberto, ele já se
encontrava em condições precárias quanto à conservação de documentos,
administração e organização do acervo, e a disponibilização e exposição dos objetos
não obedecia a nenhum critério técnico. Na época ele funcionava na casa de no. 5

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com parte do acervo, o restante estava entulhado no prédio da estação onde ficava a
sede do museu. Parte destes objetos ficavam depositados no que consistia na época
em reserva técnica, uma pequena sala com tamanho obviamente insuficiente para
abrigar a reserva e com condições precárias, pois a umidade era de grandes
proporções já que a parede de madeira possuía frestas , permitindo a entrada de água
da chuva , de poeira e fuligem. O restante era disposto de qualquer maneira dentro do
interior do barracão, que como já dissemos anteriormente, apesar de estar em boas
condições tem problemas com relação à iluminação solar e a entrada de chuva em
seu interior, através dos vãos das portas de vidro o que provocou a degradação de
alguns objetos e fotos. Apesar disso, consegui muitas informações sobre a história do
município através principalmente da coleção do jornal A Voz do Povo. Recebi um
excelente atendimento através do funcionário Isaías e do estagiário, Danilo, que foram
muito atenciosos e me auxiliaram bastante em minha pesquisa. Percebi também que
periodicamente havia uma pequena exposição, sempre por conta da iniciativa do único
funcionário do museu na época.
Durante o período de 2003 a 2006, a sede do museu mudou inúmeras vezes e
seu acervo foi deslocado em todas elas. As mudanças sempre ocorriam entre as
casas 5, 3 e 2. Seu funcionamento também era irregular, pois muitas vezes os
funcionários eram deslocados para trabalhar em eventos ou em outros locais. Em
2005, a Unesp chegou a iniciar uma parceria, que acabou sendo interrompida por
conta de solicitação do secretário da cultura na época, o Sr. Márcio Castellani.
Quando demos início ao projeto “Nos Trilhos da Memória e a Memória dos
Trilhos: Expansão e Revitalização do Museu Histórico de Ourinhos”, financiado pela
FAPESP/VITAE, o museu estava fechado para visitação e todo o acervo tridimensional
estava acondicionado no antigo depósito de cargas, onde funcionou o museu
inaugurado em 1993. Havia dois livros tombos: o primeiro do museu e o elaborado
pelo então diretor do museu. Este último foi confeccionado sem nenhum tipo de critério
técnico e sem informações sobre o objeto ou documento. Assim deparamos com o
registro de centenas de fotografias sem nenhuma referência ao tema ou descrição.
Obviamente este livro foi descartado e passamos a trabalhar com o outro livro tombo.
Outro problema foi o desaparecimento de quase todas as fichas catalográficas,
conseguimos encontrar apenas quatro delas, o que exigirá da administração do museu
a organização de uma equipe que conduza uma pesquisa histórica sobre as peças do
acervo.

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Todos os problemas encontrados na instituição, desde a sua fundação até os


dias atuais provêm, sob a nossa óptica, de alguns pontos cruciais:

