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sid.inpe.br/mtc-m21c/2018/06.11.18.

44-TDI

UMA ESTRATÉGIA PARA TRATAMENTO DE FALHAS


SISTÊMICAS (FDIR) EM ACDHS DE SATÉLITES DE
PEQUENO E MÉDIO PORTE

Fernando Antonio Pessotta

Tese de Doutorado do Curso de


Pós-Graduação em Engenharia e
Tecnologia Espaciais/Engenharia
e Gerenciamento de Sistemas
Espaciais, orientada pelo Dr.
Marcelo Lopes de Oliveira e Souza,
aprovada em 24 de maio de 2018.

URL do documento original:


<http://urlib.net/8JMKD3MGP3W34R/3R9KC5P>

INPE
São José dos Campos
2018
PUBLICADO POR:

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE


Gabinete do Diretor (GBDIR)
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sid.inpe.br/mtc-m21c/2018/06.11.18.44-TDI

UMA ESTRATÉGIA PARA TRATAMENTO DE FALHAS


SISTÊMICAS (FDIR) EM ACDHS DE SATÉLITES DE
PEQUENO E MÉDIO PORTE

Fernando Antonio Pessotta

Tese de Doutorado do Curso de


Pós-Graduação em Engenharia e
Tecnologia Espaciais/Engenharia
e Gerenciamento de Sistemas
Espaciais, orientada pelo Dr.
Marcelo Lopes de Oliveira e Souza,
aprovada em 24 de maio de 2018.

URL do documento original:


<http://urlib.net/8JMKD3MGP3W34R/3R9KC5P>

INPE
São José dos Campos
2018
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Pessotta, Fernando Antonio.


P439e Uma estratégia para tratamento de falhas sistêmicas (FDIR)
em ACDHs de satélites de pequeno e médio porte / Fernando
Antonio Pessotta. – São José dos Campos : INPE, 2018.
xxviii + 261 p. ; (sid.inpe.br/mtc-m21c/2018/06.11.18.44-TDI)

Tese (Doutorado em Engenharia e Tecnologia


Espaciais/Engenharia e Gerenciamento de Sistemas Espaciais) –
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, São José dos Campos,
2018.
Orientador : Dr. Marcelo Lopes de Oliveira e Souza.

1. Tratamento de falhas. 2. FDIR. 3. Diagnose. 4. Modos de


falência. 5. ACDH. I.Título.
CDU 629.7.015:629.78

Esta obra foi licenciada sob uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 3.0 Não
Adaptada.

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 3.0 Unported


License.

ii
iv
AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais na pessoa do Dr. Mário


Luiz Selingardi, chefe da Divisão de Eletrônica Aeroespacial, pela
oportunidade, condições e recursos para o desenvolvimento deste trabalho.

Agradeço ao meu orientador, professor Dr. Marcelo Lopes de Oliveira e Souza


pela orientação deste trabalho; pelos fundamentos sobre os quais muito do
trabalho foi construído; pela dedicação e pelo entusiasmo demonstrados ao
longo de todo o desenvolvimento.

Agradeço aos meus colegas do Grupo Supervisão de Bordo da Divisão de


Eletrônica Aeroespacial:

Dr. Ronaldo Árias e Me. José Damião Duarte Alonso pelo apoio na análise do
tratamento de falhas nos programas brasileiros e no modelamento funcional
das funções de um ACDH;

Dr. Fabrício de Novaes Kucinskis pelas revisões e sugestões de melhorias


deste documento;

Mestre e doutorando Fabio Batagin Armelin pela implementação dos


simuladores utilizados neste trabalho;

Agradeço a Dra. Ana Paula de Sá Santos Rabello do Grupo de Engenharia da


Dependabilidade do Serviço da Engenharia da Qualidade pelo apoio na
utilização da FMEA.

v
vi
RESUMO

O objetivo deste trabalho é propor uma estratégia para o tratamento de falhas


sistêmicas (FDIR – Detecção, Isolação/Identificação e Recuperação de Falhas)
baseada na análise da arquitetura funcional do satélite, o que permite adiantar
o projeto do FDIR para o início da Fase B do Ciclo de Vida de satélites de
pequeno e médio porte, quando ainda é possível que as considerações de
FDIR tenham um impacto mais efetivo no projeto dos subsistemas e do satélite
como um todo. Para tanto, a arquitetura funcional é decomposta e os modos de
falência mais significativos das funções, assim como suas causas e efeitos são
identificados por meio de uma FMEA (Análise dos Modos de Falência e seus
Efeitos) funcional. O comportamento cinemático do sistema é descrito por meio
de grafo temporizado e os efeitos monitoráveis são identificados. Uma lógica
inversa para a isolação e/ou identificação dos modos de falência ativos é então
definida com base: a) na compatibilidade dos mapas de Karnaugh de causa e
efeito; b) na assinatura dos modos de falência no domínio espacial
(generalizável para os domínios temporal e informacional). A estratégia é
aplicada em um ACDH (Subsistema de Controle de Atitude e Tratamento de
Dados) típico, que tem como referência o ACDH em desenvolvimento para a
PMM (Plataforma Multimissão) e o satélite Amazônia. A arquitetura funcional
do subsistema, definida com base nos documentos disponíveis, é decomposta
em doze funções e cada uma dessas funções é decomposta em dois níveis
funcionais. A estratégia é aplicada à função „Fornecer tempo de bordo‟ do
ACDH considerando os modos de falência „Não fornece tempo de bordo‟ e
„Fornece tempo de bordo fora de especificação‟. Lógicas inversas para
detecção e diagnose com base na assinatura espacial dos modos de falência
são propostas e repetidamente simuladas em diferentes condições para
avaliação de seu desempenho. Em conclusão, o trabalho propõe uma
abordagem funcional que pode ser aplicada nas fases iniciais de
desenvolvimento, antecipando o tratamento de falhas sistêmicas da missão e
permitindo a adoção de soluções que podem melhorar o desempenho do FDIR,
o que pode, de acordo com a literatura, aumentar a autonomia e facilitar o
tratamento de falhas em sistemas complexos/altamente integrados. O trabalho
reinsere o tratamento de falhas em satélites como área de pesquisa no âmbito
do Grupo de Supervisão de Bordo (SUBORD) da Divisão de Eletrônica
Aeroespacial (DEA) do INPE.

Palavras-chave: Tratamento de falhas. FDIR. Diagnose. Modos de falência.


ACDH.

vii
viii
A STRATEGY FOR TREATMENT OF SYSTEMIC FAULTS (FDIR) IN ACDHs
OF SMALL AND MEDIUM SIZE SATELLITES

ABSTRACT

This work proposes a strategy for the treatment of systemic failures (FDIR –
Fault Detection Isolation/Identification and Recovery) based on satellite
functional architecture analysis, which allows to bring forward the FDIR project
to the beginning of small and medium satellites Phase B Life Cycle, when it is
still possible that FDIR considerations have a more effective impact on
subsystem and satellite design. For this, the functional architecture is
decomposed and the most significant functions failure modes, as well as their
causes and effects, are identified through a functional FMEA (Failure Mode and
Effects Analysis). The kinematic behavior of the system is described by means
of a timed graph and the monitorable effects are identified. An inverse logic for
the isolation and / or identification of active failure modes is then defined based
on: a) the compatibility of cause and effect Karnaugh maps; b) the signature of
the failure modes in the spatial domain (generalizable for the temporal and
informational domain). The strategy is applied on a typical ACDH (Attitude
Control and Data Handling Subsystem) subsystem, based on the ACDH under
development for the PMM (Multimission Platform) and the Amazon satellite. The
subsystem functional architecture, defined based on available documents, is
decomposed in twelve functions and each of these functions is decomposed in
two functional levels. The strategy is applied to the „Provide on-board time'
function considering the failure modes „Do not provide on-board time‟and
„Provide on-board time outside specification‟. Inverse logics based on failure
modes spatial signatures are proposed and repeatedly simulated in different
conditions for performance evaluation. In conclusion, the work proposes a
functional approach that can be applied on initial development phases,
anticipating the mission systemic failures treatment and allowing the adoption of
solutions that improve FDIR performance, which may, according to the
literature, increase autonomy and facilitate failures management in
complex/highly integrated systems. The work reinserts satellite failures
treatment as a research area within the Onboard Supervision Group (SUBORD)
of INPE Aerospace Electronic Division (DEA).

Key-Words: Failure handling. FDIR. Diagnosis. Failure modes. ACDH.

ix
x
LISTA DE FIGURAS

Pág.
Figura 1.1 – Estrutura do ACS com o supervisor para tratamento de falhas e as
interfaces de telecomando e telemetria do satélite Ørsted. ........... 2
Figura 1.2 – Exemplo de organização hierárquica de um FDIR. ........................ 3
Figura 1.3 – Arquitetura hierárquica dos processos aplicativos do satélite
TerraSAR X. ................................................................................... 4
Figura 2.1 – Classificação das naves espaciais pelo JHU/APL de acordo com
sua massa (sem combustível)...................................................... 14
Figura 2.2 – Classificação das naves espaciais pelo SSTP de acordo com sua
massa (sem propelente). ............................................................. 15
Figura 2.3 – Operação tradicional de uma nave espacial com FCPs e MTLs; e a
operação usando OBCPs. ........................................................... 22
Figura 2.4 – Exemplo de Arquitetura Federada................................................ 23
Figura 2.5 – Exemplo de Arquitetura IMA. ....................................................... 23
Figura 2.6 – Arquitetura tradicional do sistema com o subsistema OBDH e o
subsistema AOCS. ....................................................................... 25
Figura 2.7 – Arquitetura inovada do sistema com o subsistema ACDH. .......... 25
Figura 2.8 – Propagação do erro em sistemas computacionais. ...................... 30
Figura 2.9 – Encadeamento de falhas, erros e falências em sistemas
computacionais. ........................................................................... 31
Figura 2.10 – Encadeamento de eventos falha/falência no acidente do ônibus
espacial Columbia. .................................................................... 33
Figura 2.11 – Representação gráfica da integração de FMEAs de diferentes
níveis hierárquicos. .................................................................... 36
Figura 2.12 – Sumário das definições de FDI, FDD e FDIR. ............................ 40
Figura 2.13 – Desenvolvimento de um FDIR ao longo das fases do ciclo de
vida. ........................................................................................... 41
Figura 2.14 – Processo de gerenciamento de falhas como parte do processo de
engenharia de sistemas. ........................................................... 43
Figura 2.15 – Decomposição hierárquica funcional de um FDIR. .................... 47

xi
Figura 2.16 – Exemplo de hierarquia de FDIR para um satélite hipotético. ..... 49
Figura 2.17 – Arquitetura com capacidade decisória. ...................................... 51
Figura 2.18 – Diagrama de blocos da arquitetura Livingstone. ........................ 53
Figura 2.19 – Exemplo de um TFPG. ............................................................... 56
Figura 2.20 – Fluxo de trabalho para definição do repertório de falhas da
missão WISE. ............................................................................ 62
Figura 2.21 – Alocação de responsabilidades para proteção contra falhas na
Cassini. ...................................................................................... 65
Figura 2.22 – Diagrama de blocos da arquitetura do AACS FP. ...................... 67
Figura 2.23 – Diagrama de blocos do subsistema ACDH e suas principais
interfaces com subsistemas da Plataforma e Carga Útil. .......... 73
Figura 3.1 – Relação entre falha e falência. ..................................................... 79
Figura 3.2 – Relação entre falha, falência e efeito. .......................................... 79
Figura 3.3 – Processo de engenharia de sistemas. ......................................... 84
Figura 3.4 – Integração FMEA e TFPG em uma Arquitetura Hierárquica. ....... 88
Figura 3.5 – Causas dos modos de falência localizadas em regiões que podem
ser tratadas de forma independente. ........................................... 91
Figura 3.6 – Causas dos modos de falência intermitente e dos modos de
falência permanente localizadas na mesma região. .................... 91
Figura 3.7 – Exemplo de propagação de modos de falência pela estrutura do
sistema. ........................................................................................ 92
Figura 3.8 – Exemplo de propagação de modos de falência por uma rede
combinatória................................................................................. 94
Figura 3.9 – Representação funcional da propagação dos modos de falência. 95
Figura 3.10 – Representação da identificação do modo de falência ativo a partir
de sua assinatura. ..................................................................... 96
Figura 3.11 – Analogia entre função bijetora e propagação dos modos de
falência. ..................................................................................... 97
Figura 3.12 – Analogia entre função sobrejetora e propagação dos modos de
falência caracterizando a ambiguidade de assinaturas. ............ 98
Figura 3.13 – Desambiguação de assinaturas transformando a função
sobrejetora em bijetora. ............................................................. 98

xii
Figura 3.14 – (a) Efeito monitorado EM causado pela propagação mutuamente
exclusiva de MF1 e MF2. (b) Mapa de Karnaugh para o efeito E.
................................................................................................ 100
Figura 3.15 – (a) Adição do efeito monitorado E2M2 independente de MF1. (b)
Mapa de Karnaugh para os efeitos E1 e E2. ............................ 100
Figura 3.16 – (a) Mapa de compatibilidade da função OU Exclusivo
desambiguada. (b) Mapa de Karnaugh de MF1. (c) Mapa de
Karnaugh de MF2. ................................................................... 101
Figura 3.17 – (a) Efeito monitorado EM causado pela propagação inclusiva de
MF1 e MF2; (b) Mapa de Karnaugh para o efeito E.................. 102
Figura 3.18 – (a) Adição do efeito monitorado E1M1 independente de MF2.e de
E2M2 independente de MF1; (b) Mapa de Karnaugh para os
efeitos E1, E2 e E3. ................................................................... 103
Figura 3.19 – (a) Mapa de compatibilidade da função OU inclusivo
desambiguada. (b) Mapa de Karnaugh de MF1. (c) Mapa de
Karnaugh de MF2. ................................................................... 104
Figura 3.20 – (a) Efeito monitorado EM causado pela propagação conjuntiva de
MF1 e MF2; (b) Mapa de Karnaugh para o efeito E.................. 104
Figura 3.21 – (a) Adição do efeito monitorado E1M1 independente de MF2 e de
E2M2 independente de MF1; (b) Mapa de Karnaugh para os
efeitos E1, E2 e E3. ................................................................... 105
Figura 3.22 – (a) Mapa de compatibilidade da função E desambiguada. (b)
Mapa de Karnaugh de MF1. (c) Mapa de Karnaugh de MF2.... 106
Figura 3.23 – Analogia entre função injetora e a propagação dos modos de
falência. ................................................................................... 107
Figura 3.24 – Analogia entre função bijetora e o monitoramento de efeitos
quando os monitores não apresentam falências. .................... 108
Figura 3.25 – Analogia entre função bijetora e o monitoramento de efeitos: (a)
quando a falência do monitor causa ambiguidade na assinatura;
ou (b) quando a falência do monitor causa assinatura que não
faz parte da imagem da função direta. .................................... 109

xiii
Figura 3.26 – Fluxograma básico de lógica acionada por evento para isolação
e/ou identificação por diferença de assinaturas. ...................... 111
Figura 3.27 – Fluxograma básico de lógica acionada temporalmente para
isolação e/ou identificação por diferença de assinaturas. ....... 112
Figura 3.28 – Fluxograma básico de lógica que combina acionamento por
evento e acionamento temporal para isolação e/ou identificação
por diferença de assinaturas após a propagação dos modos de
falência. ................................................................................... 113
Figura 3.29 – Fluxograma básico para isolação e/ou identificação com critério
de biunivocidade. ..................................................................... 114
Figura 3.30 – Fluxograma básico para isolação e/ou identificação com critério
de biunivocidade e verificação de precedência. ...................... 115
Figura 3.31 – Fluxograma básico para isolação e/ou identificação combinando
os domínios espacial e temporal. ............................................ 116
Figura 4.1 – Nível 1 e nível 2 da arquitetura funcional hierárquica do
subsistema ACDH. ..................................................................... 124
Figura 4.2 - Decomposição funcional da função „Fornecer Tempo de Bordo‟. 127
Figura 4.3 – Classificação de comandos de acordo com sua origem, forma de
distribuição e tempo de atuação. ............................................... 131
Figura 4.4 – Decomposição funcional da função „Fornecer Comando Direto‟.133
Figura 4.5 – Decomposição funcional da função Fornecer Comando Roteado
Imediato. .................................................................................... 136
Figura 4.6 – Decomposição das funções do subsistema ACDH. ................... 139
Figura 4.7 – Arquitetura funcional hierárquica do subsistema ACDH. ............ 140
Figura 4.8 – Diagrama de propagação para função „Fornecer Tempo de Bordo‟
no nível 1. .................................................................................. 162
Figura 4.9 – Diagrama de propagação da função „Fornecer Tempo de Bordo‟ no
nível 2. ....................................................................................... 165
Figura 4.10 – Diagrama de propagação para função „Fornecer Tempo de
Bordo‟ no nível 3 ...................................................................... 167
Figura 4.11 – Diagrama de propagação da função „Fornecer Tempo de Bordo‟
reduzida. .................................................................................. 171

xiv
Figura 4.12 – Diagrama de propagação da função „Fornecer Tempo de Bordo‟
reduzida com os pseudos modos falência. .............................. 173
Figura 4.13 – Mapa de Karnaugh da assinatura espacial dos modos e pseudo
modo de falência da função „Fornecer Tempo de Bordo‟
reduzida. .................................................................................. 174
Figura 4.14 – Mapa de compatibilidade da função „Fornecer Tempo de Bordo‟
reduzida. .................................................................................. 175
Figura 4.15 – Mapa de Karnaugh para (a) MF1, (b) MF2, (c) MF3, (d) MF4 e (e)
MF1’. ....................................................................................... 176
Figura 4.16 – Diagrama de propagação de um caso da literatura.................. 178
Figura 4.17 – Decomposição do diagrama de propagação do caso da literatura:
a) subdiagrama da propagação de MF1; b) subdiagrama da
propagação de MF2; c) subdiagrama da propagação de MF3;
subdiagrama da propagação de MF4. ..................................... 179
Figura 4.18 – Diagrama de propagação do caso da literatura reduzido. ........ 181
Figura 4.19 – Mapa de Karnaugh da assinatura espacial do caso da literatura
reduzido. .................................................................................. 182
Figura 4.20 – Diagrama de propagação do caso da literatura reduzido
desambiguado. ........................................................................ 182
Figura 4.21 – Mapa de Karnaugh da assinatura espacial do caso da literatura
reduzido desambiguado. ......................................................... 183
Figura 4.22 – Mapa de compatibilidade do caso da literatura reduzido
desambiguado. ........................................................................ 184
Figura 4.23 – Mapas de Karnaugh para: (a) MF1; (b) MF2; (c) MF3; (d) MF4.
................................................................................................ 185
Figura 4.24 – Modelamento da falência de monitores como falso positivo e falso
negativo. .................................................................................. 186
Figura 5.1 – Janela principal do GTKWave com formas de onda da simulação
da função „Fornecer Tempo de Bordo‟. ...................................... 189
Figura 5.2 – Janela do Notepad++ com trecho inicial do código VHDL da
simulação da função „Fornecer Tempo de Bordo‟. ..................... 190

xv
Figura 5.3 – Sumário dos resultados corretos da diagnose da função „Fornecer
Tempo de Bordo‟ quando nenhum dos monitores apresenta
falência. ...................................................................................... 199
Figura 5.4 – Sumário dos resultados corretos da diagnose da função „Fornecer
Tempo de Bordo‟ quando um dos monitores apresenta falência.
................................................................................................... 200
Figura 5.5 – Sumário dos resultados corretos da diagnose da função „Fornecer
Tempo de Bordo‟ quando dois dos monitores apresentam falência.
................................................................................................... 201
Figura 5.6 – Sumário dos resultados corretos da diagnose do caso da literatura
quando nenhum dos monitores apresenta falência.................... 204
Figura 5.7 – Sumário dos resultados corretos da diagnose do caso da literatura
quando um dos monitores apresenta falência. .......................... 205
Figura 5.8 – Sumário dos resultados corretos da diagnose do caso da literatura
quando dois dos monitores apresentam falência. ...................... 207
Figura A.1 – Decomposição funcional da função Fornecer Comando Roteado
Temporizado. ............................................................................. 228
Figura A.2 – Decomposição funcional da função „Fornecer Comando Imediato‟.
................................................................................................... 230
Figura A.3 – Decomposição funcional da função „Fornecer Comandos
Temporizados‟............................................................................ 232
Figura A.4 – Classificação de telemetrias de acordo com a origem e o tempo de
transmissão. ............................................................................... 233
Figura A.5 – Decomposição funcional da função „Fornecer Telemetria Tempo
Real‟. .......................................................................................... 235
Figura A.6 – Decomposição funcional da função „Fornecer Telemetria
Armazenada‟. ............................................................................. 237
Figura A.7 – Decomposição funcional da função Estimar Atitude. ................. 238
Figura A.8 – Decomposição funcional da função „Propagar Órbita‟. .............. 240
Figura A.9 – Decomposição funcional da função „Comandar Atuadores‟. ...... 243
Figura A.10 – Decomposição funcional da função „Gerenciar Modos e
Transições‟. .............................................................................. 245

xvi
LISTA DE TABELAS

Pág.
Tabela 2.1 – Classificação de satélites proposta por Martin N Sweeting em
1991. ........................................................................................... 13
Tabela 2.2 – Classificação de satélites de acordo com a massa. .................... 16
Tabela 2.3 – Comparação de satélites de observação ótica da Terra de
pequeno, médio e grande porte. ................................................. 17
Tabela 2.4 – Níveis de autonomia para a execução da missão. ...................... 27
Tabela 2.5 – Níveis de autonomia para o gerenciamento de dados. ............... 27
Tabela 2.6 – Níveis de autonomia para o gerenciamento de falhas a bordo. .. 28
Tabela 2.7 – Detecção e recuperação de falhas nos níveis hierárquicos do
FDIR. ........................................................................................... 50
Tabela 2.8 – Detecção de Falências e Recuperação do Subsistema OBDH dos
Satélites CBERS ......................................................................... 71
Tabela 2.9 – Sumário do tratamento de falhas da Plataforma nas missões
CBERS. ....................................................................................... 72
Tabela 2.10 – Sumário do tratamento de falhas da Plataforma no satélite
Amazonia 1. .............................................................................. 74
Tabela 2.11 – Sumário das arquiteturas e métodos analisados nesta revisão. 75
Tabela 3.1 – Macroprocessos que Implementam os Subsistemas OBDH e
AOCS. ......................................................................................... 81
Tabela 3.2 - Modelos de tratamento de dados de falhas ................................. 86
Tabela 3.3 – Avaliação da Originalidade da Proposta.................................... 119
Tabela 4.1 – Análise Funcional Hierárquica dos Efeitos dos Modos de
Falências da Função „Fornecer Tempo de Bordo‟. ................... 143
Tabela 4.2 – Análise Funcional Hierárquica dos Efeitos dos Modos de
Falências da Função „Fornecer Comando Direto'. .................... 147
Tabela 4.3 – Análise Funcional Hierárquica dos Efeitos dos Modos de
Falências da Função „Fornecer Comando Roteado Imediato‟. . 149

xvii
Tabela 4.4 – Falhas Identificadas na FMEA Funcional do ACDH para as
Funções „Fornecer tempo de bordo‟, „Fornecer comando direto‟,
„Fornecer comando roteado imediato‟. ...................................... 155
Tabela 4.5 – Assinatura no domínio dos modos de falência da função „Fornecer
Tempo de Bordo‟. ...................................................................... 170
Tabela 4.6 – Assinaturas e Isolação/identificação dos modos de falência da
função „Fornecer Tempo de Bordo‟ reduzida. ........................... 172
Tabela 4.7 – Agrupamento dos dos modos de falência da função „Fornecer
Tempo de Bordo‟ reduzida em pseudos modos de falência...... 173
Tabela 4.8 – Assinaturas no domínio espacial dos modos de falência do caso
da literatura. .............................................................................. 180
Tabela 5.1 – Resultados das simulações da lógica proposta para a diagnose
por diferença de assinaturas e detecção por eventos. .............. 192
Tabela 5.2 – Resultados das simulações da lógica proposta para a diagnose
por biunivocidade e detecção por eventos. ............................... 193
Tabela 5.3 – Resultados das simulações da lógica proposta para a diagnose
por biunivocidade e verificação de precedência e detecção por
eventos...................................................................................... 193
Tabela 5.4 – Resultados das simulações da lógica proposta para a diagnose
por diferença de assinaturas aplicada após a propagação das
falências e detecção por eventos. ............................................. 194
Tabela 5.5 – Resultados das simulações da lógica proposta para a diagnose
por diferença de assinaturas e detecção por amostragem
periódica.................................................................................... 195
Tabela 5.6 – Resultados das simulações da lógica proposta para a diagnose
por biunivocidade e detecção por amostragem periódica. ........ 195
Tabela 5.7 – Resultados das simulações da lógica proposta para a diagnose
por biunivocidade e verificação de precedência e detecção por
amostragem periódica. .............................................................. 196
Tabela 5.8 – Resultados das simulações da lógica proposta para a diagnose
por diferença de assinaturas aplicada após a propagação das
falências e detecção por amostragem periódica. ...................... 196

xviii
Tabela 5.9 – Sumário dos resultados corretos da diagnose da função „Fornecer
Tempo de Bordo‟. ...................................................................... 197
Tabela 5.10 – Sumário dos tempos médios necessários para a diagnose
correta da função „Fornecer Tempo de Bordo‟ pelas lógicas
propostas. ............................................................................... 198
Tabela 5.11 – Sumário dos resultados corretos da diagnose do caso da
literatura. ................................................................................. 202
Tabela 5.12 – Sumário dos tempos médios necessários para a diagnose
correta do caso da literatura pelas lógicas propostas. ............ 203
Tabela B.1 – Análise Funcional Hierárquica dos Efeitos dos Modos de
Falências da Função „Fornecer Comando Roteado Temporizado‟
.................................................................................................. 247
Tabela B.2 – Análise Funcional Hierárquica dos Efeitos dos Modos de
Falências da Função „Fornecer Comandos Imediatos‟ ............. 248
Tabela B.3 – Análise Funcional Hierárquica dos Efeitos dos Modos de
Falências da Função „Fornecer Comandos Temporizados‟ ...... 249
Tabela B.4 – Análise Funcional Hierárquica dos Efeitos dos Modos de
Falências da Função „Fornecer Telemetria de Tempo Real‟ ..... 250
Tabela B.5 – Análise Funcional Hierárquica dos Efeitos dos Modos de
Falências da Função „Fornecer Telemetria Armazenada‟ ......... 251
Tabela B.6 – Análise Funcional Hierárquica dos Efeitos dos Modos de
Falências da Função „Estimar Atitude‟ ...................................... 252
Tabela B.7 – Análise Funcional Hierárquica dos Efeitos dos Modos de
Falências da Função „Propagar Órbita‟ ..................................... 253
Tabela B.8 – Análise Funcional Hierárquica dos Efeitos dos Modos de
Falências da Função „Comandar Atuadores‟ ............................ 257
Tabela B.9 – Análise Funcional Hierárquica dos Efeitos dos Modos de
Falências da Função „Gerenciar Modos e Transições‟.............. 258
Tabela C.1 – Análise Funcional/Física dos Efeitos dos Modos de Falências da
Função „Prover Processamento‟ ............................................... 259

xix
xx
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACDH Attitude Control and Data Handling Subsystem – Subsistema de


Controle de Atitude e Tratamento de Dados
ADM-Aeolus Atmospheric Dynamics Mission Aeolus Satellite
AOCS Attitude and Orbit Control Subsystem – Subsistema de Controle
de Atitude e Órbita
CAST Chinese Academy of Space Technology
CBERS China-Brazil Earth Resources Satellite
CMD Comando
CMDtemp Comando Temporizado
ECSS European Cooperation for Space Standardization
EMI Electromagnetic Interference
EQUARS Equatorial Atmosphere Research Satellite
ESA European Space Agency
FCP Flight Control Procedures
FDD Fault Detection and Diagnosis – Detecção e Diagnose de Falha
FDI Fault Detection and Isolation – Detecção e Isolação de Falhas
FDIR Fault Detection Isolation/Identification and Recovery – Detecção,
Isolação/Identificação e Recuperação de Falhas
FM Fault Management (NASA-HDBK-1002) – Gerenciamento de
Falhas
FMEA Failure Mode and Effects Analysis (NASA-HDBK-1002) –
Análise dos Modos de Falência e seus Efeitos
FMECA Failure Modes, Effects and Criticality Analysis (ECSS-E-ST 70-
11) – Análise dos Modos de Falência, seus Efeitos e Criticidade
FP Fault Protection – Proteção contra Falhas
FTA Fault Tree Analysis (NASA-HDBK-1002) – Análise da Árvore de
Falha
GOCE Gravity field and steady-state Ocean Circulation Explorer
Satellite
GTEO Global Terrestrial Ecosystem Observatory
IEEE Instituto dos Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos
IFAC International Federation of Automatic Control
IFIP International Federation for Information Processing
INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

xxi
JPL Jet Propulsion Laboratory
MECB Missão Espacial Completa Brasileira
MIRAX Monitor e Imageador de Raios X
MTL Mission Time Line
NASA National Aeronautics and Space Administration – Administração
Nacional da Aeronáutica e Espaço
OAO-C Orbiting Astronomical Observatory C Satellite
OBCP On-Board Control Procedure
OBDH On-Board Data Handling Subsystem
PMM Plataforma Multimissão – Multimission Platform
PSS Power Supply Subsystem
PUS Packet Utilization Standard
RM Gerenciamento de Redundâncias – Redundancy Management
RT Referência de Tempo
SACI Satélite de Aplicações Científicas
SCD Satélite de Coleta de Dados
SEU Single Event Upset
S/S Subsistema
TB Tempo de Bordo
TC Telecomando
TFPG Timed Failure Propagation Graph
TM Telemetria
TMarmz Telemetria Armazenada
WG Working Group

xxii
SUMÁRIO

Pág.
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 1
1.1 Contexto ........................................................................................................... 1
1.2 Motivações e Justificativas ............................................................................... 5
1.2.1 Tratamento Tardio de Falhas Sistêmicas ...................................................... 5
1.2.1.1 Problema ............................................................................................ 5
1.2.1.2 Motivação – Antecipação do Tratamento de Falhas Sistêmicas ........ 6
1.2.2 Baixa Autonomia Operacional ....................................................................... 6
1.2.2.1 Problema ............................................................................................ 6
1.2.2.2 Motivação – Aumento da Autonomia .................................................. 7
1.2.3 Dificuldade em Tratar Falhas de Sistemas Complexos e/ou Integrados ....... 8
1.2.3.1 Problema ............................................................................................ 8
1.2.3.2 Motivação – Tratamento de Falhas de Sistemas Complexos
e/ou Altamente Integrados ................................................................. 8
1.2.4 Impactos Negativos na Área Espacial........................................................... 9
1.2.4.1 Problema ............................................................................................ 9
1.2.4.2 Motivação – Prevenção de Impactos Negativos nas Missões ............ 9
1.3 Objetivo .......................................................................................................... 10
1.4 Originalidade, Generalidade e Utilidade ......................................................... 10
1.5 Organização do Trabalho ............................................................................... 11
2 CONCEITOS BÁSICOS E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................... 13
2.1 Classes de Satélites ....................................................................................... 13
2.2 Ciclo de Vida de uma Missão Espacial ........................................................... 17
2.3 Operação de Missões Espaciais .................................................................... 18
2.4 Subsistema ACDH .......................................................................................... 22
2.5 Autonomia ...................................................................................................... 25
2.6 Falha, Erro e Falência (“Fault, Error and Failure”) .......................................... 28
2.7 FMEA/FMECA ................................................................................................ 34
2.7.1 FMEA Funcional.......................................................................................... 37
2.7.2 Modos de Falência de uma Função ............................................................ 37

xxiii
2.8 FDIR (Fault Detection, Isolation and Recovery) ............................................. 38
2.8.1 Introdução ................................................................................................... 38
2.8.2 Detecção, Isolação, Identificação e Recuperação ...................................... 39
2.8.3 Processo de Desenvolvimento do Tratamento de Falhas (FDIR) ............... 40
2.8.4 Recursos e Mecanismos de um FDIR......................................................... 44
2.8.4.1 Redundância .................................................................................... 44
2.8.4.2 Modo Seguro de Operação .............................................................. 45
2.8.5 Estratégias de FDIR .................................................................................... 45
2.8.6 Arquiteturas de FDIR .................................................................................. 46
2.8.6.1 Arquiteturas Hierárquicas ................................................................. 46
2.8.6.2 Arquitetura com Capacidade Decisória ............................................ 50
2.8.7 Métodos de Detecção, Isolação, Identificação e Recuperação ................... 51
2.8.7.1 Métodos Baseados em Modelos ...................................................... 52
2.8.7.2 Métodos que Utilizam Redes Bayesianas ........................................ 53
2.8.7.3 Métodos que Utilizam Lógica Fuzzy ................................................. 54
2.8.7.4 Métodos Baseados em Automação Cognitiva .................................. 54
2.8.7.5 Métodos Baseados em TFPG (Timed Failure Propagation
Graph) .............................................................................................. 55
2.8.7.6 Trabalhos Desenvolvidos no INPE ................................................... 58
2.8.8 Algumas Estratégias de FDIR Utilizadas em Missões Espaciais ................ 58
2.8.8.1 Satélite Ørsted .................................................................................. 58
2.8.8.2 Satélite WISE ................................................................................... 60
2.8.8.3 Missão Cassini-Huygens .................................................................. 63
2.8.8.4 Formação de Satélites TerraSAR-X e TanDEM-X ........................... 68
2.8.8.5 Formação Autônoma de Satélites .................................................... 69
2.8.8.6 Satélites CBERS 3&4 ....................................................................... 69
2.8.8.7 PMM e o Satélite Amazonia 1 .......................................................... 72
2.8.9 Sumário das Arquiteturas e Métodos de FDIR Revistos ............................. 74
3 PROPOSTA DE ESTRATÉGIA PARA O TRATAMENTO DE FALHAS ....... 79
3.1 Conceitos de Falha, Erro e Falência usados neste Trabalho ......................... 79
3.2 Implicações do Tratamento de Falhas Sistêmicas na Fase C da Missão,
como atualmente adotado no INPE ............................................................... 80

xxiv
3.3 Abordagens para a Definição da Estratégia ................................................... 83
3.3.1 Descrição Funcional da Arquitetura do Subsistema.................................... 83
3.3.2 Descrição do Comportamento do Sistema por meio de Modelos de
Falhas ......................................................................................................... 85
3.3.3 Tratamento de Falências Funcionais .......................................................... 88
3.3.3.1 Modo de Falência „Não Realizar a Função‟ ...................................... 88
3.3.3.2 Modo de Falência „Realizar a Função Fora de Especificação‟ ......... 89
3.3.3.3 Modo de Falência „Realizar a Funcão Intermitentemente‟ ............... 89
3.3.4 Abordagem por Teoria e Análise para a Diagnose de Falências no
Domínio Espacial ........................................................................................ 91
3.3.4.1 Hipóteses para a Diagnose de Falências no Domínio Espacial ....... 93
3.3.4.2 Propagação e Diagnose no Domínio Espacial Modeladas como
Funções Direta e Inversa ................................................................. 95
3.3.5 Abordagem por Modelagem e Simulação para a Diagnose de
Falências no Domínio Espacial ................................................................. 109
3.3.5.1 Lógica para Isolação e/ou Identificação por Diferença de
Assinaturas..................................................................................... 110
3.3.5.2 Lógica para Isolação e/ou Identificação por Biunivocidade ............ 113
3.3.5.3 Lógica para Isolação e/ou Identificação por Biunivocidade e
Verificação de Precedência ............................................................ 114
3.3.5.4 Isolação e/ou Identificação nos Domínios Espacial / Temporal...... 115
3.4 Sumário da Estratégia para o Tratamento de Falhas Sistêmicas ................. 116
3.5 Avaliação da Originalidade da Proposta ....................................................... 118
4 APLICAÇÃO DA ESTRATÉGIA A UM ACDH BASEADO NA PMM DO
INPE, E A UM CASO DA LITERATURA ...................................... 123
4.1 Aplicação da Estratégia a um ACDH baseado na PMM do INPE ................. 123
4.1.1 Arquitetura Funcional do ACDH ................................................................ 123
4.1.1.1 Funções do ACDH ......................................................................... 123
4.1.1.2 Função „Fornecer Tempo de Bordo‟ ............................................... 125
4.1.1.3 Função „Fornecer Comandos‟ ........................................................ 130
4.1.1.4 Comandos Gerados em Solo ......................................................... 131
4.1.1.5 Consolidação da Arquitetura Funcional do ACDH .......................... 138

xxv
4.1.2 FMEA Funcional Hierárquica do ACDH .................................................... 141
4.1.3 Repertório de Falhas do ACDH ................................................................ 154
4.1.4 Tratamento da Função „Fornecer Tempo de Bordo‟ ................................. 155
4.1.4.1 Comportamento Cinemático do ACDH na Presença de
Falências da Função „Fornecer Tempo de Bordo‟ .......................... 156
4.1.4.2 Detecção e Diagnose ..................................................................... 168
4.1.5 Aplicação da Abordagem por Modelagem e Simulação............................ 170
4.1.6 Aplicação da Abordagem por Teoria e Análise ......................................... 171
4.2 Aplicação da Estratégia a um Caso da Literatura ......................................... 177
4.2.1 Abordagem por Modelagem e Simulação ................................................. 177
4.2.2 Abordagem por Teoria e Análise .............................................................. 180
5 VALIDAÇÃO DA ESTRATÉGIA PARA O TRATAMENTO DE FALHAS .... 187
5.1 Ambiente de Modelagem e Simulação ......................................................... 187
5.1.1 Simulador GHDL ....................................................................................... 187
5.1.2 Visualizador GTKWave ............................................................................. 188
5.1.3 Notepad++ ................................................................................................ 189
5.1.4 GNU Make ................................................................................................ 190
5.2 Principais Características do Simulador das Lógicas de Detecção e
Diagnose ..................................................................................................... 190
5.3 Resultados das Simulações ......................................................................... 191
5.3.1 Resultados da Simulação da Função „Fornecer Tempo de Bordo‟ ........... 192
5.3.2 Resultados das Simulações de um Caso da Literatura............................. 194
5.4 Análise dos Resultados das Simulações ...................................................... 197
5.4.1 Análise dos Resultados Obtidos para a Função „Fornecer Tempo de
Bordo‟........................................................................................................ 197
5.4.1.1 Nenhuma Falência de Monitor ....................................................... 198
5.4.1.2 Uma Falência de Monitor ............................................................... 200
5.4.1.3 Duas Falências de Monitor ............................................................. 201
5.4.2 Análise dos Resultados Obtidos para o Caso da Literatura ...................... 202
5.4.2.1 Nenhuma Falência de Monitor ....................................................... 203
5.4.2.2 Uma Falência de Monitor ............................................................... 204
5.4.2.3 Duas Falências de Monitor ............................................................. 206

xxvi
6 CONCLUSÕES ............................................................................................ 209
6.1 Contribuições ................................................................................................ 209
6.2 Sugestões para Trabalhos Futuros .............................................................. 210
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 213
APÊNDICE A – DECOMPOSIÇÃO FUNCIONAL DAS FUNÇÕES DO ACDH
(CONTINUAÇÃO) ......................................................................... 227
A.1 Comandos Gerados em Solo (Continuação) .................................................... 227
A.1.1 Função „Fornecer Comandos Roteados Temporizados‟ ................................ 227
A.2 Comandos Gerados em Bordo ......................................................................... 228
A.2.1 Função „Fornecer Comandos Imediatos‟ ....................................................... 228
A.2.2 Função „Fornecer Comandos Temporizados‟ ................................................ 230
A.3 Função „Fornecer Telemetrias‟ ......................................................................... 232
A.3.1 Classificação das Telemetrias e Caracterização dos seus Modos de
Falência ....................................................................................................... 232
A.3.2 Função „Fornecer Telemetrias de Tempo Real‟ ............................................. 233
A.3.3 Função „Fornecer Telemetrias Armazenadas‟ ............................................... 235
A.4 Função „Estimar Atitude‟ ................................................................................... 237
A.5 Função „Propagar Órbita‟ .................................................................................. 239
A.6 Função „Comandar Atuadores‟ ......................................................................... 242
A.7 Função „Gerenciar Modos e Transições‟........................................................... 243
APÊNDICE B – FMEA FUNCIONAL HIERÁRQUICA DO ACDH
(CONTINUAÇÃO) ......................................................................... 247
APENDICE C – FMEA FUNCIONAL/FÍSICA DA FUNÇÃO „PROVER
PROCESSAMENTO‟ .................................................................... 259

xxvii
xxviii
1 INTRODUÇÃO

1.1 Contexto

No início da exploração do espaço por meio de veículos espaciais, a


responsabilidade pelas tarefas operacionais da missão era concentrada no
Segmento Solo. A utilização de computadores embarcados, iniciada em 1964
com a missão Gemini IV e introduzida em missões não tripuladas em 1972,
com o satélite Orbiting Astronomical Observatory C (OAO-C) (TOMAYKO,
1988), permitiu ao Segmento Solo transferir tarefas operacionais para o
Segmento Espacial, onde passaram a ser executadas de forma autônoma. O
satélite Landsat 2, por exemplo, lançado em 1975, já realizava a bordo o
tratamento de telecomandos temporizados e verificava se as telemetrias
estavam dentro de seus limites (TOMAYKO, 1988).

Desde então, mais e mais tarefas têm sido progressivamente transferidas para
o Segmento Espacial, e a necessidade de operações autônomas avançadas
em espaçonaves vem aumentando significativamente. Esta necessidade não
se restringe às missões interplanetárias, onde a autonomia é um requisito
essencial, mas está também presente em missões em órbita do planeta, como
as de observação da Terra, em vista do interesse crescente na redução dos
custos operacionais dessas missões (GESSNER et al., 2004).

Nesse contexto, o gerenciamento de falhas a bordo é essencial para uma


espaçonave (GESSNER et al., 2004; OLIVE, 2010) e sua implementação deve
ser compatível com o nível de autonomia adotado para a missão.

O gerenciamento de falhas a bordo é baseado no paradigma Detecção,


Isolação/Identificação e Recuperação de Falhas (Fault Detection,
Isolation/Identification and Recovery - FDIR), o qual provê para o segmento
espacial a capacidade de sobreviver a situações críticas de forma autônoma,
sem a intervenção do segmento solo.

