Geociencias,+11 14354 FINAL FINAL

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ISSN: 1980-900X (online)

ANÁLISE EXPERIMENTAL E VALIDAÇÃO DE CURVAS BIMODAIS DE


RETENÇÃO DE ÁGUA NO SOLO PARA SOLOS ARENO-ARGILOSOS
RESIDUAIS DA FORMAÇÃO ITAQUERI EM SÃO CARLOS – SP
EXPERIMENTAL ANALYSIS AND VALIDATION OF BIMODAL WATER RETENTION CURVES
IN THE SOIL FOR RESIDUAL SANDY CLAY SOILS OF THE ITAQUERI FORMATION IN SÃO
CARLOS - SP
Daniel de Lima Nascimento SÍRIO1, Ademir Paceli BARBASSA1,
Lázaro Valentim ZUQUETTE2
1Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia, Departamento de Engenharia Civil,
Programa de Pós Graduação em Engenharia Civil. Rodovia Washington Luiz, KM 235. Monjolinho. São Carlos, SP – Brasil.
E-mails: [email protected]; [email protected]
2Universidade de São Paulo, Escola de Engenharia de São Carlos (USP-EESC), Departamento de Geotecnia. Av. Trabalhador São

Carlense, 400. São Carlos, SP – Brasil. E-mail: [email protected]

Introdução
Papel filtro
Curvas de Retenção de Água (CRAs)
Área de estudos
Materiais e métodos
Coletas e caracterização de solo
Monitoramento da pressão de sucção do solo
Aplicação da técnica de papel de filtro
Curvas de Retenção de Água no solo
Validação das CRAs com dados observados
Resultados e discussão
Caracterização do solo
Ajuste das CRAs aos dados de umidade e pressão obtidos pela técnica de papel de filtro
Validação das CRAs com dados experimentais
Conclusões
Agradecimentos
Referências

RESUMO - Esse estudo experimental obteve parâmetros para validar e ajustar quatro modelos de curva de retenção da água no solo
(CRA) presentes na literatura. O experimento foi realizado no solo do campus da Universidade Federal de São Carlos, Estado de São
Paulo, utilizaram-se tensiômetros para monitorar a sucção matricial do solo e o conteúdo de água em diferentes profundidades.
Amostras de solo foram coletadas para construir as CRAs por meio de três técnicas de calibração de papel filtro Whatman n°42 e assim
obter a relação sucção matricial por umidade do solo. Os modelos de CRA foram utilizados para ajustar os valores de teor de água
segundo a proposta de CRA bimodais. O experimento foi validado em laboratório medindo-se a umidade das amostras em cada
profundidade, obtidas em datas diferentes e então correlacioná-las com os respectivos valores de pressão de sucção obtidas no instante
de cada amostragem. O modelo de CRA de van Genuchten com restrição de Mualem e calibração de papel filtro de Chandler e outros,
foi o que obteve melhor ajuste na representação da dinâmica da água no perfil em termos dos coeficientes globais: R², Nash-Sutcliffe,
EAPM e RMSE.
Palavras-chave: Curvas bimodais de retenção de água no solo. Papel filtro de contato. Tensiômetro. Sucção matricial.
ABSTRACT - This experimental study obtained parameters to validate and adjust four models of soil water retention curve (SWRC)
present in the literature. The experiment was performed in the soil of the campus of the Federal University of São Carlos, State of São
Paulo, using tensiometers to monitor soil matrix suction and water content at different depths. Soil samples were collected to build the
SWRCs using three Whatman No. 42 filter paper calibration techniques to obtain the matrix suction by soil moisture ratio. The SWRC
models were used to adjust the water content values according to the bimodal SWRC proposal. The experiment was validated in the
laboratory by measuring the moisture of the samples at each depth, obtained at different dates, and then correlating them with the
respective suction pressure values obtained at the time of sampling. van Genuchten's Mualem-restricted SWRC model and filter paper
from Chandler and others, obtained the best fit in representing the water dynamics in the profile in terms of the global coefficients: R²,
Nash-Sutcliffe, EAPM and RMSE.
Keywords: Soil water retention curves. Contact filter paper. Tensiometer. Matrix suction.