1º) O fato de não existir um Plano Diretor do Museu, onde se explicite a


missão, os objetivos do museu, a equipe necessária ao seu bom
funcionamento , ou um planejamento de suas ações
2º) Outro problema é a falta de uma estrutura administrativa e de um plano de
gestão. Não existe hoje um quadro de funcionários fixos na instituição, e o
único funcionário às vezes é requisitado para outros serviços e provém, na
verdade, de outra repartição da prefeitura. Há atualmente uma agente
cultural que está alocada na instituição, e apesar de extremamente
dinâmica e estudiosa de assuntos concernentes à museologia e acervos,
tal cargo não está previsto no regimento da entidade, o que deixa a
instituição ao sabor do resultado das eleições municipais e dependente de
questões políticas locais. Para se ter uma visão clara deste panorama, é
preciso ressaltar que existem hoje, dois cargos de chefia do MHPO: o
gerente do museu e o diretor de patrimônio e documentação, ambos
escolhidos pelo secretário da cultura devido à sua confiança e amizade (e
muitas vezes este é obrigado a conceder estes cargos para indicados e
aliados de vereadores) e não pela competência ou envolvimento com o
museu. Atualmente, um destes cargos, o de diretor de patrimônio, não está
alocado dentro da instituição. Desta forma, hoje o museu está funcionando
com um técnico administrativo, uma agente cultural, um gerente e um
estagiário. O que mais nos preocupa, portanto, quanto a esta questão é a
contratação de mais funcionários e que a gerência do museu seja ocupada
com alguns critérios. Isto para não corrermos o risco de que em outras
gestões este cargo seja ocupado por alguém sem comprometimento ou que
desconheça completamente o funcionamento de um museu. Este tipo de
ação deve ser feita para evitar que sejam descartados documentos
importantes, pois temos relatos de que em outros momentos, fotos foram
rasgadas sem nenhum tipo de critério e suspeitamos que as fichas
catalográficas tiveram o mesmo fim. Ou pior, que peças e documentos do
acervo desapareçam por conta da falta de controle no ato do empréstimo
ou simplesmente, ocorra, como na história desta instituição, ocorra a
apropriação indevida de peças do acervo. Aliás, este fato ainda hoje

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assombra o museu, pois os membros da comunidade têm receio de doar


objetos e documentos para o museu, prevendo que estes possam ter o
mesmo fim.
3º) É imprescindível a criação da Associação de Amigos do Museu, como meio
para obtenção de recursos de sustentação da instituição e também como
forma de fiscalizar e administrar a instituição para que esta seja bem
gerida. Esta também teria como papel, dialogar mais intimamente com a
comunidade local, devolvendo a credibilidade e demonstrando a relevância
do MHPO na preservação da memória e da história do município e região.
4º) É necessário que esta instituição se insira dentro do conceito da “nova
museologia”, que propõe um novo modelo para os museus, com o intuito de
integrar patrimônio cultural e sociedade, estas instituições buscam
estimular o público, fazendo com que este se torne agente em ações
concernentes a preservação e comunicação patrimonial, processo este
acima de tudo educacional, exatamente por ser transformador.77 Tal
proposta reflete uma preocupação com a “crise dos museus” evidenciada
não apenas com novas propostas, mas também com documentos
elaborados em congressos e reuniões internacionais, tais como a
Declaração de Santiago do Chile que propõe o Museu Integral; as
Declarações de Quebec e Oaxaca onde é reafirmada a idéia “de museu e
patrimônio como um instrumento a serviço do desenvolvimento do homem
e da sociedade, conforme proposto na Declaração de Santiago do Chile,
em 1972”78 e a Declaração de Caracas, onde o museu estimula a
participação do público na “construção e reconstrução permanente dos
processos culturais”79. Todos estes documentos entendem os museus
como espaços dialógicos.

De posse destas informações, reflexões e vivência é quase impossível não


refletirmos sobre o filme “Uma Noite no Museu”. Tal filme retrata um museu em crise, o
Museu de História Natural de Nova York, com pouca visitação, mas com um acervo de
grande valor histórico. É possível vislumbrar numa de suas principais salas o
esqueleto de um dinossauro, bonecos de cera retratando desde cenas da história
americana, o bando liderado por Átila, o Huno até um grupo de “homens das
cavernas” tentando criar o fogo. Maquetes recontam episódios da história mundial,
passando pelas tropas romanas e chegando à Guerra Civil Americana. Todo este