1
As estratégias (arquiteturas + métodos) de FDIR variam fortemente com os
tipos e cenários das missões e os benefícios esperados com relação aos
requisitos de custo, desempenho e disponibilidade.

As estratégias de FDIR, ou seja, as arquiteturas mais os métodos de deteção,


isolação e recuperação, mais antigas são usualmente baseadas numa
arquitetura hierárquica, composta por até três camadas, onde o tratamento de
falhas é concentrado no nível mais alto. Em Bøgh e Blanke (1997), por
exemplo, é apresentado o subsistema Attitude Control System (ACS) tolerante
a falhas do 1º satélite dinamarquês – o Ørsted. Bøgh e Blanke (1997)
apresentam a arquitetura do FDIR e descrevem suas funções e operação,
assim como as conexões internas ao ACS e as conexões com o subsistema
Command and Data Handler (C&DH). A Figura 1.1 mostra a estrutura do ACS
com o supervisor para tratamento de falhas e as interfaces de telecomando e
telemetria.

Figura 1.1 – Estrutura do ACS com o supervisor para tratamento de falhas e as


interfaces de telecomando e telemetria do satélite Ørsted.

Fonte: Adaptado de Bøgh e Blanke (1997).

2
As estratégias de FDIR mais recentes são usualmente baseadas numa
arquitetura hierárquica multicamada e distribuída, onde cada nível realiza sua
própria detecção, isolação/identificação e recuperação de falhas de acordo com
métodos específicos. Se não for possível a recuperação da falha no nível em
que a mesma ocorreu, a responsabilidade passa para o nível imediatamente
acima e, assim, sucessivamente (SCHWAB et al., 2012). A Figura 1.2
apresenta um exemplo de organização das camadas hierárquicas de um FDIR.

Figura 1.2 – Exemplo de organização hierárquica de um FDIR.

Fonte: Adaptado de Eickhoff (2012) e Pasquet et al. (2015).

Em Schwab et al. (2012), por exemplo, é apresentado o FDIR da formação


composta pelos satélites de observação por radar TerraSAR-X e TanDEM-X. O
trabalho apresenta o FDIR global da formação, o qual é composto pelo
Segmento Solo e pelo Segmento Bordo. Com foco nos satélites, Schwab et al.
(2012) descrevem a arquitetura e a operação de seus FDIRs. A arquitetura do
FDIR é baseada numa concepção multicamada, hierárquica e distribuída na
qual cada camada realiza sua própria detecção, isolação e recuperação. A
Figura 1.3 mostra a arquitetura multicamada, hierárquica e distribuída dos

3
processos aplicativos que incluem as aplicações específicas de FDIR. Estes e
outros casos são tratados com mais detalhes na Seção 2.6.

Figura 1.3 – Arquitetura hierárquica dos processos aplicativos do satélite TerraSAR X.

Fonte: Adaptado de Schwab et al. (2012).

De acordo com Wander e Fostner (2012), embora as estratégias de FDIR


atualmente utilizadas no domínio espacial pareçam adequadas tanto para
missões de observação da Terra, onde a intervenção humana no caso de
falhas inesperadas pode ser realizada várias vezes ao longo do dia, como para
satélites de comunicação, onde a abordagem “falha com segurança” (fail safe)
tem sido adotada com sucesso, as estratégias convencionais de FDIR usadas
no espaço apresentam deficiências significativas como a frequente falta de
isolação de falhas, observabilidade parcial do estado real do sistema e falta de
conhecimento a bordo da capacidade operacional geral do sistema. Além
dessas deficiências, a escolha conservadora de valores de limiares para
verificação de limites de parâmetros acaba por provocar a colocação da nave
no modo seguro desnecessariamente, acarretando um excessivo tempo fora de
operação das missões.

4
1.2 Motivações e Justificativas

Com experiência que vai de microssatélites a satélites de grande porte, o


desenvolvimento de satélites no Brasil pelo INPE teve início com o programa
Missão Espacial Completa Brasileira - MECB, que produziu os satélites de
pequeno porte da série Satélite de Coleta de Dados - SCD (SCD-1, SCD-2 e
SCD-2A). A seguir, em cooperação com a China, o programa China Brazil
Earth Resources Satellite – CBERS produziu até o momento cinco satélites de
grande porte, CBERS-1, CBERS-2, CBERS-2B, CBERS-3 e CBERS-4, e um
sexto, o satélite CBERS-4A encontra-se em desenvolvimento.

Em paralelo com o satélite CBERS-1, foi desenvolvido o projeto Satélite de


Aplicações Científicas – SACI que resultou nos microssatélites SACI-1 e SACI-
2. A partir do ano 2000, o Brasil iniciou o desenvolvimento da Plataforma
Multimissão – PMM com o objetivo de ser utilizada em satélites de médio porte
para aplicações científicas e de observação da Terra. O satélite de observação
da Terra Amazonia-1, primeiro a utilizar a plataforma PMM, encontra-se
atualmente em fase de desenvolvimento.

Com a experiência acumulada ao longo dessas missões é possível identificar


pelo menos quatro problemas que são motivações para o desenvolvimento
desta tese.

1.2.1 Tratamento Tardio de Falhas Sistêmicas

1.2.1.1 Problema

O tratamento das falhas sistêmicas nas missões brasileiras tem, como regra
geral, seu início na fase C da missão (definição detalhada do projeto). O
conceito de ciclo de vida de uma missão espacial e suas fases é tratado com
mais detalhes na seção 2.2 deste trabalho. O tratamento de falhas na fase C
impõe restrições no estabelecimento de estratégias para a missão. As
estratégias propostas nesta fase para o tratamento de falhas sistêmicas têm
como principal recurso o uso de réplicas dos equipamentos. A adição
generalizada de redundâncias pode, em função de seu custo, não ser a melhor

5
estratégia ou mesmo não ser uma solução viável para satélites de pequeno e
médio porte.

1.2.1.2 Motivação – Antecipação do Tratamento de Falhas Sistêmicas

O gerenciamento de falhas deve seguir as fases do ciclo de vida da missão e


os processos de engenharia de sistemas, acoplado ao desenvolvimento do
sistema nominal (NASA, 2012; GESSNER et al., 2004).

Agências como a NASA (National Aeronautics and Space Administration) e a


ESA (European Space Agency) recomendam iniciar o processo de
gerenciamento de falhas das missões espaciais já na primeira fase do ciclo de
vida da missão, ou seja, na Fase 0 (análise da missão e definição de
requisitos), de acordo com o ECSS (European Cooperation for Space
Standardization), (ECSS, 2009b) ou na Pré-Fase A (estudos conceituais), de
acordo com NASA (2012).

No entanto, de acordo com Alana et al. (2012), a definição e o projeto de um


FDIR são frequentemente realizados nas últimas etapas de um projeto devido
aos seus fortes vínculos com outras partes do sistema, prejudicando dessa
forma uma eventual maturidade do FDIR.

A definição tardia do FDIR é um problema que ocorre também nas missões


brasileiras onde as estratégias sistêmicas de tratamento de falhas são
definidas na fase C do ciclo de vida da missão (seção 3.2). A primeira
motivação deste trabalho é antecipar o tratamento de falhas sistêmicas do
ACDH para a fase B (definição preliminar do projeto).

1.2.2 Baixa Autonomia Operacional

1.2.2.1 Problema

Os satélites da série CBERS (seção 2.8.8.6), os maiores e mais complexos


satélites com participação brasileira, têm capacidade para: a) executar
operações pré-planejadas pelo Segmento Solo; b) armazenar dados essenciais
da missão; e, c) colocar o satélite numa configuração segura após uma falência

6
do sistema. De acordo com a norma ECSS-E-ST-70-11C (2008) os níveis de
autonomia das missões CBERS podem ser classificados como E2 (capacidade
de execução a bordo de operações definidas pelo Segmento Solo) para a
execução da missão, D1 (capacidade de armazenagem a bordo de dados
essenciais da missão após uma falência ou uma indisponibilidade do Segmento
Solo) para o gerenciamento de dados da missão, e F1 (capacidade de
estabelecer configuração segura após falência do Segmento Espacial) para o
gerenciamento de falhas a bordo. A classificação dos níveis de autonomia de
uma missão espacial é tratada com mais detalhes na seção 2.5 deste trabalho.

O satélite Amazônia-1 (seção 2.8.8.7) tem características semelhantes aos


satélites da série CBERS para a execução da missão, gerenciamento de dados
e gerenciamento de falhas e pode, portanto, ser classificado da mesma forma
quanto aos níveis de autonomia.

1.2.2.2 Motivação – Aumento da Autonomia

Como mencionado na Seção 1.1, a crescente tendência de aumento da


autonomia dos satélites científicos e de observação da Terra tem, como
consequência, a necessidade de aplicação de conceitos mais complexos de
FDIR. Exemplos de aumento da autonomia na execução das operações
nominais da missão e no gerenciamento de dados da missão, o satélite GOCE
(Gravity field and steady-state Ocean Circulation Explorer), lançado em 2009
pela ESA tinha como requisito um período de autonomia de 72 horas e o
satélite ADM-Aeolus (Atmospheric Dynamics Mission Aeolus), com previsão de
lançamento para 2017 pela ESA, tinha como requisito a redução do
envolvimento do centro de operação a um dia a cada sete dias (GESSNER et
al., 2004).

No âmbito brasileiro, Kucinskis (2012) aponta um crescente nível de


complexidade em missões já previstas e em diferentes fases de
desenvolvimento como os satélites MIRAX (Monitor e Imageador de Raios X) e
EQUARS (Equatorial Atmosphere Research Satellite), e propõe que a
operação das mesmas seja baseada em objetivos. De acordo com Kucinskis

7
(2012) “a operação baseada em objetivos apresenta-se como uma evolução do
paradigma de operação vigente, com potencial para suprir as demandas
operacionais de futuras missões. Mais do que isso, o conceito de operações
baseadas em objetivos abre caminho para operações total ou parcialmente
autônomas do segmento espacial”.

De acordo com Gessner et al. (2004); Olive (2010); Vander et al. (2012), o
gerenciamento de falhas é essencial para o aumento dos níveis de autonomia
e sua implementação deve ser compatível com os níveis adotados para a
missão.

Em vista do exposto, a introdução de estratégias de FDIR que podem aumentar


a autonomia de missões envolvendo satélites de pequeno e médio porte,
compatíveis com os satélites utilizados nas missões brasileiras, é um segundo
motivador deste trabalho.

1.2.3 Dificuldade em Tratar Falhas de Sistemas Complexos e/ou


Integrados

1.2.3.1 Problema

Sistemas complexos e/ou altamente integrados caracterizam-se pelo número


de diferentes funções que são capazes de realizar, pelas interações entre as
funções e pelas interações entre as funções e o ambiente em que estão
inseridas. Esse cenário favorece o aumento da quantidade de modos
potenciais de falência e dificulta a detecção das falências, a isolação das falhas
e recuperação do sistema.

1.2.3.2 Motivação – Tratamento de Falhas de Sistemas Complexos e/ou


Altamente Integrados

O crescimento da complexidade e/ou integração dos sistemas impõe novos


desafios para o tratamento de suas falhas. Na área espacial, Wander e
Förstner (2013) mencionam que o crescente aumento nos requisitos de
disponibilidade e de desempenho das missões espaciais tem elevado a

8
complexidade do sistema e feito com que o sucesso da missão dependa de
resposta adequada às anomalias decorrentes de mudanças inesperadas no
ambiente e às falhas nos seus componentes e subsistemas. Morgan (2005)
observa ainda que à medida que uma espaçonave torna-se mais complexa, a
diagnose da falha e a recuperação do sistema torna-se uma tarefa mais difícil e
demorada para ser realizada.

Assim, a terceira motivação deste trabalho está em tratar falhas de um ACDH,


subsistema mais integrado e mais complexo que os utilizados nas missões
anteriores do Programa Espacial Brasileiro.

1.2.4 Impactos Negativos na Área Espacial

1.2.4.1 Problema

Com custos que podem chegar a centenas de milhões de reais, a perda de


missões espaciais em decorrência de falhas pode resultar na redução ou até
mesmo corte de investimentos na área.

A falta desses recursos prejudica todas as organizações envolvidas no


desenvolvimento e operação de missões, sejam elas governamentais ou
privadas, reduzindo e desmotivando equipes formadas ao longo de anos de
trabalho e força os usuários de produtos espaciais, sejam eles científicos ou
comerciais, a buscar alternativas de fornecimento.

1.2.4.2 Motivação – Prevenção de Impactos Negativos nas Missões

O Programa Espacial Brasileiro conviveu com a perda de quatro missões:


SCD-2A, SACI-1, SACI-2 e CBERS-3. Destes, a perda do SCD-2A, SACI-2 e
CBERS-3 são decorrentes de falhas no lançador enquanto que a perda do
SACI-1 deve-se a falha do próprio satélite.

A perda de uma missão em decorrência de falhas tem repercussão negativa na


sociedade e reflexos, com maior ou menor intensidade, no Programa Espacial
e em seus gestores, no INPE e em seus engenheiros, técnicos, et alli.

9
A perda do satélite SACI-1 em 1999, por exemplo, teve forte repercussão
negativa, eclipsando o sucesso do satélite CBERS-1 (os dois satélites foram
colocados em órbita pelo mesmo veículo lançador). Na época o assunto foi
amplamente explorado pela mídia e até por programas humorísticos. A matéria
“O vexame do SACI”, publicada no dia 27/10/1999, na Edição 1.621 da revista
VEJA (http://veja.abril.com.br/) é um exemplo de como o assunto foi tratado.

Assim, a quarta motivação deste trabalho está em propor estratégias que


aumentem a cobertura das falhas de um ACDH e, dessa forma, reduzir os
riscos de perda de uma missão.

1.3 Objetivo

O objetivo da tese é propor uma estratégia para o tratamento de falhas


sistêmicas (FDIR) em ACDHs de satélites de pequeno e médio porte. Essa
estratégia é baseada na análise da arquitetura funcional - em detrimento da
física - do satélite, o que permite adiantar o projeto do FDIR para o início da
Fase B do ciclo de vida, quando ainda é possível que as considerações de
FDIR tenham um impacto mais efetivo no projeto dos subsistemas e do satélite
como um todo.

Por conter uma abordagem funcional, a estratégia ora apresentada tem o


potencial de mitigar a complexidade associada à abordagem da arquitetura
física, quando aplicada a subsistemas complexos e/ou altamente integrados.
De forma a demonstrar tal potencial, optou-se por aplicar a estratégia a um
estudo de caso voltado a ACDHs de satélites de pequeno e médio porte,
embora ela seja aplicável a qualquer outro subsistema.

1.4 Originalidade, Generalidade e Utilidade

Com relação ao trabalho:

 A avaliação da originalidade é realizada por meio de tabelas que, em um


primeiro momento sumariza os resultados obtidos e, em um segundo
momento, apresenta o resultado do levantamento bibliográfico e

10
compara com a proposta do trabalho. As tabelas atualizadas são
apresentadas na seção 2.8.9 (Tabela 2.11 – Sumário das arquiteturas e
métodos analisados nesta revisão) e na seção 3.5 (Tabela 3.3 –
Avaliação da originalidade da proposta).

 A generalidade está no fato de a estratégia poder ser estendida a outros


subsistemas e às cargas úteis e, ainda ser aplicada a outras classes de
satélites;

 A utilidade está na possibilidade de a estratégia poder ser aplicada em


missões que se enquadram no escopo do Programa Nacional de
Atividades Espaciais – PNAE.

1.5 Organização do Trabalho

No Capitulo 1, Introdução, apresentam-se a contextualização do trabalho assim


como suas motivações, justificativas e objetivos.

No Capítulo 2, Conceitos Básicos e Revisão Bibliográfica, são apresentados os


resultados da revisão bibliográfica e os conceitos básicos relativos a uma
missão espacial, tais como classes de satélite, ciclo de vida e operação de uma
missão, e os relativos ao tratamento de falhas (FDIR), tais como os conceitos
de falha, erro e falência e os de detecção, isolação, identificação e
recuperação. O Capítulo inclui ainda uma revisão de trabalhos relativos às
arquiteturas e métodos de FDIR e às estratégias adotadas em algumas
aplicações.

No Capítulo 3, Proposta de Estratégia para o Tratamento de Falhas, é


desenvolvida a estratégia proposta no trabalho e apresentada uma avaliação
da originalidade.

No Capítulo 4, Aplicação da Estratégia ao Subsistema ACDH, a estratégia


desenvolvida no trabalho é aplicada a um subsistema ACDH baseado no
ACDH da PMM e do satélite Amazônia e a um caso da literatura.

11
No Capítulo 5, Validação da Estratégia para o Tratamento de Falhas,
apresentam-se os resultados da simulação de lógicas de diagnose propostas
aplicadas à função „Fornecer Tempo de Bordo‟ do ACDH da PMM e a um caso
da literatura.

No Capítulo 6, Conclusões, são apresentadas as contribuições do trabalho e


sugestões para trabalhos futuros.

12
2 CONCEITOS BÁSICOS E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Classes de Satélites

De acordo com Kramer e Cracknell (2008), há várias formas de se classificar


os satélites como, por exemplo, por função, por tipo de órbita, custo,
dimensões, massa e etc. A classificação pela massa torna-se, no entanto,
muito útil devido a sua relação direta com os custos de lançamento, os quais
representam uma parcela significativa do custo total das missões (em torno de
US$20.000/kg para satélites pequenos, de acordo com Rogers et al. (2014)).
Segundo os autores, a primeira classificação conhecida de satélites de acordo
com a massa (apresentada na Tabela 2.1) foi proposta em 1991 por Martin N
Sweeting do grupo Surrey Satellite Technology Ltd (SSTL).

Tabela 2.1 – Classificação de satélites proposta por Martin N Sweeting em 1991.

Classificação Massa (kg)


Satélites Grandes > 1.000
Satélites Pequenos 500-1.000
Minissatélites 100-500
Microssatélites 10-100
Nanossatélites < 10

Posteriormente, a classificação originalmente proposta por Sweeting foi


revisada com a introdução de mais duas classes de satélites (Picossatélites,
com massa entre 100 g e 1 kg e Femtossatélites, com massa entre 1 g e 100 g)
e a alteração da classe Minissatélites, que passou a incluir satélites de 100 kg
a 1000 kg. Com a alteração na classe Minissatélite, o termo “satélite pequeno”
passou a ser utilizado para cobrir todos os satélites com massa inferior a 1000
kg. (KRAMER; CRACKNELL, 2008). Embora, de acordo com os autores, essas
modificações tenham sido adotadas por diversas organizações e autores, não
há consenso na literatura com relação à questão.

13
O The Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory (JHU/APL), por
exemplo, agrupa as naves espaciais de acordo com a Figura 2.3 (ROGERS et
al, 2014). O JHU/APL classifica os satélites entre 200 kg e 1000 kg como
satélites pequenos ou minissatélites.

Figura 2.1 – Classificação das naves espaciais pelo JHU/APL de acordo com sua
massa (sem combustível).

Fonte: Rogers et al. (2014).

Já o NASA’s Small Spacecraft Technology Program (SSTP) da National


Aeronautics and Space Administration (NASA) classifica as naves espaciais de
acordo com a Figura 2.2. O SSTP considera como pequena toda nave espacial
com massa menor que 180 kg (NASA, 2014).

Outras classificações podem ainda ser encontradas como, por exemplo, Capó-
Lugo e Bainum (2011); Encyclopedia of Science (2015); Weeden (2010);
Wikipedia (2015).

Neste trabalho é considerada a classificação apresentada na Tabela 2.2.

14
Figura 2.2 – Classificação das naves espaciais pelo SSTP de acordo com sua massa
(sem propelente).

Fonte: Adaptado de NASA (2014).

De acordo com NASA (2014), “Naves espaciais pequenas tem-se tornado mais
atraentes devido a custos de desenvolvimento mais baixos e a menores
tempos de fornecimento. Existe uma relação natural de compromisso entre
tamanho e funcionalidade de uma nave, mas o avanço nas tecnologias de
miniaturização e integração tem diminuído o escopo desse balanço. A
integração efetiva de componentes individuais pode aumentar
substancialmente a funcionalidade e a densidade do sistema reduzindo sua
massa e volume”.

Na mesma linha, Rogers et al. (2014) defendem a utilização de satélites


pequenos e propõem o emprego de satélites com uma única carga útil, os
quais denominam SensorSats. De acordo com os autores, satélites com uma
só carga útil evitam a complexidade do projeto com múltiplas cargas úteis tais

15
como interferência entre os requisitos de calibração, tamanho, temperatura e
potência.

Tabela 2.2 – Classificação de satélites de acordo com a massa.

Classificação Massa (kg)


Satélites Grandes > 1.000
Satélites Médios 500-1.000
Minisatélites / Satélites Pequenos 100-500
Microsatélites 10-100
Nanosatélites 1-10
Picosatélites 0.1-1
Femtosatélites < 0,1

A Tabela 2.3 compara alguns exemplos de satélites de observação ótica da


Terra de três classes distintas: grande porte (CBERS-4 e ResourceSat-1),
médio porte (Amazonia-1 e FormoSat-2) e pequeno porte (TopSat) tendo como
parâmetro: a) a complexidade do Subsistema de Controle de Atitude e Órbita –
AOCS, caracterizada pelos tipos e quantidades de sensores e atuadores
utilizados; b) a complexidade da carga útil, caracterizada pela quantidade e
resolução das câmeras de imageamento.

Na elaboração da Tabela 2.3 são utilizados dados disponíveis publicamente


das seguintes fontes: a) CBERS-4: NASA Spaceflight.com (2014, 2013); Em
Órbita (2014); GlobalSecurity.org (2014); b) ResourceSat-1: eoPortal (2015a);
c) Amazonia-1: INPE (2010); d) FormoSat-2: eoPortal (2015b); e) TopSat:
BROOKS (2001); CAWLEY (2003).

Embora não seja um levantamento extensivo, a Tabela 2.3 mostra tendência a


uma menor complexidade do subsistema AOCS e da Carga Útil com a redução
da massa do satélite. Os tipos e as quantidades de sensores e atuadores
utilizados pelo satélite Amazonia-1, compatíveis com satélites de grande porte,
deve-se ao mesmo utilizar todos os instrumentos possíveis de serem utilizados

16
na PMM, uma vez que o mesmo representa a primeira implementação do
conceito de Plataforma Multimissão no Brasil.

Tabela 2.3 – Comparação de satélites de observação ótica da Terra de pequeno,


médio e grande porte.
Satélites
Características Resource Formo Amazonia-
CBERS-4 TopSat
Sat-1 Sat-2 1
Lançamento 2014 2003 2004 2019 2005
Massa 2080 kg 1360 kg 760 kg 680 kg 115 kg
Quantidade de
6 3 2 1 1
Cargas Úteis
Câmera de
5,0m 5,8 m 2m 64 m 2,5m
Maior Resolução
Acurácia do Inform. não
0,1º 0,15° 0,12° 0,05°
Apontamento disponível
Inform.
Estabilidade Inform. não
0,001°/s 0,0004°/s não 0,001°/s
(deriva) disponível
disponível
Inform.
Determinação de Inform. não
0,03° não 0,02° 0,005°
Atitude disponível
disponível
Qtde. não
GPS Não utiliza Não utiliza 2 Não utiliza
disponível
Sensor de Qtde. não Qtde. não
2 2 Não utiliza
Estrelas disponível disponível
Qtde. não Qtde. não Qtde. não
Giroscópio 4 3
disponível disponível disponível
Qtde. não
IRU Não utiliza Não utiliza Não utiliza Não utiliza
disponível
Qtde. não
Roda de Reação 4 4 4 4
disponível
Qtde. não
Magnetotorque 2 Não utiliza 3 3
disponível
Qtde. não 8x1N, Qtde. não
Thruster 6 Não utiliza
disponível 4x11N disponível
Magnetômetro Não utiliza Não utiliza Não utiliza 2 Não utiliza
Qtde. não Qtde. não Qtde. não
Sensor Solar Não utiliza 8
disponível disponível disponível
Qtde. não Qtde. não Qtde. não
Sensor de Terra Não utiliza Não utiliza
disponível disponível disponível

2.2 Ciclo de Vida de uma Missão Espacial

O ciclo de vida de uma missão espacial é dividido em sete fases por agências
como a NASA e a ESA as quais são caracterizadas por revisões e pontos de

17
decisão. Embora as fases recebam denominações diversas por parte das
agências, a alocação de atividades por fases é relativamente semelhante.
NASA (2016) classifica as fases do ciclo de vida da missão como descrito a
seguir.

 Pré-Fase A: Estudos conceituais;

 Fase A: Conceito e desenvolvimento de tecnologia;

 Fase B: Projeto preliminar e conclusão da tecnologia;

 Fase C: Projeto final e fabricação;

 Fase D: Montagem do sistema, integração e teste e lançamento;

 Fase E: Operação e manutenção;

 Fase F: Encerramento.

Já a ESA (ECSS, 2009) classifica as fases como indicado a seguir.

 Fase 0: Análise da missão e identificação de necessidades;

 Fase A: Viabilidade;

 Fase B: Definição preliminar;

 Fase C: Definição detalhada;

 Fase D: Qualificação e produção;

 Fase E: Utilização;

 Fase F: Descarte.

2.3 Operação de Missões Espaciais

A norma ECSS-E-ST-70-11C (2008) define “operação” como as atividades


realizadas pelos segmentos solo e espacial com a finalidade de garantir o

18
fornecimento dos produtos e serviços da missão, recuperar de contingências a
bordo, executar a manutenção de rotina e gerenciar os recursos de bordo a fim
de maximizar o fornecimento dos produtos e serviços e a vida útil da missão.

No que diz respeito às características de operação, as missões podem,


basicamente, ser classificadas em três tipos: missões em órbita baixa, missões
em órbita geoestacionária e missões interplanetárias.

De acordo com Eickhoff (2012), os objetivos da operação e os recursos


necessários para sua execução diferem ligeiramente para os três tipos básicos
de missões. Para uma missão em órbita baixa, os objetivos da operação são:

 Realizar a calibração da plataforma e cargas úteis;

 Realizar o controle e a monitoração da plataforma e cargas úteis;

 Enviar para o satélite dados operacionais e receber os produtos da


missão;

 Realizar manobras de correção de órbita;

 Manter o desempenho das cargas úteis;

 Realizar as atividades de recuperação no caso de falhas;

 Remover o satélite de órbita.

Para este tipo de missão, o Segmento Solo conta com uma rede de estações
terrenas.

Para uma missão em órbita geoestacionária, os objetivos da operação são:

 Realizar a calibração da plataforma e cargas úteis;

 Realizar o controle e monitoração da plataforma e cargas úteis;

 Realizar manobras de correção de órbita ou de posição;

19
 Manter o desempenho das cargas úteis;

 Realizar as atividades de recuperação no caso de falhas;

 Colocar o satélite da órbita para descarte no final de sua vida útil.

Para este tipo de missão, o Segmento Solo conta normalmente com uma única
estação terrena, uma vez que o satélite está permanentemente visível.

Para uma missão interplanetária, os objetivos da operação são:

 Realizar a calibração da plataforma e cargas úteis;

 Realizar o controle e monitoração da plataforma e cargas úteis;

 Enviar para a sonda dados operacionais e receber os produtos da


missão;

 Enviar para a sonda as atualizações do software de bordo (OBSW) para


as diferentes fases da missão;

 Comandar e controlar as mudanças de trajetória e as manobras de visita


rápida;

 Manter o desempenho das cargas úteis;

 Realizar as atividades de recuperação no caso de falhas;

Para este tipo de missão, o Segmento Solo conta com uma rede específica de
estações terrenas para missões interplanetárias.

Nas missões de exploração da atmosfera ou da superfície de corpos celestes


por meio de sondas e rovers, a comunicação destes com o Segmento Solo é
realizada por meio de naves espaciais em órbita ou próximas ao corpo celeste
alvo, que operam como repetidoras de sinal.

De acordo Wander e Förstner (2012), a operação de naves espaciais é


tradicionalmente realizada por meio de Procedimentos de Controle de Vôo –

20
FCPs (Flight Control Procedures) e Sequências de Comandos – MTLs (Mission
Time Line). Os FCPs são executados passo a passo pelo Segmento Solo e
consistem do envio de Telecomandos para a espaçonave e a verificação das
Telemetrias recebidas em solo. Os MTLs são sequências de Telecomandos
temporizados enviados de solo e executados pelo software de bordo quando o
tempo requerido é atingido.

Também é possível realizar a operação por meio de Procedimentos de


Controle a Bordo – OBCPs (On-Board Control Procedures). OBCPs são úteis
tanto para o tratamento de operações nominais como para a automatização
mais intensa das operações, de forma a permitir que o Segmento Solo prepare
e envie para a espaçonave sequências complexas de operações. Os OBCPs
são ativados por meio de Telecomandos ou por meio de eventos previamente
definidos.

OBCPs são programas desenvolvidos para serem executados por uma


máquina virtual OBCP os quais podem ser facilmente carregados, executados
ou substituídos a bordo de uma espaçonave. Os procedimentos são roteiros de
comandos que são montados a partir do serviço de comandos do PUS (Packet
Utilization Standard) (WANDER; FÖRSTNER, 2012). A Figura 2.3 mostra a
operação tradicional de uma nave espacial e a operação usando OBCPs.

Como indicado na Figura 2.3, os OBCPs são executados em um ambiente


separado e seguro, o que permite a criação e carregamento de novos
procedimentos em vôo ao mesmo tempo em que não requer modificação,
carregamento e validação do software de bordo.

Os OBCPs são usados em missões da ESA para operação nominal e operação


FDIR (WANDER; FÖRSTNER, 2012).

21
Figura 2.3 – Operação tradicional de uma nave espacial com FCPs e MTLs; e a
operação usando OBCPs.

Fonte: Adaptado de Wander e Förstner (2012).

2.4 Subsistema ACDH

A disponibilização de microprocessadores com alta capacidade de


processamento possibilitou a integração de funções em sistemas complexos
impulsionada por fatores como a redução de massa, volume e energia.

Na indústria aeronáutica, essa tendência é observada após 1980 com a


introdução do conceito de Aviônica Modular Integrada (Integrated Modular
Avionics - IMA).

Esse novo conceito permitiu que arquiteturas federadas, as quais utilizam


conjuntos independentes de recursos computacionais (processamento,
comunicação e entrada/saída) para cada função (Figura 2.4) pudessem ser
substituídas pelas arquiteturas IMA (Figura 2.5), nas quais os recursos
computacionais (processamento, comunicação e interfaces de entrada/saída)
são particionados para serem utilizados de forma compartilhada por múltiplas
funções.

22
Figura 2.4 – Exemplo de Arquitetura Federada.

Fonte: Watkins (2006).

Figura 2.5 – Exemplo de Arquitetura IMA.


.

Fonte: Watkins (2006).

Na área espacial a tendência à integração funcional acontece a seguir,


resultando na integração das funções de supervisão de bordo, tradicionalmente
alocadas no subsistema OBDH (On-Board Data Handling Subsystem), com as
funções de controle de atitude e órbita, tradicionalmente alocadas no
subsistema AOCS (Attitude and Orbit Control Subsystem), em satélites de
pequeno, médio e grande porte.

23
Em torno do ano 2000, a indústria espacial europeia disponibiliza
equipamentos tais como: 1) Unidade de Gerenciamento da Espaçonave –
produzido pela RUAG Space AB (www.ruag.com/space), antiga Saab Ericsson
Space; 2) Sistema Integrado para o Gerenciamento de Espaçonave –
produzido pela Thales Alenia Space (www.thalesaleniaspace.com), antiga
Laben S.p.A; e 3) Equipamento Integrado de Controle e Dados – produzido
pela Airbus Defence and Space (http://www.airbus.com/defence.html), antiga
Astrium Space, com recursos para a integração das funções de supervisão de
bordo e controle de atitude e órbita.

No início dos anos dois mil, o INPE adota a integração das funções de
supervisão de bordo e controle de atitude e órbita na plataforma PMM. No
INPE, as funções integradas são alocadas no subsistema Controle de Atitude e
Tratamento de Dados (Atittude Control and Data Handling – ACDH).

Mantendo basicamente a mesma arquitetura do sistema computacional usado


nos subsistemas OBDH e AOCS, a integração das funções proporciona
redução significativa dos recursos computacionais, da massa, do volume e da
potência necessários para a realização das funções de controle de atitude e
órbita e supervisão de bordo.

Com fins ilustrativos, a Figura 2.6 mostra a arquitetura tradicional do sistema


com os subsistemas OBDH e AOCS; e a Figura 2.7 mostra a arquitetura
inovada com os subsistemas integrados no ACDH. Nessas figuras, é adotada a
topologia em estrela para os subsistemas e o sistema. Nessas figuras, OBC
(On Board Computer) representa o computador dos subsistemas, TC
(Telecommand Module) representa o Módulo de Telecomando, TM (Telemetry
Module) representa o Módulo de Telemetria, RM (Reconfiguration Module)
representa o Módulo de Reconfiguração, e MM (Mass Memory) representa o
módulo Memória de Massa. Nos subsistemas OBDH e ACDH, o tratamento de
falhas no nível subsistema e sistema é realizado pelo OBC e RM. No
subsistema ACDH, o OBC e RM somente tratam de falhas no nível subsistema.

24
Figura 2.6 – Arquitetura tradicional do sistema com o subsistema OBDH e o
subsistema AOCS.

Figura 2.7 – Arquitetura inovada do sistema com o subsistema ACDH.

2.5 Autonomia

De acordo com Everett (2011), há pelo menos três razões para a introdução de
autonomia no segmento espacial: reduzir os custos de operação, executar

25
funções críticas da missão quando o segmento solo não estiver disponível,
proteger a espaçonave de eventos inesperados ou falhas.

Eickhoff (2012) aponta que, atualmente, praticamente todo satélite inclui


alguma funcionalidade autônoma a bordo a qual visa, principalmente, a
execução de operações durante os períodos sem contato com as estações
terrenas. Nestas situações, a espaçonave deve ser capaz de gerenciar os
casos de falhas garantindo, no mínimo, a transição para um modo seguro.

A implementação de autonomia a bordo das naves espaciais depende dos


requisitos e restrições específicos de cada missão tais como, a cobertura
proporcionada pelas estações terrenas, o tempo aceitável de interrupção da
missão, o período máximo previsto de indisponibilidade do Segmento Solo e
pode variar de um nível muito baixo, com a maior parte das tarefas realizadas
pelo segmento solo, a um alto nível, com a maioria das tarefas realizadas a
bordo.

Conforme mencionado na seção 1.2, a norma ECSS-E-ST-70-11C (2008),


classifica a operação autônoma em três grandes áreas. A Tabela 2.4 apresenta
a classificação dos níveis de autonomia para a execução das operações
nominais da missão, de acordo com a ECSS-E-ST-70-11C (2008).

26
Tabela 2.4 – Níveis de autonomia para a execução da missão.

Nível Descrição Funções

Controle em tempo real do segmento solo nas


Execução da missão sob controle do operações nominais
E1 segmento solo; capacidade a bordo
limitada a questões de segurança Execução de comandos temporizados em
questões de segurança

Execução a bordo de operações da


E2 Capacidade para armazenar comandos com
missão pré-planejadas e definidas pelo
base no tempo em um escalonador embarcado
segmento solo

Operações autônomas com base em eventos


E3 Execução de forma adaptativa a bordo
de operações da missão Execução a bordo de procedimentos de
controle de operações

E4 Execução a bordo de operações da Replanejamento da missão com base em


missão com base em objetivos objetivos

Fonte: Adaptado de ECSS-E-ST-70-11C (2008).

A Tabela 2.5 apresenta os níveis de autonomia para o gerenciamento de dados


da missão, de acordo com a ECSS-E-ST-70-11C (2008).

Tabela 2.5 – Níveis de autonomia para o gerenciamento de dados.

Nível Descrição Funções

Armazenagem a bordo de dados essenciais da Armazenagem e recuperação de relatórios


D1 de eventos
missão após uma situação de falência ou uma
indisponibilidade do segmento solo Armazenagem do gerenciamento

Armazenagem a bordo de todos os dados da Funções realizadas em D1, mais


D2 missão, i.e. o segmento espacial é armazenagem e recuperação de todos os
independente do segmento solo dados da missão

Fonte: Adaptado de ECSS-E-ST-70-11C (2008).

A Tabela 2.6 apresenta os níveis de autonomia para o gerenciamento de falhas


a bordo, de acordo com a ECSS-E-ST-70-11C (2008).

27
Tabela 2.6 – Níveis de autonomia para o gerenciamento de falhas a bordo.

Nível Descrição Funções

Identifica as anomalias e relata para o segmento solo


Estabelece configuração segura
Reconfigura os sistemas embarcados para isolar os
F1 do segmento espacial após uma
equipamentos ou funções falidas
falência a bordo
Coloca o segmento espacial em um modo seguro

Além das funções realizadas em F1, reconfigura para


Reestabelece operações uma configuração operacional nominal
F2 nominais da missão após uma
Retoma a execução das operações nominais
falência a bordo
Retoma geração dos produtos da missão

Fonte: Adaptado de ECSS-E-ST-70-11C (2008).

2.6 Falha, Erro e Falência (“Fault, Error and Failure”)

No artigo Fault Management Guiding Principles (NEWHOUSE et al., 2011)


consta “As discussões relacionadas ao gerenciamento de falhas são repletas
de confusão resultante de diferenças na terminologia”. Na mesma referência
consta ainda: “Requisitos são frequentemente escritos com usos contraditórios
dos termos fault e failure”. Considerando que os autores pertencem ou ao Jet
Propulsion Laboratory ou ao Marshall Space Flight Center, isso mostra, em
primeiro lugar, que, mesmo na língua inglesa e na área de gerenciamento de
falhas, não há consenso quanto à terminologia e conceitos, em especial,
quanto ao emprego dos termos fault e failure. Mostra ainda a preocupação que
uma organização do porte da NASA tem pelo assunto.

Entre os autores nacionais as divergências têm início na tradução dos termos


fault, e failure. Um breve levantamento realizado por Pessotta (1999) aponta
algumas dessas diferenças. Três delas são: “Martini (1993), por exemplo,
considera que os defeitos (faults) são as causas dos erros (errors) que, por sua
vez, são as causas das falhas (failures). Já Martins (1993) considera que as
falhas (faults) são as causas dos erros (errors) que são as causas dos defeitos
(failures). Outras definições são ainda utilizadas como, por exemplo, em Alonso
(1998), onde as faltas (faults) são consideradas as causas dos erros (errors) os
quais são considerados as causas das falhas (failures)”.

28
Face ao quadro descrito acima, neste trabalho os termos fault, error e
failure em Inglês são, respectivamente, considerados equivalentes à
falha, erro e falência em Português. Embora não seja usual a utilização do
termo falência no contexto de tratamento de falhas, o termo vem sendo
proposto e adotado pelo professor Marcelo Lopes de Oliveira e Souza e seus
orientados, em analogia com a terminologia usada em medicina, como um
equivalente apropriado para o termo failure.

Na literatura existem diferentes abordagens para os conceitos e


encadeamentos de falha, erro e falência, ex.: 1) Computação e Comunicação
Digitais; e 2) Controle e Automação

Na Computação e Comunicação Digitais, os erros causam as falhas; e


estas causam as falências. Por exemplo, os esforços para a definição dos
conceitos associados à Dependabilidade e Tolerância a Falhas de sistemas
computacionais datam de 1980 quando um comitê conjunto sobre Conceitos
Fundamentais e Terminologia foi formado pelo IEEE Computer Society
Technical Committee on Fault-Tolerant Computing (IEEE CS TC-FTC) e pelo
IFIP Working Group 10.4 on Dependable Computing and Fault Tolerance (IFIP
EG 10.4). O artigo Basic Concepts and Taxonomy of Dependable and Secure
Computing (AVIZIENIS et al., 2004), apresenta as definições, conceitos e
atributos relativos a falhas, erros e falências.

Para Avizienis et al. (2004), uma falência do serviço ou, abreviadamente,


falência, é um evento que ocorre quando o serviço fornecido desvia
inaceitavelmente e definitivamente do serviço correto ou, em outras palavras,
uma falência é uma transição inaceitável e definitiva do serviço correto para o
serviço incorreto. O desvio do serviço correto pode assumir formas diferentes
as quais são denominadas modos de falência do serviço. Os modos de
falência podem ser classificados de acordo com as severidades da falência.
Um erro é a parte do estado total do sistema que pode levar a uma
subsequente falência do serviço. Uma falha é a causa determinada ou
hipotética de um erro. Para os autores, o serviço fornecido por um sistema é o
seu comportamento como ele é percebido por seus usuários.

29
A Figura 2.8 mostra os mecanismos de criação/ativação, propagação e
manifestação em encadeamentos de falhas, erros e falências de acordo com
Avizienis et al. (2004) aos quais os autores se referem como patologia da
falência.

Figura 2.8 – Propagação do erro em sistemas computacionais.

Fonte: Adaptado de Avizienis et al. (2004).

Uma falha está ativa quando produz um erro. Uma falha é ativada quando uma
entrada é aplicada a um componente fazendo com que uma falha dormente
torne-se ativa.

A propagação de um erro no interior de um componente é causada pelo


processo de computação. A propagação do erro do componente A ao
componente B ocorre quando o erro atinge a interface de serviço do
componente A. Neste momento, o serviço fornecido pelo componente A ao
componente B torna-se incorreto e a resultante falência do serviço de A
manifesta-se como uma falha externa para B.

A falência de um componente causa uma falha transiente ou permanente no


sistema que contém o componente. A falência do serviço de um sistema causa
uma falha externa transiente ou permanente no(s) sistema(s) que recebe(m) o
serviço.

30
Os mecanismos descritos possibilitam o encadeamento de falhas, erros e
falências por meio das relações de causalidade indicada pelas setas na Figura
2.9.

Figura 2.9 – Encadeamento de falhas, erros e falências em sistemas computacionais.

Fonte: Adaptado de Avizienis et al. (2004).

Um erro é detectado se sua presença é indicada por uma mensagem ou por


um sinal. Erros que são presentes, mas não são detectados são erros
latentes.

Uma falência de serviço é detectada por mecanismos de detecção no sistema


que verificam a correção do serviço fornecido para o usuário na interface de
serviço. Falências são consideradas sinalizadas quando as perdas de função
são detectadas e sinalizadas por meio de um sinal de advertência. Caso
contrário, são falências não sinalizadas. Os mecanismos de detecção têm, eles
mesmos, dois modos de falência: a) Modo 1: sinalização da perda de uma
função quando não ocorre nenhuma falência (falso alarme); b) Modo 2: não
sinalização da perda de uma função quando ocorre uma falência (perda de
alarme).