INTRODUÇÃO
O fenômeno de infiltração de água no solo que contêm ar, água e componentes do solo. Para
deve ser entendido como a transmissão de água entender o processo de infiltração e dinâmica da
em um espaço poroso, num dado intervalo de água no solo devem-se levar em conta as
tempo, dentro dos interstícios de um ambiente de dimensões dos poros do solo e sua distribuição
características heterogêneas (matriz do solo) e ao longo da profundidade e como são caracte-
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rizadas e distinguidas a interações água-ar-solo. matriz o que, evidentemente, complica a
Essas interações junto à distribuição e tamanho descrição do estado da água no solo; no segundo
dos poros que darão e determinarão o modo pelo processo, a retenção ocorre na superfície dos
qual a água infiltrada é retida no solo ou escoada sólidos do solo como filmes presos a ela, pelo
no interior do solo. A retenção de água no solo processo de adsorção (Libardi, 1995). São três os
afeta de forma direta e inversamente propor- mecanismos principais propostos para explicar
cional a velocidade do escoamento da água no esta adsorção da água sobre as superfícies sólidas
interior do solo e suas direções de escoamento, como afirma Libardi (1995), e são eles: Primeiro,
que por sua vez, determinam quanta água será a natureza dipolar das partículas de água são
transportada para o interior do solo, qual a atraídas para a superfície dos minerais de argila
parcela será evaporada ou transpirada, e também, carregadas negativamente devido à substituição
aquela que será retida por adsorção e preenchi- isomórfica de cátions; segundo, os pares de
mento dos seus espaços vazios. elétrons não compartilhados do átomo de
O solo é um material sólido e poroso, que oxigênio das moléculas de água podem ser
abriga em seus poros, quantidades variáveis de eletricamente atraídos a cátions trocáveis que
uma solução aquosa de vários eletrólitos e outros podem estar adsorvidos sobre a superfície da
componentes, denominada solução do solo e de argila e, por último as moléculas de água podem
uma solução gasosa composta praticamente de ainda ser atraídas às superfícies sólidas pelas
N2, O2, vapor d’água, CO2 e pequenas quanti- forças de London-van der Waals.
dades de outros gases (Hillel, 1980) e, Libardi (1995) e Hillel (1980) reforçam que
comumente presentes na parte sólida ou matriz no caso da adsorção, a película de água adsorvida
do solo, estão diversas partículas minerais de às superfícies dos sólidos do solo possui, com o
diferentes tamanhos e substâncias orgânicas resultado destas forças de adsorção, uma energia
(Reichardt, 1996). A quantidade de material potencial extra, uma vez que se se afastar uma
orgânico presente no solo, resultante da atividade determinada porção dessa película a uma
biológica e cuja produção pode ser intensa ou distância dentro do raio de ação destas forças, ela
moderada de matéria orgânica, faz com que a voltará à posição original realizando um trabalho.
retenção da água no solo seja maior Portanto, podem-se dizer que existem dois
proporcionalmente à sua concentração, de modo processos principais que operam na matriz do solo
que quanto maior a decomposição, perda ou para a retenção da água: as forças capilares e as
transformação de componentes minerais, mais forças de adsorção, as quais, juntas, são chamadas
produtivos biologicamente os solos e consequen- de forças mátricas e dão origem ao potencial
temente, mais úmidos (Libardi, 1995; Reichardt, mátrico (Libardi, 1995; Reichardt, 1996).
1996).Quando o espaço poroso está totalmente A infiltração e as características hidráulicas
cheio de água, o solo é chamado de solo em que governam o movimento e a retenção de água
condições saturadas. Por outro lado, um solo não no solo são de suma importância no estudo da
saturado é aquele cujo espaço poroso está geociência, na agricultura irrigada e na mecânica
parcialmente cheio de água e parcialmente cheio dos solos (Gardner, 1956; Richards et al., 1956;
de ar. O ar só deverá entrar para substituir a água Fredlund & Rahardjo, 1993a). Nesse sentido, as
no espaço poroso se parte de seu volume livre e Curvas de Retenção de Água no Solo (CRAs)
não adsorvido for retirado, resultando numa podem ser utilizadas para todo tipo de solos e
formação de interfaces ar-água pelos processos permitem avaliar indiretamente o conteúdo de
de retenção da água pela matriz do solo (Roth, água no solo, a drenagem interna e a conduti-
2011). vidade hidráulica na zona não saturada do solo
Segundo Libardi (1995) e Reichardt (1996) (Durner, 1992; Šimůnek et al., 2002; Gitirana Jr.
existem basicamente dois processos que & Fredlund, 2004).
explicam a retenção da água pelos solos ao Esse comportamento hidrodinâmico, quando
afirmarem que no primeiro, a retenção ocorre nos combinado com o monitoramento da retenção de
microporos dos agregados e pode ser ilustrada água no solo, permite estimar os volumes
pelo fenômeno da capilaridade, o qual está armazenados e drenados no interior do solo e
sempre associado a uma interface curva ar- ainda prever os volumes infiltrados ou a serem
líquido. No entanto, o solo é formado por uma irrigados (Hillel, 1980; Libardi, 1995; Reichardt
composição irregular de poros e canais em sua 1996). Permeando em tal importância econô-
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mica, diversos autores vêm pesquisando como previamente calibrados por associações e empre-
prever e modelar os meios da retenção da água sas do ramo de engenharia geológica e do solo e
no solo e em consequência disso, hoje existem que medem, contudo, a pressão indiretamente por
diversos modelos de ajuste da CRA dos solos e meio do conteúdo volumétrico de água, em
outros tantos métodos para se determinar a equilíbrio do contato entre o papel filtro e o solo.
relação entre a sucção matricial e o conteúdo de Um dos principais problemas associados ao
água de um solo qualquer, ou seja, esses modelos método de papel filtro é o controle de tempe-
relacionam a sucção matricial ψ em função da ratura e umidade do ambiente no qual irá se
umidade volumétrica do solo θ. Os modelos de realizar o ensaio. Outro fato importante e que
ajuste da CRA mais utilizados atualmente são deve ser também evidenciado é a quantidade de
aqueles propostos por van Genuchten (1980), calibrações existentes na literatura para um
Fredlund & Xing (1994) e Gitirana Jr. & mesmo tipo de papel filtro. Não obstante, devem-
Fredlund (2004). No caso do modelo de van se também validar o modelo ajustado e a
Genuchten (1980) e Fredlund & Xing (1994) a calibração do papel escolhidos a realidade
CRA é ajustada utilizando-se os parâmetros de intrínseca do seu solo para que sejam
umidade de saturação do solo θs, a umidade representativos aos dados de umidade a serem
residual θr, os valores da entrada de ar α nos analisados, ou seja, como é mais fácil medir em
poros e os parâmetros de ajuste de inflexão da campo a sucção matricial de um solo em relação
curva “m” e “n”. Já para o modelo de Gitirana Jr. à medida direta de sua umidade, comumente
& Fredlund (2004), os parâmetros de ajuste desse utilizam-se tensiômetros para medir a umidade
modelo de CRA são a saturação efetiva ou grau do solo. Essa medida indireta de umidade será
de saturação do solo (Se), valores de entrada de ar dada por meio da medida de pressão do
(ψb1 e ψb2) e parâmetros de ajuste da curva di. Em tensiômetro instalado no solo, que é então
solos multiporosos, ao ajustar as CRAs, há um transformada em umidade via CRA do solo.
dado intervalo de pressão em que a umidade Um dos aspectos mais limitantes nesse
permanece constante e são caracterizados e caminho é a adoção da curva de retenção de água
denominados por platôs intermediários da curva. que será usada para a transformação da pressão
No entanto, para se ajustar a CRA a um modelo, em umidade. A existência de diversos modelos
se faz necessário determinar a relação entre a matemáticos empíricos para a elaboração da
sucção matricial de um solo à sua umidade curva é um ponto que ainda demanda conhe-
correspondenteθ(ψ), ou seja, o teor de água é cimento sobre as limitações e aplicabilidade dos
função da pressão que a matriz do solo pode modelos. Assim, o objetivo desse trabalho foi
exercer em seus poros para manter-se úmida. avaliar, com base em dados de campo, a
Logo, podem-se utilizar panelas de pressão que aderência de quatro modelos de CRAs às
aplicam determinada pressão numa amostra de umidades e tensões obtidas pela técnica de papel
solo, causando a saída de água dos poros, para de filtro, utilizando-se de três diferentes
posterior pesagem dessa amostra, já com seu teor calibrações consolidadas na literatura para o
de água estabilizado, via medição direta que tem papel filtro Whatman n°42 e, também, verificar o
boa precisão dentro do intervalo de 1 kpa a 106 efeito das diferentes calibrações do papel de filtro
kpa de pressão, ou até mesmo superior dependendo sobre os modelos de retenção de água obtidos por
da panela de pressão; podem-se utilizar também, cada CRA e como validá-los e ajustá-los à
funis de subpressão ou também chamados Funis de realidade do monitoramento de campo por meio
Haines que por meio de um tubo capilar medem-se da comparação entre as umidades e tensões
diretamente em coluna de água a pressão de medidas diretamente no solo da área de estudos e
sucção, nesse caso também é medida direta, mas aquelas obtidas pelos modelos de CRAs, via
apenas aplicável a pequenas pressões entre 0,01 e 1 leitura de tensiômetros, para cada uma das
kpa; e, por último, usam-se os papéis de filtro calibrações de papel filtro Whatman n°42.
PAPEL FILTRO
A utilização do papel filtro para determinar as porosas, tais como as câmaras de alta pressão e
CRAs, vem ganhando espaço na ciência do solo funis de subpressão. O método do papel filtro é um