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cenário e acervo são, no entanto, muito pouco explorados pela população local. No
entanto, isto muda rapidamente quando notícias sobre pegadas de dinossauro são
vislumbradas na neve e quando a TV registra a presença de um “homem das
cavernas” correndo pelas ruas. Neste filme, o museu, inerte durante o dia, tomava vida
à noite (fato que passou a ocorrer após a aquisição de uma peça egípcia nos anos
50). Vê-se o novo segurança em apuros com a perseguição de leões, mamutes, tigres,
hunos, soldados, miniaturas lutando entre si, dentre outras cenas onde a história se
mescla e se funde dentro do mesmo espaço.
O filme chama a atenção para o fato de que a população somente passa a
visitar o museu após suspeitas a respeito do que ocorreria à noite com seu acervo.
Tal questão é levantada de outra forma por Heloisa Helena Fernandes
Gonçalves da Costa em sua tese intitulada Museus de História de Cidades e sua
contribuição ao desenvolvimento social contemporâneo. Se os museus são os
guardiães da História, e esta em geral é alvo de grande curiosidade e interesse do
público em geral, a questão que a pesquisadora se fez é:” por que o público não
freqüenta museus? O que será que torna essa visita enfadonha, cansativa e até
mesmo rejeitada, tanto por um público leigo quanto por pessoas com bom nível de
escolaridade, que, a princípio supõe-se terem estudado História e adquirido uma
compreensão do valor desse estudo para sua vida cotidiana?”80
Para responder a essa questão Heloísa elaborou algumas questões para um
amplo grupo formador de opinião, desde amigos de museus, visitantes, professores
universitários, funcionários de museus, até funcionários do governo envolvidos
diretamente com a formulação de políticas públicas voltadas para educação e cultura.
Sua amostragem teve como foco museus de Quebec e de Salvador. As respostas que
obteve são bem interessantes, pois de certa forma algumas delas são similares as que
obtemos quando indagamos para a população ourinhense em geral sobre a sua visão
de museu.
Em geral, o público parece se intimidar ou se entediar com as exposições, pois
muitos não compreendem ou acham muito extensas as informações que descrevem
ou explicam os objetos expostos; “a extrema horizontalidade das salas de exposição,
quer seja na composição museográfica, quer seja no discurso; a quase nenhuma
interatividade; [...] a permanência de exposições de longa duração sem que haja uma
possibilidade de se promover atrações expositivas em espaços de tempo mais curtos;
a quase sempre constante ausência de possibilidade de diálogo entre o público e os

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museólogos organizadores de atividades nos museus, fazendo com que, em geral, os


museus pareçam espaços frios, pouco aconchegantes e sem emoção”.81
No caso específico do Museu de Ourinhos, percebemos outros problemas além
destes, principalmente com relação a pessoas com certa vinculação histórica com a
instituição. Aliás, estes problemas são apontados nos trabalhos já citados de Simona
Misan e Elísio Zanotti sobre os museus histórico e pedagógicos do estado de São
Paulo. À priori, estes museus locais, como ressalta Zanotti, seriam criados a partir de
anseios individuais relacionados à história e ao colecionismo e posteriormente estes
indivíduos, unidos e ansiando partilhar das emoções buscariam meios de socializar e
expressar estes objetos e sua história. Foi desta forma, por exemplo, que foi criado a
primeira casa museu do Estado de São Paulo: a Casa Euclidiana de São José do Rio
Pardo.

Desde 1912 um crescente número de amigos e admiradores


de Euclides da Cunha, moradores de São José do Rio
Pardo, cultuam a memória do escritor participando das
festividades que se iniciaram com a primeira romaria em sua
homenagem realizada naquele ano no dia 15 de Agosto. A
primeira romaria consistiu numa visita ao lugar que mais
evocava a presença de Euclides na cidade: a cabana onde
ele concebeu as páginas de Os Sertões. Foi essa cabana
que o engenheiro Euclides da Cunha utilizava como abrigo
para vistoriar as obras de reconstrução da ponte metálica
sobre o rio Pardo. Com o passar dos anos, a romaria
converteu-se em momento de estudo da vida e obra do
escritor e patriota considerado vulto exemplar de consciência
cívica.82