O exemplo a seguir (AVIZIENIS et al., 2004) mostra a relação entre falha, erro
e falência. Um curto-circuito no interior de um circuito integrado é uma falência
(com respeito à função do circuito). A consequência (uma conexão presa em 0
ou 1, a modificação da função do circuito, etc.) é uma falha que permanecerá
latente enquanto não for ativada. Após sua ativação (acessando o componente
e expondo a falha por meio de uma configuração apropriada de entrada) a
falha torna-se ativa e produz um erro o qual provavelmente se propagará e
criará outros erros. Se e quando o(s) erro(s) propagado(s) afetar(em) o serviço
fornecido (no conteúdo da informação e/ou no tempo de fornecimento), ocorre
uma falência.

31
Ainda na Computação e Comunicação Digitais, Lala e Harper (1994) abordam
a presença das falhas de modo comum, apresentam uma classificação das
mesmas e propõem formas para o seu tratamento.

Diferentemente da Computação e Comunicação Digitais, nos modelos


adotados em outras áreas da tecnologia como Controle e Automação, inexiste
o conceito de erro como elo causal entre falha e falência.

Em Controle e Automação, as falhas são consideradas as causas das


falências. Por exemplo, a International Federation of Automatic Control – IFAC
(IFAC, 2017) define falha como “um desvio não permitido de ao menos uma
propriedade ou parâmetro característico de um sistema da condição
aceitável/usual/padrão” e falência como “uma interrupção permanente da
capacidade do sistema desempenhar uma função requerida em condições
operacionais especificadas”. Isermann (2006) observa que:

 Uma falha é um estado dentro do sistema;

 Uma falência é um evento;

 Uma falência resulta de uma ou mais falhas;

 Uma falha pode causar a redução ou perda da capacidade de


uma unidade funcional realizar uma função requerida;

 Falhas são frequentemente difíceis de detectar.

Na área espacial, o Glossary of Terms (ECSS, 2012) define falha como


“estado de um item caracterizado pela incapacidade de apresentar o
desempenho requerido”. O glossário define falência como “evento que resulta
em um item incapaz de realizar sua função requerida”. Uma falha pode gerar
uma falência.

O Fault Management Handbook (NASA, 2012), define falência como o


“desempenho inaceitável de uma função”. Falência é um efeito que pode
resultar de causas internas ou de causas externas ao sistema. Falha é definida

32
como uma causa interna da falência. Falhas e falências são, portanto,
conectadas por uma relação de causa e efeito.

No Handbook é ressaltado, no entanto, que uma causa de uma perspectiva é


frequentemente vista como um efeito de outra perspectiva o qual é o evento a
ser explicado por uma causa mais profunda. Uma causa raiz é o primeiro
evento em uma cadeia de eventos falência; uma causa precedente é o último
evento causal na cadeia. Várias causas raízes podem interagir assim como
várias causas precedentes podem interagir para produzir uma falência. Os
conceitos de falha e falência são ligados de forma hierárquica e recursiva,
como mostra a Figura 2.10.

Figura 2.10 – Encadeamento de eventos falha/falência no acidente do ônibus espacial


Columbia.

Fonte: Adaptado de NASA (2012).

Os conceitos de falha, erro e falência usados neste trabalho são apresentados


na seção 3.1.

33
2.7 FMEA/FMECA

Na literatura são encontradas várias ferramentas e técnicas para identificação


das falhas potenciais de um sistema. Conforme a seção 2.8.8, onde são
descritos exemplos de estratégias de FDIR, as ferramentas usualmente
empregadas na área espacial para a identificação das falências potenciais são
a FMEA/FMECA (Análise dos Modos de Falência e seus Efeitos / Análise dos
Modos de Falência, seus Efeitos e Criticidade) e a FTA (Análise da Árvore de
Falhas).

Estas ferramentas são aplicadas isoladamente ou de forma combinada.


Quando aplicadas de forma combinada como, por exemplo, em Rice (2008), a
FTA é usada em análises top/down da missão, dos subsistemas e chega até os
níveis mais baixos (internos aos subsistemas) com o objetivo de identificar as
interações das falhas no nível baixo com os modos de falência do nível sistema
enquanto que a FMEA/FMECA é usada com o objetivo de identificar os modos
de falência dos níveis mais baixos.

Em geral, quando apenas uma das ferramentas é usada, a ferramenta


FMEA/FMECA é aplicada nas análises para identificação dos modos de
falência como, por exemplo, em Bak et al. (1996); Bøgh e Blanke (1997).

A ferramenta FMEA/FMECA tem sido utilizada nos programas de satélites do


INPE com o objetivo principal de identificar todos os potenciais modos de
falência e seus efeitos, de tal maneira que as falências de maior severidade ou
de maior criticidade possam ser eliminadas ou minimizadas (RABELLO, 2017).

De acordo com ECSS (2009a), a FMEA e a FMECA são aplicadas para


sistematicamente identificar os modos de falências potenciais em produtos e
processos e avaliar os seus efeitos no sistema tendo em vista definir ações de
mitigação. Os modos de falência identificados por meio da FMEA são
classificados de acordo com a severidade de seus efeitos. A FMECA é uma
extensão da FMEA na qual os modos de falência são classificados com base

34
na sua criticidade, ou seja, na probabilidade de ocorrência da falência
multiplicado pela severidade do efeito dessa falência.

A análise dos modos de falência é aplicada no nível hierárquico do sistema no


qual os efeitos das falências estão sendo avaliados. Na integração de análises
realizadas em diferentes níveis, os efeitos finais identificados em cada nível
hierárquico tornam-se os modos de falência do nível imediatamente superior.
Já os modos de falência identificados em cada nível hierárquico tornam-se as
causas da falência, i.e., as falhas, do nível imediatamente superior. A Figura
2.11 apresenta uma representação gráfica da integração entre FMEAs de
diferentes níveis.

35
Figura 2.11 – Representação gráfica da integração de FMEAs de diferentes níveis hierárquicos.

Fonte: Adaptado de ECSS (2009a)

36
2.7.1 FMEA Funcional

FMEAs funcionais e FMEAs mistas, i.e. FMEA que misturam o funcional com o
físico são empregadas nas fases iniciais dos projetos quando as informações
sobre os componentes físicos ainda não estão disponíveis ou estão
parcialmente disponíveis. A ECSS‐Q‐ST‐30‐02C (ECSS, 2009), por exemplo,
recomenda que a FMEA/FMECA de sistemas complexos deve inicialmente ser
realizada utilizando uma abordagem funcional a qual deve ser seguida por uma
FMEA/FMECA física assim que informações sobre os principais blocos estejam
disponíveis.

2.7.2 Modos de Falência de uma Função

Denson (2010) define seis possíveis modos de falência para uma função:

a) Não realizar a função;

b) Realizar a função parcialmente;

c) Realizar a função intermitentemente;

d) Realizar a função não intencionalmente;

e) Realizar a função excessivamente;

f) Realizar a função de forma degradada.

A distinção entre a realização parcial e a realização de forma degradada de


uma função está no fato de que no primeiro caso, parte da função não é
realizada deste o início enquanto no segundo caso a função é realizada
integralmente no início e degrada-se com o decorrer do tempo.

Outros autores como, por exemplo, Burge (2010) adotam apenas cinco modos
de falência para as funções, excluindo o item f („Realizar a função de forma
degradada‟). Outras abordagens são, no entanto, encontradas na literatura.
Marshall (2011/2012), por exemplo, adota cinco modos de falência mas

37
substitui o modo „Realizar a função mais do que é necessário‟ por „Realizar a
função fora de especificação‟.

Burge (2010) afirma que nem todos os modos de falência são aplicáveis para
uma função específica. Assim, a aplicação dos modos de falência deve ser
contextualizada e sua aplicabilidade decidida em função do que faz a função,
de quais são suas saídas e entradas típicas. Burge (2010) ressalta ainda que
para uma dada função é necessário indicar qual é o significado exato dos seus
modos de falência, ou seja, o significado de cada modo deve também ser
contextualizado considerando o que faz a função analisada, suas entradas e
saídas.

2.8 FDIR (Fault Detection, Isolation and Recovery)

2.8.1 Introdução

De acordo com Gessner et al. (2004), as funções de tratamento de falhas são


necessárias para atender às necessidades de autonomia, confiabilidade e
disponibilidade de uma missão. Olive (2010) acrescenta que o tratamento de
falhas é parte crítica do projeto de um satélite com impacto nos custos e
desempenho de uma missão.

Na literatura, o tratamento de falhas é referenciado por diferentes nomes, entre


os quais: „Detecção, Isolação, Identificação e Recuperação de Falhas‟ (Fault
Detection, Isolation and Recovery– FDIR), „Gerenciamento de Falhas‟ (Fault
Management – FM), „Proteção contra Falhas‟ (Fault Protection – FP),
„Gerenciamento de Redundâncias‟ (Redundancy Management – RM),
„Gerenciamento da Saúde‟ (Health Management- HM).

Neste trabalho, o termo FDIR é preferencialmente utilizado. No entanto, as


designações Gerenciamento de Falhas‟; (FM) e „Proteção contra Falhas‟ (FP)
as quais são adotadas em muitos trabalhos são também utilizadas. A
designação „Proteção contra Falhas‟ é adotada tradicionalmente pelo JPL
enquanto que „Gerenciamento de Falhas‟ vem sendo adotada de forma
crescente pela NASA e sua utilização é recomendada em NASA (2012).

38
O FDIR provê para o segmento espacial a capacidade de detecção,
isolação/identificação e recuperação de falhas que podem comprometer a
operação nominal da missão.

De acordo com NASA (2012), o gerenciamento de falhas é a parte da


Engenharia de Sistemas dedicada à detecção de falhas e à acomodação tanto
do sistema como do subsistema a um comportamento não nominal o qual deve
ser projetado, desenvolvido, integrado, testado e operado.

2.8.2 Detecção, Isolação, Identificação e Recuperação

Há várias definições para detecção, isolação, identificação e recuperação de


falhas. Nesta tese serão adotadas as definições apresentadas em Wander e
Förstner (2012).

 A detecção de falhas é a determinação da presença de falhas no


sistema e do tempo em que ocorreu;

 A isolação de falhas é a determinação de seu tipo e de sua localização;

 A identificação de falhas tem por objetivo determinar a sua magnitude e


comportamento temporal assim como estimar sua severidade e
possíveis efeitos no sistema;

 A recuperação do sistema compensa a presença das falhas


reconfigurando o sistema por meio, por exemplo, da comutação para
uma redundância.

Outro termo comumente usado, FDD (Detecção e Diagnose de Falha), inclui a


detecção, a isolação e a identificação da falha, i.e. todas as tarefas de um FDIR
à exceção da recuperação. Já FDI (Detecção e Isolação de Falha), termo mais
utilizado na análise da saúde de um sistema, inclui apenas a detecção e
isolação de falha. A Figura 2.12 sumariza estas definições.

39
Figura 2.12 – Sumário das definições de FDI, FDD e FDIR.

Fonte: Adaptado de Wander e Förstner (2012).

2.8.3 Processo de Desenvolvimento do Tratamento de Falhas (FDIR)

O processo de desenvolvimento do tratamento de falhas, ou seja, de


estratégias para a detecção, isolação / identificação e recuperação (FDIR) tem
início na fase de estudos conceituais da missão e estende-se pelas fases
seguintes do seu ciclo de vida (GESSNER et al., 2004; NASA, 2012).

As principais tarefas do desenvolvimento de um FDIR, assim como a sua


distribuição ao longo do ciclo de vida, são mostradas na Figura 2.13
(GESSNER et al., 2004). Na figura, as fases do ciclo são aglutinadas em quatro
grupos:

a) Fase de Estudos: Compreende o desenvolvimento dos requisitos e


projeto conceitual do FDIR. Esta fase pode ser correlacionada à Fase 0
(Análise da Missão e Identificação das Necessidades) e Fase A
(Viabilidade), de acordo com as definições estabelecidas no documento
ECSS (2009);

40
b) Fase de Definição: Compreendem as análises, avaliações e projeto do
FDIR no nível sistema e subsistema. Da mesma forma que em a), esta
fase pode ser correlacionada à Fase B (Definição Preliminar) e Fase C
(Definição Detalhada), de acordo com as definições estabelecidas no
documento ECSS (2009);

c) Fase de Implementação: Compreende a implementação e testes do


FDIR. Da mesma forma que em a), esta fase pode ser correlacionada à
Fase D (Qualificação e Produção), de acordo com as definições
estabelecidas no documento ECSS (2009);

d) Fase de Operação: Operação e Manutenção. Da mesma forma que em


a), esta fase pode ser correlacionada à Fase E (Operação / Utilização) e
Fase F (Descarte), de acordo com as definições estabelecidas no
documento ECSS (2009).

Figura 2.13 – Desenvolvimento de um FDIR ao longo das fases do ciclo de vida.

Fonte: Adaptado de Gessner et al. (2004).

O repertório de falhas (Figura 2.13) consiste no conjunto de falhas que será


tratado. O repertório é gerado por meio da aplicação de análises que contam
usualmente com ferramentas como FMEA, FMECA, FTA para identificação das
falhas.

41
De acordo com NASA (2012), além das ferramentas mencionadas, outras
ferramentas e técnicas são também utilizadas tanto na identificação das falhas
como na avaliação das mesmas e de seus tratamentos, tais como: PRA
(Probabilistic Risk Assessment), FEPP (Failure Effects Propagation Paths),
Hazard Analysis, Event Sequence Diagrams / Event Tree Analysis, Failure
Containment Region (FCR) Analysis, Failure Response Analysis, Failure
Detection and Isolation Analysis, Failure Prognostics Analysis.

A Figura 2.14 apresenta em detalhes as tarefas para o desenvolvimento do


gerenciamento de falhas, seus inter-relacionamentos, interfaces externas e
sincronização com as revisões sistêmicas ao longo do ciclo de vida da missão
(NASA, 2012).

42
Figura 2.14 – Processo de gerenciamento de falhas como parte do processo de engenharia de sistemas.

Fonte: Adaptado de NASA (2012).

43
2.8.4 Recursos e Mecanismos de um FDIR

De acordo com Wander e Föstner (2012, 2013), tradicionalmente o


gerenciamento de falhas conta com redundâncias e algoritmos associados com
verificações de consistência, mecanismos de votação e técnicas de estimação.
Limiares fixos são usados para reconhecimento de comportamento não
nominal.

As ações de detecção e isolação são definidas após avaliação na fase de


projeto dos possíveis cenários de falhas e falências por meio de ferramentas
como Análise de Árvore de Falhas (FTA) e Análise dos Modos de Falência,
seus Efeitos e Criticidade (FMECA). Com base nos resultados destas análises,
os eventos críticos são identificados e os procedimentos de recuperação são
definidos.

Se, durante a operação, uma falha previamente identificada é detectada e


isolada pelo FDIR, o procedimento de recuperação previamente definido é
aplicado o que, de forma geral, resulta na comutação para uma redundância ou
na mudança do modo de operação da nave para o Modo Seguro. No Modo
Seguro, a diagnose da falha, a recuperação do sistema e o retorno da
espaçonave ao Modo Nominal de operação são realizados pelo Segmento
Solo.

2.8.4.1 Redundância

De acordo com Gessner et al. (2004), as redundâncias em um sistema


determinam em grande parte os recursos de um FDIR. O manejo das várias
configurações baseadas nos recursos redundantes é um aspecto importante
nas considerações relativas à autonomia e FDIR.

As redundâncias podem ser classificadas em: física, funcional/analítica,


informacional e temporal. A redundância física consiste no uso de cópia
idêntica do hardware. A redundância funcional/analítica consiste no uso de
hardware, software ou procedimentos de operação dissimilar para realizar
funções idênticas. A redundância informacional utiliza informação extra para

44
detectar e potencialmente recuperar de certos tipos de falência. A redundância
temporal consiste na repetição de uma função quando ocorrer falência na sua
primeira execução (NASA, 2012).

2.8.4.2 Modo Seguro de Operação

O Modo Seguro ou Modo de Sobrevivência representa a última reação do FDIR


de uma espaçonave a uma falha. No Modo Seguro, a espaçonave é
configurada de forma que possa permanecer em segurança sem a intervenção
do Segmento Solo por um período determinado de tempo. Todas as unidades
ou subsistemas não essenciais são desligados para reduzir o consumo de
energia e evitar interferência em outros subsistemas. A espaçonave é orientada
para uma atitude (termicamente segura) com relação ao Sol ou a Terra. Um ou
mesmo todos os subsistemas são comutados para suas redundâncias
(WANDER; FÖSTNER, 2012).

De acordo com Gessner et al. (2004), tipicamente, as seguintes


funcionalidades devem ser mantidas:

 Suprimento de energia;

 Controle térmico de equipamentos relevantes;

 Comunicação com o Segmento Solo;

 Altitude da órbita.

2.8.5 Estratégias de FDIR

A expressão estratégia de FDIR é frequentemente utilizada na literatura para


se referir à arquitetura e aos métodos (ou técnicas, ou modelos) de detecção,
isolação e recuperação (por exemplo, estratégia de FDIR) de um FDIR. A
expressão é, no entanto, também empregada referindo-se apenas aos métodos
(por exemplo, estratégia de FDD, estratégia de FDI, etc). Neste trabalho, a
expressão é usada na primeira acepção para se referir à arquitetura mais os
métodos de um FDIR.

45
2.8.6 Arquiteturas de FDIR

Tradicionalmente, as arquiteturas de FDIR, assim como as estratégias


utilizadas, são definidas em função dos requisitos e restrições da missão.
Fatores como, por exemplo, restrições orçamentárias podem impor limitações
no uso de recursos, como as descritas em RICE et al. (2008).

Basicamente, as arquiteturas podem ser centralizadas,


descentralizadas/distribuídas e hierárquicas. Estas arquiteturas podem, no
entanto, ser combinadas em um único FDIR como, por exemplo, a utilização de
uma arquitetura descentralizada para a detecção e a identificação de falhas em
cada subsistema e de uma arquitetura centralizada para isolação e
recuperação das falhas (ALANA et al., 2012).

A Secção 0 trata em maiores detalhes as arquiteturas hierárquicas; e a Secção


2.8.6.2 apresenta arquitetura de FDIR com capacidade decisória visando
sistemas autônomos complexos.

2.8.6.1 Arquiteturas Hierárquicas

A norma ECSS-E-ST-70-11C (ECSS-E-ST-70-11C, 2008) estabelece que as


funções de FDIR sejam implementadas de forma hierárquica a fim de que a
detecção, isolação e recuperação de falhas ocorram no nível mais baixo
possível de implementação.

Em consonância com essa norma, Gessner et al. (2004) propõem uma


arquitetura hierárquica para o FDIR fundamentado em razões técnicas, de
desenvolvimento e programáticas.

a) Técnicas: a arquitetura hierárquica permite o estabelecimento de uma


estrutura de controle com interfaces claramente definidas entre todas as
instâncias do FDIR;

b) Desenvolvimento: a arquitetura hierárquica possibilita distribuir os testes


do FDIR de acordo com o plano de desenvolvimento do projeto;

46
c) Programáticas: a arquitetura hierárquica permite compatibilizar os
diferentes níveis hierárquicos com a organização do projeto.

A Figura 2.15 apresenta um diagrama IDEF0 com a decomposição hierárquica


funcional de um FDIR.

Figura 2.15 – Decomposição hierárquica funcional de um FDIR.

Fonte: Adaptado de Gessner et al. (2004).

De acordo com Gessner et al. (2004), a decomposição funcional tem por base
os seguintes critérios:

a) O nível mais alto da hierarquia é a salvaguarda do sistema que atua


reconfigurando o sistema ou colocando a nave no modo seguro;

b) O controle do sistema é separado do controle do subsistema em função


de requisitos de isolação de falhas;

c) As unidades dentro de um subsistema reportam-se a instâncias mais


altas;

d) Dependendo dos requisitos de tempo de reação do sistema, é permitido


ignorar a hierarquia.

De acordo com Gessner et al. (2004), de forma geral, as instâncias de um


FDIR executam funções de comando e controle do nível hierárquico
imediatamente abaixo usando os dados de bordo (housekeeping data) ou os

47
alarmes como entradas. Como o nível mais alto da hierarquia (nível 4) não tem
nenhuma instância imediatamente superior, o que é especificamente
verdadeiro para as missões interplanetárias, as funcionalidades deste nível são
normalmente implementadas com redundância “a quente”, ou seja, são
implementadas por meio de duas ou mais réplicas que executam
simultaneamente as mesmas funções. No nível 2 e no nível 3, as funções de
FDIR são implementadas por software o que faz com que possam ser
facilmente modificadas pelo Segmento Solo. Já no nível hierárquico mais alto
(nível 4), as funções de FDIR são, em geral, implementadas por hardware.
Estas funções geram os comandos para reconfigurar o sistema.

Para fins de implementação de um projeto, é essencial o desenvolvimento de


um modelo abrangente do FDIR, o que requer uma decomposição hierárquica
funcional completa e suficientemente detalhada das funções de FDIR nos
níveis de sistema, subsistema e unidades (GESSNER et al., 2004).

A decomposição funcional apresentada na Figura 2.15 considera apenas as


instâncias tratadas a bordo da nave espacial. No caso da recuperação da falha
não ser possível nessas instâncias, a nave espacial é colocada no modo
seguro e o tratamento da falha é realizado em uma instância superior pelo
Segmento Solo. A Figura 2.16 apresenta, para um satélite hipotético, um
diagrama com todas as instâncias, inclusive o Segmento Solo, no qual são
indicados exemplos de falhas em cada instância e quem é o responsável pelo
seu tratamento.

48
Figura 2.16 – Exemplo de hierarquia de FDIR para um satélite hipotético.
Falências maiores do sistema
Nível 4
Falências na comunicação
Tratado pelo
Falências na abertura de painéis
Segmento Solo
Etc.
Nível 3 Alarmes gerados pelo HW
Tratado pela Unidade Múltiplos alarmes gerados pelo EDAC
de Reconfiguração Falências na potência da espaçonave
(HW) do Computador Etc.
Nível 2 Mau funcionamento do sistema
Tratado pelo SW do Inconsistências no cálculo da atitude
Sistema da Falências na potência da espaçonave
Espaçonave Etc.
Mau funcionamento dos subsistemas
Nível 1
Falências de equipamentos do subsistema
Tratado pelo SW do
Falências na comunicação interna do subsistema
Subsistema
Etc.
Mau funcionamento Mau funcionamento Mau funcionamento do
interno da unidade interno da unidade barramento de dados
Nível 0 Falências Falências que Falências
Tratado Internamente recuperáveis requerem recuperação recuperáveis por meio
pela Unidade internamente como a imediata como proteção de repetições da
do EDAC ou similares contra curto circuito comunicação
Etc. Etc. Etc.

Fonte: Adaptado de Eickhoff (2012).

A Tabela 2.7 apresenta um sumário do impacto das falhas no sistema de


acordo com o nível em que elas ocorrem, como as falhas são detectadas e
quais as ações podem ser executadas pelo sistema de controle da
espaçonave.

49
Tabela 2.7 – Detecção e recuperação de falhas nos níveis hierárquicos do FDIR.
Nível
Impacto Detecção da Falha Recuperação do Sistema
Falha/Falência
Verificação local interna da
Repetição local de comando da
Nenhum impacto no unidade; verificação do dado
Nível 0 unidade, reinicialização da
desempenho do sistema transmitido; verificação da
unidade, recarga
consistência.
Chaveamento por meio do
Verificação dos limites de
Desempenho degradado subsistema para unidade
Nível 1 parâmetros da unidade,
do subsistema redundante, repetição de
verificação da plausibilidade
comando, recarga
Vários alarmes provenientes
Nível 2 da verificação de consistência Chaveamento para redundâncias
Perda de desempenho
de unidades do nível 0 no nível da plataforma, repetição
do subsistema
de comando
Nível 3 Falhas nas unidades de FDIR
Vários alarmes do nível 2 e 3, Comutação do modo operacional
Perda de desempenho alarmes de hardware e.g. para o modo de segurança,
Nível 4 do sistema; interrupção Sol/Terra fora do campo do intervenção do Segmento Solo
da missão sensor, propulsor preso em para recuperação do sistema e
aberto retorno ao modo nominal

Fonte: Adaptado de Wander e Förstner (2012).

2.8.6.2 Arquitetura com Capacidade Decisória

De acordo com Olive (2012), a necessidade crescente de aumento da


autonomia das missões científicas e de observação da Terra com o objetivo de
redução do tempo de reação e da tomada de decisões a bordo, oferece
oportunidades de introdução de novos conceitos de FDIR a bordo das
espaçonaves.

Com foco em missões de observação da Terra e missões científicas e no


desenvolvimento de sistemas autônomos complexos, Olive (2012) propõe, com
base em Lemai et al. (2006), uma arquitetura com capacidade decisória,
organizada em três níveis hierárquicos, conforme mostra a Figura 2.17
possibilitando o desenvolvimento de estratégias de FDIR que sejam ao mesmo
tempo centralizadas, de forma a prover em um único local uma visão sintética
do estado do satélite para a tomada de decisões a bordo, e distribuída, de
forma a manter o FDIR local no nível do subsistema e da unidade.

50
Figura 2.17 – Arquitetura com capacidade decisória.

Fonte: Adaptado de Olive (2012).

Esta estratégia é compatível com a arquitetura hierárquica descrita na seção


anterior, onde os níveis 0, 1, 2 são cobertos pelas partes distribuídas e os
níveis 3 e 4 são cobertos pela parte centralizada.

2.8.7 Métodos de Detecção, Isolação, Identificação e Recuperação

Os métodos tradicionais de detecção, isolação, identificação e recuperação


fazem uso de técnicas simples como, por exemplo, verificações de
consistência, mecanismos de votação, técnicas simples de estimação. Limites
fixos são também usados para um rápido reconhecimento de uma condição

51
fora de tolerância. Métodos avançados têm, no entanto, sido aplicados no
ambiente espacial ou encontram-se em estudo e desenvolvimento visando sua
utilização no espaço. Entre outros, podem ser mencionados os métodos
baseados em modelos, métodos baseados em dados, métodos baseados em
Lógica Fuzzy e métodos baseados em Redes Bayesianas, e até o filtro de
Kalman.

2.8.7.1 Métodos Baseados em Modelos

A redundância analítica explora as relações matemáticas entre variáveis


medidas e variáveis estimadas para detectar possíveis falhas. O conjunto de
métodos que resultaram desta abordagem é conhecido como métodos
baseados em modelos (MARZAT et al., 2012), onde modelo deve ser
entendido como modelo dinâmico baseado no conhecimento. Marzat et al
(2012), apresentam um levantamento dos métodos quantitativos baseados em
modelos para a diagnose de falhas na área aeroespacial. Zolghadri (2012)
discute algumas tendências e avanços em métodos de detecção, isolação e
recuperação de falhas baseados em modelos para aplicações espaciais.

Exemplo da utilização de métodos baseados em modelos é encontrado em


Muscettola et al. (1998). O componente Identificação e o componente
Reconfiguração de Modo do Remote Agent Experiment, experimento da sonda
Deep Space One, lançada pela NASA em 1998, são providos por um
controlador discreto Livingstone (Figura 2.18). Livingstone é um sistema de
diagnose baseado em modelos que usa um modelo qualitativo dos
componentes de um sistema e as suas interações, tanto em condições
nominais de operação como na presença de falhas.

O componente Identificação do Modo (MI) do controlador provê a capacidade


de rastrear mudanças na configuração da sonda devido a comandos do
Executivo e falhas de componentes. O MI usa o modelo da sonda e os
comandos executivos para prever a próxima configuração nominal. Os valores
previstos são comparados com os valores reais monitorados e discrepâncias
entre eles indicam uma falência. Neste caso, o MI isola a falha e realiza a

52
diagnose de sua causa usando algoritmos adaptados da diagnose baseada em
modelos. Quando a configuração corrente deixa de satisfazer os objetivos da
configuração ativa, o componente Reconfiguração de Modo do controlador
Livingstone pode identificar um conjunto com custo mínimo de procedimentos
de controle que configure a sonda de forma a satisfazer os objetivos.

Figura 2.18 – Diagrama de blocos da arquitetura Livingstone.

Fonte: Adaptado de Muscettola et al. (1998).

2.8.7.2 Métodos que Utilizam Redes Bayesianas

Uma rede Bayesiana é um modelo da distribuição conjunta de probabilidade a


posteriori do domínio do problema. Assim, os valores observados de algumas
das variáveis do domínio podem ser usados como entrada do modelo para
atualizar o valor de variáveis não observadas. Na literatura podem ser
encontrados trabalhos que utilizam as redes Bayesianas em estratégias de
FDIR.

Holsti (2001); Paakko et al. (2001) apresentam o projeto Advanced FDIR


(AFDIR). Patrocinado pela ESA e coordenado pela Astrium SAS, o projeto foi
desenvolvido pela Space Systems Finland Ltd com a colaboração da University
of Helsinki e emprega dois métodos de diagnose: raciocínio probabilístico
usando Redes Bayesianas e diagnose baseada em modelos que usa Redes
Causais. O AFDIR foi aplicado no satélite hipotético ASOS (Advanced Smart

53
Observation Satellite), similar a um satélite pequeno de observação da Terra,
com um subsistema de controle de atitude composto por sensores autônomos
de estrelas, GPS, magnetômetros, magnetotorques e rodas de reação.

O projeto Anomaly Resolution and Prognostic Health Management for


Autonomy (ARPHA) é outra iniciativa patrocinada pela ESA envolvendo a
aplicação de Redes Bayesianas em FDIR (CODETTA-RAITERI; PORTINALE,
2010). O projeto, desenvolvido pela Thales/Alenia Italy em colaboração com a
Universita‟ del Piemonte Orientale, explora as capacidades de modelagem e
inferência das Redes Bayesianas Dinâmicas no projeto e implementação de
um FDIR para uma nave autônoma. O método permite realizar a diagnose de
uma falha e a recuperação do sistema (recuperação reativa) e o prognóstico de
uma falha e a recuperação preventiva do sistema. Codetta-Raiteri e Portinale
(2015) apresentam os resultados obtidos em um estudo de caso do ARPHA
envolvendo a análise do FDIR do sistema de suprimento de energia do robô
ExoMars em diferentes cenários simulados de anomalias e falhas.

2.8.7.3 Métodos que Utilizam Lógica Fuzzy

Guiotto et al. (2003) apresentam o trabalho SMART-FDIR patrocinado pela


ESA e desenvolvido pela Alenia Spazio e Politecno di Milano, o qual contempla
a implementação de um FDIR usando métodos com base nas tecnologias de
Inteligência Artificial tais como:Fuzzy Inductive Reasoning na detecção;
Possibilistic Reasoning na isolação e identificação; e State Variable Transition e
Multi-criteria Decision Making na recuperação.

2.8.7.4 Métodos Baseados em Automação Cognitiva

Com foco em missões interplanetárias e na presença de falhas não previstas,


Wander e Fostner (2012) analisam o emprego de métodos de detecção e
diagnose utilizados em aplicações industriais e que têm sido objeto de estudos
visando sua utilização no espaço, como os baseados em modelos (model
based), e métodos de soft-computing, tais como Lógica Fuzzy, Redes
Bayesianas Dinâmicas, Redes Neurais, Teoria da Evidência de Dempster-

54
Shafer (D-S-E) e Automação Cognitiva. A análise conclui que a Automação
Cognitiva é o método mais promissor resultando na proposição, em Wander e
Fostner (2013), de um estudo aplicando esta metodologia ao subsistema de
potência de uma nave interplanetária.

2.8.7.5 Métodos Baseados em TFPG (Timed Failure Propagation Graph)

Introduzido por Misra (1994), o Grafo Temporizado de Propagação de


Falências (TFPG) é um grafo dirigido cujos nós representam os modos de
falência e os efeitos dos modos de falência (i.e. as discrepâncias) e as setas
representam a progressão temporal das falências e discrepâncias no sistema.
As setas são rotuladas com o tempo de propagação entre os nós. As setas
podem também ser rotuladas com os modos de operação permitindo que o
grafo capture o comportamento na presença de falência para diferentes
configurações do sistema.

Formalmente (BITTNER et al., 2017), um TFPG é representado como a ênupla

G = (F, D, E, M, ET, EM, DC) (2.1)

onde:

 F é um conjunto não vazio de modos de falência;

 D é um conjunto não vazio de discrepâncias;

 E ⊆ V × V é um conjunto não vazio de setas conectando o conjunto de

nós V = F ∪ D;

 M é um conjunto não vazio de modos do sistema (é suposto que, em


cada instante de tempo, o sistema está precisamente em um modo);

 ET : E → I é um mapa que associa toda seta em E com um intervalo de


tempo [tmin, tmax] ∈ I indicando o tempo de propagação mínimo e
máximo da seta (onde I ∈ R≥0 × (R≥0 ∪ {+∞}) e tmin ≤ tmax);

55
 EM : E → 2M é um mapa que associa toda seta em E a um conjunto de
modos em M (é suposto que EM(e) ≠ ∅ para toda seta e ∈ E);

 DC : D → {AND, OR} é um mapa definindo o tipo da discrepância;

A Figura 2.19 é um exemplo de TFPG extraído de Abdelwahed et al. (2009). Na


figura, os retângulos representam os modos de falência, os círculos
representam as discrepâncias do tipo OR (OU inclusivo - nós disjuntivos) e os
quadrados representam as discrepâncias do tipo AND (E - nós conjuntivos). As
setas são parametrizadas com o intervalo de propagação (tmin, tmax) e com os
modos de operação nos quais a propagação ocorre (A e B). C1, C2 e C3
representam componentes do sistema. O modo de falência FM1 e as
discrepâncias D1, D2 e D3 (preenchidos com a cor cinza) estão ativos. Os
tempos t, associados a FM1, D1, D2 e D3, indicam o instante em que os nós
tornaram-se ativos.

Figura 2.19 – Exemplo de um TFPG.

Fonte: Abdelwahed et al. (2009).

O TFPG modela prevalentemente o comportamento temporal de uma grande


variedade de sistemas na presença de falências. Misra (1994); Abdelwahed et
al. (2006) utilizam o TFPG para a diagnose de sistemas enquanto que

56
Mahadevan et al. (2010) propõem a sua utilização na diagnose de sistemas
hierárquicos complexos. Já Abdelwahed et al. (2009) investigam a utilização do
TFPG para o prognóstico de falências e discrepâncias e Troiano et al. (2012)
propõem a sua extensão de forma a incorporar a recuperação ao modelo.
Bittner et al. (2017) utilizam o TFPG no projeto de sistemas críticos para a
modelagem da propagação de falências e suporte a avaliação e
implementação das funções para detecção, isolação e recuperação.

Em aplicações espaciais, Ofsthun e Abdelwahed (2007) tratam as falências no


sistema de combustível de um satélite, Dubey et al. (2011) descrevem o
sistema de gerenciamento da saúde de um satélite com base no TFPG e
Hayden et al. (2006) avaliam para a NASA a utilização de TFPG no tratamento
das falências da propulsão do lançador Ares I. Ainda em aplicações espaciais,
Bittner et al. (2014) utilizam o TFPG no FAME (Failure and Anomaly
Management Engineering), um processo integrado, baseado em modelos para
o projeto de FDIR desenvolvido para a ESA; e Bittner et al. (2017) apresentam
três estudos de caso nos quais aplicam o TFPG na análise da segurança e
validação do FDIR da sonda Solar Orbiter (SOLO) da ESA.

Além da sua utilização no processo de detecção, isolação e recuperação, o


TFPG oferece outras possibilidades (TROIANO et al., 2012), tais como:

 Modelar como uma falha se propaga em função do tempo de latência,


modos de operação e fase do sistema;

 Analisar o tempo de resposta em termos da capacidade de detecção do


sensor, da confirmação da detecção e do tempo total, do início da
falência até a sua detecção e confirmação;

 Auxiliar o projetista revelando problemas no projeto no estágio inicial de


desenvolvimento;

 Apoiar as equipes técnica e operacional na identificação da falência e


definição da melhor estratégia de recuperação.

57
2.8.7.6 Trabalhos Desenvolvidos no INPE

No INPE, têm sido desenvolvidos trabalhos no âmbito do Curso de Pós-


Graduação em Engenharia e Tecnologia Espaciais (ETE), Área de
Concentração em Mecânica Espacial e Controle abordando detecção, diagnose
e reconfiguração de falhas em Sistemas de Controle de Atitude e Órbita-
SCAOs de satélites entre os quais podem ser citados: Melo (1991), Teixeira
(2005), Leite (2007; 2012), Amaral (2008; 2013), Manelli (2011), Gayarre
(2015) e Siqueira (2016). Além desses, os trabalhos de Alonso (1998), Arias
(1999; 2012), Pessotta (1999) e Kucinskis (2007; 2012) desenvolvidos por
integrantes da ETE no âmbito dos programas de pós-graduação do INPE e do
ITA, tratam de sistemas computacionais tolerantes a falhas e sistemas
computacionais autônomos.

2.8.8 Algumas Estratégias de FDIR Utilizadas em Missões Espaciais

Nesta seção são revistas algumas estratégias FDIR disponíveis na literatura


com o objetivo de apresentar soluções que têm sido adotadas, assim como o
estado atual da arte e projetos de pesquisa propostos e em andamento.

2.8.8.1 Satélite Ørsted

O microssatélite dinamarquês Ørsted (BØGH; BLANKE, 1997; BAK et al.,


1996), lançado em 1999 com uma massa total de 62 kg, tem como
característica marcante a operação autônoma e tolerante a falhas do
subsistema ACS (Attitude Control System) com uma quantidade mínima de
redundância de hardware. O satélite é estabilizado nos três eixos, possui
quatro tipos de sensores de atitude (Magnetômetro, Imageador de Estrelas,
GPS, Sensor Solar) e tem como atuador dois conjuntos de Magnetotorques.
Nesta seção são destacados pontos apresentados em Bøgh e Blanke (1997) e
em Bak et al. (1996) considerados relevantes para o desenvolvimento deste
trabalho.

58
O ACS é responsável pelo controle e pela estimação de atitude, validação dos
dados dos sensores, gerenciamento dos comandos operacionais,
monitoramento das informações e tratamento das falhas.

Para facilitar a realização dessas funções foi adotada a estrutura, já mostrada


na Figura 1.1, com três níveis:

 O nível mais baixo contempla entradas e saídas e a malha de controle;

 O nível intermediário contempla os algoritmos de detecção e


recuperação de falhas;

 O terceiro nível contempla a lógica de supervisão.

A autonomia é obtida por meio de algoritmos de controle e determinação de


atitude reconfiguráveis em tempo real, permitindo sua adaptação às mudanças
de fase da missão, às contingências e às falhas. O Supervisor monitora o
estado do satélite e reconfigura os algoritmos de ACS de forma a otimizar o
desempenho do sistema.

Devido às restrições de custo e massa, a abordagem adotada para


dependabilidade inclui:

 Ausência de requisito de falha em segurança;

 Tolerância para a degradação de desempenho em consequência de


uma falha;

 Aceitação de redundância de hardware para poucos componentes.

A estratégia adotada para a definição do Supervisor consiste de:

1. Realização de uma FMEA de todos os equipamentos envolvidos, a qual,


combinada com uma análise completa de todo satélite, indica os efeitos
finais no nível do satélite;

59
2. Efeitos finais são classificados de acordo com sua severidade para
seleção daqueles que serão tratados pelo Supervisor;

3. Alternativas para recuperação das falhas são avaliadas;

4. Localização das falhas que originam os efeitos finais é realizada por


meio da análise reversa da FMEA;

5. Algoritmos para detecção de falhas são definidos;

6. Ações para recuperação das falhas são definidas;

7. Regras de inferência para o Supervisor são definidas usando as


informações sobre falhas/efeitos detectados e de como eles são
recuperados. O Supervisor determina as ações mais apropriadas a partir
das condições presentes dos comandos recebidos.

2.8.8.2 Satélite WISE

Em Rice et al. (2008), é apresentada a estratégia de proteção contra falhas


adotada na missão WISE (Wide-field Infrared Survey Explorer) da NASA. A
missão inclui um satélite de médio porte com massa de 750 kg, lançado em
dezembro de 2009 portando um telescópio espacial na faixa do infravermelho.

Devido aos recursos financeiros limitados, a estratégia tradicional de utilização


de redundância para todos os equipamentos mostrou-se inviável para a
missão. Apoiada em características da missão como sua curta duração, a
herança de equipamentos e da arquitetura para aceitar riscos que não
poderiam ser aceitos em outras circunstâncias, a WISE pôde limitar a
abrangência da proteção contra falhas e a utilização de redundâncias a bordo
do satélite.

O desenvolvimento do projeto da proteção contra falhas tem início com o


estabelecimento das prioridades e características da proteção contra falhas da
missão. Em primeiro lugar, a proteção contra falhas na WISE procura proteger
a saúde e segurança da Plataforma e preservar os itens consumíveis da

60
missão como, por exemplo, o hidrogênio para resfriamento da ótica e do
detector.

A proteção contra falhas é implementada com o objetivo de reduzir o risco para


a missão sempre que viável, detectando as falhas que podem ter impacto na
saúde do sistema e respondendo, quando o tempo de resposta for crítico, por
meio da isolação da falha e da colocação do satélite em uma configuração
segura. Respostas autônomas somente tentam recuperar o desempenho
necessário para proteger a saúde do sistema. A recuperação do desempenho
da carga útil é sempre realizada pelo segmento solo.

Como segunda prioridade, a proteção contra falhas tenta preservar a


integridade dos requisitos da carga útil. Devido à sensibilidade da missão com
relação ao tempo de inatividade, a proteção contra falhas é projetada para
minimizar o tempo de recuperação onde for possível, minimizando a
reconfiguração necessária para a retomada da operação da carga útil e
maximizando as informações disponíveis para um rápido diagnóstico das
falhas.

Para garantir que as falhas mais críticas são consideradas e que as mitigações
conseguem uma redução real do risco, é implantado um processo para
compilar o repertório de falhas da missão o mais abrangente possível. Para a
produção do repertório é utilizada uma combinação da Análise da Árvore de
Falhas (FTA) e da Análise dos Modos de Falência, seus Efeitos e Criticidade
(FMECA).

A FTA é aplicada no nível da missão e do satélite. No nível da missão, a FTA


foi aplicada nos seus eventos. No nível da Plataforma e Carga Útil, a FTA é
aplicada nas funções de seus subsistemas até o nível de montagem. O objetivo
da FTA é identificar os modos de falência no nível do sistema e as interações
das falhas no nível baixo no âmbito da operação do sistema.