devido a seu baixo custo em relação a outros procedimento mais prático e ágil, necessita de uma
métodos propostos, os quais utilizam placas menor infraestrutura laboratorial para ser
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desenvolvido e, certamente, é menos oneroso que essas calibrações do papel filtro foram estudadas e
os demais (Ruas Lucas, 2011; Bulut, 1996). modificadas por Chandler et al. (1992) que
Apesar de sua aplicabilidade e razoável realizaram ajustes modais nas curvas, definindo
acurácia, se não for realizado devidamente, e em novos intervalos de umidade na calibração ao
condições laboratoriais de temperatura e umidade utilizar os trabalhos anteriores de Fawcett e Collis-
controladas (Marinho & Oliveira 2006; Bicalho et George (1967) e Hamblin (1981); e, mais recente-
al., 2007), o método do papel filtro tem maior mente, aquelas calibrações pesquisadas e sugeridas
indução e adição de erro nos ajustes das curvas. por Marinho & Oliveira (2006) que determinaram
Somado a esse fato, o método não é capaz de medir outros intervalos de calibração de umidade.
tensões muito pequenas (entre 0 e 10 kpa) e nem Quando o solo é colocado em contato com um
extremamente altas (acima de 106kpa) (ASTM, material poroso, que possua capacidade de
1992), e ainda, calcula a pressão de sucção (ψ) transmitir água, essa será transferida do solo para
indiretamente, utilizando-se de calibrações de esse material, ou vice-versa, até que o equilíbrio
curvas de subpressão predeterminadas em relação entre as forças atuantes seja alcançado (Chandler &
à massa de água, ou umidade gravimétrica (θ ), Gutierrez, 1986). A soma dessas forças é
contida no papel filtro no instante do equilíbrio denominada potencial total de água no solo, e estão
entre ψ e θ (Bicalho et al., 2007). Segundo compreendidos entre essas forças, o potencial
Marinho & Oliveira (2006), os papéis mais matricial, osmótico, pneumático, gravitacional, de
utilizados para o ensaio são o Whatman n°42, o pressão, etc. Entretanto, a sucção matricial é a
Schleicher e Schuell n°589 e o Fisher 9.54a, pois influência da soma das forças de capilaridade e de
cada um deles tem uma calibração já predeter- adsorção, que atuam entre a fase líquida e a matriz
minada. do solo, que causam o fenômeno de retenção
O uso do papel filtro para medir a sucção total (Hillel, 1980).
do solo, dada pelas somas das tensões de vapor em A sucção matricial indica a pressão negativa em
equilíbrio com o papel, é denominado método de relação à pressão do ar atmosférico exercida pelo
não contato (Lu & Likos, 2004), mas o papel filtro solo na água presente na matriz do solo (Richards,
pode também, ser utilizado para medir a sucção 1965). Nas panelas de pressão, no estado de
matricial do solo. No segundo caso, o papel deve equilíbrio das placas porosas, os potenciais
permanecer em contato com o solo até o equilíbrio matriciais da água no solo e no material poroso
da fase líquida entre ambos (método de contato) igualam-se, apesar de as respectivas umidades
(Bicalho et al., 2007). serem diferentes e o conteúdo de água é medido
As calibrações de papel filtro Whatman n°42 diretamente em relação à pressão aplicada pela
foram inicialmente estudadas por Gardner (1937) e câmara de alta pressão (Marinho & Oliveira, 2006).
posteriormente, em 1992, consolidadas e homolo- No caso do papel filtro em contato, as umidades
gadas pela American Society for Testing and igualam-se e são convertidas em sucção por
Materials (ASTM), e atualmente, são as calibração para cada tipo de papel, conforme
calibrações da associação ASTM as de maior uso e ASTM (1992) e dois outros autores – Chandler et
razoável precisão. Posteriormente no mesmo ano, al. (1992) e Marinho & Oliveira (2006).
CURVAS DE RETENÇÃO DE ÁGUA
Os modelos das propriedades hidráulicas que produção agrícola, etc.) (Gardner, 1937; Childs
governam a infiltração e a retenção de água e, sua & Collins-George, 1950; Brooks & Corey, 1964;
consequente armazenagem e condutividade de Farrel & Larson, 1972). Os modelos numéricos
água no solo, já estão consolidadas na literatura empíricos propostos na literatura, que
e têm uma enorme importância nas últimas relacionaram ψ e θ como uma função matemá-
décadas devido, sobretudo, à sua aplicabilidade tica analítica, utilizam em sua maioria, a
na ciência do solo em diversas áreas do distribuição de poros na matriz do solo e ou o
conhecimento (Nielsen et al., 1986).Esses grau de saturação efetiva (Se) para seus ajustes.
modelos de infiltração e de retenção de água nos Suas relações foram progressivamente estudadas
solos têm sido propostos e estudados na desde meados do século XIX, sendo:
literatura, para as mais diversas aplicações (θ − θ r )
Se (%) = (1)
(hidrológica, hidrogeológica, geotécnica, de (θ s − θ r )
comportamento e dinâmica da água, consumo e
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Onde, Se é adimensional; θ é a umidade ajuste para as condições próximas da saturação,
relativa do solo em cm3.cm-3; θr é a umidade um segundo para o intervalo de umidades médias
residual em cm3.cm-3; θs é a umidade na de sucção nos mesoporos e um terceiro próximo
saturação em cm3.cm-3.Os modelos propostos à umidade residual (Mallants, 1997).
nas últimas duas décadas com boa precisão e A Equação de van Genuchten (1980) foi
facilmente aplicáveis – além de bastante modificada por Carducci et al. (2010) e denomi-
utilizados – são os de van Genuchten (1980) e nada pelos autores como Duplo van Genuchten
Fredlund & Xing (1994). Tratam-se de equações (DVG). Esses autores propuseram um modelo de
matemáticas propostas para a determinação da obtenção de CRAs bimodais para solos da região
condutividade hidráulica dos solos, a partir de de Cerrado brasileiro, já que esses solos têm razão
parâmetros ajustados de acordo com o tipo de elevada de macro e microporos em relação à sua
distribuição de poros e tortuosidade do solo. quantidade de mesoporos. O estudo foi realizado
A mais famosa delas é a de van Genuchten com 40 amostras de Cerrado brasileiro em que o
(1980) (Equação 2), que foi obtida empiri- modelo se ajustou com muito boa aproximação
camente e possui três parâmetros de ajuste das aos dados obtidos em panela de pressão por
CRAs unimodais, que são “α”, cujo valor se Carducci et al. (2010), que obtiveram coeficientes
define como o módulo da força que determina a de determinação (R²) acima de 0,9, sendo:
entrada de ar e a saída de água nos poros na θ p − θr θs − θ p
θ = θr + +
matriz do solo e está relacionada com o tamanho [1 + (α ψ ) ]
t
nt mt
[1 + (α ψ ) ]
e
ne me (3)
e com a distribuição dos poros no solo; e, os Onde, θp (cm³.cm-³) é a umidade no platô
parâmetros “m” e “n” (adimensionais), que estão assintótico intermediário da curva; αe e αt
relacionados com a posição do ponto de inflexão (1/metro) correspondem a parâmetros que
e a tangente por esse ponto, respectivamente: conferem dupla porosidade, um da estrutura do
(
Se = 1 + αψ )
n m
(2) solo (agregados ou macroporos) e outro, da
textura do solo (microporos), respectivamente;
Onde, “α” (1/metro), “m” e “n” são “me”, “ne”, “mt” e “nt” são os parâmetros de
coeficientes adimensionais e maiores que 0 e ψ é ajuste de curvatura do modelo, os dois primeiros,
o módulo da pressão de sucção em kpa. do platô assintótico de saturação ao
A Equação 2 caracteriza-se por apresentar intermediário, e os dois últimos, entre o platô
duas assíntotas relacionadas aos conteúdos de intermediário e o residual. As premissas da
água no solo correspondentes à saturação e ao aplicação da equação de van Genuchten (1980)
conteúdo residual, e um ponto de inflexão entre consideram a água e os solos incompressíveis, o
os platôs (saturação e residual), o qual é potencial de pressão na zona saturada nulo e as
dependente dos atributos do solo, sendo a sua condições de isotropia no solo. Fredlund & Xing
forma e inclinação reguladas por parâmetros (1994) também propuseram um modelo
empíricos de ajuste do modelo e que estão matemático estatístico de ajuste de curvas de
relacionados às características texturais e retenção para predizer a permeabilidade dos
estruturais do solo (van Genuchten, 1980; solos. Para esses dois últimos autores, a base das
Dexter, 2008; Carducci et al., 2010). Porém, os frequências de distribuição de poros no solo, não
usos desses ajustes para solos com diferentes depende da θr para ser ajustada, mas possui uma
características de porosidade podem subestimar função de correção C (ψ) que utiliza a pressão de
o conteúdo de água no solo, porquanto sucção da umidade residual (ψr), como se segue
forçosamente, obriga a curva a um ajuste uni- 𝜃𝜃𝑠𝑠
modal num intervalo de pressões mínimas 𝜃𝜃 = 𝐶𝐶(𝜓𝜓) { (4)
𝑙𝑙𝑙𝑙[(𝑒𝑒+(𝜓𝜓/𝛼𝛼)𝑛𝑛 )]}𝑚𝑚
(próximo à saturação) a máximas (umidade
residual) (Durner, 1994; Gerke & van − 𝑙𝑙𝑙𝑙(1+𝜓𝜓/𝜓𝜓𝑟𝑟 )
Genuchten, 1993a). 𝐶𝐶(𝜓𝜓) = +1 (5)
𝑙𝑙𝑙𝑙[1+(1.000.000/𝜓𝜓𝑟𝑟 )]
O uso do ajuste uni-modal em alguns solos
tende a subestimar o conteúdo de água próximo Onde, “e” é o número natural (2,718281...).
à saturação e no intervalo de porosidade Anos mais tarde, Gitirana Jr. & Fredlund (2004)
drenável, bem como, superestimá-lo perto da propuseram outro método que relaciona ψ com Se
umidade residual, implicando uma necessidade ao invés de θ e que prevê um ajuste bimodal para
de ajuste bi ou trimodal dos modelos, com um o ajuste das CRAs sem dependência entre
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parâmetros. Segundo os autores, as curvas (Camapum de Carvalho et al., 2012), nos quais,
bimo-dais são descritas por quatro hipérboles e as relações entre os teores de água e pressões de
que o modelo atendeu muito bem às sucção devem variar num intervalo de 0 a 106
características de solos argilosos brasileiros kpa e é descrita como:
S1 − S 2 S 2 − S3 S3 − S4
Se = + + + S4 (6)
1 + (ψ / ψ b1 .ψ r1 ) d1
1 + (ψ / ψ b 2 .ψ r1 ) d2
1 + (ψ / ψ b 2 .ψ r 2 ) d 3