Este movimento e dinamismo da população local com relação a esta instituição


e as atividades culturais que ela promove permanecem ativos até hoje. Mas, se este é
um exemplo positivo, de outro lado se observa que grande parte destas instituições
hoje foram municipalizadas e se encontram com seu acervo desorganizado e sem
nenhuma orientação museológica, ou museográfica. Além disso, estes museus não
contam com um quadro de funcionários fixos, o que dificulta a capacitação técnica e
especializada que possa lidar com a rotina que uma instituição deste gênero
necessita. Parte deste quadro é o que vimos e apontamos quanto ao MHPO, e são
típicos de grande parte destas instituições, apesar da responsabilidade que estas
devem ter quanto a preservação do patrimônio histórico e cultural. Mas, o fator mais
positivo dentro de nossa avaliação , é que o museu sempre foi e ainda é uma

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preocupação de parte da comunidade. Isto é visível nos inúmeros jornais pesquisados


e no grande número de visitantes que foram registrados nos livros.83 Cremos que o
que falta é organizar e direcionar este sentimento para que se dê a profissionalização
desta instituição.

Recebido para publicação em maio de 2009.


Aprovado para publicação em maio de 2009.

Notas
1
A elaboração deste texto é fruto de algumas reflexões feitas durante a primeira fase do
projeto de políticas públicas intitulado “Nos trilhos da Memória e a Memória dos Trilhos:
Expansão e Revitalização do Museu Histórico de Ourinhos”, coordenado pela Profa. Dra.
Maria Inez Machado Borges Pinto e financiado pela FAPESP/VITAE. Tal projeto contou com
a parceria entre USP/UNESP , Museu Histórico e Pedagógico de Ourinhos e Secretaria da
Cultura do Município de Ourinhos. Também obteve o apoio e consultoria do CEDAP através
da Profa. Dra. Zélia Lopes e da historiógrafa Marlene Gasque; do Museu Paulista, através de
Yara Lígia Mello Moreita Petrella e Sônia Maria Spigolon,; da Library Services e ABER
(Associação Brasileira de Encadernação e Restauro) através de Norma Cianflone Cassares;
do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP através da Profa. Dra. Marília Xavier Cury; da
museóloga e especialista em reserva técnica e organização de acervos Heloísa Maria
Pinheiro de Abreu Meirelles e da arquiteta Kátia Huertas, na elaboração do projeto
expográfico.
2
Sistema Brasileiro de Museus inserido no Site o Ministério da Cultura . Disponível em:
http://www.museus.gov.br/oqueemuseu_apresentacao.htm. Acessado em 25 de março de
2009.
3
CURY, Marília Xavier. Museologia- marcos referenciais. IN: Cadernos do CEOM. Ano 18, no.
21. Chapecó: Argos, 2005.p.63.
4
É desta forma que Elisio Zanotti designa os antigos e atuais Museus Histórico e Pedagógicos
criados pelo governo estadual entre os anos de 1956 e 1973.
5
MISAN, Simona. A Implantação dos Museus Históricos e Pedagógicos do Estado de São
Paulo (1956 - 1973) . Tese de Doutorado, USP/FFLCH, São Paulo, 2005.
6
CAMPOS, Vinício Stein. Museus e Monumentos Históricos de São Paulo. SP: Secretaria de
Estado dos Negócios da Educação, 1960. p.61. Apud, MISAN, Simona. Os Museus Histórico
e Pedagógicos do Estado de São Paulo. IN: Anais do Museu Paulista. S.P. N.Ser.v. 16. n.2.
Jul-Dez de 2008. p..176.
7
MISAN, Simona, idem, p.176.
8
Idem, p.177.
9
Decreto lei no. 52.034, de 12 de junho de 1969. IN: Acervo do MHPO, pasta Museu.
10
Misan, op., cit., p. 185.
11
Nossa dúvida com relação à data se deve pelo fato de não termos encontrado durante nossa
pesquisa nenhuma documentação oficial referente ao encerramento das atividades desta
instituição, no entanto, ao investigarmos o museu no principal jornal local do período, O
Progresso, as notícias sobre esta instituição deixam de ocorrer a partir do ano de 1977. Isto
nos leva a crer que suas atividades nesta época já estariam bem precárias ou encerradas.