A FMECA é aplicada em todas as montagens com o objetivo de identificar os


modos de falência no nível baixo os quais foram mapeados na FTA com o

61
objetivo de criar uma análise completa e consistente de todas as falhas
possíveis e de suas interações com o sistema. Para ampliar o repertório de
falhas, é ainda utilizado o conhecimento proveniente da experiência com os
equipamentos e a arquitetura herdada de outras missões. A Figura 2.20
apresenta o fluxo de trabalho para definição do repertório de falhas.

Figura 2.20 – Fluxo de trabalho para definição do repertório de falhas da missão


WISE.

Fonte: Adaptado de Rice et al. (2008).

A partir dos resultados das análises é gerada uma matriz de falhas com
aproximadamente 600 falhas onde, a cada falha, foi associado um risco para
os objetivos de alto nível da missão com base na probabilidade da falha ocorrer
e no impacto da falha no sucesso da missão resultando numa classificação
com quatro níveis de criticidade. As falhas são ainda avaliadas tendo em vista
o tempo máximo em que a resposta deve ser executada antes que o
desempenho do sistema seja impactado.

A identificação de mitigações para as falhas tem início com as falhas de mais


alto risco para, a seguir, serem tratadas as falhas de mais baixo risco. Em
muitos casos, as medidas de tolerância a falhas intrínsecas ao subsistema
permitem dispensar mitigações adicionais. Onde a mitigação é considerada
necessária, uma solução preliminar é definida e, se reduz significativamente o
impacto da falha, mantida no projeto. Se apresentar nenhum ou pouco impacto
na redução do risco, a solução é substituída por medidas que podem ter um
impacto melhor ou a detecção e resposta a falhas são realocadas para a
operação da missão.

62
O resultado é um sistema com algumas redundâncias funcionais e de hardware
e mecanismos de tolerância a falhas que proporcionam a redução de risco
mais econômica possível. A proteção contra falhas é distribuída pelo sistema.
No nível baixo, funções de hardware provêem alguma proteção em condições
risco. O software de proteção contra falhas é implantado primariamente no
computador principal do satélite. Uma unidade de processamento
independente monitora a saúde da unidade principal e é capaz de manter o
apontamento e a segurança térmica em caso de falha que impacte o software
de bordo.

A maior parte dos subsistemas são estruturas single-string onde algumas


redundâncias foram adicionadas para aumentar a tolerância a falhas em áreas
mais sensíveis, como o controle de atitude. Como a WISE é sensível a
restrições de apontamento, muitas das redundâncias e da degradação
progressiva estão no sistema de apontamento.

A carga útil não possui nenhuma unidade de processamento que realize


funções de monitoramento e resposta. Assim a proteção contra falhas é
realizada somente pelo software de bordo.

2.8.8.3 Missão Cassini-Huygens

A missão Cassini-Huygens, composta pelas naves Cassini (orbitador) e


Huygens (sonda) foi lançada em outubro de 1997 e entrou em órbita de
Saturno em julho de 2004. A Huygens pousou na superfície de Titã em
dezembro de 2004, após se separar da Cassini (WIKIPEDIA, 2016). A massa
total da Cassini-Huygens no lançamento era de aproximadamente 4.637 kg,
dividido entre o Orbitador (1.925 kg), a Sonda (312 kg) e o combustível (2.400
kg) (BROWN; DONALDSON, 1994).

Nesta seção é abordada a estratégia de proteção contra falhas da Cassini, com


foco na Proteção contra Falhas no Sistema - System Fault Protection (SFP) e
na proteção contra falhas nos subsistemas Comando e Dados - Command and

63
Data Subsystem (CDS) e Controle da Atitude e da Articulação - Attitude and
Articulation Control Subsystem (AACS).

Diferentemente dos casos anteriores (Ørsted e WISE), o requisito primário do


SFP da Cassini estabelece que nenhum possível ponto de falência simples
deve impedir a missão de atingir seus objetivos ou resultar numa degradação
significativa da missão. Embora o requisito primário seja proteger contra falhas
simples, a meta do SFP é recuperar o sistema de falhas múltiplas, desde que
elas estejam localizadas em regiões de contenção independentes (SLONSKI,
1996).

De acordo com Slonski (1996), a responsabilidade pela recuperação de falhas


na Cassini é dividida entre o Segmento Solo e o Segmento Espacial. Quando
uma resposta de solo não é viável ou quando essa resposta deve ser fornecida
em um período de até duas semanas, a proteção contra falhas é realizada de
forma autônoma a bordo. A responsabilidade pela recuperação autônoma de
falhas a bordo é dividida entre o SFP e os subsistemas.

O SFP monitora e protege funções nas áreas de telecomunicação, potência,


térmica, computador de bordo e propelente. Os subsistemas são, em geral,
responsáveis pela recuperação de suas funcionalidades. Quando o subsistema
não tem capacidade de realizar a sua recuperação ou a sua recuperação
necessitar de ações específicas de outro subsistema o SFP é envolvido. A
Figura 2.21 mostra a alocação de responsabilidades concernente à proteção
contra falhas na Cassini.

64
Figura 2.21 – Alocação de responsabilidades para proteção contra falhas na Cassini.

Fonte: Adaptado de Slonski (1996).

O SFP é hospedado no subsistema Command and Data Subsystem (CDS). A


disponibilidade do SFP é garantida pela proteção contra falhas internas ao
CDS que conta com um CDS redundante que pode assumir o papel do CDS
primário no caso do mesmo vir a falhar. O SFP está embutido no software do
CDS e consiste de uma estrutura composta de monitores, respostas e um
gerenciador para a coordenação. A ocorrência de uma falência do sistema
levará o monitor relacionado à mesma, após avaliação dos dados da falha, a
definir a resposta ou as respostas que devem ser executadas (SLONSKI,
1996).

A proteção contra falhas no subsistema CDS – CDS Fault Protection (CFP) é


baseada nos conceitos de designação e classificação dos erros. Cada erro
associado ao CDS recebe uma designação que especifica o serviço ou os
serviços providos pelo subsistema que são afetados pelo erro. A classificação
especifica a localização e a criticidade do erro. A associação de um erro ao
serviço que ele afeta é permanente e função da arquitetura do subsistema. A
classificação, i.e. a severidade de um erro, depende da fase da missão
(BROWN; DONALDSON, 1994)

65
Conforme Brown e Donaldson (1994), o CFP segue a abordagem de
monitoramento e resposta. Quando ocorre uma falha o sistema detecta uma
violação na sua funcionalidade que resulta na geração de um erro. Estes erros
são detectados de forma distribuída pelos componentes hardware e software
do sistema. Dado que os subsistemas são projetados usando decomposição
funcional, cada função é relevante para um ou mais dos serviços do CDS.
Como o erro é mapeado na designação do serviço que é afetado e o serviço é
mapeado na sua criticidade durante uma fase específica da missão, a resposta
a um erro será ajustada apropriadamente durante a missão.

A arquitetura da proteção contra falhas no subsistema AACS – AACS Fault


Protection (AACS FP) é composta por monitores de erro, regras de ativação,
roteiros de resposta, gerenciadores de reparo e gerenciadores de redundância
(Figura 2.22).

Os monitores de erros detectam desvios do desempenho esperado e


sumarizam sua opinião como uma cor. As regras de ativação usam o
conhecimento da configuração corrente do hardware junto com os objetivos do
subsistema para diagnosticar a fonte e a severidade do problema e, a seguir,
ativar um ou mais roteiros de resposta. Os roteiros de resposta restauram o
subsistema a uma condição segura e funcional por meio de comandos e
mensagens de alerta adequados e/ou dirigindo as ações dos gerenciadores de
reparo.

Os gerenciadores de reparo aplicam ações corretivas nos componentes físicos


individuais e provêm os históricos de reparo para os roteiros de reparo. Os
gerenciadores de redundância coordenam e acompanham as mudanças nos
conjuntos primários. O AACS FP contém 317 monitores de erro, 310 regras
ativação e 221 roteiros de resposta (MEAKIN, 2008).

66
Figura 2.22 – Diagrama de blocos da arquitetura do AACS FP.

Fonte: Adaptado de Meakin (2008).

De acordo com Meakin (2008), os monitores de erros estão embutidos em três


níveis do software de voo do AACS. No nível mais baixo, os monitores de erro
monitoram os gerenciadores de interface de hardware. Os monitores de baixo
nível consistem, em geral, de testes simples do hardware, são responsáveis
pela detecção da maioria das falhas e podem usualmente prover a localização
das mesmas.

No nível intermediário, os monitores de erros de estimação e controle


monitoram o desempenho dos algoritmos de AACS. Estes monitores não
fornecem uma região de falhas restrita como a dos monitores de nível mais
baixo, pois podem ser ativados por diversas falhas.

O nível mais alto de monitores de erros são os testes funcionais. Estes


monitores mapeiam regiões mais abrangentes, consistem de time-outs ou give-
ups e provêm pouca localização das falhas. Grosso modo, no subsistema
AACS existem centenas de monitores de erros de nível baixo, dezenas de
monitores de erros de estimação e controle e dez testes funcionais com
monitores de erros.

67
2.8.8.4 Formação de Satélites TerraSAR-X e TanDEM-X

O TerraSAR-X é um satélite alemão de observação da Terra por meio de


sensor radar na banda X com massa de 1230 kg lançado em 15 de junho de
2007. O satélite TanDEM-X, gêmeo quase idêntico do TerraSAR-X, foi lançado
em 21 de junho de 2010 com massa de 1330 kg. Os satélites podem operar
individualmente para geração dos produtos da missão TerraSAR-X ou em
conjunto, voando em uma formação controlada com os satélites distando
tipicamente menos de 150 m um do outro, para a geração de imagens
tridimensionais da Terra (SCHWAB et al., 2012; DLR, 2014a; DLR 2014b).
Nesta seção são destacados pontos apresentados em Schwab et al. (2012)
considerados relevantes para o desenvolvimento deste trabalho.

O FDIR da missão conjunta TerraSAR-X e TanDEM-X é composto pelos


Segmentos Solo e Espacial. No Segmento Espacial, o FDIR é composto pelo
FDIR individual dos satélites e pelo FDIR integrado global do Segmento
Espacial abrangendo a formação e as interações entre os satélites.

O FDIR individual dos satélites tem por base uma concepção multicamadas,
hierárquica e distribuída na qual cada camada realiza sua própria detecção,
isolação e recuperação de falências. Se a recuperação da falência não puder
ser realizada na camada em que foi detectada é gerado um relatório do evento
e a camada imediatamente superior se encarregará das ações para
recuperação.

A Figura 1.3, apresentada na Seção 1, mostra a estrutura hierárquica dos


processos aplicativos do satélite TerraSAR X. A modularidade do sistema é
obtida pela decomposição funcional do sistema global em processos aplicativos
provendo individualmente funções dedicadas, as quais são embutidas em um
conjunto comum de serviços operacionais para as funções padrões. Este
conjunto de serviços provê comandabilidade e observabilidade para as
aplicações individuais assim como para a aplicação específica de FDIR.

68
De acordo com Schwab et al. (2012), a hierarquia das aplicações mostrada na
Figura 1.3 assegura um roteamento eficiente e transparente dos pacotes de
telecomandos e telemetrias e o tratamento eficiente de falências no tempo mais
curto e no nível mais baixo possível. A aplicação Controle do Sistema (System
Control), aplicação de nível mais alto a bordo do satélite, é responsável pelo
FDIR global assim como pela distribuição de comandos e envio de telemetrias
do/para o Segmento Solo (MOS – Mission Operation Segment). As aplicações
Bus Controle AOCS provêem todos os serviços e funções necessários para a
plataforma e o satélite como um todo. A aplicação Gerenciamento da Carga Útil
(Payload Manager) provê funções de suporte, inclusive FDIR, para a Carga
Útil, composta por aplicações adicionais distribuídas em diferentes unidades de
hardware. O FDIR interno de cada aplicação é constituído por um conjunto
configurável de serviços com base na ECSS-E-70-41A – Packet Utilization
Standard (PUS).

O FDIR de cada um dos satélites cobre, além das falências do hardware


identificadas na FMECA, erros operacionais e funcionais e falências transientes
como, por exemplo, as causadas por SEU em memórias ou por EMI durante a
transmissão de dados. O FDIR integrado global cobre a operação conjunta da
formação a qual, devido à proximidade dos satélites, envolve risco de colisão e
risco de iluminação mútua pelo feixe principal das antenas do radar.

2.8.8.5 Formação Autônoma de Satélites

Castel et al (2006) analisam estratégias de FDIR para uma formação autônoma


de satélites. No trabalho são consideradas anomalias que afetam a geometria
da formação, a missão científica e as comunicações. Três estratégias
centralizadas, uma mista e duas distribuídas de FDIR são caracterizadas por
meio de simulações baseadas em redes de Petri.

2.8.8.6 Satélites CBERS 3&4

A arquitetura do tratamento de falhas nos satélites da série CBERS é


descentralizada e distribuída. A recuperação de falhas da Plataforma é

69
parcialmente realizada pelo Segmento Espacial cabendo o restante ao
Segmento Solo. Já as falhas relativas às Cargas Úteis, são totalmente tratadas
pelo Segmento Solo.

O tratamento de falhas sistêmicas da Plataforma coloca o satélite em modo de


segurança quando ocorre falência do controle de atitude ou do controle de
órbita. O FDIR do subsistema AOCS é responsável por colocar o satélite em
um dos dois modos de segurança previstos para a missão. No modo “Global
Attitude Acquisition”, a atitude do satélite é controlada pelo computador do
subsistema AOCS o qual utiliza todos os sensores e todos os atuadores. No
modo “Emergency”, a atitude do satélite é controlada por um módulo de
emergência, independente do computador do subsistema, o qual utiliza apenas
os “Thrusters” e os “Giros” para manter o satélite seguro.

No nível subsistema, somente falhas dos subsistemas OBDH e AOCS que


necessitam de ação imediata para não comprometer a operação dos
subsistemas ou a segurança do satélite são tratadas a bordo pelos seus
FDIRs. No nível equipamento, as falhas que podem comprometer a operação
do equipamento ou a segurança do satélite também são tratadas a bordo.

A Tabela 2.8 apresenta alguns métodos de detecção e recuperação para


falências das funções de processamento, comunicação e tempo de bordo do
subsistema OBDH. Na tabela são considerados três modos de falência: a) não
realiza a função; b) realiza a função intermitentemente; c) realiza a função com
erro.

70
Tabela 2.8 – Detecção de Falências e Recuperação do Subsistema OBDH dos
Satélites CBERS

CBERS
Item Falências
Detecção Recuperação
Em bordo: reset, comutação
Perda da capacidade de para hardware redundante; Em
1 Em bordo: Watch Dog.
processamento solo: carregamento de nova
versão do software.
Abaixo de determinado tempo não será detectado; Acima será
Processamento
2 detectado e recuperado como no item 1 (Perda da capacidade de
intermitente
processamento).
Em solo: comutação para
hardware redundante;
3 Erro no processamento; Em solo: Telemetria.
carregamento de nova versão
do software.
Perda de canal de Em solo: comutação para
4 Em solo: Telemetria.
comunicação; hardware redundante.
Abaixo de determinado tempo não será detectado; Acima será
Canal de comunicação
5 detectado e recuperado como no item 4 (Perda canal de
intermitente;
comunicação).
Erro no canal de Em solo: comutação para
6 Em solo: Telemetria.
comunicação; hardware redundante
Em bordo: verificação de Em bordo: interrupção da
consistência do tempo do atualização do relógio de bordo
Perda da referência de
7 GPS com relação ao relógio a partir do GPS; Em solo:
tempo
de bordo; Em solo: comutação para GPS
Telemetria. redundante.
Abaixo de determinado tempo não será detectado; Acima será
Referência de tempo
8 detectado e recuperado como no item 7 (Perda da referência de
intermitente
tempo).
Em bordo: verificação de
Em bordo: interrupção da
consistência do tempo do
atualização do relógio de bordo
Erro na referência de GPS com relação ao relógio
9 a partir do GPS; Em solo:
tempo de bordo (erro >20ms); Em
comutação para GPS
solo: Telemetria (erro
redundante.
<20ms).

Com relação aos demais subsistemas: a) Todos os equipamentos do


subsistema Suprimento de Energia possuem redundância interna quente, o que
garante que o subsistema é tolerante a falhas simples; b) No caso do
subsistema de Telecomunicação de Serviço, a cadeia de telecomandos possui
redundância interna “a quente” que garante a sua operação em caso de falha
simples.

A Tabela 2.9 sumariza como se dá o tratamento de falhas na Plataforma dos


satélites CBERS.

71
Tabela 2.9 – Sumário do tratamento de falhas da Plataforma nas missões CBERS.

Nível Segmento

Solo Espacial

Equipamento X X

OBDH e AOCS X X
Subsistema
Outros subsistemas X

Sistema X

Os satélites CBERS 1, 2, e 2B ultrapassaram a vida útil prevista para as


missões. No entanto, os satélites apresentaram falhas ao longo do tempo em
que estiveram em operação, as quais, em alguns casos, impuseram restrições
à sua operação. Todos os satélites permaneceram em operação até a
ocorrência de falências que causaram o final das missões. As causas prováveis
dessas falências são discriminadas abaixo:

 CBERS 1: Falência do controle da atitude causou a perda do


apontamento dos painéis solares que causou falta de energia. Em
conseqüência, os subsistemas OBDH e AOCS e as cargas úteis
deixaram de operar;

 CBERS 2: Falência das Baterias causada por provável avalanche


térmica;

 CBERS 2B: Falência dos Giros causou a falência do Controle de Atitude


que levou ao consumo de todo o seu combustível.

2.8.8.7 PMM e o Satélite Amazonia 1

Embora as futuras missões brasileiras devam ter por base a arquitetura


originalmente proposta para a PMM, a qual prevê a integração das funções de
AOCS e OBDH em um único subsistema, o subsistema Controle de Atitude e

72
Tratamento de Dados – ACDH (Figura 2.23), o satélite Amazonia-1 mantém a
arquitetura tradicional (Figura 2.6) com um subsistema de Controle de Atitude e
Órbita (AOCS) e um subsistema de Tratamento de Dados (OBDH).

Figura 2.23 – Diagrama de blocos do subsistema ACDH e suas principais interfaces


com subsistemas da Plataforma e Carga Útil.

Fonte: INPE (2001).

Assim como nos satélites CBERS, o tratamento de falhas das Cargas Úteis do
satélite Amazonia 1 é realizado pelo Segmento Solo. O tratamento de falhas da
Plataforma é dividido entre o Segmento Solo e o Segmento Espacial.

O FDIR da Plataforma tem uma estrutura hierarquica com mecanismos de


tratamento de falhas implantados no nível equipamento, no nível subsistema e
no nível sistema. O FDIR do sistema está hospedado no computador do
subsistema OBDH.

No nível subsistema, somente as falhas dos subsistemas OBDH, AOCS e PSS


(Power Supply Subsystem) são tratadas a bordo do satélite. O FDIR do
subsistema OBDH é hospedado em seu computador assim como o FDIR do
AOCS é hospedado no computador do seu subsistema.

No nível equipamento, as falhas que necessitam de ação imediata para não


comprometer a segurança e operação do satélite são tratadas a bordo. No
caso do subsistema de Telecomunicação de Serviço, a cadeia relativa a
telecomandos possui redundância interna “a quente” que garante a sua

73
operação em caso de falha simples. A Tabela 2.10 sumariza como se dá o
tratamento de falhas na Plataforma do satélite Amazonia 1.

Tabela 2.10 – Sumário do tratamento de falhas da Plataforma no satélite Amazonia 1.

Nível Segmento

Solo Espacial

Equipamento X X

OBDH, AOCS e PSS X X


Subsistema
Outros subsistemas X

Sistema X X

2.8.9 Sumário das Arquiteturas e Métodos de FDIR Revistos

A Tabela 2.11 apresenta um sumário das arquiteturas e métodos de FDIR


analisados nessa revisão.

74
Tabela 2.11 – Sumário das arquiteturas e métodos analisados nesta revisão.

Métricas /
Arquitetura Análises e Aplicação (Massa,
Referência Métodos Repertório
Proposta Modelamentos Ano Lançamento)
Falhas
Detecção: Verificação da variação e taxa
dos sinais dos sensores;

Arquitetura do subsistema ACS Isolação: Filtro de Kalman estendido para


(attitude and control system) o sensor solar;
Bøgh, S. A.;Blanke,
com 3 níveis: 1) entrada/saída e
M. (1997) FMECA Ørsted (62 kg, 1999)
loop de controle; 2) algoritmos Recuperação: Seleção dos algoritmos de
Bak, T. et al. (1996)
para detecção e acomodação controle, habilitação/desabilitação
de falhas; 3) supervisão redundâncias, ativação/desativação do
controlador;

Supervisão: Regras de inferência.

Os métodos não são tratados. Cada


estratégia é caracterizada pelo
Centralizadas (3 estratégias); Simulação das estratégias
conhecimento e algoritmos de Detecção,
Castel, C (2006) Mista (1) e Distribuidas (2 Petri net usando o ambiente de
Isolação, Reconfiguração necessários,
estratégias) software ProCoSA
onde são implementados e os requisitos
de comunicação entre as naves.
Modelamento de
Protótipo do ARPHA
Dynamic Decision Network (DDN). Uma falhas: EDFT
avaliado em sistema
classe de Probabilistic Graphical Models, (Extended Dynamic
composto por Leon 3 e
Codetta-Raiteri, D.; as DDNs são essencialmente Fault Tree)
RTEMS usando como
Portinale, L (2010) DBNs(Dynamic Bayesian Networks)
estudo de caso o cenário e a
expandidas com nós de decisão e Modelamento da
simulação de um rover para
funções de utilidade. arquitetura do
exploração planetária.
software: UML
Mars Express (1.123 kg,
2003)
IDEF0
Gessner, R. et all
Hierárquica (modelamento do GOCE (1.077 kg, 2009)
(2004)
FDIR)
ADM-AEOLUS (1.366 kg,
2018)

(continua)

75
Tabela 2.11 – Continuação.

Métricas /
Arquitetura Análises e Aplicação (Massa,
Referência Métodos Repertório
Proposta Modelamentos Ano Lançamento)
Falhas

Simulação
Detecção: Fuzzy Inductive Reasoning
Os cenários de validação
MATLAB- são os subsistemas
Identificação/Isolação: Possibilistic
SIMULINK Electrical Power Subsystem
Reasoning
Guiotto, A (2003) (modelamento e e Attitude Control Subsystem
linguagem de do satélite GOCE.
Recuperação: State Variable Transition +
programação)
MADM (Multiple Attribute Decision
O protótipo do SMART-FDIR
Making Under Uncertainty)
é executado em ambiente
com o sistema operacional
Windows 2000

Detecção: métodos tradicionais (limit


monitoring, correlation tests, trending,,
transient filtering, etc.) + Kalman filtering,
Aplicado no satélite
Weighted Sum-Squared Residual test,
Holsti, N.; Paakko, M. hipotético ASOS, "Advanced
Generalized Likelihood Test, Random
(2001) Smart Observation Satellite",
Sample Consensus
Paakko, M. et all similar a um satélite
(2001) pequeno de observação da
Diagnose: Raciocínio probabilístico
Terra.
usando Bayesian Networks e diagnose
baseada em modelos usando Causal
Networks

FDIR (Fault Detection Isolation


and Re-configuration) + ESR
Kumar, V. et all
(Emergency Sun Re-acquisition) Bayesian networks. ISRO GEO Spacecrafts
(2012)
Arquitetura do FDIR é
hierárquica e multicamadas

(continua)

76
Tabela 2.11 – Continuação.

Métricas /
Arquitetura Análises e Aplicação (Massa,
Referência Métodos Repertório
Proposta Modelamentos Ano Lançamento)
Falhas

Arquitetura do sistema integra 3


componentes hierárquicos:
O sistema de identificação e
Muscettola, N. et all 1) sistema de planejamento; Deep Space One (373 kg,
reconfiguração é baseado em modelos
(1998) 2) sistema executivo; 1998)
analíticos
3) sistema de identificação e
reconfiguração

Arquitetura do sistema com 3


níveis: 1) decisório; 2)
operacional; 3) funcional.

Olive, X. (2012) FDIR: Hierárquica e distribuída


nos subsistemas e
equipamentos (níveis 0, 1, 2) e
centralizada nos níveis decisório
e operacional (níveis 3, 4)

Nível de
missão/plataforma/c
Rice, E.B.; Lev-Tov, arga útil: FTA
WISE (750 kg, 2009)
J. (2008)
Níveis inferiores:
FMECA

Formação das naves TSX e


Schwab, A et all Hierárquica, multicamada,
TDX. TDX (1230 kg, 2007);
(2012) distribuida
TSX (1330 kg, 2010)

(continua)

77
Tabela 2.11 – Conclusão.

Métricas /
Arquitetura Análises e Aplicação (Massa,
Referência Métodos Repertório
Proposta Modelamentos Ano Lançamento)
Falhas
Stellar
Reference Units
Slonski, J. P. (2015)
(SRUs) CCD Cassini (1.925 kg,1997)
Meakin, P. C. (2008)
temperature
(Meakin);

Simulação do Subsistema de
Wander, A.; Förstner, potência de nave
Hierárquica Cognitive automation
R. (2013) interplanetária em órbita de
Mercúrio

Métodos tradicionais (verificação de


INPE (2001) Satélite Amazonia 1 (500kg,
Hierárquica. limites, verificação de consistência, cão FMEA/FMECA
INPE (2010) 2018)
de guarda – hardware e software, etc)

78
3 PROPOSTA DE ESTRATÉGIA PARA O TRATAMENTO DE FALHAS

3.1 Conceitos de Falha, Erro e Falência usados neste Trabalho

Neste trabalho não é adotado o conceito de erro como elo causal entre falha e
falência uma vez que, para a abordagem funcional (Seção 3.3.1) adotada nesta
tese para o tratamento de falhas, a sua utilização não se mostrou útil. Neste
trabalho, as falhas são consideradas as causas das falências, conforme mostra
a Figura 3.1. A latência de uma falha é definida como o intervalo de tempo
entre a ocorrência da falha e o aparecimento da falência.

Figura 3.1 – Relação entre falha e falência.

Uma falência ocorre quando o desempenho de uma função não está conforme
a especificação. Uma falência pode se manifestar de modos diferentes, os
modos de falência. Um modo de falência pode ser causado por mais de uma
falha e produzir efeitos (também referidos neste trabalho como discrepâncias),
os quais podem se propagar no sistema. A Figura 3.2 resume estes conceitos.

Figura 3.2 – Relação entre falha, falência e efeito.

79
3.2 Implicações do Tratamento de Falhas Sistêmicas na Fase C da
Missão, como atualmente adotado no INPE

No INPE, as atividades relacionadas ao desenvolvimento de satélites podem


ser divididas em gerenciamento, engenharia de sistemas, engenharia de
subsistemas e engenharia da qualidade, as quais estão estabelecidas em
processos (RABELLO, 2017). A Tabela 3.1 apresenta os macroprocessos das
atividades de engenharia de sistemas e de engenharia de subsistemas nas
fases B e C do ciclo de vida das missões que impactam no tratamento de
falhas dos subsistemas OBDH e AOCS.

A Tabela 3.1 mostra que o tratamento das falhas sistêmicas nas missões
brasileiras tem, como regra geral, seu início na fase C das missões. Na fase B,
a definição da arquitetura do sistema contempla basicamente o atendimento
dos requisitos de confiabilidade estabelecidos para a missão em face de
possíveis falências de equipamentos.

Os documentos de especificação utilizados nos processos de contratação da


aquisição ou do desenvolvimento dos subsistemas e equipamentos da PMM
(INPE, 2001) e do ACDH do satélite Amazônia 1 (INPE, 2010), por exemplo,
limitam-se, de modo geral, à inclusão da quantidade de unidades redundantes
que devem ser fornecidas.

80
Tabela 3.1 – Macroprocessos que Implementam os Subsistemas OBDH e AOCS.

Macroprocessos para a Implementação dos Subsistemas OBDH e AOCS


Objeti
Ativi vos e
Fase B Fase C
dade Docu
mentos
dos Macro
processos
Objetivos

- Levantar requisitos do OBDH e


- Integração e testes ME dos
AOCS;
subsistemas no satélite;
- Alocar confiabilidade para OBDH e
- Definir FDIR do sistema.
AOCS.

- Requisitos da Missão;
Engenharia de Sistemas

Macroprocessos
Documentos de

- Requisitos do satélite;
Entrada dos

- Requisitos de OBDH e de AOCS;


- Concepção da missão e da operação;
- Lista preliminar de TC e TM;
- Arquitetura do satélite;
- Interface com o Segmento de Controle;
- Design and Construction
- Interface com o Segmento Aplicação;
Specification;
- Requisitos de teste de OBDH e AOCS.
- Environmental Specification;
- EMI/EMC Specification
Macroprocessos

- Requisitos de OBDH e de AOCS;


Documentos de

- Lista preliminar de TC e TM;


Saída dos

- Especificação do FDIR do sistema;


- Interface com o Segmento de
- Listas de TC e TM detalhadas e
Controle;
consolidadas;
- Interface com o Segmento Aplicação;
- Relatórios dos testes integrados.
- Requisitos de teste de OBDH e
AOCS.
Macroprocessos
Objetivos dos

- Especificar os subsistemas e
equipamentos, incluindo os seus - Fabricação dos equipamentos dos
FDIRs; subsistemas;
- Especificar os testes dos subsistemas - Testes dos equipamentos e dos
e equipamentos; subsistemas, incluindo seus FDIRs.
- Gerar documentos de fabricação.
Engenharia de Subsistemas

Documentos de
Entrada dos Ma
croprocessos

- Especificação dos subsistemas e


equipamentos (incluindo os seus
FDIRs);
Requisitos do OBDH e do AOCS - Especificação dos testes dos
subsistemas e equipamentos;
- Documentos de fabricação.
Macroprocessos
Documentos de

- Especificação dos subsistemas e


Saída dos

equipamentos (incluindo os seus


- Relatórios de fabricação dos
FDIRs);
equipamentos;
- Especificação dos testes dos
- Relatório de testes dos equipamentos.
subsistemas e equipamentos;
- Documentos de fabricação.

81
O tratamento de falhas na fase C impõe restrições na definição de estratégias
para missão. Nesta fase, a arquitetura física do satélite já está estabelecida e
os subsistemas e equipamentos já foram especificados e, ou estão sendo
adquiridos, ou estão em desenvolvimento.

As estratégias propostas nesta fase para o tratamento de falhas sistêmicas têm


então, como principal recurso, o uso das réplicas dos equipamentos mais os
mecanismos implantados nos equipamentos pelos seus fornecedores e os
mecanismos passíveis de serem incluídos no software de bordo.

A adição generalizada de redundâncias físicas pode, em função de seu custo,


não ser a melhor estratégia ou mesmo não ser uma solução viável para
satélites de pequeno e médio porte. Especialmente em missões científicas, o
uso desta alternativa pode ser agravado por orçamentos ainda mais limitados,
como mostrado na seção 2.8.8.2 deste trabalho, que analisa o satélite WISE.

A adição generalizada de redundâncias não é, no entanto, a única


desvantagem desta abordagem. De acordo com Bouricius et al. (1969), a
confiabilidade de um sistema é altamente sensível a variações da cobertura do
tratamento de falhas onde, a cobertura é definida como a probabilidade do
sistema se recuperar dado que ocorreu uma falência, ou seja:

c = Pr [recuperação do sistema | falência do sistema]

De acordo com Bouricius et al. (1969) “muitas técnicas para o aumento da


confiabilidade (como, por exemplo, a adição de mais unidades reservas) são
inúteis em vista de uma cobertura inadequada. A adição de mecanismos de
diagnóstico, verificação, etc. para melhorar a cobertura das falências é a
técnica mais vantajosa”. A cobertura é, portanto diretamente dependente dos
mecanismos de tratamento de falhas, ou seja, detecção, isolação, identificação
e recuperação. A expressão para cobertura pode então ser reescrita como:

c = Pr [detectar a falência, isolar a falha, identificar a falha, recuperar o sistema


| falência do sistema]

82
Do exposto, pode-se concluir que o início do tratamento de falhas sistêmicas
na fase C tem as seguintes implicações:

1) A quantidade de falhas tratáveis é limitada pela abrangência dos


mecanismos e recursos disponíveis nos equipamentos e por aqueles
passíveis de serem incluídos no software de bordo;

2) A cobertura proporcionada pelas estratégias de tratamento adotadas passa


a ser função dos mecanismos e recursos para detecção, isolação,
identificação e recuperação disponíveis nos equipamentos ou passíveis de
serem incluídos no software de bordo;

3) As falhas não tratáveis a bordo usando os recursos e mecanismos


disponíveis nos equipamentos e por aqueles passíveis de serem incluídos
no software de bordo devem ser tratadas pelo Segmento Solo;

4) O nível de autonomia do tratamento de falhas e, por conseguinte, o nível de


autonomia da execução da missão e o nível de autonomia do
gerenciamento de dados são limitados pelos mecanismos e recursos
disponíveis nos equipamentos e por aqueles passíveis de serem incluídos
no software de bordo.

3.3 Abordagens para a Definição da Estratégia

3.3.1 Descrição Funcional da Arquitetura do Subsistema

O processo de engenharia de sistemas inclui (DOD, 2001) a análise de


requisitos, a análise funcional/alocação e a síntese do produto, conforme
mostrado na Figura 3.3. Na análise funcional/alocação, as funções de nível
mais alto, identificadas por meio da análise de requisitos, são decompostas em
funções de níveis mais baixos enquanto os requisitos de desempenho
associados ao nível superior são alocados às funções de nível mais baixo. Do
processo de análise/alocação resulta a arquitetura funcional que descreve o
sistema em termos do que ele faz logicamente e em termos de desempenho.

83
A síntese é o processo de definição do produto em termos de elementos físicos
e de software que resulta na sua arquitetura física. Cada componente da
arquitetura física deve atender ao menos um (ou parte de um) requisito
funcional. Em projetos modulares os componentes da arquitetura física
realizam uma única função independente, tem pontos únicos de entrada e de
saída e são testáveis separadamente. Assim, no caso de um projeto modular,
cada módulo da arquitetura funcional é mapeado em um módulo da arquitetura
física.

Em áreas de pesquisa relacionadas a tratamento de falhas, a arquitetura do


sistema é comumente descrita em termos funcionais e/ou físicos. Misra (1994),
por exemplo, em sua tese de doutorado, que trata da diagnose de sistemas
dinâmicos com base em sensores, modela hierarquicamente tanto a estrutura
física como a estrutura funcional do sistema, associando os modos de falência
à estrutura física e os seus efeitos à estrutura funcional.

Figura 3.3 – Processo de engenharia de sistemas.

Fonte: Adaptado de DOD (2001).

Neste trabalho, a antecipação da definição de estratégias para o tratamento de


falhas para o final da fase A e/ou início da fase B da missão requer que a
definição seja realizada após a conclusão da alocação funcional e, portanto
antes da síntese da arquitetura física. Isso implica que o subsistema seja
descrito funcionalmente e que a definição de estratégias para o tratamento de

84
falhas, assim como os modos de falência e seus efeitos, sejam associados às
funções.

Durante o processo de síntese da arquitetura física, etapa seguinte do


processo de engenharia de sistemas, não incluída no escopo deste trabalho, as
estratégias definidas funcionalmente devem ser detalhadas e aplicadas
considerando as características dos componentes da arquitetura física.

Neste trabalho, arquiteturas físicas típicas de um subsistema ACDH são


usadas como referência para caracterizar sinais e/ou dados associados
comumente às funções analisadas e usados na detecção das falências das
funções.

3.3.2 Descrição do Comportamento do Sistema por meio de Modelos de


Falhas

Para fins de tratamento de falhas, o comportamento do sistema pode ser


descrito a partir de modelos nominais, os quais descrevem o comportamento
do sistema na ausência de falhas; ou por meio de modelos de falhas, os quais
descrevem o comportamento do sistema na presença de falhas (MISRA, 1994).
Tais modelos podem usar lógicas de tratamento de dados (aquisição,
armazenamento, processamento, decisão, etc.) para extrair informações de
falhas conforme a Tabela 3.2:

85
Tabela 3.2 - Modelos de tratamento de dados de falhas

Modelo Características

Estático, instantâneo, todas as informações sobre os efeitos


Combinacional
está disponível.
Cinemático, não instantâneo, acumula informações sobre as
Sequencial
características assíncronas/por eventos dos efeitos.
Cinemático, não instantâneo, acumula informações sobre as
Temporal
características síncronas/por tempo dos efeitos.
Não instantâneo, acumula informações sobre as
características assíncronas/por eventos e características
Informacional
síncronas/por tempo das causas e efeitos de fluxos
informacionais.
Não instantâneo, acumula informações sobre as
Dinâmico características assíncronas/por eventos e características
síncronas/por tempo das causas e efeitos de fluxos físicos.

Neste trabalho, a descrição do comportamento do sistema na presença de


falhas é realizada por meio de modelos de falhas.

A descrição do comportamento totalmente estático emprega a FMEA (Failure


Modes and Effects Analysis) funcional, introduzida na seção 2.7, o diagrama de
propagação instantânea correspondente, numa lógica combinacional, e
origina a Abordagem 1 (Abordagem por Teoria e Análise) da seção 3.3.4.

A descrição do comportamento prevalentemente cinemático emprega a


FMEA (Failure Modes and Effects Analysis) funcional, introduzida na seção 2.7,
o diagrama de propagação não instantânea correspondente, numa lógica
sequencial, e origina a Abordagem 2 (Abordagem por Modelagem e
Simulação) da seção 3.3.5.

A descrição do comportamento prevalentemente temporal emprega o TFPG


(Timed Failure Propagation Graph), introduzido na seção 2.8.7.5, o diagrama
de propagação não instantânea correspondente, numa lógica temporal, e
origina a caso da literatura da seção 4.2.

86
As vantagens da utilização de modelos de falhas e, em especial, do TFPG,
para o modelamento do comportamento prevalentemente temporal de sistemas
complexos na presença de falhas são discutidas em detalhes em Misra (1994),

Como o comportamento na presença de falhas é analisado apenas para o


modo nominal de operação do subsistema, a ênupla que representa o TFPG,
expressão (2.1), reduz-se a:

G = (F, D, E, ET, DC) (3.1)

onde:

 F é um conjunto não vazio de modos de falência;

 D é um conjunto não vazio de discrepâncias;

 E ⊆ V × V é um conjunto não vazio de setas conectando o conjunto de

nós V = F ∪ D;

 ET : E → I é um mapa que associa toda a seta em E com um intervalo


de tempo [tmin, tmax] ∈ I indicando o tempo de propagação mínimo e
máximo da seta (onde I ∈ R≥0 × (R≥0 ∪ {+∞}) e tmin ≤ tmax);

 DC : D → {AND, OR} é um mapa definindo o tipo da discrepância;

A descrição do comportamento do sistema é realizada por níveis hierárquicos,


integrando FMEA e TFPG em cada nível. A propagação para o nível
imediatamente superior segue o fluxo previsto para integração de FMEAs de
diferentes níveis hierárquicos, descrito na Seção 2.7, ou seja, o efeito final num
dado nível se propaga para o nível imediatamente superior como modo de
falência, conforme mostrado na Figura 3.4.

87
Figura 3.4 – Integração FMEA e TFPG em uma Arquitetura Hierárquica.

Para descrever o comportamento do sistema, inicialmente os modos de


falência, os efeitos e as causas identificados na FMEA são associados aos nós
de um TFPG. Num segundo momento, os nós são conectados seguindo o fluxo
de propagação de cada modo de falência. Em seguida, os tempos estimados
de propagação são associados às setas. Por último, os monitores são alocados
aos nós.

3.3.3 Tratamento de Falências Funcionais

Na seção 2.7.2 são apresentados os modos potenciais de falência de uma


função mencionados na literatura. Neste trabalho são tratados os três
seguintes modos de falência:

 Não realizar a função;

 Realizar a função fora de especificação; e

 Realizar a função de forma intermitente.

De modo geral, estes modos de falência podem ser caracterizados como se


segue.

3.3.3.1 Modo de Falência „Não Realizar a Função‟

O modo de falência “não realizar a função” ocorre quando nenhuma das saídas
é fornecida de forma aceitável.

88
3.3.3.2 Modo de Falência „Realizar a Função Fora de Especificação‟

O modo de falência “realizar a função fora de especificação” ocorre quando


uma ou mais saídas da função são fornecidas de forma não aceitável.

As análises realizadas para o modo de falência „realizar a função fora de


especificação‟ pode ser aplicada, sem perda de generalidade, para os modos
de falência „realizar a função parcialmente‟, „realizar a função excessivamente‟e
„realizar a função não intencionalmente‟. Estes modos de falência podem de
fato ser considerados casos particulares do modo de falência „realizar a função
fora de especificação‟. Para a função „fornecer comando direto‟, por exemplo,
pode-se caracterizar a ocorrência desses modos de falência considerando que:
a) a realização parcial da função implica o fornecimento de um pulso de
comando com duração e/ou amplitude inferior ao requerido; b) a realização
excessiva da função implica o fornecimento de um pulso de comando com
duração e/ou amplitude superior ao requerido; e c) a realização não intencional
da função implica o fornecimento de um pulso de comando quando não
requerido por um dispositivo.

3.3.3.3 Modo de Falência „Realizar a Funcão Intermitentemente‟

O modo de falência “realizar a função de forma intermitente” ocorre quando a


função não é realizada a intervalos aleatórios de tempo.

De acordo com o dicionário Aurélio, intermitente é o “que apresenta


interrupções ou suspensões”. A intermitência pode ser caracterizada pelo
intervalo de ocorrência das interrupções e pela duração da interrupção.

Syed et al. (2013) consideram as falhas intermitentes como sintomas da


degradação de um sistema. Neste caso, a duração da intermitência aumenta e
o intervalo de ocorrência da intermitência diminui à medida que a degradação
aumenta, ou seja, as falhas intermitentes tendem a falhas permanentes ao
longo do tempo.

89
Syed et al. (2013) consideram as falhas intermitentes como sintomas da
degradação de um sistema. Neste caso, a duração da intermitência aumenta e
o intervalo de ocorrência da intermitência diminui à medida que a degradação
aumenta, ou seja, as falhas intermitentes tendem a falhas permanentes ao
longo do tempo.

