Direito Das Obrigações - Aula 06 - Pagamento - 18.03.21

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 10

DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 2021/01

Profª. Larissa Vargas

AULA 06 – 18/03/2021

2. PAGAMENTO

2.1 VISÃO GERAL: MODALIDADES DE CUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES

I – Pagamento Direto
II – Pagamento Indireto e Formas Especiais de Pagamento: pagamento em consignação; sub-
rogação legal; sub-rogação convencional, imputação do pagamento; dação em pagamento;
novação; compensação; confusão; remissão; transação; compromisso.

2.2. PAGAMENTO DIRETO

[...]

QUESTÕES OBJETIVAS SOBRE PAGAMENTO DIRETO

Tema: De Quem Deve Pagar (Arts. 304 a 307 do CC)

Questão 01 (CONSULPLAN – 2017): José deve a João a importância de R$100,00 (cem reais).
Pedro, pai de José, procura João e paga o referido débito. Considerando que todos são maiores
e capazes, marque a alternativa correta:
a) José continua devedor de João, pois Pedro é terceiro não interessado.
b) João não poderia receber o pagamento de Pedro.
c) José não é mais devedor de João.
d) Pedro, como terceiro não interessado, não poderia pagar a dívida.

Tema: De Quem Deve Pagar (Arts. 304 a 307 do CC); Do Objeto do Pagamento e Sua Prova
(Arts. 313 a 326 do CC); Do Lugar do Pagamento (Arts. 327 a 330 do CC)
Questão 02 (CESPE – 2017): Assinale a opção correta no que se refere ao adimplemento das
obrigações.
a) O pagamento feito por terceiro ao credor não obriga o reembolso pelo devedor, se este
tiver ciência da prescrição da pretensão do credor e se opuser ao adimplemento.
b) Caso haja dúvida quanto ao fato de o terceiro ter efetuado pagamento em nome próprio
ou do devedor, presume-se que o tenha feito em nome do devedor.
c) Embora a quitação seja um direito subjetivo do devedor, ele não pode reter o pagamento
como forma de compelir o credor a fornecer-lhe o recibo.
d) Caso sejam designados dois ou mais lugares para o pagamento, a escolha do local para
efetuá-lo caberá ao devedor, em exceção à regra geral de que o pagamento seja efetuado no
domicílio do credor.
e) O terceiro não interessado que paga a dívida, em nome próprio, se sub-roga nos direitos
do credor.

Tema: Daqueles a Quem se Deve Pagar (Arts. 308 a 312 do CC)

Questão 03 (VUNESP – 2016): O pagamento feito de boa-fé a credor putativo é


a) nulo de pleno direito.
b) ineficaz.
c) inexistente.
d) válido.
e) dependente de ratificação.

Tema: Do Objeto do Pagamento e Sua Prova (Arts. 313 a 326 do CC)

Questão 04 (CAIP – IMES – 2016): Considerando o tema: obrigação, objeto do pagamento e


sua prova, assinale a alternativa incorreta.
a) O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais
valiosa.
b) É lícito convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas.
c) O devedor que paga tem direito a quitação regular, e pode reter o pagamento, enquanto
não lhe seja dada.
d) Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da
prestação devida e o do momento de sua execução, deverá o juiz corrigi-lo, de modo que
assegure, quanto possível, o valor real da prestação.

Questão 05 (IESES – 2016): Acerca do instituto do objeto do pagamento e sua prova:


I. As dívidas em dinheiro (obrigações pecuniárias) devem ser pagas em moeda nacional corrente
e pelo valor nominal (princípio do nominalismo), sob pena de nulidade absoluta da convenção,
salvo, por exemplo, os contratos de câmbio e aqueles que tenham por objeto o comércio
internacional.
II. Quanto à forma, a quitação sempre poderá ser dada por instrumento particular, ainda que
cuide de obrigação lavrada obrigatoriamente em instrumento público.
III. A posse do título representativo da obrigação por parte do devedor gera presunção relativa
de pagamento.
É correto o que se afirma em:
a) II e III.
b) I e II.
c) I, II e III.
d) I e III.

Tema: Do Lugar do Pagamento (Arts. 327 a 330 do CC)

Questão 06 (FGV – 2015): Joana, locatária do imóvel de Marcela, reiteradamente efetua o


pagamento mensal das despesas referentes à locação na sede da X Administradora de imóveis
LTDA. Não obstante, Marcela, ao longo de toda a execução contratual, tenha prestado a
quitação do pagamento feito pela inquilina, ela percebe que no termo de locação há a previsão
de o pagamento se realizar no domicílio do credor. Diante do ocorrido, caberá à interessada
requerer:
a) a reexecução das prestações, em razão da mora de Joana, que efetuou o pagamento em
local diferente do avençado contratualmente;
b) a revisão contratual, a fim de adequar os termos da avença e atualizar o local onde o
contrato deva ser cumprido e o aluguel prestado;
c) a eficácia dos pagamentos, pois seria a hipótese de renúncia presumida do credor quanto
ao local de cumprimento da obrigação;
d) a alteração do local de cumprimento do contrato, pois em regra, no silêncio das partes,
a lei determina que as obrigações sejam cumpridas no domicílio do credor;
e) o desfazimento do contrato, pois com o cumprimento imperfeito, a conservação da
locação tornou-se inútil aos interesses da locadora.