Onde, S1, S2, S3 e S4 são os graus de saturação ocorrência de diminuição da permeabilidade e


para as quatro hipérboles em percentagem; ψb1 e uma força maior de retenção (Hillel, 1980;
ψb2>0 e são valores de entrada de ar nos poros em Libardi, 1995; Šimůnek & van Genuchten,
kpa; ψr1 e ψr2 são as pressões nos platôs 2008; Roth, 2011).
intermediário e residual, respectivamente em kpa Expressões preditivas para a condutividade
e, d1, d2 e d3 estão relacionados à curvatura das hidráulica dos solos podem ser combinadas de
hipérboles e são chamados pelos autores de acordo com a distribuição e tamanho dos poros
fatores de ponderação (adimensionais). Devido no solo (Dourado Neto et al., 2011). As
ao arranjo estrutural, à composição químico- equações consolidadas na literatura que
mineralógica e à sua estreita relação com o grau combinam distribuição e tamanhos dos poros
de intemperismo, os solos tropicais lateríticos na matriz do solo são de Burdine (1953) e
apresentam comportamento hidrodinâmico Mualem (1976) para a condutividade hidráulica
singular, pois apresentam elevada porosidade, relativa de solos não saturados. De acordo com
distribuída entre os agregados (macroporo- Vereecken (1995), para cada um dos autores os
sidade) e, no interior desses, outra estrutura de modelos se diferem na maneira como os raios
microporos (microporosidade), que lhes confere dos poros são estimados e existe uma relação
uma estrutura bimodal de retenção de água nos entre os parâmetros de ajustes “m” e “n”. Para
solos (Camapum de Carvalho et al., 2012). os modelos de Mualem (1976) m=1-1/n e para
Segundo Carducci et al. (2010), os solos de Bourdine (1953), m=1-2/n são respectivamente
cerrado apresentam elevada porosidade drenável representadas pelas Equações 7 e 8.
e um elevado volume de poros com diâmetro
θ p − θr θs −θ p
extremamente pequeno, mas não apresentam θ = θr + +
volume de poros intermediários representativo. [1 + (α ψ ) ]
t
nt 1−1 / nt
[1 + (α ψ ) ]
e
ne 1−1 / ne (7)

Devido às elevadas forças de capilaridade e


adsorção da água higroscópica nesses θ p − θr θs − θ p
θ = θr + +
microporos, boa parte da água fica retida em seu
interior e não se torna disponível ao consumo das
[1 + (α ψ ) ]
t
nt 1− 2 / nt
[1 + (α ψ ) ]
e
ne 1− 2 / ne (8)

plantas (Reichardt, 1996; Giarola et al., 2002). As relações preditivas entre “m” e “n”
A dupla porosidade confere dupla permea- expressas como uma função de dependência já
bilidade a esses solos, que consiste foram avaliadas por diversos autores na literatura
basicamente em duas regiões de interação, tais como Dourado Neto et al. (2011), Cornelis et
cujos comportamentos se dão em diferentes al. (2005), Khaleel & Relyea (1995), Yates et al.
intervalos de valores de ψ. Na primeira, (1992) e outros.
representada por pressões pequenas e mais As equações preditivas demonstraram que
próximas da saturação, a permeabilidade é podem ser formuladas em termos de funções
maior e ocorre entre os agregados do solo com hipergeométricas, mas que o tempo de resolução
diâmetros maiores (macroporos ou fraturas), desses parâmetros para os modelos de Bourdine
menor tensão superficial da água e ângulo de ou Mualem são bastante morosas e, se
ataque entre as moléculas de água e solo, o que necessário, precisam ser avaliadas empirica-
leva a uma menor força de retenção. Na mente posto que, de certa forma, inicialmente o
segunda, há uma hidrodinâmica dentro dos uso da independência dos parâmetros de forma
microporos ocasionada por descontinuidades experimental torna mais fácil a interpretação de
na fase líquida, diâmetro de poros muito qual equação preditiva se adequa melhor a
pequenos, aumento da tortuosidade, maior realidade do solos que estão em avaliação
tensão superficial e, consequentemente, a (Dourado Neto et al. 2011).
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ÁREA DE ESTUDOS
As amostras retiradas e os tensiômetros rodovias e ferrovias, além de ser um polo
instalados estão localizados na Universidade tecnológico e possuir diversas universidades. A
Federal de São Carlos (UFSCar), na cidade de maior parcela do município está localizada sobre
São Carlos – SP, Brasil, dentro de um sistema de solo arenoso residual da Formação Itaqueri e área
drenagem compensatória construída em escala de recarga do Aquífero Guarani (Pons, 2006). O
real que promove a recarga artificial de água solo estudado e monitorado onde se localiza o
pluvial no solo, denominada filtro-vala- conjunto de tensiômetros, são denominados
trincheira de infiltração (FVT) cuja pesquisa vem como solos residuais da Formação Itaqueri, – que
sendo realizada, monitorada e avaliada desde é um subgrupo do Grupo Bauru – e possuem
2010, por diversos pesquisadores. textura areno-argilosa característicos da região
São Carlos é um município localizado no de cerrado de São Carlos.
interior do estado de São Paulo, na região Centro- Os solos de cerrado são geralmente muito
Leste do Estado (Figura 1). A área do município intemperizados e apresentam baixa fertilidade
tem cerca de 1.140 km² (Gonçalves, 1986) e natural, contrastando com a elevada estabilidade
elevação média de 860 m. A pluviosidade média dos agregados (Carducci et al., 2010). Em termos
local varia em torno de 1.500 mm por ano e a pedológicos, o solo é denominado como Latos-
temperatura varia entre 11°C e 16°C entre final solo Vermelho-Amarelo Laterítico Distrófico
de maio e meados de agosto e entre 17°C e 24°C sobre o qual se localiza a maior parcela do núcleo
no resto do ano. A cidade é um importante polo urbano do município de São Carlos (Gonçalves,
industrial e agrícola da região e é servida por 1986).

Figura 1 - Mapa de localização da área de estudos.