Neste trabalho, considera-se que uma mesma falência pode ocorrer tanto de
forma permanente como de forma intermitente e que, uma falência quando
ocorre de modo intermitente, provoca os mesmos efeitos provocados quando
ocorre de modo permanente. Assim, a descrição do comportamento do sistema
por meio de FMEA e TFPG não depende do modo de falência ativo.

A identificação do modo de falência ativo só é necessária quando as causas do


modo de falência permanente e do modo de falência intermitente estiverem em
regiões que podem ser tratadas de forma independente (Figura 3.5). Quando
as causas do modo de falência permanente e as causas do modo de falência
intermitente não puderem ser tratadas de forma independente (Figura 3.6) a
isolação da falência é suficiente para o tratamento. Assim, tratamos os casos:

1) Duração da intermitência é insuficiente para sua propagação (o


tempo mínimo de propagação é maior que a duração da
intermitência) e a intermitênciia não se propaga;

2) Duração da intemitência é suficiente para sua completa propagação


espacial (o tempo máximo de propagação é menor que a duração da
intermitência);

3) A causa da intermitência está localizada na mesma região que causa


uma falência permanente.

90
Figura 3.5 – Causas dos modos de falência localizadas em regiões que podem ser
tratadas de forma independente.

Figura 3.6 – Causas dos modos de falência intermitente e dos modos de falência
permanente localizadas na mesma região.

3.3.4 Abordagem por Teoria e Análise para a Diagnose de Falências no


Domínio Espacial

Esta abordagem é prevalentemente combinacional, conforme estabelecido na


Tabela 3.2. Nesta abordagem, a isolação e/ou identificação de falências, ou
seja, a lógica inversa é realizada por meio de lógicas combinacionais baseadas
na assinatura no domínio espacial dos modos de falência. A assinatura no
domínio espacial pode ser obtida por meio da modelagem da propagação de
cada modo de falência pela estrutura do sistema. As hipóteses estabelecidas
na seção 3.3.4.1 serão válidas para esta abordagem.

A propagação de Modos de Falência (MF) pelo sistema gera Efeitos (E) em


diversas regiões de sua estrutura (funcional ou física) que podem ser

91
monitorados por monitores (M). O conjunto de Efeitos Monitorados (EM)
gerados por um MF constitui a manifestação (ou assinatura) espacial do MF a
qual é representada neste trabalho pelo vetor ( ⃗ ). Os monitores fornecem
informações sobre o estado de um efeito. Por razões como dificuldades de
acesso, de implementação, de prazo e custo, nem sempre o monitoramento do
efeito é viável.

O grafo dirigido mostrado na Figura 3.7, cujos nós representam os modos de


falência, os efeitos e os monitores, ilustra a propagação dos modos de falência
quando se considera apenas o domínio espacial.

Figura 3.7 – Exemplo de propagação de modos de falência pela estrutura do sistema.

Na Figura 3.7, os retângulos representam os modos de falência, os círculos e o


quadrado representam os efeitos dos modos de falência e os hexágonos
representam os monitores. Os círculos representam nós disjuntivos, i.e.
discrepâncias que são ativadas sempre que uma das falências que se propaga
até o nó é ativada. Os quadrados representam nós conjuntivos, i.e.
discrepâncias que são ativadas somente quando todas as falências que se
propagam até o nó são ativadas.

Conforme dito no início da seção 3.3.2 e na Tabela 3.2, a propagação de


falências pode igualmente se manifestar em outros domínios: na sequência de
ocorrência de seus efeitos, no tempo, na informação. Todas essas

92
manifestações podem ser usadas de forma isolada ou combinada na diagnose,
i.e., na isolação e/ou identificação da sua causa.

O tempo de ocorrência, por exemplo, é essencial na diagnose por meio do


TFPG. Contudo, o domínio temporal não é o único domínio utilizado. O método
se vale ainda dos domínios espacial (encadeamento dos efeitos) e
informacional (indicação da ocorrência ou da ativação de causas e efeitos).

Além da ativação ou ocorrência do efeito, do domínio informacional podem


ser extraídas informações de dados e de sinais. Vamos explorá-los a seguir.

3.3.4.1 Hipóteses para a Diagnose de Falências no Domínio Espacial

Para a análise da diagnose no domínio espacial, as seguintes hipóteses são


estabelecidas:

 Hipótese 1: Quando o efeito de uma falência atinge um determinado nó,


o estado desse nó muda de forma permanente (ABDELWAHED;
KARSAI, 2006);

 Hipótese 2: Existem m Modos de Falência MF, 1 < m < ∞, modelados


como “0” ou “1”, inacessíveis fisicamente (não são monitoráveis); o
modo normal é modelado como “0”; os modos de falência ocorrem com
maior probabilidade de forma mutuamente exclusiva (modo simples); os
modos de falência ocorrem com probabilidade decrescente em duplas,
triplas, . . . enuplas (modo simultâneo);

A atribuição de uma probabilidade de ocorrência aos modos de falência


permite limitar o número de modos que são analisados de acordo com
um critério de corte.

 Hipótese 3: Um MF causa pelo menos um Efeito Monitorado EM;

 Hipótese 4: Existem k Efeitos E, 1 ≤ k < ∞, modelados como “0” ou “1”;

93
 Hipótese 5: Existem p Monitores M, 1 ≤ p ≤ k, modelados como “0” ou
“1”;

 Hipótese 6: ∃ n vetores ⃗ , 1 ≤ n < 2p, cada qual composto por k EM;

 Hipótese 7: Os MFs se propagam até os Ms por meio de uma rede


espacial, combinatória de propagação no intervalo (tmin, tmax);

 Os efeitos são representados por portas lógicas onde, as portas não


inversoras representam o efeito que tem uma única causa possível. As
portas OU inclusivo representam o efeito causado por uma ou mais
das causas possíveis. As portas OU exclusivo representam o efeito
causado por uma única das causas possíveis. As portas E representam
o efeito causado por todas as causas possíveis. A Hipótese 8: O MFi se
propaga no intervalo de tempo (timin, timax);

Figura 3.8 mostra uma rede combinatória derivada do grafo dirigido


mostrado na Figura 3.7 onde nós que representam os efeitos foram
substituídos por portas.

 Hipótese 8: O MFi se propaga no intervalo de tempo (timin, timax);

Figura 3.8 – Exemplo de propagação de modos de falência por uma rede


combinatória.

94
 Hipótese 9: Os monitores podem apresentar falências ou mesmo, uma
cadeia causal completa;

 Hipótese 10: Nas análises realizadas neste trabalho em que são


considerados falências de monitores, apenas dois modos de falência
são admitidos para os monitores: a) Fornecer um alarme falso positivo; e
b) Fornecer um alarme falso negativo. O falso positivo ocorre quando o
monitor sinaliza a ocorrência de um efeito que de fato não ocorreu. O
falso negativo ocorre quando o monitor não sinaliza a ocorrência de um
efeito que de fato ocorreu.

3.3.4.2 Propagação e Diagnose no Domínio Espacial Modeladas como


Funções Direta e Inversa

A propagação e a diagnose de falências no domínio espacial podem ser


modeladas como funções direta e inversa. Por estes modelos, a assinatura
espacial ⃗ i do modo de falência MFi, é expressa pela função direta f : MF → EM
de acordo com a expressão

⃗ i = f(MFi)) (3.2)

A aplicação da função direta ao conjunto de modos de falência produz o


conjunto de assinaturas espaciais desses modos. A Figura 3.9 apresenta uma
representação funcional da propagação dos modos de falência pela estrutura
do sistema onde:

Figura 3.9 – Representação funcional da propagação dos modos de falência.

 As entradas MF1, MF2, . . . MFm representam os m Modos de Falência;

95
 As saídas ⃗ 1, ⃗ 2, . . . ⃗ n representam os n conjuntos de assinaturas
gerados pelos m modos de falência;

 A Função Direta f é realizada por um conjunto de funções fi.

Quando os modos de falência são mutuamente exclusivos (Hipótese 1) o


número mínimo de assinaturas para identificar o modo de falência ativo é igual
ao número de modos de falência, ou seja,

n≥m (3.3)

A remoção da condição de mútua exclusividade da Hipótese 1, ou seja, quando


múltiplos modos de falência são admitidos faz com o número mínimo de
assinaturas para os modos de falência ativos cresça exponencialmente com o
número de MFs, ou seja,

n ≥ 2m – 1 (3.4)

A diagnose (identificação; ou, pelo menos, isolação) é o problema inverso da


propagação. A partir da assinatura de uma falência deve ser identificado qual o
modo de falência ativo. Dessa forma, a identificação do MFi, ativo pode ser
expressa por uma função inversa f-1 : EM → MF de acordo com a expressão

MFi = f-1( ⃗ i) (3.5)

A Figura 3.10 apresenta uma representação funcional da diagnose.

Figura 3.10 – Representação da identificação do modo de falência ativo a partir de sua


assinatura.

96
Nem sempre, no entanto, existe uma função inversa. Um exemplo é a situação
em que a assinatura apresenta ambiguidades. A menos que a assinatura seja
desambiguada, não é possível definir-se a função inversa. Só há a isolação.

Neste trabalho, conforme as hipóteses 2 e 7 a função direta é expressa por


uma lógica digital combinacional direta (“lógica direta”); e a função inversa
pode ser expressa por uma lógica digital combinacional inversa (“lógica
inversa”).

A analogia entre a propagação de modos de falência e os tipos de função


contribui para uma melhor compreensão do problema da diagnose.

1) Função bijetora MF → EM: A analogia com uma função bijetora (Figura


3.11), por exemplo, ilustra a situação em que sempre é possível definir-se uma
função inversa. Nesse caso, a função direta é bijetora e a função inversa
sempre existe. Cada modo de falência causa biunivocamente uma assinatura,
portanto não existe ambiguidade. Enquadra-se nesta situação a propagação de
MF1 e MF2 na Figura 3.7. Há a identificação.

Figura 3.11 – Analogia entre função bijetora e propagação dos modos de falência.

2) Função sobrejetora MF → EM: A analogia da propagação de modos de


falência com uma função sobrejetora (Figura 3.12) ilustra uma situação em
que não existe função inversa. Nesse caso, existe ambiguidade na assinatura:
dois ou mais modos de falência possuem a mesma assinatura. Só há a
isolação.

97
Figura 3.12 – Analogia entre função sobrejetora e propagação dos modos de falência
caracterizando a ambiguidade de assinaturas.

Para desambiguar é necessário acrescentar ao vetor que representa as


assinaturas um ou mais efeitos monitorados de forma que sejam geradas
assinaturas distintas para cada um dos modos de falência. A Figura 3.13
mostra o deslocamento das assinaturas originais (setas e assinaturas
pontilhadas) para as novas assinaturas. Para que a desambiguação seja
possível devem existir efeitos monitoráveis que atendam às condições
mencionadas acima, o que nem sempre é viável. Seus casos básicos são: OU
exclusivo, OU inclusivo, E. Os demais são combinações lógicas (“álgebra
inversa”) destes.

Figura 3.13 – Desambiguação de assinaturas transformando a função sobrejetora em


bijetora.

Para tratá-los e generalizá-los por Indução propomos o processo e as noções a


seguir:

98
Processo geral de desambiguação: é a redução ou até a eliminação das
ambiguidades, pelos passos: 1) modelagem da propagação dos modos de
falência conforme Hipóteses 1 a 10; 2) identificação das ambiguidades
existentes; 3) introdução de elementos lógicos (espaciais, temporais,
informacionais, etc.) sem ambiguidades ou com ambiguidades distintas das já
existentes; 4) compatibilização dos mapas de Karnaugh da lógica direta; 5)
construção dos mapas de compatibilidade da lógica inversa; 6) construção dos
mapas de Karnaugh da lógica inversa; 7) otimização destes.

Compatibilidade dos mapas: é a exigência de que os efeitos, mesmo


diferentes, mas em condições/posições correspondentes em mapas diferentes,
sejam produzidos pelas mesmas causas correspondentes àquelas
condições/posições.

A compatibilidade dos mapas reduz ou elimina as ambiguidades presentes em


tais mapas pela intersecção delas, aproxima ou permite a inversão da lógica
direta. A lógica inversa identifica os modos de falência ativos a partir dos
efeitos monitorados. A lógica inversa pode ser expressa por mapas de
compatibilidade.

Mapas de compatibilidade expressa os modos de falência ativos a partir dos


efeitos monitorados.

Vamos exemplifica-los com seus casos básicos: OU exclusivo, OU inclusivo, E.

2a) Porta OU exclusivo:

Passo 1: Um exemplo simples é a desambiguação da assinatura da porta OU


exclusivo produzida por dois modos de falência (MF1, MF2) que produzem de
forma mutuamente exclusiva o efeito E monitorado pelo monitor M, conforme
mostra a Figura 3.14 (a).

Passo 2: A Figura 3.14 (b) mostra o Mapa de Karnaugh do efeito E, onde é


realçada a situação de dupla ambiguidade da assinatura.

99
Figura 3.14 – (a) Efeito monitorado EM causado pela propagação mutuamente
exclusiva de MF1 e MF2. (b) Mapa de Karnaugh para o efeito E.

Nesse caso, o vetor ⃗ é composto somente pelo elemento EM. Assim, a

assinatura produzida por MF1, ⃗ 1 = 1, é igual à assinatura produzida por MF2,

⃗ 2 =1.

Passo 3: A maneira mais simples de desambiguar é acrescentar um efeito


monitorado (representado por uma porta não inversora) que seja independente
de um dos modos de falência, como mostrado na Figura 3.15 (a).

Passo 4: Na nova configuração espacial, o vetor ⃗ passa a ser composto por

E1M1 e por E2M2 e a assinatura produzida por MF1, ⃗ 1 = (1 0), passa a ser

diferente da assinatura produzida por MF2, ⃗ 2 = (1 1), eliminando a


ambiguidade, como mostrado na Figura 3.15 (b).

Figura 3.15 – (a) Adição do efeito monitorado E2M2 independente de MF1. (b) Mapa de
Karnaugh para os efeitos E1 e E2.

Passo 5: O mapa de compatibilidade da Figura 3.16 (a) é construído a partir da


compatibilidade dos mapas da Figura 3.15 (b).

100
Passo 6: Os mapas de Karnaugh da Figura 3.16 (b) e (c) são construídos a
partir do mapa de compatibilidade da Figura 3.16 (a).

Passo 7: As lógicas inversa otimizadas para MF1 e MF2 são geradas a partir
dos mapas de Karnaugh da Figura 3.16 (b) e (c), conforme mostra as
expressões (3.6) e (3.7).

MF1 = E1 ̅ 2 + ̅ 1E2 (3.6)

MF2 = E2 (3.7)

Figura 3.16 – (a) Mapa de compatibilidade da função OU Exclusivo desambiguada. (b)


Mapa de Karnaugh de MF1. (c) Mapa de Karnaugh de MF2.

2b) Porta OU inclusivo:

Passo 1: Outro exemplo é a desambiguação da assinatura produzida por dois


modos de falência (MF1, MF2) que produzem de forma disjuntiva inclusiva o
efeito E monitorado pelo monitor M, conforme mostra a Figura 3.17(a).

Passo 2: A Figura 3.17(b) mostra Mapa de Karnaugh do efeito E, onde é


realçada a situação de tripla ambiguidade da assinatura.

101
Figura 3.17 – (a) Efeito monitorado EM causado pela propagação inclusiva de MF1 e
MF2; (b) Mapa de Karnaugh para o efeito E.

Nesse caso, a assinatura produzida por MF1, ⃗ 1 = 1, é igual à assinatura

produzida por MF2, ⃗ 2 =1, que é igual à assinatura produzida conjuntamente

por MF1 e MF2, ⃗ 3 =1.

Passo 3: Uma maneira de desambiguar é acrescentar dois efeitos


monitorados, um independente de MF1 e o outro independente de MF2, como
mostrado na Figura 3.18 (a).

Passo 4: Na nova configuração espacial, o vetor ⃗ passa a ser composto por

E1M1, E2M2 e E3M3 e a assinatura produzida por MF1, ⃗ 1 = (1 1 0), a assinatura

produzida por MF2, ⃗ 2 = (0 1 1), e a assinatura produzida conjuntamente por

MF1 e MF2, ⃗ 3 = (1 1 1), eliminando a ambiguidade, como mostrado na Figura


3.18 (b).

102
Figura 3.18 – (a) Adição do efeito monitorado E1M1 independente de MF2.e de E2M2
independente de MF1; (b) Mapa de Karnaugh para os efeitos E1, E2 e
E3.

Passo 5: O mapa de compatibilidade da Figura 3.19 (a) é construído a partir da


compatibilidade dos mapas da Figura 3.18 (b).

Passo 6: Os mapas de Karnaugh da Figura 3.19 (b) e (c) são construídos a


partir do mapa de compatibilidade da Figura 3.19 (a).

Passo 7: As lógicas inversa otimizadas para MF1 e MF2 são geradas a partir
dos mapas de Karnaugh da Figura 3.19 (b) e (c), conforme mostra as
expressões (3.8) e (3.9).

MF1 = E1 (3.8)

MF2 = E2 (3.9)

O monitor M3 pode ser dispensado, pois as expressões que definem as lógicas


inversas não necessitam do efeito monitorado E3M3 para identificar o modo de
falência ativo.

103
Figura 3.19 – (a) Mapa de compatibilidade da função OU inclusivo desambiguada. (b)
Mapa de Karnaugh de MF1. (c) Mapa de Karnaugh de MF2.

2c) Porta E:

Passo 1: Por fim, um terceiro exemplo é a desambiguação da assinatura


produzida por dois modos de falência (MF1, MF2) que produzem de forma
conjuntiva o efeito E monitorado pelo monitor M, conforme mostra a Figura
3.20(a).

Passo 2: A Figura 3.20(b) mostra Mapa de Karnaugh do efeito E, onde é


realçada a situação de tripla ambiguidade da assinatura.

Figura 3.20 – (a) Efeito monitorado EM causado pela propagação conjuntiva de MF1 e
MF2; (b) Mapa de Karnaugh para o efeito E.

104
Nesse caso, a assinatura produzida por MF1 quando MF2 está inativo, ⃗ 1 = 0, é

igual à assinatura produzida por MF2 quando MF1 está inativo, ⃗ 2 =0, que é
igual à assinatura produzida conjuntamente por MF1 e MF2, quando ambos
estão inativos, ⃗ 3 =0.

Passo 3:Uma maneira de desambiguar é acrescentar dois efeitos monitorados,


um independente de MF1 e o outro independente de MF2, como mostrado na
Figura 3.21(a).

Passo 4: Na nova configuração espacial, o vetor ⃗ passa a ser composto por


E1M1, E2M2 e E3M3 e a assinatura produzida por MF1 quando MF2 está inativo,
⃗ 1 = (1 0 0), a assinatura produzida por MF2 quando MF1 está inativo, ⃗ 2 = (0 0
1), e a assinatura produzida conjuntamente por MF1 e MF2, quando ambos
estão inativos, ⃗ 3 = (0 0 0), eliminando a ambiguidade, como mostrado na
Figura 3.21(b).

Figura 3.21 – (a) Adição do efeito monitorado E1M1 independente de MF2 e de E2M2
independente de MF1; (b) Mapa de Karnaugh para os efeitos E1, E2 e
E3.

Passo 5: O mapa de compatibilidade da Figura 3.22 (a) é construído a partir da


compatibilidade dos mapas da Figura 3.21 (b).

105
Passo 6: Os mapas de Karnaugh da Figura 3.22 (b) e (c) são construídos a
partir do mapa de compatibilidade da Figura 3.22 (a).

Passo 7: As lógicas inversa otimizadas para MF1 e MF2 são geradas a partir
dos mapas de Karnaugh da Figura 3.22 (b) e (c), conforme mostra as
expressões (3.10) e (3.11).

MF1 = E1 (3.10)

MF2 = E2 (3.11)

O monitor M3 pode ser dispensado, pois as expressões que definem as lógicas


inversas não necessitam do efeito monitorado E3M3 para identificar o modo de
falência ativo.

Figura 3.22 – (a) Mapa de compatibilidade da função E desambiguada. (b) Mapa de


Karnaugh de MF1. (c) Mapa de Karnaugh de MF2.

A desambiguação no domínio espacial também pode ser realizada combinando


a assinatura no domínio espacial com a assinatura em outros domínios como,
por exemplo, o domínio temporal.

106
2d) Portas de múltiplas entradas:

O tratamento das portas OU exclusivo, OU inclusivo e E com múltiplas


entradas podem ser simplificado reduzido-se o número de entradas (por
exemplo, para duas entradas) empregando-se a propriedade associativa,
conforme ilustrado pelas expressões abaixo:

MF1 ⊕ MF2 ⊕ . . . ⊕ MFn = MF1 ⊕ (MF2 ⊕ . . . ⊕ MFn); (3.12)

MF1 + MF2 + . . . + MFn = MF1 + (MF2 + . . . + MFn); (3.13)

MF1.MF2. . . . .MFn = MF1.(MF2. . . . .MFn); (3.14)

3) Função injetora MF → EM: A analogia da propagação de modos de falência


com uma função injetora (Figura 3.23) ilustra outra situação em que não é
possível definir uma função inversa, pois existem uma ou mais assinaturas que
não são produzidas por nenhum dos modos de falência.

Nessa situação, o processo equivalente a desambiguação é a eliminação de


todas as assinaturas que não podem ser causadas pelos modos de falência do
contradomínio da função, ou seja, limitar o contradomínio à imagem da função
direta.

Figura 3.23 – Analogia entre função injetora e a propagação dos modos de falência.

107
A analogia entre a propagação dos modos de falência e os tipos de função
contribui também para uma melhor compreensão dos efeitos provocados pela
falência de um monitor.

4) Função bijetora E→ EM: O monitoramento de um efeito pode ser expresso


por uma função bijetora f :E→ EM, conforme mostrado na Figura 3.24.
Quando os monitores não apresentam falências, a aplicação da função a um
efeito Ei produz biunivocamente um efeito monitorado EiMi.

Figura 3.24 – Analogia entre função bijetora e o monitoramento de efeitos quando os


monitores não apresentam falências.

A falência do monitor Mi altera o efeito monitorado EiMi e, por conseguinte,


altera a assinatura ⃗ i. Com a alteração, a assinatura resultante pode coincidir
com uma assinatura já existente causando uma ambiguidade (conforme mostra
a Figura 3.25(a)). A assinatura resultante pode também não fazer parte da
imagem da função direta (conforme mostra a Figura 3.25(b)).

108
Figura 3.25 – Analogia entre função bijetora e o monitoramento de efeitos: (a) quando
a falência do monitor causa ambiguidade na assinatura; ou (b) quando a
falência do monitor causa assinatura que não faz parte da imagem da
função direta.

Teorema 1: Dadas as hipóteses 1 a 6, um MF ativo é identificável se existir um


conjunto n = m de assinaturas biunivocamente associadas aos m MFs.

Corolário: Dadas as hipóteses 1 a 6, um MF ativo é identificável se existir um


conjunto n = m de EM biunivocamente associadas aos m MFs.

3.3.5 Abordagem por Modelagem e Simulação para a Diagnose de


Falências no Domínio Espacial

Esta abordagem é prevalentemente sequencial, conforme estabelecido na


Tabela 3.2. Nesta abordagem, a isolação e/ou identificação de falências, ou
seja, a lógica inversa é realizada por meio de lógicas algorítmicas baseadas na
assinatura no domínio espacial dos modos de falência. A assinatura no domínio
espacial pode ser obtida por meio da modelagem da propagação de cada
modo de falência pela estrutura do sistema. As hipóteses estabelecidas na
seção 3.3.4.1 são igualmente válidas para esta abordagem.

A diagnose pode ser realizada quando ocorre um evento, ou seja, quando uma
discrepância é detectada. A diagnose pode também ser aplicada de forma
temporal (periodicamente ou aleatoriamente) ou ainda por uma combinação de
evento e tempo.

109
Nas seções 3.3.5.1, 3.3.5.2 e 3.3.5.3 são propostas lógicas que,
respectivamente, realizam a diagnose por diferença de assinaturas, por
biunivocidade e por biunivocidade e verificação de precedência. Embora sejam
a princípio, acionadas por eventos, essas lógicas podem ser adaptadas para
serem acionadas temporalmente.

Na seção 3.3.5.4 é apresentado um exemplo de lógica que realiza a diagnose


nos domínios espacial e temporal.

3.3.5.1 Lógica para Isolação e/ou Identificação por Diferença de


Assinaturas

Esta lógica compara a assinatura observada com a assinatura prevista dos


modos de falência após a ocorrência de uma discrepância e usa, como critério
de decisão, a diferença entre ambos. Isso significa que:

a) Com diferença tolerável (limiar) igual a zero, para identificar


corretamente o modo de falência ativo na ausência de falências de
monitores devem ocorrer todas as discrepâncias monitoradas do
modo de falência ativo;

b) Com diferença tolerável (limiar) diferente de zero, o aumento do valor


da diferença usada como critério de decisão tem dois efeitos: a)
permite antecipar a identificação do modo de falência ativo, na
hipótese de ausência de falência de monitores; b) permite identificar
o modo de falência ativo na presença de falência de monitores. O
incremento do valor aumenta, no entanto, o risco de erro de
identificação e de identificação âmbigua. Um fluxograma básico
dessa lógica é mostrado na Figura 3.26.

110
Figura 3.26 – Fluxograma básico de lógica acionada por evento para isolação e/ou
identificação por diferença de assinaturas.

Na Figura 3.26 o acionamento da lógica é realizado por um evento, a detecção


de uma discrepância. A Figura 3.27 mostra adaptação dessa lógica para o
acionamento temporal. Esta adaptação pode ser igualmente aplicada às
lógicas propostas nas seções 3.3.5.2 e 3.3.5.3.

111
Figura 3.27 – Fluxograma básico de lógica acionada temporalmente para isolação e/ou
identificação por diferença de assinaturas.

Um exemplo de combinação das duas lógicas tratadas nesta seção é a lógica


para diagnose após a propagação dos modos de falência, simulada como
referência na seção 5. A Figura 3.28 mostra fluxograma básico dessa lógica a
qual combina o acionamento por evento e o acionamento temporal para
diagnose por diferença de assinaturas.

112
Figura 3.28 – Fluxograma básico de lógica que combina acionamento por evento e
acionamento temporal para isolação e/ou identificação por diferença
de assinaturas após a propagação dos modos de falência.

3.3.5.2 Lógica para Isolação e/ou Identificação por Biunivocidade

Esta lógica identifica o modo de falência ativo procurando por uma assinatura
biunívoca. Para tanto, após a ocorrência de uma discrepância, compara a
assinatura observada com a assinatura prevista para os modos de falência e
descarta os modos de falência cujas assinaturas não contêm a discrepância.
Um fluxograma para realização dessa lógica é mostrado na Figura 3.29.

113
Figura 3.29 – Fluxograma básico para isolação e/ou identificação com critério de
biunivocidade.

3.3.5.3 Lógica para Isolação e/ou Identificação por Biunivocidade e


Verificação de Precedência

Esta lógica agrega um segundo critério à lógica proposta na seção anterior.


Como ocorre na seção anterior, após a ocorrência de cada discrepância, a
assinatura observada é comparada com a assinatura de cada modo de falência
e os modos de falência cujas assinaturas não contêm a discrepância são
descartados. Para os modos de falência restantes, as ambiguidades são,
tentativamente, resolvidas descartando os modos de falência cujas assinaturas
contêm discrepâncias precedentes inativas. Um fluxograma para realização
dessa lógica é mostrado na Figura 3.30.

114
Figura 3.30 – Fluxograma básico para isolação e/ou identificação com critério de
biunivocidade e verificação de precedência.

3.3.5.4 Isolação e/ou Identificação nos Domínios Espacial / Temporal

Nesta seção é apresentado um exemplo de lógica que realiza a


isolação/identificação combinando o domínio espacial (representado pela
posição relativa das discrepâncias na estrutura do sistema) e o domínio
temporal (representado pelo tempo de propagação dos modos de falência na
estrutura do sistema).

Basicamente, quando uma discrepância é detectada, a lógica verifica, após o


tempo máximo (tmax) de propagação previsto para a esta discrepância, se a
discrepância sucessora foi ativada. Esta abordagem permite identificar a
falência de monitores e pode ser combinada com as lógicas propostas nas

115
seções anteriores. A Figura 3.31 apresenta um fluxograma básico para
isolação e/ou identificação combinando os domínios espacial e temporal.

Figura 3.31 – Fluxograma básico para isolação e/ou identificação combinando os


domínios espacial e temporal.

3.4 Sumário da Estratégia para o Tratamento de Falhas Sistêmicas

1) A arquitetura funcional é definida a partir dos requisitos funcionais do


sistema. Um subsistema ACDH típico é o estudo de caso deste trabalho;

2) As funções são caracterizadas e decompostas. Os sinais e/ou dados


associados a elas numa arquitetura física tipica são identificados e
caracterizados;

3) Os modos de falência funcionais assim como as suas causas (falhas) e


os seus efeitos (discrepâncias) são identificados por meio de FMEA
funcional;

4) O repertório de falhas é constituído;

116
5) O comportamento do sistema na presença de falhas funcionais é
descrito por meio de um TFPG (BITTNER et al., 2017);

6) As discrepâncias usualmente monitoradas são identificadas;

7) As discrepâncias que usualmente não são monitoradas, mas são


monitoráveis, são identificadas e selecionadas mediante uma cuidadosa
tomada de decisão;

8) As assinaturas dos modos de falências nos domínios espacial, temporal


e informacional são caracterizadas;

9) O cenário de referência compreende: a ocorrência de um único modo de


falência, todas as discrepâncias são monitoradas, todos os monitores
funcionam corretamente, inexistem ruídos ou incertezas no tempo e na
informação;

10) Uma lógica combinacional e/ou sequencial e/ou temporal para


detecção, isolação e identificação (FDII) das falências é construída com
base nas assinaturas das falências;

11) Uma lógica combinacional e/ou sequêncial para recuperação do


sistema é construída com base nas causas prováveis ou identificadas da
falência;

O processo de recuperação pode avaliar o tempo de reação, o impacto


na arquitetura funcional e o grau de autonomia proporcionado
(TROIANO et al., 2012);

12) Adicionamente, para robustecer esta abordagem pode-se testa-la em


cenários que compreendam: i) a ocorrência de um único modo de
falência, algumas discrepâncias são monitoradas, todos os sensores
funcionam corretamente, a inexistência de ruídos ou de incertezas no
tempo e na informação; ii) a ocorrência de um único modo de falência,
algumas discrepâncias são monitoradas, um dos sensores não funciona
corretamente, a inexistência de ruídos ou de incertezas no tempo e na

117
informação; iii) a ocorrência de um único modo de falência, algumas
discrepâncias são monitoradas, dois dos sensores não funcionam
corretamente, a inexistência de ruídos ou de incertezas no tempo e na
informação; iv) a ocorrência de mais de um modo de falência, algumas
discrepâncias são monitoradas, um dos sensores não funciona
corretamente, a inexistência de ruídos ou de incertezas no tempo e na
informação;

O teste nesses cenários permite identificar e corrigir falhas na lógica


proposta e, dessa forma, aumentar a sua cobertura.

3.5 Avaliação da Originalidade da Proposta

A Tabela 3.3 apresenta os resultados mais relevantes do levantamento


bibliográfico e os compara com a proposta do trabalho, situando a originalidade
desta proposta em relação à literatura. Basicamente, a estratégia proposta
combina uma abordagem funcional e hierárquica com uma descrição estática
(FMEA) e prevalentemente temporal (TFPG) do comportamento do sistema
para definir lógicas para diagnose com base na compatibilidade de mapas e na
assinatura espacial.

118
Tabela 3.3 – Avaliação da Originalidade da Proposta

Descrição do Sistema Arquitetura


Referências Conceitos Cadeias Causais
Funcional Física Sistema FDIR

Falha;
Avizienis et al. (2004) Erro (estado); Falha > Erro > Falência
Falência (evento)

Falha; Enquanto descrição


NASA (2012) Falha > Falência
Falência física não disponível

Falha (estado); Enquanto descrição


ECSS (2012) Falha > Falência Recomenda hierárquica
Falência (evento) física não disponível

Falha (estado);
IFAC (2017) Falha > Falência
Falência (evento)

Discrepâncias Modos de falência


Falência; Falência >
Misra (1994) associadas à descrição associados a Hierárquica
Discrepância Discrepância
funcional descrição física

Gessner et al. (2004) X Hierárquica


Codetta-Raiteri et al. Falha; Falência;
(2015) Anomalia

Wander et al. (2012)

Guiotto et al. (2003)

Rice et al. (2008) X

Falência; Falência >


Ofsthun et al. (2007) X
Discrepância Discrepância

Abdelwahed et al. Falência; Falência >


X
(2009) Discrepância Discrepância

(continua)

119
Tabela 3.3 – Continuação

Descrição do Sistema Arquitetura


Referências Conceitos Cadeias Causais
Funcional Física Sistema FDIR
Síntese de FDIR; Menciona que a ferramenta
Projeto baseado em suporta estruturas
Alana et al. (2012)
modelo; Métodos hierárquica, descentralizada
formais ou centralizada

Não menciona falha. Hierárquica, Hierárquica, multicamada,


Schwab et al. (2012) X
Só menciona falência multicamada; distribuída
Síntese de FDIR;
Projeto baseado em
Bittner et al. (2014) X
modelo; Métodos
formais
Falência; Falência >
Troiano, et al. (2012)
Discrepância Discrepância
Falha;
Falha > Falência >
Esta Tese Falência; X Hierárquica Hierárquica
Discrepância
Discrepância

(continua)

120
Tabela 3.3 – Continuação
Identificação
Repertório de Assinatura das Propagação Lógica Isolação e
Referências das Falhas do Lógica Detecção Lógica Recuperação
Falhas Falências de Falências Identificação
Repertório

Avizienis et al. (2004)

NASA (2012) FMECA, FTA

ECSS (2012)

IFAC (2017)
Temporal, espacial
Misra (1994)
(TFPG)
Gessner et al. (2004) FMECA
Temporal, espacial Temporal, espacial
Codetta-Raiteri et al.
(Redes Bayesianas (Redes Bayesianas
(2015)
Dinâmicas) Dinâmicas)

Método visa Informacional


Wander et al. (2012) falhas não (Automação
identificadas Cognitiva)

Informacional (State
Informacional Informacional
Variable Transition e
Guiotto et al. (2003) (Fuzzy Inductive (Possibilistic
Multi-criteria Decision
Reasoning) Reasoning)
Making)

Composto por
FMECA, FTA,
Rice et al. (2008) aproximadamente
Experiência
600 falhas

Lista as
Temporal, espacial
Ofsthun et al. (2007) discrepâncias Utiliza TFPG
(TFPG)
monitoradas

Abdelwahed et al. Temporal, espacial


Utiliza TFPG
(2009) (TFPG)

(continua)

121
Tabela 3.3 – Conclusão
Identificação
Repertório de Assinatura das Propagação Lógica Isolação e
Referências das Falhas do Lógica Detecção Lógica Recuperação
Falhas Falências de Falências Identificação
Repertório
Alana et al. (2012) FMEA, FTA

Não apresenta Não apresenta


Menciona Não apresenta lógica;
Schwab et al. (2012) lógica; Usa serviços lógica; Usa serviços
algumas falências Usa serviços do PUS.
do PUS. do PUS.

Exemplo
FMEA, FTA, menciona
Bittner et al. (2014) Utiliza TFPG
HAZARD possíveis falhas e
discrepâncias

Exemplo
menciona Temporal, espacial Temporal, espacial
Troiano, et al. (2012) FMECA, FTA Utiliza TFPG
possíveis falhas e (TFPG) (TFPG)
discrepâncias

Compatibilidade
dos mapas e
Composto por
FMEA Assinaturas
Falhas Informacional e
Esta Tese funcional X TFPG Espacial,
funcionais do Temporal
hierárquico (generalizável para
ACDH
temporal e
informacional)

122
4 APLICAÇÃO DA ESTRATÉGIA A UM ACDH BASEADO NA PMM DO
INPE, E A UM CASO DA LITERATURA

4.1 Aplicação da Estratégia a um ACDH baseado na PMM do INPE

A aplicação da estratégia a um ACDH baseado na PMM do INPE é


primeiramente realizada utilizando a abordagem por Modelagem e Simulação
e, a seguir, a aplicação da estratégia é realizada utilizando a abordagem por
Teoria e Análise, portanto, na ordem inversa em que as abordagens são
introduzidas na seção 3. A opção por esta sequência decorre da abordagem
por Modelagem e Simulação ser aplicada no modelo completo da função e a
abordagem por Teoria e Análise ser aplicada em um modelo reduzido da
função, o qual é derivado do modelo completo.

4.1.1 Arquitetura Funcional do ACDH

4.1.1.1 Funções do ACDH

Conforme descrito na seção 2.4, o ACDH é resultado da integração dos


subsistemas AOCS e OBDH. Assim as funções de um ACDH incluem as
funções dos dois subsistemas as quais podem ser resumidas em comandar,
tratar os dados de bordo e, controlar a atitude e a órbita do satélite.

Com base nas especificações do ACDH da PMM (INPE, 2001) e nas


especificações do ACDH do satélite Amazonia 1 (INPE, 2010) as funções de
um ACDH podem ser decompostas em um segundo nível nas seguintes
subfunções:

 Fornecer Tempo de Bordo;

 Fornecer Comandos;

 Fornecer Telemetrias;

 Estimar Atitude;

 Propagar Órbita;

123
 Comandar Atuadores;

 Gerenciar Modos e Transições;

 Tratar Falhas.

Embora não tenha sido explicitada como função nos documentos mencionados
acima, o tratamento de falhas sistêmicas está implícito nas especificações do
subsistema ACDH, tanto no documento da PMM como no do satélite Amazônia
1. Não é, no entanto, objetivo deste trabalho tratar a subfunção „Tratar Falhas
Sistêmicas‟, de forma a evitar a recorrência representada pelo tratamento de
falhas da função „Tratar Falhas‟.

A Figura 4.1 apresenta os dois primeiros níveis da decomposição funcional do


ACDH.

Figura 4.1 – Nível 1 e nível 2 da arquitetura funcional hierárquica do subsistema


ACDH.

Embora a decomposição funcional possa ser continuada até atingir o nível mais
baixo que se deseje analisar, a decomposição é realizada até o nível 4, pois ao
exercitar o modelo de decomposição, verificou-se que os níveis inferiores não
são relevantes para este trabalho uma vez que a maior parte das subfunções
de nível 3 são decompostas nas subfunções „Prover Processamento‟ e „Prover
Comunicação‟ no nível 4.

124
As subfunções „Prover Processamento‟ e „Prover Comunicação‟ são abstrações
com o objetivo de ocultar informações desnecessárias (COLBURN et al., 2007)
relativas aos recursos para execução das funções de nível superior, assim
como dos recursos para troca de informações entre as próprias funções do
ACDH e, entre as funções do ACDH e as funções externas. O processo de
síntese da arquitetura física pode produzir subfunções „Prover Processamento‟
e „Prover Comunicação‟ com características diferentes para cada uma das
funções do subsistema.

Neste trabalho, a subfunção „Prover Processamento‟ e a subfunção „Prover


Comunicação‟, assim como outras subfunções localizadas no nível hierárquico
mais baixo da decomposição funcional, são consideradas componentes
atômicos da arquitetura funcional e não são, portanto, decompostas nem
determinadas as causas de suas falências.

Com fins ilustrativos, a FMEA mista (funcional/física) da função „Prover


Processamento‟ é apresentada na Tabela C1 do Apêndice C.

Dando continuidade à decomposição funcional, a seguir as subfunções de nível


2 das funções „Fornecer Tempo de Bordo‟, „Fornecer Comando Direto‟ e
„Fornecer Comando Roteado Imediato‟ são decompostas nos níveis 3 e 4. A
decomposição das demais funções é realizada no Apêndice A.

4.1.1.2 Função „Fornecer Tempo de Bordo‟

1) Descrição da função

A função Fornecer Tempo de Bordo gera e distribui o Tempo de Bordo (TB)


para os subsistemas da Plataforma e para as Cargas Úteis. O TB é
sincronizado periodicamente com uma Referência de Tempo (RT). No intervalo
entre as sincronizações, o TB é atualizado localmente pela função „Fornecer
Tempo de Bordo‟.

125
O TB é usado pelas funções do ACDH Fornecer Comando Temporizado,
Fornecer Telemetria de Tempo Real, Fornecer Telemetria Armazenada e
Propagar Órbita, as quais são descritas nas seções seguintes.

2) Formato do Tempo de Bordo

A codificação do tempo de bordo utilizada neste trabalho segue o formato


CCSDS Unsegmented Time Code (CUC), um dos cinco diferentes formatos
previstos na norma Time Code Formats (CCSD, 2002), o qual é adotado para o
satélite Amazonia 1. O formato prevê dois campos e é configurável pelo
usuário. Neste trabalho é utilizada a configuração adotada pela PMM na qual:

 Campo T (tempo): 4 octetos para coarse time ("segundos"), o que dá um


período de aproximadamente 136 anos, e 2 octetos para fine time
("subsegundos"), o que dá uma resolução aproximada de 15 µs;

 Campo P (preâmbulo): Implícito, ou seja, o destinatário do tempo de


bordo deve conhecer a priori o formato do tempo.

3) Decomposição Funcional

A função “Fornecer Tempo de Bordo” é decomposta em dois níveis funcionais,


os quais são identificados como nível 3 e nível 4 em vista de suas posições na
estrutura hierárquica funcional do subsistema.

No nível 3, a função é decomposta nas seguintes subfunções:

 Subfunção Adquirir Referência de Tempo;

 Subfunção Gerar Tempo de Bordo;

 Subfunção Distribuir Tempo de Bordo;

No nível 4, a função é decomposta nas seguintes subfunções:

 Subfunção Prover Processamento;

126
 Subfunção Prover Comunicação.

A Figura 4.2 apresenta o diagrama da decomposição funcional da função


“Fornecer Tempo de Bordo”.

Figura 4.2 - Decomposição funcional da função „Fornecer Tempo de Bordo‟.

4) Entradas da função

 Referência de Tempo (RT):

A RT pode ser fornecida pelas estações de controle do Segmento Solo


ou pode ser fornecida por um GPS localizado no Segmento Espacial.
Quando fornecida pelo Segmento Solo, a RT é composta por um dado
que representa o horário de referência. Quando fornecida pelo
Segmento Espacial, a RT consiste de um dado que define o horário de
referência mais um sinal de sincronização com frequência de um
segundo o qual periodicamente sincroniza o TB com a RT. Para
simplificação da análise, neste trabalho é considerado que a RT é
fornecida pelo Segmento Solo.