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12
ZANOTTI, Elisio. O Museu Local . http://www.coresprimarias.com.br/ed_10/museu_local_
p.php Acesso 30 de julho de 2007. VI Semana de Museus Da USP.
13
Idem.
14
ZANOTTI, Elisio. O Museu Local . http://www.coresprimarias.com.br/ed_10/museu_local_
p.php Acesso 30 de julho de 2007. VI Semana de Museus Da USP.
15
Idem.
16
A primeira Estação Ferroviária e o depósito de cargas e mercadorias transformados em
varejão. Foto de Luiz Carlos Seixas, 1995. Acervo Neusa Fleury.
17
. Foto obtida através do acervo do Prof. Norival Vieira da Silva e do Museu Histórico e
Pedagógico de Ourinhos.
18
. Apesar de indicar o período como sendo 1950, acreditamos que esta foto seja anterior.
19
Foto Fábio Vasconcellos de 2002.
20
O Estado de S. Paulo, 26/07/1997.
21
Projeto arquitetônico e artístico, de remodelação e resgate histórico, pela Prefeitura
Municipal de Ourinhos, de seu lanchódromo com nova denominação: "estação da
alimentação".
22
Foto de Luiz Carlos Seixas. Acervo de Neuza Fleury. 2001.
23
Foto de Luiz Carlos Seixas. Acervo de Neuza Fleury. Março de 2001.
24
.Foto de Luiz Carlos Seixas. Acervo de Neuza Fleury, 1995.
25
Foto de Luiz Carlos Seixas, 2001. Acervo Neusa Fleury.
26
Foto de Fabiana Lopes da Cunha, julho de 2007.
27
Legislação do Estado de São Paulo, p.303.
28
Lei o. 3.845 de 09 de junho de 1995. Prefeitura Municipal de Ourinhos. IN: Acervo MHPO,
pasta Museu.
29
Conforme documento de resposta do Conselho Estadual de Cultura de 2 de outubro de 1969
encaminhado pelo chefe do gabinete Walter Lobo ao Prefeito Mithuo Minami. Secretaria de
Cultura, Esportes e Turismo de Ourinhos.
30
Diário Oficial de 20 de fevereiro de 1971.
31
Idem.
32
Relato oral de Norival Vieira da Silva, 31 de julho de 2007.
33
Informação retirada de documento do MHPO. Pasta Museu.
34
D.O. de 05 de fevereiro de 1971.
35
Misan, op., cit., p. 197.
36
Sobre os migrantes japoneses e a história de Ourinhos, ver MORAES, Neusa Fleury &
GOMES, Marco Aurélio (Coord). Um Olhar sobre a Presença Japonesa em Ourinhos.
Secretaria de Cultura da Prefeitura Municipal de Ourinhos, 2008 e MELCHIOR, Lirian. Redes
sociais e migrações laborais: múltiplas territorialidades. A constituição da rede nipo-brasileira
em Ourinhos (SP) e no Japão, Tese de Doutorado, Unesp/PP, 2008.
37
Processo nº. 20 009-1970. São Paulo, 16 de outubro de 1970. Este documento contém a
lista do que foi pedido e os valores referentes aos materiais.
38
Ofício de Vinício Stein , 25 de fevereiro de 1971.