MATERIAIS E MÉTODOS
A pesquisa fez-se por meio da caracterização com as CRAs com as umidades e as tensões
do solo local, monitoramento da tensão matricial observadas em campo. Dessa forma, geraram-se
em campo, análises de amostras de solo em 48 modelos distintos de CRAs (4 modelos de
laboratório, ajustes dos modelos de CRA aos CRAs, 3 equações de calibrações de papel filtro
dados obtidos por técnica de papel de filtro, e e 4 profundidades distintas) que puderam ser
finalmente, na verificação dos resultados obtidos contrastadas com umidades do solo e pressões de
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sucção de campo. Cada relação θ(ψ) desses 48 seguintes profundidades: até 40 cm, de 40 a 80
modelos de CRAs foram comparados com as cm, de 80 a 180 cm e de 180 a 250 cm,
amostras retiradas as mesmas profundidades do totalizando 12 amostras, todas enroladas em
monitoramento tensiométrico e suas respectivas papel filme e acondicionadas em caixa isolante
medidas de umidade (realizadas em laboratório) térmica e levadas ao laboratório. A vala era
e com as tensões matriciais medidas diretamente coberta com manda geotêxtil para manter a
nos tensiômetros instalados na área de coleta. mesma umidade do solo durante o estudo, afinal,
Escolheram-se, uma CRA para cada profundi- nessa mesma vala coletaram-se amostras de solo
dade monitorada, com base na melhor para determinação de umidade solo diretamente
representação entre os dados de umidade das concomitantemente à medida de pressão de
amostras de solo coletadas e sua respectiva pressão sucção, as quais foram usadas para a validação
de sucção de campo e as umidades calculadas pelos das CRAs.
modelos de CRAs geradas pelo método do papel Monitoramento da pressão de sucção do solo
filtro. As CRAs foram ajustadas aos dados O monitoramento do perfil de pressão de
observados de umidades com erros medidos por sucção do solo foi realizado por meio de 8
R2, Nash-Sutcliffe, erro quadrático médio (RMSE) tensiômetros de bulbo poroso. Os tensiômetros
e erro absoluto percentual médio (EAPM). foram instalados na área nas profundidades de 10
Coletas e caracterização de Solo cm, 30cm, 50cm, 80cm, 100cm, 150cm, 200cm
Para a caracterização física do solo coletou-se e 250cm de acordo com a EMBRAPA (2008)
de acordo com a NBR 9604 (ABNT, 1986), em baseada nas orientações da Universidade do
quatro pontos e 5 profundidades igualmente Estado do Kansas de julho de 1997.
distribuídas no sistema FVT, no mínimo 3 Aplicação da técnica de papel de filtro
amostras indeformadas e 3 amostras deformadas, As doze amostras indeformadas retiradas para o
somando-se um total de 144 amostras. As ensaio de papel filtro foram analisadas em
profundidades de extração de amostras foram: laboratório conforme ASTM D5298 (1992) como
superficial; 0,10; 0,50; 1,00; 1,50; 2,00 e 2,50 se segue: i) pesagem, medição do diâmetro interno,
metros. Nas 72 amostras indeformadas coletadas medição da altura e identificação de todos os anéis
em extratores de PVC de 5 cm de diâmetro e 25 de PVC de aproximadamente 1,0cm de altura por
cm de comprimento, foram realizados ensaios de 5cm de diâmetro; ii) extração e moldagem das
índices físicos com a finalidade de se determinar amostras do solo nos 3 extratores de 10cm de
a densidade seca e natural do solo, índices de diâmetro por 30cm de profundidade, totalizando no
vazios, porosidade, permeabilidade e grau de máximo 33 anéis moldados para cada uma das
saturação efetivo para cada profundidade. Os diferentes profundidades; iii) saturação das
ensaios foram realizados de acordo com a NBR amostras com água destilada e vasilhame de PVC
6457 (ABNT, 1986), que determina a separação por 24 horas; iv) cálculo da relação entre o peso
de amostras de solo para ensaio de compactação em água pelo peso total de solo mais o anel, para
e ensaio de caracterização. Nas amostras a divisão da umidade dos anéis em 1/18 de
deformadas, foram realizados ensaios de massa umidade volumétrica, desde a saturação até a
específica dos grãos a partir da NBR 6508 umidade residual; v) secagem em estufa de
(ABNT, 1984). O ensaio de granulometria infravermelho ventilada até atingirem o peso
conjunta combina métodos de sedimentação e calculado para, finalmente, realizar o contato
peneiramento para determinar também partículas com papel filtro e a embalagem dos moldes em
com diâmetro inferior a 0,075 mm, quando o filme de PVC; vi) Armazenamento dos moldes
peneiramento não é suficiente para determinar em contato com o papel filtro Whatman n°42,
partículas finas como argila e silte, de acordo devidamente embala-dos em filme de PVC por
com a norma NBR 7181 (ABNT, 1982b). Os 48 horas em sala com temperatura controlada em
dados para aplicação da técnica de papel filtro 20°C; vii) pesagem dos papéis filtros assim que
implicou na escavação de uma vala de 1,80 x desembalados e medidas de umidade dos papéis
1,80 x 2,50 m para retirada de amostras filtro após 4 horas em estufa; viii) transformação
indeformadas (NBR 9604, 1986). Utilizaram-se de umidade em pressão de sucção com as
extratores de PVC de 10 cm de diâmetro e 30 cm equações de calibração do papel de filtro: ASTM
de comprimento e usaram-se três pivôs de coleta D5298 (1992), Chandler et al. (1992) e Marinho
para a retirada de três amostras de cada uma das & Oliveira (2006), de acordo com a tabela 1.
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Após esses procedimentos os dados obtidos restrição de Mualem (1976). Também foram
foram usados para ajustar os quatro modelos de geradas CRAs de acordo com o modelo proposto
CRAs por meio da proposta de Carducci et al. por Gitirana Jr. & Fredlund (2004). Na tabela 1
(2010), ou seja, curvas bimodais segundo van estão as equações utilizadas para cálculo das
Genuchten (1980) e independência de pressões de sucção matricial utilizadas para a
parâmetros; van Genuchten (1980) e restrição relação unívoca entre umidade do papel e sucção
de Bourdine (1953); van Genuchten (1980) e apresentada para os solos amostrados.
Tabela 1 – Autores de calibração do papel de filtro Whatman n°42 para realização do ensaio.
Referência Sucção W(%) Log10 (sucção) (Kpa)
ASTM D5298 Total e mátrica W < 45,3 5,327 - 0,0779W
ASTM D5298 Total e mátrica W > 45,3 2,412 - 0,0135W
Chandler et al. (1992) Mátrica W<47 4,842 - 0,0622W
Chandler et al. (1992) Mátrica W > 47 6,050 - 2,48Log(W)
Marinho & Oliveira (2006) Total e mátrica W < 33 4,83 - 0,0839W
Marinho & Oliveira (2006) Total e mátrica W > 33 2,57 - 0,0154W
Fonte: Bicalho et al. (2007).
Nota: W é umidade gravimétrica do papel filtro
Curvas de retenção de água no solo média dos papéis filtro de mesma profundidade.
Os modelos de CRAs foram os seguintes: a Os dados obtidos das 4 profundidades e 3 curvas
CRA de van Genuchten (1980) (Eq. 2) e de calibração do papel de filtro foram usados
independência de parâmetros e proposta sugerida para determinação dos parâmetros de 4 tipos de
por Carducci et al. (2010) (Eq. 3); van Genuchten CRAs e os respectivos parâmetros ajustados,
(1980) com restrição de Bourdine (1953) (Eq. 8) profundidades e CRAs são mostrados na tabela
e proposta sugerida por Carducci et al. (2010); 2. O ajuste dos parâmetros foi realizado no
van Genuchten (1980) com restrição de Mualem software R®que utiliza a rotina de Gauss-Newton
(1976) (Eq. 7) e proposta sugerida por Carducci (R Development Core Team, 2009; Ritz
et al. (2010); e, para a CRA de Gitirana Jr. & &Streibig, 2008) com base nos sistemas não
Fredlund (2004) (Eq. 6) que já ajusta e prediz lineares e ajustes de limites dos parâmetros
CRAs para solos de multiporosidade. A proposta realizados separadamente por análise
sugerida por Carducci et al. (2010) baseia-se em hipergeométrica, para as faixas texturais no
ajustes bimodais de CRAs baseados na curva primeiro instante e depois para as faixas
teórica S dupla exponencial de Dexter et al. estruturais das CRAs pela proposta de Carducci
(2008) para estimativas de dois pontos de et al. (2010) e também da proposta de Gitirana Jr.
inflexão de Dexter & Bird (2001). & Fredlund (2004). A aderência das CRAs aos
O modelo duplo van Genuchten proposto por dados experimentais obtidos pela técnica do
Carducci et al. (2010) e o proposto por Gitirana papel de filtro foi avaliada pelo coeficiente de
Jr. & Fredlund (2004) foram ajustados aos dados determinação (R2), pelo coeficiente de Nash-
experimentais de retenção de água, para cada Sucticliffe (Nash), erro quadrático médio
profundidade, utilizando a umidade gravimétrica (RMSE) e erro padrão médio (EAPM).
Tabela 2 - Profundidades de amostragem, curvas de calibração de papel de filtro e autores de CRA.
Autores das curvas de
Profundidades de Parâmetros
calibração do papel Autores das CRAs
amostragens do solo ajustados
filtro Whatman n°42
- vanGenuchten (1980) sem restrição
θs; θp; θr; αe; αt;
Superficial a 40cm ASTM (1992) de parâmetros de inflexão e proposta
me; mt; ne; nt
de Carducci et al. (2010)
- vanGenuchten (1980) com restrição
θs; θp; θr; αe; αt;
40 a 100cm Chandler et al. (1992) de Burdine (1953) e proposta de
ne; nt
Carducci et al. (2010)
- vanGenuchten (1980) com restrição
Marinho & Oliveira θs; θp; θr; αe; αt;
100 a 180cm de Mualem (1976) e proposta de
(2006) ne; nt
Carducci et al. (2010)
S1; S2; S3;ψb1;
180 a 250cm - Gitirana Jr. & Fredlund (2004) ψb2; ψr1; ψr2; d1 d2
d3