5) Saídas da função

 Tempo de Bordo (TB):

127
O TB pode ser fornecido para os subsistemas e cargas úteis de duas
formas: a) horário atualizado (dado); b) horário atualizado (dado) mais o
sinal de sincronização. Da mesma forma que no item anterior, para
simplificação da análise, neste trabalho é tratada a forma descrita no
item a.

6) Caracterização dos modos de falência da função „Fornecer Tempo de


Bordo‟

Considerando que o tempo de bordo consiste de um dado que representa o


horário, os modos de falência da função podem ser caracterizados como:

 O tempo de bordo não é fornecido quando o dado que representa o


horário fornecido no instante t é igual ao dado fornecido no instante t-1;

 O tempo de bordo é fornecido de forma intermitente quando o tempo


de bordo é fornecido a intervalos aleatórios de tempo;

 O tempo de bordo é fornecido fora da especificação quando TBi ≠


TBi-1 + Δt, onde TBi é o dado que representa o tempo de bordo fornecido
no instante ti, TBi-1 é o dado que representa o tempo de bordo fornecido
no instante ti-1 eΔt é o intervalo de tempo ti – ti-1.

Os modos de falência „Fornecer Tempo de Bordo Fora da Especificação‟


„Fornecer Tempo de Bordo Intermitentemente‟ não são tratados neste trabalho.

7) Causas dos modos de falência da função „Fornecer Tempo de Bordo‟

A partir da decomposição funcional e da caracterização dos modos de falência,


as causas potenciais da falência podem ser determinadas para cada modo de
falência e nível hierárquico da função.

No nível 2,

 O tempo de bordo não é fornecido quando:

o TB não é gerado;

128
o TB não é distribuído;

 O tempo de bordo é fornecido de forma intermitente quando:

o TB é gerado a intervalos aleatórios de tempo;

o TB é distribuído a intervalos aleatórios de tempo;

 O tempo de bordo é fornecido fora da especificação quando:

o TB é gerado fora da especificação;

o TB é distribuído fora da especificação;

o RT não é adquirida;

o RT é adquirida fora da especificação;

No nível 3,

 O tempo de bordo não é fornecido quando:

o Processamento não é provido;

o Comunicação não é provida.

 O tempo de bordo é fornecido de forma intermitente quando:

o Processamento é provido a intervalos aleatórios de tempo;

o Comunicação é provida a intervalos aleatórios de tempo.

 O tempo de bordo é fornecido fora da especificação quando:

o Processamento é provido fora de especificação;

o Comunicação é provida fora de especificação.

129
4.1.1.3 Função „Fornecer Comandos‟

Os comandos fornecidos pelo ACDH podem ser classificados de acordo com a


sua origem (Solo ou Bordo), forma de distribuição (Direto ou Roteado) e o
tempo de execução (Imediato ou Temporizado), conforme sumarizado na
Figura 4.3. Os comandos diretos são telecomandos recebidos de solo e
distribuídos de forma imediata em bordo. Os comandos roteados são
telecomandos recebidos de solo que passam por processamento em bordo
antes de serem distribuídos. Os comandos temporizados são distribuídos de
acordo com um agendamento que atende às necessidades de operação do
satélite posteriormente ao seu recebimento (quando originados no solo) ou a
sua geração (quando originados em bordo).

Os comandos podem ser de dois tipos: discretos ou seriais. Os comandos


discretos consistem de pulsos de amplitude e duração fixas. Os comandos
seriais consistem de dados (BERGET, 2005).

Neste trabalho, os comandos são tratados de acordo com a classificação


apresentada na Figura 4.3, uma vez que os modos de falência podem diferir,
conforme a origem, forma de distribuição e tempo de execução do comando.

130
Figura 4.3 – Classificação de comandos de acordo com sua origem, forma de
distribuição e tempo de atuação.

4.1.1.4 Comandos Gerados em Solo

i) Função „Fornecer Comando Direto‟

1) Descrição da função

Os comandos diretos são gerados pelo Segmento Solo e transmitidos para o


Segmento Espacial na forma de telecomandos. Os comandos diretos são
comandos discretos usados para acionar dispositivos em bordo. A função
„Fornecer Comando Direto‟ recebe e distribui os comandos gerados em solo,
acionando diretamente dispositivos nos subsistemas e cargas úteis do satélite.

2) Decomposição Funcional

A função „Fornecer Comando Direto‟ é decomposta em dois níveis funcionais


os quais são identificados como nível 3 e nível 4 em vista de suas posições na
estrutura hierárquica funcional do subsistema.

No nível 3, a função é decomposta nas seguintes subfunções:

 Subfunção „Receber Telecomando‟

A subfunção „Receber Telecomando‟ demodula e decodifica os


telecomandos.

131
 Subfunção „Distribuir Comando Direto‟

A subfunção „Distribuir Comando Direto‟ aciona os dispositivos


endereçados pelo comando nos subsistemas e cargas úteis.

No nível 4, a subfunção „Receber Telecomando‟ é decomposta nas seguintes


subfunções:

 Subfunção „Demodular Telecomando‟

A subfunção „Demodular Telecomando‟ demodula os telecomandos


extraindo os quadros de dados.

 Subfunção „Decodificar Telecomando‟

A subfunção „Decodificar Telecomando‟ decodifica as informações e


identifica os endereços dos dispositivos que devem ser acionados.

A Figura 4.4 apresenta o diagrama da decomposição funcional da função


Fornecer Comando Direto.

132
Figura 4.4 – Decomposição funcional da função „Fornecer Comando Direto‟.

3) Entradas da função

 Telecomandos fornecidos pelo Segmento Solo;

4) Saídas da função

 Comandos Diretos;

5) Caracterização dos modos de falência da função „Fornecer Comando


Direto‟

 O comando direto não é fornecido quando o pulso de acionamento não é


fornecido;

 O comando direto é fornecido de forma intermitente quando o comando


direto é fornecido a intervalos aleatórios de tempo;

 O comando direto é fornecido fora de especificação quando o pulso de


acionamento não é fornecido de forma aceitável (e.g. aciona dispositivo

133
não especificado, fornece pulso com amplitude não especificada,
fornece pulso com duração não especificada).

6) Causas dos modos de falência da função „Fornecer Comando Direto‟

A partir da decomposição funcional e da caracterização dos modos de falência,


as causas potenciais da falência da função podem ser determinadas para cada
modo de falência e nível hierárquico da função.

No nível 2,

 O comando direto não é fornecido quando:

o Telecomando não é recebido;

o Comando direto não é distribuído;

 O comando direto é fornecido de forma intermitente quando:

o Telecomando é recebido intermitentetemente;

o Comando direto é distribuído intermintentemente;

 O comando direto é fornecido fora da especificação:

o Telecomando é recebido fora da especificação;

o Comando direto é distribuído fora da especificação.

No nível 3,

 O comando direto não é fornecido quando:

o Telecomando não é demodulado;

o Telecomando não é decodificado.

 O comando direto é fornecido de forma intermitente quando:

o Telecomando é demodulado intermitentemente;

134
o Telecomando é decoficado intermitentemente.

 O comando direto é fornecido fora da especificação:

o Telecomando é decodificado fora de especificação;

ii) Função „Fornecer Comando Roteado Imediato‟

1) Descrição da função

Os comandos roteados imediatos são gerados pelo Segmento Solo e


transmitidos para o Segmento Espacial na forma de telecomandos. Os
comandos roteados são comandos seriais. A função „Fornecer Comando
Roteado Imediato‟ distribui imediatamente os comandos roteados recebidos de
solo para os subsistemas e cargas úteis do satélite.

2) Decomposição Funcional

A função „Fornecer Comando Roteado Imediato‟ é decomposta em dois níveis


funcionais os quais são identificados como nível 3 e nível 4 em vista de suas
posições na estrutura hierárquica funcional do subsistema.

No nível 3, a função é decomposta nas seguintes subfunções:

 Subfunção „Receber Telecomando‟;

A subfunção „Receber Telecomando‟ demodula e decodifica os


telecomandos.

 Subfunção „Distribuir Comando Roteado Imediato‟;

A subfunção „Distribuir Comando Roteado Imediato‟ aciona os


dispositivos endereçados pelo comando nos subsistemas e cargas
úteis.

No nível 4, a função é decomposta nas seguintes subfunções:

 Subfunção „Demodular Telecomando‟

135
A subfunção „Demodular Telecomando‟ demodula os telecomandos
extraindo quadros de dados.

 Subfunção „Decodificar Telecomando‟

A subfunção „Decodificar Telecomando‟ decodifica os telecomandos e


identifica os endereços dos dispositivos que devem ser acionados.

 Subfunção „Prover Processamento‟;

 Subfunção „Prover Comunicação‟;

A Figura 4.5 apresenta o diagrama da decomposição funcional da função


Fornecer Comandos Roteados Imediatos.

Figura 4.5 – Decomposição funcional da função Fornecer Comando Roteado Imediato.

3) Entradas da função

 Telecomandos fornecidos pelo Segmento Solo;

4) Saídas da função

136
 Comandos Roteados Imediatos;

5) Caracterização dos modos de falência da função „Fornecer Comando


Roteado Imediato‟

 O comando roteado imediato não é fornecido quando os dados do


comando não são fornecidos;

 O comando roteado imediato é fornecido de forma intermitente quando


os dados do comando são fornecidos a intervalos aleatórios de tempo;

 O comando roteado imediato é fornecido fora da especificação quando


os dados do comando não são fornecidos conforme o especificado.

6) Causas dos modos de falência da função „Fornecer Comando Roteado


Imediato‟

A partir da decomposição funcional e da caracterização dos modos de falência,


as causas potenciais da falência da função podem ser determinadas para cada
modo de falência e nível hierárquico da função.

No nível 2,

 O comando roteado imediato não é fornecido quando:

o Telecomando não é recebido;

o Comando roteado imediato não é distribuído;

 O comando roteado imediato é fornecido de forma intermitente quando:

o Telecomando é fornecido a intervalos aleatórios de tempo;

o Comando roteado imediato é distribuído a intervalos aleatórios de


tempo;

 O comando roteado imediato é fornecido fora da especificação:

137
o Telecomando é recebido fora da especificação;

o Comando roteado imediato é distribuído fora da especificação;

No nível 3,

 O comando roteado imediato não é fornecido quando:

o Telecomando não é demodulado;

o Telecomando não é decodificado.

 O comando roteado imediato é fornecido de forma intermitente quando:

o Telecomando é demodulado a intervalos aleatórios de tempo;

o Telecomando é decodificado a intervalos aleatórios de tempo.

 O comando roteado imediato é fornecido fora da especificação:

o Telecomando é decodificado fora de especificação;

4.1.1.5 Consolidação da Arquitetura Funcional do ACDH

A Figura 4.6 agrupa as funções decompostas de um ACDH destacando os


componentes comuns à maior parte das funções: as subfunções Prover
Processamento e Prover Comunicação. A Figura 4.7 apresenta a arquitetura
funcional hierárquica do subsistema ACDH consolidada. Na Figura 4.7, as
subfunções Prover Processamento e Prover Comunicação, comuns à maior
parte das funções, são consolidadas.

138
Figura 4.6 – Decomposição das funções do subsistema ACDH.

139
Figura 4.7 – Arquitetura funcional hierárquica do subsistema ACDH.

140
4.1.2 FMEA Funcional Hierárquica do ACDH

A decomposição funcional realizada na Seção 4.1 fornece os elementos


necessários para a elaboração da FMEA funcional hierárquica do ACDH. A
FMEA é aplicada por função, respeitando os níveis funcionais definidos na
decomposição funcional, de forma a identificar, para cada nível funcional, os
modos potenciais de falência, suas causas e seus efeitos.

A elaboração da FMEA tem como base o modelo de tabela e os critérios


estabelecidos pela norma ECSS‐Q‐ST‐30‐02C (2009). As colunas Método de
Detecção da Falência/Sintomas Observáveis, Provisão para Compensação,
Recomendações e Observações são preenchidas considerando as soluções
adotadas no âmbito das missões com participação brasileira e servem como
referência para este trabalho.

Os resultados da aplicação da FMEA nas funções do ACDH são apresentados


nas seguintes tabelas:

 Tabela 4.1 – Função „Fornecer Tempo de Bordo‟;

 Tabela 4.2 – Função „Fornecer Comando Direto';

 Tabela 4.3 – Função „Fornecer Comando Roteado Imediato‟;

141
 Tabela B.1 – Função „Fornecer Comando Roteado Temporizado‟;

 Tabela B.2 – Função „Fornecer Comandos Imediatos‟;

 Tabela B.3 – Função „Fornecer Comandos Temporizados‟;

 Tabela B.4 – Função „Fornecer Telemetria de Tempo Real‟;

 Tabela B.5 – Função „Fornecer Telemetria Armazenada‟;

 Tabela B.6 – Função „Estimar Atitude‟;

 Tabela B.7 – Função „Propagar Órbita‟;

 Tabela B.8 – Função „Comandar Atuadores‟;

 Tabela B.9 – Função „Gerenciar Modos e Transições‟.

142
Tabela 4.1 – Análise Funcional Hierárquica dos Efeitos dos Modos de Falências da Função „Fornecer Tempo de Bordo‟.
Método de
Fase da Provisão
Iden Detecção da Fa Reco
Fun Modo de Missão/ Severi para Obser
tifica Nível Causa da Falência Efeitos da Falência lência/ menda
ção Falência Modo de dade Compen vações
ção Sintomas ções
Operação sação
Observáveis
Efemérides desatualizadas;
Recarga e
Comandos temporizados
execução
não executados; Telemetria
do OBSW;
Não LEOP e armazenada com tempo
fornece Não distribui TB; fases desatualizado; Telemetria de Catas Telemetria,
1 Redundân
tempo de Não gera TB; operaciona tempo real com tempo trófica OBSW
cia física
bordo is; desatualizado; Dados
auxiliares com erro; Atitude
Redundar
estimada com erro; Não gera
função
imagem;
Efemérides atualizadas
Forne intermitentemente;
cer tem Comandos temporizados
2
po de executados
Bordo intermitentemente;
Fornece Telemetria armazenada com Recarga e
tempo de Gera TB tempo atualizado execução
bordo de intermitente; Idem intermitentemente; Catas Telemetria, do OBSW;
2
forma Distribui TB acima; Telemetria de tempo real trófica OBSW
intermitent intermitente; com tempo atualizado Redundân
e intermitentemente; Dados cia física
auxiliares sem erro
intermitentemente; Atitude
estimada sem erro
intermitentemente; Gera
imagem intermitentemente.

(continua)

143
Tabela 4.1 – Continuação
Método de
Fase da Provisão
Iden Detecção da Fa Reco
Fun Modo de Missão/ Severi para Obser
tifica Nível Causa da Falência Efeitos da Falência lência/ menda
ção Falência Modo de dade Compen vações
ção Sintomas ções
Operação sação
Observáveis
Efemérides com erro;
Comandos temporizados Recarga e
Gera TB fora da não executados no tempo execução
Fornece
especificação; especificado; Telemetria do OBSW;
Forne tempo de
Distribui TB fora da armazenada com erro no
cer tem bordo fora Idem Catas Telemetria,
3 2 especificação; Não tempo; Telemetria de tempo Redundân
po de da acima; trófica OBSW
adquire RT; Adquire real com erro no tempo; cia física
Bordo especificaç
RT fora da Dados auxiliares com erro;
ão
especificação; Atitude estimada com erro; Redundar
Gera imagem de local não função
especificado.
Não Não processa; Não Idem Fornece TB fora da
4
adquiri RT comunica; acima; especificação;
Processa
Adquirir Adquiri RT Fornece TB fora da
intermitentemente; Idem
5 Refe intermitent especificação
Comunica acima;
rência e intermitentemente (*);
intermitentemente;
de
Adquire RT Processa fora da
3 Tempo
fora da especificação; Idem Fornece TB fora da
6
especificaç Comunica fora da acima; especificação;
ão especificação;
Gerar Não gera Idem
7 Não processa; Não fornece TB;
Tempo TB acima;
de Gera TB in Processa Idem Fornece TB
8
Bordo termitente intermitentemente acima; intermitentemente;

(continua)

144
Tabela 4.1 – Continuação
Método de
Fase da Provisão
Iden Detecção da Fa Reco
Fun Modo de Missão/ Severi para Obser
tifica Nível Causa da Falência Efeitos da Falência lência/ menda
ção Falência Modo de dade Compen vações
ção Sintomas ções
Operação sação
Observáveis
Gerar Gera TB
Tempo fora Processa fora da Idem Fornece TB fora
9
de especificaç especificação; acima; especificação;
Bordo ão
Não Não processa; Não Idem
10 Não fornece TB;
distribui TB comunica; acima;
Distribui Processa
3 Distribu
TB intermitentemente; Idem Fornece TB
11 ir
intermitent Comunica acima; intermitentemente;
Tempo
e intermitentemente;
de
Distribui Processa fora da
Bordo
TB fora da especificação; Idem Fornece TB fora da
12
especificaç Comunica fora da acima; especificação;
ão; especificação;
Não Idem Não adquire RT; Não gera
13 (**)
processa acima; TB; Não distribui TB;
Processa Adquire RT intermitente;
Prover Idem
14 intermitent (**) Gera TB intermitente;
Proces acima;
4 e Distribui TB intermitente;
sament
Processa
o
fora de Idem Adquire RT fde; Gera TB
15 (**)
especificaç acima; fde; Distribui TB fde;
ão

(continua)

145
Tabela 4.1 – Conclusão
Método de
Fase da Provisão
Iden Detecção da Fa Reco
Fun Modo de Missão/ Severi para Obser
tifica Nível Causa da Falência Efeitos da Falência lência/ menda
ção Falência Modo de dade Compen vações
ção Sintomas ções
Operação sação
Observáveis
Não Idem Não adquire RT; Não
16 (**)
comunica acima; distribui TB;
Comunica
Idem Adquire RT intermitente;
17 Prover intermitent (**)
acima; Distribui TB intermitente;
4 Comuni emente
cação Comunica
fora de Idem Adquire RT fde; Distribui TB
18 (**)
especificaç acima; fde;
ão

(*) Os modos de falência „Fornecer Tempo de Bordo Fora da Especificação‟ ou „Fornecer Tempo de Bordo Intermitentemente‟ não são tratados
neste trabalho.
(**) Conforme a Seção 4.1.1.1, as causas das falências das subfunções „Prover Processamento‟ e „Prover Comunicação‟ não são
determinadas.

146
Tabela 4.2 – Análise Funcional Hierárquica dos Efeitos dos Modos de Falências da Função „Fornecer Comando Direto'.
Fase da Método de
Provisão
Ident Missão/ Detecção da Reco
Modo de Efeitos da Severi para Obser
ifica Nível Função Causa da Falência Modo de Falência/ menda
Falência Falência dade Compen vações
ção Opera Sintomas ções
sação
ção Observáveis
Perda da capacidade de
recepção de LEOP e
Não fornece Perda da
telecomando; Perda da fases Catas Redundân
1 comando comandabilidade do Telemetria
capacidade de operacio trófica cia física
direto satélite;
distribuição de comando nais;
direto.
Fornece
Recepção intermitente de
Fornecer comando Perda/atraso na
telecomando; Idem Catas Redundân
2 2 Coman direto comandabilidade do Telemetria
Distribuição intermitente acima trófica cia física
do Direto intermitente satélite;
de comando direto.
mente
Recepção de
Fornece telecomando fora de
Perda da
comando especificação; Idem Catas Redundân
3 comandabilidade do Telemetria
direto fora do Distribuição fora de acima trófica cia física
satélite;
especificado especificação de
comando direto.
Não recebe Nâo demodula
Idem Não fornece
4 telecomando telecomando; Não
acima comando direto
direto decodifica telecomando.
Demodulação
Recebe intermitentemente de
Fornece comando
telecomando telecomando; Idem
5 Receber direto
direto Decodificação acima
Teleco intermitentemente
3 intermitente intermitentemente de
mando
telecomando.
Direto
Demodulação de
Recebe telecomando fora de
Fornece comando
telecomando especificação; Idem
6 direto fora de
direto fora de Decodificação acima
especificação
especificação detelecomando fora de
especificação.

(continua)

147
Tabela 4.2 – Conclusão
Fase da Método de
Provisão
Ident Missão/ Detecção da Reco
Modo de Efeitos da Severi para Obser
ifica Nível Função Causa da Falência Modo de Falência/ menda
Falência Falência dade Compens vações
ção Opera Sintomas ções
ação
ção Observáveis
Não distribui
Idem Não fornece
7 comando (*) acima comando direto
direto
Distribui
Fornece comando
Distribuir comando Idem
8
3 Coman direto inter (*) acima
direto de forma
intermitente
do Direto mitente
Distribui
Fornece comando
comando Idem
9
direto fora da (*) acima
direto fora de
especificação
especificação
Não demodula Idem Não recebe
10
telecomando (*) acima telecomando direto
Demodula
Recebe
telecomando Idem
11 Demodu
intermitente (*) acima
telecomando direto
lar Tele intermitente
mente
comando
Demodula Recebe
telecomando Idem telecomando direto
12
fora da (*) acima fora de
especificação especificação
4
Não decodifica Idem Não recebe
13
telecomando (*) acima telecomando direto
Decodifica
Recebe
telecomando Idem
14 Decodifi
intermitente (*) acima
telecomando direto
car Tele intermitente
mente
comando
Decodifica Recebe
telecomando Idem telecomando direto
15
fora da (*) acima fora de
especificação especificação

(*) Conforme a seção 4.1.1.1, as causas das falências das subfunções do nível hierárquico mais baixo da decomposição funcional são
consideradas componentes atômicos da arquitetura funcional e não são decompostas nem são determinadas as causas de suas falências.

148
Tabela 4.3 – Análise Funcional Hierárquica dos Efeitos dos Modos de Falências da Função „Fornecer Comando Roteado Imediato‟.
Fase da Método de
Provisão
Iden Missão/ Detecção da Recom
Modo de Sever para Observa
tifica Nível Função Causa da Falência Modo de Efeitos da Falência Falência/ enda
Falência idade Compensa ções
ção Opera Sintomas ções
ção
ção Observáveis
Perda da capacidade
Não Redundânci
de recepção de LEOP e
fornece Perda da a física
telecomando; Perda fases Catas
1 comandos comandabilidade do Telemetria Recarga e
da capacidade de operacio trófica
roteados satélite execução do
distribuição de nais;
imediatos; OBSW;
Comando Roteado.

Fornece Recepção
comandos intermitente de Redundân
Fornecer roteados telecomando; Perda/Atraso na cia física
Idem Catas
2 Coman imediatos Distribuição comandabilidade do Telemetria Recarga e
acima trófica
dos Ro de forma intermitente de satélite execução do
2 intermiten Comando Roteado OBSW;
teados
Imedia te; Imediato;
tos

Fornece Recepção de
comandos telecomando fora de Redundânci
roteados especificação; Perda da a física
Idem Catas
3 imediatos Distribuição de comandabilidade do Telemetria Recarga e
acima trófica
fora de Comando Roteado satélite execução do
especifica Imediato fora de OBSW;
ção especificação;

(continua)

149
Tabela 4.3 – Continuação
Fase da Método de
Provisão
Iden Missão/ Detecção da Recom
Modo de Sever para Observa
tifica Nível Função Causa da Falência Modo de Efeitos da Falência Falência/ enda
Falência idade Compensa ções
ção Opera Sintomas ções
ção
ção Observáveis

Não Nâo demodula


4 recebe telecomando; Não Idem Não fornece comando
telecoman decodifica acima roteado imediato
do direto telecomando.

Demodulação
Recebe
Receber intermitentemente de
telecoman Fornece comando
Teleco telecomando; Idem
5 mando do direto roteado imediato
Decodificação acima
Direto intermiten intermitentemente
intermitentemente de
te
telecomando.
3
Recebe Demodulação de
telecoman telecomando fora de
Fornece comando
do direto especificação; Idem
6 roteado imediato fora
fora de Decodificação acima
de especificação
especifica detelecomando fora
ção de especificação.

Distribuir Não
Coman distribui Não processa; Não
7 Idem Não fornece comando
do Rotea comando
comunica; acima roteado imediato
do Ime roteado
diato imediato

(continua)

150
Tabela 4.3 – Continuação
Fase da Método de
Provisão
Iden Missão/ Detecção da Recom
Modo de Sever para Observa
tifica Nível Função Causa da Falência Modo de Efeitos da Falência Falência/ enda
Falência idade Compensa ções
ção Opera Sintomas ções
ção
ção Observáveis
Distribui
comando Processa
Fornece comando
roteado intermitentemente; Idem
8 roteado imediato de
imediato Comunica acima
forma intermitente
Distribuir inter intermitentemente;
Coman mitente
3 do Rotea Distribui
do Ime comando
diato Processa fora da
roteado Fornece comando
especificação; Idem
9 imediato roteado imediato fora
Comunica fora da acima
fora da de especificação
especificação;
especifica
ção
Não
demodula Idem Não recebe
10
telecoman (*) acima telecomando direto
do
Demodula
telecoman Recebe telecomando
Demodu Idem
11 4 lar Tele
do (*) acima direto intermitente
intermiten
comando
temente
Demodula
telecoman Recebe telecomando
Idem
12 do fora da (*) acima
direto fora de
especifica especificação
ção

(continua)

151
Tabela 4.3 – Continuação
Fase da Método de
Provisão
Iden Missão/ Detecção da Recom
Modo de Sever para Observa
tifica Nível Função Causa da Falência Modo de Efeitos da Falência Falência/ enda
Falência idade Compensa ções
ção Opera Sintomas ções
ção
ção Observáveis
Não
decodifica Idem Não recebe
13
telecoman (*) acima telecomando direto
do
Decodifica
telecoman Recebe telecomando
Decodifi Idem
14
car Tele
do (*) acima direto intermitente
intermiten
comando
temente
Decodifica
telecoman Recebe telecomando
Idem
15
4
do fora da (*) acima
direto fora de
especifica especificação
ção
Não Idem Não distribui comando
16 (*)
processa acima roteado imediato
Processa Distribui comando
Idem
17 Prover intermiten (*) roteado imediato inter
acima
Processa te mitente
mento Processa
Distribui comando
fora de Idem
18 (*) roteado imediato fora
especifica acima
da especificação
ção

(continua)

152
Tabela 4.3 – Conclusão
Fase da Método de
Provisão
Iden Missão/ Detecção da Recom
Modo de Sever para Observa
tifica Nível Função Causa da Falência Modo de Efeitos da Falência Falência/ enda
Falência idade Compensa ções
ção Opera Sintomas ções
ção
ção Observáveis
Não Idem Não distribui comando
19 (*)
comunica acima roteado imediato
Comunica Distribui comando
Idem
20 Prover intermiten (*) roteado imediato inter
acima
4 Comuni temente mitente
cação Comunica
Distribui comando
fora de Idem
21 (*) roteado imediato fora
especifica acima
da especificação
ção

(*) Conforme a seção 4.1.1.1, as causas das falências das subfunções do nível hierárquico mais baixo da decomposição funcional, são
consideradas componentes atômicos da arquitetura funcional e não são decompostas nem são determinadas as causas de suas falências.

153
4.1.3 Repertório de Falhas do ACDH

O domínio das falhas de um sistema inclui todas as suas falhas potenciais.


Nem todas as falhas pertencentes ao domínio das falhas são, no entanto,
identificáveis. O conjunto das falhas potenciais pertencentes ao domínio das
falhas do sistema que são identificadas constitui o Repertório de Falhas do
sistema.

Neste trabalho o domínio das falhas é limitado ao subsistema ACDH e o


Repertório de Falhas é constituído pelas falhas funcionais identificadas. Na
Tabela 4.4 são apresentadas as falhas identificadas por meio da aplicação
FMEA funcional às funções „Fornecer tempo de bordo‟, „Fornecer comando
direto‟, „Fornecer comando roteado imediato‟. A Tabela 4.4 apresenta o número
de funções que podem ser afetadas por cada falha, o número de modos de
falência dessas funções que podem ser causados por cada falha e quantidade
de efeitos que podem ser causados por cada falha.

154
Tabela 4.4 – Falhas Identificadas na FMEA Funcional do ACDH para as Funções
„Fornecer tempo de bordo‟, „Fornecer comando direto‟, „Fornecer
comando roteado imediato‟.

Modos de
Efeitos
Funções Falência
Item Falhas Causados
Afetadas Causados
pela Falha
pela Falha

1 Não distribui TB 1 1 7
2 Não gera TB 1 1 7
3 Gera TB intermitente 1 1 7
4 Distribui TB intermitente 1 1 7
5 Gera TB fora da especificação 1 1 7
6 Distribui TB fora da especificação 1 1 7
7 Não adquire RT 1 1 7
8 Adquire RT fora da especificação 1 1 7
9 Não processa 3 3 2
10 Não comunica 2 2 2
11 Processa intermitentemente 3 3 1
12 Comunica intermitentemente 2 2 1
13 Processa fora da especificação 3 3 1
14 Comunica fora da especificação 2 2 1
15 Perda da capacidade de recepção de telecomando 2 2 1
16 Perda da capacidade de distribuição de comando
1 1 1
direto
17 Recepção intermitente de telecomando 2 2 2
18 Distribuição intermitente de comando direto 1 1 2
19 Recepção de telecomando fora de especificação 2 2 1
20 Distribuição fora de especificação de comando direto 1 1 1
21 Nâo demodula telecomando 1 1 1
22 Não decodifica telecomando 1 1 1
23 Demodulação intermitentemente de telecomando 1 1 1
24 Decodificação intermitentemente de telecomando 1 1 1
25 Demodulação de telecomando fora de especificação 1 1 1
26 Decodificação detelecomando fora de especificação 1 1 1
27 Perda da capacidade de distribuição de Comando
1 1 1
Roteado Imediato
28 Distribuição intermitente de Comando Roteado
1 1 1
Imediato
29 Distribuição de Comando Roteado Imediato fora de
1 1 1
especificação

4.1.4 Tratamento da Função „Fornecer Tempo de Bordo‟

Falhas e falências podem ocorrer em qualquer nível da estrutura funcional e


seus efeitos podem se propagar e afetar tanto o subsistema quanto o sistema e

155
a missão. Numa missão de imageamento, a falência da função„Fornecer
Tempo de Bordo‟ pode ter impacto no produto da missão. O não fornecimento
ou o fornecimento do tempo fora da especificação para a função „Propagar
Órbita‟ resulta em erro no cálculo dos elementos orbitais que se propagam para
os dados auxiliares, uma vez que tanto o tempo como os elementos orbitais
fazem parte dos dados auxiliares. Como os dados auxiliares são gravados na
imagem e utilizados para sua recuperação em solo, a falência no fornecimento
do tempo de bordo inviabiliza o fornecimento das imagens pela missão.

4.1.4.1 Comportamento Cinemático do ACDH na Presença de Falências


da Função „Fornecer Tempo de Bordo‟

Para descrever o comportamento cinemático do ACDH na presença de


falências da função „Fornecer Tempo de Bordo‟, as informações relativas aos
modos de falência e aos efeitos disponíveis na FMEA funcional são importadas
para o TFPG da função. A seguir, os monitores são definidos e incorporados
aos nós e, por último, os nós são interconectados por meio de setas
temporizadas. Essa sequência é semelhante à adotada por Bittner et al. (2017)
para desenvolver um TFPG a partir da FMEA da arquitetura física de FDIR da
sonda Solar Orbiter da ESA com o propósito de avaliar a propagação de
falências nos diferentes níveis da arquitetura.

Diferente de Bittner et al. (2017), a descrição do comportamento neste trabalho,


é segmentada de acordo com os níveis da arquitetura funcional e da FMEA das
funções. Essa abordagem simplifica a descrição e a definição de lógicas de
detecção, diagnose e recuperação. A segmentação da descrição do
comportamento permite iniciar a descrição do comportamento pelo nível mais
baixo ou pelo nível mais alto da decomposição funcional. A opção neste
trabalho por iniciar pelo nível mais alto deve-se a este ser o nível onde os
modos de falência da função se propagam, evidenciando os seus efeitos nas
outras funções do subsistema e no sistema.

i) Descrição do Comportamento no Nível 1

156
Modos de Falência

Os modos de falência identificados no nível 2 da Tabela 4.1 são importados


diretamente para o TFPG:

 Não fornece tempo de bordo (MF1);

 Fornece tempo de bordo fora da especificação (MF2);

 Fornece tempo de bordo de forma intermitente (MF3).

Além dos modos de falência da função „Fornecer Tempo de Bordo‟, são


importados os modos de falência de funções do ACDH e de funções externas
ao ACDH que podem produzir as mesmas discrepâncias produzidas pela
função „Fornecer Tempo de Bordo‟.

Modos de falência de outras funções do ACDH:

 Não fornece telemetria de tempo real (MF4);

 Fornece telemetria de tempo real fora de especificação (MF5);

 Não fornece telemetria armazenada (MF6);

 Fornece telemetria armazenada fora de especificação (MF7);

 Não propaga órbita (MF8);

 Propaga órbita fora de especificação (MF9);

 Não fornece comando temporizado (MF10).

 Fornece comando temporizado fora de especificação (MF11);

Modos de falência de funções externas ao ACDH:

 Câmera não imageia (MF12);

 Transponder da câmera não transmite (MF13);

157
Efeitos

Dos efeitos identificados na Tabela 4.1, são importados como discrepâncias


para o TFPG:

 Efemérides desatualizadas;

 Efemérides com erro;

 Comandos temporizados não fornecidos;

 Comandos temporizados não fornecidos no tempo especificado;

 Telemetria armazenada com tempo desatualizado;

 Telemetria de tempo real com tempo desatualizado;

 Telemetria armazenada com erro no tempo;

 Telemetria de tempo real com erro no tempo;

 Dados auxiliares com erro;

 Atitude estimada com erro;

 Não gera imagem;

 Gera imagem de local não especificado;

 Imagem com erro nos dados auxiliares;

 Perda da observabilidade satélite;

 Fornece imagem não localizável;

 Fornece Imagem de local não especificado;

 Não fornece imagem.

158
As discrepâncias são representadas no grafo como nós disjuntivos exclusivos,
uma vez que é suposto a ocorrência de apenas modos simples de falência.

Em vista das considerações da seção 3.3.3.3, a propagação dos efeitos dos


modos de falência intermitentes são considerados iguais aos da propagação
dos efeitos dos modos de falência permanentes e, por essa razão, não são
importados para o TFPG.

Definição dos Monitores

A definição dos monitores visa detectar e diagnosticar o modo de falência ativo


de forma que o sistema possa ser recuperado autonomamente.

As discrepâncias „Perda da observabilidade do satélite‟, „Fornece imagem não


localizável‟, „Fornece imagem de local não especificado‟ „Não fornece imagem‟
são manifestações no Solo de falências ocorridas no satélite. Como essas
discrepâncias podem ser sempre detectadas pelo processamento das
telemetrias e das imagens no Solo, são associados monitores a cada uma
delas (o código dos monitores esta de acordo a numeração adotada na Figura
4.8):

 M12: Perda da observabilidade do satélite;

 M19: Fornece imagem não localizável;

 M111: Fornece imagem de local não especificado;

 M112: Não fornece imagem.

As discrepâncias „Comandos temporizados não fornecidos‟ e „Comandos


temporizados não fornecidos no tempo especificado‟ não são monitoráveis.
Para o seu monitoramento é necessário que o monitor que tenha informações
relativas à geração e escalonamento do comando e um relógio de bordo
independente do relógio que fornece o tempo de bordo.

159
Também as discrepâncias „Não gera imagem‟, „Gera imagem de local não
especificado‟ e „Imagem com erro nos dados auxiliares‟ não são monitoráveis.
Para o monitoramento, seriam necessários monitores com capacidade para
abrir e examinar as imagens.

Já as discrepâncias „Efemérides desatualizadas‟, „Efemérides com erro‟,


„Telemetria armazenada com tempo desatualizado‟, „Dados auxiliares com
erro‟, „Telemetria armazenada com erro no tempo‟, „Telemetria de tempo real
com erro no tempo‟ e „Telemetria de tempo real com tempo desatualizado‟ são
monitoráveis embora, não sejam monitoradas em nenhum dos satélites com
participação brasileira. Para monitorar estas discrepâncias, o monitoramento é
vinculado a um evento periódico de forma que, periodicamente, o valor atual do
parâmetro monitorado possa ser comparado com o último valor adquirido. Os
monitores são associados às discrepâncias como segue:

 M110: Efemérides desatualizadas;

 M16: Efemérides com erro;

 M15: Telemetria armazenada com tempo desatualizado;

 M13: Telemetria de tempo real com tempo desatualizado;

 M18: Dados auxiliares com erro;

 M11: Telemetria de tempo real com erro no tempo;

 M14: Telemetria armazenada com erro no tempo;

Definição das Conexões dos Nós

As conexões entre os nós que representam os modos de falência e os nós que


representam as discrepâncias são definidas com base nos efeitos listados na
Tabela 4.1 e nos documentos INPE (2001), INPE (2010).

160
A definição dos tempos de propagação têm como referência os satélites
Amazônia-1 e CBERS-3 e 4 com base em informações fornecidas pela equipe
de desenvolvimento desses satélites.

Propagação das Falências

Com base nas informações acima é gerado o diagrama de propagação dos


modos de falência da função „Fornecer Tempo de Bordo‟ no subsistema ACDH
(nível 1 da decomposição funcional) apresentado na Figura 4.8.

Na Figura 4.8, os retângulos de linhas tracejadas representam falências de


outras funções que podem resultar nas discrepâncias produzidas pelos
modos de falência da função „Fornecer Tempo de Bordo‟. Nessas figuras, os
retângulos de cantos arredondados representam discrepâncias do tipo
disjuntivo exclusivo. Os hexágonos representam os monitores das
discrepâncias. Os monitores são identificados por um número sendo que o
primeiro dígito corresponde ao nível hierárquico em análise e os demais dígitos
correspondem ao número de sequência do monitor no nível analisado. Os
hexágonos na cor azul representam monitores usualmente utilizados na
implementação de um ACDH. Os hexágonos na cor amarela representam
monitores usualmente presentes em solo. Os hexágonos na cor verde
representam monitores que usualmente não são utilizados a bordo. As
discrepâncias às quais não está associado um monitor são consideradas não
observáveis. A dupla [tmin,tmax] representa o intervalo de tempo que a
falência ou os seus efeitos podem levar para se propagar do nó precedente ao
nó consequente.

161
Figura 4.8 – Diagrama de propagação para função „Fornecer Tempo de Bordo‟ no
nível 1.

ii) Descrição do Comportamento no Nível 2

Modos de Falência

162
Os modos de falência identificados no nível 3 da Tabela 4.1 são importados
diretamente para o TFPG:

 Não adquire RT;

 Adquire RT intermitente;

 Adquire RT fora da especificação;

 Não gera TB;

 Gera TB intermitentemente;

 Gera TB fora especificação;

 Não distribui TB;

 Distribui TB fora da especificação;

 Distribui TB intermitentemente.

Efeitos

Dos efeitos identificados na Tabela 4.1, são importados como discrepâncias


para o TFPG:

 Fornece TB fora da especificação;

 Não fornece TB;

As discrepâncias são representadas no grafo como nós disjuntivos exclusivos,


uma vez que é suposto a ocorrência de apenas modos simples de falência.

Em vista das considerações da seção 3.3.3.3, a propagação dos efeitos dos


modos de falência intermitentes são considerados iguais aos da propagação
dos efeitos dos modos de falência permanentes e, por essa razão, não são
importados para o TFPG.

163
Definição dos Monitores

O monitoramento das discrepâncias não é realizado nesse nível funcional. A


sua inclusão implica a adição de estruturas funcionais/físicas que reproduzem
as existentes nas funções que utilizam o tempo de bordo.

Definição das Conexões dos Nós

As conexões entre os nós que representam os modos de falência e os nós que


representam as discrepâncias são definidas com base nos efeitos listados na
Tabela 4.1 e nos documentos INPE (2001) e INPE (2010).

A definição dos tempos de propagação tem como referência os satélites


Amazônia-1 e CBERS-3 e 4 com base em informações fornecidas pela equipe
de desenvolvimento desses satélites.

Propagação das Falências

Com base nas informações acima é gerado o diagrama de propagação dos


modos de falência da função „Fornecer Tempo de Bordo‟ no subsistema ACDH
(nível 2 da decomposição funcional) apresentado na Figura 4.9.

164
Figura 4.9 – Diagrama de propagação da função „Fornecer Tempo de Bordo‟ no nível
2.

iii) Descrição do Comportamento no Nível 3

Modos de Falência

Os modos de falência identificados no nível 4 da Tabela 4.1 são importados


diretamente para o TFPG:

 Não processa;

 Processa intermitente;

 Processa fora de especificação;

 Não comunica;

 Comunica fora de especificação;

 Comunica intermitentemente;

165
Efeitos

Dos efeitos identificados na Tabela 4.1, são importados como discrepâncias


para o TFPG:

 Não adquire RT;

 Não gera TB;

 Não distribui TB;

 Adquire RT fora de especificação;

 Gera TB fora de especificação;

 Distribui TB fora de especificação;

As discrepâncias são representadas no grafo como nós disjuntivos exclusivos,


uma vez que é suposto a ocorrência de apenas modos simples de falência.

Em vista das considerações da seção 3.3.3.3, a propagação dos efeitos dos


modos de falência intermitentes são considerados iguais aos da propagação
dos efeitos dos modos de falência permanentes e, por essa razão, não são
importados para o TFPG.

Definição dos Monitores

Nesse nível funcional é viável a inclusão de monitores para as discrepâncias


„Não adquire RT‟ e „Adquire RT fora de especificação‟. O monitoramento das
demais discrepâncias não é realizado, pois a sua inclusão implica a adição de
estruturas funcionais/físicas que reproduzem as existentes nas funções que
utilizam o tempo de bordo.

Definição das Conexões dos Nós

As conexões entre os nós que representam os modos de falência e os nós que


representam as discrepâncias são definidas com base nos efeitos listados na
Tabela 4.1 e nos documentos INPE (2001) e INPE (2010).

166
A definição dos tempos de propagação tem como referência os satélites
Amazonia-1 e CBERS-3 e 4 com base em informações fornecidas pela equipe
de desenvolvimento desses satélites.