Tema: Do Tempo do Pagamento (Arts. 331 a 333 do CC)

Questão 07: De acordo com o Código Civil, o credor pode cobrar a dívida antes de vencido o
prazo contratual ou legal nas seguintes hipóteses, exceto:
a) no caso de falência do devedor.
b) se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro
credor.
c) se lhe for mais conveniente, independentemente de prova.
d) se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias, ou
reais, e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las.

2.3 FORMAS ESPECIAIS DE PAGAMENTO

2.3.1 PAGAMENTO EM CONSIGNAÇÃO

a. Contexto fático: o devedor quer efetuar o pagamento mas não consegue (por exemplo,
por que o credor não quer receber ou porque acontece algo no dia do pagamento que o impede
de efetuá-lo como ajustado inicialmente).

b. Conceito: é o instituto jurídico colocado à disposição do devedor para que, diante do


obstáculo ao recebimento criado pelo credor ou de quaisquer outras circunstâncias impeditivas
do pagamento, exerça, por meio de depósito da coisa devida, o direito de adimplir a prestação
e liberar-se do vínculo obrigacional, evitando sua mora.

Art. 334. Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito judicial ou em


estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e forma legais.

Obs: o pagamento em consignação só tem cabimento em obrigações de dar, podendo ser coisa
móvel ou imóvel. Não pode ser objeto de pagamento em consignação, portanto, obrigação de
fazer e de não fazer.

c. Previsão no CPC: Arts. 539 a 549


Obs: há uma distinção terminológica entre o instituto no CC e no CPC:
. CC: “Pagamento em consignação”
. CC: “Consignação em pagamento”

d. Hipóteses legais

Art. 335. A consignação tem lugar:

I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na
devida forma;
Ex: credor está doente, hospitalizado e impossibilitado de receber o pagamento.

II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos;
Ex: No dia do vencimento o credor não comparece ao lugar ajustado e não avisa ao devedor,
que por sua vez não consegue contactá-lo para efetuar o pagamento.

III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar
incerto ou de acesso perigoso ou difícil;
Ex: O credor vem a falecer e o devedor não sabe exatamente quem são seus herdeiros.

IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento;


Ex: no dia do pagamento duas pessoas diferentes se apresentam ao devedor como representantes
do credor.

V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.


Ex: duas pessoas disputam judicialmente quem é o legítimo sucessor do credor, que falecera.

Obs: o rol do artigo 335 e exemplificativo, de modo que é possível haver consignação em
pagamento em outras hipóteses fáticas. Por exemplo, a jurisprudência já admite este instituto
para casos de desentendimento entre as partes que obstam o pagamento direto em local
inicialmente estabelecido.

e. Requisitos para que a consignação tenha força de pagamento


Art. 336. Para que a consignação tenha força de pagamento, será mister concorram, em relação
às pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os requisitos sem os quais não é válido o pagamento.

e.1 Requisitos subjetivos: existência de solvens e accipiens, dentro do que foi estudado no
pagamento direto.

e.2 Requisitos objetivos: atendimento aos aspectos quanto ao objeto do pagamento e sua prova,
tempo do pagamento e lugar do pagamento

f. Consignação extrajudicial (estabelecimento bancário)

Previsão legal: §§1º a 4º do art. 539 do CPC.

Art. 539. Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro requerer, com efeito de
pagamento, a consignação da quantia ou da coisa devida.
§ 1º Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o valor ser depositado em estabelecimento
bancário, oficial onde houver, situado no lugar do pagamento, cientificando-se o credor por
carta com aviso de recebimento, assinado o prazo de 10 (dez) dias para a manifestação de
recusa.
§ 2º Decorrido o prazo do § 1º, contado do retorno do aviso de recebimento, sem a manifestação
de recusa, considerar-se-á o devedor liberado da obrigação, ficando à disposição do credor a
quantia depositada.
§ 3º Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito ao estabelecimento bancário, poderá ser
proposta, dentro de 1 (um) mês, a ação de consignação, instruindo-se a inicial com a prova do
depósito e da recusa.
§ 4º Não proposta a ação no prazo do § 3º, ficará sem efeito o depósito, podendo levantá-lo o
depositante.

g. Despesas com o depósito

Art. 343. As despesas com o depósito, quando julgado procedente, correrão à conta do credor,
e, no caso contrário, à conta do devedor.

Atenção: Lembrar que o autor (Consignante) da Ação de Consignação em Pagamento é o


solvens (geralmente o devedor) e o réu (Consignatário) é o accipiens (geralmente o credor).
Assim:

i.1: Se o pedido for julgado procedente, o devedor será o vencedor e o credor, enquanto vencido,
arcará com as despesas do depósito.
Art. 546. CPC: Julgado procedente o pedido, o juiz declarará extinta a obrigação e condenará o
réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios.
Parágrafo único. Proceder-se-á do mesmo modo se o credor receber e der quitação.

i.2: Se o pedido for julgado improcedente, o credor será o vencedor e o devedor, enquanto
vencido, arcará com as despesas do depósito.