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Validação das CRAs com dados observados umidades reais do solo e as umidades indiretas de
Para a verificação e validação das CRAs foi umidade dadas pelas CRAs por meio de leituras
necessário realizar a comparação dos valores de dos tensiômetros instalados na área. Em cada data
umidades “teóricas” obtidas pelas CRAs com os registraram-se as leituras dos tensiômetros e
valores reais de campo. Esses ensaios labora- coletaram-se amostras de solo nas mesmas
toriais foram feitos em seis diferentes datas em profundidades, ou seja, oito amostragens para as
que foram extraídas amostras de solo da área nas seis datas, totalizando 48 amostragens. Na
mesmas profundidades em que os tensiômetros sequência, calcularam-se os erros entre as
estavam medindo tensão matricial (10 cm; 30 cm; umidades das CRA se as umidades de campo por
50 cm; 80 cm; 100 cm; 150 cm; 200 cm; 250 cm). meio do R2, Nash, RMSE e EAPM para eleger as
As amostras retiradas foram levadas imediata- CRAs mais representativas em cada uma das
mente ao laboratório para verificação entre as profundidades do solo do FVT.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Caracterização do solo maior e o menor valor de porosidade média não
Apresentam-se na tabela 3 os valores supera 12% entre a camada superficial e a
médios dos pontos amostrados na área dos profundidade máxima amostrada apresentando
valores obtidos dos índices de vazios, o maior valor na profundidade de 40cm onde
porosidade e intervalos de porosidade obtidos, estão presentes as raízes e ambiente da meso-
massas específicas do solo seco e natural e fauna e micro-fauna do solo. Esse resultado repre-
massa específica dos sólidos para as diferentes senta uma moderada compactação superficial
profundidades. do solo e valida também, uma porosidade
Percebe-se na tabela 3 que, os valores de praticamente constante a partir da segunda
porosidade nesse solo estão bastante altos camada amostrada (em torno de um valor médio
devido a evolução genética por processos de 44%). Os resultados das análises da textura
pedogenéticos, pois são solos com comporta- do solo foram muito similares para todas as
mento laterítico com mineralogia de quartzo, profundidades e pontos coletados, bem como,
gibsita, limonita e caulinita. Os valores de os resultados de massa específica dos sólidos
porosidade aumentam cerca de 13% a partir da (ρs) que apresentou valor médio de 2,681 g.cm-³.
superfície e usando como base os intervalos de A textura mostrou-se predominantemente areno-
porosidade com a profundidade em todos os argilosa e os teores de silte muito pequenos em
pontos coletados. Contudo, a diferença entre o relação aos teores de argila e areia.
Tabela 3 - Resultados dos índices físicos.
Massa Massa Massa
Índices Porosidade
Profundidade específica específica Porosidade específica
Amostra de (%)
(cm) natural seca média (%) dos sólidos
vazios
(g/cm³) (g/cm³) Mín. – Máx. (g/cm³)
0 a 40 1,819 1,590 0,679 40,45 39,3 – 41,1 2,670
Média 40 a 100 1,704 1,465 0,827 45,25 44,0 – 45,6 2,676
pontos 1, 2,
3e4 100 a 180 1,761 1,482 0,816 44,95 44,2 – 45,4 2,692
180 a 250 1,727 1,486 0,807 44,66 44,3 – 45,4 2,685

Segundo Soares et al. (1980), os solos 51% a 61% de areia fina e média, de 6 a 9% de
residuais da Formação Itaqueri são areia grossa, um terço de argila e baixo teor de
tipicamente arenosos com teores médios de silte, como apresentado na tabela 4. No ensaio
areia em torno de 45% e 35% de argila. Esses textural foram realizados os ensaios de massa
solos são formados por arenitos finos e específica dos sólidos para um melhor ajuste da
possuem comumente profundidades menores curva granulométrica feita por sedimentação e
que 30 metros. Na área de estudo, as análises peneiramento (granulometria conjunta) e os
do solo corroboram com Soares et al. (1980), resultados corroboram com os valores obtidos da
apresentando em sua composição textural um amostragem anterior de caracterização das
teor médio dos quatro pontos amostrados de: massas específicas do solo na área.

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Tabela 4 - Resultados da granulometria conjunta e massa específica dos sólidos (ρs).
Composição granulométrica
Amostras
Profundidade Areia ρs ρs (g/cm³)
(cm) Argila Silte (g/cm³ Mín– Máx
Fina Média Grossa
)
10 32% 6% 21% 35% 6% 2,672 2,670– 2,676
50 35% 5% 21% 32% 8% 2,672 2,671– 2,676
Média
100 31% 7% 25% 32% 6% 2,678 2,672 – 2,680
pontos 1,2,3
150 34% 6% 22% 31% 8% 2,678 2,670 – 2,679
e4
200 36% 4% 18% 35% 7% 2,682 2,677 – 2,693
250 34% 6% 17% 34% 9% 2,682 2,679 – 2,692

Ajuste das CRAs aos dados de umidade e profundidades. Na profundidade de 0 a 40cm, as


pressão obtidos pela técnica de papel de filtro doze CRAs apresentaram o platô intermediário
Apresentam-se na tabela 5 os parâmetros das 48 com inclinação suave e quase inexistente, como
CRAs ajustadas no software RStudio®, em que pode ser observado na Figura 2. Para as outras
todas as CRAs alcançaram coeficientes de profundidades estes platôs são bem definidos.
determinação (R²) maiores que 0,89 quando Isso porque as variações de umidade entre os
comparadas as correlações entre as pressões e platôs de saturação e intermediário, são mais
umidades geradas pela curva CRA e as umidades abruptas para um menor intervalo de pressão
do papel de filtro e as pressões calculadas pelos matricial nas camadas de solo a partir de 40 cm
modelos de calibração, como podem ser de profundidade. Percebe-se que nas 48 CRAs
verificados na última coluna. Junto às informa- ajustadas com a calibração de Chandler et al.
ções de cada profundidade, mostrados na tabela 5, (1992), as pressões de sucção são superestimadas
estão os dados observados de umidade de satura- em relação àquelas com a calibração de ASTM
ção (θS) e umidade residual dos anéis de solo do (1992) entre o platô de saturação e o platô
ensaio de papel filtro (θr) e o cálculo da umidade intermediário. Em todas as CRAs, nas
de saturação e umidade residual a partir da calibrações ASTM (1992) as pressões de sucção
saturação efetiva do solo para as curvas de são superestimadas em relação a Chandler et al.
Gitirana Jr. & Fredlund (2004). Observa-se na (1992) entre o platô intermediário e o residual.
tabela 5 que as umidades nos platôs de saturação Finalmente, para as calibrações de Marinho &
θs e as umidades dos platôs intermediários θp Oliveira (2006), as pressões de sucção são
aumentam com a profundidade até a penúltima subestimadas em relação a ASTM e Chandler et
camada. al. (1992) em todo intervalo de pressão.
As diferenças de umidades entre esses platôs Nota-se pela tabela 5 e pela figura 2, que o teor
são praticamente constantes e próximas de 20% de umidade do platô intermediário θp cresce
em todas as profundidades, tanto para os dados aproximadamente 2 vezes entre a camada
experimentais quanto calculados, com exceção superficial e a de 180 cm.
de Gitirana Jr. & Fredlund (2004). Desse modo, pode-se justificar teores de água
mais altos comumente encontradas nessas
Isso ocorreu devido à leve inclinação do platô
camadas do solo, dado ao fato que a pressão de
intermediário desse ajuste, fazendo com que a
sucção necessária para se retirar a umidade do
diferença varie entre ψr1 e ψr2 de 13% a 25%. O
platô intermediário precisa ser superior a
início da faixa de variação da pressão de sucção 1000kpa.
medida em campo varia torno de 0 kpa na camada
O que se pode observar é que as CRAs
superficial, o que indica saturação, e diminui até a mantêm um padrão tanto na saturação em relação
-55 kpa para a profundidade de 250 cm, conforme
as pressões de sucção para cada calibração,
se observa na figura 2. O final da faixa alcança - quanto na umidade residual. Na saturação as
100 kPa para todas as profundidades. Nessa faixa, menores pressões de sucção necessárias para
tem-se a transição de umidade entre os platôs de
reduzir o teor de água é sempre menor para a
saturação e intermediário. calibração de Marinho & Oliveira (2006),
Essa transição entre platôs ocorre aproxima- independente do solo estar próximo da saturação
damente entre -2 e -20 kPa para todas as ou da umidade residual.

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Já para Chandler et al. (1992) e ASTM as residual após o platô intermediário as pressões
pressões se alternam tanto próximas à saturação, maiores devem ser exercidas para a calibração
porquanto as pressões necessárias para a ASTM em relação à calibração de Chandler et al.
calibração de Chandler et al. (1992) precisam ser (1992). Esses intervalos de valores são na prática
um pouco maiores que as pressões da calibração bem curtos próximo à saturação variando entre 5
ASTM para começar a se retirar água da matriz e 45 kpa e próximos da capacidade de campo do
do solo, quanto, no contrário, próximo a umidade solo.
Tabela 5 – Parte 1: Parâmetros ajustados de 48 CRAs referentes à quatro profundidades, três calibrações de papel de
filtro, quatro autores de CRA.
van Genuchten (1980) e independência de parâmetros e proposta de Carducci et al. (2010)
Calibração papel filtro θs θP θr αe (1/m) me ne αt (1/m) mt nt R²
ASTM D5298 0,405 0,098 0,017 0,389 0,171 2,867 1,99E-05 17,256 6,241 0,926
Chandler et al. (1992) 0,403 0,107 0,017 0,205 0,050 13,890 1,94E-05 28,570 2,99 0,943
Marinho & Oliveira (2006) 0,408 0,079 0,017 0,547 0,164 2,357 8,43E-05 15,234 8,401 0,927
van Genuchten (1980) e restrição de Bourdine (1953) e proposta de Carducci et al. (2010)
Superficial a 40 centímetros