Propagação das Falências

Com base nas informações acima é gerado o diagrama de propagação dos


modos de falência da função „Fornecer Tempo de Bordo‟ no subsistema ACDH
(nível 2 da decomposição funcional) apresentado na Figura 4.10.

Figura 4.10 – Diagrama de propagação para função „Fornecer Tempo de Bordo‟ no


nível 3

167
4.1.4.2 Detecção e Diagnose

Nesta seção, a detecção e diagnose dos modos de falência no nível 1 é


exercitada por meio da aplicação da extratégia proposta.

Conforme tratado na seção 3.3.4, a detecção, isolação e identificação dos


modos de falências podem ser realizados com base nas suas manifestações
espaciais, temporais e informacionais.

Escolha do Domínio

A detecção e a diagnose dos modos de falência da função „Fornecer Tempo de


Bordo‟ são realizadas com base nas manifestações dos modos de falência no
domínio espacial. A utilização das manifestações temporais das falências da
função „Fornecer Tempo de Bordo‟ pela lógica de detecção e diagnose, ou
seja, pela função inversa torna-se inviável, pois o tempo utilizado para
monitorar o horário de ocorrência das discrepâncias é fornecido pela própria
função „Fornecer Tempo de Bordo‟. Essa situação produz um efeito análogo ao
produzido pela falência de monitores, tratada na Seção 3.3.4.2 para o domínio
espacial, a qual pode resultar em ambiguidade nas assinaturas ou em
assinaturas que não pertencem à imagem da função direta e resultar em erro
na diagnose do modo de falência ativo.

Definição do Vetor Assinatura no Domínio Espacial

No domínio espacial, o exame do diagrama de propagação mostra a existência


em bordo de nove modos de falência que podem causar discrepâncias
monitoradas (três relativos à função „Fornecer Tempo de Bordo‟, dois relativos
à função „Fornecer Telemetria de Tempo Real‟, dois relativos à função
„Fornecer Telemetria Armazenada‟ e dois relativos à função „Propagar Órbita‟.
Como o modo de falência intermitente („Fornece tempo de bordo
intermitentemente‟) é tratado como permanente, ou seja, é tratado como o
modo „Não fornece tempo de bordo‟, são considerados apenas oito modos de
falência (m=8). Isso implica que para identificar o modo de falência ativo devam

168
existir pelo menos 8 assinaturas biunívocamente associadas aos 8 MFs
(Teorema 1).

O vetor assinatura deve conter um conjunto de efeitos monitorados que permita


cobrir todos os modos de falências. Nesse caso, o conjunto composto pelos
monitores M11, M13, M14, M15, M17 (ou M18) é o menor conjunto que atende
a essa condição. No entanto, a inclusão de M17 (ou M18) no vetor assinatura
produz uma ambiguidade: os modos de falência „Propaga órbita fora de
especificação‟ e „Não propaga órbita‟ produzem a mesma assinatura. Essa
ambiguidade pode ser removida pela remoção de M17 (ou M18) e a inclusão
de M16 e M110. O vetor assinatura pode então ser definido como:

⃗ = (M11 M13 M14 M15 M16 M110) (4.1)

A Tabela 4.5 mostra a assinatura de todos os modos de falência detetáveis do


diagrama de propagação nível 1 da função „Fornecer Tempo de Bordo‟.

169
Tabela 4.5 – Assinatura no domínio dos modos de falência da função „Fornecer Tempo
de Bordo‟.

Assinaturas no Domínio
Modos de Falência Espacial
(Vetor ⃗⃗)

MF1 - Não fornece tempo de bordo (0 1 0 1 0 1)

MF2 - Fornece tempo de bordo fora da


(1 0 1 0 1 0)
especificação

MF4 - Não fornece telemetria de tempo real (0 1 0 0 0 0)

MF5 - Fornece telemetria de tempo real fora de


(1 0 0 0 0 0)
especificação

MF6 - Não fornece telemetria armazenada (0 0 0 1 0 0)

MF7 - Fornece telemetria armazenada fora de


(0 0 1 0 0 0)
especificação

MF8 - Não propaga órbita (0 0 0 0 0 1)

MF9 - Propaga órbita fora de especificação (0 0 0 0 1 0)

4.1.5 Aplicação da Abordagem por Modelagem e Simulação

Como os modos de falência da função „Fornecer Tempo de Bordo‟ afetam o


fornecimento do tempo, os resultados da diagnose por amostragem temporal,
por utilizar o tempo para sua aplicação, podem ser igualmente afetados. Para
evitar essa possibilidade, a diagnose é realizada por eventos. Assim, as três
lógicas propostas na seção 3.3.5.1, ou seja, diagnose com critério de diferença
de assinaturas, diagnose com critério de biunivocidade e diagnose com critério
de biunivocidade e verificação de precedência, são aplicadas para isolar e/ou
identificar o modo de falência ativo. Os resultados da simulação da aplicação
dessas lógicas à função „Fornecer Tempo de Bordo‟ são apresentados e
analisados no Capítulo 5.

170
4.1.6 Aplicação da Abordagem por Teoria e Análise

Na condição de monitores isentos de falências, a aplicação da abordagem por


teoria e análise segue os passos propostos na seção 3.3.4.2.

Passo 1: Para aplicar a abordagem por teoria e análise, a propagação da


função „Fornecer Tempo de Bordo‟ é, sem perda de generalidade, reduzida
conforme o diagrama de propagação mostrado na Figura 4.11.

Figura 4.11 – Diagrama de propagação da função „Fornecer Tempo de Bordo‟


reduzida.

No diagrama existem seis modos de falência:

 Não fornece tempo de bordo (MF1);

 Fornece tempo de bordo fora de especificação (MF2);

 Fornece telemetria armazenada fora de especificação (MF3);

 Não fornece telemetria armazenada (MF4);

 Propaga órbita fora de especifição (MF5);

171
 Não propaga órbita (MF6).

Considerando que os modos de falência são mutuamente exclusivos, e


analisando as propagações dos 6 modos de falência pelo diagrama da Figura
4.11, conclui-se que, para identificar quatro modos de falência e isolar os
outros dois basta o acréscimo de dois monitores (M14 e M15) e utilizar o
monitor M17, o qual já existe a bordo. Nesse caso, o vetor assinatura é
composto por M14, M15 e M17 e os modos de falência são
isolados/identificados conforme a Tabela 4.6.

Tabela 4.6 – Assinaturas e Isolação/identificação dos modos de falência da função


„Fornecer Tempo de Bordo‟ reduzida.

Assinaturas no
Domínio Espacial Modos de Falência Isolados/Identificados
(Vetor ⃗⃗)

(0 0 0) Nenhum modo de falência ativo, i.e., modo normal

Não propaga órbita


(0 0 1)
Propaga órbita fora de especificação

(0 1 1) Não fornece tempo de bordo

Assinatura inválida para modos de falência mutuamente


(1 1 1) exclusivos

(1 0 1) Fornece tempo de bordo fora de especificação

(1 0 0) Fornece telemetria armazenada fora de especificação

Assinatura inválida para modos de falência mutuamente


(1 1 0) exclusivos

(0 1 0) Não fornece telemetria armazenada

Os modos de falência „Não propaga órbita‟ e „Propaga órbita fora de


especificação‟ não são identificáveis. A associação de ambos à assinatura
(001) indica a ambiguidade.

Se pudermos tolerá-la, estes podem ser agrupados num pseudo modo/modo


virtual/modo agrupado MF1’ como indicado na Tabela 4.7 e mostrado na

172
Figura 4.12. Este agrupamento possibilita uma aplicação recursiva dessa
abordagem.

Tabela 4.7 – Agrupamento dos dos modos de falência da função „Fornecer Tempo de
Bordo‟ reduzida em pseudos modos de falência.

Pseudo Modos
Modos de Falência Agrupados
de Falência

Não propaga órbita


MF1’
Propaga órbita fora de especifição

Figura 4.12 – Diagrama de propagação da função „Fornecer Tempo de Bordo‟


reduzida com os pseudos modos falência.

Se não pudermos tolerá-la, então, sendo ela do tipo “OU inclusivo”, para
desambiguá-los, precisa-se de, pelo menos, mais 2 monitores, o M16 e o
M110, já que o terceiro, o M17, é necessário a para as identificações da Tabela
4.6. Assim, para identificar o modo de falência ativo é necessário acrescentar a
bordo ao menos quatro monitores com essa finalidade específica: M14, M15,
M16 e M110, ao M17.

A Tabela 4.6 também mostra que a falência de monitores (Tipo 1 = falso


positivo; ou Tipo 2 = falso negativo) pode transformar assinaturas válidas (p.ex.

173
011) em outras assinaturas válidas (p.ex.: 001) ou inválidas (p.ex.: 111),
gerando ambiguidade, dependente da diferença entre o observado e o previsto.

Na sequência, é considerado que os modos de falência „Não propaga


órbita‟ (MF6) e „Propaga órbita fora de especificação‟ (MF5) podem ser
agrupados no pseudo modo MF1’.

Passo 2: A Figura 4.13 mostra o mapa de Karnaugh da assinatura espacial,


representada pela tripla ordenada das discrepâncias monitoradas por M14,
M15 e M17, dos modos de falência MF1, MF2, MF3, MF4 e do pseudo modo
de falência MF1’ da função „Fornecer Tempo de Bordo‟ reduzida. As células
verdes indicam as assinaturas dos modos mutuamente exclusivos. As células
brancas indicam as assinaturas dos modos simultâneos. A célula azul indica a
assinatura na ausência de falências.

Figura 4.13 – Mapa de Karnaugh da assinatura espacial dos modos e pseudo modo de
falência da função „Fornecer Tempo de Bordo‟ reduzida.

Passo 3 e 4: O mapa de Karnaugh das assinaturas mostra que para falências


mutuamente exclusivas não existem ambiguidades nas assinaturas dos modos
e pseudo modos de falência .

Passo 5: A Figura 4.14 mostra o mapa de compatibilidade dos modos e


pseudos modos de falência da função „Fornecer Tempo de Bordo‟ reduzida. As
células hachuradas referem-se aos modos de falência simultâneos.

174
Passo 6: Os mapas de Karnaugh de MF1, MF2, MF3, MF4 e MF1’, em função
de M14, M15, e M17 são gerados a partir do mapa de compatibilidade (Figura
4.14) e mostrados na Figura 4.15. As células hachuradas referem-se aos
modos de falência simultâneos.

Figura 4.14 – Mapa de compatibilidade da função „Fornecer Tempo de Bordo‟


reduzida.

175
Figura 4.15 – Mapa de Karnaugh para (a) MF1, (b) MF2, (c) MF3, (d) MF4 e (e) MF1’.

Passo 7: As lógicas inversa otimizadas para MF1, MF2, MF3, MF4 e MF1’ são
geradas a partir dos mapas de Karnaugh (Figura 4.15), conforme as
expressões (4.2), (4.3), (4.4), (4.5) e (4.6).

MF1 = M15 M17 (4.2)

MF2 = M14 M17 (4.3)

MF3 = M14 (4.4)

MF4 = M15 (4.5)

MF ’ = M17 (4.6)

176
4.2 Aplicação da Estratégia a um Caso da Literatura

A aplicação da estratégia a um Caso da Literatura é primeiramente realizada


utilizando a abordagem por Modelagem e Simulação e, a seguir, a aplicação da
estratégia é realizada utilizando a abordagem por Teoria e Análise, portanto, na
ordem inversa em que as abordagens são introduzidas na seção 3. A opção
por esta sequência decorre da abordagem por Modelagem e Simulação ser
aplicada no modelo completo da função e a abordagem por Teoria e Análise
ser aplicada em um modelo reduzido da função, o qual é derivado do modelo
completo.

4.2.1 Abordagem por Modelagem e Simulação

Nesta seção, a estratégia é parcialmente aplicada a um caso da literatura cujo


modelo de falhas exibe um comportamento mais complexo que o exibido pela
função „Fornecer Tempo de Bordo‟. Nesse caso, o comportamento da função
na presença de falhas é representado pelo grafo temporizado (Figura 4.16)
proposto no trabalho A Consistency-based Robust Diagnosis Approach for
Temporal Causal Systems por Abdelwahed et al. (2005).

A estratégia proposta neste trabalho não é aplicada às etapas que precedem a


elaboração do grafo, uma vez que o sistema não é descrito em Abdelwahed et
al. (2005).

177
Figura 4.16 – Diagrama de propagação de um caso da literatura.

Fonte: Adaptado de Abdelwahed et al. (2005).

Aplicando as hipóteses estabelecidas na seção 3.3.4.1 ao caso da literatura e


considerando que todas as discrepâncias são monitoradas, ou seja, a cada
discrepância Di está associado um monitor Mi, pode ser definido um vetor
assinatura composto por onze elementos:

⃗ = (D1M1 D2M2 D3M3 D4M4 D5M5 D6M6 D7M7 D8M8 D9M9 (4.7)
D10M10 D11M11)

A assinatura de cada modo de falência pode então ser determinada a partir do


diagrama de propagação da função, decompondo-o em quatro subdiagramas
(Figura 4.17), um para a propagação de cada modo de falência. A Tabela 4.8
mostra a assinatura no domínio espacial de cada modo de falência.

178
Figura 4.17 – Decomposição do diagrama de propagação do caso da literatura: a)
subdiagrama da propagação de MF1; b) subdiagrama da propagação
de MF2; c) subdiagrama da propagação de MF3; subdiagrama da
propagação de MF4.

179
Tabela 4.8 – Assinaturas no domínio espacial dos modos de falência do caso da
literatura.

Assinaturas no Domínio Espacial


Modos de Falência
(Vetor ⃗⃗)

MF1 (1 1 1 0 0 1 0 1 1 1 1)

MF2 (0 0 1 0 0 1 0 0 1 1 1)

MF3 (0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 1)

MF4 (0 0 0 0 1 0 1 0 1 1 1)

As três lógicas propostas na seção 3.3.5.1 para isolar e/ou identificar o modo
de falência ativo a partir da ocorrência de eventos, ou seja, diagnose com
critério de diferença de assinaturas, diagnose com critério de biunivocidade e
diagnose com critério de biunivocidade e verificação de precedência mais as
três lógicas propostas na seção 3.3.5.2 para realizar a diagnose por
amostragem temporal, ou seja, amostragem no tempo máximo de propagação
das falências, amostragem periódica e amostragem no tempo de propagação
das discrepâncias são aplicadas ao do caso da literatura. Os resultados da
simulação da aplicação dessas lógicas são apresentados e analisados no
Capítulo 5.

4.2.2 Abordagem por Teoria e Análise

Na condição de monitores isentos de falências, a aplicação da abordagem por


teoria e análise segue os passos propostos na seção 3.3.4.2.

Passo 1: Para aplicar a abordagem por teoria e análise, a propagação do caso


da literatura é, sem perda de generalidade, reduzido às seis primeiras
discrepâncias, D1, D2, . . .D6, gerando o diagrama de propagação reduzida
mostrado na Figura 4.18.

180
Figura 4.18 – Diagrama de propagação do caso da literatura reduzido.

Passo 2: A Figura 4.19 mostra o mapa de Karnaugh da assinatura espacial


(vetor ⃗ ) representada pela sêxtupla ordenada de discrepâncias monitoradas
(D1M1 D2M2 D3M3 D4M4 D5M5 D6M6) dos modos de falêcia do caso da
literatura reduzido. Neste caso, as células verdes indicam as assinaturas dos
modos de falência mutuamente exclusivos. As células brancas indicam as
assinaturas dos modos de falência simultâneos. A célula azul indica a
assinatura na ausência de falências.

Quando os modos de falência são supostos mutuamente exclusivos, a função


direta não apresenta ambiguidades. Para exercitar a aplicação da abordagem
por teoria e análise a ocorrência de modos de falência simultâneos será, no
entanto, admitida. Neste caso, existem quatro ambiguidades duplas, as quais
são destacadas por círculos na Figura 4.19.

Passo 3: O mapa de Karnaugh das assinaturas mostra que as ambiguidades


ocorrem quando MF1 está ativo. Neste caso, não é possível identificar no
domínio espacial, sem violar a Hipótese 2, se a falência decorre de MF1 ativo
ou de MF2 ativo ou de ambos. Neste caso, só é possível no domínio espacial
isolar o modo de falência ativo (MF1 ou MF2). Para fins de demonstração da
aplicação da abordagem por teoria e análise é, no entanto, considerarado que
existe um efeito monitorável (D7) que pode ser incorporado à assinatura
espacial, como mostrado na Figura 4.20.

181
Figura 4.19 – Mapa de Karnaugh da assinatura espacial do caso da literatura reduzido.

Figura 4.20 – Diagrama de propagação do caso da literatura reduzido desambiguado.

Passo 4: Na nova configuração espacial, a assinatura espacial (vetor ⃗ ) passa


a ser representada pela sétupla ordenada (D1M1 D2M2 D3M3 D4M4 D5M5
D6M6 D7M7) eliminando as ambiguidades, como mostrado na Figura 4.21.

182
Figura 4.21 – Mapa de Karnaugh da assinatura espacial do caso da literatura reduzido
desambiguado.

Passo 5: Para construção do mapa de compatibilidade as discrepâncias D2,


D3 e D6 não são consideradas, uma vez que na nova configuração as
discrepâncias monitoradas D2M2, D3M3 e D6M6 não são necessárias para a
identificação dos modos de falência. A Figura 4.22 mostra o mapa de
compatibilidade do caso da literatura reduzido desambiguado.

Passo 6: Os mapas de Karnaugh de MF1, MF2, MF3 e MF4 em função de D1,


D4, D5 e D7 são gerados a partir do mapa de compatibilidade (Figura 4.22) e
mostrados na Figura 4.23.

183
Figura 4.22 – Mapa de compatibilidade do caso da literatura reduzido desambiguado.

Passo 7: As lógicas inversa otimizadas para MF1, MF2, MF3 e MF4 são
geradas a partir dos mapas de Karnaugh (Figura 4.23), conforme as
expressões (4.8), (4.9), (4.10) e (4.11).

MF1 = D1 (4.8)

MF2 = D7 (4.9)

MF3 = D4 (4.10)

MF4 = D5 (4.11)

184
Figura 4.23 – Mapas de Karnaugh para: (a) MF1; (b) MF2; (c) MF3; (d) MF4.

A falência de monitores (Tipo 1 = falso positivo; ou Tipo 2 = falso negativo)


pode ser modelada como mostrado na Figura 4.24. A falência do monitor M2
como falso positivo é modelada por meio de uma porta OU inclusiva que
recebe o modo de falência falso positivo (representado pelo retângulo MF falso
positivo) e o estado da discrepância D2. A falência do monitor M6 como falso
negativo é modelada por meio de uma porta E que recebe o modo de falência
falso negativo (representado pelo retângulo MF falso negativo) negado e o
estado da discrepância D6. Neste caso, considera-se que o monitor M2
apresenta somente o modo de falência falso positivo e o monitor M6 apresenta
somente o modo de falência falso negativo.

185
Figura 4.24 – Modelamento da falência de monitores como falso positivo e falso
negativo.

O modelamento do falso positivo e do falso negativo como modos de falência


permite aplicar as abordagens propostas nas seções 3.3.4 e 3.3.5 para o
tratamento de falências de monitores.

186
5 VALIDAÇÃO DA ESTRATÉGIA PARA O TRATAMENTO DE FALHAS

O objetivo desta seção é validar por meio de simulação as lógicas algorítmicas


para diagnose propostas na seção 3.3.5: diagnose por diferença de
assinaturas, diagnose por biunivocidade e diagnose por biunivocidade e
precedência. As lógicas são aplicadas à função „Fornecer Tempo de Bordo‟ e
ao caso da literatura.

5.1 Ambiente de Modelagem e Simulação

Na ausência de ferramentas específicas para modelagem e simulação relativas


aos processos de gerenciamento de falhas no INPE, as simulações realizadas
neste trabalho utilizam um ambiente de desenvolvimento da linguagem VHDL
(VHSIC Hardware Description Language).

O ambiente escolhido é composto pelas seguintes ferramentas:

 Simulador VHDL: GHDL v0.34;

 Visualizador de formas de onda: GTKWave Analyser v3.3.84;

 Editor de texto: Notepad++ v7.5.4;

 Ferramenta para automatização da simulação: GNU Make v3.81;

Todas as ferramentas são softwares livres, que podem ser utilizados sob as
condições GNU GPL v2 (GNU General Public License version 2).

5.1.1 Simulador GHDL

O simulador GHDL (G Hardware Design Language) é um compilador VHDL


que pode executar programas VHDL que atendam às revisões de 1987, 1993 e
2002 da norma IEEE 1076 - IEEE Standard VHDL Language Reference Manual
(GINGOLD, 2018). O GHDL suporta parcialmente a revisão 2008 da norma
IEEE 1076.

187
O GHDL traduz arquivos VHDL para código de máquina sem o uso de uma
linguagem intermediária tal como o C ou o C++. Dessa forma, o código
compilado pode ser mais rápido e o tempo de análise pode ser menor que os
obtidos com o uso de um compilador que utiliza uma linguagem intermediária.

O simulador GHDL não contém um visualizador gráfico. Ele produz, no entanto


arquivos de saída nos formatos VCD, GHW e FST os quais podem ser
visualizados em visualizadores de forma de onda como, por exemplo, o
GTKWave.

5.1.2 Visualizador GTKWave

O GTKWave (BSI, 2018) é uma ferramenta de análise usada para depurar


modelos de simulação escritos em VHDL e Verilog. O GTKWave não executa
interativamente com a simulação. Ele é executado após a simulação e usa
como entrada arquivo de saída do simulador. O GTKWave suporta arquivos
nos formatos VCD, LXT, LXT2, VZT, GHW, AET2, IDX, FST, VPD, WLF e
FSDB.

A Figura 5.1 mostra a janela principal do GTKWave com formas de onda da


simulação da função „Fornecer Tempo de Bordo‟.

188
Figura 5.1 – Janela principal do GTKWave com formas de onda da simulação da
função „Fornecer Tempo de Bordo‟.

5.1.3 Notepad++

Notepad++ (https://notepad-plus-plus.org/) é um editor de código fonte que


suporta 82 linguagens, entre as quais o VHDL e o Makefile. O Notepad++
executa em ambiente Windows. A Figura 5.2 apresenta janela do Notepad++
com trecho inicial do código VHDL da simulação da função „Fornecer Tempo de
Bordo‟.

189
Figura 5.2 – Janela do Notepad++ com trecho inicial do código VHDL da simulação da
função „Fornecer Tempo de Bordo‟.

5.1.4 GNU Make

O utilitário GNU Make automaticamente determina quais as partes de um


programa devem ser recompiladas e executa comandos para sua recompilação
(https://www.gnu.org/software/make/manual/make.html#Overview). A
ferramenta é utilizada para automatizar por meio de um arquivo Makefile as
operações de Análise, Elaboração e Execução do simulador GHDL.

5.2 Principais Características do Simulador das Lógicas de Detecção e


Diagnose

O simulador utilizado neste trabalho para avaliação do desempenho das


lógicas propostas permite:

 Definir a quantidade de cenários simulados;

190
 Definir os tempos de propagação ou escolher aleatoriamente o tempo no
intervalo de propagação;

 Definir o modo de falência ou escolher aleatoriamente a falência que


será injetada;

 Simular falência de monitores, definindo os monitores falidos, os seus


modos de falência e o tempo de ocorrência da falência ou escolhendo
aleatoriamente tanto os monitores falidos quanto os seus modos de
falência e os tempos de ocorrência das falências.

5.3 Resultados das Simulações

Nesta seção são apresentados os resultados das simulações das lógicas


usadas para detecção e diagnose da função „Fornecer Tempo de Bordo‟ e do
caso da literatura, ou seja, a diagnose por diferença de assinaturas, a diagnose
por biunivocidade e a diagnose por biunivocidade e precedência.

Para a função „Fornecer Tempo de Bordo‟, as lógicas foram aplicadas a cada


ocorrência de uma nova discrepância. Para o caso da literatura, as lógicas
foram aplicadas periodicamente, a cada segundo.

Adicionalmente, como referência, a lógica para diagnose por diferença de


assinaturas foi aplicada após o tempo máximo de propagação dos modos de
falência previsto para cada uma das funções. Para a função „Fornecer Tempo
de Bordo‟, o tempo é contado a partir da ocorrência da primeira discrepância.
Para o caso da literatura, o tempo é contado a partir da primeira amostragem
da assinatura, ou seja, um segundo após o início da simulação.

Para cada combinação do número de falência de monitores e do valor da


diferença entre assinaturas são simulados 1000 cenários, onde é aplicada a
lógica de diagnose que está sendo validada. Em cada cenário, o modo de
falência ativo e os tempos de propagação do modo de falência são escolhidos
aleatoriamente.

191
Quando é admitida a falência de um ou dois monitores, o(s) monitor(es)
falido(s) e o(s) seu(s) modo(s) de falência são escolhidos aleatoriamente. As
falências dos monitores se manifestam, no entanto, sempre no início da
simulação.

5.3.1 Resultados da Simulação da Função „Fornecer Tempo de Bordo‟

As tabelas 5.1, 5.2 e 5.3 apresentam, respectivamente, os resultados das


simulações realizadas para as lógicas por diferença de assinaturas, por
biunivocidade e por biunivocidade e precedência propostas na secção 3.3.5. A
Tabela 5.4 apresenta o resultado das simulações da aplicação da lógica por
diferença de assinaturas após a propagação das falências.

Tabela 5.1 – Resultados das simulações da lógica proposta para a diagnose por
diferença de assinaturas e detecção por eventos.
Identificações

Identificações
Identificadas
Identificaçõs
Assinaturas
Falência de

Ambiguas

Incorretas
Monitores

Diferença

Corretas

Máximo

Mínimo
Tempo

Tempo

Tempo
Médio
entre

(seg)

(seg)

(seg)
Não

0 0 1000 0 0 0 9 2 3
0 1 1000 0 0 0 9 2 3
0 2 0 1000 0 0 - - -
1 0 397 0 25 578 9 0 3
1 1 397 25 0 578 9 0 3
1 2 74 923 0 3 9 2 5
2 0 176 0 186 638 9 0 2
2 1 209 63 98 630 9 0 2
2 2 74 923 0 3 9 2 4

192
Tabela 5.2 – Resultados das simulações da lógica proposta para a diagnose por
biunivocidade e detecção por eventos.

Identificações

Identificações
Identificadas
Identificaçõs
Assinaturas
Falência de

Ambiguas

Incorretas
Monitores

Diferença

Corretas

Máximo

Mínimo
Tempo

Tempo

Tempo
Médio
entre

(seg)

(seg)

(seg)
Não
0 0 269 731 0 0 2 2 2
0 1 269 731 0 0 9 2 5
0 2 0 1000 0 0 - - -
1 0 186 367 241 206 9 0 2
1 1 188 737 0 75 9 0 3
1 2 74 923 0 3 9 2 5
2 0 150 243 317 290 9 0 2
2 1 152 628 10 210 9 0 3
2 2 74 923 0 3 9 2 4

Tabela 5.3 – Resultados das simulações da lógica proposta para a diagnose por
biunivocidade e verificação de precedência e detecção por eventos.
Identificações

Identificações
Identificadas
Identificaçõs
Assinaturas
Falência de

Ambiguas

Incorretas
Monitores

Diferença

Corretas

Máximo

Mínimo
Tempo

Tempo

Tempo
Médio
entre

(seg)

(seg)

(seg)
Não

0 0 269 731 0 0 2 2 2
0 1 269 731 0 0 9 2 5
0 2 0 1000 0 0 - - -
1 0 186 367 241 206 9 0 2
1 1 188 737 0 75 9 0 3
1 2 74 923 0 3 9 2 5
2 0 150 243 317 290 9 0 2
2 1 152 628 10 210 9 0 3
2 2 74 923 0 3 9 2 4

193
Tabela 5.4 – Resultados das simulações da lógica proposta para a diagnose por
diferença de assinaturas aplicada após a propagação das falências e
detecção por eventos.

Identificações

Identificações
Identificadas
Identificaçõs
Assinaturas
Falência de

Ambiguas

Incorretas
Monitores

Diferença

Corretas

Máximo

Mínimo
Tempo

Tempo

Tempo
Médio
entre

(seg)

(seg)

(seg)
Não
0 0 1000 0 0 0 18 10 11
0 1 1000 0 0 0 18 10 11
0 2 0 1000 0 0 - - -
1 0 444 0 496 60 18 10 11
1 1 515 425 0 60 18 10 11
1 2 71 869 0 60 10 10 10
2 0 224 0 650 126 18 10 11
2 1 284 449 141 126 18 10 10
2 2 70 864 0 66 10 10 10

5.3.2 Resultados das Simulações de um Caso da Literatura

As tabelas 5.5, 5.6 e 5.7 apresentam, respectivamente, os resultados das


simulações realizadas para as lógicas por diferença de assinaturas, por
biunivocidade e por biunivocidade e precedência propostas na secção 3.3.5
aplicadas a um caso da literatura. Como referência, a Tabela 5.8 apresenta o
resultado das simulações da aplicação da lógica por diferença de assinaturas
após a propagação das falências.

194
Tabela 5.5 – Resultados das simulações da lógica proposta para a diagnose por
diferença de assinaturas e detecção por amostragem periódica.

Identificações

Identificações
Identificadas
Identificaçõs
Assinaturas
Falência de

Ambiguas

Incorretas
Monitores

Diferença

Corretas

Máximo

Mínimo
Tempo

Tempo

Tempo
Médio
entre

(seg)

(seg)

(seg)
Não
0 0 1000 0 0 0 18 7 12
0 1 1000 0 0 0 16 6 10
0 2 1000 0 0 0 15 5 8
1 0 464 0 536 0 19 6 11
1 1 999 0 0 1 18 5 11
1 2 888 13 0 99 17 1 9
2 0 248 0 752 0 18 5 11
2 1 718 0 261 21 18 1 11
2 2 850 23 0 127 18 1 9

Tabela 5.6 – Resultados das simulações da lógica proposta para a diagnose por
biunivocidade e detecção por amostragem periódica.
Identificações

Identificações
Identificadas
Identificaçõs
Assinaturas
Falência de

Ambiguas

Incorretas
Monitores

Diferença

Corretas

Máximo

Mínimo
Tempo

Tempo

Tempo
Médio
entre

(seg)

(seg)

(seg)
Não

0 0 743 257 0 0 6 2 3
0 1 507 493 0 0 12 4 6
0 2 263 737 0 0 14 6 10
1 0 541 190 55 214 11 1 3
1 1 510 490 0 0 14 3 6
1 2 253 747 0 0 14 5 9
2 0 400 153 161 286 12 1 3
2 1 477 449 14 60 13 1 6
2 2 227 773 0 0 14 4 8

195
Tabela 5.7 – Resultados das simulações da lógica proposta para a diagnose por
biunivocidade e verificação de precedência e detecção por
amostragem periódica.

Identificações

Identificações
Identificadas
Identificaçõs
Assinaturas
Falência de

Ambiguas

Incorretas
Monitores

Diferença

Corretas

Máximo

Mínimo
Tempo

Tempo

Tempo
Médio
entre

(seg)

(seg)

(seg)
Não
0 0 1000 0 0 0 7 2 4
0 1 1000 0 0 0 12 3 7
0 2 1000 0 0 0 15 5 9
1 0 674 0 184 142 14 1 4
1 1 779 24 61 136 14 1 6
1 2 727 53 44 176 15 1 8
2 0 471 0 351 178 13 1 5
2 1 628 30 126 216 13 1 6
2 2 595 74 78 253 15 1 8

Tabela 5.8 – Resultados das simulações da lógica proposta para a diagnose por
diferença de assinaturas aplicada após a propagação das falências e
detecção por amostragem periódica.
Identificações

Identificações
Identificadas
Identificaçõs
Assinaturas
Falência de

Ambiguas

Incorretas
Monitores

Diferença

Corretas

Máximo

Mínimo
Tempo

Tempo

Tempo
Médio
entre

(seg)

(seg)

(seg)
Não

0 0 1000 0 0 0 23 22 23
0 1 1000 0 0 0 23 22 23
0 2 1000 0 0 0 23 22 23
1 0 464 0 536 0 23 22 23
1 1 1000 0 0 0 23 22 23
1 2 936 64 0 0 23 22 23
2 0 248 0 752 0 23 22 23
2 1 728 0 263 9 23 22 23
2 2 910 90 0 0 23 22 23

196
5.4 Análise dos Resultados das Simulações

5.4.1 Análise dos Resultados Obtidos para a Função „Fornecer Tempo de


Bordo‟

Com base nos resultados apresentados na seção 5.3.1, a Tabela 5.9 apresenta
um sumário da porcentagem de identificações corretas realizadas pelas lógicas
de diagnose simuladas. Na Tabela 5.10 é apresentado um sumário dos tempos
médios para as identificações corretas.

Tabela 5.9 – Sumário dos resultados corretos da diagnose da função „Fornecer Tempo
de Bordo‟.
Condições da Identificações Corretas
Simulação (%)
Assinatura após

Biunivocidade e
Diferença entre
Quantidade de

Biunivocidade

Verificação de
Diagnose por

Diagnose por

Diagnose por

Diagnose por
Diferença de

Diferença de

Precedência
Propagação
Assinaturas

Assinaturas
Monitores

Valor da
Falidos

0 0 100 100 26,9 26,9


0 1 100 100 26,9 26,9
0 2 0 0 0 0
1 0 44,4 0 18,6 18,6
1 1 51,5 39,7 18,8 18,8
1 2 7,1 7,4 7,4 7,4
2 0 22,4 17,6 15 15
2 1 28,4 20,9 15,2 15,2
2 2 7 7,4 7,4 7,4

A seguir são analisados os resultados com base no número de monitores


falidos, ou seja, nenhum monitor falido, um monitor falido e dois monitores
falidos.

197
Tabela 5.10 – Sumário dos tempos médios necessários para a diagnose correta da
função „Fornecer Tempo de Bordo‟ pelas lógicas propostas.
Condições da Tempo Médio para Identificações Corretas
Simulação (seg)

Assinatura após

Biunivocidade e
Diferença entre
Quantidade de

Biunivocidade

Verificação de
Diagnose por

Diagnose por

Diagnose por

Diagnose por
Diferença de

Diferença de

Precedência
Propagação
Assinaturas

Assinaturas
Monitores

Valor da
Falidos

0 0 11 3 2 2
0 1 11 3 5 5
0 2 - - - -
1 0 11 2 2
1 1 11 3 3 3
1 2 10 5 5 5
2 0 11 2 2 2
2 1 10 2 3 3
2 2 10 4 4 4

5.4.1.1 Nenhuma Falência de Monitor

A Figura 5.3 apresenta de forma gráfica o sumário da porcentagem de


identificações corretas quando nenhum dos monitores apresenta falência.
Quando não existe falência de monitores, a diagnose por diferença de
assinaturas aplicada após a propagação dos modos de falência ou aplicada a
cada evento identificam corretamente todos os modos de falência quando o
valor da diferença entre a assinatura obsevada e as assinaturas previstas é 0
ou 1 e não identificam corretamente os modos de falência quando o valor da
diferença é 2. A diagnose por biunivocidade e a diagnose por biunivocidade e
precedência identificam corretamente os modos de falência em 26,9% das
simulações quando o valor da diferença entre as assinaturas previstas e
observada é 0 ou 1 e também não identificam corretamente os modos de
falência quando o valor da diferença é 2.

Conforme os resultados apresentados na seção 5.3.1, todos os casos não


identificados corretamente foram identificados como ambíguos. Esse

198
comportamento é explicado pelo fato de que para uma diferença de 2 entre as
assinaturas dos modos de falência (Tabela 4.5) e a assinatura observada
sempre haverá no mínimo dois candidatos a modo de falência ativo.

A diagnose por biunivocidade e a diagnose por biunivocidade e precedência


identificam corretamente aproximadamente 25% dos casos devido a
aproximadamente 75% das assinaturas estarem contidas em MF1 ou MF2,
conforme Tabela 4.5

A diagnose por biunivocidade e a diagnose por biunivocidade e precedência


identificam corretamente o mesmo número de modos de falência devido à
inexistência de discrepâncias precedentes na assinatura.

Figura 5.3 – Sumário dos resultados corretos da diagnose da função „Fornecer Tempo
de Bordo‟ quando nenhum dos monitores apresenta falência.

120

100

80

Dif. ass. 0
60
Dif. ass. 1
40 Dif. ass. 2

20

0
Após Diferença de Biunivocidade Biunivocidade
propagação assinaturas e precedência

Conforme sumário dos tempos médios para identificações corretas


apresentado na Tabela 5.10, a diagnose por biunivocidade e a diagnose por
biunivocidade e precedência identificam corretamente no menor tempo médio
os modos de falência quando o valor da diferença entre assinaturas é 0
enquanto a diagnose por diferença de assinaturas identifica corretamente os no
menor tempo médio quando o valor da diferença entre assinaturas é 1.

199
5.4.1.2 Uma Falência de Monitor

A Figura 5.4 apresenta de forma gráfica o sumário da porcentagem de


identificações corretas quando um dos monitores apresenta falência. Quando
ocorre a falência de um monitor, à exceção dos casos em que a diferença de
assinatura é 2, a quantidade de identificações corretas cai entre 30% e 60%
quando comparado a ausência de falência de monitores. Conforme previsto na
seção 3.3.5.1, a queda é menor quando a diferença entre as assinaturas
previstas e observada é diferente de 0.

Diferentemente do que ocorre no caso anterior (nenhuma falência de monitor),


a falência de um monitor permite identificar corretamente modos de falência
quando a diferença aceitável entre as assinaturas previstas e observada é 2.
Nesse caso, a ocorrência de um falso positivo (numa posição inativa) em MF1
ou MF2 aumenta a diferença entre as assinaturas (Tabela 4.5), fazendo com
que a diferença entre MF1 (ou MF2) e MF2 (ou MF1) e os demais modos de
falência seja maior do que 2.

Figura 5.4 – Sumário dos resultados corretos da diagnose da função „Fornecer Tempo
de Bordo‟ quando um dos monitores apresenta falência.

60

50

40

Dif. ass. 0
30
Dif. ass. 1
20 Dif. ass. 2

10

0
Após Diferença de Biunivocidade e Biunivocidade
propagação assinaturas precedência

Da mesma forma que ocorre para nenhuma falência de monitor, a diagnose por
biunivocidade e a diagnose por biunivocidade e precedência para uma falência

200
de monitor identificam corretamente o mesmo número de modos de falência
devido à inexistência de discrepâncias precedentes na assinatura.

5.4.1.3 Duas Falências de Monitor

A Figura 5.5 apresenta de forma gráfica o sumário da porcentagem de


identificações corretas quando dois dos monitores apresentam falência.
Quando ocorre a falência de dois monitores, à exceção dos casos em que a
diferença de assinatura é 2, a quantidade de identificações corretas cai entre
19% e 56% quando comparado a uma falência de monitor. Conforme previsto
na seção 3.3.5.1, a queda é menor quando a diferença entre as assinaturas
previstas e observada é diferente de 0.

Figura 5.5 – Sumário dos resultados corretos da diagnose da função „Fornecer Tempo
de Bordo‟ quando dois dos monitores apresentam falência.

30

25

20

Dif. ass. 0
15
Dif. ass. 1
10 Dif. ass. 2

0
Após Diferença de Biunivocidade e Biunivocidade
propagação assinaturas precedência

Nos casos em que a diferença de assinatura é 2, a quantidade de


identificações corretas não se altera quando comparado com a falência de um
monitor. Nesse caso, a ocorrência de um falso positivo (numa posição inativa)
e um falso negativo (numa posição inativa) em MF1 ou em MF2 aumenta a
diferença entre as assinaturas (Tabela 4.5), fazendo com que a diferença entre
MF1 (ou MF2) e MF2 (ou MF1) e os demais modos de falência seja maior do
que 2.

201
Da mesma forma que ocorre para nenhuma falência de monitor, a diagnose por
biunivocidade e a diagnose por biunivocidade e precedência para uma falência
de monitor identificam corretamente o mesmo número de modos de falência
devido à inexistência de discrepâncias precedentes na assinatura.

5.4.2 Análise dos Resultados Obtidos para o Caso da Literatura

Com base nos resultaldos apresentados na seção 5.3.2, a Tabela 5.11


apresenta um sumário da porcentagem de identificações corretas realizadas
pelas lógicas de diagnose simuladas. Na Tabela 5.12 é apresentado um
sumário dos tempos médios para as identificações corretas.

Tabela 5.11 – Sumário dos resultados corretos da diagnose do caso da literatura.


Condições da Identificações Corretas
Simulação (%)
Assinatura após

Biunivocidade e
Diferença entre
Quantidade de

Biunivocidade

Verificação de
Diagnose por

Diagnose por

Diagnose por

Diagnose por
Diferença de

Diferença de

Precedência
Propagação
Assinaturas

Assinaturas
Monitores

Valor da
Falidos

0 0 100,0 100,0 74,3 100,0


0 1 100,0 100,0 50,7 100,0
0 2 100,0 100,0 26,3 100,0
1 0 46,4 46,4 54,1 67,4
1 1 100,0 99,9 51,0 77,9
1 2 93,6 88,8 25,3 72,7
2 0 24,8 24,8 40,0 47,1
2 1 72,8 71,8 47,7 62,8
2 2 91,0 85,0 22,7 59,5

A seguir são analisados os resultados com base no número de monitores


falidos, ou seja, nenhum monitor falido, um monitor falido e dois monitores
falidos.

202
Tabela 5.12 – Sumário dos tempos médios necessários para a diagnose correta do
caso da literatura pelas lógicas propostas.
Condições da Tempo Médio para Identificações Corretas
Simulação (seg)

Assinatura após

Biunivocidade e
Diferença entre
Quantidade de

Biunivocidade

Verificação de
Diagnose por

Diagnose por

Diagnose por

Diagnose por
Diferença de

Diferença de

Precedência
Propagação
Assinaturas

Assinaturas
Monitores

Valor da
Falidos

0 0 23 12 3 4
0 1 23 10 6 7
0 2 23 8 10 9
1 0 23 11 3 4
1 1 23 11 6 6
1 2 23 9 9 8
2 0 23 11 3 5
2 1 23 11 6 6
2 2 23 9 8 8

5.4.2.1 Nenhuma Falência de Monitor

A Figura 5.6 apresenta de forma gráfica o sumário da porcentagem de


identificações corretas quando nenhum dos monitores apresenta falência.
Quando não existe falência de monitores, a diagnose por diferença de
assinaturas aplicada após a propagação dos modos de falência ou aplicada
periodicamente e a diagnose por biunivocidade e precedência identificam
corretamente os modos de falência em todas as simulações.