2.3.2 PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO

a. Conceito de sub-rogação: é a substituição de uma coisa por outra, com os mesmos ônus
e atributos, ou de uma pessoa por outra, que terá os mesmos direitos e ações daquela, hipótese
em que se configura a sub-rogação pessoal de que trata o Código Civil.

b. Modalidades de sub-rogação:

b.1 Sub-rogação Legal, Automática ou de Pleno Direito:

Art. 346. A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor:


I - do credor que paga a dívida do devedor comum;
II - do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem como do terceiro
que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel;
III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou
em parte.

b.2 Sub-rogação Convencional

Art. 347. A sub-rogação é convencional:


I - quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos os seus
direitos;
II - quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dívida, sob a
condição expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito.

c. Efeitos da sub-rogação

c.1 Liberatório: pela extinção do débito em relação ao credor original

c.2 Translativo: pela transferência da relação obrigacional para o novo credor

d. Caráter gratuito da sub-rogação

Art. 350. Na sub-rogação legal o sub-rogado não poderá exercer os direitos e as ações do credor,
senão até à soma que tiver desembolsado para desobrigar o devedor.

Ex: A (devedor) devia R$1.000,00 a B (credor).


C, terceiro interessado (346, III), pagou a dívida a B e no momento do pagamento obteve um
desconto de B, de modo que pagou R$900,00.
C sub-roga-se nos direitos de credor, podendo exigir de B apenas a quantia de R$900,00, sob
pena de enriquecimento sem causa.

Questão: O artigo menciona apenas a sub-rogação legal. Isso significa que a sub-rogação
convencional pode ser onerosa?

Há divergência doutrinária sobre o assunto. Parte da doutrina que a sub-rogação convencional


também só pode ser gratuita (Flávio Tartuce, Judith Martins Costa) e outra parte entende que a
sub-rogação convencional pode ser onerosa por estar inserida no campo da autonomia privada
(Caio Mário da Silva Pereira, Rodolfo Pamplona, Pablo Stolze).

2.3.3 IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO

a. Contexto fático: credor e devedor têm vários débitos em comum, da mesma natureza, e
o devedor teme que o credor tenha dúvida sobre a qual dos débitos se referirá o pagamento que
ele pretende efetuar.
Ex: A é devedor de B em relação às referidas quantias em dinheiro: R$1.000,00, R$2.000,00 e
R$5.000,00.

b. Conceito: é a operação pela qual o devedor de vários débitos da mesma natureza, a um


só credor, declara qual deles quer extinguir.

Obs: Imputar = Atribuir, Indicar, Apontar

Art. 352. A pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um só credor, tem
o direito de indicar a qual deles oferece pagamento, se todos forem líquidos e vencidos.

c. Requisitos

c.1 Pluralidade de débitos

c.2 Identidade de credor e devedor

c.3 Débitos da mesa natureza, líquido e vencidos

Questão: o que seriam débitos líquidos e vencidos?


. Débito líquido: certo quanto à existência e determinado (quantificada) quanto ao objeto
. Débito vencido: aquele em relação ao qual já se verificou o termo final de pagamento prefixado
(fim do prazo).

c.4 Suficiência do pagamento para solver qualquer das dívidas

d. Silêncio do devedor e imputação feita pelo credor

Art. 353. Não tendo o devedor declarado em qual das dívidas líquidas e vencidas quer imputar
o pagamento, se aceitar a quitação de uma delas, não terá direito a reclamar contra a imputação
feita pelo credor, salvo provando haver ele cometido violência ou dolo.

O silêncio do devedor que paga sem imputar o pagamento importa renúncia à referida
imputação. Assim, quem fará a imputação (atribuição) da quantia paga é o credor.
e. Capital e juros

Art. 354. Havendo capital e juros, o pagamento imputar-se-á primeiro nos juros vencidos, e
depois no capital, salvo estipulação em contrário, ou se o credor passar a quitação por conta do
capital.

2.3.4 DAÇÃO EM PAGAMENTO

a. Conceito: é a forma de pagamento indireto em que há um acordo de vontades entre os


sujeitos da relação obrigacional pactuando-se a substituição do objeto obrigacional por outro.

Art. 356. O credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é devida.

b. Consentimento do credor

A dação em pagamento só tem cabimento se o credor anuir, pois ele não é obrigado a receber
prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa (art. 313, CC).

c. Equiparação à compra e venda quando em obrigação de dar

Art. 357. Determinado o preço da coisa dada em pagamento, as relações entre as partes regular-
se-ão pelas normas do contrato de compra e venda.

d. Modalidades de obrigação

A dação em pagamento pode ocorrer no contexto de obrigação de dar (bem móvel ou imóvel),
fazer ou não fazer.

Você também pode gostar