Calibração papel filtro θs θP θr αe (1/m) me=1-2/ne ne αt (1/m) mt=1-2/nt nt R²


ASTM D5298 0,400 0,121 0,018 0,129 0,564 4,590 3,98E-05 0,778 9,002 0,951
Chandler et al. (1992) 0,398 0,122 0,015 0,280 0,458 3,687 8,45E-05 0,686 6,365 0,924
Marinho & Oliveira (2006) 0,276 0,07 0,01 0,540 0,164 2,393 1,25E-04 0,789 9,485 0,950
van Genuchten (1980) e restrição de Mualem (1976) e proposta de Carducciet al. (2010)
Calibração papel filtro θs θP θr αe (1/m) me=1-1/ne ne αt (1/m) mt=1-1/nt nt R²
ASTM D5298 0,404 0,128 0,018 0,158 0,680 3,125 4,178E-05 0,875 8,002 0,956
Chandler et al. (1992) 0,398 0,127 0,015 0,129 0,824 5,687 8,450E-05 0,893 9,365 0,942
Marinho & Oliveira (2006) 0,404 0,130 0,020 0,195 0,702 3,357 1,84E-04 0,934 15,156 0,932
Gitirana Jr. & Fredlund (2004)
Calibração papel filtro S1 S2 S3 ψ b1 ψ b2 ψr1 ψr2 d1 d2 d3 R²
ASTM D5298 0,995 0,440 0,285 32,067 19918,257 2,000 45723,756 3,729 0,685 9,606 0,989
Chandler et al. (1992) 0,998 0,457 0,282 4,778 2730,820 20,331 92411,449 4,325 0,653 5,406 0,995
Marinho & Oliveira (2006) 0,999 0,405 0,280 6,164 2449,050 15,779 36952,257 2,896 0,690 12,170 0,993
Observados: θS=40,51 cm³.cm³; θr =1,93 cm³.cm³;θ =Se.( θS -θ r)+θ r ; S4=0,01 cm³.cm³
van Genuchten (1980) e independência de parâmetros e proposta de Carducci et al. (2010)
Calibração papel filtro θs θP θr αe (1/m) me ne αt (1/m) mt nt R²
ASTM D5298 0,451 0,165 0,038 0,275 0,147 15,246 2,58E-05 17,256 6,241 0,906
Chandler et al. (1992) 0,454 0,166 0,038 0,166 0,300 9,005 2,64E-05 40,215 3,750 0,950
Marinho & Oliveira (2006) 0,453 0,160 0,040 0,231 0,784 4,387 8,43E-05 40,234 6,401 0,926
van Genuchten (1980) e restrição de Bourdine (1953) e proposta de Carducci et al. (2010)
Calibração papel filtro θs θP θr αe (1/m) me=1-2/ne ne αt (1/m) mt=1-2/nt nt R²
40 a 100 centímetros

ASTM D5298 0,452 0,154 0,037 0,190 0,564 4,590 3,78E-05 0,778 9,002 0,949
Chandler et al. (1992) 0,452 0,156 0,039 0,135 0,701 6,687 8,45E-05 0,686 6,687 0,946
Marinho & Oliveira (2006) 0,450 0,158 0,040 0,325 0,467 3,753 1,54E-04 0,675 6,156 0,941
van Genuchten (1980) e restrição de Mualem (1976) e proposta de Carducci et al. (2010)
Calibração papel filtro θs θP θr αe (1/m) me=1-1/ne ne αt (1/m) mt=1-1/nt nt R²
ASTM D5298 0,451 0,138 0,032 0,154 0,758 4,126 3,17E-05 0,833 6,002 0,947
Chandler et al. (1992) 0,450 0,140 0,032 0,129 0,814 5,369 6,45E-05 0,843 6,365 0,949
Marinho & Oliveira (2006) 0,450 0,140 0,036 0,215 0,702 3,357 1,60E-04 0,934 15,156 0,932
Gitirana Jr. & Fredlund (2004)
Calibração papel filtro S1 S2 S3 ψ b1 ψ b2 ψr1 ψr2 d1 d2 d3 R²
ASTM D5298 1,000 0,346 0,148 1,833 20871,603 17,247 38171,93 4,276 0,459 9,875 0,949
Chandler et al. (1992) 0,999 0,351 0,164 3,211 7256,846 15,545 33125,80 6,520 0,775 9,255 0,948
Marinho & Oliveira (2006) 0,997 0,228 0,166 1,001 7516,201 22,694 10876,28 2,584 0,999 4,802 0,948
Observados: θS=45,4 cm³.cm³; θr =4,05 cm³.cm³; θ=Se.(θS -θ r)+θr ; S4=0 cm³.cm³

No entanto, próximo ao teor de água residual, as ocorrendo a quase 9 anos, mesmo após períodos
diferenças são bastante pronunciadas, já que se severos de estiagem não são inferiores a 11% de
trata de escala logarítmica, abarcando diferenças de umidade volumétrica para esse solo. Mostram-se
valores superiores a 40.000kpa para as camadas pelas análises gráficas (Figura 2) e paramétricas
superficiais e aproximadamente 35.000 kpa para as das CRAs (Tabela 5), diferenças importantes
outras camadas de solo, após umidades menores entre elas não expressas pelo coeficiente de
que 8%, o que não é razoável ou recorrentes em determinação R², como por exemplo platôs
condições naturais para esse solo. intermediários bem definidos e constantes nas
As menores umidades volumétricas encon- CRAs que utilizam a equação de van Genuchten
tradas na área durante a pesquisa que vem (1980) e platô variável para o modelo de Gitirana

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Jr & Fredlund (2004). Outra observação importante pequenas de pressão quando se aumenta a
que se pode fazer é a forma das CRAs em função profundidade do solo. As CRAs obtidas com
da profundidade, em que o decaimento de umidade curvas de calibração de Marinho & Oliveira (2006)
ocorre cada vez mais rápido com variações apresentaram na transição entre patamares (tanto

Figura 2 - Curvas de sucção matricial por umidade volumétrica para três calibrações de papel filtro propostas por
Chandler et al. (1992), ASTM (1992) e Marinho & Oliveira (2006), em quatro incrementos de profundidade (linhas) e
quatro diferentes modelos de CRA (colunas), três compostas pelo Duplo van Genuchten (1980) e proposta por Carducci
et al. (2010), sem restrição na primeira coluna, com restrição de Bourdine (1953) na segunda coluna, com restrição de
Mualem (1976) na terceira coluna e, na quarta coluna, o ajuste bimodal proposto por Gitirana & Fredlund (2004).

de saturação e intermediário, quanto entre o de papel filtro.