A diagnose por biunivocidade não identifica corretamente todos os modos de


falência devido a MF2 estar totalmente contido em MF1, como pode ser
observado na Figura 4.17, resultando em ambiguidade na diagnose. A
diagnose por biunivocidade identifica corretamente aproximadamente 74% dos
casos quando a diferença de assinaturas é 0, caindo para aproximadamente
51% quando a diferença é 1 e 26% quando a diferença é 2. Esse
comportamento é explicado pelo fato de que à medida que a diferença
aceitável entre as assinaturas previstas e a assinatura observada aumenta,

203
também aumenta a probabilidade de uma assinatura observada estar contida
em mais de uma assinatura prevista, aumentando a probabilidade de
ambiguidade na diagnose. Os resultados da simulação da diagnose por
biunivocidade apresentados na Tabela 5.6 confirmam que todos os modos de
falência que não foram identificados corretamente por biunivocidade foram
considerados ambiguos.

Figura 5.6 – Sumário dos resultados corretos da diagnose do caso da literatura


quando nenhum dos monitores apresenta falência.

120,0

100,0

80,0

Dif. ass. 0
60,0
Dif. ass. 1
40,0 Dif. ass. 2

20,0

0,0
Após Diferença de Biunivocidade Biunivocidade
propagação assinaturas e precedência

A diagnose por biunivocidade e a diagnose por biunivocidade e precedência


são as que apresentam, na maior parte dos casos, o menor tempo para
identificação correta dos modos de falência, conforme sumário dos tempos
médios para identificações corretas apresentado na Tabela 5.12.

5.4.2.2 Uma Falência de Monitor

A Figura 5.7 apresenta de forma gráfica o sumário da porcentagem de


identificações corretas quando um dos monitores apresenta falência. Para
diferença entre assinaturas 0, as identificações corretas para a diagnose após
a propagação e a diagnose por diferença de assinaturas (46,4% do total em
cada caso) são atribuídas a ocorrência de falsos positivos para discrepâncias
ativas e falsos negativos para discrepâncias inativas. O aumento da
porcentagem de identicações corretas nas diagnoses por biunivocidade e por

204
biunivocidade e precedência deve-se a essas lógicas poderem realizar a
identificação sem que sejam examinados todos os elementos da assinatura, ou
seja, o monitor falido pode não ser examinado. O aumento de identificações
corretas na diagnose por biunivocidade e precedência é ainda maior (67,4%
contra 54,1%) devido à verificação de precedência permitir a eliminação de
parte das ambiguidades.

Figura 5.7 – Sumário dos resultados corretos da diagnose do caso da literatura


quando um dos monitores apresenta falência.

120,0

100,0

80,0

Dif. ass. 0
60,0
Dif. ass. 1
40,0 Dif. ass. 2

20,0

0,0
Após Diferença de Biunivocidade Biunivocidade
propagação assinaturas e precedência

Para diferença entre assinaturas 1, as diagnoses após propagação e por


diferença de assinaturas identificam corretamente 100% dos casos devido a
diferença entre as assinaturas previstas ser no mínimo 3, ou seja, a diferença
entre uma assinatura observada e uma das assinaturas previstas será de no
máximo 1, permitindo a identificação correta. A diagnose por biunivocidade
identifica corretamente 51% dos casos (os demais são âmbiguos) devido à
combinação da realização da identificação sem que sejam examinados todos
os elementos da assinatura com uma diferença aceitável entre assinaturas de
1. A diagnose por biunivocidade e precedência identifica corretamente 77,9%
dos casos devido à verificação de precedência eliminar a maior parte das
ambiguidades.

205
Para diferença entre assinaturas 2, a porcentagem de identificações corretas
diminui quando comparado com as porcentagens atingidas para diferença entre
assinaturas 1. O comportamento das lógicas é, no entanto, semelhante ao
comportamento para diferença de 1.

5.4.2.3 Duas Falências de Monitor

A Figura 5.8 apresenta de forma gráfica o sumário da porcentagem de


identificações corretas quando dois dos monitores apresentam falência. A
porcentagem de identificações corretas com duas falências de monitores
diminui em todas as situações simuladas quando comparada com a falência de
um dos monitores. Chama a atenção neste caso, a porcentagem de
identificações corretas pela diagnose após a propagação e a diagnose por
diferença de assinaturas apresentarem melhores resultados quando a
diferença entre as assinaturas é 2. Esse comportamento deve-se ao fato de
que quando a diferença entre assinaturas é 0, a identificação correta somente
ocorre quando as duas falências de monitores indicam o estado correto das
discrepâncias aos quais estão associados, i.e., são atribuídas a ocorrência de
falsos positivos para discrepâncias ativas e falsos negativos para discrepâncias
inativas. Quando a diferença entre assinaturas é 1, basta que uma das
falências de monitores indique o estado correto das discrepâncias aos quais
estão associados e quando a diferença entre assinaturas é 2 não é necessário
que nenhum dos monitores indique o estado correto das discrepâncias aos
quais estão associados para que ocorra a identificação correta do modo de
falência.

206
Figura 5.8 – Sumário dos resultados corretos da diagnose do caso da literatura
quando dois dos monitores apresentam falência.

100,0
90,0
80,0
70,0
60,0
Dif. ass. 0
50,0
40,0 Dif. ass. 1

30,0 Dif. ass. 2


20,0
10,0
0,0
Após Diferença de Biunivocidade Biunivocidade
propagação assinaturas e precedência

207
208
6 CONCLUSÕES

A luz das motivações mencionadas no capítulo 1, este trabalho teve como


objetivo propor uma estratégia para tratamento de falhas sistêmicas (FDIR) em
ACDHs de satélites de pequeno e médio porte. Essa estratégia é baseada na
análise da arquitetura funcional - em detrimento da física - do satélite, o que
permite adiantar o projeto do FDIR para o início da Fase B do ciclo de vida,
quando ainda é possível que as considerações de FDIR tenham um impacto
mais efetivo no projeto dos subsistemas e do satélite como um todo.

Para tanto, a arquitetura funcional do subsistema foi decomposta e os modos


de falência mais significativos das funções, assim como suas causas e efeitos
foram identificados por meio de uma FMEA funcional. O comportamento do
sistema foi descrito por meio de um grafo temporizado e os efeitos
monitoráveis foram identificados. Uma lógica inversa para a isolação e/ou
identificação dos modos de falência ativos foi então definida com base: a) na
compatibilidade dos mapas de Karnaugh de causa e efeito; b) na assinatura
dos modos de falência no domínio espacial (generalizável).

A estratégia foi aplicada em um ACDH típico, que tem como referência o ACDH
em desenvolvimento para a PMM e o satélite Amazônia. A arquitetura funcional
do subsistema, definida com base nos documentos disponíveis, foi decomposta
em doze funções e cada uma dessas funções foi decomposta em dois níveis
funcionais. A estratégia foi aplicada na função „Fornecer tempo de bordo‟
considerando os modos de falência „Não fornece tempo de bordo‟ e „Fornece
tempo de bordo fora de especificação‟. Algumas lógicas inversas para detecção
e diagnose com base na assinatura espacial dos modos de falência foram
propostas e simuladas em diferentes condições para avaliação de seu
desempenho.

6.1 Contribuições

1) Levantamento bibliográfico abrangente e minucioso do tratamento de


falhas em aplicações espaciais.

209
2) Proposta de uma abordagem funcional que pode ser aplicada nas fases
iniciais de desenvolvimento, antecipando o tratamento de falhas
sistêmicas da missão e permitindo a adoção de soluções que melhoram
o FDIR, o que pode, de acordo com a literatura, aumentar a autonomia e
facilitar o tratamento de falhas em sistemas complexos/altamente
integrados.

3) Definição de uma lógica inversa para a isolação e/ou identificação dos


modos de falência ativos com base: a) na compatibilidade dos mapas de
Karnaugh de causa e efeito; b) na assinatura dos modos de falência no
domínio espacial (generalizável para o domínio temporal e/ou domínio
informacional).

4) Reinserção do tratamento de falhas em satélites como área de pesquisa


no âmbito do Grupo de Supervisão de Bordo (SUBORD) da Divisão de
Eletrônica Aeroespacial (DEA) do INPE.

6.2 Sugestões para Trabalhos Futuros

1) Expansão da generalização da diagnose de falências considerando:

i) As combinações de compatibilidade de mapas;

ii) As assinaturas no domínio temporal e no domínio informacional;

iii) O acionamento das lógicas de diagnose por eventos e/ou por tempo;

iv) Outros modos de falência dos monitores;

2) Otimização do tempo de diagnose (minimização do tempo necessário


para isolação e/ou identificação) por meio de tratamento que considere
além do domínio espacial as manifestações dos modos de falência no
domínio temporal e/ou no domínio informacional.

3) Robustecimento da abordagem por Modelagem e Simulação por meio


de testes das lógicas algorítmicas em cenários que compreendam:

210
i) Ocorrência de um único modo de falência, discrepâncias
parcialmente monitoradas, ausência de falência de sensores,
inexistência de ruídos ou de incertezas no tempo e na
informação;

ii) Ocorrência de um único modo de falência, discrepâncias


parcialmente monitoradas, falência de um dos sensores,
inexistência de ruídos ou de incertezas no tempo e na
informação;

iii) Ocorrência de um único modo de falência, discrepâncias


parcialmente monitoradas, falência de dois dos sensores,
inexistência de ruídos ou de incertezas no tempo e na
informação;

iv) Ocorrência de mais de um modo de falência, discrepâncias


parcialmente monitoradas, falência de um dos sensores,
inexistência de ruídos ou de incertezas no tempo e na
informação.

211
212
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABDELWAHED, S.; KARSAI, G. Notions of diagnosability for timed failure


propagation graphs. In: AUTOTESTCON, 2006, Anaheim, CA, USA.
Proceedings... IEEE, 2006. DOI: 10.1109/AUTEST.2006.283740. Disponível
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ABDELWAHED, S.; KARSAI, G.; BISWAS, G. A consistency-based robust


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Disponível em:
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ALANA, E.; NARANJO, H.; YUSHTEIN, Y.; BOZZANO, M.; CIMATTI, A.;
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ARIAS, R. Estudo do uso de roteamento dinâmico de mensagens em


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225
226
APÊNDICE A – DECOMPOSIÇÃO FUNCIONAL DAS FUNÇÕES DO ACDH
(CONTINUAÇÃO)

A.1 Comandos Gerados em Solo (Continuação)

A.1.1 Função „Fornecer Comandos Roteados Temporizados‟

1) Descrição da função: Os comandos roteados temporizados são gerados


pelo Segmento Solo e transmitidos para o Segmento Espacial na forma de
telecomandos. Os comandos roteados são comandos seriais. A função
„Fornecer Comando Roteado Temporizado‟ distribui os comandos recebidos
de solo para os subsistemas e cargas úteis do satélite no horário agendado.

2) Decomposição Funcional

A função Fornecer Comandos Roteados Temporizados é decomposta em dois


níveis funcionais:

a) Nível 3:

 Subfunção Receber Telecomando;

 Subfunção Armazenar comandos temporizados;

 Subfunção Verificar Tempo de Bordo;

 Subfunção Distribuir Comandos Roteados Temporizados.

b) Nível 4:

 Subfunção Prover Processamento;

 Subfunção Prover Comunicação.

A Figura A.1 apresenta o diagrama da decomposição funcional da função


Fornecer Comandos Roteados Temporizados.

227
Figura A.1 – Decomposição funcional da função Fornecer Comando Roteado
Temporizado.

3) Entradas da função

 Telecomandos fornecidos pelo Segmento Solo;

 Tempo de Bordo.

4) Saídas da função

 Comandos Roteados Temporizados.

A.2 Comandos Gerados em Bordo

A.2.1 Função „Fornecer Comandos Imediatos‟

1) Descrição da função: Os comandos imediatos são gerados em bordo e


distribuidos imediatamente para os subsistemas e cargas úteis do satélite.
Os comandos imediatos podem ser comandos discretos usados para
acionar dispositivos em bordo ou comandos seriais.

2) Decomposição Funcional

228
A função Fornecer Comandos Imediatos é decomposta em dois níveis
funcionais:

a) Nível 3:

 Subfunção Adquirir Dados de Bordo;

 Subfunção Gerar Comandos Imediatos;

 Subfunção Distribuir Comandos Imediatos.

b) Nível 4:

 Subfunção Prover Processamento;

 Subfunção Prover Comunicação.

A Figura A.2 apresenta o diagrama da decomposição funcional da função


Fornecer Comandos Imediatos.

229
Figura A.2 – Decomposição funcional da função „Fornecer Comando Imediato‟.

3) Entradas da função

 Dados de Bordo;

4) Saídas da função

 Comandos Imediatos.

A.2.2 Função „Fornecer Comandos Temporizados‟

1) Descrição da função: Descrição da função: Os comandos temporizados são


gerados em bordo e agendados para serem distribuidos para os
subsistemas e cargas úteis do satélite. Os comandos temporizados podem
ser comandos discretos usados para acionar dispositivos em bordo ou
comandos seriais.

2) Decomposição Funcional

230
A função Fornecer Comandos Temporizados é decomposta em dois níveis
funcionais:

a) Nível 3:

 Subfunção Adquirir Dados de Bordo;

 Subfunção Gerar Comandos Temporizados;

 Subfunção Verificar Tempo de Bordo;

 Subfunção Distribuir Comandos Temporizados.

b) Nível 4:

 Subfunção Prover Processamento;

 Subfunção Prover Comunicação.

A Figura A.3 apresenta o diagrama da decomposição funcional da função


Fornecer Comandos Temporizados.

231
Figura A.3 – Decomposição funcional da função „Fornecer Comandos Temporizados‟.

3) Entradas da função

 Dados de Bordo;

 Tempo de Bordo.

4) Saídas da função

 Comandos Temporizados.

A.3 Função „Fornecer Telemetrias‟

A.3.1 Classificação das Telemetrias e Caracterização dos seus Modos de


Falência

Basicamente, uma telemetria é constituída pelos dados adquiridos a bordo e


pelo tempo em que os dados foram adquiridos. Estas informações são
formatadas em quadros (frames), os quais são distribuídos para o Segmento
Solo por meio do transponder de serviço.

232
As telemetrias podem ser classificadas de acordo com a sua origem (Direta ou
Roteada) e o tempo em que são distribuídas (Tempo Real ou Armazenada),
conforme sumarizado na Figura A.4. As telemetrias diretas são fornecidas por
módulo dedicado que adquire os dados e o tempo de bordo e, imediatamente,
formata e envia para o transponder de serviço. As telemetrias roteadas são
fornecidas por meio do computador de bordo. Neste caso, as telemetrias
podem ser adquiridas e enviadas imediatamente para o transponder de serviço
(neste caso são denominadas telemetrias de tempo real) ou podem ser
adquiridas e armazenadas (neste caso são denominadas telemetrias
armazenadas) para serem enviadas posteriormente para o Segmento Solo.

As Telemetrias Diretas não são tratadas neste trabalho, pois com exceção dos
satélites da série SCD, as demais missões brasileiras ou com participação do
Brasil não possuem esta funcionalidade.

Figura A.4 – Classificação de telemetrias de acordo com a origem e o tempo de


transmissão.

Neste trabalho, as telemetrias são tratadas distintamente, de acordo com a sua


origem e o tempo em que são distribuídas, uma vez que as causas e os efeitos
dos seus modos de falência são diferentes.

A.3.2 Função „Fornecer Telemetrias de Tempo Real‟

1) Descrição da função

A função „Fornecer Telemetrias de Tempo Real‟ adquire os dados de bordo e


os tempos em que são adquiridos e, imediatamente, formata e distribui para o
Segmento Solo e o Segmento Espacial.

233
2) Decomposição Funcional

A função „Fornecer Telemetrias de Tempo Real‟ é decomposta em dois níveis


funcionais, os quais são identificados como nível 3 e nível 4 em vista de suas
posições na estrutura hierárquica funcional do subsistema. No nível 3, a função
é decomposta nas seguintes subfunções:

 Subfunção Adquirir Tempo de Bordo;

 Subfunção Adquirir Dados de Bordo;

 Subfunção Formatar Telemetrias de Tempo Real;

 Subfunção Distribuir Telemetrias de Tempo Real.

No nível 4, a função é decomposta nas seguintes subfunções:

 Subfunção Prover Processamento;

 Subfunção Prover Comunicação.

A Figura A.5 apresenta o diagrama da decomposição funcional da função


„Fornecer Telemetrias de Tempo Real‟.

234
Figura A.5 – Decomposição funcional da função „Fornecer Telemetria Tempo Real‟.

3) Entradas da função

 Dados de Bordo;

 Tempo de Bordo.

4) Saídas da função

 Telemetrias de Tempo Real.

A.3.3 Função „Fornecer Telemetrias Armazenadas‟

1) Descrição da função

A função „Fornecer Telemetrias Armazenadas‟ adquire os dados de bordo e os


tempos em que são adquiridos, formata e agenda a sua distribuição para o
Segmento Solo.

2) Decomposição Funcional

235
A função Fornecer Telemetrias Armazenadas é decomposta em dois níveis
funcionais:

a) Nível 3:

 Subfunção Adquirir Tempo de Bordo;

 Subfunção Adquirir Dados de Bordo;

 Subfunção Formatar Telemetrias;

 Subfunção Armazenar Telemetrias;

 Subfunção Transmitir Telemetrias Armazenadas.

b) Nível 4:

 Subfunção Prover Processamento;

 Subfunção Prover Comunicação.

A Figura A.6 apresenta o diagrama da decomposição funcional da função


Fornecer Telemetrias Armazenadas.

236
Figura A.6 – Decomposição funcional da função „Fornecer Telemetria Armazenada‟.

3) Entradas da função

 Dados de Bordo;

 Tempo de Bordo.

4) Saídas da função

 Telemetrias de Tempo Real.

A.4 Função „Estimar Atitude‟

1) Descrição da função

A função „Estimar Atitude‟ calcula a atitude do satélite a partir das informações


fornecidas pelos sensores e das efemérides fornecidas pela função „Propagar
Órbita‟.

2) Decomposição Funcional

A função Estimar Atitude é decomposta em dois níveis funcionais:

237
a) Nível 3:

 Subfunção Adquirir Efemérides e Velocidade;

 Subfunção Adquirir Sensores;

 Subfunção Calcular Atitude.

b) Nível 4:

 Subfunção Prover Processamento;

 Subfunção Prover Comunicação.

A Figura A.7 apresenta o diagrama da decomposição funcional da função


Estimar Atitude.

Figura A.7 – Decomposição funcional da função Estimar Atitude.

3) Entradas da função

 Elementos orbitais;

238
 Dados de sensores

4) Saídas da função

 Quaternion;

A.5 Função „Propagar Órbita‟

1) Descrição da função

A função „Propagar Órbita‟ calcula as efemérides (os elementos orbitais e a


velocidade do satélite) para um dado Tempo de Bordo a partir do TLE (Two
Lines Elements) fornecido por telecomando pelo Segmento Solo. As
efemérides são posteriormente utilizadas pela função „Estimar Atitude‟ no
cálculo da atitude do satélite e incluídas nos Dados Auxiliares fornecidos para
as Câmeras e gravados nas imagens.

2) Decomposição Funcional

Para os propósitos deste trabalho a função „Propagar Órbita‟ é decomposta em


dois níveis funcionais, os quais são identificados como nível 3 e nível 4 em
vista de suas posições na estrutura hierárquica funcional do subsistema.No
nível 3, a função é decomposta nas seguintes subfunções:

 Subfunção Adquirir Tempo de Bordo;

 Subfunção Receber TLE (Two Lines Elements);

 Subfunção Propagar Órbita.

No nível 4, a função é decomposta nas seguintes subfunções:

 Subfunção Prover Processamento;

 Subfunção Prover Comunicação.

A Figura A.8 apresenta o diagrama da decomposição funcional da função


„Propagar Órbita‟.

239
Figura A.8 – Decomposição funcional da função „Propagar Órbita‟.

3) Entradas da função

 Telecomando TLE;

 Tempo de Bordo.

4) Saídas da função

 Efemérides.

5) Caracterização dos modos de falência da função „Propagar Órbita‟

Os modos de falência da função „Propagar Órbita‟ podem ser caracterizados


como:

 A órbita não é propagada quando os valores da velocida e dos


elementos orbitais fornecidos pela função no instante t são iguais aos
fornecidos no instante t-1;

240
 A órbita é propagada de forma intermitente quando a órbita não é
propagada a intervalos randômicos de tempo;

 A órbita é propagada fora da especificação quando os valores da


velocidade e dos elementos orbitais fornecidos pela função são
diferentes dos valores esperados.

6) Causas dos modos de falência da função „Propagar Órbita‟

A partir da decomposição funcional e da caracterização dos modos de falência


as causas potenciais da falência podem ser determinadas para cada modo de
falência e nível hierárquico da função. No nível 2,

 A órbita não é propagada quando:

o TB não é adquirido;

o Propagação orbital não é calculada;

 A órbita é propagada de forma intermitente quando:

o TB é adquirido de forma intermitente;

o Propagação orbital é calculada de forma intermitente;

 A órbita é propagada fora da especificação quando:

o TB é adquirido fora da especificação;

o TLE é recebido fora da especificação;

o Propagação orbital é calculada fora da especificação;

No nível 3,

 A órbita não é propagada quando:

o Processamento não é provido;

241
o Comunicação não é provida.

 A órbita é propagada de forma intermitente quando:

o Processamento é provido de forma intermitente;

o Comunicação é provida de forma intermitente.

 A órbita é propagada fora da especificação quando:

o Processamento é provido fora de especificação;

o Comunicação é provida fora de especificação.

A.6 Função „Comandar Atuadores‟

1) Descrição da função

A função „Comandar Atuadores‟ calcula os comandos que devem ser enviados


para os atuadores a partir dos torques de controle fornecidos pela função
„Gerenciar Modos e Transições‟ e dos dados dos atuadores.

2) Decomposição Funcional

A função Comandar Atuadores é decomposta em dois níveis funcionais:

a) Nível 3:

 Subfunção Adquirir Torques de Controle;

 Subfunção Dados de Atuadores;

 Subfunção Gerar Comandos para Atuadores.

b) Nível 4:

 Subfunção Prover Processamento;

 Subfunção Prover Comunicação.

242
A Figura A.9 apresenta o diagrama da decomposição funcional da função
Comandar Atuadores.

Figura A.9 – Decomposição funcional da função „Comandar Atuadores‟.

3) Entradas da função

 Dados dos torques de controle;

 Dados dos atuadores.

4) Saídas da função

 Comandos para atuadores.

A.7 Função „Gerenciar Modos e Transições‟

1) Descrição da função

A função „Gerenciar Modos e Transições‟ calcula os torques de controle que


devem ser aplicados aos atuadores a partir dos dados fornecidos pelos

243
sensores e da atitude estimada (quaternion) fornecida pela função „Estimar
Atitude‟.

2) Decomposição Funcional

A função Gerenciar Modos e Transições é decomposta em dois níveis


funcionais:

a) Nível 3:

 Subfunção Adquirir Dados dos Sensores;

 Subfunção Adquirir Atitude Estimada;

 Subfunção Calcular Torques de Controle.

b) Nível 4:

 Subfunção Prover Processamento;

 Subfunção Prover Comunicação.

A Figura A.10 apresenta o diagrama da decomposição funcional da função


Gerenciar Modos e Transições.

244
Figura A.10 – Decomposição funcional da função „Gerenciar Modos e Transições‟.

3) Entradas da função

 Dados de sensores;

 Atitude estimada.

4) Saídas da função

 Torques de controle.

245
246
APÊNDICE B – FMEA FUNCIONAL HIERÁRQUICA DO ACDH (CONTINUAÇÃO)

Tabela B.1 – Análise Funcional Hierárquica dos Efeitos dos Modos de Falências da Função „Fornecer Comando Roteado Temporizado‟
Fase da Método de
Provisão
Iden Missão/ Seve Detecção da Reco
Modo de para Observa
tifica Nível Função Causa da Falência Modo de Efeitos da Falência rida Falência/ menda
Falência Compensa ções
ção Opera de Sintomas ções
ção
ção Observáveis
Perda da capacidade
de recepção de
Não Redundân
telecomando; Perda
fornece LEOP e cia física
da capacidade de Perda da
comandos fases Catas Recarga e
1 verificação do tempo comandabilidade do Telemetria
roteados operacio trófica execução do
de bordo; Perda da satélite
temporiza nais; OBSW;
capacidade de
dos;
distribuição de
Comando Roteado;
Fornece Recepção
Fornecer comandos intermitente de Redundân
Coman roteados telecomando; cia física
Atraso na
dos temporizad Verificação Idem Catas Recarga e
2 2 comandabilidade do Telemetria
Roteados os de intermitente do tempo acima trófica execução do
satélite
Tempori forma de bordo; Distribuição OBSW;
zado intermiten intermitente de
te; Comando Roteado;
Recepção de
Fornece telecomando fora de
Redundân
comandos especificação;
cia física
roteados Verificação fora de Perda da
Idem Catas Recarga e
3 temporiza especificação do comandabilidade do Telemetria
acima trófica execução do
dos fora de tempo de bordo; satélite
OBSW;
especifica Distribuição de
ção Comando Roteado
fora de especificação;

247
Tabela B.2 – Análise Funcional Hierárquica dos Efeitos dos Modos de Falências da Função „Fornecer Comandos Imediatos‟
Fase da Método de
Provisão
Iden Missão/ Seve Detecção da Reco
Modo de para Observa
tifica Nível Função Causa da Falência Modo de Efeitos da Falência rida Falência/ menda
Falência Compensa ções
ção Opera de Sintomas ções
ção
ção Observáveis
Não adquire dados
de bordo; Perda da
Não capacidade de LEOP e Recarga e
Perda da execução do
fornece geração de comando fases Catas
1 comandabilidade do Telemetria OBSW;
comandos imediato; Perda da operacio trófica
satélite Redundân
imediatos; capacidade de nais; cia física
distribuição de
comando imediato;
Adquire dados de
Fornece
bordo intermitente; Recarga e
Fornecer comandos
Geração de comando Atraso na execução do
Coman imediatos Idem Catas
2 imediato intermitente; comandabilidade do Telemetria OBSW;
2 dos de forma acima trófica
Distribuição de satélite Redundân
Imedia intermiten cia física
comando imediato
tos te;
intermitente;
Adquire dados de
bordo fora de
Fornece
especificação; Recarga e
comandos
Geração de comando Perda da execução do
imediatos Idem Catas
3 imediato fora de comandabilidade do Telemetria OBSW;
fora de acima trófica
especificação; satélite Redundân
especifica cia física
Distribuição de
ção
comando imediato
fora de especificação;

248
Tabela B.3 – Análise Funcional Hierárquica dos Efeitos dos Modos de Falências da Função „Fornecer Comandos Temporizados‟
Fase da Método de
Provisão
Iden Missão/ Seve Detecção da Reco
Modo de para Observa
tifica Nível Função Causa da Falência Modo de Efeitos da Falência rida Falência/ menda
Falência Compensa ções
ção Opera de Sintomas ções
ção
ção Observáveis
Não adquire dados de
bordo; Perda da
capacidade de geração
Não de comando Recarga e
LEOP e
fornece temporizado; Perda da Perda da execução do
1 fases Catas
comandos capacidade de comandabilidade do Telemetria OBSW;
operacio trófica
temporiza verificação do tempo satélite Redundân
nais;
dos; de bordo; Perda da cia física
capacidade de
distribuição de
comando temporizado;
Adquire dados de
bordo intermitente;
Fornece
Geração de comando
comandos Recarga e
Fornecer temporizado
temporizad Atraso na execução do
2 Coman intermitente; Idem Catas
2 os de comandabilidade do Telemetria OBSW;
dos Verificação intermitente acima trófica
forma satélite Redundân
Tempori do tempo de bordo;
intermiten cia física
zados Distribuição de
te;
comando temporizado
intermitente;
Adquire dados de
bordo fora de
especificação; Geração
Fornece de comando
Recarga e
comandos temporizado fora de
Perda da execução do
3 temporizad especificação; Idem Catas
comandabilidade do Telemetria OBSW;
os fora de Verificação fora de acima trófica
satélite Redundân
especifica especificação do tempo
cia física
ção de bordo; Distribuição
de comando
temporizado fora de
especificação;

249
Tabela B.4 – Análise Funcional Hierárquica dos Efeitos dos Modos de Falências da Função „Fornecer Telemetria de Tempo Real‟
Fase da Método de
Provisão
Iden Missão/ Seve Detecção da Reco
Modo de para Observa
tifica Nível Função Causa da Falência Modo de Efeitos da Falência rida Falência/ menda
Falência Compensa ções
ção Opera de Sintomas ções
ção
ção Observáveis
Não Recarga e
Não formata TM LEOP e
fornece Perda da execução do
tempo real; Não fases Catas Ausência de
1 telemetrias observabilidade do OBSW;
transmite TM tempo operacio trófica Telemetria
de tempo satélite; Redundân
real; nais; cia física
real;
Fornece Transmite TM tempo
telemetrias real Redundân
Perda ou atraso na
de tempo intermitentemente; Idem Catas Telemetria cia física;
2 Fornecer observabilidade do
real Formata TM tempo acima trófica intermitente Redundân
Teleme satélite
intermiten real cia temporal
2 trias de
temente intermitentemente.
Tempo
Real Não adquire dados
de bordo; Não
Fornece
adquire TB; Adquire Recarga e
telemetrias
DB fora Perda da execução do
de tempo Idem Catas
3 especificação; observabilidade do Telemetria OBSW;
real fora acima trófica
Adquire TB fora satélite Redundân
especifica cia física
especificação;
ção
Formata TM_treal
fora especificação

250
Tabela B.5 – Análise Funcional Hierárquica dos Efeitos dos Modos de Falências da Função „Fornecer Telemetria Armazenada‟
Fase da Método de
Provisão
Iden Missão/ Seve Detecção da Reco
Modo de para Observa
tifica Nível Função Causa da Falência Modo de Efeitos da Falência rida Falência/ menda
Falência Compensa ções
ção Opera de Sintomas ções
ção
ção Observáveis
Não adquire dados
de bordo; Não
Não adquire tempo de Recarga e
LEOP e
fornece bordo; Não formata Perda da execução do
fases Catas Ausência de
1 telemetrias TM armazenada; Não observabilidade do OBSW;
operacio trófica Telemetria
armazena armazena TM satélite Redundân
nais cia física
das; armazenada; Não
transmite TM
armazenada;
Transmiti TM
Fornece armazenada
Fornecer telemetrias intermitentemente;
Redundân
Telemetri armazenad Formata TM Perda ou atraso na
Idem Catas Telemetria cia física;
2 2 as as de armazenada observabilidade do
acima trófica intermitente Redundân
Armazen forma intermitentemente; satélite
adas cia temporal
intermiten Armazena TM
te armazenada
intermitentemente.
Não adquire dados
de bordo; Não
Fornece
adquire tempo de Recarga e
telemetrias
bordo; Formata TM Perda da execução do
armazenad Idem Catas
3 armazenada observabilidade do Telemetria OBSW;
as fora de acima trófica
parcialmente; satélite Redundân
especifica cia física
Armazena TM
ção
armazenada
parcialmente;

251
Tabela B.6 – Análise Funcional Hierárquica dos Efeitos dos Modos de Falências da Função „Estimar Atitude‟
Fase da Método de
Provisão
Iden Missão/ Seve Detecção da Reco
Modo de para Observa
tifica Nível Função Causa da Falência Modo de Efeitos da Falência rida Falência/ menda
Falência Compensa ções
ção Opera de Sintomas ções
ção
ção Observáveis
LEOP e Recarga e
Não estima fases Catas execução do
1 Não calcula atitude Perda da atitude Telemetria OBSW;
atitude operacio trófica
Redundân
nais cia física
Estimar Recarga e
atitude Calcula atitude Idem Perda intermitente da Catas execução do
2 Telemetria OBSW;
intermiten intermitentemente acima atitude trófica
Redundân
temente cia física
Estimar Não adquire
2
Atitude efemérides; Não
adquire dados dos
Estimar sensores; Adquire Recarga e
atitude fora efemérides fora da execução do
Idem Atitude fora da Catas
3 de especificação; Telemetria OBSW;
acima especificação trófica
especifica Adquire dados dos Redundân
ção sensores fora da cia física
especificação;
Calcula atitude fora
da especificação.

252
Tabela B.7 – Análise Funcional Hierárquica dos Efeitos dos Modos de Falências da Função „Propagar Órbita‟
Fase da Método de
Provisão
Iden Missão/ Seve Detecção da Reco
Modo de para Observa
tifica Nível Função Causa da Falência Modo de Efeitos da Falência rida Falência/ menda
Falência Compensa ções
ção Opera de Sintomas ções
ção
ção Observáveis
Efemerides Recarga e
Não TB não é adquirido; desatualizadas; Dados execução do
Idem Catas
1 propagar Propagação orbital auxiliares com erro; Telemetria OBSW;
acima trófica
órbita não é calculada. Atitude estimada com Redundân
erro; Não gera imagem; cia física
Efemérides atualizadas
intermitentemente;
TB é adquirido de Recarga e
Propagar Dados auxiliares sem
forma intermitente; execução do
órbita Idem erro intermitentemente; Catas
2 Propagação orbital é Telemetria OBSW;
Propagar intermiten acima Atitude estimada sem trófica
2 calculada de forma Redundân
Órbita temente erro intermitentemente; cia física
intermitente.
Gera imagem
intermitentemente.
TB é adquirido fora
Efemérides com erro;
Propagar da especificação; Recarga e
Dados auxiliares com
órbita fora Propagação orbital é execução do
Idem erro; Atitude estimada Catas
3 de calculada fora da Telemetria OBSW;
acima com erro; Gera imagem trófica
especifica especificação; Redundân
de local não cia física
ção TLE é recebido fora
especificado.
da especificação.
TB não é Não processa; Não Idem
4 Não propagar órbita
adquirido; comunica; acima
Adquirir TB é
Processa
3 Tempo adquirido
intermitentemente; Idem Propagar órbita
5 de Bordo de forma
Comunica acima intermitentemente
intermiten
intermitentemente;
te;

(continua)

253
Tabela B.7 – Continuação
Fase da Método de
Provisão
Iden Missão/ Seve Detecção da Reco
Modo de para Observa
tifica Nível Função Causa da Falência Modo de Efeitos da Falência rida Falência/ menda
Falência Compensa ções
ção Opera de Sintomas ções
ção
ção Observáveis
TB é
Processa fora da
Adquirir adquirido
especificação; Idem Propagar órbita fora de
6 Tempo fora da
Comunica fora da acima especificação
de Bordo especifica
especificação;
ção;
TLE não é Não processa; Não Idem Propagar órbita fora de
7
recebido comunica; acima especificação
TLE é Processa
recebido intermitentemente; Idem
8 (**)
intermiten Comunica acima
Receber temente intermitentemente;
TLE
TLE é
Processa fora da
recebido
3 especificação; Idem Propagar órbita fora de
9 fora da
Comunica fora da acima especificação
especifica
especificação;
ção
Propagaçã
o orbital Idem
10 Não processa; Não propagar órbita
não é acima
Calcular calculada.
Propaga Propagaçã
ção o orbital é
Orbital calculada Processa Idem Propagar órbita
11
de forma intermitentemente; acima intermitentemente
intermiten
te.

(continua)

254
Tabela B.7 – Continuação
Fase da Método de
Provisão
Iden Missão/ Seve Detecção da Reco
Modo de para Observa
tifica Nível Função Causa da Falência Modo de Efeitos da Falência rida Falência/ menda
Falência Compensa ções
ção Opera de Sintomas ções
ção
ção Observáveis
Propagaçã
Calcular o orbital é
Propaga calculada Processa fora da Idem Propagar órbita fora de
12 3
ção fora da especificação; acima especificação
Orbital especifica
ção;
TB não é adquirido;
Não Idem TLE não é recebido;
13 (*)
processa acima Propagação orbital não
é calculada.
TB é adquirido de
forma intermitente; TLE
Processa é recebido
Idem
14 intermiten (*) intermitentemente;
Prover acima
4 te Propagação orbital é
Processa
calculada de forma
mento
intermitente.
TB é adquirido fora da
Processa especificação; TLE é
fora de Idem recebido fora da
15 (*) especificação;
especifica acima
Propagação orbital é
ção calculada fora da
especificação;

(continua)

255
Tabela B.7 – Conclusão
Fase da Método de
Provisão
Iden Missão/ Seve Detecção da Reco
Modo de para Observa
tifica Nível Função Causa da Falência Modo de Efeitos da Falência rida Falência/ menda
Falência Compensa ções
ção Opera de Sintomas ções
ção
ção Observáveis
Não Idem TB não é adquirido;
16 (*)
comunica acima TLE não é recebido;
Comunica TB é adquirido de
Idem forma intermitente; TLE
17 Prover intermiten (*)
acima é recebido
4 Comuni temente intermitentemente;
cação Comunica TB é adquirido fora da
fora de Idem especificação; TLE é
18 (*)
especifica acima recebido fora da
ção especificação;

(*) Conforme seção 4.1.1.1, as causas das falências das subfunções do nível hierárquico mais baixo da decomposição funcional, são
consideradas componentes atômicos da arquitetura funcional e não são decompostas nem é determinada as causas de suas falências.
(**) Este efeito implica ocorrência de falência dupla, ou seja, propagar órbita fora de especificação intermitentemente.

256
Tabela B.8 – Análise Funcional Hierárquica dos Efeitos dos Modos de Falências da Função „Comandar Atuadores‟
Fase da Método de
Provisão
Iden Missão/ Seve Detecção da Reco
Modo de para Observa
tifica Nível Função Causa da Falência Modo de Efeitos da Falência rida Falência/ menda
Falência Compensa ções
ção Opera de Sintomas ções
ção
ção Observáveis
LEOP e Recarga e
Não execução do
fases Catas
1 comanda Perda da atitude Telemetria OBSW;
operacio trófica
atuadores Redundân
nais cia física
Comanda Recarga e
Coman execução do
dar atuadores Idem Perda intermitente da Catas
2 2 Telemetria OBSW;
Atuado intermiten acima atitude trófica
Redundân
res temente cia física
Comanda Recarga e
atuadores execução do
Idem Atitude fora da Catas
3 fora de Telemetria OBSW;
acima especificação trófica
especifica Redundân
ção cia física

257
Tabela B.9 – Análise Funcional Hierárquica dos Efeitos dos Modos de Falências da Função „Gerenciar Modos e Transições‟
Fase da Método de
Provisão
Iden Missão/ Seve Detecção da Reco
Modo de para Observa
tifica Nível Função Causa da Falência Modo de Efeitos da Falência rida Falência/ menda
Falência Compensa ções
ção Opera de Sintomas ções
ção
ção Observáveis
Recarga e
Não LEOP e
Catas execução do
1 gerencia fases Perda da atitude Telemetria OBSW;
modos e operacio trófica
Redundân
transições nais
cia física
Gerencia Recarga e
Geren
intermiten Idem Perda intermitente da Catas execução do
2 ciar
2 temente Telemetria OBSW;
Modos e acima atitude trófica
modos e Redundân
Transi
transições cia física
ções
Gerencia
Recarga e
fora de
Idem Atitude fora da Catas execução do
3 especifica
Telemetria OBSW;
ção modos acima especificação trófica
Redundân
e
cia física
transições

258
APENDICE C – FMEA FUNCIONAL/FÍSICA DA FUNÇÃO „PROVER PROCESSAMENTO‟

Na elaboração desta FMEA são utilizados o modelo de tabela e os critérios básicos estabelecidos pela norma ECSS‐Q‐ST‐30‐02C
(2009). As colunas Método de Detecção da Falência/Sintomas Observáveis, Provisão para Compensação, Recomendações e
Observações são preenchidas considerando as soluções adotadas no âmbito das missões com participação brasileira para
servirem como referência para este trabalho. A coluna Severidade é preenchida de acordo com os critérios estabelecidos na
norma ECSS‐Q‐ST‐30‐02C (2009).

Tabela C.1 – Análise Funcional/Física dos Efeitos dos Modos de Falência da Função „Prover Processamento‟
Método de
Fase da Efeitos da Falência Provisão
Iden Seve Detecção da Reco
Modo de Causa da Missão/ para Observa
tifica Nível Função rida Falência/ menda
Falência Falência Modo de a) Efeito Local b) Compensa ções
ção de Sintomas ções
Operação Efeito Final ção
Observáveis
Local: Não executa software

Final: ACDH não fornece


tempo de bordo; não provê
Perda do micro comunicação; não fornece
processador; LEOP e telecomandos diretos; não
Prover Não provê fornece telecomandos
Perda da fases Catas Redundãn
1 4 Processa processa roteados; não fornece Cão de guarda
PROM; Perda operacio trófica cia física
mento mento comandos gerados a bordo;
da EEPROM; nais;
Perda da RAM não fornece telemetrias; não
recupera de falhas no nível
1; não recupera de falhas no
nível 2; temperatura fora de
controle, atitude fora de
controle; orbita fora de
controle;

(continua)

259
Tabela C.1 – Conclusão
Método de
Fase da Efeitos da Falência Provisão
Iden Seve Detecção da Reco
Modo de Causa da Missão/ para Observa
tifica Nível Função rida Falência/ menda
Falência Falência Modo de a) Efeito Local Compensa ções
ção de Sintomas ções
Operação b) Efeito Final ção
Observáveis
Local: Executa software de
forma intermitente

Final: ACDH fornece tempo


de bordo de forma
Falha intermitente; provê
Provê
intermitente do LEOP e comunicação de forma
processa
microprocessa fases intermitente; fornece Catas Telemetria,
2 mento Redundân
dor; Falha operacio tecomandos diretos de forma trófica OBSW
intermiten cia física
intermitente da nais; intermitente; fornece
te
RAM; telecomandos roteados de
forma intermitente; fornece
comandos gerados a bordo
Prover de forma intermitente;
4 Processa fornece telemetrias de forma
mento intermitente;

Local: Executa software


errado

Provê Final: ACDH fornece tempo


processam LEOP e de bordo errado; provê Telemetria,
ento fora Erro no fases comunicação com erro; Catas Recarga e
3 OBSW, Cão
do software; operacio fornece comandos gerados a trófica execução do
de guarda;
especifica nais; bordo errados; fornece OBSW;
do telemetrias com erro; erro no
controle da temperatura; erro
no controle da atitude; erro
no controle da órbita.

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