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39
Este é o caso, por exemplo, do ofício encaminhado por Vinício Stein Campos para a Profa.
Amália Gama Garcia. São Paulo, 25 de fevereiro de 1971.
40
D.O. de 04 de março de 1971.
41
O Progresso, Ourinhos, 24 de agosto de 1969.
42
Segundo O Progresso, a gincana marca a instalação do museu na cidade. O Progresso,
Ourinhos, 14 de setembro de 1969.
43
Documento de Amália Gama Garcia para Vinício Stein Campos. Ourinhos, 29 de novembro
de 1971.
44
Misan, op., cit., p. 198.
45
Idem.
46
Idem, p. 199.
47
D.O. 31 de agosto de 1972.
48
“Cultura está apenas na lei”. O Progresso, 19 de setembro de 1972.
49
Indicações, no. 951 de 1972.
50
Circular nº.l referente ao Museu Histórico e Pedagógico “Antônio Carlos de Abreu Sodré” de
Ourinhos, emitida por Vinício Stein, São Paulo, 24 de novembro de 1972.
51
Ibid, fls.2.
52
Ibid, fls. 2.
53
Ibid. , fls. 3.
54
Carta de Vinício Stein a Amália Garcia. São Paulo, 21 de novembro de 1972.
55
Ofício no. 65/73-SMH de 7 de março de 1973 escrito por Yolanda Baroudi , técnica de
Museus.
56
Ofício 107/73-SMH, encaminhado ao prefeito municipal Professor Rubens Bortolocci da Silva
por Vinício Stein Campos. 31 de julho de 1973.
57
Ofício no. 109-SMH/1973. São Paulo, 31 de julho de 1973.
58
ofício no. 045/73. Ourinhos, 20 de agosto de 1973.
59
São Paulo, 6 de agosto de 1973. De Vinício Stein Campos.
60
Documento elaborado por Vinício Stein Campos. São Paulo, 1º. de março de 1974.
61
Documento encaminhado por Pedro Benjamin Vieira. Ourinhos, 26 de fevereiro de 1975.
62
Relatório das atividades/75. Ourinhos, 5 de maio de 1975.
63
Relatório das atividades do bimestre maio/junho de 1975. Ourinhos, 10 de julho de 1975.
64
Jornal da Divisa, Ourinhos, 15 de outubro de 1975 e O Progresso, Ourinhos, 21 de setembro
de 1975.
65
Of. MHP- 36/76. Ourinhos, 8 de setembro de 1976.
66
Documento da Secretaria Municipal de Educação, Esportes e Cultura de Ourinhos, vistado
pela Secretaria Municipal da Administração em 15 de março de 1988.
67
Documento enviado por Adelheid Maria Chiaradia para o Conselho Municipal de Educação e
Cultura. Ourinhos, 06 de maio de 1983.
68
O recorte de jornal não possui referências a data ou ao nome do periódico.
69
Professor Norival Vieira da Silva, Domingos Perino, Jairo Diniz.

196 Histórias e Memórias de um “Museu Local”


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70
O documento não aponta o título do jornal nem a data.
71
Decreto no. 4.204 de 08 de fevereiro de 1995. Prefeitura Municipal de Ourinhos.
72
Jornal da Divisa, 29 de dezembro de 1993.
73
Jornal da Divisa, Ourinhos, 4/5 de fevereiro de 1995.
74
Jornal da Divisa, Ourinhos, 31 de outubro de 1996.
75
Texto de folder do período sobre o Museu Histórico e Pedagógico de Ourinhos.
76
Órgão informativo do Departamento de Cultura da Prefeitura Municipal de Ourinhos, no. 6-
04/2002.
77
CURY, Marília Xavier. Museologia- marcos referenciais. IN:Cadernos do CEOM- ano 18, no.
21.p.63.
78
Ibid., op., cit., p.62.
79
Ibid., op., cit., p.62.
80
COSTA, Heloísa H. F.G. da. Museus, ponte entre gerações. IN: Revista Museu. 2005.
81
Ibid., op., cit.
82
Idem.
83
Encontramos apenas dois livros de registro: um que possui assinaturas de 1996 e 1997 e
outro de 2005 e 2006.

Fabiana Lopes da Cunha 197

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