intermediário e residual) pressões de sucção As umidades calculadas pelas CRAs para as
inferiores àquelas das CRAs obtidas a partir de profundidades de 30cm ficaram abaixo das
Chandler et al. (1992) e ASTM (1992). Os platôs observadas no solo local ou pelos valores
de umidade intermediários das CRAs modeladas calculados pelas CRAs para outras profundidades,
por Gitirana Jr. & Fredlund (2004) apresentaram entretanto, o R² entre a umidades calculadas pela
pequena declividade e, consequentemente, uma CRA e as medidas nas seis datas de 0,983, Nash de
queda de umidade entre os pontos de inflexão (final 0,252 e erro padrão de 10,72% de umidade. Apesar
da curva saturação e platô intermediário e platô do erro padrão ser alto e o coeficiente de Nash ser
intermediário e início da curva de umidade baixo, o R² se apresentou alto devido ao padrão
residual) para todas as profundidades e calibrações de distribuição da curva de umidade para a
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profundidade de 30cm, apresentando sempre ao perfil de solo estudado.
umidades calculadas mais baixas que as medidas. Apresentam-se na tabela 6, o resultado de
Validação das CRAs com dados correspondência entre as umidades nas
experimentais profundidades amostradas e as CRAs, em que na
As CRAs, que melhor representam as umidades terceira e quarta colunas, estão as melhores
e a pressão de sucção, foram selecionadas CRAs e curva de calibração de papel de filtro, por
experimentalmente. As amostragens de solo para profundidade de amostragem.
obtenção de umidade foram realizadas nas mesmas Verifica-se que as curvas de calibração de
profundidades em que estavam instalados os papel filtro Whatman n°42 que melhor se
tensiômetros (10, 30, 50, 80, 100, 150, 200 e 250 ajustaram ao solo local foram a de Marinho &
cm). Obtiveram-se em laboratório 48 dados de Oliveira (2006) e ASTM (1992), para 3
pressão e umidade (6 datas em 8 profundidades) profundidades monitoradas cada e a de Chandler
que variaram numa faixa de umidade volumétrica et al. (1992) para 2 profundidades monitoradas
de 10% a 35%. Para essas pressões as CRAs com os tensiômetros. No caso dos modelos de
ajustadas (parâmetros da Tabela 2) obtiveram-se as CRAs ajustados não se obtiveram um padrão e
respectivas umidades calculadas. Em seguida os para cada caso uma CRA foi escolhida de acordo
erros entre as umidades observadas e calculadas com os dados avaliados.
foram medidos pelos coeficientes de determinação O maior erro absoluto entre as umidades
(R²), de Nash-Sutcliffe, pelo erro quadrático médio medidas nas amostras e as calculadas pelas CRAs
e pelo valor absoluto da diferença entre as atingiu, em módulo, 11,07% e o menor 1,25%
umidades em campo e aquelas determinadas pelas para as umidades das profundidades amostradas
CRAs. de solo, enquanto o erro médio quadrático ficou
Logo, utilizou-se simultaneamente os entre valores de 0,24% a1,78%. Os maiores erros
coeficientes de Nash-Sutcliffe e o coeficiente de foram observados para as camadas superficiais
determinação R², concomitantemente com os do solo aonde a umidade tem uma maior
menores erros absolutos dentre os dados amplitude de variação, o que é esperado já que
observados e os calculados em cada interferências de evaporação e transpiração
profundidade nas seis datas de coleta solo e, promovidas pelas raízes são mais expressivas. A
dessa forma, selecionaram-se uma CRA de 12 relação entre as umidades calculadas pelas CRAs
CRAs modeladas para superfície a 40cm de de melhor representação e as umidades
profundidade e que melhor se ajustou, em termos experimentais é mostrada na figura 3, cujo
dos coeficientes utilizados, uma para a coeficiente Nash-Sutcliffe global atingiu 0,95
profundidade de 10cm e outra para a enquanto o R² global 0,96, ou seja, para o
profundidade de 30cm, uma CRA para a amostra conjunto de dados gerados no perfil do solo as
de 50cm e dentre 12 CRAs de 40 a 100cm, assim, curvas elencadas tem boa representação do teor
sucessivamente até a amostra de 250 cm, ou seja, de água nas camadas representadas pelos
foram elegidas 8 CRAs que melhor se ajustaram modelos de calibração e de CRAs.
Tabela 6 - Curvas de retenção de água no solo escolhidas para as profundidades em que se mediram umidade e pressão
nos tensiômetros.
Profundidade Método de calibração de Nash- EAPM RM
Profundidade
amostragem Modelo CRA papel filtro R2 Suctcliffe (%) SE
daCRAs
(cm) (%)
10 0 a 40cm Gitirana Jr. & Fredlund (2004) Chandler et al. (1992) 0,96 0,72 11,07 1,78

30 0 a 40cm Gitirana Jr. & Fredlund (2004) Marinho & Oliveira (2006) 0,98 0,25 10,72 1,57

50 40cm a 100cm van Genuchten (1980) sem restrição ASTM (1992) 0,85 0,68 4,12 0,52
van Genuchten (1980) com
80 40cm a 100cm Chandler et al. (1992) 0,88 0,64 1,32 0,24
restrição de Mualem (1976)
100 40cm a 100cm van Genuchten (1980) sem restrição Marinho & Oliveira (2006) 0,71 0,53 1,80 0,43

150 100cm a 180cm Gitirana Jr. & Fredlund (2004) Marinho & Oliveira (2006) 0,69 0,42 2,37 0,45
van Genuchten (1980) com
200 180cm a 250cm ASTM (1992) 0,51 0,14 1,25 0,84
restrição de Bourdine (1953)
van Genuchten (1980) com
250 180cm a 250cm ASTM (1992) 0,83 0,52 2,40 0,61
restrição de Bourdine (1953)

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A eficiência de Nash-Sutcliffe pode variar de com os modelos ajustados a partir de 30, 150 e
-∞ a 1, em que valores próximos de 1 indicam 200 cm.
uma excelente correspondência entre os dados Para as profundidades de 80, 100 e 250 cm o
calculados pelo modelo e os dados observados, coeficiente de Nash ficou próximo de 0,5
no caso, as curvas ajustadas para 10 e 50 cm e mostrando uma aderência e confiabilidade
que apresentaram coeficientes de Nash razoável entre os dados medidos e calculados.
superiores a 0,65; por outro lado, se a eficiência Por fim, se o coeficiente for menor que 0, o
de Nash estiver próxima de 0 isso indica que os coeficiente indica que o modelo foge tanto da
dados calculados pelo modelo se aproximam da representatividade dos dados observados, quanto
média dos dados observados e podem também da sua média e o modelo não servirá para
ser utilizados com ressalvas e foi o que ocorreu representar a situação para a qual foi produzido.
CONCLUSÕES
O solo da área tem textura areno-argilosa em 40%. Em todas as curvas de retenção de água as
todo perfil estudado, média a moderada umidades dos platôs de saturação e intermediário
porosidade com o menor valor de 39,3% nas crescem com a profundidade. No entanto, a
camadas mais superficiais e maiores valores, amplitude de valores entre os platôs de saturação
acima de 45% para as camadas a partir de 40 cm, e intermediário permanece aproximadamente a
pois após essa profundidade obtiveram-se mesma e em torno de 25% independente da
porosidades muito semelhantes e maiores que profundidade.

Figura 3 - Relação entre a umidade calculada pelas CRAs escolhidas da tabela 6 e as umidades medidas em campo.

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Além disso, as formas das CRAs da camada os coeficientes de Nash-Sutcliffe, 5 delas
superficial, para todos os modelos e calibrações, apresentaram valores razoáveis entre 0,5 a 0,7
possuem um platô intermediário inclinado, quase (10cm; 50cm; 80cm; 100cm; e, 250cm), 3 delas
inexistente, diferente dos daqueles de outras coeficientes regulares de 0,1 a 0,5 (30cm; 150cm;
profundidades, os quais são pronunciados. A e, 200cm). Apesar do EAPM das umidades não
escolha da CRA seguiu o melhor resultado dos ultrapassarem 11,07% volume/volume, os
coeficientes de determinação propostos R², ajustes demonstram que podem não predizer a
Nash-Sutcliffe, correlação quadrática de umidade corretamente, em relação a tensão
determinação e dos erros absolutos que entre elas matricial real em campo das profundidades de
foram menores que 11% de umidade. Logo, para 30cm e 200cm sem uma nova avaliação e refino
a modelagem, optou-se pela escolha das CRAs do estudo.
como representado na Tabela 6, porém, salienta- Para as outras profundidades as curvas têm
se aqui que erros de 10% de umidade em teores boa representatividade com razoável precisão.
de água reais que variam entre 10 a 40 cm³.cm-³ Sugere-se que a utilização com segurança das
são erros aceitáveis para a determinação da CRAs para a região de São Carlos e solos com
hidrodinâmica estudada, dado ao fato que a características semelhantes, seja realizada para
pesquisa trabalha com as diferenças de umidade aquelas de até profundidade de 60 cm que é
no tempo e na profundidade. As umidades e normalmente a faixa usual de instalação de
pressões ajustadas às calibrações de papel filtro tensiômetros para culturas de raízes fasciculadas
tiveram R2 maiores que 0,93 indicando boa de plantas, tais como cana-de-açúcar e milho,
representatividade entre as pressões e as desde que se façam a validação das umidades.
umidades do solo no perfil estudado. Entre as Para profundidades a partir de 60 cm de
oito CRAs selecionadas com dados profundidade devem-se fazer testes de campo
experimentais, 5 delas apresentaram ajustes para validação da umidade antes de se utilizar as
razoáveis com R2 acima de 0,8 (10 cm; 30 cm; 50 umidades e sugerem-se que se utilizem
cm; 80 cm; e, 250 cm), outras 3 (100 cm; 150 cm tensiômetros de punção digitais para uma melhor
e 200 cm) com R2 regulares de 0,5 a 0,8. Já para precisão.
AGRADECIMENTOS
À Financiadora de Estudos e Projetos do Ministério da Ciência e Tecnologia (FINEP), ao Centro
Nacional de Pesquisas (CNPq), à Coordenação de aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES) e ao Programa de Pós Graduação em Engenharia Urbana (UFSCar).
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